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CONSEJO LATINO AMERICANO DE CIENCIAS SOCIALES

ESPECIALIZAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A IGUALDADE NA


AMÉRICA LATINA
LA POLÍTICA SOCIAL UNIVERSAL EN LA SUPERACIÓN DE LA
DESIGUALDAD

Analise do Sistema Unificado de Saúde (SUS) Brasileiro

Ana Carolina Costa Lacerda

Rio de Janeiro
2017
Introdução

A Constituição Federal de 1988 estabelece a saúde como “Direito de todos e dever do


Estado” e define em sua Seção II, que as necessidades coletivas e individuais são consideradas
interesse público e, logo, o atendimento é um dever do Estado; a assistência médico-sanitária
integral passa a ter caráter universal e destina-se a assegurar a todos o acesso a esse serviço.
Diante disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído através da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990, essa “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”, sob os princípios de a
universalidade, a equidade e a integralidade.
Desde sua instituição, o SUS passa por diversos problemas como os de financiamento,
da precarização da maioria dos trabalhadores do setor de saúde devido as más condições de
trabalho, da superlotação em diversas unidades, o SUS continua sendo, como afirma Laura
Tavares, a única e mais relevante alternativa de assistência para a saúde a maioria das famílias,
e portanto, deve ser preservado e melhorado.
Desenvolvimento

1. Área de atuação
Saúde e Seguridade social

2. Definição de propósitos

Os objetivos e atribuições do SUS, tais como seus princípios e diretrizes estão detalhados
na primeira Lei Orgânica do SUS.
São princípios: a universalidade (direito a saúde pra todos e cabe ao Estado garanti-la), a
equidade (todos devem ter igual oportunidade de usar o Sistema) e a integralidade (atendimento
integral que contemple os meios preventivos, curativos, saúde individual e coletiva) ;
São diretrizes: o controle social, a descentralização, a hierarquização, a regionalização e a
territorialização.
São Objetivos; a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da
saúde, a formulação de uma política de saúde e a assistência às pessoas por intermédio de ações
de promoção, proteção e recuperação da saúde.

3. Cobertura

O SUS atua em todo o território nacional, contudo, sua distribuição ainda é desigual. Por
exemplo, segundo a Pesquisa Demografia Médica no Brasil 2015, do Conselho Federal de
Medicina a média nacional de médicos por habitante é de dois por mil habitantes em números
absolutos mas há locais como os estados do Maranhão, Pará e Amapá que não tem nem um
médico para cada grupo de mil. Insta salientar, que as áreas com menor número de médicos por
habitantes, são em suma, as áreas mais pobres. Nesse caso, caberia ao SUS acabar com esse
déficit. Essa é uma das razões que leva as dificuldades encontradas para o acesso às consultas,
exames e atendimento específico, são algumas das falhas que deve ser superadas para garantir
a plenitude dos princípios de universalidade, igualdade e integralidade que regem o SUS.

4. Distribuição pelo Território Nacional

A abrangência Nacional do SUS é alcançada através de sua descentralização. O fato de estar


presente m todos os níveis federativos (Federal, Estadual e Municipal) possibilita tal
abrangência. Além disso, a lei prevê outros mecanismos para alcançar grupos e pessoas que
originalmente não teriam acesso ao Sistema como a população indígena (incluída pela Lei n°
9.836 , de 1999 , no Capítulo V “Do subsistema de Atenção à Saúde Indígena) e pessoas que
por algum motivo necessitam de atendimento domiciliar (Incluída pela Lei n° 10.242, de 2002)

5. . Resultados:

Após quase 30 anos de existência, hoje o SUS é a maior política de inclusão social da
história do Brasil. Antes de sua existência, grande parte da população não possuía acesso a uma
assistência de saúde minimamente razoável. Dessa forma, o SUS incorporou imediatamente,
mais de cinquenta milhões de Brasileiros (MENDES, 2013) permitindo a esses o acesso a saúde.
Hoje, como indicadores dos resultados, existem alguns números muito significativos como
a realização de mais de 2bilhões de procedimento ambulatoriais por ano, mais de 11 milhões
de internações por ano e a realização de cerca de dez milhões de procedimentos quimioterápicos
e radioterápicos por ano (MENDES, 2013). De modo que atualmente seja considerado um
exemplo a ser seguido por outros países.
6. Continuidade

O propósito do SUS, é que esse seja uma política permanente para toda a população, tal
como evidencia-se em seus princípios de Universalidade, e Igualdade. Por essa razão, o Brasil
optou pelo Sistema Universal, ao invés da cobertura universal – o primeiro, tem por princípio
a garantia de direitos, já o segundo visa garantir um pacote mínimo e nada mais. Contudo,
atualmente o Brasil vive um processo de grandes retrocessos no que tange aos direitos Sociais.
Aprovada em 2016, a PEC 55, prevê o congelamento dos gastos públicos em saúde e educação
pelos próximos 20 anos. Atualmente, o Brasil investe, 3,8% do PIB de dinheiro público na
saúde. Com a PEC 55, al longo dos 20 anos, o percentual de gastos públicos vai cair de 3,8%
para menos de 1% do PIB. Colocando e risco de extinção o sistema que já sofre com diversos
problemas, especialmente no que tange ao financiamento.
7. Carácter público:

O SUS é financiado com recursos próprios da União, dos Estados e Municipios e de


outras fontes suplementares de financiamento, contemplados pelo orçamento da Seguridade
social.
8. Controle social:

O Controle Social é um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania para a


consolidação das políticas públicas pois é ele quem permite e define a participação do cidadão
na Gestão Pública, na fiscalização e monitoramento das ações do poder público.
Através da Lei Orgânica da Saúde ( Lei n° 8142/90), foi criada a institucionalidade para
a descentralização das decisões, transferindo-as para os Estados, Municípios e União, além da
Valorização da participação social por meio de sua atuação nos Conselhos de Saúde – para ele
são indicados entidades representantes de diversos seguimentos da sociedade, como
movimentos sociais, organizações religiosas, entidades indígenas associações de moradores,
idosos, mulheres, pessoas com deficiência, entre outras.
A criação dos Conselhos, permite que os usuários do SUS contribuam diretamente para
o monitoramento e controle do SUS. A participação democrática, caracteriza-se como base do
SUS, uma vez que ele possui a maior política de inclusão social do país, de modo que a
população, através do conselho, deva ser parte disso.

9. Indicadores

O SUS criou um conjunto de indicadores, simples e compostos afim de medir seu


desempenho, o SUS criou o Índice de desempenho do SUS (IDSUS). Alguns dados acerca do
sistema:
. Número de beneficiados: 201 milhões . Internações anuais: 11 milhões
de pessoas . Número de usuários com acesso ao
. Procedimentos ambulatoriais SAMU - Serviço de Atendimento Móvel
anuais: 2,8 bilhões de Urgência: 130 milhões de pessoas
. Transplantes anuais: 19 mil Unidades Básicas de Saúde
. Cirurgias cardíacas anuais: 236 mil  Equipes: 43.081
. Procedimentos de quimioterapia e  Cobertura populacional: 127,4
radioterapia anuais: 9,7 milhões milhões de habitantes (66,8%)
Saúde da Família  Especializados: 1.090
 Equipes: 34.216  Gerais: 5.195
 Cobertura populacional: 108,18 Profissionais com vínculo
milhões de habitantes (55,8%)  Médicos: 215.640 [nota 2]
 Municípios atendidos: 5.319  Cirurgiões dentistas: 165.323
(95,5%)  Enfermeiros: 261.064
Centros de Atenção Psicossocial Leitos
 Unidades: 2.020 (abrangendo as seis  Cirúrgicos: 76.461
categorias de CAPS)  Clínicos: 107.325
 Cobertura populacional: 1,59  Obstétricos: 43.632
milhões de habitantes (0,82%)  Pediátricos: 46.157
 Municípios atendidos: 1.357 Equipamentos
(24,4%)  Diagnóstico por imagem: 41.802
Farmácia Popular  Odontologia: 153.353
 Unidades: 546  Manutenção da vida (Equipamentos
 Municípios atendidos: 432 (7,76%) de UTI): 337.488
Hospitais credenciados
Tabela 1: Repasses financeiros de 2011 a 2014 (em R$ mil)

Contudo, apesar de apresentar números tão altos, em pesquisa encomendada pelo


Conselho Federal de Medicina e pela Associação Paulista de Medicina , realizada pelo
Instituto Datafolha, para 93% dos eleitores brasileiros, os serviços públicos e privados de
saúde no país são regulares, ruins ou péssimos. Os pontos mais críticos são os
relacionados ao tempo de espera para atendimento e a dificuldade parra conseguir
atendimento domiciliar, ou cirurgias.

Conclusões

A despeito de todas as dificuldades e problemas inerentes ao Sistema Único de


Saúde como a falta de profissionais, a superlotação nos postos de atendimento, o
subfinanciamento crônico entre outros problemas, é preciso reconhecer que em menos de
três décadas, o Brasil foi capaz de erguer o maior sistema público de saúde do mundo.
Alguns casos expoentes foi o modo como o SUS lidou com a recente epidemia de Zika
que e alastrou pelo país, tal como a criação do maior programa de tratamento de Aids no
mundo. Nesse sentido, desde a década de 1990, com a criação do SUS, e a atuação
Brasileira na Organização Mundial da Saúde, a pauta da saúde vem sendo uma das
principais pautas defendidas e representadas pelo país no cenário internacional, de modo
que esse tornou-se reconhecido na temática.
Diante disso, era fundamental que houvesse o aperfeiçoamento e aprofundamento
desse Sistema, de modo a cumprir na práxis seus três princípios, atingindo assim, a toda
a população, em todos os setores da saúde com excelência. Contudo tal Sistema encontra-
se a cada vez mais ameaçado tendo em vista a falência do Estado Brasileiro após o golpe
jurídico-parlamentar de 2016 e a aprovação da PEC 55. Karl Polanyi, no livro A grande
Transformação, nos introduz ao conceito de duplo movimento e de generalização dos
meios de produção, segundo o autor, para manter o Mercado-auto regulado, acontece a
generalização dos meios de produção que culmina em uma mercantilização (e
privatização) de todos os bens, inclusive bens como água, terra e tralho, contudo três
últimos bens são as chamadas mercadorias fictícias – bens que não são mercadorias, pois
não podem ser “criados” e são essenciais para a própria reprodução da vida humana. Esse
movimento, gera um segundo movimento em contrapartida: uma reação da população
insatisfeita com as medidas tomadas, o que força o Estado a fazer concessões.
Nesse sentido pode-se observar que a PEC 55 tem como objetivo a
mercantilização de saúde e educação (mercadorias fictícias), agora, cabe a população, ter
a sua reação.

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