Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Todos os anos, o FMI oferece vagas para cerca de cem economistas, muitos
deles recém-formados pelas mais prestigiosas faculdades- Harvard, Stanford,
MIT, Chicago, Oxford, Cambridge e a London School of Economics. A orga-
nização à qual eles vão se juntar tem 2.300 funcionários, incluindo advoga-
dos, técnicos em computação e todo tipo de pessoal de apoio. Mas o núcleo da
equipe é formado mesmo por mais de mil economistas.
A nova sede da instituição fica na rua 19, no centro de Washington, a três
quadras da Casa Branca. É um prédio de pedra calcária, de 13 andares, com uma
entrada onde estacionam a todo o momento uma ou duas limusines trazendo
dignitários em visita. No lobby, que tem um átrio iluminado pelo sol e um chão
de mármore polido, reina um clima cosmopolita, graças ao burburinho de gen-
te falando em espanhol, francês, árabe e outras línguas conhecidas dos funcio-
nários (que são obrigados também a se expressar fluentemente em inglês) e que
exibe casualmente seus crachás para passar nos postos eletrônicos de segurança.
Embora predomine o traje sóbrio usado por homens de negócios e executivos,
de vez em quando se vê um turbante, um cachecol ou um dashiki que servem
para dar um toque de colorido e pitoresco. Os membros da equipe do FMI se
originam de mais de 120 nações; 25 por cento são americanos.
Os novos recrutas se deixaram atrair, em primeiro lugar, pela remuneração.
No ano de 2000, o salário inicial para Ph.Ds. ficava entre 63.000 a 95.000 dóla-
PAUL BLUSTEIN
3ô V E XAME 37
l!I!l o rçaIDt!!:l {v
.,," - ~-r.aT"'~-
~
~ \,,! ~ ,.,. • - f.. ...........
~~.; -, .• n e ~.,. .3
!' - -
' - "" _ ..,. .... ... - .... . \..:
.i5 tll15 de ·~:-os.. .:ie rno~o 3
.& 1nw:f\ :a J.a -, U.lt. l ~ JJ lurtC" , nu_:, ~d preci ~o. ~ sim me;,mo, red uzu J_:, impo ri.1ções e aumentar
.l.>. <:l.po rt.iç óc1o J fim dé di~por dé mei0:. Je p.1gar de, olta os empréstimos re-
, .!1: h.lu L 1 u J. de
~c-0 111.>:..
i n .. ,. 10 ,1o i ;ih i" 1-q~r
Oi. .tluno s vlo ter que escolhe r w n .l lm ha de auque: deve o governo dimi -
1.atnl..,ló Jc ,,.n•o~. bc n 1,l m• :i:mK
nuu o Jl•ficit o rçamentár io rm:dia ntt" . 1 nuioraç.lo de 1mros tos e a contenç::io
Jc ( fm.t ~ .e r.a \ i',IU.C :t , l•!.I Jc .í, U:,fo •' :tl (1
dos gastos oficiai_:,? O u d\.·, e .1ument.1r .i_:, l.U.b de juros e res tringir o füLxo de
dmhei ro? E. quase ceno -1 ue .1:. ft':.J)<)st.11o ao:. do is itens :.er..1 afirmath·:i. o que
resta é_fi.x.ar qu,mtu. l'oi~ em ho r.1 as consequenc i.1s das mediJas sejam peno-
sas, tal5 c..,on:o ~ument u lia t.1J".1 Je di::.empr~o. n.lv hj_ duv idas de que O pais
tem d~ 11111111111/Jr os .. ul>lO:, de imporl.1ç,k s, o que leva à re:.triçào de g.1stos
4 ,
V E XAM E
era Í.O\~ .ri.1, dmentr a..x:..<.o de:> g.isws do gowrno - resultando em grandes
deõa ts o rç:unc.>n 1.1n~ - ou .¼qll.btÇ..30 Jc:> w11J .ibund .mcia de .uugos estrangei-
ros., est imubndo a c'(Onornw . O) empr~nmo:. Jo F.\11 lhe.-, possj b1.btavam não
lt'r de inte-rrompc:>r bru:-.:Jmenlt' .1.:, m1pon.1,ot's. E ..l:> rt'..:omend..tçôes trndicio-
n .1 i:, J e J u.:,lerid.i-i<' t'e11Js pelu FunJo. con1irm.1J.1:, em S<'US efeitos pê.la expe -
rién('LJ de mu-111.>:, Jnos , .ijuJJvJ o:, p.11.:,.ê:, .1 JJU:,Wr o e:,lilo de \'Íd.1 n.1cion.1l à
.e
capJoJJdt' JlroJuli, J..
1'0 entanto, o:. nu, 1.h 11pm J(' crise:., ,-ham.idJ:, por .11guns funcion .iríos
\ 1 :t1 do Fundo de · a, ~i. do :,t'l:u.lo 21 ". !'Od('m surgi r por razoe::. mu ito düú e ntes.
1)
/,,'1, ~-
Agor;i que o Rrb.lnhu E.k t ró ni..:o ll'lll m.11 o r liberdJJt' de env idí d inhe iro
' .' cekremente aJt'm -frontc:>i rJ:.. um p ,l lS podt:· sofrer unu :.ubila cri::.e de di,·isas
ilfl1ph•:,mcnlt' porque mu 110~ nwmhrus do I,t•bJnho q ue m , c:>st ir .1m n aquele
r J
e ~.tü d.e rc.-ixnte fiLlr Jm a:s:, u:,t.1do:.. N.1L1 irn po rtJ que o ~O\'tT n o d o p.11s este Ja
·, . mJ.n tendo o orç.1men10 den tro Je lilllitcs r-1.LL>.1,·e1s e é ~lcJd prud enk'menk
.:.: oo rH-e111.io J ofc-rl.l de dmh<!i ro. hso 11.10 ,ú n t.l , ,1 p ,1 rtn Jo momento em que o
,, e ' l. ~ S(.
' .!e Rc-b.lnhn ( Omt"Ç-1 J !>(' pr l•o.:u p.ir ~-0 1n o qu~· lht' pa rece :.er n ,cesso de nu us
,! 1 '1 ,- U' (' 1 12. <."mpre~tillll>:. rnnú.•JiJos pl'lo~ b.11h:os 11 .1.:io11JÍS, o que p ode' le \'Jr J in-:apaci-
ti dade <.lé p,1i;J r 1.1) 1. omprom b-~us .1:;.~ um iJ us 110 exkrio r.
.! \ t •e \ m. l:.m t,lb i:,.bo:., u rl!'ml-Ji u trJJi(io n.1I 4u1.' o Fl\\ l p rnpõc - (.ortcs pro fu n -
1 1 d o~ nu 0 1~ Jmc1 1t1.1 uu ú )l!>,l p.irc( iJJ - 11.\0 é 11<.'(t':,.:,.Jri.rn 1l'll ll' \og ico; p0de
e , att- pi otJr ,1 >tl UJ(.\O . N.1 A~i .l, -:1.rnfonfü• Kh an .1dmitt', 0 Fundo St' m os tro u
mu110 knt t1 t'tll .th.rn J 0 1ur .1 r i);ida d1.• ~1.· us m oddos: .. P.lr J sa fran co, adota -
i 1 m o:. n1C'<l 1d .b Jt• 1>oh t11.J:. t r.1i.f a:io nais. Qu.1I é a reJçlo iml'diata? Bem , é mui -
to rn ro que :.e (tHn1.•tJ um nro ao aco nsdh J r Jumen to d e taxas Je juros e
t, r poht1-.,.1 !iscai nJJ1 :. re:.tri tiv.1. Pen so que no~.1s dt'il'g,1ções enviadas à Ásia es-
1 'l t.wam .:ondk ion .1da:. a cssc tipo de r,h:iodn io . M.1s. (O ll1ü é fa..:i l dt' imaginar,
1' ' 11 0:.:.(h , un-o:. m Ji:. atuJ1i1..ados passJ ram J p referir urn J abonügem quedes-
d• • q Jr ru,c · 1•.1110n t,il!0:1
J 1 taco a n nc:ssidnde de refletir bem sobre o .1s.., unto t' aprofundar nuis ,1 ques-
, •.:a rH· •e \n tc-•J.••
'li t:lo: prt'( iso mo:. me~m o m aj orJr as t,1)..1S J1.• ju ros? E por quê?"
1 f e"l ' C" \t u1 t ,u f 11
O pior, ac rescentou KhJn , é que .1 m.l!or p.1rtc:> Jus fun ci1.Hl.írios do Fu ndo,
' ,• 1:- l ro
., 1 n, • " i , u l!hl!1t.1nl<' -.uc
aq ueles que seguem um a orie ntJ ç,\ o nu( rot.:n nóm i.:a , n.i o tem uma co m -
I\ ( 1 li r'...o !• 11 .: e :nprc !Jt .h cmJ'h '"1< l0l 31~ p reensão adequ ada dos rn mpkxú~ p roble111Js band rio s que vkrnm à ton.i na -
.1
V
Rebanho começa a se preocupar com o que lhe parece ser excesso de maus
é garantido que nossa teoria econômica funcione:' Eis a razão: no mundo atual, empréstimos concedidos pelos bancos nacionais, o que pode levar à incapaci-
as crises podem ocorrer por motivos diferentes daqueles que atuam no caso dade de pagar os compromissos assumidos no exterior.
tradicional de um país que sofre um grande déficit de conta corrente. Uma Em tais casos, o remédio tradicional que o FMI propõe - cortes profun-
vez que o capital goza hoje de maior mobilidade do que nunca, os países se dos no orçamento ou coisa parecida - não é necessariamente lógico; pode
mostram mais suscetíveis diante de súbitas retiradas de fundos estrangeiros, até piorar a situação. Na Asia, conforme Khan admite, o Fundo se mostrou
qualquer que seja a causa. Uma retirada pode se originar de algum ponto fra- muito lento em abandonar a rigidez de seus modelos: "Para ser franco, adota-
co no sistema bancário nacional, no qual tenham sido investidas considerá- mos medidas de políticas tradicionais. Qual é a reação imediata? Bem, é mui-
veis somas vindas do exterior. Um país pode, assim, acabar com falta de moeda to raro que se cometa um erro ao aconselhar aumento de taxas de juros e
forte, muito embora não tenha vivido acima dos seus meios, no sentido con- política fiscal mais restritiva. Penso que nossas delegações enviadas à Ásia es-
vencional. tavam condicionadas a esse tipo de raciocínio. Mas, como é fácil de imaginar,
Para empregar o jargão dos economistas, diríamos que esses países sofrem nossos cursos mais atualizados passaram a preferir uma abordagem que des-
taca a necessidade de refletir bem sobre o assunto e aprofundar mais a ques-
de "crises de conta de capital" e não de "crises de conta corrente." Antes dos
tão: precisamos mesmo majorar as taxas de juros? E por quê?"
anos 90, o FMI se limitava a lidar com as crises de conta corrente. Muitos paí-
O pior, acrescentou Khan, é que a maior parte dos funcionários do Fundo,
ses, especialmente do mundo em desenvolvimento, limitavam o montante que
aqueles que seguem uma orientação macroeconômica, não tem uma com-
os est rangeiros podiam investir nas Bolsas ou emprestar às empresas locais.
preensão adequada dos complexos problemas bancários que vieram à tona na-
Os países podiam tomar empréstimos de fora somente com a finalidade de quela região. Ao reconhecer essa falha, o Instituto do FMI, que treina não
~bter divisas para financiar a aquisição de bens importados ou financiar pro- somente novos recrutas, mas também experientes economistas, apressou-se em
Jetos de infra-estrutura governamentais. Quando eles viviam acima de seus expandir seu currículo, ao surgir mais uma crise. "Muito [do material do novo
meios ou tinham esgotado a disponibilidade dos cartões de crédito, a causa
PAI.li.. OI.UITIC IN
VI 4 j
conta dt cap1'tal só acollkll.'lll cm• p,1h.tll ,. tp,111.'!i de ,llr ,11r v11lt11 \1i 1 ,11 ,11., 1p1i p,tl\ \l'glll' (1 \ p,u lr 111 \ d.1 t 1 1,d ttlt f l {1) r, ,,. t 111 : ro,•• ,,. r ,, , 1 p,
vado. Ora, isso cqui\'ale a ui11.1 rn111uri,1, no mundo cm <lcM·11v111 vi 11 ,c,,t,i.'' p,tÍ ,t:\, ,l 111 11 d ,• t:i/1( li ,l , l\'' dt f \ 1• l 'rrfl
Mas 1. precisamente c,~c tipo de t me o que t~ m,1i., dé'i t111id11, , " 'Ili . . .
~ C lll,ll\ A \\ 1111 , 1 Xl\!l'. lllllJ lt fl 11 1, lltr I t 1 'r< 1 J I
r1 li t 1il1 Jt , 1 r J
afeta outros palliCli, e Omai) dillc1l lk t<m ll't. "N:\o , .1bt' ll Hh 1111c , c1. 11, ºL' \ L'Lo . c.011h1'l lllll' lll1 1, c,pnr 11.1 ,d,,, ,lir, , , 1 t , , 1•, p 1 , 11, h\ 1 1, 1 ou
nõmicas ,ubjacentcs t~m rnndiçõl·~ de :.e m,1111er t·m um tl 1111 ,1 d1 · p. 111 ,t,,. I· lrm dt:p,11 t.1111 e 11ti , , C'!lll!J o l'I ili, •p,t t p•:, 111 11•,t,11 ,10 , 1ut dt 1111 m de
aiats de conta de capital são 5ituaçõcsc.k pl nicu", expli cou Kh ,111. "A~ p1:,, n,i~ "d1c11tdl\1111 >". <.)11 llllf,, o, Llt,111,1111 • 1 d, u111 d p ,, 111111110 1,111 u111 1•11tm
procuram agir O mais rapidamente possfwl. Quando o p:1 11 1w rc,tl,n cutc \e Ílt.:M de ,11.01 J o 1..11111 c.okt•J d 1,111111, o r 1 , 11 .r, d, fl lt nt 1111 d1q~.ir J
instala, todas as supo~i\ões se torn.1m in\'.\lid.1-.. Al gun1 .i s rn "·'" po<l1:rn Ulll,1 (i't11nu l.1 c.on,1l1JIOri.1, \t 1 \() f Ih J (J 1 ' IJ ,Jl p (J J .irl11tr..irtm de,
funcionar, outras não, impossí\'cl ter <.:erlc,..i. N1lo se w11 ,cguc s,tl11.• r como diretor l.'Xec.111tvo ou r,eu c1d1u1110.
ragir.ª "!'osso lhe d11.er c.tue h.1, d fato dt pu'J J<. 1< r d . ma tudo l ,, wlv1do
dentro d,1 própn.1 org.a1111J\.lo, firmou !i.11,h 11 >ool ,', tX fun,1011ár10 Jo
l·MI, atu.ilmente lt:c.1011 ndu C(.011on111 IIJ l 1111>er 1d.idt: d.i (..Jlifor 1111, em ',anta
Cru,. "lno cria a unpn: ~o. \cndo de lorJ, de que o l undo é um c111,d.ide
uniforme:? Sim, ena me mo ~ fo se de outra forrnc1, urg,rnm qucrx.iu de todas
Aomamotempoemqueaprendem o modelo tradic.ion.il de ,1juJ.1 a um pais
as p,1rtcs: como é que vocts nau M: entendem' Afiruil, o I undo mio pode fica r
emdificuldades,osjovensfuncionáriosdo EMI fiLarn 1,abéndo que ,·~o tcrdt
mudando de 1dfot a cada 6Cm,ma. Os mercados firunceiroi otão de c,lho l.n•
tnbelharc:lentro de uma estrutura rigidamente hicrarquitada. quanto vocês d1SCUtem, Roma csul. pegando fogo."
Os debales aconlcam no contalO de um mtem.i alt.tmente eitruturado
• clocnmento- raultado de semanas de di~~u,~ocs com Ji fc rcn tc:, di:pa r- no qual os economist..as menos categorizados, depois de expressarem ,u:u op1•
temen!ol da instituiçlo-que vai servir de bJ)C para ncgoci,1çõcs com o go• niõc:s, cerram fileiras de apoio a uma decisão , upt"rior, mesmo que não c.on•
Wdopúa.AdelepçiodoFundo deve se ater ao conteúdo do documento, cordem com ela. "Há uma hierarquia iuer)~cl", diz Lanr.a Papí, que deixou o
.., WlO de pouca IDIIFJD de flexibilidade, o que só é concedido a alguns Fundo no final de 1997 para trabalhar num banco comercia]. "Como membro
, - . prmlqiadoa chefa de missão. Mesmo quando compreendem e aca· do grupo, voe~ pode discutir, mas chega o momenlO em que a palavra decui-
• • lkie~ das autoridades do país - o que ocorre com frequência - va é do chefe da mijsão, que determina qual deve ser o ponto de viu.a a ICf
......... lládeaerclebatida de novo com a sede do FMI em Washing· adotado sobre um certo país. Mas ele 1.ambffll não manda no FMI, t.cm de
-~•poder
i t a...e-.... l'IIE'-..:IU
aer feita alguma conccs,ão ao ponto de \'i sta dos
.,_.__ ~ncias internas a gente de fora const1tu · ·1 gr3,·e
checar suas idéias com o escritório cemraJ, um grupo formado de diretores de
departa mentos, e estes vão, por sua ,-ez, consultar a Administração (quer di-
zer, o diretor admínistrati\"O e 6eU victJ. Mesmo quando IUJ'getn dr.erg!ncw.
.-.a de 6ripliae O Fundo precisa dar a impressão (às autoridades dos
elas tendem a desaparecer porque o chefe da missão da; eu penso x, mesmo
,._e•.,,.. ildos) de que sabe o que está fazendo.
PAUL BLUSTEIN
46
VEXAME
47
•os pais tinham ido da Lituânia para a África d
Jo'inha e sua mãe, cuJ . o SuJ
J ' d tas Na época do seu nasc11Tiento, a família vivia , se
encarregava as con . . . em alo. Ele voltou ao MIT no início da década de 90, mas saiu de novo em 1994 a
. d trá da loia sem água corrente nem eletncrdade Ja,
mentos situa os a s ' , . , mas rn pedido da administração Clinton, que queria vê-lo ocupar o segundo lugar na
. te para uma casa que dispunha de toalete com d U-
dou postenormen . escarga hierarquia do FMI.
'do a gasolina capaz de fornecer energia para acend e Seu superior hierárquico era Michel Camdessus, um francês de pouco ca-
um gerador movi er algu
insuficiente para fazer operar eletrodomésticos -
mas lã mpadas, mas . · belo mas muito charme, modos exuberantes, pai de seis filhos. Camdessus ti-
·or parte da juventude de Fischer, a sua era a únr· " nha uma tendência para fazer pronunciamentos demasiado otimistas que
Duran te a mªJ . ca 1arní,
• d'
lia JU 1a na regi·a- 0 , descrita como tendo
. quatrocentos
. . habitantes q
, ue que,
O criavam agitação no Tesouro, cujos dirigentes receavam que ele estivesse des-
. d;,.,.r quatrocentos brancos, pois o racismo imperava naquela e 1, . truindo a credibilidade do Fundo com sua retórica cor-de-rosa sobre a recu-
na ...... . o on 1a
onde havia dois milhões de negros sub_serv1e~tes a uma população branca peração de países em dificuldades. Mesmo o economista-chefe da entidade,
quarenta vezes menor. Fischer declarana, mais tarde, que o simples fato de Michael Mussa, brincou uma vez a respeito da propensão dele para ver tudo
ter sido criado naquela região tão pobre lhe dera uma compreensão ma1.or pelo melhor lado, comentando durante uma reunião da diretoria: "Michel não
do que significa ser subdesenvolvido. se limita a achar que o copo está cheio pela metade, em vez de meio vazio. Ele
consegue ver o copo inteiramente cheio, mesmo quando não há nenhum copo!"
o horizonte de Fischer começou a se expandir em 1956, quando seu pai
A equipe do FMI tinha o maior respeito por Fischer como economista,
vendeu o negócio em Mazabuka e se mudou com a família para a cidade de
mas sabia também que Camdessus gozava de uma reputação merecida de bom
Bulawayo, bem maior, e situada a cerca de 750 quilômetros dali. Hoje faz par-
político. Não é à toa que chegou a ser nomeado diretor administrativo três
te do Zimbábue, e foi lá que Fischer conheceu Rhoda Keet, sua futura esposa. vezes consecutivas - fato sem precedentes-em 1987, 1991 e 1996. E se tra-
Depois que terminou o ginásio, passou seis meses num kibb utz em Israel para ta de um cargo que requer uma ginástica para atender todas as demandas do
aprender hebraico. Foi então para a Inglaterra, onde se diplomou pela London G-7 e de outros países-membros (quando Camdessus se aposentou no ano
School of Economics e, em seguida, para os Estados Unidos, onde obteve o 2000, Fischer brincou: "Ele conseguiu irritar todos os membros do FMI, mas
seu Pb.D. no MIT. Passou a fazer parte do corpo docente do MIT em 1973 e nunca ao mesmo tempo.")
em 1976 se tomou cidadão americano. Um grande apertador de mãos, que distribuía generosamente notas de fe-
Seu permanente interesse por Israel o afastou da vida acadêmica e o fez licitações e agradecimentos, Camdessus era, porém, muito formal e às vezes
voltar-se para o mundo da atividade pública. A economia de Israel estava en- brusco com os funcionários. Além de Mussa, praticamente ninguém mais o
6éntando défldts orçamentários e uma inflação galopante no início dos anos chamava pelo prenome; era sempre "Sr. Diretor Administrativo''.
~ lúàherfoi convidado pelo então secretário de Estado americano George Camdessus, cujo pai era jornalista, entrou para o Ministério das Finanças
da França em 1960. Diplomado pela prestigiosa École Nationale d'Admi-
~ •fuutar ao economista Herb Stein no assessoramento do gover-
nistration, era o típico representante da elite do serviço público de seu país.
Adepto de políticas intervencionistas, não hesitava, contudo, em colocar con-
e Stein deram ao governo israelense funciona- siderações de ordem prática acima da ideologia. Na juventude, pertenceu
·u estabilizar sua economia em 1985 - e à ala católica do Partido Socialista e sua carreira progrediu depois que o es-
ofereceu a Fischer o posto de economis· ta- querdista François Mitterand conquistou a presidência nas eleições de 1981.
como estava da missão de resgate No ano seguinte, Camdessus foi promovido a membro da direção do Tesouro,
·• . 101
er1c::ncia ~ . mm·to bem -sucedi- um alto cargo no serviço público. Ele ajudou a elaborar o ambicioso progra-
,, co-
iltpressionar exageradamente ' ma de Mitterand de gastos oficiais, nacionalização da indústria e maiores be-
PAUL 8LUSTE I N
48
50 VEXAME 51
t os dos chefes de Estado, ou em 0
tes dos encon r Utras
nômicas, pouco an
porcionasse uma base para acordos monetários internacionais no pós-guer-
ocasiões. t'm de prestar contas aos seus superio ra". O referido memorando abriu o caminho para um processo no qual White
turalmente e res e
Os suplentes na das Mas há razões de ordem prática qu se juntou ao britânico John Maynard Keynes, o mais influente economista do
decisões cance1ª · , e ex.
Podem ter suasd influene1a . . exercem. Durante os penados de crise p d século 20, na elaboração de um plano para a criação do FMI e do Banco Mun-
que . . , oe
plicam a gran e d ou três teleconferênc1as por dia, e ministros n- dial, que foi aprovado, em 1944, na conferência de Bretton Woods, em New
. ·dade de uas . ao
surgir a necessi . Kl Regling, que foi o representante da Alema h Hampshire. Embora partilhassem a mesma visão, White e Keynes divergiam
isso explica aus na
se prestamª ' , dO mais os suplentes podem se comunicar em . quanto a alguns pontos essenciais, e as opiniões de White acabaram prevale-
G- D em 1998. Alem ' _ in-
no 7 d 'nistros conseguem. De qualquer forma, nao é apr cendo, graças à preeminência de seu país na ordem global.
ês
gl ' O que nem to os os m1 , . . o-
.. envolvam em trabalhos tecmcos. Para lSSo, existe A exemplo da maior parte dos economistas afiliados à tendência mais em
riado que os m1mstros se , . rn voga na época, White tinha horror da política econômica nacionalista adota-
P . dos que fazem isso ha mmtos anos, conhecem-se un
os burocratas categonza , s da nos anos 30 - em particular, o protecionismo no intercâmbio comercial
bem que podem confiar nos colegas.
aos outros e sa , - que tinha levado o mundo à depressão e à guerra. Naquele período, muitos
. - costumam ser acaloradas no G-7D, mas os pa1ses em difii -
As d1scussoes países fixaram elevadas tarifas e impuseram quotas de importação no intuito
culdades aceitam as decisões, sejam quais forem, e não alardeiam suas críticas,
de proteger da competição estrangeira as indústrias nacionais em dificulda-
a fim de evitar tumultuar os mercados financeiros. "Os países-membros sa-
des, e desvalorizaram as moedas de propósito a fim de restringir as importa-
bem ue mais cedo ou mais tarde um acordo precisa ser alcançado, senão ha- ções, concedendo assim vantagens comerciais às suas próprias empresas. Essas
I
veria\ma crise realmente séria na economia mundial", disse Regling. Há práticas proporcionaram alguns benefícios a curto prazo, mas acabaram de-
ocasiões em que os suplentes estão profundamente divididos, aí é preciso a monstrando ser mutuamente destrutivas ao esmagar a competitividade inter-
intervenção dos ministros. Quando se trata de questões envolvendo o FMI, a nacional e acelerar a espiral declinante da economia global.
administração da entidade é chamada para resolver o caso. Portanto, White era a favor de um sistema em que os valores da moeda
Em face do status de superpotência dos Estados Unidos, não é possível fossem fixos, cabendo a um fundo internacional manter essas taxas de câm-
caracterizar o G-7 como uma instituição democrática. A posição americana bio. Pelo menos assim poderia ser estimulado um clima de estabilidade inter-
geralmente prevalece. Embora Washington não possa ditar a política aos de- nacional. E além disso, um sistema de valores fixos possibilitaria aos países
mais e precise buscar um consenso, sua posição privilegiada facilita conseguir chegarem a acordos mutuamente benéficos permitindo a redução das barrei-
apoio para seus pontos de vista. Os outros têm de se limitar a operar como ras comerciais. Cada país se sentiria mais seguro de poder se beneficiar dos
um fator de equilíbrio. Ainfluência dos Estados Unidos é sobretudo grande acordos se não tivesse de se preocupar com a idéia de que outros países se en-
tregariam a uma orgia de desvalorizações monetárias.
quando estão em jogo assuntos relativos ao FMI e ela data desde a fundação
da entidade. White também era adepto de controles sobre o capital internacional, res-
tringindo banqueiros e investidores desejosos de transferir dinheiro para além-
.........
91al0Nt
-
8111 OI
__ ,...bíal6rit.
· - - - J90billliõctffll
,. lllbClrliffl dt_rtt\:rurnte U ,.Hll<LII\I
·---·-A,
,-.,.... ,...._ -
,.._.o._..
........•
moa1tmt1~.su:'ffl0i;; a
a:Nttnbu;i\&5
DXtcildos
ccm~·i,'tlmcn
----·•alt'Oliwl
..,,,..----lfDC'!i)U
--•aamr IOl':amtntt IPJril
,. ' 11
•
...,..._eçoes .. ~'r\lS
..,..,111r1111
...
. . . . . . pibfffidtJl1C'iAflltn ulu~11t.t1 1,'.:I•
.. do aetC:ada 1-"lldíll
Universidade da Pensilvânia. N.i res1d~nc1,1 suburb,rnu d., t,m11li.1, cm 1 11 •dél. rio <lo governo, 1 111• I Ir Iu 11ll1 Íllllllllll.i
rara tradição familiar. Ao, 11 uno~. inwn to u u ma fórmul.1 rn,1tcm 111 • I' •ri IUlllJf l tlll 111J l
determinar atl que ponto era po-.,f\'cl preve r ns chances ele um : 1 rnt d . 1,._. \c mcmhro <ln h r , r
1
boi ganhar O campeon.ito com ~e na sua colo~.1çllo cm 4 de Julho , .. ~ lti, S1!tntl\r1, Ir 1
entrou para O MIT, e em 1~83. um ano depoi s de ohtcr n seu Ph l l C'rn '- 0110 que ele ín1 nrlll
llg10. m.1, cm
mia pela Universidade de H.1P:.ird, ele ,e tornou, .1 oc: 2~ 1110-.. um d,, 111 '"
j~ns prokssores na história da faculd.idc. De, ,inm dcpok tendo puhli1. ido pcdticin D
hbcrahl ç
mais de cem artigo$ em periódtro~ ai.i1d~111ko,. muih.-,, dcks lo1;..1lt1 111 .t 1 de
iti1rprqo, tnbutação, conquistou a m<'d,1lh.1 Jo h n Hatcs CIMk conf, rid I ao,
mm talentosos economistas na faixa de id,1de infcrio, n quMcnt.1 1110,
Swmners nlo resistiu às tentaçôe's d.i uren.1 polhicn . e: cm i 988 ,.lluou e.orno
comelhàro econõmkn do candidato presidt:nd.il dcmoc-ral.l M1ch.1cl l lulwktS..
Opuudo-seàs indinaçOcs esquenfütas de muito, in tegrnntcs da cnmp..1nh.:i. qlk an~mc
pa++aüi planos de aummto de impostos l' politiai industrial mtcnc: nuom\t.i.. oubelm
Como sinal do respeito a que ele fnia jus l'ntrc os conscr. adores. n adminu- dcpós.ilos e dK'tl U1muur cu.2 rnu
baçlo Bmh concordou com sua nomeaç!lo. c..-m t ~O. para cconom1st.:1-chc:tc gttra forçuu os l •cm.u timncieu do, p.a , - ar mcnt.n~m ~:nn:te11 e
de llaco Mundial. mittos- a se tormran m:m d°tOO'lta e nxnm cnnup:o. Um ~na, U:..~~
S • n .com a c:anusa desabotoada, dcsorganit.ad o cm seu programa dr por cxanplo. kndcn:a fflffl03 11 f.urt cmy:átnnos duvidos.cn II am de po
• 1 Ac ..... ferina- em gm.l voltada contr.1 "uas própnas fraquC'Z3s - litJCOS se soubõ1c que tui.:i de compctu com unções como o 01Jba pdo
ea . . . pascw.alidade atrttntr, e seus mi~ no Tesouro rdembnun ac:esso aos depósitos.
- trapalhadas com passaporte( e \ õo, pcrchdo(. Seu traço Summc:rs ad.m1u~ que W\'CZ a..'gum de sau ,ubordinadm no Toouto 11
era o "ridftl apreço por seus próprio, d o tes intclectu.1is. No ,-esscm nd•:og.ado e.m:rgtounrmtc a lmha t r ~ cbquda rqurtJÇJo. que
c:ru de npour a d1mim~o dos controfcs some o fflOVUJX'r.'O ~ cap,al tnter•
- - - - alO 'laouro. SummttS foi alvo de numerosas queiX3.S
naaon:u O seu própno ponto de \"1Sta. no cn:.uuo. ma di'- te. Dwa •Hí
- caaporlamento de fazer pouco dos argumt· n tos de sfitS
enormes \õllltagms par.a os Esudos Unidos e aqudes paacs cm pmmm-cr par-
...._ aadifncias no Congresso. Com o pass.ir d~
tia ~ estran&cua no sutmla fin.tnccuo ddcs. ~ pi.mo do oomttao, que
• .... a.a • p Ns melhorou muito. Ainda as, 1.ra. rtunos abettouncnte mn~ os obstJcuJos à ~ Mn ~ possfvd um
1• baixa qualid.lde resuluiva freq_i!W · p.ús ter participação~.a no seu mtcm. 6:nanarro e .a.......- .......""'
1
.. uwww os cokps no Tesouro. E o ~ ta controle sobre o capital E pcw1m elo ~ con sotr.-e o capít.al
V O • uma colcbva de unpmi-Q cro
PAUL BLUSTEIN
62
64
PAUL BLUSTEIN
l Li drc~rto riscos em buscar recursos nos mercados globais. Às vezes, eles rea.
gc111 t~n\k demais, e às vezes reagem em excesso. Nenhum país -repito, ne.
nhum país_ pode se considerar imune a esses riscos. Mas não devemos
esquecer que os mercados também proporcionam tremendas oportunidades
d~ descnvolvirnento e crescimento, conforme se pode ver claramente no Su.
deste Asiático ...
A liberdade envolve riscos. Mas serão eles maiores do que aqueles decor-
1 renks de complexas regras administrativas e caprichosas oscilações em seus
fundamentos?
1 A liberdade envolve riscos. Mas existirá outro campo mais fértil para 0
desenvolvimento e a prosperidade?
A liberdade envolve riscos! Adotemos, portanto, uma liberalização pru-
denk da movimentação de capital.