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Introdução

Este pequeno artigo visa suprir uma grande deficiência que existe no mercado,
longe de ser a formula final é apenas um pequeno ponto de partida para o
entendimento mais acertado da precificação de obras de arte e afins.

Tradicionalmente quando falamos com colegas, estes ficam receosos de nos dizer
a forma de como chegaram aos seus preços finais! Este fato pode ensejar duas
coisas:
Primeiro o fato de descobrirmos o quanto a pessoa esta efetivamente ganhando,
devemos lembrar neste ponto que muitas pessoas ainda tendem a pensar de
forma retrógrada acreditando piamente que se alguém descobrir o quanto
ganhamos teremos como consequência um invejoso com olhos grandes sobre o
resultado do nosso trabalho...
A segunda coisa que pode advir e é o que normalmente se mostra a real, é o fato
do preço ter sido montado de forma totalmente aleatória, sem nenhum
embasamento técnico ou comercial.

Infelizmente vemos ao longo dos anos vemos muitos profissionais pagando para
trabalhar e em geral ouvimos por parte deles que é muito difícil obter resultados
satisfatórios relativos ao trabalho, e o mais grave que pouco ou nada sobra para
ele! Isso é a pura verdade e demonstra a realidade em que vivemos em meio as
atribulações do dia a dia bem como das pressões que sofremos com os prazos
exíguos exigidos pelos nossos clientes.

Premissa inconteste:
Quando o cliente chega e fala que o prazo que temos é curto e que devemos
cumprir tal prazo, demonstrando total descaso e desconhecimento sobre o tipo
bem como cada um dos processos do nosso trabalho, isso demonstra que algum
incompetente não fez o que deveria ter feito na hora certa.

Vamos ao que nos interessa de fato...

Analise Inicial

Neste ponto peço a você que pare a leitura e pegue um papel e anote tudo o que
incide sobre o seu preço, este mesmo o que você vem passando para o seu
cliente...
Tenha fé e faça isso!
Lembre-se de colocar todos os itens com os respectivos valores que você
acredita ser importante na formação do seu preço e ao final coloque o valor que
você passa para o seu cliente.
Na próxima página começaremos a analisar os cenários que podem existir, estou
esperando, já anotou tudo? Isto e importante, não pense que uma simples leitura
será suficiente para você entender, preciso que você tome um exemplo seu e
possa de fato chegar ao preço no final da forma mais coerente.

Ok, você terminou de anotar já me xingou, e acredita que não precisaria fazer
esta etapa...
Análise do local no seu processo

Ao longo dos anos não me recordo de ter visto outros cenários que não os que
estão abaixo relacionados:

1- Você executa seu trabalho na sua residência
2- Você executa seus trabalhos em um atelier comunitário
3- Você faz seus trabalhos em um centro de artes custeado por algum órgão
governamental ou escola.
4- Você montou um atelier próprio.

Em cada um destes casos o custo existe, por mais que não venhamos a pensar
desta forma. Seria temerário não relacionarmos o custo na composição do preço
final.

Vejamos no primeiro caso o que acontece, ao trabalharmos em casa e comum
não consideramos um valor relativo ao local, pois moramos nele e já pagamos
por isso, ou ainda nossos pais pagam por isso ou nossa esposa e ou marido
pagam por isso.
Este erro inicial é fatal, pois mais cedo ou mais tarde teremos a oportunidade de
montarmos um local (empresa) e ai teremos que inserir este custo no preço...
Como não fazíamos isso antes, nosso trabalho terá um aumento significativo de
uma hora para outra e nossos clientes não tardarão a dizer que estamos
cobrando muito, por conta do “sucesso” que nosso trabalho faz!

No segundo caso, quando estamos iniciando a carreira e comum dividirmos o
atelier, e claro, cada integrante deverá comparecer com sua cota para
manutenção do local. Aqui já temos um valor que deverá ser colocado na
formação do preço.

No terceiro, onde em várias cidades do Brasil, temos centros de artes ou ateliês
subsidiados pelo por algum órgão governamental, poderemos ser agraciados
com o pagamento ou não de uma mensalidade. Ao não observarmos isso
acabamos cometendo o mesmo erro do primeiro item... Fique atento!

Quarto e ultimo caso, tomamos coragem e montamos um atelier próprio para
desenvolvermos nosso trabalho, claro que esta decisão nos obriga a custearmos
tudo que se relaciona ao local e será natural que este custo seja repassado para a
composição do preço final da obra.

A esta altura, você já pegou um café e esta começando a ficar preocupado, afinal
você não havia pensado nisso!

Como podemos tratar os diferentes aspectos e cenários que encontramos acima?
Em cada um dos casos teremos os mesmos itens, porém em dois deles teremos
apenas um valor final na forma de mensalidade e nos outros dois e que teremos
que de fato nos atentarmos a cada item que possa incidir sobre o custo.

Como já disse os itens 2 e 3 são traduzidos como mensalidades e neste caso
teremos apenas um único valor. Já os itens 1 e 4 deverão ser analisados item a
item.

No primeiro item, algo bastante comum, trabalharmos em casa, não é? Afinal
podemos montar todas as tralhas na sala, ou na cozinha, as vezes até mesmo em
um pequeno quarto de empregada...
Pois é, acontece que o custo da casa que sai do bolso de alguém, seja do seu, ou
do seu pai, mãe ou ainda da esposa ou do maridão. Neste caso devemos pensar e
adotar a postura de que parte do imóvel, normalmente um quarto foi alugado
para uma terceira pessoa!

Caso você se sinta um absolutista como Luiz XIV, que proferiu as sábias palavras
“LÉtat cest moi” (O estado sou eu!), você deve parar imediatamente a leitura e
buscar ajuda profissional com os psiquiatras do plano de saúde ou caso não
tenha do SUS... Devo alertar que a probabilidade de você ser internado e
iminente!

Não, não somos o estado e não podemos jamais pensar desta forma. Ao
trabalharmos em casa teremos que pensar que o nosso local de trabalho nada
mais é do que uma locação para um estranho, pois a nossa atividade profissional
é, e sempre será uma pessoa jurídica... Ao mudarmos a forma de vermos isso já
começamos a entender que o custo relativo ao espaço que ocupamos corre as
expensas da nova entidade que estamos tentando dar vida. Por tanto tal
entidade, ainda que não esteja montada e formalizada junto aos órgão
competentes, deverá comparecer com sua cota parte no custo do local...

Tá, Mas o que incide então no preço? Quais são os itens que devo colocar? Como
devo fazer isso?

Uma vez que você tenha o custo da casa onde mora, e isso e fácil de verificar,
afinal ou você ou alguém paga. Pegue o valor total e divida pela metragem útil
total do local.
Exemplo você mora em uma casa de 100m2 e meu custo mensal é de R$2500,00
por mês. Sendo que uso apenas um quarto de 10 m2. Qual o valor que devos
atribuir? Você já sabe a resposta, pois ela saltou aos seus olhos... se você gasta
R$2500,00 por mês usando 100 m2 e você usa apenas 10 m2 o seu custo e de
R$250,00 para os seus trabalhos! Ou seja, você deve gerar todo mês R$250,00 a
titulo de pagar o seu “local de trabalho”.

Simples não é?

Tá, mas como eu devo agir quando monto um atelier próprio, afinal quero ser o
“cara” !

Nunca paguei uma conta, sempre outra pessoa pagou para mim...

Como começar a pensar de forma mais profissional em relação a isso?

Vamos lá! Como todo bom empreendedor, você resolveu dar um passo neste
sentido e deve começar a pensar de forma mais objetiva. Ótimo, você deu o
primeiro passo!

Quando você começa a buscar um local, é comum buscar uma locação para
montar o seu atelier. Isso não é demérito, pois algumas correntes
administrativas alegam que não vale a pena gastar dinheiro investindo na
compra de um local para montar sua empresa. Isso de fato não vem ao caso!
Mas partamos do principio que você resolveu montar o seu atelier e não tem um
local, e precisa neste caso locar um imóvel, seja direto com o proprietário ou em
uma imobiliária.

A partir deste ponto a coisa deve ser analisada de forma fria e objetiva:
Quem estará com você todos os dias???
Veja a relação abaixo:
Aluguel;
IPTU;
Luz;
Agua;
Telefone;
Internet;
Faxineira;
Jardineiro (caso o imóvel seja uma residência);
Material de limpeza (aqui entram todos os matérias utilizados para a limpeza);
Material copa (aqui entram café, biscoito, açúcar, etc).

Já sei... Ficou assustado com a relação? Pois é, isso tudo esta junto com o imóvel,
muitos irão dizer: Mas, mas... a internet eu posso usar a do meu celular, não
preciso do telefone, e a faxina eu mesmo faço! Luz e água quem sabe consigo
fazer um “gato” do vizinho.... KKKKKK Preciso baixar o custo!

Verdade, sempre precisamos verificar o custo fixo do local e tentar baixar, mas a
economia não se da com gatos e ou utilização de serviços que são seus de uso
particular.
Portanto estes itens, e espero que não entrem outros, devem estar na sua
planilha.
Faça uma analise rápida, uma faxineira pode cobrar uma diária de R$120,00,
porém neste dia você pode fazer uma obra e vende-la por R$250,00... O que você
prefere? Ganhar R$250,00 e gastar R$120,00 tendo um saldo de R$130,00 ou
você prefere deixar de produzir para economizar R$120,00? Se você optou por
economizar, você acabou de perder R$370,00 (R$250,00 da obra que você não
fez + R$120,00 da faxineira que você deve receber de você mesmo).

Percebeu onde erramos costumeiramente?
A esta altura, você esta suando e pensando... Tasqueupariu!
Seu café, ou esfriou ou acabou... Pegue outro e vamos ver o que podemos fazer
com estes itens que foram relacionados acima.

Pegou o café?
Ótimo, ao pegarmos todos os valores, e somarmos teremos um custo fixo, que se
traduzirá em tempo de utilização do local...

E mais simples do que parece! Pegamos tudo e somamos, chegamos a um valor
final, exemplo: R$2000,00 entre todas as despesas que listamos acima.
Você já sabe que todo o mês você precisará de R$2000,00 para fazer frente a
custo do local...

Neste momento você se pergunta, poxa quanto tempo eu preciso para bancar
isso tudo, deste jeito não vai sobrar nada para mim!
O primeiro passo nesta hora e verificar o seu custo em hora, ou seja, pegue o
total gasto com o local, e divida pelo numero de horas de trabalho. Se você
trabalha oito horas por dia, cinco dias por semana, quatro semanas por mês,
então você trabalha 160 horas por mês. O que vale dizer que a cada hora seu
custo e de R$2000,00/160 horas = R$12,50 por hora!

Ou seja você tem que ganhar R$12,50 a cada hora. Este valor irá incidir sobre o
preço da obra. Se você levou uma semana para fazer a sua obra, sendo cinco dias
com oito horas de trabalho a cada dia, sua obra já começa em R$500,00 fora
material etc, etc...

Se sua obra for única, ou seja você optou por não fazer reprodução, este valor irá
integralmente para a obra. Mas você optou por reproduzir este trabalho, então
será justo que cada uma das peças venha a cobrir o custeio do local...
Como assim?

Você resolveu fazer trinta peças do seu trabalho, ou seja, todo o trabalho de
criação e modelagem levaram cinco dias, mas esta obra será reproduzida em
trinta cópias... Pegue o valor e divida pelo número de cópias...
Exemplo: Nosso custo do local estava em R$500,00 serão reproduzidas 30
cópias, então teremos, o valor de custo do local para cada peça obtido pela
divisão simples de R$500,00 / 30 peças = R$16,66.
Ok, você esta se perguntando, e somente isso que compõem o meu preço?
Respondo com um sonoro NÃO!

Mas você pode por exemplo utilizar um outro valor para efetuar esta divisão, por
exemplo, você pode considerar que sua tiragem apesar de ser trinta peças,
apenas as dez primeiras serão responsáveis pelo pagamento do custo do local
utilizado para a confecção. E ai você teria como resultado o valor de R$500,00 /
10 peças = R$50,00... Claro que uma vez fechado o preço todas as pecas terão o
mesmo valor, e neste caso nas vinte peças da serie você ganharia R$50,00 em
cada peça, totalizando R$1000,00. Entendeu?

Alguns artistas trabalham sob a convenção Francesa que prevê o seguinte:
Obra Única = Uma única peça apenas
Obra Original = até oito copias seriadas e numeradas, 1/8, 2/8, 3/8 ate 8/8 e
ainda mais quatro peças denominadas P.A. (Prova de Artista), igualmente
numeradas da seguinte forma: P.A. I, P.A. II, P.A. III e P.A. IV. Segundo esta
convenção estas obras P.As. seriam o “lucro”. Devendo todo o custo de produção
das 12 obras, ser rateado apenas nas oito peças que compõem a série.
Obra Seriada = acima de nove cópias, não sendo necessário numerá-las.


Neste momento podemos pensar em tomar uns dois paracetamol ou Ibuprofeno
ou quem sabe um coquetel de Prosac...

Não, não é o caso!

Respire fundo que ainda teremos muitas coisas para ponderar e colocar no
processo de precificação das obras.

Creio que você poderia pegar mais um café antes de continuar a leitura... Eu
espero você voltar!

Ok, vamos continuar, já peguei o meu café também.


Custo de Criação ou Modelagem

Após a analise inicial, onde colocamos o nosso custo relativo ao local e seus
insumos, passaremos para o próximo passo. Este segundo aspecto e tão
importante quanto o primeiro, justamente por analisarmos o custeio para a
confecção da obra!

Quando iniciamos um projeto, poderemos inicia-lo através de um desenho, ou
diretamente na modelagem. De um modo geral cada um de nos tem o seu
processo criativo. Eu gosto de esboçar várias vezes a obra antes de modelar,
procuro fazer vários desenhos em vários ângulos, tantos quanto eu acredite ser
necessário. Como disse, trata-se do meu processo e não do seu!

Falo isso pois este tempo faz parte da criação da obra e acabamos não
computando na mesma... Caso você também prefira esboçar a obra, não esqueça
de anotar o tempo necessário para execução dos desenhos. Ao longo dos
próximos parágrafos vamos analisar o processo do custo para elaboração da
obra, caso você opte por também fazer os desenhos bastará ao final acrescentar
o tempo relativo aos desenhos. Simples assim!

Vamos ao que interessa e se você leu até aqui já deve estar pensando, apesar de
assustado, em qual será o valor da sua obra. Partamos do principio que você
resolveu modelar diretamente a sua obra, pegando o material escolhido e
colocando as mãos a obra. Devemos levar em conta que raras serão as vezes que
só utilizaremos o “Clay” (argila, plastilina, OilClay ou qualquer outro insumo
destinado a modelagem, resolvi denominar tudo como sendo clay para efeitos de
simplificação e entendimento). Dito isso devemos buscar na memória os vários
trabalhos que já executamos e anotarmos o que cada um usou como material...
Exemplo:
Base de madeira, MDF ou de metal;
Estrutura de tubo em PVC, metal, arame de alumínio ou de cobre;
Papel alumínio para dar volumetria;
Isopor comum ou foam (espécie de isopor sem alvéolos, aquelas pequenas
bolinhas que existem no meio do isopor);
Filme em pvc para revestir a volumetria interna, cujo o objetivo e o
reaproveitamento do clay colocado sobre a volumetria interna;
E finalmente o material escolhido para executar a modelagem.

Até aqui relacionei apenas alguns dos matérias necessários a modelagem, isso
porque devemos ter o habito de anotar cada coisa utilizada, bem como a
quantidade usada, ou seja estou dizendo para você que é preciso anotar cada um
dos itens, suas quantidades, tempo, etc, etc. Se você ainda não entendeu, este é o
momento em que eu te digo que você deve fazer a sua ficha técnica de cada peça.

Ok, você acha que é muito difícil fazer isso, lembro que no início eu também
achava, hoje no entanto não consigo deixar de antar cada coisa utilizada
unicamente visando o calculo do custo da obra.

Uma vez que você relacionou cada um dos matérias que você costuma utilizar,
você terá esta relação em uma segunda planilha, lembre-se de colocar a
descrição de cada item, valor por unidade (metro, quilo, milímetro ou grama),
quantidade utilizada e o valor final que será o resultado de uma multiplicação do
valor unitário pela quantidade usada.
Não importa se um material custa R$1,00 o metro e só utilizamos 10 cm. Afinal
estes R$0,10 fazem diferença no custo final. Não tenha preguiça em anotar tudo e
só assim você saberá exatamente quanto estará ganhando e eventualmente até
que ponto você poderá abaixar o seu preço em uma concorrência.

Exemplo de calculo:

Item Vlr. Unitário Qtde. Utilizada (Kg) Valor
Clay Hard R$50,00 3KG R$150,00
Base MDF R$20,00 1 R$20,00
Arame alumínio R$2,00 15mts R$30,00

Total gasto R$200,00


Coloquei a tabela acima apenas para que você consiga visualizar a ordenação dos
itens e como deverá efetuar os cálculos!

Já sei, você ficou assustado e não imaginava que tinha gasto tanto apenas na
modelagem... Vamos levar em conta que você desenvolveu sua modelagem em
duas semanas de trabalho, ok?

A esta altura você tem os materiais utilizados para a modelagem relacionados, já
identificou o custo de cada material, sendo que alguns deles até poderão ser
reutilizados, ou se você preferir até poderá deixar o original guardado seja a
título de portfólio, ou por uma questão de segurança para uma nova forma para
reprodução. Digo isso porque em alguns casos pagamos encomendas onde
teremos que reproduzir mais cópias do que um bom silicone pode aguentar e
neste caso temos apenas duas opções: Ou mantemos o original em segurança
com a finalidade de propiciar uma nova forma, ou após a modelagem executamos
a forma e sacamos uma peça em resina com a finalidade de ser a peça original
que dará origem a todas as formas, (neste segundo caso acabamos por ter um
custo dobrado, pois além da primeira forma para gerar o original em resina,
teremos que fazer uma segunda forma para obtermos as cópias, pense nisso...).

Vamos partir do princípio que você fez a sua obra, usou uma quantidade
especifica de clay, base e arame de alumínio. Os materiais você já aprendeu como
controlar cada um deles nas mínimas quantidades. Porém você deve computar o
tempo utilizado para a executar a modelagem, neste caso vamos arbitrar cerca
de duas semanas de trabalho...

Ou seja, por duas semanas completas você esteve envolvido em um projeto
modelando uma obra, sua obra deverá conter no seu preço o custo da utilização
do local por duas semanas. Vamos nos lembrar que lá atrás nos atribuímos o
valor de R$2000,00 para a manutenção do seu local de trabalho, assim sua peça
já estará custando R$1000,00, isto apenas a modelagem! Ou ainda você poderá
obter o valor por hora trabalhada, tome o valor do custo mensal e divida por 160
horas (regime de trabalho de oito horas por dia segundo a CLT). Assim teremos
R$2000,00 / 160hrs = R$16,50

Não, isso não significa que este valor relativo ao local + material serão o valor da
sua obra... A exemplo do calculo proposto na página 5, devemos tomar o numero
de copias que serão feitas e dividir os valores até então aferidos.
Vamos ao exemplo:
Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Clay (kg) R$50,00 3Kg R$150,00
Base MDF R$20,00 1 R$20,00
Arame Alumínio (m) R$2,00 15mts R$30,00
Modelagem (hora) R$12,50 80 hrs R$1000,00

Valor Total R$1200,00

Conforme vimos na tabela anterior teremos como resultado R$1200,00 de custo,
e se você decidiu produzir 30 cópias o valor encontrado será a divisão dos
R$1200,00 / 30 copias = R$40,00.

Até este ponto conseguimos definir o custo operacional e de material para
criação da obra, mas ainda falta definirmos o custo para produção de cada cópia,
e após isso poderemos chegar finalmente ao preço final de cada peça!

Ufa!
Vou pegar um café, e espero que enquanto isso você pense em tudo o que leu, e
comece a organizar sua forma de calcular os seus custos.

Fui....

Custo Forma e Cópia

Voltamos, afinal já tomei meu café! E você? Tudo bem? Muito confuso? Espero
que não! Vamos em frente.

Até o momento analisamos o custeio do local e dos materiais para execução da
obra, mas ainda nos falta o calculo de cada uma das copias...

Neste ponto temos duas opções: Poderemos contratar um replicador para fazer a
forma, bem como as cópias e neste caso o valor que ele nos apresentar irá direto
para o custo da obra, ou poderemos desenvolver a forma e executar cada uma
das cópias, se você optou por isso você deve partir do mesmo princípio do custo
dos matérias. Ou seja, deverá relacionar cada um dos materiais bem como das
quantidades utilizadas para a confecção da forma, ter em mente que esta forma
não será eterna, e terá uma vida útil, que dependerá diretamente da qualidade
do silicone utilizado bem como do cuidado no manuseio da forma.
Analisemos o primeiro caso:
Contratamos um replicador serio e competente, cujo o valor da forma ficou
estipulado em R$500,00 bem como o valor de cada cópia ficou estipulado em
R$50,00. Tendo os valores na mão poderemos inserir na nossa planilha.
Vamos lembrar que a nossa meta e de replicar em trinta cópias a nossa obra, e
conforme fomos informados pelo replicador o tipo de silicone que ele esta
acostumado a utilizar dura 20 cópias com precisão na resina. Ou seja, acabamos
de descobrir que seremos obrigados a fazer uma segunda forma... Mas deixemos
para sofrer na vigésima primeira cópia e não agora!
Já sabemos que o custo da forma deve ser dividido por 20, pois esta será a
quantidade de copias que a forma suporta...
Então teremos R$500,00 / 20 cópias = R$25,00 (custo forma). Certo?

ERRADO!!!

Lembre-se sua tiragem e de 30 cópias e você terá que fazer duas formas... ou seja
um custo total de R$500,00 X 2= R$1000,00. Então cada peça custará na forma o
equivalente a R$1000,00 / 30 cópias = R$33,33. Este será o custo da forma por
peça.
O replicador nos informou que cobrará cerca de R$50,00 por cópia já finalizada e
pronta. Assim teremos um custo de R$33,33 (forma) + R$50,00 (cópia) =
R$83,33 por peça...
Este valor deverá integrar a planilha para efeito de calculo.

No entanto você resolveu fazer a forma, e se preparou para isso...
Entrou no grupo do ZAP-ZAP e perguntou para os bam-bam-bans como fazer a
forma, afinal você ainda não viu no curso o modulo de forma que será ofertado...
Ok, a primeira coisa a fazer e descobrir quais materiais deverá utilizar, ter em
mente que deverá comprar tudo antes de iniciar a confecção da forma. Caso
ocorra algum problema, você não terá tempo para sair correndo e comprar mais
material... Ou seja, estou te dizendo que você deve ter em estoque o que será
utilizado e mais uma sobra confortável caso algum incidente ocorra... Isso
aumenta o custo, viu???
Depois de muita conversa, muita risada, e algumas horas depois... Você
descobriu e definiu que vai fazer a sua forma em silicone, e usar uma capa de
gesso para das sustentação ao silicone.
Simples assim!
Conforme o pessoal do ZAP-ZAP, você descobriu que sua forma vai utilizar cerca
de 5kg de silicone e em torno de 10 kg de gesso. Já te falaram que o silicone XPTO
apesar de mais caro aguenta “umas” trinta cópias.... Mas o XINGLING só aguenta
15 ou 20 cópias... Analise se o custo do XPTO e muito mais caro, se e de fácil
obtenção, se terá correio envolvido e se tiver, não use o mesmo correio que o
Lutte Pestana usa.... KKKKKKK

Tomada as decisões, e elas serão suas e de sua responsabilidade e de mais
ninguém!
Como na tabela anterior, iremos relacionar cada item, seu custo por unidade, a
quantidade utilizada e o valor de cada item e ao final iremos somar tudo! Não
esqueça de anotar o tempo utilizado para fazer a forma calculando em horas tal
qual a tabela anterior, porém o numero de horas será diferente!!!

Este valor obtido deverá ser dividido pelo numero de cópias que a forma
suportará! Na minha experiência, sempre considero usar a forma apenas dois
terços da vida dela, em detrimento da qualidade das peças. Para mim, se um
silicone e capaz de suportar cerca de trinta cópias, eu utilizarei este silicone em
apenas 20 delas, isso porque o silicone tende a estragar, rasgar, ressecar a
medida que é usado com a resina, e a sua deterioração acaba gerando maior
tempo de acabamento em cada peça e isso e um baita de um prejuízo.

Neste ponto você deve ter em mente que ao optar por confeccionar a sua forma,
além dos custos inerentes a forma, você ainda terá que inserir na sua tabela o
custo do tempo para dar acabamento na sua peça...

Veja o exemplo na tabela abaixo:

Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Gesso(kg) R$2,00 10Kg R$20,00
Silicone (Kg) R$20,00 5 Kg R$100,00
Arame Alumínio (m) R$2,00 5mts R$10,00
Confeção (hora) R$12,50 20 hrs R$250,00

Valor Total R$380,00

Como vimos na tabela anterior, teremos um custo de R$380,00 para fazer a
forma, e esta devera durar cerca de 30 cópias, segundo o fabricante e as
informações do ZAP-ZAP... Mas por uma questão de bom senso, vamos
considerar apenas 20 cópias para cada forma. Como nosso projeto é de 30 copias
este valor deverá ser dobrado para efeitos de cálculo.
Assim teremos, R$380,00 X 2 = R$760,00, este é o valor que deverá ser dividido
por 30 cópias, ou seja, R$760,00 / 30 cópias = R$25,33.

Ao confeccionarmos as nossas cópias teremos que considerar todo o material
que será utilizado para tal intento...
Mais uma vez recorreremos ao grupo do ZAP-ZAP, fóruns e uma possível
abdução alienígena para relacionarmos todos os materiais... KKKKKKK

Claro, se vamos fazer as cópias em resina, comecemos pela resina, catalizador,
acetona para limpar tudo, estopa, papel toalha, etc, etc.
Teremos que considerar o tempo para fundir a peça bem como o tempo para dar
o acabamento na mesma...

Veja a tabela:

Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Resina (kg) R$20,00 1,5Kg R$30,00
Acetona(litro) R$10,00 0,1 litro R$1,00
Estopa (Saco) R$2,00 0,5 saco R$1,00
Fundição (hora) R$12,50 1 hrs R$12,50

Valor Total R$44,50

Este seria o mundo ideal, pois após abrirmos a forma não teríamos que dar
acabamento na peça... Mas a triste realidade e que isso não ocorre, e
invariavelmente teremos que dar acabamento, retirar rebarbas, eventualmente
tapar uma ou outra bolha que surgiu apesar das nossas preces mais fervorosas!
Claro que este trabalho terá custo e deverá impactar o custo final de cada peça...

Exemplo: Se você acabou de abrir a forma e constatou que terá trabalho em
demasia para finalizar a peça, não se desespere, você está em boa companhia,
pois isso ocorre com todos nós!
Mas não esqueça de anotar o tempo que você levou para fazer o acabamento...

Vamos imaginar que sua peça saiu dentro do previsto exigindo pouca atuação
para o acabamento, coisa rápida de meia hora apenas! Sim, mas estamos falando
em R$6,25! E este valor deve ser adicionado ao custo de cada peça....


Se você percebeu estamos quase no final, pois já analisamos o custo do local, o
custo para criação do original, e o custo para obtenção das cópias!
Eu sei, já falamos sobre muitas coisas que são extremamente importantes para
nós, mas infelizmente ainda não terminou...

Com todos os custos apurados e listados, já teremos uma ideia se estamos
trabalhando dentro de um preço razoável ou não...
Digo isso, pois ao longo da minha vida pude constatar que muitos colegas viviam
depressivos, pois trabalhavam exaustivamente e ao final não sobrava nada...
Alguém já passou por isso? Acredito que sim, basta conversarmos entre nós e
iremos constatar esta triste realidade.

Pois bem... aqui e que devemos ter a máxima atenção...
Já colhemos todos os custos e temos uma ideia geral do que nos custou a obra
bem como as suas cópias.

Relembrando...

Custo Local R$2000,00 /160 horas = R$12,50

Custo Modelagem ou criação:

Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Clay (kg) R$50,00 3Kg R$150,00
Base MDF R$20,00 1 R$20,00
Arame Alumínio (m) R$2,00 15mts R$30,00
Modelagem (hora) R$12,50 80 hrs R$1000,00

Valor Total R$1200,00

Custo por peça será de: R$1200,00 / 30 peças = R$40,00

Custo Forma:
Lembrar que cada forma renderá apenas 20 copias com qualidade... E neste caso
serão duas formas para efeito de calculo.

Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Gesso(kg) R$2,00 10Kg R$20,00
Silicone (Kg) R$20,00 5 Kg R$100,00
Arame Alumínio (m) R$2,00 5mts R$10,00
Confeção (hora) R$12,50 20 hrs R$250,00

Valor Total R$380,00

Custo por copia: R$760,00 / 30 copias = R$25,55

Custo Cópia:

Item Vlr Unitario Qtde Utilizada Valor
Resina (kg) R$20,00 1,5Kg R$30,00
Acetona(litro) R$10,00 0,1 litro R$1,00
Estopa (Saco) R$2,00 0,5 saco R$1,00
Fundição (hora) R$12,50 1 hrs R$12,50

Valor Total R$44,50

Custo por cópia em resina sem pintura = R$44,50



Agora que vemos tudo já anotado, analisado poderemos finalizar o custo de cada
peça.


Custo Modelagem por peça R$40,00
Custo Forma por Peça R$25,55
Custo Copia por Peça R$44,50

Valor final por peça R$110,00

Este será o custo de cada uma das peças, se você vender sua peça por este valor
você não ganhará absolutamente nada! Ou seja você trabalhou de graça e esta e a
pura realidade.

Acho justo e creio que você também achara justo ganhar alguma coisa, afinal
você trabalhou, não é?

Neste ponto você deve atribuir um valor de salario para você, ou seja, quanto
você quer ganhar, quanto você acha que merece ganhar? Ou melhor, de quanto
você precisar para viver e pagar as suas contas???

Alguns irão dizer que precisam de R$2000,00 já outros irão dizer que precisam
de R$5000,00, etc, etc.

Se tomarmos um valor médio de R$6000,00 (considerado um excelente salario
no mercado brasileiro), vamos pegar este valor e dividir pelo numero total de
horas do mês, ou seja, 160 horas e ai teremos um resultado de R$37,50 por
hora...

Agora começa a ficar mais fácil, pois basta verificarmos quantas horas
trabalhamos na obra, na forma e nas copias....

Assim teremos:

Criação 80 horas / 30 copias = 2,66 horas
Forma 20 horas / 30 copias = 0,66 horas
Copia 1hora = 1 Hora
Acabamento 0,5 hora = 0,5 hora

Total de horas = 4,82 horas

Agora teremos 4,82 horas X R$37,50 = R$180,75

Ou seja, você deverá acrescentar a cada obra o valor do seu salario proporcional
ao numero de horas trabalhadas!




Ao final teremos o valor custo peça de R$110,00 + o valor Salario proporcional
de R$180,75 perfazendo um total de R$290,75.

Finalmente Quanto Irei Lucrar?

Note que ate aqui, você cuidou para pagar todos os custos e o seu salario, porém,
não considerou um LUCRO ou UM VALOR PARA INVESTIMENTO no preço final
da peça...

O que fazer neste ponto? Você já sabe que se vender por R$290,75 você apenas
pagou os custos, mas não lucrou nada. E não será justo você tirar dinheiro do seu
salario para comprar livros, novos materiais, ou novas ferramentas. Então você
deve sim considerar um valor para reinvestir no seu negocio, ou seja o que
muitos chamam de lucro, lembrando ainda que se você tomou dinheiro
emprestado para montar seu negocio e este percentual que será utilizado para
pagar as suas dividas contraídas para a montagem do seu negocio.

Bem como este será o valor no qual você poderá mexer caso o seu cliente queira
um preço melhor... Nunca, mas nunca mesmo cobre menos que o seu custo, você
até poderá trabalhar sem lucro algum para “ganhar “ o cliente, mas nunca pague
para trabalhar! Se fizer isso você estará fadado a falir!

Qual seria o valor ideal para considerar o lucro? No comercio e comum o
comerciante dobrar o valor do produto que ele compra e então comercializar,
mas na fabricação isso e inviável, então você deverá estudar caso a caso o quanto
deseja lucrar, em alguns trabalhos você coloca, 30%, já em outros irá colocar
20% e assim por diante.

Em geral eu coloco cerca de 20% do valor do custo, tendo uma certa mobilidade
para dar um desconto para o cliente, mas nunca deixo de colocar o lucro.

O nosso valor da peça havia ficado em R$290,75 sem o lucro, resolvi inserir um
lucro de 20% que representará cerca de R$ 58,15. Com o valor do lucro aferido
poderemos somar o valor da peça e o respectivo lucro dela.

Para efeito de visualização:

Valor Peça R$290,75
Lucro (20%) R$58,15

Preço final de cada obra R$348,90








Considerações Finais...

Lembrando que os valores aqui utilizados são hipotéticos, e serviram apenas
como ilustração, faça os seus cálculos corretamente para que possa ter a sua
tranquilidade e assim poder ver o fruto do seu trabalho. Este pequeno artigo não
substitui nenhum curso de administração e lembro que apenas demonstrei como
eu calculo o preço do meu trabalho.

Caso ao longo do seu trabalho, você verifique que o fulano ou o sicrano esta
cobrando muito menos que você, procure refazer seus cálculos e verificar onde
poderá reduzir os custos.
Muitas vezes optei por contratar um replicador, pois a minha hora trabalhada e
muito mais cara que a dele, e assim acabei diminuindo o custo final da peça e em
alguns casos até tendo uma maior margem de lucro.


Desejo a você sucesso e um forte abraço!

.’. Marcello Romeiro .’.
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