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CAMPEONATO MUNDIAL DE FUTEBOL.

Pr Henrique Berg.

O futebol é algo que atrai e emociona, polariza e apaixona. O jogador domina a


bola, faz de conta que vai e não vai, que chuta e não chuta. Engana, dribla,
avança, ataca, supera e… E a multidão aplaude, vibra e delira. Aplaude quem?
Aquele que melhor soube iludir, enganar, sobrepujar e derrotar. Características
de quem são estas? Que posição adotaremos nós, adventistas sinceros que
queremos ser, em face de mais um campeonato mundial desse jogo? Alguém
nos diz: — “eu não sou apaixonado pelo futebol. Apenas quando o Brasil joga…,
sabe, é uma questão de patriotismo”. E a gente fica pensando que sentimento
de patriotismo é aquele. Será que o sentimento patriótico terreno deve levar-nos
a cultivar o gosto por aquilo que não existe no Céu? O fato de torcermos pelo
Brasil não nos levará depois a defender também as cores de uma agremiação
local? E não acabará também tornando-nos apaixonados por aquilo que
abandonamos por ocasião de nossa conversão?
No livro O Conflito dos Séculos, à página 587 (Na edição atual esta referência
se encontra nas págs. 542 e 543 deste livro, que agora conhecemos como O
Grande Conflito), lemos de pessoas que, se fossem levadas subitamente para o
Céu, sentiriam verdadeira tortura por estar ali. Almejariam fugir daquele lugar.
Cultivaram gostos e afeições por coisas que lá não encontram. Não têm prazer
de estar no Céu. A psicologia nos diz que tudo o que vemos, ouvimos,
saboreamos, etc., transforma-se em desejos, gostos, vontades, inclinações, de
maior ou menor intensidade, na proporção do impacto e da repetição com que
foram registrados em nosso subconsciente. A soma dos impulsos gerados por
esses gostos e vontades, que brotam de nosso íntimo, acaba por determinar o
nosso caráter e o nosso destino.
Não podemos pretender o Céu enquanto implantamos em nossa natureza o
fintar, iludir, competir, derrotar. Vaiar o que caiu e aplaudir o autor dessas
façanhas são princípios de outro soberano. Dentro de algumas semanas mais,
quando em todas as ruas e em todas as esquinas os locutores se fizerem ouvir
irradiando os lances dramáticos das jogadas, e no ar poluído de fumaça ecoar o
pipocar dos foguetes, que efeito educativo permitiremos que esse campeonato
exerça sobre nós? Render-nos-emos às suas emoções para finalmente
descobrir que nos inabilitamos para o Céu? Ou faremos dele um ponto de prova
para testar se já nos educamos o suficiente a ponto de não sentir mais atrações
por ele? Sabem, deixar do futebol é tão difícil como deixar de fumar ou de beber.
É preciso muita concentração nas coisas de Deus. Muita perseverança, muita
oração. É preciso cair de joelhos e suplicar que Deus mude a natureza, os
gostos, as vontades. É preciso nascer de novo. Quando isto acontece, o futebol
deixa de ser enfeitiçante atração. O coração não tem mais prazer nele. O gol da
vitória foi marcado.
Revista Adventista, p. 16, maio de 1978.

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