Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Personalidade Jurídica
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair deveres na ordem civil.
Aquele que tem personalidade jurídica é chamado de sujeito de direito, que no Brasil são as pessoas físicas e
as pessoas jurídicas. Personalidade é um atributo inerente à pessoa. Os animais não são dotados de
personalidade jurídica, eles se enquadram no conceito de bens móveis que se movem por força própria, ou
seja, são classificados como semoventes.
Personalidade Jurídica Formal: É adquirida desde a concepção e diz respeito a direitos de conteúdo
extrapatrimoniais.
Personalidade Jurídica Material: fica sob condição suspensiva, aguardando o nascimento com vida e diz
respeito a direitos de conteúdos patrimoniais, a exemplo da propriedade. Ex: não tem como registrar uma
propriedade em nome do nascituro.
Nascituro
Quem é o nascituro? É aquele que já foi concebido, mas ainda não nascido e dotado de vida intra-uterina.
A lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Alguns de seus direitos são: pode receber doação
a ser aceita pelo representante legal; pode ser beneficiado por herança; direito à proteção pré-natal.
Capacidade Civil
Capacidade Civil é a medida jurídica da personalidade. Esta capacidade se divide em capacidade de direito
(gozo) e capacidade de fato (exercício ou atividade). A capacidade de direito é a possibilidade do sujeito ser
capaz de direitos e deveres na ordem civil. A capacidade de fato é a possibilidade de PESSOALMENTE
praticar atos da vida civil. Capacidade jurídica geral ou plena é a soma das duas capacidades acima
mencionadas.
Mesmo tendo capacidade jurídica plena, em alguns casos, a pessoa necessitará de legitimação ou
autorização ou capacidade negocial, a exemplo da vênia ou outorga conjugal (uxória ou marital), situações
nas quais para a prática de determinado caso necessitará da aquiescência do cônjuge (art. 1647 e seus incisos).
Cabe ao juiz supri-la quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo ou lhe seja impossível concedê-la.
A venda sem a autorização é um ato anulável no prazo de até dois anos após o término da sociedade conjugal.
Há duas situações nas quais devido ao regime de bens do casamento, não se exigirá a vênia: quando há
separação absoluta, convencional, voluntária ou total; a outra exceção está no art. 1656, que fala sobre o
regime de participação final nos aquestos.
OBS: súmula 332 do STJ- a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total
da garantia.
Incapacidades
Incapacidade é uma mitigação da capacidade de fato. As incapacidades podem ser absolutas ou
relativas. Tomar cuidado com o Estatuto da Pessoa com Deficiência que introduziu mudanças ao tema em
2015. Trouxe uma nova premissa ao direito brasileiro de que deficiência não é sinônimo de incapacidade.
É representado para atos da vida civil. Se ele praticar um ato sozinho, este será considerado nulo. Não
corre prescrição e decadência contra o absolutamente incapaz.
Não há no Brasil uma idade automática para a incapacidade. O CC no art. 1641 determina que para
os maiores de 70 anos de idade o regime do casamento deve ser o de separação obrigatória de bens. Essa
é uma regra protetiva ao idoso e não diz respeito à incapacidade.
Quando finda a incapacidade? Regra geral, a incapacidade findará junto com seu fato gerador.
Uma outra hipótese é a emancipação, que se define como a antecipação da capacidade plena, sendo
um ato irrevogável e irretratável. Pode ser:
Voluntária: quando ambos os pais ou um deles na falta do outro, resolve emancipar o filho com ao
menos 16 anos completos, levando ao tabelionato e emancipando-o por escritura pública. Ainda que o
menor esteja unilateralmente sob a guarda de um dos genitores, a emancipação voluntária exigirá a
autorização do outro genitor, pois a guarda não extingue o poder familiar. Se houver conflito na decisão
dos pais, a decisão caberá ao juiz com base no princípio da proteção integral ao menor. Não é capaz
de exonerar a responsabilidade civil dos pais, que responderão solidariamente com o menor.
Judicial: é aquela conferida pelo tutor ao pupilo ou tutelado, com pelo menos 16 anos completos,
através de processo judicial após o parecer do Ministério Público. Há tutela quando o poder familiar
pretérito foi destituído ou suspenso.
Legal: se dará em alguns casos que são incompatíveis com a incapacidade. Hipóteses: casamento,
exercício de emprego público efetivo, colação de grau em ensino superior, estabelecimento civil ou
comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis
anos completos tenha economia própria. Nestes casos, automaticamente, haverá a emancipação.
Pessoa Jurídica
De direito público:
As organizações religiosas se enquadram nessa categoria porque o Estado é leigo, laico e não confessional.
Os partidos políticos também são privados porque são de livre criação, e o Estado não pode tolher a criação
de novos partidos, ele pode apenas colocar requisitos. As empresas públicas e sociedades de economia
mista também são de direito privado, assim como as EIRELIs (empresa individual de responsabilidade
limitada).
b) Quanto à estrtura:
A corporação tem como elemento central a pessoa, é a soma de esforços humanos. São universitas
personarum, universalidade de pessoas.
A sociedade é a união de pessoas, organizadas, em regra, através de um contrato social e que objetiva
a partilha de lucros ao final do exercício financeiro. A exceção é que a sociedade anônima é organizada
por meio de estatuto. Estas sociedades impõe direitos e deveres entre os sócios e se subdividem em
duas modalidades- simples (civis) e empresárias (comerciais). A sociedade empresária exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
A sociedade simples exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística ainda que
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento
de empresa. A sociedade empresária vai ser registrada no registro público de empresas, junta
comercial. A sociedade simples vai ser registrada no cartório de registro de pessoas jurídicas.
Associação é a união de associados organizados através de um estatuto e com uma finalidade ideal
(finalidade não econômica). A associação dá lucros, mas o que não pode ser feito é a repartição de
lucros entre os associados. O lucro deverá ser reinvestido na finalidade da associação. Os associados
não tem direitos e deveres entre si. Eles terão direitos e deveres perante a pessoa jurídica da associação.
Os associados deverão ter direitos iguais, mas nada impede que o estatuto trabalhe com categorias que
tenham vantagens especiais. Ex: dispensa do pagamento da quota para os diretores da associação. O
associado pode ser excluído? Pode, desde que haja uma justa causa e tem que ser assegurado direito
de defesa e de recurso (art. 57).
Fundações
Direitos da Personalidade
São garantias fundamentais deferidas à pessoa para que ela tenha o exercício pleno de sua personalidade.
As características dos direitos da personalidade estão elencadas no art. 11:
Súmula 403 do STJ: dano moral puro, in re ipsa, decorrente da própria conduta- é aquele dano que se
configura pela simples conduta. Pouco importa se a propaganda é positiva ou negativa.
Art. 21 do CC: a vida privada da pessoa natural é inviolável. Eventualmente, há exceções em um juízo de
ponderação de interesses.
As pessoas jurídicas possuem direitos de personalidade? Se aplicara no que couber a proteção dos
direitos da personalidade. Ex: a PJ possui proteção ao direito à imagem e atributos; tem proteção ao nome,
etc. A Súmula 227 do STJ preceitua que a PJ pode sofrer dano moral.
Essas características não são absolutas, pois cabem as exceções previstas em lei.
Enunciado 4° do CJF: o exercício dos direitos de personalidade pode sofrer limitação voluntária desde que
não seja permanente e nem geral, ou seja a limitação deve ser transitória e específica.
Negócio Jurídico
Agente capaz;
Consentimento válido.
É aquele que é livre e desembaraçado. O consentimento válido pode ser externado de qualquer
maneira. Seria possível consentir através do silêncio? A regra geral é de que o silêncio é desprovido
de efeito jurídico. Mas há uma importante exceção, no art. 111, que traz dois requisitos cumulativos:
quando as circunstancias ou os usos (costumes) o autorizarem e quando não for necessária declaração
de vontade expressa. Ex: art. 539, contrato de doação. Se a doação for pura (que não exige nenhuma
contraprestação) de objeto de pequeno valor e na qual haja desde já a tradição, esta doação terá forma
livre; se for consignado prazo para que o donatário aceite e este permaneça em silêncio, presume-se
que aceitou a doação.
A regra geral é que o negócio existente e válido produzirá seus efeitos automaticamente.
Excepcionalmente poderá se deparar com um elemento acidental, acessório ou secundário do negócio. Ele
pode estar presente ou não. Se este elemento for verificado, ele funcionará como um fator de autolimitação
aos efeitos do negócio. Funcionará como um fator de autolimitação aos efeitos do negócio, de restrição da
eficácia do negócio jurídico. Poderá ser de 3 ordens:
Condição- é o evento futuro e incerto que deriva exclusivamente da vontade das partes envolvidas no
negócio. Art.121. Esse evento vai subordinar os efeitos do negócio. Admite classificações.
A primeira é a que se subdivide em condição suspensiva e condição resolutiva. A suspensiva é aquela
que enquanto não implementada deixará em suspenso os efeitos do negócio. Por conta disso, com base
no art. 125, enquanto não for implementada a condição suspensiva não há nem aquisição e nem
exercício do direito. Na resolutiva, arts. 127 e 128, o negócio já produz efeitos automaticamente, de
logo, e quando implementada a condição ele se extingue, ele se resolve. A condição resolutiva, uma
vez implementada, produzirá efeitos ex nunc, dali pra frente.
A segunda classificação divide as condições em lícitas e ilícitas, art. 122. São lícitas, em geral, todas
as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes. As condições ilícitas estão
nos arts. 123, 124.
O titular do direito sob condição poderá praticar atos de conservação.
Termo- É um evento futuro e certo. Pode ser inicial e quando o for, será chamado de termo a quo. O
termo inicial é aquele que marcará o início do exercício de um direito. O art. 131 nos recorda que o
termo inicial vai suspender o exercício mas não a aquisição do direito. O termo poderá ser também
final, que é chamado de ad quem. O termo final marcará o termino do exercício de um direito. Pode
haver também um termo inicial e um final, e o espaço entre eles é o prazo. A contagem deste prazo
está no 132 (exclui o primeiro dia, inclui o último dia).
Modo ou encargo- é um ônus que haverá de ser cumprido pela parte para que tenha um bônus que
entenda ser superior ao ônus. A doação modal, é um contrato oneroso, porque nela há uma
contraprestação. Se é um contrato oneroso, seguirá seus moldes. Obs: na regra geral, o encargo não
vai suspender nem a aquisição e nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no
negócio jurídico, pelo dispoente, como condição suspensiva, art. 136; o modo ou encargo ilícito ou
impossível considera-se não escrito, salvo se constituir motivo determinante da liberalidade, caso em
que se invalida o negócio jurídico, art. 137.
a) De Consentimento/Vontade
Erro: é uma equivocada, uma falsa percepção da realidade. O erro é cometido pelo sujeito sozinho.
Ex: a pessoa, que está com muita dor de estômago, chega em uma farmácia, vai até uma prateleira e
pega um lacto purga, acreditando que era um remédio bom para dor de estômago; a pessoa que compra
um quadro de Michelangelo acreditando que era uma obra de Leonardo da Vinci. Para que o erro gere
a anulação do negócio, ele tem que ser um erro essencial/principal/determinante. Art. 138. O erro é a
causa determinante do negócio.
Mas o erro também pode ser incidental/acessório/secundário. É aquele que diz respeito apenas à
identificação da pessoa ou da coisa, mas que pelas circunstâncias é possível identificar a pessoa ou
coisa cogitada. Art. 142. Ex: fz um contrato com Marcus e coloquei no contrato que ele era casado,
mas tempos depois soube que ele era solteiro. No entanto, esse erro não impede a fácil identificação
do sujeito e não possui consequências para a eficácia do contrato. É por isso que se estuda o erro
principal e não o erro acessório.
Modalidades:
-error in negotio (sobre o negócio): o erro é sobre a modalidade do negócio jurídico pactuado. Ex:
pessoa imagina que está fazendo uma locação mas na verdade está fazendo um empréstimo. A locação
é onerosa e o empréstimo é gratuito.
-error in corpore (sobre o objeto): pode dizer respeito sobre a sua qualidade ou quantidade.
-error in persona (sobre a pessoa): diz respeito à sua identidade ou qualidades especiais da pessoa.
-error in iures (sobre o direito): não é recusa e nem desconhecimento do texto normativo, e sim
equívoco quanto ao seu alcance. Ex: um sujeito adquire um terreno objetivando lotear ou ainda
edificar. O adquirente tem conhecimento de que em determinadas áreas não é possível lotear, mas ele
não sabia que a área que ele adquiriu não era passível de loteamento.
Falso motivo: ele só vicia a declaração de vontade quando expresso como sua razão determinante. Ai
sim invalida-se o negócio jurídico. Ex: o sujeito comprou determinada farmácia e pagou muito caro
por ela, porque acreditava que ela tinha uma clientela muito grande. No entanto, ele não consegue
vender muitos medicamentos no decorrer do tempo. Se tal fato estava expresso no contrato como causa
determinante, poderá haver a sua anulação, art. 140.
Erro de transmissão de vontade: a transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável
nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Ex: nos casos de declarações por escritura pública
com poderes especiais e validade por 90 dias. A transmissão de vontade equivocada pelo interposto
equivale a erro e pode ser anulada.
Erro de cálculo: O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. É um erro
material, art. 143.
Dolo: é um induzimento malicioso para que alguém pratique um ato contra a sua própria vontade.
Portanto, ele perpassa por alguém utilizar ardil contra a outra pessoa. O dolo só gerará a anulação do
negócio se for um dolo principal, substancial, causa determinante do negócio jurídico. Se o dolo for
acessório, secundário ou acidental, ele gerará perdas e danos, art.146.
Modalidades:
-Dolo negativo ou dolo por omissão: é o silêncio intencional de uma das partes para induzir a outra a
uma determinada contratação. Ex: a pessoa vai fazer um seguro de vida e não fala que possui problemas
no coração.
-Dolo decorrente da conduta de terceiro: a conduta dolosa decorre de ato de terceiro. Ex: estou
tentando vender meu carro para Cristiano, e estou dizendo a eles várias mentiras, induzindo ele
maliciosamente, mas ele está relutante. Peço a Sabrina, uma terceira, que faça esse induzimento e
Cristiano acaba comprando o carro. Art. 148. Como eu sabia da conduta de Sabrina, o ato será anulável.
Mas se eu não soubesse, Cristiano poderia pleitear perdas e danos em face de Sabrina.
-Dolo do representante: a representação pode ser legal ou convencional (voluntária). O representante
legal não é escolhido, a lei lhe impõe. No dolo praticado pelo representante legal, o representado
apenas responderá na medida do seu proveito econômico. No dolo praticado pelo representante
convencional, o representado responderá solidariamente.
-Dolo recíproco ou bilateral: ocorre quando ambos agem com dolo. Não há consequências para o
direito.
Coação: é a ameaça psicológica para que alguém pratique um ato contra a sua própria vontade. Pode
configurar defeito do negócio se conter alguns requisitos.
- a coação deve ser a causa do ato;
- a coação deve ser grave- imputar um verdadeiro temor de dano sério;
- a coação deve ser injusta/ilícita/contrária ao direito- não se considera coação o exercício normal de
um direito, nem o simples temor reverencial.
- a coação deve ser iminente ou atual- é porque a ameaça remota não ameaça ninguém.
- a coação pode ser dirigida contra a vítima ou seus bens, parentes da vítima ou seus bens ou contra
terceiros e os seus bens. Se for contra terceiros, o juiz deverá analisar as circunstâncias concretas do
caso. O magistrado, em qualquer caso, deverá analisar também as características subjetivas da vítima,
sexo, idade, condição de saúde, formação intelectual.
- a coação também poderá decorrer da conduta de terceiro. Se a parte a quem aproveita soubesse ou
devesse saber da coação do terceiro, o ato será anulado e além disso a parte prejudicada poderá pedir
perdas e danos em face tanto do terceiro quanto da parte a quem aproveita. Caso a parte a quem
aproveita não sabe, ainda que o negócio se mantenha, a parte prejudicada poderá pedir perdas e danos
em face do terceiro apenas.
Lesão: a configuração da lesão exige dois requisitos. O primeiro requisito é objetivo: manifesta
desproporção entre as parcelas pactuadas no momento da celebração do negócio jurídico. O segundo
requisito é subjetivo: a manifesta desproporção decorre de inexperiência ou premente necessidade. O
que a lesão quer combater é um negócio que no seu nascedouro, já é desproporcional. É possível haver
a revisão (157) ou anulação do ato(171/178).
b) Vícios sociais
Simulação: é uma declaração enganosa de vontade. Pode ser absoluta, chamada simplesmente de
simulação e pode ser relativa, chamada de dissimulação. Na absoluta, pratica-se um ato que não terá
nenhum efeito prático, com o objetivo de burlar a lei, lesionar a terceiro. Ex: João é casado com Poliana
e prevendo que o divórcio se aproxima, João pega os seus bens e começa a transferir a terceiro, mas
os bens continuam sob o seu uso e domínio. Seu único desejo é prejudicar Poliana. Este é um ato
simulado, e sua consequência será a nulidade absoluta.
Na simulação relativa, pratica-se um ato simulado de fachada, cujo objetivo é esconder o ato
dissimulado. O ato simulado de fachada é nulo, já o dissimulado deverá ser analisado. Ex: Pedro é
casado com Manuela, e esta tem um amante, o Augusto. Manuela pode até doar bens ao amante, mas
esta doação é anulável, art. 550. Manuela e Augusto realizam a simulação de uma compra e venda, e
deixam dissimulada a doação. Um finge que paga e o outro finge que vende. Essa compra e venda é
nula, já a doação, nesse caso, será anulável. Art. 167.
Reserva Mental: art. 110, quando uma das partes deixa escondida a sua intenção de não cumprir
compactuado. Não tem consequências para o direito. No entanto, se a reserva mental for externada,
aquele que tiver conhecimento da reserva, não poderá exigir o cumprimento do contrato. Ex: meu cão
fugiu e saio pela vizinhança afixando cartazes prometendo uma recompensa; quando chego em casa,
falo com meu vizinho que não vou dar nenhuma recompensa, logo, se ele achar o cachorro, não terei
que dar a ele nada, pois ele já sabia da minha intenção; já se um terceiro aparecer, terei que pagar a
recompensa.
Prescrição e Decadência
O passar do tempo é um fato jurídico natural ordinário. É um fato que tem repercussão para o direito,
decorre da natureza e é ordinário. O passar do tempo pode gerar a aquisição de direitos (usucapião), a
modificação de direitos (incapacidades), perdas (prescrição e decadência).
Prescrição: art. 206, é a perda da pretensão em virtude do passar do tempo relacionada a um direito
subjetivo patrimonial e disponível, que é manejado através de uma ação condenatória. A pretensão é a
possibilidade de coercitivamente exigir de outrem o cumprimento de um determinado dever jurídico.
A pretensão nasce no momento em que há a violação de um direito subjetivo patrimonial e disponível.
Será ajuizada uma ação condenatória para exigir o cumprimento de determinado dever jurídico e
deverá ser observado determinado prazo, sob pena da prescrição. O que se perde não é o direito de
ação, e sim a pretensão. A pessoa pode até exercer a ação, mas se tiver passado o prazo, será declarada
a prescrição. Há pretensões que são imprescritíveis, pois relacionadas a direitos subjetivos
extrapatrimoniais indisponíveis, manejados através de uma ação declaratória. Ex: a pretensão para o
reconhecimento de paternidade é imprescritível.
Obs: as pretensões podem ser somadas, como o reconhecimento de filiação e de petição de herança;
mas o reconhecimento de filiação é imprescritível e a petição de herança não é.
Prazos:
Art. 205- prazo geral de 10 anos.
Art. 206- prazo especial, gravitando de 1 a 5 anos.
-Causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição (arts. 197 a 201). A causa impeditiva é
anterior ao nascimento da pretensão, impedindo a fluência do prazo. A causa suspensiva é aquela que
atinge um prazo em curso, suspendendo-o. Ex: um homem bateu em meu carro e ao descer me
apaixonei; um ano depois nos casamos e o casamento durou 10 anos; durante esses 10 anos o prazo
fica suspenso, e retorna de onde parou; desse modo, dois anos depois ocorrerá a prescrição da reparação
do dano (3 anos).
A causa interruptiva, atinge o prazo em curso o interrompendo. Quando o prazo é interrompido ele
tem que começar a ser contado do zero, na integralidade. A causa interruptiva somente poderá ocorrer
uma vez. Art. 202.
Observações finais: a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita; a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Decadência ou caducidade
Casamento
O casamento estabelece a comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges (art. 1511). O casamento é pautado na isonomia. A capacidade núbil inicia-se a partir dos 16 anos
de idade, mas entre os 16 e 18 anos o sujeito precisa de autorização dos pais ou responsáveis para se casar.
Ainda que o menor esteja sob a guarda unilateral de um dos genitores, o outro haverá de autorizar para que o
casamento aconteça, pois a guarda não põe fim ao poder familiar. O pai ou mãe que contrai novas núpcias, ou
estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do casamento anterior, os direitos ao poder familiar,
exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro. Se houver divergência entre os
pais, o magistrado é instado a solucionar a questão, aplicando-se o disposto no art. 1631, sob o princípio da
proteção integral do menor. Se a negativa dos pais for injusta, o juiz poderá suprir com a autorização, art.1519.
Quem se casar por suprimento do juiz, se casará em regime de separação obrigatória de bens. A autorização
para se casar poderá ser revogada pelos pais ou tutores até o momento da celebração do casamento.
O deficiente pode se casar, manifestando sua vontade através de conduta própria ou através de seu
curador. Excepcionalmente, o menor de 16 anos poderá se casar (art.1520): no caso de gravidez ou para evitar
a imposição ou cumprimento de pena criminal.
Além da capacidade núbil, deve-se verificar se não há nenhum impedimento. Os impedimentos trazem
hipóteses nas quais é vedado o casamento. As hipóteses estão elencadas no art. 1521:
Causas de impedimento
Pelo art.1522, estes impedimentos poderão ser arguidos por qualquer pessoa até a hora da celebração do
casamento, e até mesmo o juiz ou o oficial do registro poderão declará-lo de ofício. São questões de ordem
pública.
Se a pessoa casou-se, mesmo com o impedimento, se este for descoberto posteriormente, a consequência
será a nulidade absoluta do casamento (art. 1548). O desrespeito aos impedimentos é a única hipótese de
nulidade absoluta do casamento no direito brasileiro.
As causas suspensivas estão elencadas no art. 1523 e são hipóteses nas quais as pessoas não devem se
casar, porque o código civil quer evitar que haja uma mistura de haja uma mistura de patrimônios, entre o
patrimônio do relacionamento anterior e o patrimônio do novo casamento.
Causas de suspensão
O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal
e der partilha aos herdeiros;
A viúva, ou a mulher cujo casamento de desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois
do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; pelo
1581 o divórcio pode ser deferido, independentemente da partilha de bens do casal.
O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.
As causas de suspensão são de ordem privada, por isso, as só podem ser arguidas pelos parentes em linha
reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também
consanguíneos ou afins.
Se a pessoa quiser se casar havendo uma causa suspensiva é possível, mas a consequência será a
obrigatoriedade do regime da separação obrigatória de bens. Mas o parágrafo único do 1523 nos afirma que
se os nubentes conseguirem comprovar que não há prejuízo o juiz poderá liberar a incidência da causa
suspensiva.
De quem não completou a idade mínima para casar (não se anulará, por motivo de idade, o casamento
de que resultou gravidez, art.1551);
Do menor em idade núbil, quando não autorizado pelo seu representante legal;
Por vício da vontade (os principais são a coação moral e o erro essencial quanto à pessoa- fato anterior
ao casamento cuja descoberta se dá depois do casamento e torna impossível a continuidade da vida em
comum);
Do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
Realizado pelo mandatário, sem que ele ou outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não
sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
Por incompetência da autoridade celebrante.
Os prazos para arguir a anulabilidade variam de 180 dias a 4 anos, de acordo com o art. 1560.
É o casamento inválido, mas cujos efeitos serão aproveitados por aquele que estiver de boa-fé, art. 1561.
Ele produzirá todos os efeitos até a sentença anulatória. Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar
o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei, exercer
publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Regime de Bens
Liberdade de escolha: regra geral, os nubentes são livres para a escolha do regime de bens. No 1641
estão elencados os que não tem liberdade de escolha (o maior de 70 anos; aquele que desrespeitar causa
suspensiva; aquele que se casar por suprimento judicial- elas se casarão no regime da separação
obrigatória de bens). Para exercitar essa liberdade é necessário fazer o pacto antenupcial, que nada
mais é do que um contrato, feito antes do casamento e que há de ser realizado através de escritura
pública, sob pena de nulidade absoluta. Este pacto apenas produzirá os seus efeitos quando houver o
casamento, ele ficará sob condição suspensiva. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor,
fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de
separação de bens. Se determinada cláusula desrespeitar hipótese legal, somente ela será declarada
nula. Se as partes se casarem e não realizarem a cláusula antenupcial, o regime de bens será o da
comunhão parcial, pelo regime supletivo do art. 1640.
Comunhão universal: art.1667, comunicam-se os bens pretéritos e presentes. Mas há bens que não se
comunicam, conforme o art. 1668: os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade
e os sub-rogados em seu lugar; os bens gravados de fideicomisso (instituo de substituição testamentária
utilizado na sucessão testamentária e cujo objetivo é deixar patrimônio para a prole eventual ou
concepturo; a prole eventual é o filho de alguém que apenas será gerado após o falecimento do de
cujus, arts. 1799 e 1800, o prazo para que a pessoa venha a conceber a criança é de 2 anos contados
do falecimento) e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva (o
patrimônio está com a pessoa apenas na confiança e se a condição não se realizar os bens voltam ao
monte); as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos
(preparatórios para o casamento), ou reverterem em proveito comum; as doações antenupciais feitas
por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; os bens do V ao VII do 1659.
Comunhão parcial: art. 1640, é o regime supletivo, o que incide no silêncio das partes. É pautado em
uma regra geral do 1658 e 1651, que é a separação para o passado e comunhão para o futuro. O que
era de cada cônjuge no passado continua sendo particular e o que conquistarem na constância do
matrimônio, são do casal. O art.1659 traz um rol de bens que não se comunicam (não entram) na
comunhão parcial: os bens que cada cônjuge possuir ao casar e os que lhe sobrevierem na constância
do casamento, por doação ou por sucessão, e os sub-rogados (substituídos) em seu lugar; os bens
adquiridos com valores exclusivamente de um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; as
obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em
proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e os instrumentos de profissão; os proventos do
trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meio-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Mas o 1560 traz um rol dos bens que se comunicam, ou seja que entram na divisão do casal: os bens
adquiridos na constância do casamento, por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges;
os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem concurso de trabalho ou despesa anterior (ex: se um
dos cônjuges ganhou na loteria, metade é do outro); os bens adquiridos por doação, herança ou legado,
em favor de ambos os cônjuges; as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; os frutos de
bens comuns ou particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes
ao tempo de cessar a comunhão (ex: os alugueis e as reformas comunicam). Presunção relativa (juris
tantum) do art. 1662: em relação aos bens móveis presumem-se adquiridos na constância do
casamento.
Separação legal/obrigatória/cogente/necessária: não é escolhida, a lei a impõe. O art. 1641 dispõe das
hipóteses: quando se casa com inobservâncias das causas suspensivas; quando a pessoa que se casa é
maior de 70 anos; quando se casa por suprimento judicial. Não há pacto antenupcial e pelo ponto de
vista legislativo, não haverá comunicação patrimonial. Todavia, há a súmula 377 do STF, que preceitua
que no regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
Participação final nos aquestos: neste novo regime, cada cônjuge possui patrimônio próprio (como no
regime de separação), cabendo, todavia, à época da dissolução, da sociedade conjugal, direito à metade
dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. 1672 e 1673.
Divórcio
Coloca fim ao vínculo matrimonial, art. 1580 do CC e 226, parágrafo 6° da CF. Na separação há o fim
da sociedade conjugal, mas não há fim do vínculo matrimonial. A separação apenas paralisa os deveres de
fidelidade recíproca, dever de coabitação e as questões relacionadas ao regime de bens.
Em 2010, após uma alteração legislativa pela emenda 66, não há mais o instituto da separação.
O divórcio permanece sem nenhum prazo, não precisa mais ter um ano da separação judicial, ou dois
anos da separação de fato, ou seja, não há mais nenhum prazo para se pedir o divórcio.
O art. 1580 o divide em duas modalidades, quais sejam:
Divórcio direto: o casal já pede o divórcio diretamente, sem que haja a necessidade de separação de
fato. O divórcio pode ser realizado até mesmo sem prévia partilha patrimonial.
Divórcio indireto (por conversão): é aquele no qual o casal primeiro se separa, para depois converter
a separação em divórcio. Antigamente, exigia-se para que se fosse feita essa conversão, que houvesse
um ano da separação judicial ou um ano da cautelar da separação de corpos. Atualmente, não há mais
esses prazos. Mas se não há mais a separação no ordenamento brasileiro, qual a necessidade de
continuar existindo o divórcio indireto? Porque a separação estava valendo até 2010 e essas pessoas
que se separaram devem ter a oportunidade de convertê-la em divórcio.
Para a maioria da doutrina, não cabe discutir a culpa na ação de divórcio. Mas o código civil ainda trata
do tema em alguns artigos.
-A culpa teria algum impacto em relação aos alimentos? Sim, pelo 1704 e 1694 do CC, o culpado, regra geral,
não terá direito aos alimentos. Exceção: se o cônjuge não tiver aptidão para o trabalho e nem parentes em
condições de prestar tais alimentos, o cônjuge terá que pagar um valor mínimo para a subsistência do cônjuge
culpado.
-Interferência no uso do nome: o cônjuge não pode impor ao outro que retire o seu sobrenome, a não ser que:
o cônjuge tenha sido declarado culpado, o cônjuge inocente tenha expressamente requerido a retirada, e a
alteração não acarretar evidente prejuízo para sua identificação; manifesta distinção entre o seu nome de
família e o dos filhos havidos na união dissolvida; dano grave reconhecido na decisão judicial.
-Culpa não interfere na guarda dos filhos.
-Culpa não interfere na meação do patrimônio.
Divórcio extrajudicial
Segundo o 733 do NCPC, é possível desde que não haja nascituro ou filho incapaz, havendo de ser
observados os requisitos legais e a escritura pública haverá de versar sobre alimentos, meação e sobrenome.
Para realizar o divórcio extrajudicial, em tabelionato, além de todos os envolvidos serem capazes, a presença
do advogado é obrigatória.
União Estável
Está conceituada no art. 1723 do CC e no art. 226, parágrafo 3° da CF. É a convivência pública,
contínua e duradoura, entre pessoas desimpedidas de se casar e com ânimo de constituir família. Não precisa
de um prazo mínimo desde 1996. Não há necessidade de que o casal more junto para configurar a união
estável, conforme a sumula 382 do STF. Não é necessário ter filhos para caracterizar. O casado pode ter união
estável? Sim, em uma única situação, se ele estiver separado de fato ou judicialmente. Pessoas do mesmo sexo
também podem ter união estável, conforme a ADPF 132/RJ. Para o STF a união homoafetiva é uma unidade
familiar, e a ela, por analogia, aplicam-se as regras da união estável.
Como diferenciar a união estável do namoro? A diferença está no animus de constituir família.
Uma vez constituída a união estável, os companheiros terão deveres pessoais de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos (art. 1724 da CF). Nos deveres do casamento, no 1566,
há o dever de fidelidade recíproca. A doutrina majoritária entende que para a pessoa ser leal, ela tem de ser
fiel, logo exige-se também a fidelidade recíproca.
O regime de bens será o da comunhão parcial, salvo contrato por escrito entre os companheiros
(contrato de convivência).
Concubinato
Está disciplinado no art. 1727, e caracteriza-se por relações habituais entre pessoas que são impedidas
de casar. Segundo o STF, quais são os efeitos do concubinato? Tal questão é trazida na súmula 380 do STF:
comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a
partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. A divisão está na esfera do direito das obrigações, a
vedação ao enriquecimento sem causa. O STJ e o STF não enxergam o concubinato como uma relação
familiar, sendo assim, não há que se falar em pensão previdenciária, alimentos, regime de bens.
Concubinato não é infidelidade. Para caracterizar o concubinato deve haver relações habituais.
Alimentos
É tudo aquilo que for necessário para a manutenção de uma vida digna. São classificados em:
a) Quanto à natureza:
Naturais (necessarium persone): são a regra geral, que objetivam alimentos não apenas para a
manutenção da vida, mas também para a manutenção de uma condição social.
O que são os alimentos transitórios ou a termo ou resolúveis? São aqueles que são determinados apenas
durante um certo período de tempo. Não há tratamento legal específico.
São personalíssimos (intuito personae): são deferidos com base no binômio possibilidade (capacidade
de quem paga) x necessidade (de quem recebe). Apesar de ser personalíssimo essa obrigação se
transmite nas forças da herança, pelo art.1700;
São irrenunciáveis, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. O STJ
vem dizendo que os alimentos são irrenunciáveis nas relações de parentesco, entre cônjuges ou
companheiros admite-se a sua dispensa, desde que não seja feita de forma antecipada, como a renúncia
ser feita no pacto antenupcial;
Os alimentos são irrepetíveis, quem os presta não pode cobrá-los posteriormente;
Os alimentos são imprescritíveis, a ausência do exercício não gerará a sua perda. O que é imprescritível
é o pedido de alimentos, mas caso o pai tenha sido condenado a pagar alimentos e decorrido anos não
tenha pago nada, a pessoa só poderá executar os últimos dois anos;
Os alimentos são irretroativos e o marco é a citação, deverão ser pagos dali para frente;
Os alimentos são impenhoráveis e incompensáveis.
c) Sujeitos da obrigação
Em face de quem é direcionada a pretensão alimentar? Com base no art. 1694 do CC os alimentos podem
ser pleiteados em face do cônjuge/companheiro ou em face de parentes.
Alimentos entre cônjuges: novo casamento, união estável ou concubinato do credor exonera o alimentante.
Caso o credor tenha procedimento de indigno em relação ao devedor, a obrigação também estará extinta. Art.
1708. O procedimento de indigno são atos atentatórios à boa-fé, à ética.
Alimentos decorrentes do parentesco: o que será o fato gerador dos alimentos é a relação de parentesco (1696
a 1698). O rol preferencial é: ascendente (os mais próximos irão preferir aos mais remotos), descendente (os
mais próximos preferem aos mais remotos) e o colateral até o segundo grau (irmão). Obrigação complementar:
1698, se o parente que estiver em primeiro lugar não tiver condições de suportar a obrigação, as demais pessoas
poderão ser chamadas a integrar a lide, na medida de seus rendimentos.
No pedido de alimentos de um filho em relação ao pai, deverá ser observado se o filho é menor ou se é maior.
Se o filho for menor, os alimentos são devidos em razão do poder familiar e a necessidade é presumida. Se o
filho é maior, os alimentos serão devidos em razão do parentesco e aqui a necessidade é provada. A pensão
alimentícia não está atrelada à idade, e sim à necessidade. Sumula 358 do STJ: o cancelamento de pensão
alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que
nos próprios autos.
Cabem alimentos gravídicos? Sim, a legitimidade ativa é da mulher gestante, são pagos da concepção ao parto.
A ação será ajuizada em face do suposto pai. O juiz condenará com base em indícios de paternidade. Os
alimentos gravídicos englobam toda a despesa advinda da assistência médica, psicológica, alimentação
especial do período gestacional, além de outras que o juiz considere pertinente. Com o nascimento da criança
os alimentos que eram gravídicos serão automaticamente revertidos em alimentos regulares, cabendo ao
suposto pai o pedido de revisão. Procedimentalmente, o prazo de resposta é de cinco dias.
SUCESSÕES
O direito sucessório é o conjunto de normas que regulará a transmissão do patrimônio de alguém para
após a sua morte.
Meação x sucessão: a meação decorre do regime de bens e liga-se ao desfazimento afetivo. Já a
sucessão liga-se ao direito hereditário e relaciona-se com a morte.
Quem é que sucede: o sucessor pode ser um herdeiro ou um legatário. O herdeiro pode ser um herdeiro
legítimo ou testamentário. O legítimo pode ser necessário ou facultativo. O herdeiro é aquele que
recebe a título universal, ele recebe um percentual da herança. O herdeiro testamentário recebe por
força da vontade de um testamento. O herdeiro legítimo recebe por força da lei. O herdeiro legítimo
pode ser necessário (ascendente, descendente e cônjuge), é aquele que necessariamente vai herdar. O
herdeiro facultativo, apenas herdará se não houver herdeiro legítimo necessário e não houver
testamento. São os colaterais até quarto grau. Segundo grau é o irmão, terceiro é o sobrinho e tio e
quarto grau é o primo. Já o legatário é aquele que recebe a título singular, tem um bem certo e
determinado.
Sistema sucessório nacional: adota-se no Brasil a divisão necessária, baseada no princípio da
proximidade. Pelo art. 1789, havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da
herança.
De todo o patrimônio que a pessoa possui, 50% é a legítima (indisponível) e os outros 50% são
disponíveis. A legítima vai para os herdeiros legítimos, necessários ou facultativos e a parte disponível
pode ser deixada para quem a pessoa quiser. Na legitima o legislador contempla os mais próximos em
relação aos mais remotos. Exceção: direito de representação- quando a lei chama certos parentes do
falecido a suceder em todos os direitos em que ele sucederia se vivo fosse. O direito de representação
não se aplica na ascendência, aplica-se apenas na descendência e na colateralidade.
Se a pessoa morre sem deixar testamento, toda a herança vai para os herdeiros legítimos.
Pre-morto é aquele que faleceu antes da sucessão tratada na questão.
Se a pessoa não tem nenhum herdeiro legítimo necessário, ela pode dispor de todo o seu patrimônio.
Momento da abertura da sucessão: (droit de saisine) 1784 e 1787. A sucessão se abre com a morte.
Com a morte automaticamente já haverá transmissão proprietária e ali resta fixada a legislação que
será aplicada a esse inventário e partilha. Súmula 112 do STF: a alíquota do tributo de transmissão
será a da época do óbito.
Capacidade para suceder: se divide em ativa e passiva. A ativa é a chamada capacidade para testar e
está nos arts. 1860 e 1861. Com quantos anos a pessoa pode fazer um testamento? Pode ser elaborado
a partir dos 16 anos de idade (o testamento será feito sozinho, pois testar é um ato personalíssimo). A
capacidade ativa é analisada no momento da prática do ato, no momento em que é feito o testamento
e não na morte, pouco importa incapacidade posterior. Já a capacidade passiva é o que se chama de
legitimação para suceder. O código civil trabalha primeiro com a sucessão legítima que inclui as
pessoas nascidas e aquelas concebidas no momento da abertura da sucessão- o nascituro, e depois
amplia o rol para a sucessão testamentária que inclui ainda a prole eventual, as pessoas jurídicas e as
pessoas jurídicas futuras (a pessoa poderá fazer uma fundação através do testamento).
Os ilegitimados a suceder estão no 1801: a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu
cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos (pois pode de alguma maneira interferir na
vontade do testador); as testemunhas; o concubino (amante) do testador casado, salvo se este, sem
culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge a mais de cinco anos; o tabelião, civil ou militar, ou o
comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Se
qualquer dessas pessoas estiver presente no testamento, apenas será invalidada a cláusula que as fizer
herdeiras. Também não podem herdar as pessoas interpostas, que são os ascendentes, os descendentes,
os irmãos e o cônjuge ou companheiro dos não legitimados a receber.
Indignidade e Deserdação: São sanções civis através das quais será afastado o direito sucessório.
Indignidade- art. 1814 e seguintes. É um instituto mais amplo pois se aplica tanto à sucessão legítima
quanto à testamentária. Para que alguém seja declarado indigno será necessário que haja um processo,
uma ação de indignidade, que haverá de ser manejada no prazo decadencial de 4 anos, contados da
abertura da sucessão (do falecimento). Os demais herdeiros haverão de ajuizar essa ação. Os efeitos
da indignidade são pessoais, ou seja, caberá representação. O indigno pode ser perdoado
expressamente, feito em testamento ou em outro ato autêntico, ou tacitamente, quando o indigno for
contemplado em testamento do ofendido quando o testador ao testar já conhecia da indignidade.
Deserdação- só se aplica na sucessão testamentária e objetiva excluir herdeiro legítimo necessário
(arts. 1814, 1962 e 1963). No momento do falecimento, os herdeiros ou o testamenteiro terão o prazo
de 4 anos contados da abertura do testamento para ajuizar a ação de deserdação.
Renúncia à herança: a renúncia deve ser expressa e deve ser feita por instrumento público ou termo
judicial (art. 1806). Pelo fato de a herança ser um bem imóvel, será necessário ainda a vênia conjugal.
A renúncia não pode configurar uma fraude contra credores; estes poderão aceita-la em nome do
renunciante (art. 1813). Não há representação na renúncia; se, porém, ele for o único legítimo de sua
classe, ou se todos os outros da mesma houverem renunciado, receberão.
Sucessão Legítima
É a sucessão por lei que, em princípio, ocorre quando não fora feito testamento. Segue uma ordem de
vocação hereditária, os herdeiros legítimos necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge) e os herdeiros
legítimos facultativos (colaterais até quarto grau). O facultativo só herdará se não houver nenhum herdeiro
legítimo necessário e se não houver nenhuma disposição em contrário.
Sucessão dos descendentes: é guiada por duas regras- a igualdade e a proximidade. A igualdade se dá
por cabeça e a proximidade é relativa, porque pode haver o direito de representação.
Sucessão dos ascendentes: segue as mesmas regras da sucessão dos descendentes. A igualdade se dá
nas linhas e a proximidade é absoluta.
Sucessão do cônjuge/companheiro: pode ter direito de meação (relaciona-se ao regime de bens e ao
desfazimento afetivo), direito real de habitação (é um direito real sobre coisa alheia, cujo objetivo é
garantir a moradia do cônjuge supérstite; é um direito vitalício e incondicionado).
Pressupostos para sucessão do cônjuge: deveria estar casado no momento do falecimento. Não podia
estar separado judicialmente e nem separado de fato por mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de
que esta convivência se tornaria impossível sem culpa do sobrevivente. Em um primeiro momento, o
cônjuge poderá concorrer com os descendentes, salvo se o cônjuge sobrevivente fosse casado com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens, ou se, no regime
da comunhão parcial, o autor da herança não tiver deixado bens particulares. Em concorrência com os
descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua
quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com quem concorrer. Na
separação convencional (escolhida e não imposta) não há meação, mas o cônjuge sobrevivente
concorre na herança.
Na sucessão do cônjuge com ascendentes em primeiro grau, lhe caberá um terço da herança. Caber-
lhe-á a metade desta se for um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
Sucessão do companheiro: só participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos
onerosamente (aquestos) na vigência da união estável.
Na concorrência facultativa entre irmão bilateral com irmão unilateral, este receberá a metade do que
aquele receber.
Herança Jacente: Se a pessoa falecida não houver deixado nenhum parente, a herança será declarada
jacente e pelo prazo de um ano será publicado editais à procura de algum parente. Vencido esse um
ano, a herança será declarada vacante, e cinco anos após a abertura da sucessão, a herança será
incorporada ao município, união ou DF. Enquanto ela é jacente podem-se habilitar herdeiros legítimos
necessários e facultativos, depois desse período, quando se torna vacante, poderão se habilitar apenas
os necessários.
POSSE E PROPRIEDADE
POSSE: considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade (art. 1196). Retomar ao art. 1228 para entender quais são esses
poderes. GRUD (gozar, reaver, usar e dispor). A posse pode ser decorrente da propriedade (jus
possidendi), ex: ação reivindicatória, de imissão na posse; ou pode ser uma posse autônoma, decorrente
da própria posse (jus possessionis) art. 1210, ex: posse do usufrutuário, do locatário, etc.
-A posse é, portanto, a um só tempo, um direito autônomo, pessoal, típico e especial.
-Detentor (fâmulo ou servidor da posse): é aquele que, achando-se em relação de dependência,
conserva a posse em nome alheio e em cumprimento de ordens ou instruções. O detentor não tem
posse, ele a conserva em nome de outra pessoa. O detentor não pode ajuizar ação possessória.
-Aquisição da posse (art. 1204 e 1205): adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível
o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Quem pode adquirir a
posse? A própria pessoa, seu representante legal, e por terceiro sem mandato, dependendo de
ratificação.
-Perda da Posse (art. 1223): perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem, mesmo que contra a
vontade do possuidor.
-Transmissão da Posse: a posse é um direito transmissível. Pelo art. 1206 a posse transmite-se aos
herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Ex: se ela era de boa-fé continua
sendo do boa-fé.
o Direta: A posse direta pode ser explicada como a posse daquele que a exerce diretamente sobre
a coisa, exercendo os poderes do proprietário, sem nenhum obstáculo, tendo, pois, o contato
físico com a coisa.
o Indireta: Já a posse indireta é a do possuidor que entrega a coisa a outrem, em virtude de uma
relação jurídica existente entre eles, como no caso de contrato de locação, deposito, comodato
e tutela, quando couber ao tutor guardar os bens do tutelado. Nesta, portanto, não há contato
físico do possuidor com a coisa.
No caso concreto, no contrato de locação, o locador (dono do imóvel que cede para quem lhe paga o preço)
tem a posse indireta, enquanto o locatário (aquele que fica na coisa, e paga o aluguel) tem a posse direta.
A implicação jurídica dessa classificação é que a posse do possuidor direto não exclui a do indireto, pois
ambas deverão coexistir harmonicamente.
Dessa forma o possuidor direto nunca poderá reivindicar a sua posse excluindo a do possuidor indireto. Mas
no caso do possuidor indireto ameaçar a posse do direto, esse contará com as alternativas legais para que sua
posse seja preservada, enquanto perdurar a relação que originou a posse. Nesse sentido reza o art. 1197 do
CC:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua
posse contra o indireto.
É importante mencionar que tanto o possuidor direto quanto o indireto poderão se valer das ações possessórias
para protegerem a sua posse de quem quer que a ameace.
o Justa: A lei fala que justa é a posse que não for violenta, clandestina e precária, e dessa forma,
a contrario sensu, deverá ser mansa, pacífica e notória. Nesse sentido define o art. 1200 do CC:
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
o Injusta: Já a posse injusta seria aquela que decorre de atos de violência, clandestinidade ou se
perfazem de forma precária (o sujeito recebe a posse a priori de maneira legítima e não devolve
a tempo e modo o bem).
o De Boa-fé: Posse de boa-fé é aquela em que o possuidor a exerce na crença, e na certeza de
que é o proprietário da coisa, uma vez que desconhece qualquer vício ou impedimento para a
sua aquisição. A boa-fé aqui é subjetiva. Nesse sentido, define o art. 1201 do CC.
o De Má-fé: a posse deixará de ser de boa-fé quando a situação indicar que o possuidor tinha
ciência de algum vício.
o Nova ou posse força nova: o procedimento judicial será especial.
o Velha ou força velha: o procedimento judicial será comum.
O art. 558 do novo CPC traz o procedimento para o ajuizamento das ações possessórias, que
poderá ser especial ou comum. O critério utilizado é o critério do ano e dia.
o Ad interdicta: é a posse direta que vai dar direito a ajuizar apenas as ações possessórias. É uma
posse sem animus domini. Ele não deseja adquirir a propriedade, o fim é apenas usar o bem e
defender a posse.
o Ad usucapionem: é a posse mansa, pacífica, sem oposição, contínua, com animus domini, ou
seja, desejo de adquirir a propriedade. A consequência jurídica é a aquisição da propriedade.
o Interditos Possessórios: são as ações possessórias. Art. 1210: o possuidor tem direito a ser
mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
o Desforço Incontinente: é a legítima defesa da posse. O possuidor turbado, ou esbulhado,
poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de
defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da
posse.
o Frutos: o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos e o de má-fé responde por
todos os frutos.
o Perecimento ou deterioração: o possuidor de boa-fé não responde pelo perecimento ou
deterioração da coisa a que não der causa; já o possuidor de má-fé responde pela perda, ou
deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam
dado, estando ela na posse do reivindicante.
o Benfeitorias: o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias
e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor da
benfeitorias necessárias e úteis. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem
o de levantar as voluptuárias.
DIREITOS REAIS
Propriedade: é um direito (faculdade ou poder) de usar, gozar, dispor e reaver a coisa em face de
quem injustamente a detenha.
Obs: No Brasil, o contrato de compra e venda não transfere a propriedade (não tem caráter translativo).
1226: os direitos reais sobre coisas móveis são transmitidos pela tradição.
1227: os direitos reais sobre coisas imóveis são transmitidos com o registro.
o Nua-propriedade: é algo de titularidade do possuidor indireto.
o Domínio útil: é um direito que é concedido ao possuidor direto.
Ex: usufruto.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de
quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do
ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados
pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social
e econômico relevante.
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,
valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por
terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de
energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato
na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei
especial.
-terminologias importantes:
o Descoberta: é o achado de coisa alheia identificável. O CC impõe o dever jurídico de entregar a coisa
ao dono ou entregar a autoridade pública competente. O descobridor tem direito a uma recompensa de
no mínimo 5% do valor da coisa achada.
o Ocupação: é o achado de coisa sem dono. É causa originária de aquisição da propriedade móvel.
o Achado: é o achado de tesouro. Diz a lei que metade das coisas preciosas encontradas será de quem
achou e a outra metade é do proprietário do imóvel onde o tesouro foi achado.
o Registro do título aquisitivo (1245/1247): o título translativo é o título que deve ser levado a registro
para apenas nessa condição transmitir a propriedade. Enquanto não houver o registro o alienante
continua sendo tido como dono do imóvel.
-requisitos obrigatórios:
I. Posse ad usucapionis: é a posse com animus domini, contínua, mansa, pacífica, sem oposição.
II. Objeto hábil a usucapião: o objeto tem que poder ser usucapido. Os bens públicos não estão sujeitos a
usucapião.
III. Decurso do tempo: 15 ou 10 anos para usucapião extraordinária; 10 ou 5 anos para usucapião ordinária;
5 anos para usucapião especial; 2 anos para usucapião por abandono do lar.
-requisitos facultativos:
I. Justo título
II. Boa-fé: usucapião ordinária
-modalidades de usucapião
1) Usucapião Extraordinária: 1238. É uma modalidade que não exige tamanho da área, nem boa-fé, nem
título. O prazo é de 15 anos mas pode cair para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel
a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
2) Usucapião Especial Rural ou Constitucional : 1239. A pessoa não pode ser proprietária de nenhum
outro imóvel. A área a ser usucapida deverá ter no máximo 50 hectares e deve ser utilizada pela família
com fins de moradia ou produção nas terras por 5 anos.
3) Usucapião Especial Urbana: 1240. A área a ser usucapida deverá ter até 250 metros quadrados, sendo
utilizada para moradia por cinco anos no mínimo, sem oposição e de forma ininterrupta.
4) De meação ou por abandono do lar: 1240, a. Quem pode utilizar essa modalidade é um cônjuge em
relação ao outro. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta,
com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja
propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.
Tal instituto só pode ser utilizado uma vez.
o Usucapião: 1260/1262
o Ocupação: 1263
o Tradição: 1267/1268
o Achado: 1264/1266
o Especificação: 1269/1271
o Confusão ou comissão ou adjunção: 1272/1274
A propriedade, via de regra, é perpétua. Mas há hipóteses em que ela será resolúvel. Ex: a retrovenda,
que ocorre quando alguém adquire uma propriedade e pode depois revende-la para o mesmo dono depois de
um certo tempo.
o Causa originária (1359): todos já possuem ciência da causa, pois ela está no registro, por isso possui
efeito ex tunc e erga omnes.
o Causa superveniente (1360): ninguém sabe previamente, não está no registro.
-Direito de Vizinhança
-Condomínio (1314):
No Brasil há dois tipos de condomínio, o tradicional, que nada mais é do que a copropriedade. Esse
condomínio tradicional pode ser voluntário (decorrente da vontade das partes) ou necessário (decorrente da
lei).
A outra forma de condomínio é o edilício, no qual há áreas comuns e também áreas exclusivas.
Cada condômino pode usar a coisa apenas conforme a sua destinação. Nenhum dos condôminos pode
dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
Cada condômino tem direito à posse, de reivindicar, de dispor de sua fração ideal, de pagar as despesas,
de exigir a divisão da coisa comum, podem estabelecer que a coisa fique indivisa por no máximo cinco anos,
direito de preferência quando outro condômino quer vender a sua quota parte.
A administração do condomínio cabe ao síndico.
As partes do condomínio edilício suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos,
escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideias, no solo e nas outras partes comuns,
sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser gravadas e alienadas livremente por seus proprietários.
Direito de Superfície: Há o proprietário do imóvel, que faz uma concessão ao superficiário do direito
de construir ou de plantar em seu terreno. Essa concessão se dá por tempo determinado e pode ser de
forma gratuita ou onerosa. O direito de superfície, a priori, não envolve o subsolo, a não ser que a obra
tenha algum tipo de relação com o direito de superfície. Ex: cavar o subsolo para plantar. Durante o
tempo de uso é o superficiário quem deverá arcar com os encargos e tributos. O direito de superfície
transmite-se entre vivos e causa mortis, ele não é personalíssimo. A transferência do direito do
superficiário para outro não pode ser onerosa. O proprietário que transfere o direito de superfície pode
cobrar, mas o superficiário não pode cobrar se quiser transferir o seu direito a outra pessoa.
Usufruto: permite ao seu titular, usar e extrair os frutos. O usufrutuário tem o domínio útil da
propriedade, pois é ele quem goza e usa. Ao proprietário caberá a nua-propriedade, pois ele poderá
apenas reaver e dispor. Pode abranger toda a propriedade ou não. O usufrutuário tem a posse direta
sobre a propriedade e seus frutos, além de ter o poder de administrá-la. Art. 1394 e ss. O usufrutuário,
antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em
que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação,
e entrega-los findo o usufruto. O usufrutuário terá também que pagar as despesas ordinárias, pagar o
seguro, se houver, e pagar os tributos. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer
lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste. Como o usufruto se extingue? Pela
renúncia ou morte do usufrutuário; pelo termo de sua duração; pela cessação do motivo que o
determinou; pela destruição da coisa; pela consolidação (o usufrutuário vira o proprietário); pelo não
uso ou não fruição da coisa.
Uso: restringe a utilização dos frutos apenas à sobrevivência e subsistência da própria família. Limita
a fruição.
Habitação: tem como finalidade permitir a moradia gratuita.
Direito do promitente comprador: promessa de compra e venda sem direito de arrependimento,
registrada no cartório, adquire o promitente comprador o direito real de aquisição do imóvel. Pode
exigir do promitente vendedor ou de terceiros, a outorga da escritura definitiva de compra e venda.
Direitos reais de garantia na coisa alheia: pressupõe uma obrigação principal. O bem dado em
garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. A garantia real é diferente da
contratual, pois nesta todos os bens do devedor respondem e naquela, apenas o bem dado em garantia
responde. Na garantia real, há uma especificidade. O pagamento de uma ou mais prestações, não
importa em exoneração proporcional, salvo em sentido contrário. Isso é a indivisibilidade da garantia.
Esse direito se inicia por meio de um contrato (1424) e se aperfeiçoa com o registro.
-penhor: transferência da propriedade de bem móvel para fim de garantia. É a única garantia que
transfere a posse para o credor.
-hipoteca: é uma garantia imobiliária, para bem imóvel. A venda do bem hipotecado é possível e
proibir essa venda é nula. Se não houver o pagamento da dívida principal, autoriza-se a venda do bem
hipotecado dado em garantia para a satisfação da obrigação.
-anticrese: também é para bem imóvel. Na anticrese o credor terá direito a usar o bem até compensar
o valor da dívida.
É o ramo do direito civil que se ocupa em estudar a relação jurídica que existe entre devedor e
credor, onde este pode exigir daquele o cumprimento de uma obrigação, que pode consistir em um dar,
um fazer ou um não fazer. É uma relação jurídica formada entre credor e devedor (elementos subjetivos
da obrigação) que gira em torno da prestação (elemento objetivo da obrigação). A prestação deve ser
exigível. Esse vínculo faz com que nasça um débito e uma responsabilidade pelo pagamento desse
débito. Disso surgem algumas classificações:
-obrigação civil: que preceitua que por meio desse vínculo surge o débito (shuld) mais a
responsabilidade pelo pagamento do débito (haftung).
-obrigação natural: preceitua que a obrigação é composta somente pelo débito, sem que haja a
exigibilidade. Ex: quando ocorre a prescrição; mútuo feito por menor.
-obrigação de garantia: há a responsabilidade, mas não tem o débito. Ex: o fiador assume uma
garantia sem que haja o débito.
-obrigação propter rem ou reipersecutória ou ambulatória ou híbrida: é aquela obrigação em
razão do bem. Surge por conta do sujeito ser o titular de uma obrigação real. Ex: quando uma pessoa
compra um apartamento que contém débitos condominiais passados ela terá que pagar esse débito
mesmo não o tendo contraído.
Obrigação de Dar: (233) pode ser uma obrigação de dar coisa certa ou incerta. Na obrigação de dar (pode ser
transferir ou restituir) a coisa certa, os assessórios seguirão o principal (princípio da gravitação jurídica), a não
ser por estipulação contrária entre as partes. Se a parte devedora não conseguir entregar o bem certo, pode
ofertar outra coisa, mas o credor não é obrigado a aceitar prestação diversa, ainda que mais valiosa (313), pelo
princípio da exatidão ou da correspondência do pagamento. Se o credor aceitar a prestação diversa daquela
que foi pactuada, haverá uma modalidade de pagamento indireta, que é a dação em pagamento (356). Se na
transferência de coisa certa, a coisa se perder sem culpa do devedor, antes da tradição ou pendente condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes. Se a coisa se perder por culpa do devedor, ele
deverá arcar com seu valor e perdas e danos. Res perit domino- a coisa se perde para o dono. Até a tradição
pertence ao devedor a coisa. Se houver a deterioração do produto sem culpa, não há que se falar em perdas e
danos. Mas se houver culpa, sempre haverá perdas e danos.
Obrigação de dar coisa incerta é também chamada de obrigação genérica, porque são indicadas ao menos pelo
gênero e pela quantidade. A quem cabe a escolha? Em regra, caberá ao devedor (favor debitoris), mas as partes
poderão escolher outra coisa. Se houver a perda ou deterioração da coisa antes da escolha, mesmo que por
força maior ou caso fortuito, o devedor terá que cumprir a obrigação (art. 246).
Obrigação de Fazer: envolve um dar mais uma atividade. Podem ser fungíveis e infungíveis. A obrigação
infungível é uma obrigação personalíssima, ou seja, só poderá ser cumprida por determinada pessoa. Já a
obrigação fungível, é aquela que pode ser cumprida por qualquer pessoa e admite a possibilidade de autotutela
civil, desde que faça de forma imediata, em caso de urgência e não extrapole a legítima defesa.
Obrigações Alternativas/disjuntivas: há a possibilidade de escolha entre uma coisa ou outra, mas os elementos
são certos e especificados, a prestação é única. A escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. A
obrigação alternativa é composta, pois é possível que seja aceita uma prestação diversa antes mesmo do
vencimento da dívida. Se houver a perda de uma das prestações, subsistirá o débito quanto a outra. Se houve
culpa por parte do devedor na perda ou deterioração da coisa, o credor poderá optar entre receber a que subsiste
ou receber o valor da que se deteriorou mais perdas e danos. No caso de pluralidade de optantes, sem que
entrem em consenso ao optar, a escolha caberá ao juiz. O que ocorre quando todas as obrigações não puderem
ser cumpridas? A resposta irá variar se a escolha cabia ao credor ou ao devedor. Se a escolha couber ao devedor
e este tiver culpa, ficará obrigado a pagar o valor da prestação que se obrigou por último, acrescido de perdas
e danos. Se a escolha couber ao credor e o devedor for culpado, poderá reclamar o valor de qualquer uma
delas, acrescido de perdas e danos. No entanto, se ambas as prestações se tornaram impossíveis sem culpa do
devedor, independentemente a quem caiba a escolha, extinta estará a obrigação, ou seja, desfeito o negócio
jurídico.
Obs: a obrigação facultativa não se confunde com a alternativa, pois a obrigação facultativa é simples, e deve
esperar a dívida vencer. Na obrigação facultativa, se houver a perda de uma das prestações, estingue-se a
dívida.
Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: obrigação divisível é aquela que pode ser fracionado o objeto da
prestação, o que não é possível na obrigação indivisível. Como exemplo, a obrigação de dar dinheiro, é uma
obrigação divisível e a obrigação de dar um cavalo é indivisível (258). Só há importância em determinar o
tipo de obrigação quando houver uma pluralidade de devedores e/ou credores. Sendo obrigação divisível, não
há problema, pois cada um cobra ou é cobrado em sua parte. Entretanto, sendo a obrigação indivisível,
havendo mais de um devedor, cada um responde por toda a dívida, pois não há como fracionar a cobrança.
Mas aquele que pagar a dívida, sub-roga-se nos direitos do credor perante os demais coobrigados. Havendo
mais de um credor, qualquer um deles poderá cobrar a dívida por inteiro, tornando-se devedor perante os
demais credores, nas suas respectivas partes em dinheiro.
Obrigação de meio e obrigação de resultado: se a obrigação for de meio (a pessoa não se comprometeu com
o resultado), a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, depende da verificação de culpa. Mas se a
obrigação for de resultado, a responsabilidade civil, será, em regra, objetiva.
Obrigações Solidárias: a solidariedade não se presume, ela advém da lei ou da vontade das partes. Na
pluralidade de credores ou devedores em obrigação indivisível, todos são obrigados ou tem direito a toda a
dívida, por ser fisicamente impossível dividir o objeto da prestação. Todavia, é possível haver obrigação
divisível em que todos são obrigados ou tem direito a toda a dívida por determinação da lei ou da vontade das
partes. Haverá solidariedade quando houver mais de um devedor ou mais de um credor obrigados ou com
direito à totalidade da dívida. A solidariedade pode ser ativa, passiva ou mista.
Refração do crédito: ocorre quando o credor principal morre e seus herdeiros passam a fazer parte do polo
ativo. Os herdeiros só podem cobrar a quota que lhes couber, pois não se tornam credores solidários. A
solidariedade persiste em relação aos demais credores se a obrigação for divisível. Todavia, os herdeiros
poderão cobrar a dívida toda na obrigação indivisível, se um dos credores falecer, o cumprimento dessa
obrigação indivisível ocorrerá se o objeto for entregue a qualquer um dos sucessores destes.
Obs: o 271 difere do 263- tal diferença refere-se aos efeitos da conversão em perdas e danos. De acordo com
o art. 263 a obrigação indivisível perde esse caráter quando da sua conversão em perdas e danos o que não
ocorre com a obrigação solidária ativa, que permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar
a quem quer que seja.
272- o credor que tiver perdoado (remissão) a dívida ou recebido o pagamento por inteiro, deverá pagar aos
demais credores as suas quotas correspondentes.
273- as exceções pessoais são meios de defesa de mérito e só podem ser opostas em relação às pessoas que a
exceção atinge.
274- o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável
aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer
deles.
Na solidariedade passiva, o credor que tenha vários devedores pode cobrar o valor total de qualquer
um deles (opção de demanda). Mesmo um devedor tendo pago sua dívida, ele poderá ser cobrado pelo valor
restante. No falecimento de um dos devedores, cessa a solidariedade, os herdeiros só respondem até o limite
da herança (benefício do inventário).
1. Pagamento Direto
-Quem paga? É o devedor (solvens). 304/307. Mas um terceiro, interessado ou não interessado, pode realizar
esse pagamento. O interessado é aquele que tem um interesse jurídico, patrimonial. Ex: fiador, avalista,
herdeiro. Se houver pagamento por esse terceiro interessado, ele sub-roga-se automaticamente nos direitos do
credor. Já o terceiro não interessado, ele não tem interesse jurídico, ele tem um interesse afetivo. Ele pode
realizar o pagamento em seu próprio nome ou em nome e em conta do devedor. Ex: o pai que paga a dívida
de um filho, a esposa que paga dívida do marido. Se fizer o pagamento em seu próprio nome, ele tem direito
ao reembolso no que pagou, mas não se sub-roga nos direitos do credor. Se ele pagar a dívida antes de vencida,
só terá direito ao reembolso após o vencimento da dívida. Se o terceiro pagar a dívida em nome e em conta
do devedor, sem oposição desse, o terceiro não terá direito a nenhum tipo de reembolso.
- A quem se deve pagar? 308/312. É ao credor (accipiens) ou a alguém que o representa. O pagamento feito
ao credor putativo, será válido, desde que tenha sido feito de boa-fé.
- O que se paga e como paga? 313. Princípio da exatidão. Destaca que o credor não é obrigado a aceitar uma
prestação diversa, ainda que essa prestação seja mais valiosa.
317: teoria da imprevisão- não pode ser aplicada de ofício, as partes devem pedir a revisão.
Cláusula rebus sic stantitbus: visa reestruturar o equilíbrio econômico obrigacional. Serve para mitigar a pacta
sunt servanda (força obrigatória do negócio jurídico).
318- clausula ouro- obrigação valutária- são nulas as convenções de pagamento em ouro e moeda estrangeira.
-Quais são os elementos da quitação? Valor expresso da obrigação, especificidade da dívida quitada,
identificação do devedor ou de quem paga no seu lugar, tempo e lugar do pagamento, assinatura do credor ou
seu representante, dando quitação total ou parcial.
Em relação ao local do pagamento o princípio que o rege é o da autonomia privada das partes, ou seja, elas
podem eleger o local. Mas se houver silencio, aplica-se a regra do 327, ou seja, no domicílio do devedor
(obrigação quérable ou quesível). Mas a obrigação também pode ser cumprida no domicílio do credor
(obrigação portable ou portável). A tradição do imóvel se dá no local onde está situado o bem. No 329, há
uma mitigação do pact sunt servanda, pois preceitua que se houver uma catástrofe, o pagamento poderá ocorrer
em outro local. No 330, há figuras parcelares da boa-fé objetiva, a surrectio e suprecio. Suprecio significa a
supressão do conteúdo obrigacional, em razão de uma inércia prolongada. Já a surrectio é a ampliação do
conteúdo obrigacional. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do que fora
previsto no negócio.
- Arras: 417/420. Significa um sinal, princípio de pagamento. Podem ser de duas espécies. A primeira é arras
confirmatórias e a segunda é arras penitenciais. Nas confirmatórias, não se admite o arrependimento, mas se
admite uma indenização suplementar. Nas penitenciais é admitido o arrependimento, mas não é admitido a
indenização suplementar. As duas modalidades adotam uma regra geral: aquele que deu arras, se vier a desistir
do contrato, aquele que as recebeu, poderá desfazer o contrato e reter o valor. Se for aquele que recebeu arras,
vier a desistir do negócio, aquele que as deu, poderá desfazer o contrato, pedir o valor de volta e mais o
equivalente. Se o contrato trouxer previsão expressa de arrependimento, estaremos diante das arras
penitenciais, se nada disser sobre o arrependimento, serão arras confirmatórias. Se nas arras confirmatórias,
mesmo retendo o valor do sinal, o outro contratante continuou no prejuízo, ele poderá pedir a indenização
suplementar até atingir o montante do que gastou com o objeto do contrato.
A. Pagamento em Consignação: É através da consignação que o devedor vai exercer o seu direito de
pagar, afinal já dissemos que pagar não é só um dever, é um direito também, concordam? Imaginem
que o locador morreu e o inquilino desconhece seu herdeiro, deve então consignar o aluguel para evitar
a mora e o despejo. Consignar onde? Em Juízo, e o Juiz vai procurar o sucessor do credor. A parte
operacional da consignação em pagamento vocês vão estudar em processo civil, mas conhecendo o
direito, o processo fica fácil de aprender (335, III – credor desconhecido). Outro exemplo,
imaginem que alguém morre e deixa a mulher como beneficiária do seguro de vida, só que o falecido
tinha uma esposa e uma companheira, então a seguradora vai pagar a qual das duas? Paga em Juízo,
numa conta a disposição do Juiz, o Juiz dá uma sentença à seguradora, que servirá de quitação,
enquanto as duas mulheres seguem no processo disputando o dinheiro (793, 335, IV). É prudente a
seguradora fazer isso até para não correr risco de pagar à mulher errada e efetuar pagamento indevido.
Conceito: pagamento por consignação consiste no depósito judicial da coisa devida, realizada pelo
devedor nas hipóteses do art. 335 do CC. Este artigo é taxativo (= exaustivo), não é exemplificativo,
de modo que não há outras possibilidades de consignação. Outro detalhe importante: só existe
consignação nas obrigações de dar, pois não se pode depositar um serviço (obrigação de fazer) ou uma
omissão (obrigação de não-fazer), mas apenas coisas, em geral dinheiro. Admite-se também depósito
de imóveis, gado, colheita, etc (341), e o Juiz vai ter que arranjar um depositário para cuidar dessas
coisas até o credor aparecer (343). Quando o depósito é de pecúnia (dinheiro) coloca-se em banco
oficial: Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal, em conta à disposição do Juiz. Percebam que
na ação de consignação o autor é o devedor, o credor é o réu e a quitação vem com a sentença. A
sentença dirá se a consignação equivale ao pagamento, se o devedor teve razão ao consignar e se a
obrigação está extinta. Excepcionalmente admite-se o credor como autor da ação quando mais de uma
pessoa se diz credor, então qualquer deles pede ao devedor que consigne o pagamento, enquanto os
credores discutem em Juízo (345).
B. Imputação do pagamento: o normal é entre duas pessoas haver apenas uma obrigação, mas pode
acontecer de alguém ter mais de uma dívida com o mesmo credor. Assim, se A deve a B cem reais
decorrentes de um empréstimo e outros cem reais decorrentes de um ato ilícito (ex: A bateu no carro
de B), quando A vai pagar apenas uma destas dívidas precisa dizer a B qual está quitando. Imputar o
pagamento é determinar em qual dívida o pagamento está incidindo. Num conceito mais técnico,
imputação de pagamento é a operação pela qual o devedor de mais de uma dívida vencida da mesma
natureza a um só credor, indica qual das dívidas está pagando por ser tal pagamento inferior ao total
das dívidas (352). É preciso que haja mais de uma dívida, todas vencidas, da mesma natureza (ex:
obrigação de dar dinheiro) e o pagamento ser menor do que a soma das dívidas. Cabe ao devedor fazer
a imputação, dizer qual dívida está quitando, e o devedor deve ser orientado por seu advogado para
quitar logo a dívida de juro maior e a dívida com garantia (ex: hipoteca, penhor, fiança, porque aí o
devedor libera a coisa dada em garantia/odevedor libera o fiador). Se o devedor não imputar, o credor
poderá fazê-lo (353), devendo o credor ser orientado por seu advogado para pedir a quitação na dívida
de juro menor e na dívida quirografária ( =dívida sem garantia). Lembrem-se que pelo art. 314 o
credor não está obrigado a receber pagamento parcial, mas na prática pode ser melhor o credor aceitar
alguma coisa e depois brigar pelo restante. Se o devedor e o credor não fizerem a imputação, a lei fará
na dívida de maior valor, conforme art. 355 ( =imputação legal).
C. Sub-rogação legal: hipótese em que uma determinada pessoa quita a dívida de outra e automaticamente
passa a figurar como a credora.
A. Dação em pagamento: é a forma de extinção da obrigação através da qual o credor aceita receber
prestação diversa da que lhe é devida. Mas o credor não é obrigado a aceitar prestação diversa da
contratada, ainda que mais valiosa. Porém, nada impede que o credor aceite prestação diversa, caso
em que haverá a extinção da obrigação de uma forma anormal, que não pelo pagamento. O que a
evicção afeta na dação em pagamento? O art. 359 diz que a obrigação vai se restabelecer, as partes vão
voltar ao seu status quo ante.
B. Novação: é a extinção da obrigação anterior para a criação de uma nova. 360 e seguintes. Pode ter
natureza objetiva e subjetiva. Difere de cessão de crédito e cessão de débito. A cessão é uma
modalidade de transmissão da obrigação e a novação é uma modalidade de pagamento. A novação é
objetiva quando a nova obrigação difere da obrigação anterior pela substituição da prestação (ex:
obrigação de dar dinheiro transformada em obrigação de fazer). A novação será subjetiva quando a
nova obrigação difere da anterior pela substituição do credor ou do devedor. Qual é a diferença entre
a sub-rogação e novação subjetiva ativa? Na sub-rogação se mantem para o novo credor os privilégios
e garantias do credor primitivo, enquanto que na novação, extinguem-se os privilégios e garantias do
credor primitivo, não as tendo o novo credor.
C. Compensação: é a forma de extinção das obrigações entre duas pessoas que são, ao mesmo tempo,
credora e devedora uma da outra. O meio normal de extinção da obrigação é o pagamento. Todavia,
quando duas pessoas são credoras e devedoras uma da outra, não há sentidos que os pagamentos sejam
feitos para a extinção das obrigações. Compensam-se as dívidas e extintas estão as obrigações até onde
se compensarem. A compensação pode ser legal ou convencional. Espécies: a) compensação legal:
ocorre por força da lei, mesmo que uma das partes se oponha, sempre que as dívidas forem líquidas (
= valor certo), vencidas e homogêneas (= mesma espécie e qualidade, 369); b) compensação judicial:
determinada pelo Juiz no caso concreto, ao entender que deve haver compensação por uma questão de
economia processual, por uma questão de praticidade, dando o Juiz seus motivos/fundamentos na
sentença; c) compensação convencional: decorre do acordo de vontades, decorre da transação entre as
partes, e no direito civil a liberdade das partes é grande, as partes podem dispor de seus bens com
ampla liberdade, é a chamada autonomia privada. Dívidas de qualquer tipo podem ser compensadas,
sejam ilíquidas, heterogenias ou não vencidas, ninguém tem nada a ver com isso, nem Promotor, nem
Juiz, nem Delegado, afinal cada um sabe o que faz com seu patrimônio. Mas, repito, depende de
acordo, não pode haver imposição de uma parte sobre outra.
D. Confusão e Remissão: confusão é a forma de extinção das obrigações por reunirem na mesma pessoa
a qualidade de credor e devedor. Já a remissão é a liberação do devedor pela autoridade do credor que,
voluntariamente, dispensa o crédito, perdoa o débito e extingue a obrigação (385). Mas como pagar é
um direito do devedor, se ele não aceitar a remissão deve consignar o pagamento. Mas em geral a
remissão é aceita e se assemelha a uma doação. Espécies de remissão: pode ser total ou parcial (parte
da dívida ou dispensa dos juros); pode ser expressa (por escrito) ou tácita (ex: devolução do título de
crédito); pode ser gratuita (mais comum) ou onerosa (nesta remissão o credor perdoa a dívida mas
pede algo em troca, o que se assemelha a uma transação, veremos transação em breve). Se uma pessoa
é insolvente (tem muitos credores) não pode perdoar seus devedores para não caracterizar uma fraude
contra seus credores, como prevê o art. 158. Trata-se inclusive de uma presunção absoluta de fraude
a remissão de dívida feita pelo insolvente, como vocês estudaram no semestre passado.
- Cláusula Penal: é a média aritmética de antecipação das perdas e danos. É uma penalidade civil e uma
obrigação acessória. 410 (compensatória) e 411 (moratória). Quando há uma inexecução completa, haverá a
cláusula penal compensatória. Havendo uma execução incompleta, será aplicada a cláusula penal moratória.
O valor da cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação principal. A penalidade deve ser reduzida
pelo juiz se a obrigação tiver sido cumprida em parte ou se o montante da penalidade for excessivo. Para exigir
essa penalidade não há necessidade de que o credor alegue prejuízo.
Efeito do inadimplemento: responsabilizar o devedor por perdas e danos, se este inadimplemento for
culposo (389). Se o inadimplemento não for culposo o devedor está isento das perdas e danos, mas é ônus do
devedor provar o caso fortuito ou de força maior.
O caso fortuito ou de força maior está conceituado no pú do 393; o fato precisa ser superveniente/futuro
e imprevisível para justificá-lo. É um problema (ex: cheia, seca, greve, doença, roubo) que o devedor não
contribuiu para sua ocorrência e nem poderia evitar. O fato do príncipe é também um caso fortuito (ex: A
deve cigarro a B, porém vem uma lei proibindo o fumo no país, então a obrigação se extingue face à ilicitude
do objeto; chama-se fato do príncipe em alusão ao Estado, pois antigamente os governantes eram monarcas).
a) culposo: é a culpa lato sensu, em sentido amplo, que envolve o dolo (intenção), e a culpa em sentido
restrito: negligência e imprudência. É o inadimplemento culposo que vai gerar responsabilidade patrimonial
por perdas e danos (391), sobre os bens do devedor, afinal não existe prisão por dívida, salvo no depósito e na
pensão alimentícia. Assim, se o inadimplente não possui bens, ao credor só resta lamentar, é o chamado na
brincadeira de jus sperniandi. O inadimplemento culposo vai corresponder ao não cumprimento da obrigação
de forma intencional (dolo) ou culposa (culpa stricto sensu = negligência e imprudência). Viola o devedor sua
obrigação de cumprir a prestação e deverá arcar com perdas e danos. Todavia, em alguns contratos, a depender
da prestação, ao invés de perdas e danos, o devedor poderá ser obrigado pelo Juiz a cumprir o contrato (art
475).
PERDAS E DANOS: o que são estas perdas e danos devidas pelo inadimplente ao credor? Não se trata
de um enriquecimento do credor (403), mas sim de uma compensação financeira pelos danos sofridos pelo
credor, sejam danos materiais, sejam danos morais.
Os danos materiais correspondem aos lucros cessantes e ao dano emergente. Dano emergente é aquilo
que o credor efetivamente perdeu e lucro cessante é aquilo que o credor razoavelmente deixou de lucrar (402).
Ex: A bate seu carro num táxi, terá então que indenizar o taxista pelo dano emergente (farol quebrado, lataria
amassada, pintura arranhada, etc – damnum emergens) e pelo lucro cessante (os dias que o taxista ficará sem
trabalhar enquanto o carro é consertado – lucrum cessans).
O dano emergente é o desfalque sofrido pelo patrimônio da vítima, é a diferença entre o que a vítima
tinha antes e depois do ato ilícito; lucro cessante é a perda de um lucro esperado, e não um lucro presumido
ou eventual (403).
Mas o dano pode também ser moral (186), que é o dano que atinge a honra da pessoa (art. 20), que
provoca sofrimento, abalo psicológico, perda do sono da vítima, etc. O dano moral ofende os direitos da
personalidade da pessoa, ou seja, os atributos físicos (o corpo, a vida), psíquicos (sofrimento) e morais (honra,
nome, intimidade, imagem) da pessoa. Enfim, o dano moral é uma coisa séria, não é qualquer aborrecimento
do cotidiano. O dano moral se desenvolveu muito em nosso Direito na última década, mas não pode ser
banalizado para não ser desmoralizado, assim eu repudio condutas de cidadãos que, atrás de lucro fácil,
pleiteiam danos morais porque ficaram presos na porta giratória de um banco, ou porque o celular deixou de
funcionar, ou porque o carro quebrou na esquina, etc. Repito: dano moral se justifica especialmente quando
atinge o equilíbrio emocional da vítima, é a dor, angústia, desgosto, aflição espiritual e humilhação (ex: alguém
que perde uma perna ou um filho num acidente.
b) inadimplemento fortuito: o devedor não paga diante de um caso fortuito ou de força maior, ficando
assim, de regra, livre de indenizar o credor (393). A obrigação vai se extinguir, as partes retornam ao estado
anterior, mas sem indenização do 389. Porém, há casos de responsabilidade sem culpa que veremos logo aqui
em Civil 2, desde que haja dano:
- se o devedor está em mora, ele responde pelo caso fortuito (399); é um dos efeitos da mora solvendi.
Só não responde se provar que a coisa iria perecer também nas mãos do credor.
- o devedor pode expressamente se responsabilizar pelo caso fortuito; isto é comum nos contratos
internacionais, então quando se exporta açúcar, carne, soja, etc., o devedor se obriga a mandar o produto, ou
pagar as perdas e danos, mesmo que haja uma greve, uma seca, etc. O comprador insere no contrato uma
cláusula onde o devedor assume a obrigação mesmo diante de um caso fortuito, afinal o comprador está muito
distante para verificar a seriedade destes transtornos. (vide 393, in fine). Obs: nas relações de consumo a
loja/supermercado não pode se isentar do furto do carro no seu estacionamento, apesar de ser um caso fortuito
e apesar das placas que eles colocam, diante do art. 51, IV, do Código do Consumidor; é por isso que os
shoppings cobram pelo estacionamento, porque eles têm seguro contra furto/roubo do seu carro; a lei dá com
uma mão e o mercado tira com a outra, é o que eu digo a vocês, o direito não manda na economia.
PRINCIPIOS CONTRATUAIS:
É um vício oculto, que não é aparente e nem de fácil constatação. Poderá recair tanto sobre
bens móveis quanto sobre bens imóveis. Só pode ser alegado em contratos onerosos. Sobre a
doação onerosa, também podem recair os vícios redibitórios. Aplica-se para os contratos aleatórios
(há no contrato uma álea, nasce de um evento incerto e casual) e para os contratos comutativos
(as partes já sabem o que vai acontecer, não há incerteza, risco).
Diante de um vício redibitório devem ser propostas as ações edilícias. Estas dividem-se em
duas: ações redibitórias (visa extinguir o contrato- devolvo o bem e recebo o dinheiro de volta) e
ações estimatórias ou quanti minoris (visa o abatimento- fico com o bem e requeiro um abatimento).
Deve ser utilizada uma ou outra ação.
É possível cumular perdas e danos com as ações edilícias, mas para isso é preciso que o
adquirente prove que o alienante atuou de má-fé, é uma prova diabólica. É preciso provar que o
alienante conhecia o vício do bem. Responsabilidade de natureza subjetiva.
Os prazos das ações edilícias são: 30 dias para os bens móveis e um ano para os bens
imóveis, contados da data da entrega efetiva do bem. Se a pessoa tiver posse, o prazo será
reduzido à metade, passando a ser de 15 para os bens móveis de 6 meses para bens imóveis,
contados da alienação. Esse último caso, por exemplo, ocorre quando o proprietário vende um
imóvel para o locatário, ou seja, ele já tinha a posse do bem. Mas esses são os prazos para
demandar. Os prazos para descoberta dos vícios nos bens móveis é de 180 dias e nos imóveis é
de 1 ano. Mas é necessário atentar que além desse prazo legal, o produto pode ter uma garantia
contratual. Se tiver uma garantia contratual, esta correrá primeiro e só depois que acabar é que
começará a ser contada a garantia legal.
Obs: a segunda parte do 445, destaca uma modalidade de tradição ficta, que poderá ser
dividida em: traditio brevi mano e constituto possessório. Na traditio brevi mano aquele que possui
em nome alheio passará a possuir em nome próprio. O constituto possessório é o inverso, pois
aquele que possui em nome próprio, passará a possuir em nome alheio.
EVICÇÃO
Trata-se da perda do bem móvel ou imóvel que se dá diante de uma sentença ou apreensão
administrativa. Ocorre dentro dos contratos onerosos. Haverá evicção mesmo em hasta pública.
As partes são: o alienante; o adquirente (evicto ou evencido) e o terceiro que apresenta
melhor fundamentação jurídica (evictor ou evencente). O terceiro toma o bem de quem o adquiriu
e esse que perdeu o bem, ingressa com uma ação indenizatória em face de quem o alienou. Quem
tem a responsabilidade civil é o alienante.
Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela
evicção.
A evicção pode ser total (perda da totalidade do bem) ou parcial (perda de parte do bem),
sendo que esta última pode ser considerável e não considerável.
Se a parte adquiriu um bem alheio ou objeto de litígio, não será cabível indenização.
CONTRATOS ALEATÓRIOS
Nada mais é do que o contrato que possui álea, risco, nasce das esperanças. Um contrato
envolvendo um evento incerto e casual. Podem dizer respeito a uma coisa ou fato futuro, ou a uma
coisa que já existe mas que se encontra exposta ao risco.
458: venda da esperança (emptio spei)- há um risco total da coisa não existir.
Pagamento
Término do prazo
Causas anteriores- vícios (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra
credores, simulação) ou defeitos do negócio jurídico
Causas posteriores
-Distrato: ele se dá pela mesma forma em que o contrato foi criado, mas se nada disser
o contrato sobre a forma (ex: escritura publica), o distrato poderá ser de qualquer forma.
A resilição bilateral é um sinônimo de vontade. Mas é possível que ocorra a resilição
unilateral (473), caso no qual deverá haver um aviso prévio. A resilição difere de
resolução, pois a resilição é sinônimo de vontade e a resolução é sinônimo de
inadimplemento.
-Cláusula resolutiva: ela poderá ser expressa (ocorre de pleno direito) ou tácita (depende
de interpelação judicial para que o juiz averigue o grau de lesividade).
-Exceção do contrato não cumprido: trata-se de um meio de defesa. Se uma parte não
cumpriu o acordado, não cabe exigir que o outro cumpra a sua parte.
-Exceção de insegurança (477): se depois de concluído o contrato, sobrevier alguma
situação que gere um desequilíbrio no contrato, em razão dessa insegurança, poderá a
parte alegar a exceção em razão dessa insegurança. Enquanto a outra parte, não cumprir
com a dela, posso exigir uma caução. Obs: cláusula solve et repite- significa cumpra
primeiro com sua obrigação e depois cobre. Ela obsta a alegação da exceção do contrato
não cumprido.
-Resolução por onerosidade excessiva ou teoria da imprevisão (478): onerosidade
excessiva difere de lesão. Porque lesão é uma causa concomitante, o contrato já nasce
desequilibrado e a onerosidade excessiva faz com que haja o desequilíbrio posterior.
Ocorre nos contratos de execução continuada ou diferida, diante de um fato
extraordinário/imprevisível, que gere extrema vantagem para a outra parte. A parte pode
pedir a resolução ou a revisão do contrato. A sentença terá efeitos ex tunc, porque
retroage à data da citação. A teoria da imprevisão mitiga a pacta sunt servanda.
-Cláusula rebus sic stantibus: visa reestabelecer a estrutura econômica do negócio.
-Morte: só acarreta a extinção do contrato se houver a regra diante de um contrato
personalíssimo.
A definição está no 481, que preceitua que pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e outro, a pagar-lhe certo preço em
dinheiro. A transferência da propriedade móvel se dá com a tradição e da coisa imóvel se dá com
o registro. O contrato de compra e venda é um compromisso de entregar coisa certa. A coisa a ser
transferida deve ser corpórea, porque se for incorpórea, será uma cessão.
É um contrato bilateral ou sinalagmático, pois gera uma reciprocidade de obrigações, para
ambas as partes. É um contrato oneroso, não há compra e venda gratuita. É um contrato
comutativo, em regra, mas pode assumir a forma aleatória. É um contrato consensual, basta que
haja a vontade das partes, o objeto e o preço. Pode ser um contrato formal ou informal, instantâneo
ou de longa duração. Pode ser um contrato paritário ou de adesão; será paritário quando as partes
estiverem em pé de igualdade, mas será de adesão quando uma das partes estipula as cláusulas
e a outra terá somente como escolha a aceitação das mesmas.
Elementos constitutivos: partes capazes e aptidão específica; a coisa deve ser disponível
para comercialização; objeto licito e determinado ou determinável; preço justo, certo, determinado
e estabelecido em moeda corrente.
Restrição à compra e venda: é anulável a compra e venda de ascendente a descendente;
salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante tiverem consentido com a venda 496/179;
a venda de bens sob administração é nula; a venda entre cônjuges; a venda de parte indivisa em
condomínio.
A clausula de retrovenda só recai sobre bens imóveis. Para a retrovenda o prazo decadencial
máximo é de 3 anos. Reaver o imóvel indenizando aquele que o adquiriu.
O prazo máximo para exercer o direito de preferência (quando o novo proprietário for vender
o imóvel, ele deve oferecer primeiro para quem o vendeu) é de no máximo 2 anos.
A tredestinação ocorre quando a destinação final de um bem expropriado divergiu da
finalidade da qual se planejou inicialmente. Nesse caso, caberá ao expropriado o direito de
preferência pelo preço atual da coisa.
A cláusula de venda com reserva de domínio recai sobre bens móveis e será estipulada por
escrito, dependendo do registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. O comprador
do bem só alcançará a propriedade depois de pagas todas as parcelas.
FIANÇA: 818/839
O fiador passa a garantir pessoalmente perante o credor a dívida do devedor com seu
patrimônio. O fiador tem uma responsabilidade sem débito. A fiança, em regra, é gratuita. O fiador
pode perder, inclusive, o seu bem de família. É um contrato consensual, formal, pois não se admite
a fiança verbal, não solene (não há necessidade de escritura pública); é uma obrigação acessória,
pois a sua existência depende um contrato principal; é fiduciário, pois exige a confiança das partes.
Se houver insolvência do fiador, o credor poderá exigir a sua substituição; é inerente à fiança o
benefício de ordem.
A desoneração de fiador em locação urbana é regulada pela lei 8245/91, em que o fiador
ainda responde no período de 120 dias após a sua desoneração, enquanto na lei civil, o fiador fica
obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 60 dias após a notificação do credor.
DOAÇÃO: 538/554
É o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou
vantagens para o de outra. Pode ser unilateral ou bilateral (apenas se for modal, ou seja, exigir um
encargo para a outra parte); é gratuito; é consensual mas pode ser tido como real, é comutativo
(acontece quando as partes são cientificadas de suas obrigações no ato da elaboração); formal e
solene (se for superior a 30 salários) ou não solene (se for inferior a 30 salários).
- Espécies de doação:
o A doação pura e simples (543) é aquela que não tem condição, nem termo e nem encargo,
ou seja, não está vinculada a nenhum elemento acidental.
o Na contemplativa (540) o doador efetua a mesma por mera liberalidade, expressando o
motivo.
o A remuneratória se origina da realização de serviços prestados, cujo pagamento o donatário
não pode ou não deseja cobrar.
o Ao nascituro é válida desde que seja aceita pelo representante legal. Depende do
nascimento com vida.
o A doação ao absolutamente incapaz se presume aceita.
o De ascendente a descendente ou de um cônjuge ao outro- está relacionada ao adiantamento
da legítima. (544)
o Em forma de subvenção periódica é aquela doação realizada todo mês. Ex: mesada.
o A doação universal é nula de pleno direito, pois a pessoa não pode doar todos os seus bens.
o Doação inoficiosa significa que a doação efetuada ultrapassou o quinhão disponível para
testar. A ação de redução é a que tem como objetivo a declaração de nulidade da parte
inoficiosa.
o Doação conjuntiva é aquela doação de um determinado bem a dois ou mais donatários, os
quais se tornarão cotitulares do bem.
o Doação modal ou onerosa é aquela em que o doador atribui ao donatário um encargo, o qual
se torna elemento modal do negócio jurídico.
o Doação à entidade futura- é possível desde que está venha a ser constituída no prazo
máximo de dois anos, como registro de seu ato constitutivo.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Teoria conditio sine qua non ou teoria da equivalência das condições: não diferencia os
antecedentes do resultado danoso, ou seja, tudo aquilo que concorre para o evento será tido como
causa.
Teoria do dano direto e imediato: 403. Somente a causa direta e imediata será fundamentadora
para a responsabilidade civil.
Dano Moral: é a violação de um dos direitos da personalidade. O dano moral indenizável não
pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou
sofrimento. É um dano extrapatrimonial. A compensação pecuniária não é o único meio de reparar
o dano extrapatrimonial, sendo admitida a reparação in natura, na forma de retratação pública ou
outro meio.
Punitive damages- leva-se em conta as condições econômicas e o grau de culpa do ofensor.
Dano in re ipsa- dano moral.
Dano estético: o dano deve ser duradouro ou permanente ou, em alguns casos impedir as
capacidades laborativas.
Obs: STJ entende que é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Teoria do risco integral: é adotada no direito ambiental, no caso do seguro obrigatório DPVAT, nos
danos nucleares. O código não adotou o risco integral e sim o risco da atividade, que traz a
responsabilidade objetiva.