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st Mandel © Ernest Mandel 2 edigdo ~ amt Editora ~ 2001 IF edigto ~ Editora Aparte ~ 198 Edigéo Original: rnstional Institute for Research and Education, 1986 rd José Contta Leite & capa C200 Editorapto Eletenica ‘Macia Helena Ramos Dados Internacionais de Catalogasio na Publicasia (CIP) (Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mandel, Emest, 1923, © lugar do marsismo ne historia / Ernest Mandel. ~ (2, ed. ~ Sto Paulo : Xana, 2001 ls, Friedrich, 1820-1895 2, Marx, Kal 1818-1883 3, Sovialismo - Histéria . Tilo 01-0033, cop 335.409 indices para eatdlogo sistematico 1. Marxism : Histéria Xamd VM Editora © Gritiea Lida R. Loefgreen, 943 ~ V. Mariana CEP 04040030 ~ 8, Paulo ~ SP Tevitex: (011) 5574-7017 e-mail: xamacd@uol.com br Impress no rast As CARACTERISTICAS FUNDAMENTAIS DO MARXISMO © marxismo aparece 20 mesmo tempo como uma transfor- magio revoluciondria ¢ como uma unificagio progressiv das cigncias humanas, mais exacamente das ciéncias sociaiss do movimento politico de emancipacio, antes de tudo das organizagdes revolucionsirias, nascidas da extrema-esquerda do Re- volugao Francesa; _ Sedo movimento operitio elementarespontineo, criado pelos proprios trabalhadores, independentemence de qualquer teotia f- loséfica ou socioldgica, i ‘Sco socials pré manta ou sc d eabor torde ua sociedad melhor, de shige par. a questo social” seinen nel rio elo ios, cee: Basconimicas combinadas com atividades educativas ¢ 8 (fundacao das primeiras coldnias “comunistas"). eH ura dss ites, Mase Engels part do que ji gee gino plenamenteo saber acumulado co submetem a 8 es transformam, assim, radicalmente ese sa my Conservando, entretanto, tudo que ele contém de fundamen- talmente vA te valido de scu ponto de vista ; de proje- Ei Na rea das ciéncias sociais, a apropria bretudo, a filosofia clissica alemi, & economia politica inglesa ea historiografia socioldgica francesa, que dlescobria e aplicara os con- ceitos de classes saciais ¢ de luta de classes. Na dea do movimento de emancipagao social, Marx ¢ Engels buscam a continuidade da agio ¢ da organizagao revolu- cionétias do modo que surgitam com 0 babovismo ¢ com 0 blanguismo, combinando-as com as lig6es que emanam das primeiras organizagbes revoluciondrias alemas, de cuja experi- éncia participaram, e que resultam na criagio da Liga Comu- nista, A qual eles aderem. Eles retomam, por stia conta, as rei- vindicagdes radicais democriticas das organizagoes que, contra 6 absolutismo, querem inscaurar a repibliea democrdtica na Icdlia, na Ielanda, na Espanha, abolir a escravidao nos Estados Unidos, no Brasil c nas coldnias curopéias. Eles se esforgam por integrar também as lig6es que podem ser tiradas da primeira experiencia de um partido operirio de massas, 0 partido cartista da Gra-Bretanha. Na 4rea do pensamento ¢ da organizagio socialistas (em geral ndo-revolucionirios ¢ até mesmo nio-politicos), eles se esforgam por introduzir a andlise cientifica da sociedade bur- guesa, suas tendéncias de evolugio, suas transformagées suces- sivas, as contradig6es que comandaréo seu declinio ¢ queda Eles aplicam esse método principalmente & anilise da opressio da mulher, iniciada pelas socialistas utépicas feministas. E 0 esforgo para transformar o socialismo essencialmente utdpico em socialismo ciencifico. Simultaneamente, Marx e Engels pro- curam basear o pensamento ea organizac sidade de aco politica, ou seja, de fundir-se com a organizagio ¢ a agio revolucionétias, Finalmente, no movimento elementar de auto-organizagio da classe operiria, Marx ¢ Engels se esforcam por introduzin, antes de tudo, 0 programa (os principios) do socialismo cient fico, do comunismo, 0 que implica que cles insistem, ao mes- mo tempo, no objetivo socialista ao lado dos objetivos imedia- tos, € sobre a acio politica revolucionsria ao lado da agio eco- némica (sindical, mutualista) e educativa, 10 socialistas nua neces 19 (© Lan bo Mans a sro © marxismo aparece, assim, como uma sinsese quddrupla sintese entre as principais ciéncias sociais; » sintese eneee as ciéncias sociais e 0 projeto de emancipagio da humanidades sintese entre o projeco de emancipagio humana ¢ o mo- vimento real de auto-organizacio ¢ auto-emancipacko do pro- letariado moderno; sintese entre esse movimento operirio real ¢ a ago ¢ or ganizacio politica revolucionérias, Ess sinteses nfo sto acabadas de uma vez por todas. Como elas nao sto dogmiticas, como elas nio tem nenhuma opiniio preconcebida ¢ axiomatica, a nfo ser a de que o set humano ¢ objetivo final de toda agio humana, elas sio sempre novamente submetidas é prova da prética, Elas devem ser constantemente reexaminadas luz das novas experiéncias ou de fatos novos rele rentes a um passado ainda insuficientemente conhecido. Mas, nesse mesmo sentido, tudo que nessa sintese jd se apdia sobre um enorme corpo de experiéncias e dados empiricos nio pode ser colocado em questao inrefletidamente & luz de dados parciais, conjunturas, ou sea, de maneira essencialmente impressionista, Um tal questionamento deve ser, por sua vez, ctitieado esujeito a tevisio a luz de fatos posteriores, se eles confirmarem a sintese inical De maneira geral, essas sinteses se baseiam em uma visto de conjuunto da sociedade burguesa e da histéria humana em seus su- cessivos modos de produgdo, ou seja, sobre a capacidade de dedu- ziras leis do desenvolvimento de uma sociedade particular cov~ siderada em sua totalidade. Toda abordagem fragmentiria que Ptocura “contornar” tal visto de conjunto é mais do que sujeita a cautela. Ela resulta, quase fatalmente, em andlises falsas e em revises nao confirmadas pelos fatos. Por outro lado, essas sinteses implica sempre uma apto- Priagio critica dos dados das ciéncias universitarias mais avan- des, assim como uma anilise critica do movimento de eman- Sipagto, tanto no nivel das organizagées tevolucionstias quan- fono das tentativas de resolver a “questio social” e dos esforcos elementares de auto-organizagio e de auto-emancipacao da classe Gbesitia, Nessa apropriagao critica ha um equilibrio dialético Io entre a recuperagio ¢ a inovacio, 20 Eines Manni No espitito do marxismo, considerando-se o método de abor- dlagem do real (das transformagGes sociais) adorado por Marx ¢ Engels, esse equilfbrio ¢inevitével. O marxismo nfo eré na ciéncia infusa e ainda menos no conhecimento intuitivo. Ele também no c comporta como um “educador” unilateral, nem em relago 20 proletariado nem ao movimento hist6rico (3s peripécias da luta de classes). Ele aprende constantemente com o real que est em con- tinua teansformagio, Ele acredita quie os educadores também tém necessidade de serem educados, que apenas a prixisrevolucionsria coletiva, entaizada na pris cientfica por um lado, e na pris real do proletariado por outro, permite essa auto-edueacio dos revola- cioniios e de toda a humanidade erabalhadora

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