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Guia Legislação Ambiental PDF
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AMBIENTAL
Como destinar Efluentes e
Resíduos Sólidos Orgânicos
corretamente
Índice
03 Introdução
23 Considerações finais
Introdução
A água é usada pela indústria de diferentes maneiras: na incorporação ao Para regulamentar todo o processo de armazenamento, coleta,
produto, nos sistemas de resfriamento e geradores de vapor, nas lavagens tratamento e descarte, aqui no Brasil, assim como em outros países, há
de máquinas, tubulações e pisos e no próprio processo industrial; assim leis específicas, e a legislação ambiental no Brasil é considerada uma das
são gerados os chamados efluentes líquidos industriais, que precisam ser mais completas e avançadas do mundo.
tratados, uma vez que são contaminados com resíduos dos processos
produtivos. Se lançados, de forma in natura, aos corpos de d'água, são Esse conjunto de leis, normas e infrações precisa ser conhecido,
altamente poluentes e degradadores do meio ambiente. entendido e praticado por todos, seja pelas pessoas quanto empresas.
Similarmente, os mesmos processos industriais - bem como a coleta Pensando nisso, preparamos esse material que auxiliará sua empresa a
domiciliar de esgoto - pode gerar resíduos sólidos orgânicos, que atender as leis ambientais vigentes e também a entender sobre a
requerem igual atenção em seu processo de tratamento para que não legislação brasileira relacionada ao tratamento de efluentes e resíduos
venham, assim como os efluentes, causar prejuízos ao ambiente de sólidos orgânicos.
despejo.
Boa leitura!
Também há nosso Código Civil – Lei 10.406 de 2002, que regula a questão da Na esfera federal, o Código das Águas, criado em 1932, foi o primeiro
poluição das águas, o artigo 1.291 determina que “o possuidor do imóvel superior decreto a abordar a preservação dos recursos hídricos do País. Ele
não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos determina que “são expressamente proibidas construções capazes de
possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar, poluir ou inutilizar para o uso ordinário a água do poço ou nascente alheia
ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o a elas preexistentes”. Criada em 1997, foi criada a Lei 9.433/1997 ou
desvio do curso artificial das águas”. Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) que destaca a água como
um bem de domínio público, de interesse comum, cuja conservação é
Vale destacar o que muitos especialistas em Direito consideram: as legislações essencial.
sobre o meio ambiente devem, quando possível, ser unificadas para evitar a
multiplicidade de órgãos com capacidade de interferir, o que pode gerar menos
eficiência à fiscalização.
Conama
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão ambiental Isso ocorre porque, se um Estado ou município adotar um parâmetro
brasileiro máximo e suas resoluções são soberanas sobre Estados e ambiental específico de forma mais restritiva, esse passa a valer para a
Municípios. região, independentemente do que esteja especificado no Conama.
Em 2011, foi empregada a resolução nº 430, que regulamenta e analisa “as Também no âmbito municipal, cada Secretaria do Meio Ambiente pode
condições e parâmetros, bem como as condições, padrões e diretrizes para estabelecer normas específicas para a cidade, mas esses são casos menos
gestão do lançamento de efluentes em corpos de águas receptores”. frequentes.
Essa resolução complementa a anterior, nº 357, de 17 de março de 2005, Estado de São Paulo
que “dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o
enquadramento dos corpos de águas superficiais, bem como estabelece as No Estado de São Paulo, desde 1976, está em vigor o decreto 8468/76, o
condições e padrões de lançamento de efluentes”. qual dispõe os parâmetros para a liberação de efluentes tratados nos rios
ou nas redes de esgoto com os artigos 18 e 19A.
Nos dispositivos legais, estão estabelecidos os limites máximos de
poluentes que podem estar presentes no efluente para que o descarte seja Dentro desse dispositivo legal, estão estabelecidos alguns limites, como o
considerado regular. máximo de poluentes permitidos no efluente.
Outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos É importante que a indústria conheça as leis e decretos para saber
Naturais Renováveis (IBAMA), também são fiscalizadores e têm normas e exatamente qual o seu tipo de efluente, qual o tipo de tratamento
resoluções que precisam ser obedecidas com relação a parâmetros necessário e como se enquadrar na legislação, tanto para saber quais são
permitidos de lançamentos de efluentes. seus direitos e deveres, quanto para obter o licenciamento ambiental e
evitar multas e penalizações.
Legislação nos Estados e Municípios
Lei 6.938/1981 – Institui a Política e o Lei 9.985/2000 – Institui o Sistema Lei nº 11284/2006 – Lei de Gestão de
Sistema Nacional do Meio Ambiente. Nacional de Unidades de Conservação da Florestas Públicas. Normatiza o sistema de
Estipula, por exemplo, que o poluidor é Natureza. Tem como objetivo conservar gestão florestal em áreas públicas com a
obrigado a indenizar danos ambientais que variedades de espécies biológicas e recursos criação do órgão regulador (Serviço
causar, independentemente da culpa; genéticos, preservar e restaurar a Florestal Brasileiro) e do Fundo de
diversidade de ecossistemas naturais e Desenvolvimento Florestal;
Lei 9.605/1998 – Lei dos Crimes promover o desenvolvimento sustentável a
Ambientais. Concede à sociedade, aos partir dos recursos naturais; Lei 12.651/2012 – Novo Código Florestal
órgãos ambientais e ao Ministério Público Brasileiro. Revoga o Código Florestal
mecanismo para punir os infratores do meio Lei 6.766/1979 – Lei do Parcelamento do Brasileiro de 1965 e define que a proteção do
ambiente, reordenando a legislação Solo Urbano. Define regras para meio ambiente natural é obrigação do
ambiental quanto às infrações e punições, loteamentos urbanos, proibidos em áreas de proprietário mediante a manutenção de
como, por exemplo, a possibilidade de preservação ecológicas, naquelas onde a espaços protegidos de propriedade privada,
penalização das pessoas jurídicas no caso de poluição representa perigo à saúde e em divididos entre Área de Preservação
ocorrência de crimes ambientais; terrenos alagadiços; Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
Lei 7.347/1985 – Lei da Ação Civil Pública. Lei 9.433/1997 – Lei de Recursos Hídricos.
Tr a t a d a a ç ã o c i v i l p ú b l i c a d e Institui a Política e o Sistema Nacional de
responsabilidades por danos causados ao Recursos Hídricos. Estabelece a água como
meio ambiente, ao consumidor e ao recurso natural limitado, dotado de valor
patrimônio artístico, turístico ou paisagístico, econômico, e prevê também a criação do
de responsabilidade do Ministério Público Sistema Nacional para a coleta, tratamento,
Brasileiro; armazenamento e recuperação de
informações sobre recursos hídricos e
fatores intervenientes em sua gestão;
Armazenamento
A operação da coleta de resíduos depende do armazenamento apropriado, O local de armazenamento deve considerar a minimização dos riscos de
que deve ser compatível com a classificação, quantidade e volume dos contaminação, além de passar pela aprovação do órgão estadual de
resíduos, conforme determinados pela legislação. controle ambiental e, para cada tipo de resíduo, a legislação dispõe de
diversas regras considerando as características, a toxicidade e os riscos que
O armazenamento adequado reside em otimizar a operação, prevenir representam à saúde humana e ao meio ambiente.
acidentes, minimizar o impacto visual e olfativo, além de reduzir a
heterogeneidade dos resíduos e facilitar a realização da coleta.
ABNT NBR 7500:2013 – Identificação para ABNT NBR 12235:1992 – Armazenamento ABNT NBR 17505-1:2013
o t ra n s p o r t e t e r re s t re , m a n u s e i o , de Resíduos Sólidos Perigosos – Armazenamento de líquidos inflamáveis e
movimentação e armazenamento de Procedimento. Fixa as condições exigíveis combustíveis. Tem como objetivo geral
produtos. Estabelece a simbologia para o armazenamento de resíduos sólidos estabelecer os requisitos exigíveis para os
convencional e o seu dimensionamento perigosos de forma a proteger a saúde projetos de instalações de armazenamento,
para identificar produtos perigosos, a ser pública e o meio ambiente; manuseio e uso de líquidos inflamáveis e
aplicada nas unidades de transporte e nas combustíveis, incluindo os resíduos líquidos,
embalagens/volumes, a fim de indicar os contidos em tanques estacionários e/ou em
riscos e os cuidados a serem tomados no recipientes.
transporte terrestre, manuseio,
movimentação e armazenamento;
Coleta e Transporte
O uso de transporte de efluentes se faz necessário para garantir que os Existe ainda a norma 13.221 da ABNT, que regulamenta o transporte
resíduos cheguem ao seu destino com segurança e essa operação requer terrestre de resíduos, definindo o procedimento adequado para
cuidado. encaminhar os efluentes coletados das empresas. Pela norma, que
abrange os resíduos que podem ser reciclados, reaproveitados e/ou
Os materiais transportados podem conter altas concentrações de reprocessados e determina sua periculosidade, o material deve seguir para
poluentes e o trabalho precisa ser realizado por empresas especializadas e locais e sistemas previamente autorizados pelo órgão de controle
que possuam licenças junto ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio ambiental competente.
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e INMETRO (Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), entre outros órgãos de No Estado de São Paulo, a CETESB exige o acondicionamento e
controle. No caso do Estado de São Paulo, essa atividade também é passível armazenamento adequados dos materiais de acordo com as normas da
de licenciamento pela agência ambiental, a CETESB (Companhia ABNT 13.221 e expede licença, por documento de autorização: o
Ambiental do Estado de São Paulo). Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental – CADRI.
Para determinados tipos de efluentes, o órgão ambiental responsável exige É importante ressaltar que normas técnicas não são equivalentes a leis,
autorização prévia para o encaminhamento a locais de reprocessamento, nem têm, elas mesmas, valor legal. Como o CREA de Santa Catarina explica
armazenamento, tratamento ou disposição final. Em São Paulo, o órgão neste artigo, as normas técnicas são consolidadas por organizações como
responsável é a CETESB e o documento de autorização é chamado de a ABNT, uma instituição privada e reconhecida pelo governo do país como
CADRI (Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental). competente para estabelecer parâmetros de produção industrial (entre
diversos outros). A relação entre estes dois componentes regulatórios se
A legislação federal regulamenta o transporte de resíduos, por meio da estabelece uma vez que a força da lei obriga o cumprimento das normas
resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conama, que estabelece para que haja controle do processo e, consequentemente, de seu resultado
condições para o lançamento de efluentes, e pela resolução nº 430, de 13 final, visando à preservação dos setores pertinentes da sociedade.
de maio de 2011, que complementa a anterior e classifica corpos de água.
Há também a resolução 420 da ANTT – Agência Nacional de Transportes
Terrestres – para transporte de produtos e resíduos perigosos.
Decreto 96.044, de 18/05/1988 – Portaria 457, de 22/12/2008 – Aprovar o ABNT NBR 7503:2015 – Transporte
Aprova o Regulamento para o Transporte Regulamento Técnico da Qualidade 5 – terrestre de produtos perigosos – Especifica
Rodoviário de Produtos Perigosos e dá I n s p e ç ã o d e Ve í c u l o s R o d o v i á r i o s as características e as dimensões para a
outras providências; Destinados ao Transporte de Produtos confecção da ficha de emergência e do
Perigosos; envelope para o transporte terrestre de
Inmetro Portaria 71, de 29/02/2008 – p ro d u to s p e r i g o s o s , b e m co m o a s
Necessidade de esclarecer assuntos ABNT NBR 7500:2013 – Identificação para instruções para o preenchimento da ficha e
relativos à implementação dos programas o t ra n s p o r t e t e r re s t re , m a n u s e i o , do envelope;
d e a v a l i a ç ã o d a c o n fo r m i d a d e d e movimentação e armazenamento de
embalagens e contentores intermediários produtos. Estabelece a simbologia ABNT NBR 13221:2010 – Transporte
para granéis (IBC), utilizados no transporte convencional e o seu dimensionamento terrestre de resíduos. Especifica os
terrestre de produtos perigosos, e às para identificar produtos perigosos, a ser requisitos para o transporte terrestre de
definições de montador e usuário de aplicada nas unidades de transporte e nas resíduos, de modo a minimizar danos ao
embalagem; embalagens/volumes, a fim de indicar os meio ambiente e a proteger a saúde pública;
riscos e os cuidados a serem tomados no
Inmetro Portaria 250, de 16/10/2006 – transporte terrestre, manuseio, ABNT NBR 14619:2015 - Transporte
Institui, no âmbito do Sistema Brasileiro de movimentação e armazenamento; Terrestre de Produtos Perigosos –
Avaliação de Conformidade (SBAC), a Incompatibilidade Química. Estabelece os
certificação compulsória dos contentores ABNT NBR 7501:2011 – Transporte critérios de incompatibilidade química a
intermediários para granéis (IBC), utilizados Terrestre de Produtos Perigosos – serem considerados no transporte terrestre
no transporte terrestre de produtos Terminologia. Define os termos empregados de produtos perigosos e incompatibilidade
perigosos; no transporte terrestre de produtos radiológica e nuclear no caso específico para
perigosos; os materiais radioativos (classe 7).
Tratamento
A principal dificuldade técnica que as empresas enfrentam é a tratabilidade de 3. Define novos requisitos para declaração de carga poluidora de modo a
determinados efluentes, pois cada tipo de atividade-fim gera um tipo diferente não comprometer as metas estabelecidas no enquadramento do curso
de efluente líquido industrial. receptor;
Normas da ABNT sobre o tratamento de efluentes Também as normas da CETESB, L1.022/1994, que dispõe sobre a utilização
de produtos biotecnológicos para tratamento de efluentes líquidos,
A NBR 13.969/97 dispõe sobre os tipos de sistemas complementares resíduos sólidos e recuperação de locais contaminados e L5.511/1984, que
para o tratamento de efluentes e aborda o reuso dos resíduos sólidos, define o tratamento biológico de efluentes industriais – coleta e
admitindo que muitas vezes ele é somente uma extensão do tratamento, preservação de amostras para determinação de oxigênio dissolvido (OD)
não sendo necessário investimento adicionais. em água.
Resolução CONAMA n° 420/2009, que trata da qualidade do solo em Há diferentes tipos de armazenamento, que podem variar de tanques de
relação à presença de substâncias químicas, além das diretrizes para armazenamento, caixas de gordura, fossa séptica e sumidouro, entre
gestão ambiental pertinente a este tema; outros.
Resolução CONAMA n°401/2008, traz referências específicas para As normas da ABNT 7229:1993 e ABNT NBR 11174:1990 definem
os limites de chumbo e cádmio para baterias e pilhas comercializadas parâmetros para o processo de armazenamento dos resíduos orgânicos.
em território nacional, bem como as regras de manuseio ambiental em
relação a este tipo de produto. Recebeu um adendo em 2010;
Coleta e Transporte
Assim como a armazenagem, a coleta e o transporte corretos são
fundamentais para que os resíduos orgânico possam passar por
tratamento e resultar em um fertilizante de boa qualidade e com valor
agregado.
Tratamento
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, em seu artigo 9°, determina que O biossólido produzido na compostagem tem ampla aplicação,
somente podem ser destinados à disposição final (aterros sanitários) os principalmente na agricultura, pois, além de ser rico em nitrogênio e
rejeitos, ou seja, só os resíduos que não podem ser reaproveitados. fósforo, principais nutrientes dos vegetais, aumenta as condições de
enraizamento das plantas e a capacidade de retenção de umidade.
No caso dos resíduos orgânicos, existem basicamente três tratamentos
mais comuns: a incineração, a biodigestão e a compostagem. A compostagem permite ainda que a transformação dos resíduos
orgânicos em fertilizante agrícola reverta-se em créditos para metas de
A incineração é, essencialmente, a queima controlada dos resíduos, ambientais e reciclagem, por exemplo.
processo que deve seguir a norma específica anteriormente citada para
evitar riscos físicos durante o processo em si, bem como a liberação de Entre várias normas e resoluções sobre tratamento
gases danosos ao ambiente.
de resíduos orgânicos, destacam-se:
A biodigestão é um processo anaeróbico de decomposição orgânica que
Resolução CONAMA nº 358/2005, de 29 de abril de 2005 – Dispõe
tipicamente libera gás carbônico e metano, o qual pode ser reaproveitado
sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
para a geração de energia. Este processo ocorre basicamente de duas
saúde e dá providências;
formas: biodigestores sem ou com automação e controle
(respectivamente, chamados de biodigestores indianos ou alemães).
Resolução CONAMA nº 375/2006, de 2 de agosto de 2006 – Define
critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgotos
Finalmente, a compostagem é entendida como a forma mais eficaz de se
gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos
conseguir a biodegradação controlada dos resíduos e é o processo que faz
derivados, e dá outras providências.
uso de um princípio natural de decomposição da matéria orgânica na
presença de oxigênio. Trata-se de um processo biológico, no qual os
microrganismos, por meio da biodegradação, transformam resíduos
sólidos em um composto e todo o material de origem animal ou vegetal
pode entrar na produção desse composto – biossólido.