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Estruturas Algébricas

Moisés Toledo∗

12 de maio de 2012

1 Solução de exercícios 7,8,9 - Página 215

Exercício 7. Seja G um grupo finito de ordem m. Seja n ∈ N tal que MDC{n, m} = 1.


Mostre que todo elemento g de G pode ser escrito na forma g = xn para algum x ∈ G
Demonstração.
(i) Seja n ∈ N tal que (n, m) = 1, então existe a, b ∈ N tal que an + bm = 1
(identidade de Bézout).
(ii) Seja g ∈ G então
g = g1
= g an+bm
= (g a )n · (g m )b
= (g a )n , pois |G| = m

(iii) Assim dado g ∈ G existe xg ∈ G tal que g = xng (neste caso xg = g a ).


Observação.
• O resultado é obvio se G é um grupo cíclico (considerando x o gerador do grupo).
Assim para todo g ∈ G fazemos uso do mesmo x.
• Se G não é cíclico, então para cada g ∈ G existe um xg ∈ G (dependendo do g)
satisfazendo a propriedade.
Exercício 8. Seja G =< a > um grupo cíclico finito e u ∈ N. Mostre que O(au ) =
O(a)/MDC{O(a), u}.
Demonstração.
n
Sejam n = O(a) e m = M DC{n, u}. Mostraremos que O(au ) = m
.
(i) Seja O(au ) = t, então (au )t = e.
∗ Universidade Federal da Paraíba
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(ii) Como (au )n/m = (an )u/m = e, então t | (n/m).


(iii) Notemos que t | n (pois (au )n = (an )u = e) e m | n (pois m = M DC(n, u)).
(iv) Pela identidade de Bézout, existe r, s ∈ N tais que rm+sn = 1 (pois (m, n) = 1).
(v) Assim n = n · 1 = n(rm + sn) = nmr + n2 s, como tm | (nmr) e tm | (n2 s)
então tm | n.
n
(vi) Por tanto do fato que (n/m) | t e t | (n/m) temos t = O(au ) = m
.
Exercício 9. Faça os seguintes itens:
a) Seja G um grupo e sejam a, b ∈ G tais que ab = ba. Suponha que a e b tenham
ordem finita, digamos O(a) = n e O(b) = m.
(i) Mostre que O(ab) | MMC(n, m).
(ii) Mostre que se MDC(n, m) = 1 então O(ab) = nm.
b) Seja G = GL2 (Q) (grupo das matrizes 2×2 invertíveis com entradas em Q). Sejam
   
0 −1 0 1
a= e b=
1 0 −1 −1

Mostre que O(a) = 4, O(b) = 3 e que o produto ab não tem ordem finita.
Demonstração.
Os resultados são imediatos quando a = e ou b = e, assim podemos assumir a, b 6= e.
Fixamos notação: r = M M C(n, m) e O(ab) = t.
a) Mostraremos que t | r.
• Pela definição de mínimo comum múltiplo temos que n | r e m | r isto é
r = nλ = mγ.
• Assim (ab)r = (ar br ) = (an )λ · (bm )γ = e logo t | r.
b) Mostraremos que t = nm.
• Temos que t | nm, pois (ab)nm = (an )m · (bm )n = e.
• Assim nm = tβ, β ∈ N.
• Suponhamos que nm - t então1 :
? n - t ou m - t, sem perda de geralidade podemos supor que n - t então
n | β isto é β = nλ assim nm = tnλ logo t | m.
? assim (ab)m = am ·bm = am = e, então n | m isto é M DC(n, m) = n = 1
o qual é um absurdo pois como a 6= e então O(a) 6= 1.
• Por tanto do fato que t | nm e nm | t temos t = nm.
1 Aqui usamos a contra recíproca de: a | c, b | c ⇔ ab | c, o qual é a - c, b - c ⇔ ab - c
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c) Um cálculo direto mostra que O(a) = 4, O(b) = 3. Também


   
1 1 n 1 n
ab = ⇒ (ab) = , ∀n ∈ N
0 1 0 1

Assim (ab)n 6= I2×2 , ∀n ∈ N (aqui I2×2 é a matriz identidade de dimensão 2), isto
é a ordem de ab não é finita.

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