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ABRI NDO A TORNEIRA

Todos os anos, o FMI oferece vagas para cerca de cem economistas, muitos
deles recém-formados pelas mais prestigiosas faculdades- Harvard, Stanford,
MIT, Chicago, Oxford, Cambridge e a London School of Economics. A orga-
nização à qual eles vão se juntar tem 2.300 funcionários, incluindo advoga-
dos, técnicos em computação e todo tipo de pessoal de apoio. Mas o núcleo da
equipe é formado mesmo por mais de mil economistas.
A nova sede da instituição fica na rua 19, no centro de Washington, a três
quadras da Casa Branca. É um prédio de pedra calcária, de 13 andares, com uma
entrada onde estacionam a todo o momento uma ou duas limusines trazendo
dignitários em visita. No lobby, que tem um átrio iluminado pelo sol e um chão
de mármore polido, reina um clima cosmopolita, graças ao burburinho de gen-
te falando em espanhol, francês, árabe e outras línguas conhecidas dos funcio-
nários (que são obrigados também a se expressar fluentemente em inglês) e que
exibe casualmente seus crachás para passar nos postos eletrônicos de segurança.
Embora predomine o traje sóbrio usado por homens de negócios e executivos,
de vez em quando se vê um turbante, um cachecol ou um dashiki que servem
para dar um toque de colorido e pitoresco. Os membros da equipe do FMI se
originam de mais de 120 nações; 25 por cento são americanos.
Os novos recrutas se deixaram atrair, em primeiro lugar, pela remuneração.
No ano de 2000, o salário inicial para Ph.Ds. ficava entre 63.000 a 95.000 dóla-
PAUL BLUSTEIN
3ô V E XAME 37

. d.• npostos. Outra vantagem é o st11t11s de dite


. . - com isl.!nção e li . . •. . . nos
re~ por ,mo . , bli .0 internac10nal, com dm:1to a v1apr in cl Depois de tomarem co11hccimento dessa analogia , os estudantes do Insti-
. . d funcionahsnw pu 1.. , . • • ass~
quadros O • . primeira classe, alem de hospedagem cm hoté'
1
tuto do PMI são instruídos a examinar o caso de um pais típico que viva acima
·x , ·utiva e freqücntemenk n, . .. . . is dos seus meios e acabe caindo nas mãos do Fundo. Para simplificar, chamarei
t:, t'- ' . S·• falar na expectativa exc1tante de poder se scnt
de luxo, quando a sc:rv1ço. e,11 . . ... . . ~ ar, esse pais de Shangri-1.\ , e a moeda dele , rupia ; são, aliá s, denominações que
... fi , , a (rente com um mm1stro d.is lmanças ou u
dai a meses, a uma mesa n: 111e: • . , • •• , •• 111 aparecem em um dos manuais do curso .
. • 1 . l ·iJ'ud·mdo a arqmtdar a pohl11..,1 eco1161111ca de u111 p·iís
dirdt)r de banco u:n r.1 ' ' .. :-- . . . .. . ' . A exemplo da maior parle dos paises que procuram ajuda do FMI , Shangri-
. . r·i tr·•b·tlhar os novatos s,10 levados p,11,1 o Instituto do
Ao se apresent.1r p,1 • " ' ' . . 1.i est,i sofrendo um grande déficit de conta corrente - um termo que equiva -
., · d tr '. blo ·os da sede da inst1tu1ção, onde fazem um curso de tr»1•
FMI, loc;u1~1 o a es 1.. • • - • le em linhas gerais a déficit de balança comercial, só que é mais amplo. As
. . , ., as Além de ouvirem conferências sobre questões técnicas
namento de duas se 111 .. 11 · importações de Shangri -lá superam consideravelmente suas exportações, e os
· 1 o• e•tud·•tites assistem a um curso intitulado "Programação Fimn
de econom1. , " " " ' · ganhos do povo do país ao prestar serviços a estrangeiros - turismo, por exem-
ceira" que lhes ensina como o FMI ajuda países em crise. O diretor do instituto, plo - não chegam a preencher a lacuna.
Mohsin Khan, passou cerca de duas horas, numa tarde de inverno, me inteirando Outra maneira de olhar para a situação é dizer que Shangri-lá gasta mais
do conkúdo do curso de maneira acessível a alguém que não tem Ph.D. em eco- do que ganha, em termos de divisas. Essas moedas fortes , incluindo o dólar, o
nomia. O resultado foi uma esclarecedora introdução ao modus operandi do FMI. iene japonês, o euro, a libra esterlina e outras, são as moedas comumente acei-
Khan, um paquistanês alegre e extrovertido, também me agraciou com algumas tas para transações internacionais. Sem um estoque dessas divisas, um país
francas observações sobre as deficiências da abordagem tradicional da entidade. praticamente não consegue operar na economia global. Por mais que pareça
injusto, os vendedores estrangeiros de petróleo, trigo, chips de computador,
Começamos o curso - disse ele - com uma simples analogia. Imaginemos artigos farmacêuticos, e outros produtos só aceitam, na maior parte dos casos,
um indivíduo com liquidez negativa, quer dizer, cujas obrigações e dívidas são dólares, ienes, euros (o dólar é o mais popular). O hryvna da Ucrânia, o dong
maiores do que seus ativos, e cuja renda é menor do que suas despesas. do Vietnã, o gourde do Haiti podem ser suficientes quando os vendedores e
Ele gasta mais do que ganha. Como pode ser isso? Bem, ele tem crédito, compradores estão no território dos respectivos países, mas são inúteis no ex-
pode tomar emprestado. Chega o ponto, porém, em que tirou tudo o que po- terior. Isso não ocorre apenas porque as nações ricas são mais estáveis do que
dia dos cartões de crédito. Ninguém mais lhe concede crédito. as pobres; o fato é que as moedas fortes são mais facilmente - e a menor
O banco diz a esse indivíduo: "Tudo bem, vamos livrá-lo do sufoco. Va- custo - trocadas, investidas e protegidas contra a desvalorização. O mundo
mos adiantar-lhe algum dinheiro. Mas de agora em diante tudo o que fizer precisa de um meio estável de intercâmbio para o comércio entre os diferentes
será
. controlado por um ass·1s ten te fimance1ro.
. Não podemos permitir · · que con- países. E este é o papel das moedas fortes.
tmue gastando como iez ª té o momento, porque se não vai. novamente es go- Em países como Shangri-lá, que gastam mais do que têm, os exportadores
tar o seu crédito· O as sis
· tente fimance1ro
. vai. agir
. de duas maneiras:
• · dá -Jo a
aJU ganham dólares, ienes e outras moedas fortes com as vendas de seus produtos
aumentar a renda e ªJ'udá 10 ·ssão ao exterior, e o turismo contribui para aumentar os ganhos. Por outro lado, os
. - a controlar as despesas. Assim, só terá permi
de gastar, acima dor 't d H os importadores despendem mais do que isso para comprar bens no exterior, e
imi e e sua renda, a quantia que lhe fornecermos. vam
emprestar-lhe 10 mil dói p mais
. ares. ortanto, o máximo que poderá gastar ª as necessidades deles em termos de divisas esgotam as reservas do banco central.
será 10 mil. E o assiste t fi • · dá-10 A exemplo do indivíduo citado na analogia de Khan, Shangri-lá pode to-
a n e manceiro vai fixar limites para os gastos e aJU
aumentar a renda para mar emprestado na base do crédito e gastar mais divisas do que ganha. Por
Alé d . que possa reembolsar os créditos que receber.
m O ma,s vai s · · il de exemplo, suas empresas podem obter de bancos internacionais empréstimos
uma vez só As ' _ er vigiado cuidadosamente. Não receberá os 10 m .
. prestaçoes vão s d' 'b S mprir o em dólar ou iene a fim de comprar maquinaria estrangeira. Às vezes, atrasar
compro · er istn uídas ao longo de um ano. e cu
mISSo, obterá o dinh · versa.
eiro. De outra forma, teremos de ter outra con

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Cl .b.."t -• no) J c- mrti! , .: . .1 L,Pt'. , .lf:JL, 'c!:-n :.l ,-L ,e, 0 F.\H }~.! 0 ...:2>--' ,e.tl J t.' u.r:: ?d~S i.s
, o!L:b "- L':-:". 1.. :r. ?rd:>!t'm.1 dt' b.1_Jn -j o ~ p.l;..u:1:.-~ to::. num ?J.:,s.!do não mlll ~O
l't'mo :o L"') ('q'.!J..1r.tc.>:> :,.10 J 1, i.:!1..: 1.h e:n ;r ~;x,::, -:::> .Cé2 t.' 0~.er.:.! ..i0 s a .i prexf' ·
l.3 r umJ ;,u ; n:...u ..:e- pl.rno. O:. mJ nll.l.l:. Jv ,_..1 ~:.0 io:ne.:-em o :i. ~;id o s rel:Ht\ O:.
JO p.1~ em '-iuc-<:h.>, cumo o rç.1111entv J o ~O\ erfü~. 0 :·er1.1 Jc- J L'1hel.fO, rn,·au -
rr. c:nio:. 11,J=lr.J~.:.. d ,, t..i .1 ü lt.•rna , e .u~tm po r J.t.J..P. Lt' . Ek;, a p re ndc r3 m, se-
gu n d o ~ n.1n, .1 tom..1 r .-o mo po n to de p.1n1dJ um .1~pc, w r'l: n -:t .1me r.t.:d:
-~u pon_h.1 4 ut' o p.11:, pros::,1p agindo dn p reo cup;id.1.Jnenlc', ~n i muda r :;eus
h l b1l0:, de proJ u, .lo e co n:.un h). Qu.1 n to prc-.:-1:..1n .1 ,;.> m m0ed.1 io n e? F.1zc m o s
(n tJo pro L'\ ÓC~ ~~rt' 1mp0n . 1 çôt.' :., t.''.\poruções e 3:-51.m po r d iJ.nt e, p:tLl de-s-
cobru ond t ê :, !J .1 l.lrun .1 . Loc.tl ilat.b e:.t:i. ~ na h1r o tes c d e o p.u s n.i o mu,b.r
Jc.- 1umu, \ .1 m<.>i. l!l." l ern11 nJr o :. rc.:u r")0:, de que nece:l>.'>1!.a."
$lo fo i n~1J o :. J,) :. . 1 l un os gra fi cos m o.:.1r.m d o q u.ll o m ontante de a_juda
J o 1: \ ll <' J 0 R.ln .. o \ \un J ial ou uu1r.1s in:. ü tui,;Õéi Ii oance iras que o pais pode
c-:,pc:r.u ->bttr, l<",.1ndo -:.~ em ..:o n 1.1 o tama nho e a unpo n.in.:.ia dele. Os em-
, - ~,,;e ) pr~>llllhh >é'n u.1 0 par.1 1.obr ir . 1 l.1cun.1 e ntre o que enu-a e o que sai em mü-<!-

.& 1nw:f\ :a J.a -, U.lt. l ~ JJ lurtC" , nu_:, ~d preci ~o. ~ sim me;,mo, red uzu J_:, impo ri.1ções e aumentar
.l.>. <:l.po rt.iç óc1o J fim dé di~por dé mei0:. Je p.1gar de, olta os empréstimos re-
, .!1: h.lu L 1 u J. de
~c-0 111.>:..
i n .. ,. 10 ,1o i ;ih i" 1-q~r
Oi. .tluno s vlo ter que escolhe r w n .l lm ha de auque: deve o governo dimi -
1.atnl..,ló Jc ,,.n•o~. bc n 1,l m• :i:mK
nuu o Jl•ficit o rçamentár io rm:dia ntt" . 1 nuioraç.lo de 1mros tos e a contenç::io
Jc ( fm.t ~ .e r.a \ i',IU.C :t , l•!.I Jc .í, U:,fo •' :tl (1
dos gastos oficiai_:,? O u d\.·, e .1ument.1r .i_:, l.U.b de juros e res tringir o füLxo de
dmhei ro? E. quase ceno -1 ue .1:. ft':.J)<)st.11o ao:. do is itens :.er..1 afirmath·:i. o que
resta é_fi.x.ar qu,mtu. l'oi~ em ho r.1 as consequenc i.1s das mediJas sejam peno-
sas, tal5 c..,on:o ~ument u lia t.1J".1 Je di::.empr~o. n.lv hj_ duv idas de que O pais
tem d~ 11111111111/Jr os .. ul>lO:, de imporl.1ç,k s, o que leva à re:.triçào de g.1stos
4 ,
V E XAM E

era Í.O\~ .ri.1, dmentr a..x:..<.o de:> g.isws do gowrno - resultando em grandes
deõa ts o rç:unc.>n 1.1n~ - ou .¼qll.btÇ..30 Jc:> w11J .ibund .mcia de .uugos estrangei-
ros., est imubndo a c'(Onornw . O) empr~nmo:. Jo F.\11 lhe.-, possj b1.btavam não
lt'r de inte-rrompc:>r bru:-.:Jmenlt' .1.:, m1pon.1,ot's. E ..l:> rt'..:omend..tçôes trndicio-
n .1 i:, J e J u.:,lerid.i-i<' t'e11Js pelu FunJo. con1irm.1J.1:, em S<'US efeitos pê.la expe -
rién('LJ de mu-111.>:, Jnos , .ijuJJvJ o:, p.11.:,.ê:, .1 JJU:,Wr o e:,lilo de \'Íd.1 n.1cion.1l à
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capJoJJdt' JlroJuli, J..
1'0 entanto, o:. nu, 1.h 11pm J(' crise:., ,-ham.idJ:, por .11guns funcion .iríos
\ 1 :t1 do Fundo de · a, ~i. do :,t'l:u.lo 21 ". !'Od('m surgi r por razoe::. mu ito düú e ntes.
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/,,'1, ~-
Agor;i que o Rrb.lnhu E.k t ró ni..:o ll'lll m.11 o r liberdJJt' de env idí d inhe iro
' .' cekremente aJt'm -frontc:>i rJ:.. um p ,l lS podt:· sofrer unu :.ubila cri::.e de di,·isas
ilfl1ph•:,mcnlt' porque mu 110~ nwmhrus do I,t•bJnho q ue m , c:>st ir .1m n aquele
r J
e ~.tü d.e rc.-ixnte fiLlr Jm a:s:, u:,t.1do:.. N.1L1 irn po rtJ que o ~O\'tT n o d o p.11s este Ja
·, . mJ.n tendo o orç.1men10 den tro Je lilllitcs r-1.LL>.1,·e1s e é ~lcJd prud enk'menk
.:.: oo rH-e111.io J ofc-rl.l de dmh<!i ro. hso 11.10 ,ú n t.l , ,1 p ,1 rtn Jo momento em que o
,, e ' l. ~ S(.
' .!e Rc-b.lnhn ( Omt"Ç-1 J !>(' pr l•o.:u p.ir ~-0 1n o qu~· lht' pa rece :.er n ,cesso de nu us
,! 1 '1 ,- U' (' 1 12. <."mpre~tillll>:. rnnú.•JiJos pl'lo~ b.11h:os 11 .1.:io11JÍS, o que p ode' le \'Jr J in-:apaci-
ti dade <.lé p,1i;J r 1.1) 1. omprom b-~us .1:;.~ um iJ us 110 exkrio r.
.! \ t •e \ m. l:.m t,lb i:,.bo:., u rl!'ml-Ji u trJJi(io n.1I 4u1.' o Fl\\ l p rnpõc - (.ortcs pro fu n -
1 1 d o~ nu 0 1~ Jmc1 1t1.1 uu ú )l!>,l p.irc( iJJ - 11.\0 é 11<.'(t':,.:,.Jri.rn 1l'll ll' \og ico; p0de
e , att- pi otJr ,1 >tl UJ(.\O . N.1 A~i .l, -:1.rnfonfü• Kh an .1dmitt', 0 Fundo St' m os tro u
mu110 knt t1 t'tll .th.rn J 0 1ur .1 r i);ida d1.• ~1.· us m oddos: .. P.lr J sa fran co, adota -
i 1 m o:. n1C'<l 1d .b Jt• 1>oh t11.J:. t r.1i.f a:io nais. Qu.1I é a reJçlo iml'diata? Bem , é mui -
to rn ro que :.e (tHn1.•tJ um nro ao aco nsdh J r Jumen to d e taxas Je juros e
t, r poht1-.,.1 !iscai nJJ1 :. re:.tri tiv.1. Pen so que no~.1s dt'il'g,1ções enviadas à Ásia es-
1 'l t.wam .:ondk ion .1da:. a cssc tipo de r,h:iodn io . M.1s. (O ll1ü é fa..:i l dt' imaginar,
1' ' 11 0:.:.(h , un-o:. m Ji:. atuJ1i1..ados passJ ram J p referir urn J abonügem quedes-
d• • q Jr ru,c · 1•.1110n t,il!0:1
J 1 taco a n nc:ssidnde de refletir bem sobre o .1s.., unto t' aprofundar nuis ,1 ques-
, •.:a rH· •e \n tc-•J.••
'li t:lo: prt'( iso mo:. me~m o m aj orJr as t,1)..1S J1.• ju ros? E por quê?"
1 f e"l ' C" \t u1 t ,u f 11
O pior, ac rescentou KhJn , é que .1 m.l!or p.1rtc:> Jus fun ci1.Hl.írios do Fu ndo,
' ,• 1:- l ro
., 1 n, • " i , u l!hl!1t.1nl<' -.uc
aq ueles que seguem um a orie ntJ ç,\ o nu( rot.:n nóm i.:a , n.i o tem uma co m -
I\ ( 1 li r'...o !• 11 .: e :nprc !Jt .h cmJ'h '"1< l0l 31~ p reensão adequ ada dos rn mpkxú~ p roble111Js band rio s que vkrnm à ton.i na -
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u,l!l J 1tnJ ' . 'r Jt
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' •t' quel a região. Ao re-:u11lwcer e~~a falh a. o Instituto do FM I, que treina n ão
~ 1w-t., ::t.J\/lllJ1\ o\ ou !in.ini.lJ I rfl}· sorn entt novo!> re-cr ut:1s, m,1 :. també m l'Xpt' rientcs l'<.".Onomistas, apr('ssou-se em
1• (}.:Jn l, d,-.,\ 1, 1Jm .s~nn.i de l,i'U) t'Xpan dir ~· u ~urri...ulo. uo ll u rg ir mai s uma cri se. ''Mu ito [do material do n ovo
)n •1 ,-h.11.u
., •c ,L-., l.J Th-C\ Jc- ,H't l 1l••. • .1 ~Jú~
PAUL BLUSTEIN
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VEXAME
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.d conomicamente - sobretudo se, por ex
de fazer senti o e em_.
05 pagamentos Pº . mprada a crédito pode ser utilizada para um orçamento governamental deficitário e para as taxas de juros, de modo a
. aria estrangeira co . Pro.
Plo,a maqwn _ d alta qualidade. No século 19, foi esse o cam· h conter o desemprego e a inflação. Ficaram também sabendo que a desvalori-
. d exportaçao e . lll o
duzir artJ.gos e U .d s Canadá e Austrália, que mcorreram em co . zação da moeda tem seus prós e contras. Se, por exemplo, Shangri-lá desvalo-
. los Estados m O , ns1-
seguido pe . bal comercial ao mesmo tempo em que tomavam ,,,, 1 rizar a rupia, suas exportações vão vender mais porque estarão mais baratas
· défic1ts de ança · "-1.·
deráveIS . d t rior a fim de financiar a construção de ferrovi do que as mercadorias de outros países no mercado mundial. Por outro lado,
tosOS empréstimos o ex e as e desvalorizar a moeda eleva o custo das importações para os consumidores de
infra-estrutura.
outras Obras de . lá xagerar nesse tipo d e proce dim en t o vai· acabar ficand Shangri-lá, reduzindo assim o nível de vida da população.
Mas se Sbangn- e . . o "O que é novidade para os alunos é como organizar esses conhecimentos
l . divíduo de que falamos e que esgotou as possibilidad
na situação daque e m . . . , . es na elaboração de um plano do FMI'', explica Khan. Assim, a exemplo de alu-
'dit Pode surgir um choque 1mprev1sto - subi to aument
dos cartõeS de cre o. o nos de medicina operando um cadáver, o FMI pega o caso real de um país às
do preço do petróleo importado, por exem~lo, ou, pelo ~ontrár~o, inesperado
voltas com um problema de balanço de pagamentos num passado não muito
. de um artigo de exportaçao, como cafe ou chips de compu
declinio no preço . , - remoto. Os estudantes são divididos em grupos de dez e orientados a apresen-
tador. Qualquer que seja O motivo, Shangn-la acaba ficando com o que os eco-
tar uma sugestão de plano. Os manuais do curso fornecem os dados relativos
nomistas chamam de "problema de balanço de pagame~tos". As fontes de
ao país em questão, como orçamento do governo, oferta de dinheiro, investi-
divisas se tornam inacessíveis, porque os credores estrangeiros concluem que, mentos industriais, dívida externa, e assim por diante. Eles aprenderam, se-
em futuro previsível, Shangri-lá terá pouca perspectiva de obter recursos sufi- gundo Khan, a tomar como ponto de partida um aspecto fundamental:
cientes para saldar suas obrigações financeiras no exterior. "Suponha que o país prossiga agindo despreocupadamente, sem mudar seus
Quando as coisas chegam a esse ponto, não é surpresa para ninguém que hábitos de produção e consumo. Quanto precisaria em moeda forte? Fazemos
0 ministro das finanças e o presidente do banco central de Shangri-lá sejam então projeções sobre importações, exportações e assim por diante, para des-
vistos numa lirnusine que pára na porta do prédio do FMI, em Washington. cobrir onde está a lacuna. Localizada esta, e na hipótese de o país não mudar
Afinal, o Fundo é o único lugar ao qual pode recorrer um país com dificulda- de rumo, vamos determinar os recursos de que necessita."
des de pagamento de suas obrigações e desejoso de obter divisas para poder São fornecidos aos alunos gráficos mostrando qual o montante de ajuda
adquirir os artigos importados vitais para o funcionamento de sua economia. do FMI e do Banco Mundial ou outras instituições financeiras que o país pode
Na verdade, esta é a principal finalidade da instituição - servir como uma esperar obter, levando-se em conta o tamanho e a importância dele. Os em-
espécie de gigantesca cooperativa na qual os membros (os 183 países que fa- préstimos servirão para cobrir a lacuna entre o que entra e o que sai em moe-
7.em parte do Fundo) depositam moedas fortes numa reserva da qual podem da forte, mas será preciso, assim mesmo, reduzir as importações e aumentar
~ , i r quando necessitam. Além do mais, conforme diz Khan, "o Fundo, de as exportações a fim de dispor de meios de pagar de volta os empréstimos re-
cebidos.
~ odo, se toma o assistente e planejador financeiro do país, porque lhe
Os alunos vão ter que escolher uma linha de ataque: deve o governo dimi-
ar um programa que inclua redução de gastos, bem como aumen-
nuir o déficit orçamentário mediante a majoração de impostos e a contenção
e 4a produção, de forma que o país passe a viver de acordo com 0
dos gastos oficiais? Ou deve aumentar as taxas de juros e restringir o fluxo de
dinheiro? É quase certo que as respostas aos dois itens será afirmativa. O que
qcmi à parte criativa do curso. Os estudantes, pelo menos em
, em dificulda-. resta é fixar quanto. Pois, embora as conseqüências das medidas sejam peno-
a e1aborar um plano de resgate para um pais sas, tais como aumento da taxa de desemprego, não há dúvidas de que o país
• . , . fundamentais
a estudado na faculdade os pnnc1p1os tem de minimizar os custos de importações, o que leva à restrição de gastos
. , 1 d ado para
prenderam como determmar o mve a equ
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VEXAME
oeda ser desvalorizada? A resposta, mais um
de modo geral. Deve a m a Vez
" . ,, Um valor menor da moeda força os consurn·d '
será provavelmente sim. . - . i ores era invariavelmente excesso de gastos do governo - resultando em grandes
·terior pois os artigos ficara o mais caros. Aderna. déficits orçamentários- ou aquisição de uma abundância de artigos estrangei-
a comprar menos do ex , . .. . is, tor.
•onais mais competitivos no mercado mternacion 1 ros, estimulando a economia. Os empréstimos do FMI lhes possibilitavam não
nando os pro d utos nac1 . . . a , sua
. t da o resultado sena maior quantidade de moeda • ter de interromper bruscamente as importações. E as recomendações tradicio-
venda sena aumen a . iorte
nais de austeridade feitas pelo Fundo, confirmadas em seus efeitos pela expe-
disponível. . . , .
. ece indicar que o FMI tende a receitar providencias que riência de muitos anos, ajudava os países a ajustar o estilo de vida nacional à
u
T d o isso par , . qua.
'vel da tortura para os paises aos quais concede empréstirn capacidade produtiva.
se ch egam ao m _ , . os.
O texto de um dos manuais coloca a questao em termos eufem1sticos: "Os pro- No entanto, os novos tipos de crises, chamadas por alguns funcionários
gramas [do Fundo] se concentram basicamente em co~ter a demanda agrega- do Fundo de "crises do século 21", podem surgir por razões muito diferentes.
da." Ê verdade que, em muitos casos, recomendar medidas de austeridade faz Agora que o Rebanho Eletrônico tem maior liberdade de enviar dinheiro
celeremente além-fronteiras, um país pode sofrer uma súbita crise de divisas
sentido. Os países que vivem acima de seus meios vão ter de, mais cedo ou
simplesmente porque muitos membros do Rebanho que investiram naquele
mais tarde, enfrentar as conseqüências, e é melhor que isso aconteça quando
país de repente ficaram assustados. Não importa que o governo do país esteja
houver à mão um empréstimo internacional para amaciar o caminho do rea-
mantendo o orçamento dentro de limites razoáveis e esteja prudentemente
juste. contendo a oferta de dinheiro. Isso não conta, a partir do momento em que o
Algo, porém, está faltando nesse tipo de argumentação e Khan admite: "Não

V
Rebanho começa a se preocupar com o que lhe parece ser excesso de maus
é garantido que nossa teoria econômica funcione:' Eis a razão: no mundo atual, empréstimos concedidos pelos bancos nacionais, o que pode levar à incapaci-
as crises podem ocorrer por motivos diferentes daqueles que atuam no caso dade de pagar os compromissos assumidos no exterior.
tradicional de um país que sofre um grande déficit de conta corrente. Uma Em tais casos, o remédio tradicional que o FMI propõe - cortes profun-
vez que o capital goza hoje de maior mobilidade do que nunca, os países se dos no orçamento ou coisa parecida - não é necessariamente lógico; pode
mostram mais suscetíveis diante de súbitas retiradas de fundos estrangeiros, até piorar a situação. Na Asia, conforme Khan admite, o Fundo se mostrou
qualquer que seja a causa. Uma retirada pode se originar de algum ponto fra- muito lento em abandonar a rigidez de seus modelos: "Para ser franco, adota-
co no sistema bancário nacional, no qual tenham sido investidas considerá- mos medidas de políticas tradicionais. Qual é a reação imediata? Bem, é mui-
veis somas vindas do exterior. Um país pode, assim, acabar com falta de moeda to raro que se cometa um erro ao aconselhar aumento de taxas de juros e
forte, muito embora não tenha vivido acima dos seus meios, no sentido con- política fiscal mais restritiva. Penso que nossas delegações enviadas à Ásia es-
vencional. tavam condicionadas a esse tipo de raciocínio. Mas, como é fácil de imaginar,
Para empregar o jargão dos economistas, diríamos que esses países sofrem nossos cursos mais atualizados passaram a preferir uma abordagem que des-
taca a necessidade de refletir bem sobre o assunto e aprofundar mais a ques-
de "crises de conta de capital" e não de "crises de conta corrente." Antes dos
tão: precisamos mesmo majorar as taxas de juros? E por quê?"
anos 90, o FMI se limitava a lidar com as crises de conta corrente. Muitos paí-
O pior, acrescentou Khan, é que a maior parte dos funcionários do Fundo,
ses, especialmente do mundo em desenvolvimento, limitavam o montante que
aqueles que seguem uma orientação macroeconômica, não tem uma com-
os est rangeiros podiam investir nas Bolsas ou emprestar às empresas locais.
preensão adequada dos complexos problemas bancários que vieram à tona na-
Os países podiam tomar empréstimos de fora somente com a finalidade de quela região. Ao reconhecer essa falha, o Instituto do FMI, que treina não
~bter divisas para financiar a aquisição de bens importados ou financiar pro- somente novos recrutas, mas também experientes economistas, apressou-se em
Jetos de infra-estrutura governamentais. Quando eles viviam acima de seus expandir seu currículo, ao surgir mais uma crise. "Muito [do material do novo
meios ou tinham esgotado a disponibilidade dos cartões de crédito, a causa
PAI.li.. OI.UITIC IN

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afeta outros palliCli, e Omai) dillc1l lk t<m ll't. "N:\o , .1bt' ll Hh 1111c , c1. 11, ºL' \ L'Lo . c.011h1'l lllll' lll1 1, c,pnr 11.1 ,d,,, ,lir, , , 1 t , , 1•, p 1 , 11, h\ 1 1, 1 ou
nõmicas ,ubjacentcs t~m rnndiçõl·~ de :.e m,1111er t·m um tl 1111 ,1 d1 · p. 111 ,t,,. I· lrm dt:p,11 t.1111 e 11ti , , C'!lll!J o l'I ili, •p,t t p•:, 111 11•,t,11 ,10 , 1ut dt 1111 m de
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procuram agir O mais rapidamente possfwl. Quando o p:1 11 1w rc,tl,n cutc \e Ílt.:M de ,11.01 J o 1..11111 c.okt•J d 1,111111, o r 1 , 11 .r, d, fl lt nt 1111 d1q~.ir J

instala, todas as supo~i\ões se torn.1m in\'.\lid.1-.. Al gun1 .i s rn "·'" po<l1:rn Ulll,1 (i't11nu l.1 c.on,1l1JIOri.1, \t 1 \() f Ih J (J 1 ' IJ ,Jl p (J J .irl11tr..irtm de,
funcionar, outras não, impossí\'cl ter <.:erlc,..i. N1lo se w11 ,cguc s,tl11.• r como diretor l.'Xec.111tvo ou r,eu c1d1u1110.
ragir.ª "!'osso lhe d11.er c.tue h.1, d fato dt pu'J J<. 1< r d . ma tudo l ,, wlv1do
dentro d,1 própn.1 org.a1111J\.lo, firmou !i.11,h 11 >ool ,', tX fun,1011ár10 Jo
l·MI, atu.ilmente lt:c.1011 ndu C(.011on111 IIJ l 1111>er 1d.idt: d.i (..Jlifor 1111, em ',anta
Cru,. "lno cria a unpn: ~o. \cndo de lorJ, de que o l undo é um c111,d.ide
uniforme:? Sim, ena me mo ~ fo se de outra forrnc1, urg,rnm qucrx.iu de todas
Aomamotempoemqueaprendem o modelo tradic.ion.il de ,1juJ.1 a um pais
as p,1rtcs: como é que vocts nau M: entendem' Afiruil, o I undo mio pode fica r
emdificuldades,osjovensfuncionáriosdo EMI fiLarn 1,abéndo que ,·~o tcrdt
mudando de 1dfot a cada 6Cm,ma. Os mercados firunceiroi otão de c,lho l.n•
tnbelharc:lentro de uma estrutura rigidamente hicrarquitada. quanto vocês d1SCUtem, Roma csul. pegando fogo."
Os debales aconlcam no contalO de um mtem.i alt.tmente eitruturado
• clocnmento- raultado de semanas de di~~u,~ocs com Ji fc rcn tc:, di:pa r- no qual os economist..as menos categorizados, depois de expressarem ,u:u op1•
temen!ol da instituiçlo-que vai servir de bJ)C para ncgoci,1çõcs com o go• niõc:s, cerram fileiras de apoio a uma decisão , upt"rior, mesmo que não c.on•
Wdopúa.AdelepçiodoFundo deve se ater ao conteúdo do documento, cordem com ela. "Há uma hierarquia iuer)~cl", diz Lanr.a Papí, que deixou o
.., WlO de pouca IDIIFJD de flexibilidade, o que só é concedido a alguns Fundo no final de 1997 para trabalhar num banco comercia]. "Como membro
, - . prmlqiadoa chefa de missão. Mesmo quando compreendem e aca· do grupo, voe~ pode discutir, mas chega o momenlO em que a palavra decui-
• • lkie~ das autoridades do país - o que ocorre com frequência - va é do chefe da mijsão, que determina qual deve ser o ponto de viu.a a ICf
......... lládeaerclebatida de novo com a sede do FMI em Washing· adotado sobre um certo país. Mas ele 1.ambffll não manda no FMI, t.cm de
-~•poder
i t a...e-.... l'IIE'-..:IU
aer feita alguma conccs,ão ao ponto de \'i sta dos
.,_.__ ~ncias internas a gente de fora const1tu · ·1 gr3,·e
checar suas idéias com o escritório cemraJ, um grupo formado de diretores de
departa mentos, e estes vão, por sua ,-ez, consultar a Administração (quer di-
zer, o diretor admínistrati\"O e 6eU victJ. Mesmo quando IUJ'getn dr.erg!ncw.
.-.a de 6ripliae O Fundo precisa dar a impressão (às autoridades dos
elas tendem a desaparecer porque o chefe da missão da; eu penso x, mesmo
,._e•.,,.. ildos) de que sabe o que está fazendo.
PAUL BLUSTEIN
46

VEXAME
47
•os pais tinham ido da Lituânia para a África d
Jo'inha e sua mãe, cuJ . o SuJ
J ' d tas Na época do seu nasc11Tiento, a família vivia , se
encarregava as con . . . em alo. Ele voltou ao MIT no início da década de 90, mas saiu de novo em 1994 a
. d trá da loia sem água corrente nem eletncrdade Ja,
mentos situa os a s ' , . , mas rn pedido da administração Clinton, que queria vê-lo ocupar o segundo lugar na
. te para uma casa que dispunha de toalete com d U-
dou postenormen . escarga hierarquia do FMI.
'do a gasolina capaz de fornecer energia para acend e Seu superior hierárquico era Michel Camdessus, um francês de pouco ca-
um gerador movi er algu
insuficiente para fazer operar eletrodomésticos -
mas lã mpadas, mas . · belo mas muito charme, modos exuberantes, pai de seis filhos. Camdessus ti-
·or parte da juventude de Fischer, a sua era a únr· " nha uma tendência para fazer pronunciamentos demasiado otimistas que
Duran te a mªJ . ca 1arní,
• d'
lia JU 1a na regi·a- 0 , descrita como tendo
. quatrocentos
. . habitantes q
, ue que,
O criavam agitação no Tesouro, cujos dirigentes receavam que ele estivesse des-
. d;,.,.r quatrocentos brancos, pois o racismo imperava naquela e 1, . truindo a credibilidade do Fundo com sua retórica cor-de-rosa sobre a recu-
na ...... . o on 1a
onde havia dois milhões de negros sub_serv1e~tes a uma população branca peração de países em dificuldades. Mesmo o economista-chefe da entidade,
quarenta vezes menor. Fischer declarana, mais tarde, que o simples fato de Michael Mussa, brincou uma vez a respeito da propensão dele para ver tudo
ter sido criado naquela região tão pobre lhe dera uma compreensão ma1.or pelo melhor lado, comentando durante uma reunião da diretoria: "Michel não
do que significa ser subdesenvolvido. se limita a achar que o copo está cheio pela metade, em vez de meio vazio. Ele
consegue ver o copo inteiramente cheio, mesmo quando não há nenhum copo!"
o horizonte de Fischer começou a se expandir em 1956, quando seu pai
A equipe do FMI tinha o maior respeito por Fischer como economista,
vendeu o negócio em Mazabuka e se mudou com a família para a cidade de
mas sabia também que Camdessus gozava de uma reputação merecida de bom
Bulawayo, bem maior, e situada a cerca de 750 quilômetros dali. Hoje faz par-
político. Não é à toa que chegou a ser nomeado diretor administrativo três
te do Zimbábue, e foi lá que Fischer conheceu Rhoda Keet, sua futura esposa. vezes consecutivas - fato sem precedentes-em 1987, 1991 e 1996. E se tra-
Depois que terminou o ginásio, passou seis meses num kibb utz em Israel para ta de um cargo que requer uma ginástica para atender todas as demandas do
aprender hebraico. Foi então para a Inglaterra, onde se diplomou pela London G-7 e de outros países-membros (quando Camdessus se aposentou no ano
School of Economics e, em seguida, para os Estados Unidos, onde obteve o 2000, Fischer brincou: "Ele conseguiu irritar todos os membros do FMI, mas
seu Pb.D. no MIT. Passou a fazer parte do corpo docente do MIT em 1973 e nunca ao mesmo tempo.")
em 1976 se tomou cidadão americano. Um grande apertador de mãos, que distribuía generosamente notas de fe-
Seu permanente interesse por Israel o afastou da vida acadêmica e o fez licitações e agradecimentos, Camdessus era, porém, muito formal e às vezes
voltar-se para o mundo da atividade pública. A economia de Israel estava en- brusco com os funcionários. Além de Mussa, praticamente ninguém mais o
6éntando défldts orçamentários e uma inflação galopante no início dos anos chamava pelo prenome; era sempre "Sr. Diretor Administrativo''.
~ lúàherfoi convidado pelo então secretário de Estado americano George Camdessus, cujo pai era jornalista, entrou para o Ministério das Finanças
da França em 1960. Diplomado pela prestigiosa École Nationale d'Admi-
~ •fuutar ao economista Herb Stein no assessoramento do gover-
nistration, era o típico representante da elite do serviço público de seu país.
Adepto de políticas intervencionistas, não hesitava, contudo, em colocar con-
e Stein deram ao governo israelense funciona- siderações de ordem prática acima da ideologia. Na juventude, pertenceu
·u estabilizar sua economia em 1985 - e à ala católica do Partido Socialista e sua carreira progrediu depois que o es-
ofereceu a Fischer o posto de economis· ta- querdista François Mitterand conquistou a presidência nas eleições de 1981.
como estava da missão de resgate No ano seguinte, Camdessus foi promovido a membro da direção do Tesouro,
·• . 101
er1c::ncia ~ . mm·to bem -sucedi- um alto cargo no serviço público. Ele ajudou a elaborar o ambicioso progra-
,, co-
iltpressionar exageradamente ' ma de Mitterand de gastos oficiais, nacionalização da indústria e maiores be-
PAUL 8LUSTE I N
48

nefkios para os trabalhadores. Mas quando o plano redundou em emb VEXAME 49

sa desvalorização do franco, acompanhada de crescente inflação e de araço.


go' Camdessus demonstrou a flexibilidade ideológica que se torna nanot. se 111Pre. ficava com 3,23 por cento. O do Egito, representando 13 nações árabes, tinha
'.
mais tarde no FMI, e contribuiu para orquestrar, em 1983, a chamada" 0 r1a 2,95 por cento, enquanto o do Brasil, representando nove nações sul-america-
reviravolta" do governo socialista, que passou a se dedicar a medidas grande nas, ficava com 2,47 por cento. E assim por diante. Muitos dos diretores são
.- d . ortodo economistas treinados no plano internacional ou burocratas de alto nível nos
xas tais como redução de gastos, diminmçao e Impostos e desregulam ·
' . ••&n~- ministérios das finanças em seus países e sabem o que dizer nos mais acalora-
Deixou O ministério no final de 1984 para ser diretor do banco central da Çao.
. .. fl - d I Fran· dos debates. Outros, é claro, não têm muito currículo, e podem dar apenas
ça' onde coordenou uma politica antnn açao e e re axamento de ~~ uma pequena contribuição ao debate.
sobre os mercados financeiros. Durante o tempo em que atuou no FM es
, . I, seu É raro acontecer alguém contestar uma votação; a maioria das decisões,
passado socialista era um tema de denuncia e sarcasmo entre os repubi·
. . icanos aliás, é aprovada por consenso, depois de negociações informais. Por causa
do Congresso, mas ele contornava a situação com bom humor, e certa . disso, os críticos do FMI alegam que a diretoria só faz aprovar automatica-
vvash'mgton: "Este vosso hum ilde servidor e' v· t feita
disse aos 1· ornalistas em ur. mente o que a equipe da instituição decide. Mas, nos momentos críticos, é preci-
1s o aqui
como um socialista francês, enquanto, na França, é considerado co so dizer que o real poder decisório cabe aos membros do G-7, que contam
mo um
ultraliberal anglo-saxão ... " com quase metade dos votos. Um grupo, em particular, pode ser descrito sem
Digamos, porém, que o papel da equipe e da direção do FMI por 1· muito exagero como controlador de marionetes, por trás do pano. São os su-
, mpor-
tante que seja, é apenas uma parte da história. Afinal de contas na cond· . plentes do G-7, chamados de G-7D.
' 1çao O G-7D exerce um extraordinário controle sobre a política econômica in-
de organismo internacional, o FMI tem de obedecer aos seus patrões políticos.
ternacional, e isso sem atrair grande atenção da mídia. Alguns desses suplen-
tes são bastante conhecidos, como Larry Summers, representante dos Estados
Unidos no grupo enquanto, por seis anos, foi subsecretário e secretário-ad-
junto do Tesouro. Outro é Eisuke Sakakibara, ex-vice-ministro de Assuntos
No décimo segundo andar da sede do FMI, situa-se o sanctum sanctorum, um Internacionais no Ministério das Finanças do Japão, apelidado de "Mr. Yen".
salão oval com 18 metros de cumprimento e ocupando dois níveis, luxuosa- Mas as atividades e discussões do grupo são mantidas longe da publicidade o
mente atapetado de azul e decorado apenas com retratos de seis ex-diretores. máximo possível. Reuniões de trabalho são realizadas até mesmo nas salas VIP
No centro do aposento, está uma mesa em forma de ferradura com trinta ca- dos aeroportos, para não atrair jornalistas. Embora assessores possam
deiras giratórias em frente das quais há microfones individuais. acompanhá-los, permanecem do lado de fora da sala de reuniões. O grupo se
Este é o local de encontro dos 24 diretores-executivos do FMI, aos quais mantém em contato freqüente através de teleconferências e os japoneses têm
cabt,aval.iar as principais decisões da entidade. Para isso, reúnem-se três vezes de ficar acordados até tarde por causa da diferença de fuso horário. A publici-
'5lm.ulll.LllLem sessões de trabalho presididas pelo diretor administrativo ou dade vai para os superiores hierárquicos dos suplentes, os ministros das fi-
vices. nanças, e no caso americano, o secretário do Tesouro. Os encontros dos
ministros, de alguns em alguns meses, é que produzem comunicados e pro-
....~1.u.r-executivo representa um pais ou grupo de países com um
nunciamentos sobre vários assuntos, como moeda, capazes de despertar a
f JOporcional à contribuição de cada um ao Fundo. O poder de
curiosidade de repórteres e analistas. Os patrões que ocupam o topo da hie-
• dicamente, mas em 2001 o diretor-executivo dos Estados rarquia, ou seja, os chefes de Estado do G-7, reúnem-se uma vez por ano e o
, 17,6 por cento dos votos, o do Japão vinha em segund0 evento ocupa a atenção mundial e da grande mídia. Mas cabe aos suplentes
SUido por seu colega alemão, com 6,02 por cento, assumir a responsabilidade pelas decisões sobre a maioria das questões eco-
~ ~ntando 21 nações do continente africano,
PAUL 8LUSTEIN

50 VEXAME 51
t os dos chefes de Estado, ou em 0
tes dos encon r Utras
nômicas, pouco an
porcionasse uma base para acordos monetários internacionais no pós-guer-
ocasiões. t'm de prestar contas aos seus superio ra". O referido memorando abriu o caminho para um processo no qual White
turalmente e res e
Os suplentes na das Mas há razões de ordem prática qu se juntou ao britânico John Maynard Keynes, o mais influente economista do
decisões cance1ª · , e ex.
Podem ter suasd influene1a . . exercem. Durante os penados de crise p d século 20, na elaboração de um plano para a criação do FMI e do Banco Mun-
que . . , oe
plicam a gran e d ou três teleconferênc1as por dia, e ministros n- dial, que foi aprovado, em 1944, na conferência de Bretton Woods, em New
. ·dade de uas . ao
surgir a necessi . Kl Regling, que foi o representante da Alema h Hampshire. Embora partilhassem a mesma visão, White e Keynes divergiam
isso explica aus na
se prestamª ' , dO mais os suplentes podem se comunicar em . quanto a alguns pontos essenciais, e as opiniões de White acabaram prevale-
G- D em 1998. Alem ' _ in-
no 7 d 'nistros conseguem. De qualquer forma, nao é apr cendo, graças à preeminência de seu país na ordem global.
ês
gl ' O que nem to os os m1 , . . o-
.. envolvam em trabalhos tecmcos. Para lSSo, existe A exemplo da maior parte dos economistas afiliados à tendência mais em
riado que os m1mstros se , . rn voga na época, White tinha horror da política econômica nacionalista adota-
P . dos que fazem isso ha mmtos anos, conhecem-se un
os burocratas categonza , s da nos anos 30 - em particular, o protecionismo no intercâmbio comercial
bem que podem confiar nos colegas.
aos outros e sa , - que tinha levado o mundo à depressão e à guerra. Naquele período, muitos
. - costumam ser acaloradas no G-7D, mas os pa1ses em difii -
As d1scussoes países fixaram elevadas tarifas e impuseram quotas de importação no intuito
culdades aceitam as decisões, sejam quais forem, e não alardeiam suas críticas,
de proteger da competição estrangeira as indústrias nacionais em dificulda-
a fim de evitar tumultuar os mercados financeiros. "Os países-membros sa-
des, e desvalorizaram as moedas de propósito a fim de restringir as importa-
bem ue mais cedo ou mais tarde um acordo precisa ser alcançado, senão ha- ções, concedendo assim vantagens comerciais às suas próprias empresas. Essas

I
veria\ma crise realmente séria na economia mundial", disse Regling. Há práticas proporcionaram alguns benefícios a curto prazo, mas acabaram de-
ocasiões em que os suplentes estão profundamente divididos, aí é preciso a monstrando ser mutuamente destrutivas ao esmagar a competitividade inter-
intervenção dos ministros. Quando se trata de questões envolvendo o FMI, a nacional e acelerar a espiral declinante da economia global.
administração da entidade é chamada para resolver o caso. Portanto, White era a favor de um sistema em que os valores da moeda
Em face do status de superpotência dos Estados Unidos, não é possível fossem fixos, cabendo a um fundo internacional manter essas taxas de câm-
caracterizar o G-7 como uma instituição democrática. A posição americana bio. Pelo menos assim poderia ser estimulado um clima de estabilidade inter-
geralmente prevalece. Embora Washington não possa ditar a política aos de- nacional. E além disso, um sistema de valores fixos possibilitaria aos países
mais e precise buscar um consenso, sua posição privilegiada facilita conseguir chegarem a acordos mutuamente benéficos permitindo a redução das barrei-
apoio para seus pontos de vista. Os outros têm de se limitar a operar como ras comerciais. Cada país se sentiria mais seguro de poder se beneficiar dos
um fator de equilíbrio. Ainfluência dos Estados Unidos é sobretudo grande acordos se não tivesse de se preocupar com a idéia de que outros países se en-
tregariam a uma orgia de desvalorizações monetárias.
quando estão em jogo assuntos relativos ao FMI e ela data desde a fundação
da entidade. White também era adepto de controles sobre o capital internacional, res-
tringindo banqueiros e investidores desejosos de transferir dinheiro para além-

- fronteiras. Segundo ele acreditava, o livre fluxo de capitais proporcionava


poucos benefícios e ameaçava ressuscitar o caos monetário que predominara
antes da guerra.
Em 14 ~e dezembro de 1941, uma semana depois do ataque a Pearl Harbor, 0 Enquanto desenvolvia o seu plano, White começou a se corresponder com
secretário do Tesouro, Henry Morgenthau Jr., deu instruções ao seu adjunto Keynes, então assessor do ministro das finanças britânico que tinha elaborado
para Assuntos Internacionais, Harry Dexter White, para preparar um merno· o seu próprio plano. Keynes concordou com os principais pontos defendidos
rando sobre o estabelecimento
· de um Fundo para os poderes aliados
. que "pro-
l
PAUL BLUSTEIN
52

da criação de uma espécie de banco central VEXAME


. era a favor d' Wh'1te e1·tscordoll . n1un 53
Por White, mas · a oferta mundial de cré 1to. 1
u,1

ttlf

1
dial, que contro ana . em parte porque receava que o Coni•r,. ta
b' · sa demais - . . . b ~sso e
Ainda as~im, ° FMI m,111teve \ll,1 e~lnttur,1 essenci,tl como uma coopera ti -
achando-a am lClO . ruma contnbmção amenc.111,1 111uito , . tn va para países. Ao ingre~s.ir na tll\lituiç,10, c,1d.t llll'lllliro depo\it,1 c;crta quan-
gana a aprova grc1nct
Washington se ne . m parte, porque queria ver inst.1l.1do u, . e, tia no Fundo conhecida como "quot.1", J,1 qu,d pdo mcno\ 25 poi Ll'lllo devem
r.
coniorme o plano requeria, e, e n siste.
• azia do dólar. ser em ouro ou moeda forte. Um p.11, ,1tr,1vc'>'>,11Hlo d1liL1ild,1Cks p,1r,1 s,i!J,1r
ma com pnm a ser tumultuadas, mas White e Keynes suas obrigações fin,111ceiras poJc i111cJi,1t.1rnentc ~,ll,tr do lundo ~cu, 25 por
ociações chegaram canse.
As neg terreno comum e os esforços dos dois h cento cm mocJ,1 forte e, prcci,a11dn de m.1is, pode t<1111J1 e111p1e,t.1do v,ilor
. afinal encontrar um 0 rnens
até três ve,cs superior ,1 ~u.1 quot,1. lk,tk ljlll' i111plc111e11tl' u111 p111p,1 111 ,1 de
gmram d Bretton Woods, firmado em um hotel balneár'
culminaram no pacto e . . . . io do reform,1s aproY,ldlJ pl'lo rundo. 1'11111111,1 Sllll,1\·Jn lh: Cllll'lf;l'fl(i,1, o J ~11 W\·
. "n. •te Mountams de New Hampshire. Foi ali, três~,
século 19 situado nas nul , . crna. tum,1 .iprnv.1 1 U>lllL' '>'>,to di.: Llnlito, L'XLc1k11dll L'\\l'\ l11111IL''>
. d Normandia, que representantes de 45 pa1ses assinar
nas após a mvasão a . . 1 arn Num 1..~rto ,e111id11, o l ,\11 pet11l-11 ,u,1 r.11.10 de ,i.:r de,de o ,1l>,111do110 do
. d OFundo Monetáno Internac10na e o Banlo ~lunu·1.1 •
0 documento cnan o . 1 regime de c:1111bio lixo. i\l.l\ 11 11'0 lllil\cg111u L1111crbn 11m·.1, fu11~cies. lJur.111tc
A configuração do Fun do e a nova ordem monetária glob..il est,1,-,1111 m.iis ,ue 1 a crise do petroleo nm ,11111~ 70, qudo,1 ,1 "rtLi~l.1r" ,1 1i.:nd,1 clm p,lÍ\t:~ produ-
acordo com o Plano de \Vhite do que com o de. Keynes, um..i vez que O "siste. tores p.ira os pJise, em clL·,c11volv1111cnt11, e clur,rntc o, ,111m 8() e11rnln11 r,c
ma de Bretton Woods,, se apoiava no dólar, CUJO. valor era atrd.1<lo ,10 ouro·
0 intimamente 11,1 crbe d.i divid.1 extcrn I dJ ,\rnéricc1 latina . hn rc~po~lJ a dr•
dos Estados Unidos se comprometia a trocar uma onç,1 de ouro por núncias de que ti11h,1 ~e lorn.1clo um I burocr,1c.1,1 que se ,1ulopcrpctuava ~m
! ~ ~ e todos os demais membros do FMI eram obrigados a determinar ter um k g1t1mo mandato, o Fundo citou seu Con\'i:nio Comtitut1vo, e cm par-
owlordesuas respectivas moedas em dólar ou em ouro. Se um pais quisesse ticulJr o Artigo 1° (v) que diL que um.i c.Jc .sua~ finalidade~ é "in fundir con-
alterar O valor de sua moeda em mais de um por cento tinha de obter permis- fiJnça no\ membros tornando .seus recursos lcmporariamcntc d1sponivci~,
são do FMI. e se precisasse de moeda forte poderia sacar do fundo comum. mcdiank ,.1lv,1guard.1s, dando -lhes, .1ss1m, a oportunidade de corrigir falhas
no bJl.inço de p.tgJmcnlo5 sem nccessidJdl! dt> recursos a medidas destrutivas
Os movimentos do capital privado para além fronteiras eram rigorosamente
da pro~peridadc nacional ou internacional".
amtidos.
fula foi a jlUtificativa encontrada para o en,.·olvimcnto do FMI quando
oama durou cerca de 25 anos. As vezes, surgiam crises, como em 1967, começaram a surgir problemas na Ásia em mc?ados dos anos 90. Mas naquele
mm a desvalorização da libra esterlina de 2,80 para 2,40 dólares. Mas o regi- período o sistema financeiro mundial já linha sofrido mudanças que iam além
• • dmbio fim conseguiu funcionar mais ou menos conforme o previsto do abandono do preço do ouro a 35 dólares.
allé o ialcio dounos 70, quando os Estados Unidos se viram às voltas com a
idaçlo, o que lm>u o preço do ouro, fixado em 35 dólares, a ser uma verda-
dlira ped,iac:hL O multado é que cresceu enormemente a demanda de ouro,
.... ,-.lo acJln • iaervas do Tesouro e destruindo o papel de su~~e Em 18 de julho de 1996, realizou-se no Roy Thompson Hall, em Toronto, uma
illt,.461& Depois ele 1973, quando as principais moedas mundiais das maiores assembléias de acionistas do mundo. Oito mil proprietários dos
fundos mútuos Templeton assistiram - muitos deles via satélite, através de
1 •rk!Ç ti....egandoas forças do mercado, o FMI al terou suas nor-
•nliJ
I lm fleJ iiiucada pais-membro que determinasse se preferia~:
;R 11 t I a I e•• aa:orrer a fórmulas mist.is envolvendo ªJ: .
um circuito fechado de televisão - quando 32 analislaS globais, mais os ge-
rentes e diretores, foram introduzidos no salão.
Mark Mobius, diretor da divisão da Templeton para os mercados emer-
......
f ti• l I E1 1 i 1. ã faius dentro das quais a moeda P0 en3 gentes, estava viajando, como era seu co.stume, e te,e de falar via satélite. Agra-
PAUL BLUSTEIN
54

. tid res por terem se mantido confiantes em meio , . VEXAME 55


deceu aos mves O as tribu_J
_ fundos que ele administrava estavam experimentando a,
çoes que os , . _ ·
. uma celebridade, graças as suas apançoes na tevê sern cos óbvios,
. ele fazia questão de destacar que os me rca d os emergentes estavam
Mobms era . . . ' pre co
da Cultivava a unagem de uma das mais pen patéticas . ln cam1~h~ndo para _superar o abismo que os separava da riqueza do mundo in-
a cab eça raspa • . . . . ,. criatura dustnahzado. Mmtos países de menor renda tinham entrado num ciclo de
d o plane ta, espécie de aventureiro financeiro, CUJa ideia de lar era O seu Jatos
.
. _ desenvolvimento em que os habitantes estavam se tornando mais instruídos e
. ular. Nascido em Long Island, mas
pa rtic . sendo
. cidadao alemão , ele se orgu
preparados culturalmente, com menores taxas de natalidade, menor taxa de
lhava de segwr· um programa de 250 dias de viagens por ano, que O fazia -
h . . ltlanter analfabeti~m~ e mais elevadas aspirações profissionais, redundando na gera-
residências em Cingapura, Hong Kong, S angai e Washmgton D.e. e não ção de mais nqueza.
deixava tempo para t~r uma 1am '- íl"ia. Esse t·ipo de existencia
· ' · se coadunava coni lhe
Na primavera de 1995, o entusiasmo pelos mercados emergentes tinha
a necessidade de morutorar de perto centenas de empresas nas dezenas de , se espalhado tanto que cerca de mil fundos mútuos estavam investindo ne-
.
ses que ele visitava anualmente na mcansave ' 1b usca mun d"ial de investirn pai-
les e o número de fundos que se especializavam nesse tipo de investimentos
. entos
tinha subido 38 por cento em relação ao ano anterior. Alguns deles ofereciam
Promissores. E valeu a pena: conforme . .
Mobms adorava contar para a
s p 1a-
téias e os jornalistas. Quando o primeiro fundo para mercados emergentes foi aos investidores da classe média a oportunidade de fazer alguma jogada em
criado em 1987, ele tinha que administrar somente 87 milhões de dólares e os certas regiões (o Vontobel Eastern European Equity Fund ou o Ivy South
investimentos cobriam apenas um grupo de países, incluindo Hong Kon America Fund, por exemplo); outros focalizavam países específicos (Argen-
. d g, tina Fund, ou Pakistan Investment Fund). Os fundos mútuos representavam
Cingapura, México e Brasil . Dez anos mais tar e, o montante que administra-
apenas uma parte da corrida rumo aos mercados emergentes nos primeiros
va tinha aumentado mais de cem vezes e o número de países cogitados para
seis anos da década de 1990 por parte de instituições financeiras de todos os
investimentos chegava a quarenta. Os fundos de Mobius exibiam uma das mais tipos, incluindo bancos, corretoras, fundos de pensões e aposentadorias, com-
altas taxas de retorno no ramo. panhias de seguro.
Mobius não só era um investidor bem-sucedido como também um pro- A principal atração era a Ásia, onde os grandes fornecedores de capital
pagandista convincente da visão de que valia a pena os investidores emprega- estrangeiro não eram os gerentes de carteiras de títulos como, por exemplo,
rem seu dinheiro em regiões dinâmicas, como Ásia, América La tina, Europa Mobius, mas os bancos, que emprestavam sobretudo a particulares. Os prota-
Oriental e ex-União Soviética. Em livro publicado em 1996, ele explicou as gonistas dominantes na Ásia eram bancos japoneses como Sumitomo, Sakura,
razões: o valor de todas as ações das nações de baixa e média renda constituía, Mitsubishi, Fuji e o Banco de Tóquio. Carmen Reinhardt, economista que tra-
na verdade, apenas 10 por cento do valor total dos mercados de ações mun- balhou na Divisão de Mercados de Capitais do FMI viajou a Tóquio em 1995
e assim resumiu suas impressões:
diais. Mas o importante era que a proporção vinha subindo acentuadamente
e a tendência era se manter indefmidamente, uma vez que o crescimento eco- Visitei uma porção de bancos japoneses. A economia tinha entrado em uma fase
Ii3mico daqueles países iria superar de muito o crescimento de áreas indus- de estagnação e a demanda doméstica de empréstimos era inexistente. Os bancos,
Uillitadas-como Estados Unidos, Japão, Europa Ocidental e Canadá. portanto, estavam se voltando para o exterior, onde havia tantos mercados vibran-
êrca:dos emergentes tinham mais gente - 4 bilhões e 600 milhões de tes. Entre 1995 e 1997, os empréstimos feitos por eles [para a região do Leste
m comparação com 795 milhões nos países avançados, além de Asiático J aumentaram vertiginosamente. Isso era fácil de compreender. Afinal, as
economias daquela área constituíam verdadeiros milagres. Estamos falando da
· rritório. "Não é difícil perceber': escreveu Mobius, "o poten-
época que se seguiu à crise no México e naturalmente a crise no México era vista
mobilizar 85 por cento da população mundial no rumo d! como algo que podia acontecer na América Latina, mas nunca ali na Ásia.
utilizando 77 por cento da terra existente no planet~-
. · em países em desenvolvimento acarre t ªva ns-
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eram d eten t ores do r rtmio Nobel .e scui.. p.1is crum :.imh<1~ c1.1111n 1111 ·11 ,; na• n.1li st,n que ,H d I ir 1 l li li 1 (.',- pli OU i)()\ Jllf

Universidade da Pensilvânia. N.i res1d~nc1,1 suburb,rnu d., t,m11li.1, cm 1 11 •dél. rio <lo governo, 1 111• I Ir Iu 11ll1 Íllllllllll.i

fi a, o con t roel sob ..,..oaparclhodctdcvi:-:\ocr


... 1c.xcrddo,;l'g1111dn11m ·1 •or rnH. Summcr,; lcnl. r \
la de leilão concebida pelo pai. Rohcrt. c c.tUt' ~cn ia p,ir,t d cmon,tr ir u,rn,, n mJ, su.i c.1nd1J 1 1• 1 , 1
mercado funciona. o jo\'Ctn l..urrv mo ,tl'(1 U dc(dc cedo que cm c.1p 11 d h1>n \ ,101 um memur

rara tradição familiar. Ao, 11 uno~. inwn to u u ma fórmul.1 rn,1tcm 111 • I' •ri IUlllJf l tlll 111J l

determinar atl que ponto era po-.,f\'cl preve r ns chances ele um : 1 rnt d . 1,._. \c mcmhro <ln h r , r
1
boi ganhar O campeon.ito com ~e na sua colo~.1çllo cm 4 de Julho , .. ~ lti, S1!tntl\r1, Ir 1

entrou para O MIT, e em 1~83. um ano depoi s de ohtcr n seu Ph l l C'rn '- 0110 que ele ín1 nrlll
llg10. m.1, cm
mia pela Universidade de H.1P:.ird, ele ,e tornou, .1 oc: 2~ 1110-.. um d,, 111 '"
j~ns prokssores na história da faculd.idc. De, ,inm dcpok tendo puhli1. ido pcdticin D
hbcrahl ç
mais de cem artigo$ em periódtro~ ai.i1d~111ko,. muih.-,, dcks lo1;..1lt1 111 .t 1 de
iti1rprqo, tnbutação, conquistou a m<'d,1lh.1 Jo h n Hatcs CIMk conf, rid I ao,
mm talentosos economistas na faixa de id,1de infcrio, n quMcnt.1 1110,
Swmners nlo resistiu às tentaçôe's d.i uren.1 polhicn . e: cm i 988 ,.lluou e.orno
comelhàro econõmkn do candidato presidt:nd.il dcmoc-ral.l M1ch.1cl l lulwktS..
Opuudo-seàs indinaçOcs esquenfütas de muito, in tegrnntcs da cnmp..1nh.:i. qlk an~mc
pa++aüi planos de aummto de impostos l' politiai industrial mtcnc: nuom\t.i.. oubelm
Como sinal do respeito a que ele fnia jus l'ntrc os conscr. adores. n adminu- dcpós.ilos e dK'tl U1muur cu.2 rnu
baçlo Bmh concordou com sua nomeaç!lo. c..-m t ~O. para cconom1st.:1-chc:tc gttra forçuu os l •cm.u timncieu do, p.a , - ar mcnt.n~m ~:nn:te11 e
de llaco Mundial. mittos- a se tormran m:m d°tOO'lta e nxnm cnnup:o. Um ~na, U:..~~
S • n .com a c:anusa desabotoada, dcsorganit.ad o cm seu programa dr por cxanplo. kndcn:a fflffl03 11 f.urt cmy:átnnos duvidos.cn II am de po
• 1 Ac ..... ferina- em gm.l voltada contr.1 "uas própnas fraquC'Z3s - litJCOS se soubõ1c que tui.:i de compctu com unções como o 01Jba pdo
ea . . . pascw.alidade atrttntr, e seus mi~ no Tesouro rdembnun ac:esso aos depósitos.
- trapalhadas com passaporte( e \ õo, pcrchdo(. Seu traço Summc:rs ad.m1u~ que W\'CZ a..'gum de sau ,ubordinadm no Toouto 11
era o "ridftl apreço por seus próprio, d o tes intclectu.1is. No ,-esscm nd•:og.ado e.m:rgtounrmtc a lmha t r ~ cbquda rqurtJÇJo. que
c:ru de npour a d1mim~o dos controfcs some o fflOVUJX'r.'O ~ cap,al tnter•
- - - - alO 'laouro. SummttS foi alvo de numerosas queiX3.S
naaon:u O seu própno ponto de \"1Sta. no cn:.uuo. ma di'- te. Dwa •Hí
- caaporlamento de fazer pouco dos argumt· n tos de sfitS
enormes \õllltagms par.a os Esudos Unidos e aqudes paacs cm pmmm-cr par-
...._ aadifncias no Congresso. Com o pass.ir d~
tia ~ estran&cua no sutmla fin.tnccuo ddcs. ~ pi.mo do oomttao, que
• .... a.a • p Ns melhorou muito. Ainda as, 1.ra. rtunos abettouncnte mn~ os obstJcuJos à ~ Mn ~ possfvd um
1• baixa qualid.lde resuluiva freq_i!W · p.ús ter participação~.a no seu mtcm. 6:nanarro e .a.......- .......""'
1

.. uwww os cokps no Tesouro. E o ~ ta controle sobre o capital E pcw1m elo ~ con sotr.-e o capít.al
V O • uma colcbva de unpmi-Q cro
PAUL BLUSTEIN
62

.. t angeira no sistema financeiro nacional. A questão d V EXAME 63


Paruopação es•ta1r é distinta da questão da participação
..
estrangeira
e cont
to,
le sobre o ~P1" 11 0 s servi.
no para os mercados emergentes, Summers respondeu: "É como dizer a um
ços financeiros.
Blinder retrucava que embora tecnicamente Summers tivesse razão_ alcoólatra que beber um pouco de vinho faz bem à saúde. Pode até ser verda-
de, mas nenhum de nós tem coragem de dizer isso a ele."
ele prÓpn•o concordasse com suas .idéias sobre competição - "nós achá e
. _ vamos O ponto alto em favor da causa da globalização dos íluxos monetários acon-
rática era difícil discernir a lmha de separaçao entre pression
que, na P , .. . _ ar Paí. teceu na assembléia anual conjunta do FMI e Banco Mundial em setembro de
m desenvolvimento para que permitissem a compet1çao de institu· _
ses e . içoes 1997, em Hong Kong. O Fundo já vinha usando sua influência para que os
financeiras estrangeiras e press~on:-los para que dessem acesso à aplicação países abrissem os mercados financeiros domésticos; chegara a hora, com o
1
monetária direta vinda do extenor . apoio dos Estados Unidos, de passar a uma nova fase, ou seja, superar formal-
Outros ex-funcionários do Tesouro disseram deplorar que nem O 'tesouro mente as preferências de seus fundadores, White e Keynes, que se inclinavam
nem O FMI tivessem sido mais abertos em suas advertências aos países em para restringir movimentos de capital.
desenvolvimento contra os riscos de acolher fundos estrangeiros antes O Comi tê Interino do FMI, ao qual compete formula r políticas, e que é
. . fi . que
seus próprios sistemas bancános estivessem su ic1entemente maduros a ponto formado de ministros das finanças e diretores de bancos centrais dos países-
de garantir empréstimos prudentes. Mesmo quando tais advertências eram membros, disse, em comunicado:
feitas, na prática acabavam sendo atenuadas. •~cho que o que todo mundo
Jáé tempo de acrescentarmos um novo capítulo ao acordo de Bretton Woods.
pensava - e quero dizer mesmo todo mundo, não apenas o governo, mas
Os fluxos de capi tal privado adquiriram muito mais importância para o siste-
todos os mercados financeiros, praticamente todos os especialistas em pro- ma fin anceiro internacional, e um sistema cada vez mais aberto e liberal pro-
gramas de ação- era que devia ser considerado o valor conceptual desses vou ser altamente benéfico à economia mundial. Facilitando a movimentação
fluxos de capital, mas sem esquecer os riscos potenciais", observou w. de dinheiro de poupança para um uso mais produtivo, o fluxo de capital au-
Bowman Cutter, assessor econômico da Casa Branca durante o primeiro menta investimentos, refo rça o crescimento e garante a prosperidade. Desde
mandato de Clinton. "Mas a tendência era superestimar o primeiro aspecto que seja aplicada de maneira metódica, e alicerçada tanto em politicas nacio-
t roioiroiz.ar o segundo." nais adequadas quan to em um sólido sistema multilateral de mon itoramento
e apoio financeiro, a liberalização dos fluxos de capital constitui elemento es-
Um dos mercados emergentes era visto por Blinder, Stiglitz e seus aliados sencial de um sistema monetário internacional eficiente, nesta era de glo-
G8lllO modelo quase perfeito de prudência no
terreno financeiro: o Chile, que balização.
~ uma série de normas para limitar o influxo de capital estrangeiro a
l)JBZO. Os investidores e concessores de empréstimos estrangeiros eram Citando o tumulto no Sudeste Asiático, que tinha surgido três meses antes,
depositar durante um ano 30 por cento do dinheiro em contas o comitê destacou "a importância de sustentar a liberalização através de um
ibanco central - isso equivalia a cobrar uma taxa nas amplo espectro de medidas estruturais( ... ) e construir sistemas financeiros só-
.-~-•maioria dos funcionários do Tesouro e do FMI lidos o suficiente para lidar com as flutuações de capital".
Mas o comunicado concluiu com um "convite" para que a diretoria exe-
dlileno de controle de capitais.
cutiva "finalizasse a elaboração de uma emenda ao Convênio Constitutivo do
países a seguir o exemplo do
Fundo tornando a liberalização de fluxos de capital um dos objetivos da enti-
te usados para isentar
dade':
financeiros do-
Em discurso durante o encontro, Camdessus deu um endosso vibrante à
Mundial, eID iniciativa. Fez questão de explicar que o FMI não pretendia encorajar os paí-
o modelo cbile-
~
-;,
,;
·,
iJJ.iXY
-''J:/./t" .J •

64
PAUL BLUSTEIN

s~s a di1ninar pre1natur.11nente o controle de capital nem impedir que O Utij·


Z,\SSl'In ~rn caráter ten1porário, quando justificado. E prosseguiu: l,

l Li drc~rto riscos em buscar recursos nos mercados globais. Às vezes, eles rea.
gc111 t~n\k demais, e às vezes reagem em excesso. Nenhum país -repito, ne.
nhum país_ pode se considerar imune a esses riscos. Mas não devemos
esquecer que os mercados também proporcionam tremendas oportunidades
d~ descnvolvirnento e crescimento, conforme se pode ver claramente no Su.
deste Asiático ...
A liberdade envolve riscos. Mas serão eles maiores do que aqueles decor-
1 renks de complexas regras administrativas e caprichosas oscilações em seus
fundamentos?
1 A liberdade envolve riscos. Mas existirá outro campo mais fértil para 0
desenvolvimento e a prosperidade?
A liberdade envolve riscos! Adotemos, portanto, uma liberalização pru-
denk da movimentação de capital.

O que Ca1ndessus pregava era examente o que alguns países em desenvol-


vi1nento já estavain tentando fazer, con1 entusiasmo, ou talvez fosse melhor dizer,
con1 un1 certo abandono. U1n desses países já estava pagando um alto preço
por causa disso.

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