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Nº 12, 2001
,
PARTICULAS
ELEMENTARES E
-
INTERAÇOES
FUNDAMENTAIS
F. Ostermann
GRUPO DE ENSINO
INSTITUTO DE FÍSICA
Textos de apoio ao professor de física, nº 12, 2001
PAS - Programa de Atualização em Serviço para Professores de Física
GRUPO DE ENSINO
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada na Biblioteca do Instituto de Física-UFRGS
Por: Letícia Strehl - CRB 10/1279
CDU 53:37
PACS F01.55.
j
3
APRESENTAÇÃO
1
OS1ERMANN, F. e MOREIRA, M.A. Uma revisão bibliográfica sobre a área de pesquisa Física Moderna e
Contemporânea no ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 5, n. 1, 20 00a.
2
OSTERMANN, F.; FERREIRA, L. e CAVALCANTI, C.J.H. Tópicos de Física contemporânea no ensino
médio: wn texto para professores sobre condutividade. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v.
20, n. 3, 270-288, 1998.
3
OSTERMANN, F. Um texto para professores de ensino médio sobre partículas elementares. Revista
Brasileira de Ensino de Físico, São Paulo, v.21, n. 3, 415 -436, 1999.
4
OS1ERMANN, F. e CA V ALCANTI, C. Física moderna e contemporânea no ensino médio: elaboração de
material didático, em forma de pôster, sobre partículas elementares e interações fundamentais. Caderno
Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v. 16, n. 3, 267-286, 1999.
lOSTERMANN, F. e MOREIRA,. M.A. Física ContemporilDea en la escuela secundaria: una experiencia ~n el
aula involucrando formación de profesores. Enseiíanza de las Ciencias, Barcelona, v. 18, n. 3, 391-404, 2000b.
6
KELLY, G.A. A theory of personality - The pshychology of personal constructs. New York, N.Y., Norton
& Company, 1963.
5
SUMÁRIO
O conceito de átomo é introduzido por Leucipo, e elaborado por Demócrito (585 a.C.).
A palavra átomo, de origem grega, significa algo indivisível; a essência última da matéria.
Demócrito postulou a existência de coisas que: a) são muito pequenas para serem
observadas; b) estão em movimento contínuo no vazio; c) são impossíveis de serem
subdivididas - os átomos, por colisões, unem-se para formar a imensa variedade de coisas que
conhecemos.
•Esta seção baseia-se na palestra ministrada por Leon Lederman, em 17 de julho de 1995 no Ferrnilab, .'
Estados Unidos.
8
Mas até o final do século XIX, os átomos são considerados elementos sem
estrutura. Somente com o desenvolvimento de outra área da Física, a Eletricidade (ligada a
nomes como Faraday, Coulomb, Ampere, Oersted), será possível concluir que o átomo não
9
Inspirado nas idéias de Planck ( 1900) e Einstein ( 1905) sobre a emissão de luz em
"pacotes" (quanta) de energia, Bohr propõe que as energias dos elétrons nos átomos são
também quantizadas: os elétrons nos átomos somente podem ter certos valores de energia
bem definidos , Restritos a estes estados de energia permitidos, os elétrons não podem
irradiar energia continuamente e espiralar suavemente em direção ao núcleo. Eles só
podem "saltar" de um estado de energia a outro e emitir ou absorver energia a fim de
manter a energia total constante.
Em 1932, uma das respostas a esta pergunta surge com a proposta e posterior
confirmação experimental do nêutron por Chadwick - partícula sem carga que também
compõe o núcleo, juntamente com o próton. Além disso, a hipótese da existência de uma
nova interação (chamada nuclear ou forte) entre prótons e nêutrons passa a explicar por
que o núcleo não "explode" (a força forte, que é atrativa, vence a repulsão coulombiana
entre as partículas constituintes do núcleo).
As novas partículas não "vivem" por muito tempo . Mas um tempo suficientemente
longo, na maioria dos casos, para que algumas de suas propriedades sejam detem1inadas
(tais como massa, carga elétrica, spin). Foram batizadas com · letras gregas:
n, K, A, L, 3 , n,... Coletivamente, estas partículas, nascidas nas colisões fortes,
nucleares, foram chamadas de hádrons.
up - símbolo u
down - símbolo d
strange - símbolos
1
MeV = 10 6 e V, onde 1 e V ( 1 elétron-volt) é definido como a quantidade de energia adquirida por
uma carga elétrica igual à de um elétron, quando acelerada por uma diferença de potencial de
IV.
12
próton uud
nêutron udd
lambda u ds
Implícita na hipótese dos quarks está a idéia de que estes são primordiais,
indivisíveis, isto é, os átomos de Demócrito. Assume-se que eles têm raio nulo, ou seja, são
pontos geométricos perfeitos, como os elétrons e outras partículas chamadas léptons,
dentro do limite de 10. 16 Cm.
Na década de 60, acreditava-se (e ainda hoje acredita-se que assim o seja) que a
matéria no universo é feita de quarks e léptons.
Em 1961, o grupo dos léptons foi ampliado. Um novo neutrino ( v µ) foi adicionado
ao grupo original de três, formado pelo e - , v, µ. Um novo padrão emergiu deste pequeno
agrupamento:
ve -; neutrino do elétron
onde
Vµ -; neutrino do múon
Mas, se existem quatro léptons, deve haver um quano quark, por questão de
simetria. Em 1975, é descoberto o quark charm (e), formando então o grupo:
G :)
Em 1977/78, um quinto lépton é "descoberto" - o tau ('t) e um quinto quark boftom .
Por simetria e pelo padrão dos léptons é sugerida a existência de um outro neutrino: v,
(neutrino do tau). Assim, o grupo dos léptons passou a ser:
13
Mas se há um quark batiam (b) deve haver um top (t) . Recentemente, dezessete
anos depois da "descoberta" do quark batiam, em 1995, o quark top foi identificado .
es tb ~ quarks
µy
µ
<V, ~ léptons}
Para concluir este breve histórico do conceito de átomo, o desenho (fora de escala),
a seguir, representa o modelo de estrutura atômica atualm ente aceito . Trat a-se, apenas, de
uma tentativa de visualizar o átomo e seus constituintes, os quais não são exatamente as
esferas que aparecem no desenho (Figura 1).
ÁTOMO
·· ~. (IO""m)
Por volta de 1911, Rutherford, ao utili zar um tipo de radiação - partículas alfa (a) -
para bombardear átomos, procurava conhecer sua estrutura interna . Embora, nesta época,
14
não se sabia o que eram as partículas alfa, era possível utilizá-las. O polônio, que é um
elemento radioativo, era a fonte de partículas alfa. Essas partículas são emitidas a partir
deste elemento em todas as direções, mas a Rutherford só interessava aquelas que se
chocavam com um alvo. Um anteparo móvel era utilizado para detectar as partículas alfa
que emergiam a partir do alvo. Com este anteparo, Rutherford era capaz de estudar a
posição das partículas depois que passavam através do alvo (Figura 2). No caso, o alvo de
Rutherford eram finas folhas de metal.
~Anteparo móvel
Alvo
~!
~~
.· <·º . . . .•. a
4'----r1:z"®~ ..
Figura 2: Experiência de Rutherford
O modelo de átomo aceito até então era o de Thomson - "o pudim de ameixas".
Nesse modelo, o átomo é uma massa de carga positiva, em forma de esfera, na qual os
elétrons (carregados negativamente) estão "embebidos". (Lembremos que Thomson, em
1897, obteve a primeira evidência experimental da existência dos elétrons, conforme
mencionado na seção 1). De acordo com o modelo atômico de "pudim de ameixas", os
resultados dos experimentos de Rutherford deveriam ser similares ao mostrado na Figura .
15
• um núcleo sólido no qual toda a carga elétrica positiva e quase toda a sua massa
estão concentradas.
• elétrons (leves) em alguma parte da região vazia fora do núcleo . Os elétrons têm
carga elétrica negativa para contrabalançar a carga positiva do núcleo.
As partículas alfa colidiram com este núcleo denso. Os elétrons praticamente não
afetaram a trajetória das partículas alfa.
a
Figura 4: Partículas alfa retrocedem ao colidir com o núcleo atômico
16
~
partículas a ( O O O' partículas a
:> núcleos de .~
nitrogênio núcleos de hidrogênio
o ©
Próton é o nome dado ao núcleo de hidrogênio. Prótons têm uma unidade de carga
elétrica, igual e contrária à carga do elétron. Prótons também têm massa, e por
simplificação, todas as massas das outras partículas são referidas em termos da massa do
próton (1 unidade). Nesta unidade, a massa do elétron é aproximadamente 1/1800.
Os núcleos atômicos contêm prótons. Mas esta não é a imagem completa. Em 1914,
é sugerido um modelo de núcleo composto de prótons e elétrons. A aplicação deste
modelo ao núcleo do nitrogênio está representada na Figura 6.
2
Hoje se sabe que núcleos de hidrogênio são prótons.
17
-{} prótons
elétrons
,,
,,
,
,, + + ''
'
'
1
'
'
'' + + + +
'1
', -
1
1
1 + +
+ + 1
1 '
1
'
' + - + 1 '
'' + ,' '
'
+
Pode-se pensar em spin desta maneira, mas elétrons e prótons e todas as outras
partículas com spin, na realidade, não giram como um pião. Spin é uma propriedade
interna de uma partícula que pode ser calculada ou medida, exatamente como a massa o é.
Elétrons e prótons têm spin 112 e este pode ser "para cima" ou "para baixo" e estas são as
únicas possibilidades. O núcleo de nitrogênio tem spin (medido) inteiro. Não é possível
que um número ímpar de partículas com spin 1/2 cada uma ( 14 prótons mais 7 elétrons -
no caso do núcleo de nitrogênio) possa combinar-se a fim de produzir um spin inteiro.
18
{} prótons
"' elétrons
Por volta de 1920, havia a suspeita de que um objeto neutro (com a mesma massa
do próton) fazia também parte do núcleo. Em 1932, o nêutron foi descoberto por
Chadwick. Assim, 7 prótons e 7 nêutrons compõem o núcleo de nitrogênio (o que fornece
massa, carga e spin corretos).
19
2.3 Radiação
2.3.1 Radiação a
2.3.2 Radiação ~
Esta radiação envolve a emissão de um elétron. Mas este elétron não está na
periferia do átomo . Sua origem está no próprio núcleo. Um exemplo é o seguinte:
núcleo do
núcleo de carbono nitrogênio
e-
c14 N14
7p
+
6p
8n 7n
2.3 .3 Radiação y
energia extra que tem através da radiação y (Figura 8). Muitos tipos diferentes de núcleos
podem ficar excitados e emitir raios y. Um exemplo é o que ocorre com o neônio (o
asterisco representa o núcleo excitado):
lOn lOn
A energia total das partículas antes de um decaimento ou reação deve ser igual à
energia total das partículas após este processo. Fala-se em energia total porque a energia
envolvida manifesta-se em duas formas: energia cinética ou de movimento, que depende
da velocidade da partícula; energia de repouso dada pela famosa equação de Einstein:
E= moc2 , onde a energia (E) é igual ao produto da massa de repouso (m 0 ) da partícula pela
4
velocida.de da luz (c, que é uma constante) ao quadrado . Quanto m'!ior a massa da
partícula, maior sua energia de repouso. Para decaimentos, a conservação de energia ocorre
se a energia de repouso (ou a massa) da partícula que decai for maior ou igual à soma das
massas das partículas finais .
4
Assim, a unidade da massa de repouso de uma partícula pode ser dada em MeV/c2.
22
Antes
•
2 3
Depois
/
"
M~
• m~
)
2.4.3 Neutrinos
ANTES
•
Nêutron
DEPOIS ~(--•••
•
momentum momentum
)
do próton do elétron
(p) (e)
Figura 10: O decaimento 13 a ser observado sem a presença do neutrino.
p
ANTES
•
Nêutron
DEPOIS ~(--..
••
• ~
p
(
Figura 12 O decaimento 13
24
A carga elétrica total deve permanecer constante. Por exemplo, ambos os seguintes
processos obedecem ao princípio da conservação da carga. Estas não são as únicas
possibilidades, mas dois exemplos de reações .
+ o o
partícula + partícula ....... partícula + partícula
positiva negativa neutra neutrn
+ ....... + o
partícula + partícula partícula + partícula + partícula
positiva negativa positiva negativa neutra
3 INTERAÇÕES FUNDAMENTAIS
3.1 Introdução
5
Aqui é interessante observar que a concepção empirista-indutivista de ciência não se sustenta.
Esta postura epistemológica acredita que a produção do conhecimento científico começa com
observação neutra, se dá por indução, é cumulativa e linear, e que o conhecimento daí obtido é
definitivo. Nesse exemplo, temos exatamente o contrário: a observação (ou o experimento) foi
posterior ao modelá teórico. Uma vez assegurada a importância da teoria que sustenta os fatos
pesquisados é que os cientistas investem na invenção, construção e no aperfeiçoamento de
experimentos que possam confirmar suas previsões teóricas.
25
6
mediadora . Uma possível analogia para o entendimento das interações via troca de
partículas é o jogo do bumerangue. Um jogador, de costas para o outro, lança o
bumerangue o qual, inicialmente, se afasta do segundo jogador (que também está de costas
para o primeiro). Em seguida, o bumerangue faz uma curva, atingindo o segundo jogador.
Levando-se em conta os recuos de cada um (tanto o que lançou o bumerangue quanto o
que o agarrou), o resultado efetivo é uma atração entre os dois jogadores devido à "troca"
do bumerangue.
6
Rigorosamente falando, no domínio microscópio, o conceito de força deixa de ter um significado
preciso. Conseqüentemente, fisicos de partículas preferem falar em interações, ou seja, a ação de
partículas sobre outras partículas. Mas, neste texto, utilizaremos o conceito de força e interação
indistintamente.
26
A força forte é uma força atrativa que age entre os núcleons (o nome coletivo para
prótons e nêutrons) . É atrativa para todas as combinações de prótons e nêutrons, ou seja,
um núcleon atrai outro núcleon.
Não fosse pela força forte, o núcleo não seria estável, pois a força eletromagnética
de repulsão entre os prótons causaria seu rompimento. Mais adiante, será discutido que, a
rigor, a força forte age sobre os quarks, que são os constituintes do próton e do nêutron,
mas até lá, pode-se considerar o efeito deste processo subjacente sobre os núcleons (força
forte residual) . A partícula mediadora da força forte é chamada de glúon (g) e há evidência
experimental de sua existência. Esta força é de curto alcance, pois está restrita a dimensões
15
de 10· m (dentro do núcleo).
7
A radiação y é constituída de fótons de altas energias.
27
SIS!emos Interações
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1 io·" Próton
ia·" QuaOO.
Léptons
?
Fermliab, 196 7
29
4.1 Antipartículas
•O Pósitron
• Antiprótons e antinêutrons
Não há razão para acreditar que o elétron seja a única partícula com uma
antipartícula associada. Assim, antipartículas foram propostas para o próton e para o
nêutron. Antiprótons, por exemplo, têm mesma massa, mesmo spin e cargas elétricas
contrárias ao próton.
8
Novamente aqui, vê-se que a visão empirista-indutivista de produção de conhecimento científico
é refutada. Na escola, a transposição didática do empirismo-indutivismo ocorre através do
chamado ''ensino do método científico", o qual encara a produção do conhecimento científico
como seguindo uma seqüência rígida de passos que começa com observação neutra e culmina em
uma descoberta. Aqui, vê-se o contrário.
30
Quando a partícula tem uma propriedade cujo valor possui um oposto (como carga
elétrica: positiva ou negativa), então, a antipartícula terá, para esta propriedade, seu valor
oposto. Quando uma propriedade não tem valor oposto, então, a partícula e a antipartícula
terão o mesmo valor para esta propriedade. Exemplos: massa, spin, carga neutra.
1 p+p ~ energia
j energia~
Um elétron e um pósitron podem produzir energia, o que, por sua vez, pode
transformar-se em um par próton/antipróton. Nesse caso, o elétron e o pósitron devem
possuir suficiente energia cinética para que, na colisão, haja formação de um próton e um
antipróton (a energia cinética do par elétron/pósitron deve prover a energia de repouso do
par próton/antipróton) :
p+p
Mas, para que este processo ocorra, deve existir um par exatamente formado por
uma partícula e sua correspondente antipartícula. A seguinte reação, portanto, nunca
pode ocorrer
(4)
31
4.4.1 Os píons
A massa de uma partícula mediadora e o alcance da força por ela mediada estão
relacionados. Quanto maior o alcance, menor é a massa da partícula mediadora . Portanto,
uma força com alcance infinito (o máximo possível) terá como mediadora uma partícula
com massa zero (a menor possível). De fato, é o que ocorre com a força eletromagnética:
seu alcance é infinito e o fóton tem massa nula.
Na realidade, hoje se sabe que os píons não são os verdadeiros mediadores da força
forte entre prótons e nêutrons (os glúons é que o são), mas eles agem no sentido de
intermediarem a troca de partículas entre os núcleons. Por isso, atualmente, a força forte é
subdividida em fundamental (entre quarks) e residual (entre os prótons e os nêutrons, por
exemplo).
Os píons se diferenciam das partículas introduzidas até aqui por serem instáveis.
Uma partícula instável "vive" por um curto intervalo de tempo e depois espontaneamente
decai em outras partículas. Um nêutron é uma partícula deste tipo já que, no decaimento ~'
este decai em um próton, um elétron e um neutrino. O tempo médio de duração de uma
partícula antes de decair é chamado de tempo de vida da partícula. O tempo de vida do
nêutron livre é em tomo de 15 minutos, o que é extremamente longo se comparado ao do
9
O fisico brasileiro César Lattes (em colaboração com outros cientistas) detectou
experimentalmente o méson pi (ou píon) (N .A.).
32
píon. Os píons com carga + 1 e - 1 têm um tempo de vida da ordem de 1o- segundos; o do
8
4.4.2 Os múons
Na Tabela 2, vê-se que, no decaimento dos píons 7t+ e n-, aparecem ríovos símbolos.
Os símbolos µ + e µ· são para as partículas chamadas de múons. Na procura por píons, os
físicos encontraram uma partícula com massa 1/9 da massa do próton. Os múons
aparecem em dois tipos (µ + e µ") e são "primos" pesados do elétron e do pósitron (200
vezes mais massivos). Na Tabela 3, estão resumidas algumas propriedades dos múons e
seus decaimentos mais prováveis.
ln+~µ+ + V (5)1
Ire+~ e+ + v (6)1
Nas reações (5) e (6), os neutrinos que aparecem não são iguais. O neutrino
produzido juntamente com o múon positivo é chamado de neutrino do múon (vµ). Já o
7t+ ~ µ+ + Vµ (7)
7t+ ~ e+ + Ve (8)
Aparentemente, não é possível saber se, nas reações (7) e (8), os neutrinos que
aparecem realmente são diferentes (uma vez que não possuem massa nem carga). No
entanto, ao observar-se os dois neutrinos nas reações mencionadas, é possível verificar o
seguinte. Se um neutrino do múon interage com um nêutron, ocorrerá o decaimento (9)
que segue:
- +p
ln + Vµ ~µ (9) 1
e nunca,
-
ln + Vµ ~e +p (10)1
seguinte decaimento,...
: ------------..
ln + Ve ~e +p (11)1
34
e nunca,
neutrinos
antineutrinos Ve Vµ
antineutrino do tau (v, )). Portanto, ao todo, existem três neutrinos e três antineutrinos.
• Léptons
10
A palavra lépton origina-se do grego "leve"ou "pequeno". Foi, originalmente, o nome de uma
pequena moeda grega. Esta nomenclatura foi adotada porque os primeiros léptons descobertos
apresentavam pequena massa.
35
• Hádrons
Partículas que interagem via força forte (residual) são chamadas de hádronsu Há
dois tipos de hádrons: os bárions 12 e os mésonsD Os bárions são os hádrons com spin
fracionário (1/2, 3/2, 5/2 ... ), como o próton e o nêutron. Os mésons são os hádrons com
spin inteiro (O, 1,2, .. .) e, até aqui, o único méson apresentado foi o píon (n).
Até esta seção, é possível organizar a seguinte tabela com as partículas já discutidas
neste texto (Tabela 4).
Lé]J_tons Hádrons
elétron (e") Bárions Mésons
múon (µ·) próton (p) píon mais (n+)
tau ('t) nêutron (n) píon menos (n")
neutrino do elétron ( v e) antipróton (p) píon zero (nº)
-
neutrino do múon ( v µ) antinêutron ( n)
neutrino do tau ( v, )
pósitron (e+)
antimúon (µ +)
antitau (-r +)
antineutrino do elétron (V e )
A maior parte das descobertas de partículas apresentadas até aqui foi feita em
laboratório sem o uso de aceleradores. A partir da década de 50, no entanto, com o avanço
da tecnologia de aceleradores de partículas, várias novas partículas foram descobertas e
estudadas. O entendimento de como estas partículas são produzidas e como elas interagem
com outras partículas foi de crucial importância para a física na referida década. Os
11
A palavra hádron vem do grego e significa "grosso" ou "pesado". A idéia é de que se trata de
uma "partícula forte" no sentido de participar da interação forte.
12
"Baros'', em grego, significa pesado.
13
Do grego "mesos", que significa intermediário ou médio.
36
fisicos, na tentativa de explicar porque certas reações ocorrem e outras não, propuseram
novas propriedades das partículas e definiram suas regras de conservação.
(14)
lo =O+ l - 1 (15)
Ou, então :
(16) 1
lo +l=O+l (17) 1
onde não há conservação, uma vez que o número leptônico do elétron (O -:t:- + 1 + O) e o
número leptônico do múon (+ 1 -:t:- O+ O) não se conservam.
14
Este termo será definido na seção 5.1 .3.
39
n n+ +
carga o +l -1 => é conservada
nº bariônico 1 o o => não é conservado
Conclui-se que tal processo não ocorrerá, uma vez que o número bariônico não é
conservado.
Por outro lado, a seguinte reação poderá acontecer, pois o número bariônico é
conservado.
n + p ~ K+ + L:"
+ p
Carga -1 +l -1 +1 => é conservada
nº bariônico o o => é conservado
Esta reação deveria ocorrer já que ela obedece a todas as regras de conservação
introduzidas até aqui. No entanto, ela nunca foi observada em um experimento.
Provavelmente, ela viola alguma regra de conservação desconhecida. Assim, ao longo da
década de 50, os fisicos, estudando este tipo de reação, atribuíram às partículas uma nova
propriedade, que chamaram de estranheza. As partículas possuem esta propriedade assim
como possuem carga, massa, spin e número bariônico. A regra da estranheza deve ser
15
A Tabela 7 fornece algumas propriedades dos mésons.
40
A atribu ição de valores para a estranheza das partículas começou com píons,
prótons e nêutrons (todos com estranheza igual a zero). Se estas partículas são as únicas
presentes no estado inicial da reação, elas devem produzir partículas cuja soma das
estranhezas seja zero. Por exemplo:
41
7t: + p ~ n + nº
Por outro lado, para os hádrons com estranheza não nula, os fisicos começaram
atribuindo alguns valores arbitrários para esta propriedade e observaram quais reações
ocorriam. Por exemplo, atribuindo estranheza + 1 à partícula K+ (Tabela 7) é possível
"descobrir" a estranheza do I. (a seguinte reação ocorre e se dá via interação forte):
n + nº ~
I. + K+
carga o o -1 +!
nº bariônico +! o +l o
estranheza o o ? +l
Portanto, para que haja conservação de estranheza, a partícula I. deve ter esta
propriedade igual a -1 . É possível prosseguir . desta maneira, acabando por determinar a
estranheza de todas as partículas.
16
Os léptons tmnbém têm sabores, quais sejam: elétron, neutrino do elétron, múon, neutrino do múon, tau e
neutrino do tau (Ver Tabela 4, seção 4).
43
diferentemente em cada caso 17 . Desde a década de 60, quando o modelo de quark foi, pela
primeira vez, proposto, muitos mésons foram descobertos e todos eles são compostos de
um quark e um ant iquark. Nenhum méson, até agora encontrado, deixa de encaixar neste
mod elo.
-
Tabela 9: Mésons formados por quarks (u, d ou s) e antiquarks (u, d, s).
- - -
u d s
7to +
7t
u pº p+ ~
21°
7t nº
d pº Kº
~ ..!!..º
s IC Kº <I>
17
Mais adiante, será discutida a questão do spin.
44
bárions podem conter 1, 2 ou 3 quarks s, os valores possíveis para sua estranheza são: - 1, -
2 e - 3. Para os antibárions, estes valores são : + 1, +2 e +3 (ver Tabela 6, seção 5, coluna
"estranheza").
{;\ (;\
Q© ~~
(;\ ©++
\:::::/ uuu
MÉSONS BÁRIONS
(MÉDIO) (PESADO)
QQ QQQ ou QQQ
O píon positivo é a antipartícula do píon negativo. Por sua vez, o píon negativo é a
antipartícula do píon positivo.
1010 1010
10 10
Aº ~o
Figura 14: Os spins dos quarks u, d, s nas partículas A 0 e :Eº.
0
A partícula A tem os quarks u e d com spin opostos; o spin total é ainda 1/2. Já :Eº
tem os quarks u e d com spins iguais. Assim, por suas diferentes configurações de spin de
seus quarks, A 0 e :Eº são, de fato, partículas distintas.
O modelo de quarks proposto por Gell -Mann e Zweig funciona teoricamente, mas,
é claro, que os físicos também se perguntaram se essas partículas existem de fato.
@ V~:'~I .
..
---
pró to
feixe re elétrons
Figura 15: Elétrons espalhados por um próton feito de três quarks uud .
Vê-se, na Figura 15, que os resultados são análogos aos de Rutherford: os elétrons
emergem da reação em ângulos consistentes com o modelo de quark.
7 O MODELO PADRÃO
O modelo de quarks discutido na seção anterior não é a última palavra. Este modelo
(da década de 60) foi apenas um começo. Nesta seção, será apresentada sua evolução (até
os dias de hoje), ocorrida a partir das descobertas das décadas de 70 e 80, até o modelo
padrão de quarks e léptons atualmente aceito. Esta teoria permitirá uma distinção mais
clara entre as forças forte e fraca, bem como completar o modelo, que, atualmente, consiste
de seis quarks e seis Iéptons.
Partículas com spin fracionário (1/2, 3/2, 5/2 ... ) 18 obedecem ao chamado Princípio
de Exclusão de Pauli. Este princípio proíbe que duas partículas iguais ocupem o mesmo
estado quântico Um exemplo familiar da aplicação deste princípio é o átomo: dois elétrons
não podem ocupar o mesmo estado de energia e spin 19 . Isto acaba por gerar o padrão
periódico dos elementos químicos (a tabela periódica).
Os quarks têm spin 1/2 e, portanto, o princípio de exclusão aplica-se a eles também:
dois ou mais quarks não podem ocupar o mesmo estado se possuírem sabores 20 idênticos.
Com isso, por exemplo, o bárion ff (Tabela 1O, seção 6), formado por três quarks s, não
poderia existir. No entanto, havia forte evidência de sua existência. A Figura 16 ilustra o
problema.
18
Uma macro-classificação de partículas elementares pode ser a seguinte: férmions (com spin fracionário) e
bósons (com spin inteiro).
19
Na Mecânica Quântica, fala-se que dois elétrons em um átomo não podem ter os mesmos números
~uânticos.
2
Como dito anteriormente, os sabores de qu:uks, até agora apresentados. são: u, d e s.
49
Vê-se, na Figura 16, que o terceiro quark s não pode ter spin ,J, ou t, já que estes
estados já estão ocupados pelos dois anteriores.
Para resolver este problema, o tisico Greenberg sugeriu que os quarks possuem
uma propriedade nova chamada "co r", que é apenas um novo nome que, assim como
"sabor", nada tem a ver com seu significado cotidiano. A "cor " é similar à carga elétrica,
exceto pelo fato de que pode ocorrer em três variedades: vermelho (VM), verde (VD) e
azul (AZ) (estas cargas-cor são chamadas coletivamente de cargas coloridas). Quarks
carregam cargas coloridas positivas, enquanto que antiquarks carregam as correspondentes
cargas coloridas negativas. Assim, no bárion .Q, os três quarks s aparecem em três cores
diferentes (representadas pelos subíndices): svM, svn. e SAz.
A analogia das cores com as cargas elétricas levou a uma conclusão imediata: cores
iguais se repelem; cores opostas se atraem. Assim, dois quarks vermelhos se repelem,
enquanto que um quark vermelho e um antiquark "antivermelho" se atraem. Similarmente,
azul atrai anti-azul e verde atrai antiverde. Isto pode explicar a existência dos mésons:
assim como cargas elétricas positivas e negativas se unem para formar um átomo neutro,
cores positivas e negativas, carregadas por quarks e. antiquarks, atraem-se para formar
Figura 17: Um méson (qq) é formado por quarks de cores opostas (que se atraem).
21
Por analogia com a carga elétrica como fonte da força eletromagnética e a massa da gravitacional.
50
Quanto à cor, dois quarks vermelhos têm mesma cor e, portanto, se repelem. Mas, o
que dizer sobre um quark vermelho e um quark azul?
Foi proposto que estas duas cores diferentes podem atrair-se com uma intensidade
menor que a atração entre cores opostas de um quark e um antiquark . Assim, um quark
vermelho e um quark azul podem atrair-se, mas a atração é maximizada ao agruparem-se
com um quark verde. Vermelho e verde, vermelho e azul, azul e verde atraem-se todos uns
aos outros e assim o faz o aglomerado de três quarks que constitui os bárions. Os bárions
formados dessa maneira necessariamente contêm três quarks de cores diferentes (Figura
18).
Figura 18 Um bárion (qvM qAz qvn) é formado de três quarks de cores diferentes.
A interação forte, cuja fonte é a cor, mostra que os aglomerados - quark e antiquark
de cores opostas ou três quarks de cores diferentes - são as duas possibilidades que
permitem a formação dos hádrons "sem cor" . Sistemas livres só aparecem de forma
"descolorida". Na natureza, a cor parece estar confinada em aglomerados (os mésons e os
bárions) com cor resultante total nula, ou seja, considerados como um todo tais
aglomerados não têm cor, são os chamados "sistemas brancos".
7.3 Os glúons
Viu -se, anteriormente, de que maneira a atração entre os quarks ocorre devido à sua
cor. Esta interação ocorre mediada por uma partícula chamada glúon. Na realidade, a
int eração entre quarks no interior dos hádrons ocorre porque estes estão constantemente
intercamb iando suas cores via troca de glúons . A Figura 19 mostra um qu ark vermelho
51
glúon
azul "vcm1elho - azul"
vermelho
A força forte rearranja quarks ou cria um par quark/antiquark a partir de outro. Ela
não pode mudar o sabor dos quarks.
+ p + nº
p + Kº
52
A força fraca, por outro lado, pode mudar o sabor dos quarks. Por exemplo, na
reação abaixo, o quark s do bárion A 0 torna-se um quark u emitindo um w· (uma das
partículas mediadoras da força fraca). A partícula w·, por sua vez, transforma-se em um
quark d e um quark u.
uds ud uud
d s
Vµ
Mas esta não é a imagem completa de quarks e léptons. Como dito anteriormente,
em 1975, o lépton <foi descoberto e, algum tempo mais tarde, seu neutrino correspondente
foi inferido. Com isso, aumentou o número de partículas fundamentais para quatro quarks
e seis léptons. No entanto, ainda havia uma situação assimétrica, conforme mostra a figura
21.
d c
e Vµ ••
Figura 21: O Modelo Padrão em 1975
É possível inferir que mais dois quarks deveriam ser propostos para completar a
figura. Estes foram chamados de top ou truth (t) e bottom ou beauty (b). Portanto, agora,
temos seis sabores de quarks. O quark b foi descoberto, no fina l da década de 70, também
ligado a um antiquark no interior de um méson, contendo uma massa 5 vezes maior que a
do próton e carga igual a -1/3. Muito recentemente, em 1995, o quark top foi observado
experimentalmente. Sua carga elétrica é igual a +2/3 e sua massa é, aproximadamente, 200
vezes a massa do próton.
Finalmente, chega-se ao modelo padrão como hoje ele é conhecido: seis quarks (u,
d, e, s, t, b) e seis léptons (v., e·, Vµ, µ·, v, e <) e as partículas mediadores (o fóton, o
MODELO PADRÃO
OBJETOS FORÇAS
QUARKS
GRAVITACIONAL
ELETROMAGNÉTICA
LÉPTONS
FRACA
FORTE
Fermi/ah, 1987
MODELO PADRÃO
[ OBJETOS ) FORÇAS
FÉRiVIIONS BÓSONS
Fermi/ah, 1987
'
Gr .aíd~d e
-
Movtmento J ºs ph1netn
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Eletrom.ilglletl~mo ~
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Elê-tron Múon T:..u ródtron Anllmúon Antil11u
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Léptons Le . 511
µ -101 't - 11'7
·\ntiléplons 1.
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µ ---- -107
't - 1771
1---
N('t 1lr1n•• Ntuhim• N't'Ulrlrw Anllncut rin11 AnlluC"ntrim• J\ntln('u(rino
do Elit ruu doMU~n duTl) u do l~ run du l\IUou d o Tau
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1 ·- 10- lntinilo Cor Neutra Símholo u _, }..fas!i;J. de Repouso
VO ., A.nlivcrdc
rr~- Anti-uul
(fl.·1eV/c 2)
r_,,..vibcion11I T Griviton o o 2 -1õ'" Infinito CorNcutni
Fermilab, 1987
57
CONCLUSÃO
Este texto destina-se a professores, com a intenção de fami li arizá-los com o tópico
Partículas Elementares, mostrando-lhes que tópicos de Física Contemporânea não são
necessariamente complicados. Mais ainda, parece ser viável abordar alguns desses tópicos
na Física do ensino médio. Cabe salientar que deve ser evitado, no ensino deste conteúdo,
que os alunos simplesmente memorizem nomes e classificações de partículas. A simples
memorização é o oposto de uma aprendizagem significativa.
Uma grande potencialidade deste tema é a oportunidade que este oferece para a
compreensão do processo de produção do conhecimento científico. Os vários episódios
históricos envolvendo o avanço desta área de pesquisa mostram, com indiscutível clareza,
o quanto não é sustentável uma visão empirista-indutivista de ciência.
AGRADECThfENTOS
deste trabalho. Ao Professor Doutor Marco Antonio Moreira que, com sua leitura
criteriosa, em muito contribuiu para melhorar a transposição didática do tema. Aos colegas
Cláudio J. H. Cavalcanti e Letície M. Ferreira, pelas excelentes sugestões apresentadas
para enriquecer este texto .
BIBLIOGRAFIA
2. CLOSE, F. The Cosmic Onion. Quarks and the nature of the universe. Londres:
Heinemann Educational Books, 1983.
9. WILLIAMS, W.S.C. Nuclear and particle physics. New York: Oxford University
Press, 1992.
59
Exercícios
A proposta dos exercícios que seguem é a familiarização dos alunos com o Modelo
É possível verificar que a Tabela 11 está dividida em quatro seções. As duas seções
superiores listam um total de 24 partículas elementares. É preciso utilizar informação
destas duas seções para responder às seguintes questões.
2. Considere somente o lado esquerdo da tabela intitulado "Matéria". Esta categoria está
subdividida em dois grupos de 6 partículas. Estes grupos de partículas são chamados de
e
------- -- - - - -- - - -- --
3. Liste os seis sabores de quarks:
7. Observe a parte dos léptons na tabela: seus símbolos (exceto para o elétron) são letras
gregas.
• Preencha os símbolos abaixo:
lépton símbolo
múon
tau
neutrino
l____,
• Escreva o símbolo do neutrino do elétron . ...
8. Dada a lista de partículas abaixo, circunde os quarks (faça isto sem olhar a Tabela 11, se
possível):
12. Os bárions são partículas feitas de quarks. Os bárions mais comuns são o nêutron e o
próton. Aplicando-se a regra de conservação de carga (isto é, nenhuma carga pode ser
criada ou destruída) qual é o número mínimo de quarks que devem ser reunidos para
compor um bárion com carga+ 1, -1 ou O? Justifique sua resposta.
13. Liste três combinações de quarks que podem formar um bárion com carga igual a
+1,-1 e O.
+1 -1 o
14. Os quarks e léptons da coluna Ida Tabela 11 compõem toda matéria estável tal como
prótons e nêutrons. (Nêutrons são estáveis em relação as outras partículas, embora
possam decair). Aplique esta informação para escrever a configuração dos quarks para
um próton e um nêutron.
• próton _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ • nêutron _ _ _ _ _ _ _ __
15. Some as massas dos quarks e encontre a massa aproximada do próton e do nêutron.
• massa do próton _ _ _ _ _ _ _ __
• massa do nêutron _ _ _ _ _ _ _ __
17. Os quarks que aparecem nas colunas li e III (Tabela 11) formam partículas com tempo
de vida ("lifetimes") que são muito menores que os do próton e do nêutron, embora
ainda vivam o suficiente para serem detectadas. Estas partículas podem ser formadas
por quaisquer quarks que aparecem nas três colunas. O sabor dos quarks é
determinado por sua carga, massa e pela presença (ou ausência) de certas propriedades
que não são completamente entendidas mas que receberam os seguintes nomes :
estranheza (strangeness), charme (charm), beleza (beauty ou bottomness), verdade
(truth ou topness).
A fim de construir bárions a partir do modelo de quarks, é preciso maior informação
sobre os bárions e os quarks. As propriedades dos quarks encontram-se na Tabela 12.
As propriedades dos bárions são apresentadas na Tabela 13 (que é uma versão mais
completa da Tabela 6 - Capítulo 5). Vê-se que, na Tabela 13, as colunas "beleza" e
"verdade" não aparecem porque nenhum bárion, até agora detectado, possui estas
propriedades. No entanto, os mésons podem apresentar tais propriedades. A Tabela 14
(propriedades dos mésons) é uma versão mais completa da Tabela 7 - Capítulo 5.
Estas tabelas são apresentadas ao final.
ff :
.. .
~.
18 . Talvez você tenha percebido no exercício anterior que um bárion pode conter dois
quarks iguais. Já que o Princípio de Exclusão proíbe que um átomo contenha dois
elétrons no mesmo nível de energia 22 , você pode se perguntar se isto se aplica aos
quarks que formam um bárion. A resposta é sim. Embora um bárion possa conter dois
ou três quarks de mesmo sabor, estes quarks diferem em relação a outra propriedade.
Os cientistas não estão seguros do significado fisico desta propriedade mas, no
Modelo Padrão, ela é designada de cor. Os quarks podem ser vermelhos, azuis ou
verdes. Cada bárion contém um quark de cada cor para formar a cor branca.
• Onde, na Tabela 11, estão indicadas as cores dos quarks?
22
Na Mecânica Quântica, fala-se que dois elétrons não podem ter os mesmos números quânticos.
63
19. Volte aos bárions dos exercícios 14 e 17 e atribua cores aos seus quarks. Círculos
maiores podem representar bárions e círculos menores, os quarks. Exemplo: a
representação do próton.
nº:
ff :
20. Agora, observe o lado direito da Tabela 11 onde está escrito "Antimatéria" . Usando a
tabela, verifique no que as antipartículas se diferenciam de suas partículas
correspondentes:
a) carga: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
b) massa: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
c) s í m b o l o : - - - - - - - - - - - - - - -
(Qual partícula é uma exceção?) _ _ _ _ __
d) cor: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
22. Mésons são partículas com curto tempo de vida, mas, mesmo assim, são detectadas.
Elas são compostas de um quark e um antiquark. Suas cores são complementares, isto
é, elas se somam para darem o branco.
Exemplo: O méson K tem carga -1, estranheza -1, charme nulo, beleza nula,
verdade nula (ver Tabela l 4L_ Ele é composto por um quark s (estranheza
-1, carga -113 e um anti-up (u) com carga -213.
Bº:
• Pode existir mais de uma configuração possível para cada um destes mésons? _ __
Se sim, escreva todas as possibilidades.
23. A Tabela 11, no canto inferior esquerdo, lista os bósons que são as partículas
mediadoras das quatro interações fundamentais da natureza. Liste as quatro forças e
suas partículas medidoras:
28. Qual a força que mantém os quarks juntos para formarem os bárions?
Atividades
A proposta das atividades que seguem é o entendimento, por parte dos alunos, de
três aspectos importantes da fisica de partículas: como trabalham os cientistas, as medidas
indiretas que determinam as propriedades dos objetos estudados, os "tamanhos" das
partículas atômicas e subatômicas.
Os alunos são livres para estudar o "observado" e o "não observado" nas figuras, a
fim de responder às duas questões. Eles devem ser solicitados a sustentar suas teorias com
exemplos a partir das figuras. As formas propostas podem ser reduzidas a formas ainda
mais básicas? Uma vez que os estudantes se sintam seguros em relação à resposta da
questão 1, eles podem prosseguir com o desenvolvimento das regras (questão 2). Eles
devem ser lembrados que as regras devem explicar tanto a figura "observada" quanto a
"não observada". São estas regras de conexão que levam a figuras que são observadas
enquanto outras não o são. Pode-se aprender tanto a partir da consideração do que "não é
observado" quanto do que "é observado".
É importante uma discussão acerca das possíveis teorias com o grupo de alunos.
Existe mais de uma teoria? Qual a melhor teoria? Por quê?
Também é interessante pedir aos estudantes que desenvolvam figuras "observadas"
adicionais, que seguem as respostas às duas questões básicas. Isto é similar a um fisico
procurar por uma partícula não observada previamente com o objetivo de verificar sua
teoria.
.L!
•a
Procedimento: Os alunos devem usar cópias da Figura 26. Uma cópia da página contendo
esta figura deve ser colocada sobre o chão, virada para baixo sobre uma
folha de papel carbono. Os estudantes, em duplas, devem deixar cair
bolinhas de gude, de uma altura de suas cabeças, de tal forma que atinjam
o papel dentro do retângulo demarcado .
Uma bolinha deve ser jogada cada vez e apanhada logo após atingir pela
primeira vez o papel. Tal procedimento deve ser repetido, pelo menos 100
vezes. Pode ser mais conveniente jogar as bolinhas a partir de uma
pequena altura em relação ao solo, mas deve-se tomar cuidado de distribuir
as "batidas" da maneira mais aleatória possível ao longo de toda a área
(alvo).
Análise: Os alunos devem contar o número total de pontos sobre o papel dentro da
fronteira retangular demarcada ("batidas") e o número de pontos que estão
completamente dentro dos círculos ("batidas nos círculos"). Também devem
determinar a área total retangular e contar o número total de círculos na página.
Se os círculos são uniformes e há uma distribuição aleatória de "batidas", então,
pode-se assumir que:
Pode-se calcular:
Assim:
A área de um círculo pode ser usada para calcular o raio de um círculo (área = 7t
R2). Este raio calculado pode ser, então, comparado com uma medida direta do raio.
72
Cada aluno recebe uma folha de papel (A4) e passa a cortá-la pela metade. Em
seguida, cada metade é cortada novamente e a operação é repetida tantas vezes quanto
possível. O número de cortes deve ser contado e o menor pedaço de papel deve ser
medido. É interessante explicar que, aproximadamente, 60 cortes dá a medida de um
átomo e que, com mais 30 cortes, pode-se chegar ao tamanho de um próton. (Pressupõe-
se que os cortes são todos a 90º, portanto, o comprimento do papel original se divide em
dois em cada corte sucessivo). ·
p+
lOm e
p+
3°) Utilizando o modelo de quarks do item acima, qual seria a distância do elétron em
relação ao próton de 8 m de diâmetro?
74
nº 2: Radioatividade.
Brückmann, M.E. e Fries, S.G., 1991.