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Aspectos históricos Greyce

O quilombo que Luanda morava chamava-se Dionizio e com o tempo passou


a se chamar Dionizios, Dionisio na história da mitologia grega foi o deus do
vinho e do dinamismo, e era um lugar mesmo dinâmico pois era comum um
dia amanhecer ensolarado, entardecer chuvoso e anoitecer estrelado e um
lugar que só existem negros nativos da terra( pág 34). O homem que descobriu
essas terras chamava-se Dionizio Antonio Vieira, um ex-escravo que viera de
Salinas de Minas Gerais, veio no lombo do seu cavalo, e tentou a vida entre
1872 e 1890 chamado antes apenas de Mato Grosso. Luanda conta baseado
nos relatos dos antepassados, que ele se instalou na Mata do Segredo em
Campo Grande e conheceu Sebastião Lima uma autoridade da época, que lhe
indicou uma área afastada da cidade, um local para alguém que estivesse com
vontade de trabalhar com terras.

Mais tarde Dionizio voltou e trouxe sua mulher e os nove filhos, e ate hoje
seus descendentes vivem no quilombo, alguns por opção.

Quando Dionizio chegou construiu uma casa de pau- a –pique para morar com
a família, fundou a comunidade em 1901, deu seu nome aos 900 hectares, e
requereu as posses das terras, seis anos mais tarde, na época, tinha 914
hectares, e deixou de herança 114 para cada filho, e atualmente restam apenas
580 hectares, segundo o Idaterra, um órgão publico do Mato Grosso do Sul, e
muitas terras foram vendidas muito barato. Diziam que sua casa e de seus era
de assoalho de madeira, para fazer bastante barulho quando dançavam, nesta
casa moravam seus nove filhos: Abadio Dionisio, Antonio Dionisio, João
Dionisio, Jacinto Dionisio, Manoel Dionisio, Jose Dionisio, Valeria Valeriana,
Dorvina e Maria Luiza da Silva. Valeria era apenas filha da Joana Luiza,
mulher de Dionisio, tinha também um rapaz de nome Abrão que morava com
eles mas que não era filho legitimo.( pág 34)

Dionizio morreu por volta de 1920 e foi enterrado num caixão feito pelos seus
filhos e foi sepultado no quilombo.

Nesse quilombo Luanda tinha como amigo, que ela chamava de Professor,
esse professor foi o primeiro docente do quilombo que conseguiu um curso
superior em quase 200 anos de história da comunidade. Ele foi para a cidade
estudar, se formou na faculdade e retornou para o quilombo.
Aspectos históricos / Raquel

O primeiro capítulo já mostra a narrativa do local em que, Dionísio


conquistou suas terras, que hoje é o local onde fica a comunidade quilombola.
Furnas de Dionísio fica situado a 40km de Campo Grande, na cidade de
Jaraguari.

Ao contrário de muitos outros quilombos, Furnas de Dionísio foi fundado em

1890 após a abolição da escravatura, decretada em 1888. O “seu” Dionísio Antônio

Vieira e sua família, vindos de Minas Gerais, levantaram a primeira casa, feita de pau

a pique, sapê, muita argila, e até esterco de vaca.

No início do século XX, o comércio era praticado no quilombo, com venda de

produtos como querosene e sal e outro. Devido à proximidade com a capital Campo

Grande, era facilitado e o transporte era feito em animais ou carro de boi. Os produtos

de Furnas de Dionísio tornaram-se famosos pela sua qualidade. Atualmente o local é

habitado por cerca de 90 famílias. (http://iiabcg.org.br/furnas/ acesso:02/06/2018

22:52)

Na região existe uma escola, que atende os quilombolas, que leva o nome
de Zumbi dos Palmares, um grande de nome, que representa toda a luta do povo
afrodescendente, por liberdade e igualdade de direito. Zumbi dos Palmares, que
nasceu livre, mas foi escravizado. Foi adotado por um padre que lhe dera o
nome de Francisco, aprendeu português, latim; e como o professor da história
de Luanda, voltou para liderar seu povo, não abandonou suas raízes. E voltou a
usar seu nome de batismo, Zumbi. O livro lembra que os negros não
comemoram o dia da abolição da escravatura pela então princesa Isabel, no dia
13 de maio, mas comemoram o dia nacional da consciência negra, que é no dia
20 de novembro, o dia em que Zumbi foi morto, mostrando assim, a verdadeira
ideia de liberdade e igualdade. Isso ocorre porque a abolição da escravatura, os
negros não foram, tratados com humanidade e também não tiveram
oportunidade a trabalho, ou estudo, ou o viver em sociedade, simplesmente
foram excluídos das senzalas e jogados a própria sorte.

A comunidade amargou durante décadas o desconforto da falta de estrutura

básica para uma vida com qualidade. Em 1984, a prefeitura instalou uma sala de aula

para alunos do 1º ao 4º ano. Quase duas décadas após, os jovens puderam cursar o

Fundamental II e o Ensino Médio, sem precisar se deslocar até Jaraguari todos os dias.

Somente em 2013, as crianças de 5 anos puderam contar com uma sala de Educação

Infantil. Os jovens que concluem o Ensino Médio carecem de estímulo para sonhar com
um curso superior e vencer as etapas para consegui-lo. Poucos são os que concorrem

ao sistema de cotas para o ingresso em uma universidade.( http://iiabcg.org.br/furnas/

acesso:02/06/2018 23:00)

O que se evidencia é a importância das tradições e o respeito aos mais


velhos, pela sua sabedoria de vida e ciência prática. Os mitos e lendas, saci,
mula sem cabeça; conservados pelo tempo e pelas histórias vividas e repassadas
de geração em geração. Das brincadeiras de roda, as cantigas e os versinhos
eternizados pela vó Tiana; esta também contava que seu bisavô acreditava que
os homens tinham que estudar, porque “pai arrumava professor pagado para
ensinar só os homens […] as muié ficava na lida da casa, mas a mãe tinha que
ensiná trabaiá...” (SILVA, 2004, p. 36, 37). Na roda de fiar, ao – fazer roupas
para as crianças, as mulheres usam sua criatividade, aliando história e tradição
no feitio das coisas. É assim que Luanda, ao reafirmar sua identidade, escolhe
a bolsa feita artesanalmente na comunidade, por mãos de parente. As rezas
feitas pelas benzedeiras, a conservação da religiosidade quilombola, o respeito
pela religião, mesmo com a troca dos nomes (sincretismo), para os santos
católicos. Luanda ironiza, pois quando um negro faz suas preces e patuás é
macumbeiro, mas quando um branco aparece dizendo que você deve trocar de
nome e fazer algumas mandingas, passa a ser visto com bons olhos, quase que
um santo.

A preservação da prática de partos com parteira, e os remédios


medicinais totalmente naturais, tudo advindo da natureza e do conhecimento
perpetuado. A fé e a crença em milagres vindo do céu, como a espera da chuva,
a promessa cumprida e prontamente atendido o pedido desse povo de fé. A
história do enfraquecimento da terra, pelas plantações, tudo era fartura lembra
o veio, mas agora a terra é fraca. O conhecimento de como a natureza se
comporta, quando plantar, quando colher, quando é preciso pedir aos céus
chuva, tudo isso é respeitado e faz parte de todo um contexto histórico do povo
quilombola.

O racismo sofrido por Luanda, mostra o sofrimento de uma criança, que


precisa conhecer a história e a luta do seu povo, erguer a cabeça e ter orgulho
do seu cabelo, sua pele, e nunca querer se parecer com um branco. Luanda tinha
a ideia pela educação que lhe foi dada, que esteticamente, bonito era ter olhos
azuis, cabelo liso e pele branca, mas com o auxílio do seu amigo professor, viu
que as diferenças são necessárias, cada um é um ser completo e não precisa ser
igual a todos, mas mostrar suas origens e se destacar pelo que é. Na educação
ocidental, o racismo é velado em alguns casos, mas existe de fato, e as crianças
sofrem com a discriminação, e o Bulling que sofrem no decorrer da infância,
juventude e que se perpetua na sua vida, infelizmente. Desde Zumbi, a abolição,
os negros lutam por igualdade de direitos, e contra o racismo, o nosso dever
está não em dizer eu não sou racista, e sim praticar eu sou contra o racismo.

Ainda existem várias lutas para o povo quilombola, uma delas é ter
educação de qualidade sem precisar se ausentar da vida em sua comunidade, o
acesso à educação, saúde, e a perpetuação de sua história, pela implantação de
museus e mais incentivos a cultura, como mais lançamentos de livros como
esse, são essenciais, para uma melhor qualidade de vida. Aqueles que se
obrigam a se ausentar, para estudo ou tratamentos médicos, sofrem um dos
piores castigos que tem numa comunidade que é a perda da convivência com
seus iguais.

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