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2/22/2014

Os Cultural Studies, um conjunto de


TEORIAS DA COMUNICAÇÃO estudos heterogêneos iniciados na
Grã-Bretanha nos anos 50/60, vão
Estudos
Culturais propor novas leituras sobre o impacto
dos media na sociedade e centralizar,
sobretudo a partir da década de 80,
as suas investigações nas audiências.

Concebem a cultura como campo de luta em


torno da significação social, campo de produção
de significados no qual os diferentes grupos
Tomam como seu objeto qualquer artefato que sociais situados em posições diferentes de poder,
possa ser considerado cultural, sem fazer lutam pela imposição de seus significados à
distinção entre ‘alta’ e ‘baixa’ cultura. sociedade mais ampla.
Diferentemente da crítica tradicional, não se O que está centralmente envolvido nesse jogo é
concentram na análise estética a não ser para a definição da identidade cultural e social dos
examinar suas conexões com relações de poder. diferentes grupos.
Estudos culturais estão preocupados com
questões que se situam na conexão entre
cultura, significação, identidade e poder.

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Preocupação:
Relação entre cultura contemporânea e a sociedade
(por isso análise de materiais culturais)
Início na Inglaterra
Ação: Criação do CCCS – Center for Contemporary
Cultural Studies (1964), inicialmente dirigido por Precursores (fim dos anos 1950)
Hoggart. - Richard Hoggart – “The uses of
literacy” (1957);
Contribuições: - Raymond Williams – “Culture and
- Alargamento do conceito de cultura (modo de vida Society” (1958);
global); - E. P. Thompson – “The making of the
- Relativa autonomia dessa (cultura) em relação à english working-class” (1963);
base material.
- Preocupação com os produtos da cultura popular e
dos mass media como expressão dos rumos da
cultura contemporânea.

Raymond Williams contribui por meio de olhar


diferenciado sobre a história literária.
Na pesquisa realizada por Richard Hoggart, o foco de
Mostra que cultura é uma categoria-chave que conecta a
atenção são materiais da cultura popular, antes
análise literária com a investigação social.
desprezados, e dos meios de comunicação de massa.
Seu livro The Long Revolution (1961) avança na
Trabalho inaugura o olhar de que no âmbito demonstração da intensidade do debate contemporâneo
popular não existe apenas submissão, mas também sobre o impacto cultural dos meios massivos,
resistência - mais tarde, foco será recuperado pelos mostrando um certo pessimismo em relação à cultura
estudos de audiência dos meios massivos. popular e aos próprios meios de comunicação.

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E. P. Thompson influencia o desenvolvimento da história Stuart Hall também é reconhecido como integrante
social britânica de dentro da tradição marxista. importante do grupo. Avalia-se que ao substituir
Para Williams e Thompson, cultura era uma rede vivida de Hoggart na direção do Centro, de 1968 a 1979,
práticas e relações que constituíam a vida cotidiana, dentro incentivou o desenvolvimento da investigação de
da qual o papel do indivíduo estava em primeiro plano. práticas de resistência de subculturas e de análises
Thompson resistia ao entendimento de cultura enquanto
uma forma de vida global. Em vez disso, preferia entendê-
dos meios massivos.
la enquanto um enfrentamento entre modos de
vida diferentes .

Pilares do projeto dos Estudos Culturais:


“(...) a identificação explícita das culturas vividas
como um projeto distinto de estudo, o reconhecimento
da autonomia e complexidade das formas simbólicas Pilares do projeto dos Estudos Culturais:
em si mesmas; a crença de que as classes populares 1. Onde o funcionalismo via um grande organismo
possuíam suas próprias formas culturais, dignas de vivo, tendendo ao equilíbrio, no qual os conflitos
nome, recusando todas as denúncias, por parte da eram tratados como anomalia ou, onde a teoria
chamada alta cultura, do barbarismo das camadas crítica via uma sociedade dominada, submetida
sociais mais baixas; e a insistência em que o estudo da completamente ao poder do capitalismo e da mídia,
cultura não poderia ser confinado a uma disciplina os Estudos Culturais vão ver o conflito, a luta, a
única, mas era necessariamente inter, ou mesmo anti, disputa da hegemonia por classes, setores e blocos
diferenciados, isso porque a sociedade não é
disciplinar“. harmônica e sim conflitiva – existe dominação,
(Schwarz, 1994:380) mas como processo e disputa, não como algo dado,
imutável;

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Pilares do projeto dos Estudos Culturais:


2. a análise de que o campo da cultura e da
comunicação se constitui numa arena decisiva para a Pilares do projeto dos Estudos Culturais:
luta social e política na sociedade contemporânea - 3. as mediações sociais são decisivas para determinar
reconhecem que existem intencionalidades de como se realiza o processo comunicacional em cada
dominação por parte da Indústria Cultural. Mas há sociedade - é necessário reconhecer as especificidades
muitos elementos intervenientes que fazem com que da constituição de dada sociedade, seus dados de
estas intencionalidades se realizem ou não, em partes
ou integralmente. Emissores não são os todo- configuração histórica, para, a partir deles, buscar
poderosos do processo de comunicação (relativizar entender como os meios atuam.
poder não implica em subestimá-lo).

Primeira fase dos Estudos Culturais (1969-Anos 1980)

- Mudança teórica: Interdisciplinaridade;


- E.C. como campo de estudos onde diversas disciplinas se
interseccionam no estudo de aspectos da sociedade
contemporânea;
Pilares do projeto dos Estudos Culturais: - Projeto político, militância e compromisso com mudanças
políticas radicais;
4. recepção tem papel ativo e importante, que pode - Ideologia / Hegemonia (Gramsci);
alterar o resultante de todo o processo. A partir das - MCM não seriam meros reprodutores da ordem social.
mediações sociais, as pessoas se relacionam com a Modo complexo;
- MCM integram pressões e contradições da sociedade,
comunicação de massa, estabelecendo negociações
adaptando-as ao sistema cultural;
simbólicas a partir da oferta proposta pelos veículos, - Stuart Hall – “Encoding and
mas também de sua visão de mundo, de seus hábitos e decoding...” (codificação\decodificação1973)
crenças, ou seja, de sua cultura.
Leituras múltiplas dos textos - “negociada”
- “ oposição ”
- Preocupação principalmente com a articulação classe
social / tipo de leitura e estudos das estratégias de
resistência, em estudos qualitativos.

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Segunda fase dos Estudos Culturais (Pós-Anos


1980)
Sobre os Estudos Culturais
- Influência de teóricos franceses (M. De Certeau,
M. Foucault, P. Bourdieu etc.) e Não constituem uma disciplina
internacionalização dos EC; Campo e pesquisa de encontro entre a comunicação e a
cultura
- Relaxamento da vinculação política, mas Influência marxista, gramsciana e pós-estruturalista
continuidade/ reforço do interesse na ( Foucault e Derrida)
problemática da recepção e interesse na Contribuição de Raymond Willians e Stuart Hall, entre
subjetividade dos indivíduos; outros
- Daí confluência com estudos feministas e sobre Preocupação em temas como contra-hegemonia e
diferentes identidades; identidade
Entre as marcas distintivas esgtão a exigência de
- Metodologicamente reforço nos estudos articulação entre pesquisa teórica e militância política
etnográficos (audiência de TV, mcm etc.).

A contribuição de Gramsci
Torna possível uma ampliação do conceito marxista e leniano de Estado.
Enquanto estes entendiam sendo Estado como essencialmente coercitivo,
“monopólio da violência a serviço da classe economicamente dominante”,
Gramsci, ao contrário, concebia Estado como “dimensão do consenso ou de
legitimidade
Para ele, com a “socialização da participação política” não seria mais
possível que os governantes exercessem suas atividades sem o consenso
dos governados.
Abordou conceitos sobre ideologia, dialética, hegemonia. Filosofia da
práxis, conceitos sobre marxismo tradicional, noções de totalidade,
contradição e historicidade.
Gramsci baseia-se em Karl Marx para formular um novo conceito
socialismo “o fim da alienação, da heteronomia dos homens diante de suas
próprias criações coletivas”.
Buscou, também, em Rousseau seu pensamento sobre “vontade coletiva”,
apoiando-se nos conceitos do Contrato Social. E ainda, em Hegel o
conceito sobre “sociedade civil” e a noção de “Estado ético”, com o qual
identifica sua concepção de “sociedade regulada” ou comunista.

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