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concurso público

007. Prova Objetiva

professor de educação básica II – história

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Nome do candidato

RG Inscrição Prédio Sala Carteira

12.08.2018 | tarde
Conhecimentos Gerais 02. O autor do texto cita a obra de Atila Abdulkadiroglu

(A) para criticar o despreparo das escolas particulares tra-


Língua Portuguesa dicionais, que têm sistematicamente perdido espaço
para as recém-chegadas instituições internacionais
de ensino.
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 09.
(B) como estratégia para defender o ponto de vista sus-
Escolas fazem diferença? tentado ao longo do texto, segundo o qual o que
determina o nível da aprendizagem é a qualidade
As matérias são ministradas em inglês, e a mensalidade dos professores.
pode chegar a R$ 10 mil. Estamos falando de uma das novas
escolas internacionais que se instalaram em São Paulo. Ela se (C) como argumento para defender que o aproveitamen-
soma a vários colégios bilíngues e a outros mais tradicionais to acadêmico estaria menos relacionado à instituição
na cada dia mais acirrada disputa pelo público endinheirado. de ensino do que às condições que favorecem a
Vale a pena gastar tanto com educação? O que a escola aprendizagem.
agrega ao conhecimento do aluno? Essas são questões que
vêm despertando o interesse de pesquisadores desde os anos (D) para argumentar que mesmo alunos que hipotetica-
60, quando James Coleman mostrou que a extração familiar mente tiveram excelente aprendizado, em institui-
e a condição socioeconômica do estudante eram fatores mais ções de ensino renomadas, podem falhar em testes
importantes para explicar seu desempenho acadêmico do que padronizados.
variáveis mais específicas como a qualidade dos professores,
investimento por aluno etc. (E) para refutar a ideia corrente de que bons alunos, ainda
Isso já explica parte do segredo do sucesso das escolas que alocados em ambientes insalubres de ensino, con-
de elite: elas são boas porque recrutam alunos mais ricos, seguiriam ter bom rendimento acadêmico.
que tendem a sair-se melhor do que a média dos estudantes.
E o que acontece quando você põe um desses alunos de elite
numa escola normal? Seu desempenho piora?
03. Considere as frases:
Essa é uma pergunta mais traiçoeira, já que depende muito
do tipo de estudante de que estamos falando e da escola. • ... questões que vêm despertando o interesse de pes-
De todo modo, um belo trabalho de 2011 de Atila quisadores... (2o parágrafo)
­Abdulkadiroglu mostrou que, ao menos no caso de bons • ... elas são boas porque recrutam alunos mais ricos...
alunos, a escola não faz diferença. Ele comparou o desem­ (3o parágrafo)
penho de alunos que conseguiram entrar nas concorri-
díssimas “exam schools” de Nova York e Boston com o • Elas dão conhecimento aos alunos... (último parágrafo)
daque­les que por muito pouco não passaram e tiveram de A substituição das expressões em destaque por prono-
contentar-se em estudar em colégios normais. No final, os mes está correta, conforme a norma-padrão da língua
dois grupos se saíram igualmente bem no SAT, o Enem portuguesa, respectivamente, em:
dos EUA.
Escolas, vale lembrar, atuam numa via de mão dupla. (A) despertando-lhes o interesse; os recrutam; os dão
Elas dão conhecimento aos alunos, mas também extraem conhecimento.
algo deles: a sua excelência.
(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. 14.04.2018. Adaptado) (B) despertando-os o interesse; lhes recrutam; lhes dão
conhecimento.

01. A conclusão do autor, no último parágrafo do texto, é a (C) despertando-os o interesse; os recrutam; lhes dão
de que conhecimento.

(A) o investimento das elites na educação dos filhos se (D) despertando-lhes o interesse; os recrutam; lhes dão
justifica quando se observa que a aprendizagem é conhecimento.
determinada pela qualidade da instituição de ensino.
(B) as escolas de excelência têm potencial para agregar (E) despertando-lhes o interesse; lhes recrutam; os dão
o mesmo tipo de conhecimento a alunos privilegia- conhecimento.
dos e aos desfavorecidos socioeconomicamente.
(C) não se sustenta a hipótese de que o contexto socioe-
conômico do ­estudante também estaria relacionado à
potencialização do seu aproveitamento escolar.
(D) a aprendizagem de qualidade só se concretiza em
instituições de excelência, pois mesmo bons alunos
tendem a ficar abaixo da média em escolas comuns.
(E) o bom desempenho dos alunos que apresentam
aproveitamento acadêmico acima da média contribui
para a excelência das instituições de ensino.
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04. Considere as frases: 07. Exprime ideia de causa a expressão destacada na
­seguinte alternativa:
• ... mostrou que a extração familiar e a condição socio-
econômica do estudante... (2o parágrafo) (A) ... eram fatores mais importantes para explicar seu
• ... mas também extraem algo deles: a sua excelência. desempenho acadêmico... (2o parágrafo)
(último parágrafo)
(B) ... variáveis mais específicas como a qualidade dos
No contexto em que são empregadas, as expressões em professores, investimento por aluno etc. (2o parágrafo)
destaque podem ser substituídas, sem prejuízo de senti-
do, respectivamente, por: (C) E o que acontece quando você põe um desses alu-
nos de elite numa escola normal? (3o parágrafo)
(A) a origem; retiram.
(D) Essa é uma pergunta mais traiçoeira, já que depen-
de muito do tipo de estudante... (4o parágrafo)
(B) o ambiente; concentram.
(E) Elas dão conhecimento aos alunos, mas também
(C) o apoio; inspiram-se em. extraem algo deles... (último parágrafo)

(D) a cobrança; apreciam.


08. As vírgulas estão corretamente empregadas, conforme a
(E) a interação; compartilham. norma-padrão da língua, em:

(A) É no, dia a dia, que os alunos vão demonstrando a


sua aptidão natural para a aquisição de novos conhe-
05. Assinale a alternativa em que há emprego de palavra ou cimentos.
expressão em sentido figurado.
(B) Estamos falando sobre escolas particulares que,
(A) As matérias são ministradas em inglês, e a mensali- presumidamente, cobram mensalidades de até dez
dade pode chegar a R$ 10 mil. mil reais.

(B) O que a escola agrega ao conhecimento do aluno? (C) Questões de ordem econômica desde, alguns anos
atrás, vêm chamando a atenção de pesquisadores
(C) E o que acontece quando você põe um desses alunos da educação.
de elite numa escola normal?
(D) Alunos de, toda e qualquer escola, têm grande par-
cela de responsabilidade pela qualidade da aprendi-
(D) ... ao menos no caso de bons alunos, a escola não
zagem.
faz diferença.
(E) Tem, vigorado na atualidade, a percepção de que
(E) Escolas, vale lembrar, atuam numa via de mão dupla. ensino de qualidade e investimento financeiro são
indissociáveis.

06. Considere as frases: 09. Assinale a alternativa em que a frase, escrita a partir do
• ... que tendem a sair-se melhor do que a média dos texto, está correta quanto à norma-padrão de concor-
estudantes. (3o parágrafo) dância.

• ... depende muito do tipo de estudante de que esta- (A) É acirrada a disputa entre as escolas de elite insta-
mos falando... (4o parágrafo) ladas em São Paulo, cuja mensalidades chegam a
Assinale a alternativa que substitui, correta e respecti- dez mil.
vamente, as expressões verbais destacadas, no que diz (B) Em meio a tantas variáveis, o apoio familiar constitui
respeito à regência, de acordo com a norma-padrão da um dos mais importantes diferenciais para a apren-
língua portuguesa. dizagem.

(A) são propensos a; a que estamos aludindo. (C) Recentemente instalada em São Paulo, essas novas
instituições de ensino desfrutam de prestígio inter-
(B) são predispostos por; a que estamos mencionando. nacional.

(C) têm aptidão em; de que estamos citando. (D) Some-se às demais variáveis que favorece a edu-
cação a qualidade dos professores e a participação
(D) são inclinados de; com que estamos tratando. da família.

(E) têm vocação com; em que estamos pensando. (E) A proliferação de escolas particulares de elite refle-
tem a preocupação crescente com a qualidade da
educação.

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10. Leia a tira.

(Bill Watterson, Existem tesouros em todo lugar: as aventuras de Calvin e Haroldo. 1a ed. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2013)

As formas verbais destacadas nas frases “Se eu tivesse um computador, com certeza ia tirar notas melhores...” / “Você
sabe que ia precisar ler o livro do mesmo jeito...” podem ser substituídas, de acordo com a norma-padrão da língua e
preservando o sentido, respectivamente, por:

(A) tirava; precisasse.

(B) tiro; precisa.

(C) tiraria; precisaria.

(D) tirasse; precisava.

(E) tiraria; precisou.

Conhecimentos Pedagógicos e Legislação 12. A Constituição Federal de 1988 estabelece a educação


como direito público subjetivo e como dever do Estado a
ser efetivado mediante a garantia de educação básica a
11. Segundo Queiroz e Moita (2007), “o Conceito de Educa- todos, inclusive atendimento educacional especializado
ção não é consenso, ao contrário, abrange uma diversi- a quem dele necessitar. Maria Teresa E. Mantoan (2001)
dade significativa de concepções e correntes de pensa- reconhece ter havido, no Brasil, avanço legal no sentido
mento, que estão relacionadas diretamente ao período de uma educação inclusiva e argumenta que
histórico, ao movimento social, econômico, cultural, po-
lítico nacional e internacional”. Conforme essas autoras, (A) esta diz respeito às diferenças em geral, principal-
Émile Durkheim, que viveu em um rico e conturbado mo- mente as étnico-raciais e as de classe social, mas,
mento histórico (de um lado, a Revolução Francesa; de para os mais diferentes, os que têm deficiências, o
outro, a Revolução Industrial), entendia que “Educação é melhor são as classes especiais, nas quais eles re-
essencialmente o processo pelo qual aprendemos a ser almente aprendem.

(A) membros da sociedade”. (B) para sua real efetivação, é necessário ter consciên-
cia das diferenças inerentes ao ser humano e recriar
(B) autônomos e independentes”. o modelo educativo escolar, tendo como eixo o ensi-
no para todos.
(C) pessoas que buscam mudanças”.
(C) sua consolidação exige a especialização dos profes-
(D) curiosos e questionadores do status quo”. sores para atendimento das deficiências apresen-
tadas pelos alunos matriculados na classe comum
(E) seres humanos capazes de inventar novas tecno­ para a qual ensinam.
logias”.
(D) esta implica oferecer, nas classes comuns, apenas
a convivência respeitosa e, nas classes especiais,
atendimento educacional especializado.

(E) a teoria socioconstrutivista garante, no plano didáti-


co, a consolidação da inclusão escolar, conquistada,
legalmente, pela extinção das classes especiais.

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13. As sociedades urbano-industriais contemporâneas tra- 14. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 206,
zem, “embutido”, o conhecimento sistematizado. Desse preconiza, como um dos princípios que devem reger
modo, a educação escolar, socialmente incumbida de a educação nacional, a gestão democrática do ensi-
transmiti-lo às novas gerações, é imprescindível às práti- no público. Nesse sentido, a Lei Federal no 9.394/96
cas sociais em geral e às práticas produtivas, particular- (LDBEN), no art. 14, estabelece que os sistemas de en-
mente, havendo uma articulação da desigualdade social sino definirão as normas da gestão democrática do ensi-
com o sucesso ou o fracasso escolar dos indivíduos, os no público na educação básica, de acordo com as suas
quais entram na definição dos papéis que eles terão e peculiaridades e conforme os princípios: da participação
dos lugares sociais que ocuparão, nessas sociedades.              na elaboração do proje-
Como afirma Contreras (2002): “A educação não é um to pedagógico da escola e da participação das comu-
problema da vida privada dos professores, mas uma nidades escolar e local em conselhos escolares ou
ocupação socialmente encomendada e responsabilizada equivalentes. A Lei Orgânica de Ferraz de Vasconce-
publicamente.” Corresponde a compromisso ético e so- los, em seu art. 188, estabelece que “será criado o
cial que exige competência profissional. Terezinha Rios             , com sua composição, orga-
(2001) articula suas reflexões às desse autor e analisa nização e competência fixada em lei”, e que ele “contará
que a competência do professor compreende as dimen- na elaboração e controle das políticas de educação, bem
sões técnica, estética, política e ética, sendo esta última como na formulação, fiscalização e acompanhamento de
fundante da competência, pois as demais dimensões, todas as atividades relativas             ,
embora apoiadas em fundamentos próprios, guiam-se com a participação de representantes da comunidade,
por princípios éticos, quando, nas experiências docentes, em especial, dos trabalhadores, entidades prestadoras
de serviços”.
(A) a política vigente manda cumprir programações fe-
chadas, tirando do professor tanto o ônus, quanto o Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
bônus pelos resultados. mente, as lacunas, conforme a legislação citada.

(B) são vividas relações cotidianas de desrespeito entre (A) da diretoria e da coordenadoria ... Serviço de Meren-
os alunos e deles para com o professor, cabendo a da Escolar ... ao bem-estar das crianças
este punir os culpados.
(B) dos profissionais da educação ... Conselho Municipal
(C) os professores devem ensinar os mesmos conteú- de Educação ... ao sistema educacional
dos para todos, uniformemente, para que se desta-
(C) dos professores e alunos ... Comitê de Cidadania e
quem os mais capazes.
Progresso ... à disciplina e ao rendimento escolar
(D) são enfrentadas situações dilemáticas e conflitos em
(D) dos professores concursados ... Conselho de Ética,
que estão em jogo o sentido educativo e as conse­
Cultura e Cidadania ... à inclusão escolar
quências da prática escolar.
(E) da direção e da supervisão ... Comissariado Munici-
(E) os alunos são oriundos de classe social desprovida
pal de Educação ... ao combate da evasão escolar
de letramento, e os professores são culpabilizados
pelo fracasso, injustamente.

15. A Resolução CNE/CEB no 4/2010 (Diretrizes Curriculares


Nacionais Gerais para a Educação Básica), em seu art.
20, ao estabelecer a organização desse nível de ensino,
aponta que é responsabilidade dos sistemas a criação
de condições para que as crianças, os adolescentes, os
jovens e os adultos, com sua diversidade, tenham a opor-
tunidade de receber a formação que corresponda à idade
própria de percurso escolar, destacando a relevância de
considerar o respeito aos educandos e a seus tempos
mentais, socioemocionais, culturais e identitários, como

(A) um princípio orientador de toda a ação educativa.

(B) uma medida de caráter humanitário.

(C) um mecanismo de nivelamento.

(D) uma estratégia multicultural.

(E) um procedimento valioso.

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16. Patrícia, estudando para o concurso de Professor de 18. Um dos documentos mais importantes da escola é o pro-
Educação Básica de Ferraz de Vasconcelos, leu as jeto político-pedagógico (PPP), pois nele encontramos as
Resoluções CNE/CEB no 4 e no 7, ambas de 2010. concepções de Educação e de Ensino nas quais a escola
Verificou que, nas duas, constam o cuidar e o edu- está pautada. Segundo Pimenta (1990), quando se trata
car como dimensões inseparáveis, na Educação Bá- da Escola Pública, “o ponto de partida para o projeto real
sica. No parágrafo único do art. 23 da Resolução é a explicitação de que queremos uma Escola Pública
CNE/CEB no 4/2010, consta que, no Ensino Fundamen- democrática”, portanto “a organização da escola é com-
tal,              significa também cuidar petência tanto dos profissionais docentes como dos não
e educar, como forma de garantir a aprendizagem dos docentes”. Assim, a “participação dos professores na or-
conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva ganização da escola, nos conteúdos a serem ensinados,
interesses e              que lhe permi- nas suas formas de administração, será tão mais efetiva-
tam usufruir dos bens culturais disponíveis na comuni- mente democrática na medida em que estes
dade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que
lhe possibilitem ainda se sentir como produtor valorizado (A) dominarem conhecimentos sobre gestão”.
desses bens.
(B) se ativerem a seu papel enquanto docente”.
Assinale a alternativa que completa, correta e respecti-
vamente, as lacunas, de acordo com o documento legal (C) tiverem um objetivo pessoal na carreira docente”.
citado.
(D) compreenderem seu lugar no quadro de funcionários
(A) disciplinar ... amizades da escola”.

(B) abrigar ... preferências (E) dominarem os conteúdos e as metodologias dos


seus campos específicos, bem como o seu signifi-
(C) acolher ... sensibilidades cado social”.

(D) tutelar ... iniciativas

(E) vigiar ... curiosidades 19. Lenise A. M. Garcia, estudando a transversalidade e a


interdisciplinaridade, afirma que, por meio delas, pro-
cura-se “conseguir uma visão mais ampla e adequada
da realidade”, uma aproximação “com mais propriedade
17. Segundo Veiga (1996), “O projeto político-pedagógico é
dos fenômenos naturais e sociais, que são normalmente
entendido (...) como a própria organização do trabalho
complexos”. Tal é o caso do multiculturalismo como pers-
pedagógico da escola. A construção do projeto político-
pectiva para o projeto político-pedagógico, o qual Resen-
-pedagógico parte dos princípios de igualdade, quali-
de (in Veiga, 1998) discute, relacionando democracia e
dade, liberdade, gestão democrática e valorização do
direito à educação com igualdade e diversidade. Resen-
magistério. A escola é concebida como espaço social
de argumenta que esses temas demandam ultrapassar
marcado pela manifestação de práticas contraditórias,
os discursos e instaurar práticas de combate à discrimi-
que apontam para a luta e/ou acomodação de todos os
nação e ao preconceito dentro e fora da escola. A autora
envolvidos na organização do trabalho pedagógico”. No
destaca que o grande desafio na escola é a “incorpora-
que diz respeito à implementação das ações educativas
ção do multiculturalismo ao currículo, de forma que sua
da escola, Veiga afirma que “Na dimensão pedagógica,
transversalidade possa perpassar os conteúdos a serem
reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade
tratados no cotidiano
da escola, que é a formação do cidadão participativo, res-
ponsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, (A) das relações professor-aluno”.
no sentido de definir as ações educativas e as caracterís-
ticas necessárias às escolas de cumprirem (B) do trabalho do professor”.

(A) seus propósitos e sua intencionalidade”. (C) do processo de aprendizagem”.

(B) o que consta no plano de carreira docente”. (D) das atividades didáticas”.

(C) todos os projetos previstos no calendário escolar”. (E) da sala de aula”.

(D) o que foi determinado pela secretaria municipal de


educação”.

(E) as deliberações administrativas estabelecidas pelo


gestor da escola”.

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20. De acordo com a Resolução CNE/CEB no 4/2010, em 22. De acordo com o artigo de Onrubia (in Coll, 1999), “o
seu artigo 9o, “a escola de qualidade social adota como ensino como ajuda ajustada sempre pretende, a partir da
centralidade o estudante e a aprendizagem, o que pres- realização, compartilhada ou apoiada, de tarefas, incre-
supõe atendimento”, entre outros, ao seguinte requisito: mentar a capacidade de compreensão e atuação autôno-
ma do aluno.” A premissa subjacente a tal enfoque “é que
(A) conhecimento sobre a clientela para poder hipoteti-
aquilo que o aluno realizar com ajuda, em determinado
zar os prováveis lugares sociais que ocuparão quan-
momento, poderá realizar de maneira independente mais
do adultos para lhes oferecer conteúdos instrumen-
tarde, e que o fato de participar da tarefa conjuntamente
tais com a necessária diversidade.
com um colega mais competente ou experiente
(B) consideração sobre a inclusão, a valorização das
diferenças e o atendimento à pluralidade e à diver- (A) acaba por levar o aluno menos experiente ou compe-
sidade cultural, resgatando e respeitando as várias tente a considerar-se rejeitado pelo seu professor.”
manifestações de cada comunidade.
(B) é um procedimento dispensável, porque só a ajuda
(C) padronização dos conteúdos curriculares de portu- do professor assegura independência ao aluno me-
guês e matemática, visando a nivelar as informações nos competente.”
e elevar os escores dos estudantes nas provas na-
cionais e internacionais. (C) constitui uma prática a ser rejeitada, pois o aluno me-
nos competente sente-se inferiorizado diante de um
(D) avaliação dos alunos quando entram para o ensino
parceiro superior a ele.”
fundamental, permitindo formar classes o mais ho-
mogêneas possível de acordo com o potencial indivi- (D) pode, em geral, dificultar a formação dos esquemas
dual diagnosticado. de conhecimento que proporcionam o trabalho inde-
(E) valorização do protagonismo social e econômico e pendente do aluno com dificuldades.”
incentivo a ele, por meio de situações competitivas,
(E) é, precisamente, o que provoca as reestruturações e
premiando os estudantes vencedores e os professo-
as mudanças nos esquemas de conhecimento que
res que os apoiaram.
tornarão possível essa atuação independente.”

21. As diferenças de gênero articulam-se com todas as de-


mais diferenças: psicológicas individuais, étnicas, socio-
23. No capítulo 6 da obra Democratização da Escola Pública,
culturais, de classe social. O respeito às diferenças cons-
Libâneo (1985) trata das tendências pedagógicas para
ta como um direito humano na legislação internacional,
introduzir “a pedagogia crítico-social dos conteúdos”.
na Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança
Conforme essa tendência, a educação está inserida no
e do Adolescente.
movimento da prática social global como tarefa crítico-
Daniela Auad (2016), na obra Educar meninas e meni- -transformadora, e, daí, segundo o autor, decorrem duas
nos, reflete sobre as diferenças de gênero, problemati- consequências práticas para o trabalho docente. Uma
zando-as por meio de pesquisa em que observou práti- delas é que esse trabalho deve ser contextualizado his-
cas educativas em sala de aula e em outros espaços de tórica e socialmente, isto é, articular ensino e realidade.
convivência, analisando-as criticamente, na perspectiva A outra diz respeito ao trabalho docente ser um processo
de “educar homens e mulheres para uma sociedade de- simultâneo de transmissão/assimilação ativa, no qual o
mocrática”. Tal processo, argumenta a autora, requer professor intervém trazendo o conhecimento sistematiza-
(A) o reconhecimento de que as diferenças entre mas- do, e o aluno
culino e feminino são naturais, cabendo à educação
(A) deve reproduzir exatamente o que lhe foi transmitido.
ajustar-se a elas.
(B) a consciência de que o essencial na coeducação é (B) desenvolve a apropriação espontânea a partir de sua
garantir idêntica educação para meninos e meninas, criatividade.
nas mesmas turmas ou classes.
(C) acaba por ter uma mera formação política com o co-
(C) escolas e classes mistas, as quais revolucionaram nhecimento ensinado.
a educação de meninos e meninas, promovendo o
avanço da igualdade entre os gêneros. (D) é capaz de reelaborá-lo criticamente, com os recur-
sos que traz para a situação de aprendizagem.
(D) uma reflexão coletiva, dinâmica e permanente sobre
as relações de gênero, pois, sem isso, juntar meni- (E) precisa contestar grande parte dos saberes trans-
nos e meninas pode redundar em aprofundamento mitidos na escola para vir a ser vitorioso no mundo
das desigualdades. atual.
(E) a humilde constatação de que escolas mistas aju-
dam na democratização, mas que classes mistas
prejudicam o aprendizado das meninas, tornando-as
tão dispersas quanto os meninos.

7 PFVA1801/007-PEB-II-História
24. Conforme o art. 205 da Constituição Federal de 1988, “A 27. Conforme a Resolução CNE/CEB no 7/2010, a avaliação
educação, direito de todos e dever do Estado e da famí- dos alunos a ser realizada pelos professores e pela es-
lia, será promovida e incentivada com a colaboração da cola é parte integrante do currículo e deve “assumir um
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, caráter processual, formativo, participativo, ser contínua,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi- cumulativa e diagnóstica”. Em relação ao disposto nessa
cação para o trabalho”. No mundo contemporâneo, para legislação, Hoffmann, em Ideias no 22, propõe a avalia-
que essa disposição se cumpra, a Resolução CNE/CEB no ção mediadora como uma ação avaliativa
7/2010 estabelece, em seu art. 30, a necessidade de asse-
gurar à pessoa, até o terceiro ano do ensino fundamental, (A) reflexiva e desafiadora do educador, em termos de
favorecer a troca de ideias entre e com seus alunos,
(A) a escola de tempo integral. num movimento em direção a uma produção de um
(B) a alfabetização e o letramento. saber enriquecido e construído a partir da compreen-
são dos fenômenos estudados.
(C) a alfabetização no uso das tecnologias.
(B) bem delimitada e classificatória, desenvolvida pelo
(D) a aprendizagem de uma língua estrangeira.
professor, a qual assegura ao aluno e a seus pais o
(E) a aprendizagem dos conceitos sócio-históricos. acompanhamento preciso de seu grau de saber ab-
sorvido durante o curso frequentado.

25. Zabala, no capítulo 2 da obra A prática educativa – como (C) que possibilita ao aluno a continuidade de seus es-
ensinar (1998), critica a forma de situar os diferentes con- tudos, de modo que ele saiba se reproduz correta-
teúdos de aprendizagem sob a perspectiva disciplinar e mente o conhecimento sistematizado transmitido por
propõe que os abordemos sob o ponto de vista do pro- seus professores.
cesso de aprendizagem vivido pelo educando, no qual
são diferentemente aprendidos os diferentes tipos de (D) com o significado de controle permanentemente
conteúdo: factuais, conceituais, procedimentais e atitudi- exercido pelo professor sobre o aluno, no intuito de
nais. Em relação à aprendizagem dos conteúdos concei- este atingir os desempenhos definidos como ideais
tuais, Zabala afirma que ela depende de atividades pelo docente.

(A) sequenciadas, partindo da definição científica para sua (E) compatível com o modelo do “transmitir, verificar, re-
aplicação em exercícios de complexidade crescente. gistrar e evoluir”, de modo que o aluno alcance pro-
(B) complexas, que demandam um real esforço para gressivamente notas cada vez mais altas, na avalia-
rememorar os conceitos explicados pelo professor. ção externa.

(C) de leitura e cópia para repetição verbal e memoriza-


ção da definição do objeto conceituado.
28. Leia atentamente o seguinte trecho escrito por Fontana
(D) complexas que provocam um verdadeiro processo
(1996) sobre o desenvolvimento da conceitualização na
de elaboração e construção do conceito.
criança.
(E) de repetição de ações para dominar habilidades cog- “Do caráter sócio-histórico do processo de conceitualiza-
nitivas e socioafetivas. ção, emerge o papel da linguagem, do outro e do apren-
dizado na sua gênese e desenvolvimento. A ontogênese,
destaca Vygotsky, não repete a filogênese. O desenvolvi-
26. Moura (2010) afirma que “A Educação de hoje precisa aten-
mento da conceitualização na criança transcorre no pro-
der a uma clientela que exige e que também é exigida cada
cesso de incorporação da experiência geral da humani-
vez mais. Pois, o mundo está mudando e, consequente-
dade, mediada pela prática social, pela palavra (também
mente, a educação deve inserir-se nessa mudança a fim de
ela é uma prática social),
não perder sua finalidade”. Partindo dessa consideração, a
autora critica o trabalho pedagógico com objetivos e con- (A) no processo de escrita”.
teúdos pré-fixados, pré-determinados, apresentando uma
sequência regular, prevista e segura, aplicando fórmulas ou (B) nas atividades de leitura”.
regras. Para ela, é necessário um trabalho pedagógico no
qual o ensino-aprendizagem se realize mediante um per- (C) na interação com o(s) outro(s)”.
curso nunca fixo, ordenado, mas que se abra para o des-
conhecido, para o não determinado, que tenha flexibilidade (D) na aprendizagem de língua estrangeira”.
para a reformulação das metas e dos percursos à medida
(E) no processo de assimilação da língua materna”.
que as ações intencionadas evidenciam novos problemas e
dúvidas. O que Moura propõe recebe o nome de
(A) Didática de Freinet.
(B) Método Montessori.
(C) Método da Descoberta.
(D) Pedagogia da Pergunta.
(E) Pedagogia de Projetos.

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29. De acordo com Weisz (2000), nos últimos anos, têm Conhecimentos Específicos
ocorrido um aumento significativo das discussões sobre
a formação continuada de professores e, também, uma
maior oferta de ações de formação em serviço, tanto nas
31. Não se aprende História apenas no espaço escolar. As
redes públicas quanto nas privadas de ensino. Para essa
crianças e jovens têm acesso a inúmeras informações,
formação, há uma maior exigência quanto ao papel do
imagens e explicações no convívio social e familiar, nos
professor, que precisa se tornar capaz de criar ou adaptar
festejos de caráter local, regional, nacional e mundial.
boas situações de aprendizagem, adequadas a seus alu-
São atentos às transformações e aos ciclos da nature-
nos reais, cujos percursos de aprendizagem ele precisa
za, envolvem-se com os ritmos acelerados da vida ur-
saber reconhecer.
bana, da televisão e dos videoclipes, são seduzidos pe-
Diante do exposto e de acordo com a autora, é correto los apelos de consumo da sociedade contemporânea e
afirmar que se exige uma revisão da estrutura organiza- preenchem a imaginação com ícones recriados a partir
cional da escola, um esforço de atualização permanente de fontes e épocas diversas. Nas convivências entre as
e de acesso ao conhecimento recente que a ciência pro- gerações, nas fotos e lembranças dos antepassados e de
duz, o qual é proporcionado, em especial, por meio da outros tempos, crianças e jovens socializam-se, apren-
dem regras sociais e costumes, agregam valores, proje-
(A) tematização da prática. tam o futuro e questionam o tempo.
[...]
(B) reprodução das técnicas de ensino.
É preciso diferenciar, entretanto, o saber que os alunos
adquirem de modo informal daquele que aprendem na
(C) aquisição de novos recursos de ensino.
escola.
(D) aceitação tácita das teorias emanadas da equipe (Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. História.)
técnica escolar.
Nesse sentido, segundo os PCNs, o saber histórico
(E) incorporação de todas as orientações da coordena- escolar
ção pedagógica.
(A) precisa ser delineado em cada um dos municípios,
que se tornaram unidades federativas a partir da
Constituição de 1988.
30. Segundo Moran (2004), é necessário compreendermos
que “É fundamental hoje planejar e flexibilizar, no currícu- (B) deriva do diálogo entre muitas fontes e interlocutores
lo de cada curso, o tempo e as atividades de presença fí- e está em permanente reelaboração, considerando
sica em sala de aula e o tempo e as atividades de apren- objetivos sociais e pedagógicos.
dizagem conectadas, a distância. Só assim avançaremos
de verdade e poderemos falar de (C) tem autonomia em relação aos debates acadêmicos
e privilegia o modelo quadripartite francês e a crono-
(A) esperanças para a educação brasileira”. logia linear.

(B) melhoria em relação à educação nacional”. (D) está sujeito às diretrizes apresentadas por cada
unidade da federação, por meio dos Conselhos
(C) mudanças adequadas à educação básica”. Estaduais de Educação.
(D) qualidade na educação e de uma nova didática”.
(E) origina-se do conhecimento academicamente pro-
duzido na universidade pública e é referendado no
(E) incorporação do Brasil no contexto da globalização”.
Plano Nacional de Educação.

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32. [...] não é difícil encontrar nos livros didáticos afirmações, 34. Os programas [de 1942] eram periodizados fazendo usos
algumas vezes contundentes e fortes, contra o racismo das épocas consagradas pela historiografia clássica. No
e o preconceito e, portanto, encorajando os alunos a te- caso da História Geral e quanto à História do Brasil, a
rem uma visão de “respeito e tolerância em relação aos periodização era a mesma que o Instituto Histórico e
grupos etnicamente diversos”. Há, em quase todos, uma Geográfico Brasileiro havia estabelecido a partir das su-
valorização de “uma nacionalidade que surge da diversi- gestões de seus sócios, que discutiam como deveria ser
dade”. A congruência de três raças – brancos, negros e escrita a História do Brasil. Considerando a História como
índios – na formação do povo brasileiro é sempre lembra- a genealogia da nação, esta se iniciava com a História da
da. Mas uma leitura mais atenta destes manuais mostra formação de Portugal e os grandes descobrimentos que
as dificuldades em lidar com a existência de diferenças incluíam o Brasil no processo civilizatório.
étnicas e sociais na sociedade brasileira atual. (Kátia Abud. “Currículos de História e políticas públicas: os programas de
(Luís D. B. Grupioni. “Livros didáticos e fontes de informações sobre as História do Brasil na escola secundária”. Em Circe Bittencourt (org.).
sociedades indígenas no Brasil”. Em Aracy L. da Silva e O saber histórico na sala de aula.)
Luís D. B. Grupioni (orgs.). A temática indígena na escola.) Nesses programas, a História era pensada como
Grupioni, entre outras críticas, aponta que os livros (A) um instrumento para o desenvolvimento do patriotis-
didáticos mo e do sentimento nacional.
(A) ignoram a organização social dos indígenas e não
(B) uma ferramenta de construção de uma cidadania
mostram as contribuições oferecidas por eles para a
voltada para a defesa dos direitos humanos.
formação do povo brasileiro.
(B) tratam os povos indígenas como culturalmente infe- (C) um mecanismo de constituição de homens voltados
riores e condenam o direito à cidadania recentemente para o trabalho, a ação política e o belicismo.
conquistado por eles. (D) um processo de valorização da ética política e da
(C) consideram os indígenas responsáveis pelo histórico diversidade étnico-cultural brasileira.
atraso econômico nacional e censuram as grandes
(E) um meio de construção da plena cidadania política e
reservas para esses povos.
social, formando eleitores e a elite política.
(D) enfocam os índios, em geral, no passado e os apre-
sentam de forma secundária, porque surgem em fun-
ção do colonizador. 35. [...] os conteúdos a serem trabalhados com os alunos não
(E) exaltam o descuido indígena com o meio ambiente e se restringem unicamente ao estudo de acontecimentos
discordam do alto custo para a manutenção da polí- e conceituações históricas. É preciso ensinar procedi-
tica indigenista no país. mentos e incentivar atitudes nos estudantes que sejam
coerentes com os objetivos da História.
33. As propostas curriculares de História elaboradas nos (Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. História.)
­últimos anos estão relacionadas aos debates e confron-
Entre outros procedimentos, os PCNs destacam
tos surgidos no final do período da ditadura militar quan-
do se impôs Estudos Sociais em substituição à História (A) escolher temáticas do passado mais remoto para
e Geografia para as oito séries iniciais da escolarização, realizar análises e evitar analogias entre eventos
mantendo-se precariamente as duas disciplinas no 2o grau, passados com situações do presente.
para atender, na prática, aos exames vestibulares e não
como proposta de formação geral necessária para um en- (B) trabalhar apenas com uma versão histórica, a oficial,
sino terminal profissionalizante ou técnico, conforme esta- e evitar o uso de documentos históricos, de análise
va prescrito no texto oficial do currículo para esse nível de exclusiva dos historiadores.
escolarização. (C) identificar e valorizar os verdadeiros heróis nacio-
(Circe Bittencourt. “Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares nais, regionais e locais e privilegiar as reflexões indi-
de História”. Em Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula.) viduais e não as coletivas.
Também na ditadura militar, segundo Circe Bittencourt, (D) dimensionar o caráter a-histórico dos conceitos e
(A) as universidades públicas e privadas, assim como os reconhecer que a História trata das transformações
institutos isolados, deixaram de oferecer os cursos humanas e não das permanências.
de graduação em História e Geografia.
(E) selecionar eventos e sujeitos históricos, estabelecer
(B) o Ministério da Educação e Cultura (MEC) criou me- relações entre eles no tempo, reconhecer autorias
canismos que permitiram a forte aproximação entre nas obras e distinguir diferentes versões históricas.
o saber acadêmico e o saber escolar.
(C) houve a aprovação de leis que valorizavam a carrei-
ra do magistério, principalmente a dos trabalhadores
da escola pública básica.
(D) tornou-se obrigatória a formação de professores de
História apenas por meio de licenciaturas plenas,
com um mínimo de 4 anos de curso.
(E) ocorreu uma forte separação entre as pesquisas his-
toriográficas acadêmicas, nacionais e estrangeiras,
e a produção escolar.
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36. Para que uma atividade seja caracterizada como estudo 38. A transposição didática do fazer histórico pressupõe, en-
do meio, segundo os PCNs, é necessária a tre outros procedimentos, que se trabalhe a compreensão
e a explicação histórica. Podem ser priorizados alguns
(A) escolha exclusiva de espaços de visita efetivamente
pontos da explicação histórica para serem transpostos
históricos, caso das construções coloniais ou vilas
para a sala de aula e comporem o que se denominaria a
operárias.
Educação Histórica.
(B) preferência em analisar regiões que forneçam ele- (Maria Auxiliadora Schmidt. “A formação do professor de História
mentos materiais para compreender a formação re- e o cotidiano da sala de aula”. Em Circe Bittencourt (org.).
O saber histórico na sala de aula.)
ligiosa no Brasil.
Entre esses procedimentos, a autora destaca
(C) presença de uma metodologia específica de traba-
lho, com pesquisa e organização de novos conhe- (A) a necessidade de os problemas a serem discutidos
cimentos. em aula terem origem com os historiadores e de se
usar a ferramenta da causalidade histórica.
(D) rigorosa observação do patrimônio histórico nacio-
nal, regional ou local, objetivando perceber a forma- (B) a importância da simplificação dos procedimentos
ção harmônica do povo brasileiro. históricos e de não se utilizar teoria e conceitos na
narração histórica.
(E) reprodução dos mesmos conhecimentos e práticas
apresentados em sala de aula no trabalho de campo. (C) a cronologia determinada pelos modos de produção
e a utilização do conceito da Teoria da Dependência.

(D) a problematização, o ensino e a construção de con-


37. Não deve existir preocupação em ensinar formalmente
ceitos e a exploração do documento histórico.
aos alunos os ritmos de tempo predominantes em uma
ou em outra sociedade histórica. Deve-se estudar rela- (E) o trabalho com uma perspectiva teleológica e o reforço
ções e estabelecer distinções ao se realizar estudos de de análises pautadas pelo caminho causa-aconteci-
épocas. mento-consequência.
(Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. História.)

Desse cuidado, decorre a possibilidade de o estudante 39. Das figuras políticas, é interessante destacar como
(A) perceber com criticidade os valores predominantes têm sido representados os dois imperadores do Brasil:
na sociedade contemporânea, na qual o ritmo avas- D. Pedro I, sempre jovem, porque afinal morreu com
salador do relógio e da velocidade da informação 34 anos; seu filho D. Pedro II, sempre velho, apesar dos
provoca culturalmente as dinâmicas e as vivências textos escolares darem destaque ao episódio da “Maiori-
entre os diversos sujeitos sociais. dade”, que tornou D. Pedro II chefe de Estado com apenas
15 anos. A ilustração do pai jovem e do filho velho tem
(B) notar que, de forma paradoxal, todas as transforma- causado certa perplexidade aos jovens leitores e falta a
ções científico-tecnológicas estabelecidas a partir da explicação do aparente paradoxo.
Revolução Industrial afastaram os sujeitos históricos (Circe Bittencourt. Livros didáticos entre textos e imagens.
do tempo da fábrica e os reaproximaram do tempo Em Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula. Adaptado)
da natureza.
A imagem de um D. Pedro II velho
(C) reconhecer que a passagem do tempo é mais rápida
nas sociedades incapazes ou desinteressadas em (A) foi disseminada pelos opositores da monarquia des-
contabilizar a passagem do tempo, situação diferen- de a publicação do Manifesto Republicano, com a
te das ordens sociais nas quais há a onipresença intenção de enfraquecer o regime.
das mais variadas formas de relógios. (B) foi institucionalizada pelo Senado com o objetivo de
(D) analisar como o aumento da velocidade nas mais justificar a existência do mandato vitalício dos sena-
diferentes experiências humanas, caso das comuni- dores do Império.
cações, fez com que a ideia do envelhecimento do (C) foi gerada pela própria monarquia, no contexto da
corpo fosse aceita com um fator natural e que não Guerra do Paraguai, objetivando reforçar o apoio po-
pode sofrer nenhuma interferência. lítico ao governo.
(E) comprovar que o tempo é absoluto e a sua passa- (D) foi construída pelos republicanos, após a queda da
gem independe da ordem social ou de outros fato- monarquia, com o intuito de mostrar esse sistema
res e que a ideia de um tempo mais ou menos veloz como envelhecido.
trata-se de uma falsa percepção dos sujeitos pouco
atentos ao movimento uniforme da temporalidade. (E) fez parte de uma estratégia dos apoiadores de
D. Pedro II para reforçar a ideia de uma ordem se-
cular e estável.

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40. Os documentos são fundamentais no trabalho de produ- 42. Houve um episódio curioso ocorrido no ano de 1971, num
ção do conhecimento histórico. Mas, a noção que se tem pequeno e longínquo povoado amazônico, durante a
de documento, as abordagens e os tratamentos que fun- inauguração de um trecho da Rodovia Transamazônica.
damentam a sua utilização têm sofrido transformações Sabemos que a própria rodovia é, hoje, uma imensa fic-
ao longo do tempo. ção, mas isto é um “detalhe”. A tal inauguração coincidiu
(Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. História.) com a exibição, no único cinema do povoado, de um fil-
me sobre vampiros, que causou grande impressão sobre
Nesse sentido, é correto afirmar que, todos os habitantes. No dia da inauguração, foram vistos
(A) para os historiadores contemporâneos, todos os tex- automóveis pretos, em grande número, certamente liga-
tos devem ser considerados documentos, excetuan- dos à comitiva presidencial. Imediatamente espalhou-se
do-se aqueles que não foram produzidos voluntaria- a notícia por todo o povoado de que os vampiros estavam
mente, caso dos documentos particulares. chegando à região, que já tinham atacado outros lugares
oferecendo bombons às crianças, para, a seguir, agarrá-
(B) para os historiadores marxistas, o conceito de docu- -las e chupar o seu sangue. Como consequência desses
mento deve ser ampliado a toda e qualquer forma de boatos, estabeleceu-se um pânico generalizado no po-
registro da existência humana, com exceção dos pe- voado: homens agarrando suas armas, gente rezando, e
riódicos diários, controlados pela classe dominante. mães desesperadas buscando seus filhos.
(C) para os historiadores da chamada História dos Venci- (Elias Thomé Saliba. “Experiências e representações sociais sobre
o consumo de imagens”. Em Circe Bittencourt (org.).
dos, os documentos oficiais têm pouco valor porque
O saber histórico na sala de aula. Adaptado)
são produzidos a partir da versão dos dominantes e,
dessa forma, não dão voz às camadas populares. Para Saliba, esse episódio permite

(D) para a História Nova, caracterizam-se documento to- (A) destacar a negatividade do uso social do filme de
dos os registros escritos da experiência humana em ficção, porque retira a capacidade crítica da maior
um determinado tempo ou espaço, ao mesmo tempo parte da população.
que esta não reconhece essa condição nos registros (B) salientar a função primordial do uso de imagens,
visuais. conforme preceito da História do Imaginário, de re-
(E) para os historiadores positivistas, nem todo texto era produzir a realidade com exatidão.
considerado como documento e, portanto, só eram (C) apontar para a função pedagógica do cinema, que é
utilizados os oficiais, voluntariamente produzidos a de ilustrar os conhecimentos científicos apresenta-
com o objetivo de registrar, por exemplo, aconteci- dos em sala de aula.
mentos políticos.
(D) reconhecer o cuidado da História Cultural com a in-
vestigação acerca da recepção, do consumo e dos
41. Não se discute mais se o patrimônio cultural do país cons- usos sociais da imagem.
titui-se apenas dos bens de valor excepcional ou também (E) compreender como as imagens, mesmo tendo
daqueles de valor cotidiano; se inclui monumentos indi- públicos receptores diversos, transmitem as mes-
vidualizados ou em conjunto; se apenas a arte erudita mas mensagens.
merece proteção ou também as manifestações popula-
res; se contém apenas os bens produzidos pelo homem
ou se engloba também bens naturais; se esses bens da 43. Leia o trecho de uma entrevista com o historiador Peter
natureza envolvem somente os dotados de excepcional Burke.
valor paisagístico ou inclusive o simples ecossistema. Eu me identifiquei com os heróis do movimento e sua
(Ricardo Oriá. Memória e ensino de História. luta contra a dominação de uma história mais tradicional,
Em Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula.) identificação que foi ajudada pelo fato de que o tipo de
história contra a qual Bloch e Febvre se rebelaram ainda
Dessa forma, são considerados patrimônio cultural os
ser a história dominante em Oxford. Pensei vagamente
bens que
em estudar com Braudel em Paris, mas a vida que leva-
(A) sejam efetivamente um construtor da história nacio- va em Oxford também me cativava, e desisti da ideia. O
nal, ou seja, remetam a um evento ou personagem ideal que desenvolvi, entretanto, foi de escrever história
que permitiram o avanço da nacionalidade. ao modo do movimento, mais ou menos sozinho. Tentei
fazer isso num livro que escrevi nos anos 60 sobre o Re-
(B) sejam portadores de referência à identidade, à ação nascimento italiano. Nesse livro, tentei combinar histoire
e à memória dos diferentes elementos étnico-cultu- sérielle com a abordagem alemã de história cultural.
rais formadores da nação brasileira.
(Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke. As muitas faces da história.
(C) reconheçam, no passado remoto do Brasil, desde a Nove entrevistas. Adaptado.)

colonização, o esforço nacional em direção à tole- Peter Burke faz referência, nesse excerto,
rância religiosa e cultural.
(A) ao neopositivismo.
(D) tenham efetiva ligação com os heróis da nacionali- (B) à História Pós-Moderna.
dade, caso dos grandes dirigentes e das lideranças
religiosas. (C) à Escola dos Annales.

(E) demostrem os caminhos nacionais na construção de (D) à História do Tempo Presente.


uma história marcada pela democratização racial. (E) à Escola Metódica.
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44. O aprofundamento de estudos culturais, principalmente 45. Desde Frei Vicente de Salvador iniciara-se a constru-
no diálogo da História com a Antropologia, tem contribu- ção da imagem de absoluta exploração e pilhagem dos
ído para um debate sobre os conceitos de cultura e de portugueses nas terras coloniais da América. Também
civilização. Alguns historiadores rejeitam o conceito de inaugurava-se a imagem da incompetência administrati-
civilização [...]. va portuguesa no Brasil, base do não desenvolvimento
(Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. História.) material e da permanência do atraso cultural brasileiros.
Este argumento atravessaria os séculos XVII, XVIII e
Essa rejeição XIX, encontrando forte ressonância ainda no século XX.
(Eduardo França Paiva. “De português a mestiço: o imaginário brasileiro
(A) resulta de um duplo processo, constituído pelos
sobre a colonização e sobre o Brasil”. Em: Lana M. de C. Simam e
avanços do saber antropológico, hoje com mais ca- Thais N. de L. Fonseca (orgs.). Inaugurando a História e construindo
pacidade em reconhecer culturas superiores e infe- a nação. Discursos e imagens no ensino de História. Adaptado)
riores, e pelos graves equívocos na ciência histórica,
Sobre esse debate, segundo o artigo citado, há historia-
que atribuía aos povos primitivos as condições de
dores no Brasil que, com a contribuição da História Cultu-
terem uma história e não apenas uma etnografia.
ral, têm comprovado
(B) pressupõe que tal conceito foi concebido em meio a (A) a exitosa organização colonial brasileira, realizada
uma geração de historiadores e cientistas humanos de forma a evitar contatos com os outros espaços
em geral, filiados ao materialismo histórico, que não do Império português, estabelecendo, dessa forma,
compreendia a dimensão cultural de povos organi- articulações quase exclusivas entre os diferentes es-
zados para a produção de pequenos excedentes de paços da América portuguesa e as áreas específicas
mercadorias, mas sem qualquer Estado organizado. de trocas econômicas em Portugal.

(C) decorre dos descuidos constantes dos historiadores (B) a presença de estratégias bem elaboradas e empre-
sociais das últimas décadas, pouco atentos à neces- gadas pelos portugueses na colonização do Brasil
sidade de leituras mais abrangentes sobre os povos e de outros espaços coloniais, caso do transplante
sem Estado e sem economia de mercado, ao não e da adaptação na América de práticas culturais,
tratarem das temáticas econômico-políticas e das técnicas produtivas e formas de ocupação da terra
distintas formas de organização familiar. já testadas e desenvolvidas pelos colonizadores em
outras regiões.
(D) implica em tratar dos notáveis avanços produzidos
(C) que os cuidados do Império português com o Bra-
a partir da década de 1980 pela geração dos his-
sil restringiram-se aos aspectos educacionais, o que
toriadores, que compreendeu que as ferramentas
explica a grande presença de missionários religio-
teóricas oferecidas pelas outras ciências humanas
sos, porque a ordenação econômica imposta à co-
são insuficientes para construir análises críticas ou
lônia teve a marca de extrair todas as riquezas ame-
conceituais consistentes e duradouras.
ricanas e não fazer investimentos de grande porte.
(E) deriva da percepção de que o conceito está carrega- (D) os poucos cuidados do Estado português com os
do de uma perspectiva evolucionista e pouco crítica seus domínios coloniais na América, situação ex-
em relação aos avanços e domínios tecnológicos, o plicada pelas outras prioridades dos colonizadores,
que tende a produzir a concepção de etapas suces- como os importantes ganhos gerados pelo comércio
sivas em direção a uma cultura superior antecedida oriental, até o século XVIII, e os lucros obtidos com a
por períodos de selvageria e barbárie. agricultura de exportação de espaços africanos.

(E) a atenção especial dada pelo colonizador portu-


guês em relação à ordenação político-jurídica do
Império Colonial, com uma aplicação especial à
América portuguesa; mas houve descuidos estrutu-
rais, caso da corrupção endêmica, que perpassou
todas as relações entre os colonos e as autorida-
des metropolitanas.

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46. A consumação das lutas contra o domínio português é 47. As reflexões iniciais de Antonio Candido no prefácio da
apresentada através de uma das obras mais célebres da quinta edição de Raízes do Brasil apontaram para o sig-
arte brasileira, representação ímpar da independência do nificado que esse livro tivera no processo de constitui-
Brasil: o quadro Independência ou Morte!, também co- ção das novas formas de pensar o Brasil, a partir da se-
nhecido como O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo, de gunda metade dos anos 30: “os homens que estão hoje
1888. Ele abre o capítulo sobre a proclamação da inde- [1967] um pouco para cá ou pouco para lá dos cinquenta
pendência, referendando a proeminência dada pelo autor anos aprenderam a refletir e a se interessar pelo Brasil
à atuação do príncipe D. Pedro no episódio. sobretudo em termos de passado e em função de três
(Thais N. de L. e Fonseca. “Ver para compreender: arte, livro didático e a livros: Casa-Grande & Senzala, publicado quando está-
história da nação”. Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca vamos no ginásio; Raízes do Brasil, publicado quando
(orgs.). Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos estávamos no curso complementar; Formação do Brasil
e imagens no ensino de História. Adaptado) contemporâneo, publicado quando estávamos na escola
A obra de Pedro Américo faz parte de superior”.
(Paulo Miceli. “Sobre História, Braudel e os Vaga-Lumes”. Em Marcos Cezar
(A) uma ação envolvendo artistas ligados à fundação da de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. Adaptado)
Academia Brasileira de Letras, preocupados em re- São os autores das obras citadas, respectivamente,
velar de forma analítica, por meio da pintura históri-
ca, eventos da história nacional que façam crítica ao (A) Nina Rodrigues, Nelson Werneck Sodré e Celso
colonialismo português. Furtado.

(B) um plano gerado nas faculdades de Direito de São (B) André João Antonil, Ciro Flamarion Cardoso e
Paulo e do Recife, preocupado em responder ao Fernando Novais.
avanço do romantismo por meio de uma arte enga- (C) Manuel Bomfim, José Murilo de Carvalho e Fernando
jada, que condenava as obras e ações de caráter Henrique Cardoso
nacionalista.
(D) Joaquim Nabuco, Carlos Guilherme Mota e Evaldo
(C) um projeto de legitimação da monarquia brasileira Cabral de Mello.
a partir da atuação da Academia Imperial de Belas
(E) Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio
­Artes do Rio de Janeiro, na segunda metade do sé-
Prado Júnior.
culo XIX, na qual havia uma preocupação com a cria-
ção de obras com caráter histórico.
48. É certo que a história operária adquiriu, em pouco mais
(D) uma ação política provocada por setores republica- de duas décadas, um status acadêmico e um determina-
nos e abolicionistas, que defendiam o financiamento do espaço institucional, ainda que dificilmente voltará a
de artistas comprometidos com essas causas e que ter o prestígio extra-acadêmico do início dos anos 80. [...]
pensassem a arte como um instrumento de cons- A história operária viveu seu momento de glória no início
cientização social. dos anos 80 [...].
(Cláudio H. M. Batalha. “A historiografia da classe operária no Brasil:
(E) um movimento de jovens artistas, com formação
trajetória e tendências”. Em Marcos Cezar de Freitas (org.).
na Europa e nos Estados Unidos, que se opunha à Historiografia brasileira em perspectiva.)
monarquia e defendia uma arte que representasse
todos os setores da sociedade brasileira, principal- A importância da história operária, no período citado, tem
mente os índios e os africanos. forte relação com

(A) a fundação, no fim dos anos 1970, da Coordenação


de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes).

(B) a decisiva influência da historiografia francesa, des-


de os anos 1960, especialmente da História das
Mentalidades.

(C) a ascensão do movimento operário no Brasil entre


o final dos anos 1970 e o início da década seguinte.

(D) a reforma universitária estabelecida em meados dos


anos 1970, que estipulou cursos relacionados com o
Brasil contemporâneo.

(E) a criação, nos cursos de graduação de História e So-


ciologia, de disciplinas dedicadas especialmente à
história do operariado.

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49. Tema constantemente retomado na História do país e 50. Os primeiros jesuítas dedicaram particular atenção à lín-
do estado, o ensaio de sedição ocorrido em 1788-89 gua tupi, estudando-a e elaborando, ainda em Quinhen-
em Minas Gerais é, talvez, um dos fatos históricos de tos, algumas obras sobre o tema. O primeiro Vocabulário
maior repercussão e conhecimento popular, largamente na língua brasílica foi composto pelo padre Leonardo do
presente, tanto no imaginário político nacional quanto no Vale (c. 1538-1591), que viveu quase 40 anos entre os
sistema escolar fundamental e médio. Marcada desde índios da Bahia, Porto Seguro e São Paulo, tendo sido,
suas origens por uma série de vicissitudes a ela exte- no início da década de 1570, nomeado lente de Língua
riores ou extemporâneas, a Inconfidência Mineira preci- Brasílica no Colégio da Bahia. Elaborou ainda uma Dou-
sa, hoje, ser submetida a um “jogo de luz” que distinga e trina geral na língua do Brasil (1574), bem como sermões
identifique com mais clareza o que é próprio do evento e avisos para a educação e instrução dos índios na Lín-
e – sem propriamente desprezar ou descartar – o que é gua do Brasil.
fruto da ação do tempo e das práticas sociais em suas O padre José de Anchieta redigiu a primeira Arte de
“leituras” e “releituras” sobre o evento. O que se procura grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil, que
fazer nesse trabalho, é recuar no tempo e retomar em circulou manuscrita largo tempo, tendo merecido hon-
sua historicidade alguns aspectos da natureza, sentido ras de impressão em Coimbra, em 1595, na oficina de
e alcance das fontes que nos informam sobre o even- Antônio de Mariz. Esta obra, de cariz fortemente com-
to, bem como investigar como se deu sua apropriação e paratista, designadamente com o latim, “representa uma
exame pela historiografia ao longo do tempo, bem como nova estratégia de abordagem das línguas exóticas que
sua disseminação no sistema escolar. entram no colóquio universalizante do mundo descober-
(João Pinto Furtado. “Imaginando a nação: o ensino da história da to”. Compôs, ainda, um Dialogo da doctrina christãa, um
Inconfidência Mineira na perspectiva da crítica historiográfica”. Confessionário brasílico, sermões, poesias, cantigas e
Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.). outras obras em língua tupi.
Inaugurando a História e construindo a nação.
(Jorge Couto. “A gênese do Brasil”. Em: Carlos Guilherme Mota (org.).
Discursos e imagens no ensino de História.)
Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação:
Para o autor do artigo citado, a Inconfidência Mineira era histórias (1500-2000).)

(A) um movimento bastante heterogêneo no que se re- Considerando o excerto e as discussões do artigo citado,
fere ao lugar social e às motivações econômicas dos é correto afirmar que
participantes e quanto às ideias que alimentavam o (A) a legislação que proibia a escravidão dos povos in-
projeto sedicioso, no qual não cabia a presença de dígenas condicionava essa liberdade ao abandono
contraposição de dicotomias interpretativas, como das línguas nativas e ao aprendizado do português.
interesses públicos x privados.
(B) a língua tupi constitui-se em um veículo fundamental
(B) uma revolta dirigida por burocratas luso-brasileiros de contato entre os europeus e os indígenas e no
em aliança com pequenos e médios proprietários mi- século XVII recebeu a designação de língua geral.
neiros, interessados em romper laços com Portugal
por causa do Alvará de 1785, que proibia as manu- (C) a rápida disseminação da língua portuguesa por to-
faturas no Brasil. dos espaços coloniais contrastava com a forte resis-
tência dos religiosos, que defendiam a adoção das
(C) uma insurreição armada, liderada pelo Regimento línguas indígenas.
de Cavalaria de Minas, que pretendia a separação
de Minas Gerais e do Rio de Janeiro de Portugal e (D) a proibição do uso de línguas nativas na América
o estabelecimento de uma República semelhante à portuguesa provocou inúmeras revoltas indígenas e
organizada em Pernambuco durante o domínio ho- o consequente abrandamento dessa restrição.
landês no século XVII.
(E) a imposição da língua portuguesa desde o início da
(D) uma revolução social com múltiplas lideranças po- colonização se constituiu em uma política de Estado
pulares, principalmente da guarda paga de Minas e obteve sucesso em todos os espaços da América
Gerais, que questionava a escravidão africana e in- portuguesa.
dígena e discordava dos privilégios oferecidos aos
portugueses em relação aos principais cargos da
magistratura.

(E) uma rebelião organizada pela elite mais esclarecida


de Minas Gerais, formada por grandes mineradores
e comerciantes-financistas e que pretendia retirar a
capitania do jugo português, principalmente por cau-
sa da opressão fiscal, representada pelo aumento
constante de tributos sobre o ouro.

15 PFVA1801/007-PEB-II-História
51. O Brasil não era, em realidade, apenas um, mas era 52. Afirmar que a formação do Estado brasileiro foi um pro-
constituído por uma série de colônias. Os ingleses ti- cesso de grande complexidade não apresenta nenhuma
nham razão quando falavam, nos séculos XVII e XVIII, novidade, e a historiografia recente tem revelado razoá-
dos “Brasis”, pois havia de fato mais de uma colônia. vel consenso quanto a evitar o equívoco de reduzi-lo à
(Stuart B. Schwatz. “Gente da terra brazilinese da nasção. Pensando o ruptura unilateral do pacto político que integrava as par-
Brasil: a construção de um povo”. Em: Carlos Guilherme Mota (org.). tes da América no império português.
Viagem incompleta. A experiência brasileira.
(István Jancsó e João Paulo G. Pimenta. “Peças de um mosaico
Formação: histórias (1500-2000), p. 112.)
(ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade
A expressão “Brasis”, no contexto referido, está relacio- nacional brasileira)”. Em: Carlos Guilherme Mota (org.).
Viagem incompleta. A experiência brasileira.
nada com Formação: histórias (1500-2000).)
(A) a criação das capitanias hereditárias, no início do Tal “grande complexidade” pode ser verificada na obra de
século XVII, durante o segundo Governo-Geral, o
que gerou inúmeros conflitos de jurisdição entre os (A) Sérgio Buarque de Holanda, que aboliu definitiva-
donatários e os grandes proprietários rurais, essen- mente a dicotomia entre “brasileiros” e “portugue-
cialmente referente à política tributária e às formas ses” como chave de explicação para o processo de
de combates aos índios rebeldes. emancipação política do Brasil.

(B) a diversidade e a seletividade na aplicação das leis (B) Capistrano de Abreu, que defendeu a importância
portuguesas na América colonial, o que permitiu que dos aspectos culturais para a compreensão do pro-
cada região recebesse uma ordenação jurídica par- cesso de separação de Brasil e Portugal, porque os
ticular, caso da capitania de São Paulo, onde era colonizadores condenavam a miscigenação étnica
permitida a escravização dos índios, ao contrário do brasileira.
estabelecido no Nordeste, produtor de açúcar.
(C) Emília Viotti da Costa, que apontou para a aliança
(C) a política portuguesa, constituída após a Restaura- entre o príncipe-regente D. Pedro e parcela conside-
ção de 1640, de estabelecer direitos de produção rável dos proprietários rurais, estes interessados na
para mercadorias específicas para cada espaço co- extinção do tráfico de escravos.
lonial, decorrendo disso a especialização do Nordes-
(D) Laura de Melo e Souza, que analisou a tendência
te na produção de trigo e tabaco, e de São Paulo
liberal-democrática da elite colonial em forte contra-
produzindo alimentos para o mercado externo.
posição com a arraigada ideologia absolutista da eli-
(D) a grande extensão territorial da América portuguesa, te metropolitana, especialmente dos comerciantes.
na qual se estabeleceram diversas formas de explo-
(E) Caio Prado Júnior, que advogou a tese de que a inde-
ração colonial, casos da costa entre Pernambuco e
pendência do Brasil decorreu da vigorosa articulação
Rio de Janeiro, espaço dedicado à produção voltada
das classes médias urbanas com os comerciantes
ao mercado externo, e São Paulo, que permaneceu
do Nordeste, todos interessados no livre comércio.
uma área rústica até o século XVIII.

(E) a forte descentralização do poder, garantida pelas


prerrogativas das Câmaras Municipais, comandadas
pelos chamados homens bons, condição que impe-
dia, desde o século XVI, a aplicação de restrições
mercantilistas, como a proibição de navios sem a
bandeira portuguesa aportarem no Brasil.

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53. Durante o período Médici, a política externa orientou-se 55. Ao pensarmos a Igreja Católica na América Latina contem-
por um projeto de ampliação de influência e poder na porânea, de imediato nos vem à mente suas divisões inter-
América Latina. nas com relação ao poder político e aos problemas sociais;
(Maria Helena Capelato. “O ‘gigante brasileiro’ na América latina: ser ou não colocam-se frente a frente os seguidores da Teologia da
ser latino-americano”. Em: Carlos Guilherme Mota (org.). Libertação e os defensores da hierarquia conservadora. É
Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): possível fazer um paralelo entre o presente e o período da
a grande transação.) independência.
Diante dessa orientação da política externa, o governo (Maria Ligia Coelho Prado.
Médici América Latina no século XIX – Tramas, telas e textos.)

(A) condenou o bloqueio econômico da OEA contra Sobre esse paralelo, é correto afirmar que
Cuba. (A) a Igreja na América nunca teve unidade e não obe-
(B) articulou um mercado comum para toda a América. decia rigorosamente às ordens vindas de Roma e,
com o processo de independência, apresentou uma
(C) colaborou com golpes de Estado ocorridos na posição pendular, ora em apoio ao rompimento co-
Bolívia, no Chile e no Uruguai. lonial, ora em defesa da ordem imperial espanhola.
(D) mediou o conflito bélico entre Equador e Peru, em (B) a instituição Igreja esteve ao lado dos realistas du-
disputa territorial. rante o processo de independência e usou a religião
para desmobilizar os rebeldes, enquanto houve um
(E) financiou grandes obras de infraestrutura na Colôm-
número grande de padres incorporados ao movi-
bia e no México.
mento de emancipação.

(C) a Igreja Católica acompanhou as divisões político-


54. No final da primeira metade do século XIX, os Estados -administrativas coloniais espanholas e, nos vice-­
Unidos completavam a conquista do Oeste, preparando -reinados, defendeu os interesses da Coroa, en-
a expansão para além de suas fronteiras nacionais. Em quanto, nas Capitanias, apoiou as teses de eman-
1898, inaugurava-se a era de intervenções armadas no cipação política.
Caribe, com a intromissão dos Estados Unidos na guerra
de independência de Cuba. Depois de breve campanha, (D) os padres seculares, que recebiam ordem direta-
os estadunidenses venciam [...] mente do papado, defendiam a tese da Coroa espa-
(Maria Lígia Prado. “Davi e Golias: as relações entre Brasil e Estados
nhola contra a emancipação política, posição diversa
Unidos no século XX.” Em Carlos Guilherme Mota (org.). dos sacerdotes jesuítas e carmelitas, ativistas de
Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): uma revolução social.
a grande transação.)
(E) a hierarquia da Igreja Católica ficou dividida entre
A vitória estadunidense nessa guerra garantiu aos Estados apoiar os interesses da Coroa espanhola e o projeto
Unidos emancipador da elite colonial da América, enquanto
(A) o controle político sobre Cuba por meio da emenda os sacerdotes condenavam os grupos que lutavam
Platt e a cessão de Porto Rico, Guam e as Filipinas pela independência.
por meio de tratado com a Espanha.

(B) tornar Cuba uma colônia formal estadunidense, com 56. A derivação original de instituições feudais específi-
a indicação dos governantes cubanos até a eclosão cas muitas vezes parece emaranhada em qualquer
da Revolução de 1959. caso, dada a ambiguidade das fontes e o paralelismo
de desenvolvimentos dentro dos dois sistemas sociais
(C) interferência direta na escolha dos dirigentes cuba-
antecedentes.
nos e a concessão para construir o canal do Panamá.
(Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao feudalismo, p. 127.)
(D) influenciar na elaboração de uma constituição demo-
Nesse sentido, o feudalismo
crática em Cuba e conquistar, por meio de acordos,
territórios que pertenciam ao México. (A) associou elementos socais dos suevos a organiza-
ções político-econômicas semitas.
(E) os recursos financeiros necessários para comprar o
Alasca da Rússia e o apoio diplomático da Europa (B) derivou as suas instituições centrais de experiências
para controlar o Havaí. oriundas da Antiguidade Oriental.

(C) amalgamou instituições helenísticas e muçulmanas.

(D) reelaborou mecanismos de controle social utilizados


nas cidades-Estados gregas.

(E) compreendeu uma fusão entre elementos legados


das tradições romanas e germânicas.

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57. Extremamente manobráveis, as pirogas e outros barcos 58. A guerra começou, o terrorismo atacou cada vez mais for-
africanos eram a um só tempo rápidos e tinham capaci- te, independentemente da luta armada decidida desde o
dade para carregar até uma centena de guerreiros. Um início de 1955; os atos mais cruéis ocorreram nos dias
primeiro alerta foi dado em 1446, advertindo os portu- 20 e 21 de agosto, em Collo e Philippeville, onde foram
gueses de Nuno Tristão do perigo que representavam as executados tanto pieds-noirs quanto metropolitanos e mu-
flotilhas da Senegâmbia. Sua expedição teve uma triste çulmanos, como Abbas Allou, sobrinho de Ferhat Abbas.
sina, e outras passaram pela mesma experiência, até Tratava-se, para a FLN, de liquidar com todos os interlo-
que o rei de Portugal enviasse Diogo Gomes para nego- cutores possíveis da nova autoridade francesa, Jacques
ciar as condições de um entreposto no litoral. Ora, o Mali Soustelle, e em especial com os beneficiários do plano de
e seus vizinhos dominavam todo um sistema de rios e terras implantado pelo governo.
riachos em torno do Níger, do Senegal, da Gâmbia, e foi (Marc Ferro. História das colonizações –
a ação concertada das flotilhas armadas que barrou os Das conquistas às independências – século XIII a XX.)
invasores. Foi também essa resistência militar que obri-
O excerto trata
gou os europeus a negociar a maneira de fazer comércio
com as populações. Assim, o rei do Congo comunicou (A) da Argélia.
a João Afonso, um negociante português a serviço de
Francisco I, as condições em que ele poderia penetrar no (B) do Marrocos.
Zaire. Um tratado devidamente negociado está na origem (C) da Tunísia.
da primeira feitoria dos portugueses em Angola (1571),
onde também foi controlado o comércio dos portugueses (D) da Burkina Faso.
naquelas regiões, em especial o tráfico negreiro.
(E) do Senegal.
(Marc Ferro. História das colonizações –
Das conquistas às independências – século XIII a XX.)

A partir do excerto e das discussões presentes na obra 59. Não está claro em que momento os velhos impérios com-
citada, é correto afirmar que Portugal preenderam que a Era dos Impérios acabara definitiva-
mente. Sem dúvida, em retrospecto, a tentativa da Grã-
(A) perdeu o interesse em avançar na ocupação territo- -Bretanha e da França de reafirmar-se como potências
rial na África, a partir da sua chegada à América, por imperiais globais na aventura de Suez em 1956 parece
causa do rendoso comércio realizado com o açúcar mais condenada ao insucesso do que evidentemente
do Brasil. parecia aos governos de Londres e Paris, que planeja-
ram junto com Israel uma operação militar para derrubar
(B) desistiu da sua presença na África por causa da forte o governo revolucionário do coronel Nasser, no Egito. O
resistência militar praticada por muitos povos desse episódio foi um fracasso catastrófico (exceto do ponto
continente, situação que diminuía muito os lucros au- de vista de Israel), tanto mais ridículo pela combinação
feridos com a produção de gêneros tropicais. de indecisão, hesitação e inconvincente desfaçatez do
primeiro-ministro britânico, Anthony Éden.
(C) teve dificuldade em penetrar e estabelecer domínios
(Eric Hobsbawm. Era dos extremos – O breve século XX – 1914-1991.)
territoriais em virtude da capacidade de vários povos
da África negra em se defender dos seus interesses Sobre a “aventura do Suez”, é correto afirmar que
expansionistas.
(A) a nacionalização do canal de Suez, provocada pe-
(D) reforçou o seu interesse sobre Calicute e outras las pressões diplomáticas da URSS, em um dos
­regiões nas Índias, porque as feitorias na costa afri- momentos mais tensos da Guerra Fria, provocou a
cana atlântico tornam-se pouco lucrativas diante dos aliança entre França, Grã-Bretanha e Estados Uni-
novos negócios estabelecidos no Oriente. dos para combater a decisão egípcia.

(B) o governo egípcio aproveitou-se do enorme prestígio


(E) não tinha interesse em interiorizar a sua presença
do pan-africanismo, gerado pelas múltiplas indepen-
em território africano, porque o que havia de mais
dências nacionais no continente, e, para atender aos
valioso era o comércio de manufaturas, que era rea-
interesses de Israel, nacionalizou o canal de Suez.
lizado por meio das feitorias.
(C) a aliança entre o Egito e a União Soviética teve como
decorrência imediata a nacionalização do canal de
Suez, provocando a forte contraposição do mundo
capitalista, através da criação da OTAN.

(D) diante das dificuldades do Egito em conseguir recur-


sos dos Estados Unidos para a construção da bar-
ragem de Assuã, o presidente Nasser nacionalizou
o canal de Suez e atingiu diretamente os interesses
ingleses e franceses.

(E) a decisão de nacionalizar o canal de Suez foi tomada


durante a Conferência de Bandung, dado o interesse
das chamadas nações do Terceiro Mundo em enfra-
quecer as potências neocoloniais europeias.

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60. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de
1789, afirma que “Os homens nascem e vivem livres e
iguais perante as leis”, dizia seu primeiro artigo; mas ela
também prevê a existência de distinções sociais, ainda
que “somente no terreno da utilidade comum”. A proprie-
dade privada era um direito natural, sagrado, inalienável
e inviolável. Os homens eram iguais perante a lei e as
profissões estavam igualmente abertas ao talento; mas,
se a corrida começasse sem handicaps, era igualmente
entendido como fato consumado que os corredores não
terminariam juntos.
(Eric Hobsbawm. A era das revoluções. Adaptado)

Dessa forma, para Hobsbawm, o documento citado


revela-se

(A) uma contraposição aos preceitos teóricos presentes


na obra de John Locke, porque defende a universali-
zação dos direitos políticos e de cidadania.

(B) um manifesto contra a sociedade hierárquica que ga-


rantia inúmeros privilégios à nobreza, mas não um
manifesto a favor de uma sociedade democrática e
igualitária.

(C) contraditório em relação aos princípios dos pensa-


dores iluministas, como Diderot, porque estes defen-
diam a soberania do Estado em relação à sociedade
civil.

(D) preocupado em responder aos anseios mais ime-


diatos da primeira fase da Revolução Francesa,
mas não rompe com a estrutura aristocrática da
sociedade.

(E) em sintonia com as principais ideias de Rousseau,


porque há uma clara defesa da igualdade em todas
as suas possibilidades, ou seja, política, econômica
e social.

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