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Introdução à antropologia cultural- 37-68 pag- III- A cultura e as culturas

• Neste capítulo os autores definem o conceito de cultura no âmbito disciplinar da Antropologia Cultural

• Definem qual o assunto e a abordagem da Antropologia Cultural, elencando as questões principais de que
se ocupa.

• Abordam alguns dos conceitos essenciais desta disciplina

Cultura
- Os autores lembram o que diz Melville Herskovits:
A humanidade move-se em múltiplas dimensões:
- no espaço (desde logo numa relação com a natureza, mas também com outras comunidades
humanas)
- no tempo
- na sua comunidade/ sociedade
“O HOMEM VIVE EM VÁRIAS DIMENSÕES , MOVE-SE NO ESPAÇO, ONDE O AMBIENTE NATURAL EXERCE
SOBRE ELE UMA INTERMINÁVEL INFLUÊNCIA. EXISTE NO TEMPO, O QUAL O PROVÊ DE UM PASSADO
HISTÓRICO E UM SENTIDO DE FUTURO. LEVA AVANTE AS SUAS ATIVIDADES COMO MEMBRO D UMA
SOCIEDADE, IDENTIFICANDO-SE COM OS SEUS COMPANHEIROS E COOPERANDO COM ELES NA
MANUTENÇÃO DO SEU GRUPO E NA GARANTIA DA SUA CONTINUIDADE.”

-> Delimitação do conceito de cultura entre os humanos e os outros animais; entre o humano e o
natural: o inato/ o aprendido
•Desconhecem-se os processos de aprendizagem e evolução mental e técnica dos outros animais,
mas define-se cultura como exclusiva dos humanos (hoje esta ideia está sendo interrogada).
•Ausência completa de reflexão sobre o mundo vegetal: hoje em dia, essa reflexão é importante
para o pensamento ecológico.
Ex. Michael Marder ( O pensamento das plantas); Emanuelle Cocci (A vida das plantas, uma
metafísica da mistura); Anna Lowenhaupt Tsing (O cogumelo no fim do mundo).
• Cultura como resposta às necessidades físicas, fisiológicas, psíquicas e espirituais humanas na
relação com o que se recebe da comunidade (a “herança cultural”) e o que se modifica e inventa de
novo. É algo histórico e dinâmico, em constante mudança.
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Não quer significar como na aceção popular, somente aquilo que se adquire pelo intelecto,
pela leitura, por exames, por contacto nas escolas, nas universidades.
Cultura é mais do que isso, pois um analfabeto tem cultura, embora não seja culto.
Nas ciências socias, humanas, definir cultura com precisão é bastante difícil, pois o homem,
como diz Herskovits vive em várias dimensões, move se no espaço, onde o ambiente natural
exerce sobre ele uma interminável influência.
Existe no tempo, o qual o provê de um passado histórico e um sentido do futuro. Leva
avante as suas atividades como membro de uma sociedade, identificando-se com os seus
companheiros e cooperando com eles na manutenção do seu grupo e na garantia da sua
continuidade.
Diferenças entre animal e homem- pergunta 2 do teste
Homem- Possui cultura que modifica e transmite.
Pelo contrário dos animais, quando nasce, começa do nada. Nasce nu. – pergunta 4
Tem de aprender, e tem de ir aos poucos integrando se no que o rodeia.
Aprende a falar, andar, ler, escrever, vestir…, segundo os padrões do seu grupo. Vai
fazendo uma aprendizagem e participando do património coletivo, da herança social, de
um cabedal de elementos que constitui um todo complexo que abarca conhecimentos,
crenças, arte, moral, leis, costumes e outras capacidades, adquiridas pelo homem como
parte da sociedade. É obvio que o homem enquanto faz a aprendizagem nunca fica
apático em relação ao somatório de elementos que vai adquirindo. Modifica-os
frequentemente, acrescenta, diminui e inventa novos elementos.
Animal- não possui cultura (pelo menos, dentro dos nossos conhecimentos atuais).
Pergunta 6 (elementos da cultura)- Com isto, cultura é tudo o que recebemos, transmitimos ou
inventamos. Ex: fumar, beber, comer, fritar ovos... Daí o facto de podermos afirmar que cultura alem
de ser o conjunto de tradições sociais (lowie), herança social (linton), é tudo aquilo que o homem
acrescenta à natureza.

Pergunta 7- Quando escrevemos natureza, não queremos somente fazer referencia à mãe-
natureza, onde o homem se situa, queremos referir também a natureza humana, pois o
homem já é por si próprio, Natureza.
Homem quando acrescenta qualquer coisa à Natureza, está forçosamente a acrescentar
qualquer coisa a si próprio, está-se modificando.
Uma das razões por que a cultura não é mais do que a natureza materializada, objetivada,
concretizada de qualquer maneira, seja por atos puramente de ordem física, quer dizer do
mundo da matéria, seja por atos de ordem não física, isto é do mundo do espirito, pois que
a função da cultura é imprimir uma ordem à natureza.
Um comportamento, ideia, relação que estabelece são em algumas vezes materializados,
deixam sempre marcas, sinais no espaço que os situa, embora pertençam ao mundo do não
físico, mas são igualmente cultura. Daí a razão por que os etnólogos ou antropólogos
aceitam as duas espécies de cultura:
. cultura material (campo de ação da denominada ergologia)
. cultura espiritual
Resumindo, podemos dizer que os objetos culturais fazem parte do mundo mental (ideias,
representações, etc.) e do mundo extramental (artefactos, coisas físicas, etc.).
Pergunta 8
Natureza e cultura, cultura e natureza! Homem/natureza, cultura/projeção do homem.
Levi-Strauss, afirma do movimento de passagem entre estes dois extremos, surgem as obras
que constituem a cultura, conjunto de sistemas de comunicação que integram e adaptam o
homem à sociedade.
O homem cria a obra e esta impõe-se ao homem, pois este não pode passar sem cultura
que identifica uma sociedade sem a qual, também o homem não pode viver.

Esquema->
Cultura é um dado universal: Não há homem sem cultura, nem cultura sem sociedade.
Se a cultura é tudo o que o homem acrescenta à natureza, o facto é que os homens não
acrescentam coisas à natureza da mesma maneira: cada grupo, povo, sociedade, mercê de
um conjunto de causas varias, entre as quais as históricas e ambientais são essenciais,
possui as suas obras e a sua forma peculiar de acrescentar ou transformar ou de transmitir
cultura.
Pergunta 9- Assim foram surgindo culturas particulares:
Que não são mais do que descontinuidades significativas deste dado geral da
humanidade. Tais descontinuidades traduzem-se por um conjunto de identidades e de
semelhanças que dão corpo ao grupo social, pois como diz Ralph Linton, a cultura como
um todo é uma resposta às necessidades totais da sociedade que a produziu.
Pergunta 10- As qualidades distintivas da cultura. Do biológico ao cultural e do cultural ao
biológico
O vestir de calças ou de outra peça de roupa pode ser considerado um ato cultural. Este
conjunto de gestos enquadra se ou insere com frequência em algum padrão convencional.
Um travesti, ao vestir se ou despir no palco parece mesmo uma mulher, estamos realmente
a afirmar que as mulheres têm uma forma- conjunto de gestos- convencional de se vestirem
ou despirem.
No entanto as calças, objeto cultural com uma determinada forma, só têm um modo
possível de serem vestidas, se bem que quem as veste possa fazê lo de pé, sentado ou
deitado.
Numa primeira análise andar não é um ato cultural.
Ex: o andar de um modelo, na passagem de modelos, constitui uma invasão do biológico
pelo cultural. O andar de cowboy, constitui já andares convencionados.
O inclinar da cabeça como forma de submissão é universal, pôr a mao nas costas como
gesto de proteção é quase um absoluto da cultura. Mostrar o sexo masculino é um acto de
força em certas situações (os grandes símios fazem-no).
Perg. 11- Terá isso que ver com diferentes posições observadas no homem e na mulher
quando estão sentados?
Os exemplos anteriores vêm pôr o problema do binómio comportamento e conduta. A
conduta é um comportamento significado.
A fome é um comportamento biológico. É com frequência uma sensação estranha de
desconforto ou ansiedade. Na cultura portuguesa sentimos fome a determinadas horas
porque se convencionou comer naquelas horas, enquanto que outras culturas, a fome pode
ser em outras horas.
Existe quem tenha medo de mortos e este sentimento pressupõe um maior afluxo de
adrenalina ao sangue. Trata se de um comportamento cultural e biológico, da invasão do
social e do cultural no biológico.
O medo é um exemplo nítido do que o cultural vai condicionar ou determinar o biológico:
maior afluência de adrenalina ao sangue, circulação menos rápida…
Na verdade o biológico e o cultural interagem de tal forma que, por vezes, é difícil
determinar qual terá mais influencia no outro, embora a tendência actual seja para
considerar que o cultural influencie mais o biológico.
Exemplo do riso- se compararmos o homem aos primatas vai se sentir diferença, pois um ri
e o outro não. Os homens riem segundo as situações, esboçam sorrisos, e isso constitui uma
conduta socialmente determinada. Podemos afirmar que o riso é um fenómeno absoluto:
todos os homens riem!
O riso é um elemento cultural mas não intelectual!
Estes factos: abrigo, vestuário, riso, procura de alimentos, regras de proibição do incesto…->
constituem como que tendências absolutas face à diferenciação cultural.
Nota: não esquecer que as respostas dadas a cada uma dessas questões universais, são
diferentes e culturalmente situadas. Cada cultura responde de forma diversificada as
mesmas necessidades biológicas (outras necessidades biológicas surgem precisamente
das condições do meio).

O homem, a cultura e a sociedade


O antropólogo preocupa-se com a existência da cultura como realidade que existe e que
procura estudar de uma maneira objetiva.
Essa existência só pode ser explicada através da ação que o homem exerce sobre a natureza.
O homem como entidade viva possui necessidades que tem de satisfazer para se manter e
sobreviver. Satisfaz tais necessidades procurando conseguir algo que preencha as falhas que
sente no seu interior, uma extensão da sua natureza humana, através de uma projeção dos
seus órgãos ou mecanismos interiores, concretizada em ações, representações ou
construções.
Pergunta- 13- Tais elementos que denominaremos objetos situam se num espaço que é
humano, pois são criação do homem. Aquilo que o homem cria é sempre na base de
analogias elaboradas em função da sua própria orgânica interna.
Os órgãos interiores têm de funcionar e, por si só, não o podem fazer, são estimulados do
exterior: desde a comida que se ingere até à aquisição de conhecimentos, tudo são
estímulos que fazem a máquina humana trabalhar.
Perg. 12- Todos esses objetos externos, ferramentas, coisas, ideias… têm o nome de objetos
culturais, que podemos designar por órgãos complementares, exteriores ao próprio
homem, que os cria para satisfação das suas necessidades internas.
Tais órgãos complementares não possuem vida, mas esta traduz-se pela sua ligação com o
homem que os movimenta, destrói, modifica e adapta à medida que surgem situações
novas.
O homem para se satisfazer, cria objetos, e desde que isso acontece, já não pode passar sem
eles: esse impõe se a ele criando lhe aquilo que mts intitulam uma segunda natureza
paralela à sua, sem a qual não pode substituir.
Perg.13- O homem é um ser gregário por excelência, o homem isolado é uma abstração.
Para se multiplicar tem de se ligar a alguém do sexo oposto.
O homem é um produto de si próprio, cria se a si mesmo. Essa ligação traduz dentro da
experiência humana uma extensão do homem, não so como entidade biológica mas de
outra natureza: a ligação ao sexo oposto não é arbitraria; não é pelo facto da atividade
sexual ser indispensável à reprodução biológica que tal ligação surge.
Aparece como necessidade a satisfazer, mas a observação diz nos que essa necessidade é
condicionada pelas regras que o homem criou e que se impõe a ele. Não só a criação biológica-
reprodução- mas também a criação de órgãos complementares- produção de objetos culturais-
estão sujeitos ao jogo aqui citado: tal como a cultura, a reprodução biológica é uma extensão do
próprio homem.

Perg.13- A gregaridade do homem- a ligação com o seu semelhante é não so uma


necessidade natural, da sua estrutura biológica, mas tbm condicionada pela projeção no
exterior dessa mesma estrutura. Tal estado de gregaridade é o estado de sociedade em que
o homem vive ou é obrigado.
Nota: Muitos autores e autoras atuais, deixaram de usar a palavra homem para se
referirem a espécie humana, uma vez que tal resultou de uma visão patriarcal (isto, onde
os homens dominam face as mulheres) que considera a masculinidade como exemplar do
que ser humano. Mas a humanidade é composta por homens e mulheres. Por isso vários
investigadores(as) optam por usar “seres humanos” e “humanidade”.
Os objetos que o homem cria não são isolados nem únicos, como também não o são os
órgãos internos da sua estrutura individual. Se fazem parte de um todo que funciona em
conjunto, ligados uns aos outros, não restam duvidas de que as projeções ou concretizações
das necessidades interiores estão situadas dentro do que denominamos natureza cultural e
forma um todo coerente.
A natureza biológica e a psicologia funcionam como um todo, as projeções da primeira e as
representações da segunda integram se num outro coerente que será a realidade cultural.
O ser biológico transmite os seus genes a um outro ser e surge um ser novo. Se atendermos
a que esta ligação se situa e é condicionada pelos dois campos- biológicos e cultural- não há
divida que este todo cultural não existe desligado do todo social.
O estado de natureza implica o homem e a sociedade mas implica igualmente a cultura, pois
esta não sera mais do que a natureza culturalizada, quer dizer, modificada, adaptada.
O homem é natureza, cultura e sociedade, entidades distintas mas interligadas que geram o
biológico, psicológico, cultural e social. Ele possui energia que liberta, recebe e transmite
por intermedio de uma ação social e cultural. Esta ação é interação, visto que trata se de
uma ação conjugada de esforços congregados.
Perg. 14- Com isto existem três níveis da vivencia humana para compreendermos o
homem:
- o mundo do orgânico e do inorgânico (biologia, física e química);
- mundo do social e do cultural (sociedade e cultura)- homem vive em conjunto; e sociedade
implica cultura.
- mundo psíquico (psicologia)

Mundos que não são separados: articulam se e complementam se.

Ser individual
homem
Ser cultural ser social

O individuo e a cultura
No seio das sociedades humanas manifestam se dois princípios- individual e o coletivo.
O individual acaba quase sempre por ser absorvido pelo coletivo. O individuo mal tem
consciência de si e funde se no agrupamento de que depende; so alguns elementos os mais
aptos e os mais capazes se vao elevando acima do grupo, destacando se dele,
impulsionando o e fazendo o progredir. O esforço individual aparece, assim como
indispensável para o progresso do agregado.
Não existem nem oposição nem rutura entre a pessoa e a sociedade, entre o individual e o
colético, visto que o individuo e a sociedade são interdependentes.
Ruth Benedict diz que na realidade, sociedade e individuo, não são coisas antagónicas.
A cultura fornece a matéria prima de que o individuo faz a sua vida.
Se é pobre , ele sofre, se for rico, tem a probabilidade de aproveitar as oportunidades.
Perg.15- A definição de cultura apresentada por Tylor é citada como a mais completa e
precisa duma realidade cultural. O vocábulo cultura tomou então um sentido mt próximo
do que já tinha o termo civilização.
Jorge dias diz: Para os latinos a palavra civilização está mais próxima daquilo que em
Etnologia se entende por cultura, se bem que não inteiramente, visto que civilização tem,
em geral sentido de cultura superior, com longa tradição histórica.
Alguns autores consideram que entre estes termos existem duas diferenças:
1º- engloba se na cultura o conjunto de meios coletivos de que o homem ou uma
sociedade dispõem para controlar e manipular o meio ambiente físico ou mundo natural.
A civilização compreende o conjunto dos meios coletivos a que o homem pode recorrer
para exercer controlo sobre si próprio, para se elevar intelectual, moral e espiritualmente.
As artes, filosofia, religião, direito, são então factos de civilização.
2º- é o inverso da 1ª, a noção de civilização aplica-se aos meios que servem os fins
utilitários e materiais da vida humana coletiva; a civilização tem um caracter racional, que
exige o progresso das condições físicas e materiais do trabalho da produção e da
tecnologia. A cultura abrange antes, os aspetos mais desinteressados e mais espirituais da
vida coletiva, frutos da reflexão e do pensamento «puros» da sensibilidade e do
idealismo.
Ambas tiveram inúmeros partidários mas optaram mais pela segunda.
Os antropólogos não se preocupam em seguir esta distinção fictícia e evitam quase
sempre empregar o termo civilização, utilizando o termo cultura.
NOTA: Este evitar do termo, acontece exatamente pela razão referida pelo antropólogo
português Jorge Dias: a palavra civilização tem em si a ideia de superioridade, distinguindo
entre os civilizados europeus e os selvagens, não europeus. Na realidade esse termo foi a
forma encontrada para justificar a colonização e a escravização, principalmente das pessoas
do continente africano.
Perg. 15- O termo civilização emprega se para designar um conjunto de culturas
particulares com afinidades entre si ou origens comuns. O termo civilização é usada de
modo mais neutro, mais descritivo de aspetos comuns de diferentes culturais.
A noção de cultura encontra se associada a uma determinada sociedade bem localizada,
enquanto o termo civilização serve para designar conjuntos mais vastos, mais englobantes
no espaço e tempo.
Para tentar alcançar a imagem mais exata do homem a 1ª ideia é ter em conta que a cultura
deve ser vista não só como resultado de complexos de padrões de comportamentos-
costumes tradições…, mas também como um conjunto de mecanismos de controlo- regras,
instruções- para orientar o comportamento. Outro aspeto é considerar o facto de o homem
estar dependente de tais mecanismos de controlo para ordenar a conduta.
Ao examinar os mecanismos ao homem, verificamos que os grupos diferem uns dos outros
em suas crenças, valores, comportamentos…. Nesta analise a visão das diferenças através do
tempo proporciona a melhor evidencia para uma explicação socio cultural das dissimilar
idades do homem.
De qualquer forma, o homem seja ele de que grupo e nível, é um ser não so social mas tbm
é essencialmente cultural. Pela própria constituição do seu espirito, organiza
necessariamente todo o seu mundo mental, o seu sistema de vida e de relação, o seu
apetrechamento material para o trabalho e a luta pela sobrevivência e, ate mesmo, grande
numero de dados naturais e funções fisiológicas, segundo regras fixadas de uma forma
peculiar dentro do seu grupo, e transmitidas de geração a geração.

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O modelo de conduta baseado na cultura, aceito e estabelecido, numa dada sociedade é
adquirido quase por cada um dos seus membros. Constitui com que um sistema de
referencia que modela os comportamentos e hierarquiza os juízos de valor em função dos
valores que nele são privilegiados.
A herança cultural é transmitida mediante mecanismos de socialização e endoculturação
dos indivíduos que fazem parte dos diferentes grupos sociais- mas completamente alheia a
qualquer transmissão genética. Esta transmissão não biológica da cultura e o seu carater
cumulativo são pontos fundamentais que estabelecem uma nítida linha de diferenciação
entre o homem e os outros animais
Só o homem é produtor e portador de cultura e não apenas um ser social, mas também um
ser cultural, visto que a cultura, é atributo exclusivo das sociedades humanas e falta às
sociedades animais.
A cultura encontra se, pois, cada individuo e este está integrado numa organização social. O
individual e o sócio-cultural ligam se e interpenetram se através da influencia de agentes e
meios, que a personalidade individual interioriza na cultura de uma sociedade.
É a interação do individuo com a sociedade e a cultura que determina a formação da maior
parte dos seus modelos de conduta.
Uma sociedade qualquer que seja, exprime se e realiza se através de uma cultura. O
processo de cultura não segue nenhuma ordem necessária.
O conhecimento é cumulativo, geralmente cada geração recebe o património do passado e
acrescenta lhe as suas próprias contribuições.
No que respeita ao poder de difusão e transmissibilidade, os produtos da descoberta
técnica são transmissíveis de um povo para outro, mas os conhecimentos que estão por
detrás deles não são transmitidos sem uma preparação elaborada ou a reorganização da
vida social e daí certa evolução.
As culturas não são estáticas.
Diversas variáveis influenciam a dinâmica de uma cultura. Todas as sociedades têm os seus
padroes de cultura, os quais evidenciam diferentes valores quanto às formas de
comportamento aprovado que devem ser observadas pelos seus membros. No entanto,
muito poucas sociedades são dominadas por um único motivo cultural.
É o próprio contexto cultural que caracteriza os tipos de cultura, ou seja, o conjunto de
conhecimentos predominantes, de ideias estabelecidas, de crenças admitidas, de normas
aceitas, valores e condutas especificas de cada sociedade.
Tal contexto condiciona assim os limites extrabiologicos que permitem o individuo (não
pode ser dividido) tornar se pessoa e integrar se no seu sistema socio-cultural.

A endoculturação ou inculturação
A cultura não se transmite geneticamente, logo apos o nascimento cada criança tem que
começar a aprender a cultura do seu grupo.
Tudo o que uma criança traz quando nasce, é biológico, não apresentado o mais leve indício
de cultura, da qual, entretanto, e a partir do primeiro momento do nascimento, começa a
sentir o impacte: na maneira como vem ao mundo; como o cordão umbilical é amarrado e
cortado; como é lavada e segurada.
Um pouco mais tarde a criança começa a comportar se e à medida que vai crescendo irá
abandonando os aspetos puramente biológicos do seu comportamento e aceitando valores
culturais. É como se cada criança começasse a vida pós-natal com um mecanismo cem por
cento biologico e depois tentasse reduzir a sua conduta biológica a um hipotético ponto
zero.
Para designar o processo pelo qual as reações individuais se vao ajustando cada vez mais
aos padroes de cultura de uma sociedade, Herskovits escolheu o termo:
. endoculturação-> Processo universal pelo qual uma criança aprende, a partir do
nascimento, a ajustar o seu comportamento à cultura da sua sociedade. Por vários meios,
como a imitação, a recompensa e a censura, a criança ajusta se ao que acredita ser dela
esperado. É um processo de comunicação constante e multimodal a partir do qual a cultura
produz os seus próprios sujeitos, os seus membros.
Fases da endoculturação:
- 1º, a criança é o recipiente passivo e desamparado de quaisquer formas de cultura que os
seus educadores possam impor-lhe.Por seu lado os membros adultos de uma sociedade
também não podem, no inicio da vida pos natal. As crianças de todas as sociedades têm que
passar através desta fase. O que difere de grupo para grupo, são as formas pormenorizadas
de cultura que serão impostas a um neo-nato, a forma como lhe serão aplicadas, a
severidade com que as transgressões serão punidas e a época em que se calcula que uma
criança entrou na fase seguinte.
-2ª, cobre o período da adolescência, fase difícil, em virtude de se registarem duas series de
mutações: não so o corpo vai sofrendo alterações numerosas, que envolvem inúmeras
tensões como também um adolescente tem, ao mesmo tempo, que se conformar com um
novo conjunto de formas culturais.
- 3º- representa a plena maturidade, caracterizada frequentemente pelo casamento.
Embora a transição se não realize sem problemas é no entanto considerada menos difícil
que as anteriores
- 4º- representa a entrada na senilidade. Presume se que uma pessoa que atinge este ponto,
tem um conhecimento bastante completo da cultura do seu grupo. À medida que se
aproxima de uma idade avançada, jão não se espera que acrescente mais fatores culturais à
sua conduta. Pelo contrario permite-se em todas as sociedades que uma pessoa mt idosa
regresse ao comportamento biologico de um neo-nato.
Embora a endoculturação pareça uma interização de valores culturais, semelhança
acentuada pelo facto de os dois fenómenos (endoculturação e interiozação) se
desenrolarem simultaneamente ou quase, o certo é que se trata de coisas diferentes.
Assim, durante os primeiros tempos de endoculturação, um bébe nada mais pode fazer do
que deixar se envolver na cultura da sua sociedade, comportar se quase passivamente em
relação à cultura.
. Interiorização- é um processo ativo, embora a criança tenha uma pequena margem de
escolha no que respeita aos elementos que irá interiorizar assim como quanto ao método,
momento e ordem pela qual a interiorização se verificará. É a fase final do processo de
endoculturação, visto pelos antropólogos como sendo progressivo.
Porque será então que as pessoas raramente deixam de aceitar ou interiorizar os valores
da sua cultura, mesmo que muitos elementos sejam pessoalmente desagradáveis ou
inadequados?
3 motivos:
a- A inculturação começa cedo que uma criança tem que ser um recipiente pacifico,
sem capacidade para um acordo/desacordo.
b- Impossível durante as primeiras fases da vida rejeitar uma cultura sem repudiar pais,
parentes e outros membros de quem depende o bem estar de cada um, durante o
período em que aprende a única forma de vida ao alcance da sua experiencia.
c- Não é fácil nem rápido para um individuo apreender um padrao de cultura. Todos
sabem que se nos pedissem para indicarmos o nome de um informador que pudesse
explicar convenientemente a nossa cultura a um estranho, não sugeriríamos nem
uma criança nem um adolescente mas sim um adulto.
A dificuldade de aprender um novo padrao de cultura é grande que desencoraja as
pessoas a porem de parte a forma de vida que aprenderam em crianças.
Cultura e personalidade
Personalidade é por norma empregado para caracterizar a pessoa humana com o seu
comportamento enraizado numa estrutura biológica e no seu meio social.
É a organização estruturada e dinâmica de todo o eu pessoal nos seus modos de ser, de
pensar e de agir.
Em síntese, engloba todas as dimensões do ser humano, desde o subconsciente,
inconsciente, consciente, até ás formas de conduta, aos ideais, e isto em relação vivida e
indissociável com todo o ambiente social e o contexto cultural que contribuem para o
moldar.
Eysenck: É a soma total dos modos de comportamento atuais ou potenciais do
organismo determinados pela hereditariedade e pelo meio. Nasce e desenvolve se
através da interação funcional dos 4 principais setores, sobre os quais os modos de
comportamento se organizam:
- Setor cognitivo (inteligência)/ setor conotativo (carater)/ setor afectivo
(temperamento) e somático (constituição).
Diremos abertamente que personalidade é constituída pela organização dos diversos
comportamentos psíquicos do ser humano: traços de temperamento ou de carater,
tendências, necessidades, aptidões, atitudes, interesses, marcas de experiencias.
O homem ao reunir-se em formas organizadas, teve a necessidade de criar modelos
(padroes) de comportamentos estáveis, não só para tornar mais fácil a relação com os
seus semelhantes mas também para conhecer em cada situação a resposta que os
outros elementos irao formular.
Padrao de comportamento distingue se do comportamento individual- aquele da nos o
comportamento dominante que é o padrao. Assim a personalidade de base ou modal
será a caracterização estatística do comportamento de todos os indivíduos de
determinado grupo. Modal trata se de um comportamento mais representativo.
Margaret Mead através disto efetuou estudos em comunidades, simples mas com um
padrao de vida significativo e tentou aplica-los numa optica comparativa, às sociedades
modernas bastante complexas e com uma grande profusão de padrões.
Socialização: processo de aquisição de conhecimentos, modelos, valores e símbolos, ou
seja as maneiras de ser, pensar e agir (atitudes) próprias do grupo em que o individuo
está inserido. Partindo do individuo, elemento básico da socialização e analisando a sua
autonomia , cria se a infraestrutura que permite pensa lo em fase (estádio) de maior
desenvolvimento.
Existe uma so consciência mas como que subdividida: consciência moral (coletiva) e
consciência intelectual (individual), pode determinar a consciência moral ou pelo menos
influencia la.
Isto preenche um papel importante no desenvolvimento da personalidade do individuo
que, nascendo numa dada sociedade e no seio de uma determinada cultura, terá que se
adaptar ao esquema cultural sendo esta adaptação mais dinâmica que a matriz
hereditária que consigo traga.
A teoria da personalidade numa perspetiva culturalista parece ser a abordagem com
melhores probabilidades uma vez que se desenvolve a partir do conceito de que só em
sociedade o homem adquire a sua verdadeira dimensão.
Podemos relacionar sociedade e cultura- como sistema de respostas comuns aos
membros de uma comunidade, como grupo organizado de individuos, devido a
facilidade de relações entre os indivíduos tem uma ação delimitadora do
comportamento e é um compromisso entre a operacionalidade da vida em grupo e a
perda da individualidade.
A cultura faz parte integrante da estrutura da personalidade a ponto de se transformar
em matéria sua. Uma vez integrados na personalidade, a cultura e o sistema social
tornam se obrigação moral, regra de consciência e maneira de agir, pensar ou de sentir
que parece natural.
O significado da personalidade ainda está por estabelecer porque é difícil conseguir
uma delimitação, na medida em que o individuo e meio ambiente constituem em todo
dinâmico, em que as partes têm uma relação recíproca, com íntima interação. As
características so podem ser deduzidas a partir da conduta em que se encontram
expressão.
Ruth Benedict- estudou varias culturas e chegou à conclusão de que cada uma delas
escolhe de entre a totalidade dos interesses que o ciclo da vida humana, o ambiente ou
varias atividades do homem fornecem apenas algunas a partir dos quais elabora as suas
instituições culturais.
Cada cultura tem uma orientação coerente e para se compreender o comportamento
humano não basta considerar que é um facto local criado pelo homem e enormemente
variável, mas é também susceptivel de integração.
Segundo ela: « a cultura fornece a matéria prima de que o individuo faz a sua vida»
Para compreender o individuo (age de acordo com as regras existentes na sociedade) e
fazer abordagem da personalidade é preciso relacionar as respostas congénitas com os
padroes de cultura da sociedade a que pertence e ter em conta, que a visão das coisas
será condicionada por um conj de costumes, instituições e modos de pensar e que o
seu comportamento será condicionado.
O homem caracteriza se por plasticidade que permite lhe fazer adaptações não
meramente biológicas, é devido a isso que ele se adapta aos modelos que a cultura lhe
mostra.
Porém pode acontecer que o temperamento não seja coincidente com o
comportamento padrao da sociedade e assim a integração fica difícil e o individuo fica
frustado., restando duas alternativas:
- aceitar os modelos que a cultura lhe oferece violentamente as suas características
próprias e reage à frustração de maneira que a sociedade admite, sendo aceite
- ou, a sua reação não é admitida pelas instituições da sua civilização e este individuo
sera anormal.
MALINOWSKI- Considera que para se compreender toda a relação entre cultura e
personalidade se deve proceder a uma analise cientifica de todos os sistemas de
educação e sociabilização, que equivale a analisar instituições que tê a cargo atardeas e
que ele considera serem família, grupos… Acha que o individuo vai sendo absorvido por
uma instituição apos outra, aprendendo o uso da linguagem , simbolismo da sua cultura ,
diferindo a aprendizagem com a instituição.
Considera que a família é a primeira instituição a transmitir a educação, sendo através
disso que o individuo aprende as bases do conhecimento simbólico, da apreciação dos
costumes.
Mais tarde da- se a aprendizagem económica e a que tem por fim impor respeito e
obediência à tradição, enquanto revelar ao individuo as consequências e penalidades
por desvio ou rutura dessa tradição.
Ele afirma que os novos primitivos, a aprendizagem coerciva é sobretudo exercida pelos
grupos de companheiros de brincadeiras pelos campos de iniciação pelos grupos ligados
à aprendizagem económica e atividades militares.
Jung- explicou as relações entre personalidades e cultura.
Estudando mt, verificou que certos símbolos, figuras… são igualmente representados
entre indivíduos pertencentes a etnias, culturas diferentes. Para alem das diferenças
existe um fundo comum que é o inconsciente coletivo- através disto somos capazes de
compreender as manifestações artísticas e religiosas de outras culturas, com auxilio de
figuras e símbolos comuns a tds.
No binómio cultura/personalidade, o que interessa é estabelecer as relações entre os
status e papeis dos indivíduos para podermos chegar à configuração dos
comportamentos que integram atitudes influenciadas pelas expectativas dos outros.
Para esse estudo deve se ter em conta: classe social, idade, sexos…
Resumindo: as normas de personalidade diferem de sociedade para sociedade; os
membros de qualquer sociedade mostrarão sempre consideráveis variações individuais
quanto à personalidade; em todas as sociedades se encontram quase sempre os
mesmos tipos de personalidade do individuo está condicionada pela cultura e os fatores
ambientais têm importância na sua formação. Que possui relação com a forma como se
processa a aprendizagem cultural.
Investigação socio-antropológica tem 3 métodos:
- experimentação (observação provocada controlada e dirigida, cuja finalidade é sujeitar à
prova uma hipótese definida)
Tratando se de fenómenos sociais e no caso da analise antropológica de factos sociais totais,
no sentido de MAUSS, não é com facilidade que se podem fazer variar os fatores de que
estes factos dependem.
- observação não participante (são os que poem menos problemas humanos ao
investigador; vao desde o inquérito à analise de documentos, estudo de casos, testes,
medida de opiniões e atitudes. São dos mais bem elaborados conjuntos de técnicas
empíricas de que o cientista dispõe.)
- observação participante- os problemas poderão apresentar se de outro modo- se na
observação- participação o observador integra se no grupo estudado, participa nas duas
atividades e manifestações. É observador e ator.
MAURICE DUVERGER- distingue dois tipos de observação participação: por um lado, aquela
que é realizada por observadores-participantes, agentes estranhos ao grupo e que nele se
introduzem para o observar; por outro a que é realizada por participantes-observadores,
membros do próprio grupo, observando a coletividade a que pertencem.
HERSKOVITS: «todos os povos formam juízos acerca dos modos de vida diferentes dos
seus».
A comparação dá origem à classificação e os especialistas traçaram mts esquemas para
classificar os modos de vida.
Segundo ele, o mecanismo primário que funciona na avaliação da cultura é o
- etnocentrismo, que implica uma tendência para considerar como maus quaisquer desvios
que se registem em relação ao padrão de cultura de cada um.
Resultado do processo de endoculturação, este sentimento de que a nossa forma de vida é
preferível a todas as outras, encontra se na maioria dos indivíduos quer estes o expressem
quer não.

Resumo: o antropólogo terá de libertar se do seu natural etnocentrismo- todas as culturas


são etnocêntricas- e colocar se numa situação que lhe permita ultrapassar o quotidiano
normal e inconsciente:
A antropologia é a consciência dos factos inconscientes, de repetição, ao contrario da
historia, que é a consciência dos factos conscientes da humanidade- a fim de tomar
consciência do ambiente cultural sobre o qual se debruça.
BERNARDO BERNARDI- «quando o antropólogo se dispõe a estudar uma cultura, é um
homem entre homens. Integra se ao vivo nas manifestações culturais; não se contenta em
ser um observador, ainda que participante das expressões coletivas mas procura o contacto
pessoal. Estabelece relações de confiança e de amizade com os interlocutores, pessoas
singulares, no intuito de compreender ao vivo a origem das manifestações e o seu
significado.
Resumo: não só cultura e personalidade se influenciam, como nem mesmo a personalidade
cientifica do antropólogo está imune à invasão do socio-cultural, a esse jogo disletico entre
o individuo e 6a cultura.
As respostas culturais, por mais estranhas, são sempre relativas e de acordo com um
processo histórico especifico e bem localizado. Não esqueçamos que o outro ou outros nos
avaliam da msm maneira.
Relativismo cultural- pag 60
etnocentrismo, que implica uma tendência para considerar como maus quaisquer desvios
que se registem em relação ao padrão de cultura de cada um.
Resultado do processo de endoculturação, este sentimento de que a nossa forma de vida é
preferível a todas as outras, encontra se na maioria dos indivíduos quer estes o expressem
quer não.
Desta forma o etnocentrismo pode ser considerado como um fator de ajustamento e de
integração com o grupo do qual faz parte, com as formas de conduta aprovadas e
consideradas como boas por esse mesmo grupo. Os problemas surgem a partir do
momento em que o etnocentrismo é racionalizado e passa a contribuir a base de programas
de ação postos em prática em detrimento do bem estar de outros povos.
Etnocentrismo existem em todos os povos! Entre um ex: os primitivos, ressalta dos seus
mitos dos seus provérbios e crenças.
A falta de conhecimento da cultura dos povos chamados primitivos de compreensão e
tolerância para com essas culturas, tem levado os chamados civilizados a atitudes mal
aceitas por aqueles, apesar de serem movidos por boas intenções.
O princípio do relativismo cultural diz que «os juízos de valor baseiam se na experiencia, e
esta é interpretada por cada individuo em termos da sua própria endoculturação».
Não se trata de um princípio arbitrariamente estabelecido, mas sim de algo que assenta
num vasto arsenal de dados factuais, obtidos com o emprego de técnicas apropriadas em
trabalhos de campo, e que têm permitido penetrar nos sistemas de valores de sociedades
com costumes diversos.
Isto é, os valores são relativos no tempo e no espaço!
O relativismo cultural poe o assento tónico na disciplina social que advem do respeito pelas
diferenças- do respeito mutuo.
A posição relativista dá especial enfase à validade de muitas formas de vida, não de uma só.
Tal ênfase procura compreender e harmonizar objetivos, em vez de julga los e destrui los,
quando sejam diferentes dos nossos.

Cultura e linguagem
 O homem é um animal simbólico, o que é geralmente outra maneira de dizer que
é um animal cultural.
 Todas as sociedades humanas têm uma língua e uma cultura que são
interdependentes.
 Não so a língua mas toda a cultura, insígnias, rituais, artes, não seriam mais do
que formas simbólicas em que a experiencia humana nelas contida se tornaria
intermutável.
 O inicio da atividade simbólica seria então determinante do aparecimento do
homem ser social, na medida que apenas poderemos considerar que existe
atividade social no momento que existe troca de signos.
 Como dissemos que o homem é um animal simbólico e não so a língua mas toda a
cultura, não seriam mais do que um conjunto de formas simbólicas, os sistemas
socio-culturais seriam sistemas integrados de comunicação- se quase tudo na
cultura comunica, importa, desde já, ver, por um lado, como ocorrem os
diferentes modos de comunicação e por outro que papeis podem assumir os
diferentes objetos culturais no seio de uma cultura entendida como um campo de
significação.
 PIERRE GUIRAUD- fala de um sinaleiro que esta num cruzamento de ruas- tem
uniforme, que nos comunica a sua identidade; faz movimentos com bastão que
nos comunica um conjunto de ordens necessárias.
 Apos ver o caso do policia (esquema), ve se que tudo na cultura comunica mas
segundo as situações: um objeto cultural pode ser simbolo, sinal,etc..
desempenhando qualquer destas funções em simultâneo, mas sempre com
sentidos diferentes, consoante se alterem as circunstancias que rodeiam o ato de
comunicar.
 SIGNO- qualquer objeto, forma ou fenómeno que representa qualquer coisa
para alem de si próprio. Neste sentido uma bandeira, palavra, sinal, são signos
de uma nação. A nação, ideia, ordem seriam referentes dos seus respetivos
signos.
 SAUSSURE- o signo linguístico é a combinação de um conceito chamado
significado e uma imagem acústica chamada significante, estas duas
componentes solidarias entre si
 INDICE- trata se de um facto que na experiencia comum implica ou anuncia um
outro facto: diz se que as nuvens negras são um índice da chuva e o fumo um
índice do fogo.
 Diz- se de um signo que é icónico- quando existe uma relação de similitude
entre o representante e o representado: o plano de uma casa é um ícone.
 Os símbolos serão uma variedade de signos caracterizados pelo facto de serem
convencionais e empregados intencionalmente. São representações icónicas, tais
como a balança da justiça e são pelo menos motivadas e bem que convencionais.
 Na semiótica de Peirce, os simbolos opõem se aos ícones e aos índices. A
definição dada parece, por consequência, excluir toda a representação por
analogias.
 Os signos linguísticos são símbolos se considerarmos este ultimo sentido mas
opõem se aos outros símbolos pela sua característica vocal, linear e por serem
duplamente articulados.
 Umberto Eco: classifica os signos:

Signos naturais
Sintomas: contiguidade e ligação causal com o referente, o qual não é percebido (sintomas
médicos, fumo para fogo..)
Índices:
- Vestígios: de uma ligação causal pressuposta infere se uma contiguidade não atual com o
referente: vestígios de um objeto sobre uma superfície, pegas na areia, fotos…
- Índices: de uma ligação de contiguidade pressuposta infere se uma dependência causal:
indícios criminais um lenço abandonado, uma madeixa de cabelo…
Signos artificiais:
. produtivos- > homo-substanciais (o significante usa como substancia a mesma matéria dos
possíveis objetos de referencia:
 Intrínsecos (parte do objeto pelo todo)
 Translativos (reprodução de uma cor, um aspeto da matéria…)
 Ostensivos (objeto como signo)
Hétero-substanciais:
 Projetivos ( desenhos prospetivos…)
 Caracterizantes (as estrias para a zebra, ideogramas…)
. substitutivos:
 Símbolos linguísticos
 Índices vectores (dedo apontado, flecha)
 Signos visuais abstratos (sentido proibido, bandeira..)
 Emblemas ou símbolos heráldicos- brasoes, entre outros..
Resumo global
Antropologia: “A diferença entre o homem e o animal é que o primeiro possui uma cultura
que modifica e transmite e o segundo não (pelo menos dentro dos nossos conhecimentos
actuais)” (in Mesquitela Lima, Introdução à Antropologia Cultural, Ed. Presença, 1982, p. 37)
Conjunto de artefactos e mentefactos: a cultura é uma construção dos humanos.
As culturas são susceptíveis de mudança (são dinâmicas e complexas) : são históricas.
A cultura é tudo o que o humano acrescenta à natureza.
A cultura não é geneticamente transmitida.
Processo de endoculturação: integração do indivíduo na cultura enquanto sistema: “por
morrer uma andorinha não acaba a primavera” (poema de Frederico de Brito e Américo
Tavares dos Santos, musicado para um fado de Carlos do Carmo)
Inter-influência mútua entre biológico e cultural.
Aspetos considerados universais (no sentido em que toda a cultura lhes dá resposta):
alimento, vestuário, abrigo, segurança, proibição do incesto, reprodução etc
Reificação do processo cultural (reificação = naturalização; produção do real, ou seja, é um
processo cultural que se torna imperceptível aos seus membros como tal, que o consideram
um fenómeno real, assimilado ao natural. Exemplo: o facto de se nascer menino ou menina
é assumido como equivalente inquestionável a pertencer ao género feminino ou masculino,
não se percebendo que essas identidades são atribuídas pela sociedade com base nessa
distinção biológica. É a diferença entre sexo e género: o sexo é biológico, o género é o que
cada sociedade em cada local e época histórica atribui aos seres que nascem do sexo
masculino ou feminino. Hoje entende-se que existem dois sexos e muitos géneros). Tudo na
cultura comunica! A cultura pode ser tratada como sistema semiótico (Umberto Eco)

Importante:
Pág 38:
Quando os autores referem que o “homem nasce nu”, estão implicitamente a falar de uma
passagem da natureza para a cultura. Ora, ambas as coisas estão, sempre, c o - p r e s e n t e s. Não
há uma anterioridade da natureza e depois uma passagem à cultura.
Os humanos nascem na sua cultura, imbuídos dela desde a sua concepção. Também não deixam a
sua natureza biológica, que, ativada pela cultura, está sempre presente. Estes autores estão ainda
imbuídos de concepções evolucionastes, apesar de pretenderem abandoná-las.
Contudo, muito dos aspetos que referem continuam a ser aceites.
Pág.39
«o homem já é, por si próprio natureza…»
Natureza simbólica da cultura. Organiza o mundo humano, nas suas múltiplas dimensões.
A cultura produz mentefactos e artefactos.
O mundo das coisas e da natureza são igualmente simbólicos, pois a natureza entra no mundo
humano, não é dele separada.
Há uma ecologia cultural.
Definição de cultura
A cultura é um dado universal: não existem humanos sem cultura.
• Na tradição funcionalista, a cultura é uma resposta histórica às necessidades de uma sociedade.
• Diversidade cultural
Processos de endoculturação e socialização:

- endoculturação
- interiorização
- socialização

Conceitos importantes: pag 60


- etnocentrismo
-relativismo cultural

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