Você está na página 1de 16

A CADEIA

PRODUTIVA DA
CONSTRUÇÃO
E O MERCADO
DE MATERIAIS

 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 
EQUIPE ÍNDICE

Diretor Executivo Destaques da cadeia da construção 4


César Cunha Campos APRESENTAÇÃO 5

Diretor Técnico 1 muito mais que construir casas 6


A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 6
Ricardo Simonsen
A INDÚSTRIA DE MATERIAIS 8
COMÉRCIO E SERVIÇOS 8
Diretor de Controle
A PLANTA DA CADEIA DA CONSTRUÇÃO 9
Antônio Carlos Kfouri Aidar
2 quem compra e onde ocorrem as vendas 12
Coordenação consumidores 12
Fernando Garcia
3 sinônimo de EMPREGO, RENDA E IMPOSTOS 16
Redação e Pesquisa MULTIPLICADORES 18
Edney Cielici Dias INDÚSTRIA DE MATERIAIS 18
Ana Maria Castelo CARGA TRIBUTÁRIA 18
Sérgio Camara Bandeira
4 desafios para o setor, benefícios para o país 22
Consultor Editorial QUALIFICAÇÃO da mão-de-obra 23
Edney Cielici Dias tributação 23

5 ANEXO METODOLÓGICO 26
Produção Gráfica
DEFINIÇÕES ECONÔMICO-CONTÁBEIS 26
Infografe
A TEORIA DE LEONTIEF 27
A MATRIZ INSUMO-PRODUTO DO IBGE 29
CARGA TRIBUTÁRIA 30

Agosto, 2007

 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 
12 APRESENTAÇÃO
Gastos das famílias
Os gastos com materiais de construção
pelas famílias brasileiras representaram
R$ 30,7 bilhões em 2004, sendo R$ 14,3
bilhões com obras de manutenção e
reparo e R$ 16,4 bilhões com construções
e reformas.

A
Compras das construtoras construção civil ocupa um lugar pri- fatia maior das atividades do país. Pelas contas
As construtoras consumiram R$ 22,8 vilegiado entre os setores da econo- antigas, os serviços representavam 56,7% do PIB
bilhões em materiais de construção em mia com maior potencial de geração em 2003. Pela nova metodologia, a participação

DESTAQUES
2004, o que representou, na média, 28% de renda, emprego e condições mais passou para 63,8%. A nova contabilidade passou a
do custo das obras. dignas de vida. Essa característica incorporar, entre outros, os avanços na produção
constitui uma forte razão para que a sua cadeia de serviços de informações, como a internet e a
Participações no PIB produtiva seja vista com a mais detida atenção. TV por assinatura. O setor financeiro foi outro que
da cadeia da construção A indústria de materiais de construção Este trabalho traz a consolidação de todas as bases cresceu significativamente nas últimas décadas e
respondeu por 2,1% do PIB em 2004, de dados que descrevem a cadeia da construção cuja participação estava subestimada.
enquanto a indústria da construção civil. O período de referência é 2004, último ano Em contrapartida, a construção civil era um
Vendas totais (considerando todos os seus segmentos, para o qual existem informações estatísticas con- setor cujas atividades estavam seguramente su-
A receita líquida com produtos e serviços inclusive as atividades informais) produziu solidadas para toda a cadeia. perestimadas. Isso porque, em 1985, a indústria da
da indústria de materiais e equipamentos 5,1% da riqueza nacional. A cadeia da O estudo considera a revisão promovida pelo construção tinha uma participação mais elevada
para a construção somou R$ 75,5 bilhões construção foi responsável por 8,5% do PIB IBGE nas Contas Nacionais, que implicou uma na economia nacional. Com isso, a participação
em 2004 – último ano para o qual existem brasileiro. mudança profunda das séries do PIB entre 1995 da construção no PIB de 2003 passou de 7,23%, na
informações estatísticas consolidadas e 2005. O aprimoramento metodológico afetou antiga metodologia, para 4,67%, na nova. Em con-
para toda a cadeia. Formalidade e emprego consideravelmente as estimativas relativas à cons- seqüência disso, houve também uma diminuição na
O segmento formal da construção gerou trução. Anunciada em abril deste ano, a mudança taxa de investimento do país, que passou de 17,8%
Principais indústrias 60% do PIB da construção, mas respondeu consolida uma fase de transição iniciada em 1994, do PIB, na antiga metodologia, para 15,3% do PIB
Os cinco principais segmentos desse por apenas 27,4% do emprego. Mais de 4 que redesenhou o modelo de produção das esta- – o que ressalta a importância da recuperação da
mercado são: siderurgia (12,3%); milhões de pessoas estavam ocupadas no tísticas agregadas do país. construção para o crescimento do país.
cimento (11,3%); produtos cerâmicos segmento informal em 2004. Em linhas gerais, há três alterações importan- Consolidados os dados da construção civil com
(8%); produtos de concreto, cimento tes: (i) de período de referência nas bases das base na nova metodologia, foi possível identificar
e fibrocimento (6,3%); e máquinas e Produtividade do trabalho estatísticas, (ii) de classificação de produtos e de a contribuição de sua cadeia para a economia bra-
equipamentos para a construção (6%). Os trabalhadores das empresas formais setores econômicos e (iii) de bases estatísticas sileira, assim como fazer considerações relativas à
de construção têm produtividade 76% de atualização. carga tributária, à produtividade e à informalidade
Vendas de material superior à da média da economia As Contas Nacionais ainda tinham por refe- do setor. Por iniciativa da Abramat (Associação
A indústria de materiais de construção, brasileira, os informais têm produtividade rência temporal o ano de 1985, a base histórica Brasileira da Indústria de Materiais de Cons-
que exclui as indústrias de máquinas e 56% abaixo da mesma média. do último censo econômico realizado no país. trução), esses resultados são trazidos a público,
equipamentos, teve receitas líquidas de A atual metodologia, que reuniu informações numa atualização de informações publicadas no
R$ 67,3 bilhões em 2004. Efeito multiplicador atualizadas por meio do Cadastro Nacional de trabalho A Tributação na Indústria de Materiais
Um aumento de R$ 10 milhões na demanda Estabelecimentos e das pesquisas setoriais de de Construção, produzido pela FGV Projetos em
Atacado por produtos da indústria da construção atividades econômicas, trouxe para 2000 a base 2006, também por encomenda da Abramat.
O comércio atacadista de materiais de gera 360 empregos diretos. Considerando da contabilidade social brasileira. Trata-se de um O objetivo desse esforço conjunto, da Abramat e
construção registrou um faturamento a cadeia produtiva da construção como um grande aprimoramento, visto que, entre 1985 e da Fundação Getulio Vargas, é estimular o debate
bruto de R$ 12,5 bilhões. As 8.287 todo, a cada R$ 10 milhões de demanda 2000, houve muitas transformações estruturais das políticas públicas que permitam a consolida-
empresas que compõem esse segmento por produtos e serviços, são gerados 520 na economia, além de sete planos de estabiliza- ção de uma via de desenvolvimento sustentável
do comércio ocupavam 77,5 mil pessoas postos de trabalho ção. O efeito mais visível disso pode ser visto no no país. É necessário urgentemente diminuir as
no final de 2004. próprio PIB brasileiro. Para 2003, por exemplo, carências sociais, as de habitação entre elas. E
Peso dos impostos o PIB ficou cerca de 5% maior e passou de R$ R$ esta publicação traz subsídios para todos aqueles
Varejo A carga tributária sobre os materiais onera 1,396 trilhão para R$ 1,471 trilhão. A expansão dos preocupados na consolidação de um modelo de
O comércio varejista de materiais, acima de tudo a indústria da construção. serviços respondeu, em grande parte, por esse crescimento que seja obrigatoriamente sinônimo
formado por 125,3 mil empresas que Do total de impostos pagos pela cadeia, crescimento. O setor passou a representar uma de qualidade de vida de sua população.
ocupavam 550 mil pessoas no fim de 58,9% estão relacionados às despesas com
2004, faturou R$ 35,9 bilhões. materiais de construção.

 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 
Elos da produção

Muito mais que


construir casas
O termo cadeia produtiva engloba todos os segmentos de um complexo
processo produtivo, que envolve diversos bens e serviços

O
conceito de cadeia produtiva está impactos que vão além dos resultados diretos formalmente estabelecida. Mas uma pequena • Construção de edifícios e obras de engenha-
ligado aos vários estágios percorridos de sua produção. casa em uma favela com certeza não foi realizada ria civil: inclui edificações residenciais, indus-
pelas matérias-primas, nos quais elas O termo cadeia produtiva da construção en- por uma construtora organizada e estabelecida triais, comerciais e de serviços, obras viárias,
vão sendo transformadas e monta- volve todos os elos desse complexo processo no mercado. As moradias em favela são levanta- obras de arte especiais, obras de montagem e
das. Para construir uma casa ou um edifício, as produtivo. Ela é composta (i) pelas construtoras, das pelos próprios moradores (autoconstrução) de outros tipos;
empresas investem seu capital para empreender incorporadoras e prestadoras de serviços auxi- ou encomendadas a autônomos (autogestão),
o negócio, contratam mão-de-obra e adquirem liares da construção, que realizam obras e edifi- principalmente pedreiros que trabalham por • Obras de infra-estrutura para engenharia
materiais e serviços que são transformados e cações; (ii) por vários segmentos da indústria, os conta própria, ou são compradas de pequenos elétrica e telecomunicações: inclui obras
montados na obra. Assim, o trabalho de constru- que produzem materiais de construção; (iii) por empreiteiros informais, que constroem as mo- para geração e distribuição de energia elétrica
ção adiciona valor aos materiais e aos serviços, segmentos do comércio varejista e atacadista; e radias para revenda. Outro exemplo são obras e para telecomunicações;
os quais são provenientes de outras empresas. (iv) por várias atividades de prestação de serviços, de manutenção, reparos e reformas em imóveis.
Enquanto consumidores, lidamos com agentes tais como serviços técnico-profissionais, finan- Para realizá-las, as famílias, em geral, contratam • Obras de instalações: inclui instalações elé-
financeiros e de venda na negociação do imóvel, ceiros e seguros. A indústria da construção civil é mão-de-obra autônoma e compram insumos no tricas, de sistemas de ar condicionado, de ven-
cada qual ofertando um serviço que agrega valor o núcleo dentro da cadeia produtiva. Isso ocorre comércio varejista de materiais de construção, tilação e refrigeração, instalações hidráulicas,
a este imóvel. Por trás de um edifício pronto, há, não só pela sua elevada participação no valor da sem passar pelas empresas formais da constru- sanitárias, de gás, de sistemas de prevenção
portanto, um complexo processo de produção. produção e do emprego gerados em toda a cadeia, ção civil. Por concorrerem no mesmo mercado, contra incêndio e outras;
Cada material de construção empregado na mas também por ser o destino da produção dos os autônomos também devem ser vistos como
obra tem sua própria cadeia produtiva. Os blocos demais segmentos envolvidos. Dessa maneira, minúsculas construtoras, formadas em geral • Obras de acabamento;
de concreto utilizados na edificação, por exem- a indústria da construção civil determina, em por um único profissional, que é empresário e
plo, pertencem à cadeia produtiva dos produtos grande medida, o nível de atividade de todos os empregado dessa empresa e que, em regra, não • Aluguel de equipamentos de construção e
de calcário. Essa cadeia inicia-se na extração setores que a circundam. mantém vínculo formal com a economia. demolição, com operários.
do calcário, que é a principal matéria-prima. Assim, uma das características da indústria da
O cimento é o produto intermediário e, num A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO construção civil é ser bastante heterogênea. As Além das atividades das empresas formais,
estágio mais elaborado, encontramos o bloco de A atividade de construir não é realizada apenas empresas que nela estão presentes podem ser podemos destacar três ramos de atuação das
concreto. Assim, esse insumo e todos os outros por construtoras formais, estabelecidas legalmen- classificadas conforme os bens e serviços que informais, os quais são classificados como obras
têm um processo produtivo que envolve várias te no mercado e organizadas, mas também pelas ofertam no mercado e segundo a sua atuação, de edificação e de acabamento, mas que se dis-
etapas de transformação. Isso significa também empresas informais. Tomemos como exemplo um formal ou informal. Seguindo a Classificação tinguem pela finalidade ou pelo contratante dos
que a atividade de construir movimenta um apartamento à venda em um edifício residencial. Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), serviços:
amplo conjunto de atividades e por isso tem Em geral, ele é construído por uma empresa podemos agrupar os segmentos da indústria da
construção civil formal em seis grandes grupos, • Obras de manutenção e reparos, realizadas
ligados a: integralmente em imóveis usados;

a atividade de construção movimenta um


amplo conjunto de atividades e por
isso tem impactos que vão além dos seus resultados diretos
• Preparação de terreno: inclui obras de de-
molição e de preparação de área, sondagem e
fundações destinadas à construção e grandes
movimentações de terra;
• Obras de construção e reformas de edifi-
cações, item que inclui obras de autogestão
(aquelas realizadas mediante a contratação
de autônomos);

 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 
Elos da produção
CAPÍTULO 1

• Outras obras informais, o que inclui a auto- da fabricação de produtos de metais ferrosos e a
construção (aquela realizada pelas próprias de produtos da metalurgia de metais não-ferrosos. mercado pulverizado
famílias) e empreitadas subcontratadas por As cadeias de metálicos, ferrosos e não-ferrosos,
empresas formais da construção (em geral, uma englobam vergalhões e outros produtos do aço
atividade que compreende o agenciamento de (como pregos e arames), portas e esquadrias (de
mão-de-obra). alumínio, aço ou ferro), estruturas metálicas, Também há um
metais sanitários, ferragens (como dobradiças e elevado grau de
A INDÚSTRIA DE MATERIAIS fechaduras) e tubos de ferro galvanizado. informalidade no
No que diz respeito à indústria de materiais de Apesar de essas indústrias fornecerem seus O comércio de varejo, que atende
construção, podemos distinguir oito cadeias de produtos a outras cadeias produtivas que não a materiais de principalmente aos
produção: (1) madeiras, (2) argilas e silicatos, (3) da construção civil (automotiva, por exemplo), construção, segmentos informais
calcários, (4) materiais químicos e petroquímicos, elas têm peso significativo dentro do ramo da principalmente o da construção
(5) siderurgia, (6) metalurgia de não-ferrosos, (7) construção civil. segmento varejista, é
materiais elétricos e (8) máquinas e equipamen- Por fim, temos as cadeias de produtos de ma- constituído de micro e
tos. Cada uma dessas cadeias, como veremos, é teriais elétricos e de máquinas e equipamentos. pequenas empresas e
formada por vários setores industriais ofertantes Há de comum entre essas duas o fato de elas, é bastante pulverizado
de inúmeros produtos. em verdade, combinarem produtos de outras regionalmente
Em primeiro lugar, a cadeia de produtos de cadeias produtivas já citadas. A cadeia de ma-
madeira. Ela se inicia na extração vegetal pro- teriais elétricos é responsável pela produção de
priamente dita, passa pelo comércio de produtos fios e cabos elétricos, de materiais para insta-
in natura e chega às serrarias, onde ocorre o lações em circuito de consumo de energia e de
desdobramento da madeira, ou seja, onde é ser- aparelhos e equipamentos para distribuição e
rada e trabalhada. A partir daí, ela é adquirida controle de energia. Ela reúne, essencialmente,
diretamente pela construção civil (na forma de matérias-primas que vêm da cadeia de produtos informalidade no segmento varejista, que aten- exclusivos, para a construção. São, por exemplo,
vigas e tábuas, por exemplo) ou é laminada ou de matérias plásticas, com produtos da meta- de principalmente aos segmentos informais da serviços técnicos profissionais de atividades
transformada em chapas (compensada, prensada lurgia de não-ferrosos. A cadeia de máquinas e construção de obras de reparos e manutenção jurídicas, de contabilidade e auditoria, pesquisa
ou aglomerada), ou ainda é utilizada para a fabri- equipamentos para obras e edificações faz parte e autoconstrução. São pequenos depósitos de de mercado e de opinião pública, assessoria de
cação de esquadrias, de casas pré-fabricadas, de da indústria de bens de capital e é responsável bairro, alguns localizados em favelas, ou de áreas gestão empresarial, ensaio de materiais e de
estruturas de madeira e artigos de carpintaria. pela produção de máquinas e equipamentos de rurais mais afastadas. produtos e análise de qualidade e de publicidade.
Da extração de minerais não-metálicos e não- elevação de cargas e pessoas e de aparelhos de Além das empresas industriais e comerciais, há Fazem parte desse grupo de despesas os servi-
orgânicos, podemos caracterizar duas outras ar condicionado (para uso central). Essa cadeia que se considerar uma gama imensa de presta- ços de manutenção e reparação de máquinas e
cadeias: a de argilas e silicatos e a dos calcários. emprega produtos da indústria metal-mecânica dores de serviços que, direta ou indiretamente, equipamentos. Há, ainda, serviços de informação,
A primeira é composta por produtos cerâmicos e de material elétrico. estão envolvidos na cadeia produtiva da cons- como telecomunicações e atividades de informá-
não-refratários (tijolos, telhas e ladrilhos), pisos trução civil e cuja dinâmica é determinada por tica, transportes (fretes e carretos), serviços de
e azulejos, louças sanitárias, vidro, pedra e areia. COMÉRCIO E SERVIÇOS ela. Dentre os serviços especializados para a alimentação em obra e serviços financeiros e de
Cada um desses produtos pertence a uma cadeia Boa parte da demanda por esses produtos in- construção, também chamados de serviços au- seguros. Por fim, vale mencionar que a operação
produtiva específica e reúne um número grande dustriais é comercializada por empresas ataca- xiliares, destacam-se: da construção civil também é consumidora de
de empresas (em alguns casos, empresas indus- distas e varejistas de materiais de construção, serviços industriais de utilidade pública, tais
triais também informais). A segunda é formada que também pertencem à cadeia produtiva da • Serviços técnicos profissionais, com destaque como água, esgoto e energia elétrica.
por produtos à base de calcários, como cimento, construção. Há uma certa especialização desses os serviços de arquitetura, engenharia e de
cal, gesso, concreto e fibrocimento. segmentos comerciais. A demanda por materiais assessoramento técnico; A PLANTA DA CADEIA DA CONSTRUÇÃO
A quarta cadeia produtiva é formada por pro- de construção das obras informais (feitas por fa- A Figura 1 (págs. 10 e 11), elaborada a partir
dutos derivados de materiais químicos e petro- mílias e autônomos) se dá, em sua maioria, junto • Incorporação, compra e venda de imóveis, dos conceitos discutidos acima, ilustra as várias
químicos. Nela, encontram-se os compostos de ao comércio varejista especializado. Por sua vez, ligada essencialmente à comercialização das cadeias e indústrias da cadeia produtiva da cons-
plásticos (pisos, revestimentos etc.), de PVC a demanda das construtoras formais é dirigida obras de edificação residencial e comercial; trução civil, ressaltando suas etapas de produção
(tubos e conexões), bem como tintas, vernizes, para o comércio atacadista de materiais de cons- e as interrelações industriais.
impermeabilizantes, solventes, asfalto e fibras trução ou se dá diretamente junto às indústrias. • Aluguel de equipamentos de construção e A análise do ponto de vista macroeconômico
têxteis, que dão origem a artefatos de tapeçaria. Assim como no caso das construtoras, o comér- demolição, sem operários. permite medir o grau de encadeamento indus-
Aqui também está o óleo diesel, empregado como cio de materiais de construção, principalmente trial da cadeia da construção e formular instru-
combustível. o segmento varejista, é constituído de micro e Há também uma ampla gama de serviços que mentos para analisar os efeitos agregados (em
A quinta e sexta cadeias são compostas por pequenas empresas e é bastante pulverizado constituem importantes itens de custos para as cadeia) de mudanças na demanda por produtos
produtos metálicos: a de produtos da siderurgia e regionalmente. Também há um elevado grau de construtoras, mas que não são especializados, ou da construção civil.

 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 
Elos da produção

Extração Indústria de materiais de construção Comércio e serviços Construção


FIGURA 1 - A planta da cadeia da construção

Esquadrias e estruturas de
Extração de madeira Desdobramento de madeira (serrarias) madeira, artigo de carpintaria e
casas de madeira pré-fabricadas

Comércio varejista de
Cerâmica vermelha Madeira laminada ou chapas de materiais de construção
madeira compensada, prensada
Pisos e azulejos ou aglomerada Autoconstrução e
Argilas e silicatos
Louças sanitárias autogestão

Vidro plano

Não-orgânico

Cimento (inclusive clínquer) Transformação de areia e pedra


Argamassa, concreto,
Calcários
fibrocimento, gesso e estuque
Extração de minerais Arquitetura, engenharia, projetos,
não-metálicos Cal virgem e hidratada e gesso adm., serviços bancários e
serviços de mão-de-obra

Tintas e vernizes

Alojamento e alimentação
Químicos e Comércio
Asfalto e diesel
petroquímicos atacadista de
materiais de Construtoras
Materias plásticos em construção
geral (pisos
revestimentos etc.)
Fabricação e fixação de fibras Aluguel de máquinas
Artefatos de tapeçaria e equipamentos
têxteis

Impermeabilizantes e solventes
PVC em forma Tubos e conexões
primária

Siderurgia do cobre Materiais elétricos

Extração de minerais Siderurgia do Financiamento da


metálicos alumínio Portas e esquadrias Incorporadoras e
produção
Portas e esquadrias imobiliárias

Metais sanitários
Siderurgia do aço Vergalhões
Estruturas metálicas
Intermediação financeira
Outros Máquinas e equipaentos para
Financiamento da
construção
comercialização
Metalurgia (ferragens, tubos etc.)
Ar-condicionado

10 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 11
mercado de materiais
Tabela 1

Quem compra e onde


Receitas da indústria de materiais e equipamentos
de construção, R$ milhão, 2004
Faturamento
com a venda

ocorrem as vendas
Segmentos Faturamento de produtos e
total1 serviços
Indústrias extrativas 2.875,9 2.771,2

Extração de pedra, areia e argila 2.875,9 2.771,2


A indústria de materiais de construção teve receitas líquidas de R$ 67 bi
Indústrias de transformação 76.229,1 72.773,1
em 2004 – parte expressiva da produção foi distribuída pelo comércio Desdobramento de madeira 1.058,6 1.039,8

Fabricação de produtos de madeira, cortiça e material trançado - exceto móveis 2.940,6 2.870,9

Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e afins 3.972,4 3.731,1

Fabricação de produtos de material plástico2 2.557,8 2.486,3

O
Fabricação de vidro e de produtos do vidro 1.509,0 1.450,3
faturamento total da indústria de comércio ocupavam 77,5 mil pessoas em 31 de
Fabricação de cimento 8.800,9 8.509,8
materiais e equipamentos para a cons- dezembro daquele ano. O comércio varejista de
trução somou R$ 79,105 bilhões em materiais, formado por 125,3 mil empresas que Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque 5.035,6 4.725,4
2004, último ano para o qual exis- ocupavam 550 mil pessoas em 31 de dezembro de
tem informações estatísticas consolidadas para 2004, faturou R$ 35,993 bilhões em 2004. Fabricação de produtos cerâmicos3 6.183,3 6.072,6
toda a cadeia. Desse valor, R$ 75,544 referem-se Aparelhamento de pedras e fab. de cal e de outros produtos de minerais não-metálicos 3.336,4 3.085,8
às receitas líquidas com vendas de produtos e CONSUMIDORES
serviços, sendo R$ 2,771 bilhões oriundos da O mercado de materiais de construção como um Produção de ferro-gusa e de ferroligas 2.203,1 2.196,8
indústria extrativa, tais como pedra e areia, e todo pode ser decomposto em dois segmentos:
Siderurgia 9.363,9 9.264,2
R$ 72,773 bilhões, de produtos da indústria de um representado pelas despesas das famílias com
transformação. esses produtos e outro agregando as compras das Fabricação de tubos - exceto em siderúrgicas4 1.715,2 1.612,9
A Tabela 1 apresenta a distribuição das receitas empresas da indústria da construção. Embora
por indústria. Os cinco principais segmentos seja possível observar traços comuns no com- Metalurgia de metais não-ferrosos5 3.089,1 3.060,2
desse mercado são: siderurgia (12,3%); cimento portamento desses dois segmentos, persistem
Fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada6 3.844,4 3.630,4
(11,3%); produtos cerâmicos (8%); produtos de diferenças fundamentais, associadas às próprias
concreto, cimento e fibrocimento (6,3%); e máqui- características tecnológicas e aos produtos de Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos 291,2 274,1
nas e equipamentos para a construção (6%). cada mercado.
A indústria de materiais de construção, que Os gastos com materiais de construção pelas Fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais7 1.168,7 1.039,6
reúne todas os segmentos presentes na Tabela famílias brasileiras representaram R$ 30,7 bi- Fabricação de produtos diversos de metal8 2.078,9 2.006,4
1, com exceção das indústrias de máquinas e lhões em 2004, sendo R$ 14,3 bilhões com obras
equipamentos(1) , teve receitas líquidas de R$ de manutenção e reparo e R$ 16,4 bilhões com Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão 1.845,3 1.738,0
67,270 bilhões em 2004. construções e reformas. A notável importância
Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral 2.151,6 1.999,7
Parte expressiva da produção da indústria bra- relativa das despesas com manutenção e reparos
sileira de materiais de construção foi distribuída (46,5% do total) traça um quadro desfavorável Fabricação de máquinas e equipamentos de usos na extração mineral e construção 4.957,4 4.536,5
por meio do comércio. O comércio atacadista de em termos de expansão do estoque de capital
materiais de construção registrou um fatura- habitacional, visto que as famílias gastam com Fabricação de equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica 4.486,6 3.845,0
mento bruto de R$ 12,514 bilhões em 2004. As manutenção e reparo das moradias um valor Fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados 3.639,3 3.597,5
8.287 empresas que compõem esse segmento do quase equivalente àquele que gastam com cons-
Total – Indústria de materiais e equipamentos de construção 79.105,0 75.544,3

Indústria de materiais de construção 70.150,9 67.270,1

As famílias brasileiras gastam com manutenção Fonte: FGV, com base na PIA 2004 1 - Inclui receitas financeiras e obitidas com alienação de bens. 2 - Inclui tubos e conexões,
assessórios sanitários, reservatórios, revestimentos e esquadrias. 3 - Inclui tijolos, ladrilhos, telhas e louças sanitárias. 4 - Tubos de aço
e reparo de suas moradias um valor com costura. 5 - Inclui tubos e perfis de cobre e alumínio. 6 - Inclui esquadrias. 7 - Inclui fechaduras, dobradiças e cadeados. 8 - Inclui

quase equivalente àquele que gastam com construção pregos, parafusos, calhas, pias e cubas.

12 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 13
mercado de materiais

GRÁFICO 1 GRÁFICO 2

Distribuição percentual do consumo de Distribuição percentual do consumo de materiais


materiais de construção das famílias, de construção das construtoras*, por unidades
por unidades da Federação, 2002/2003 da Federação, 2004

30,4
27,7

13,0
11,6
10,3
8,7 8,6 8,4

5,4 5,9 5,7


5,3
4,0 4,1
3,4 3,0 2,7
2,7 2,6 2,3 2,4 2,2 2,1 1,9
2,1 1,9 1,5 1,3 1,3
1,4 1,2 1,2 1,2 1,1 1,0 1,0 0,9 0,7 1,0 0,9 0,9 0,7 0,7 0,5
0,7 0,6 0,4 0,3 0,4 0,2 0,2 0,1 0,0
0,2

São Paulo
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Paraná
Rio G. do Sul
Santa Catarina
Bahia
Distrito Federal
Goiás
Pernambuco
Ceará
Amazonas
Espírito Santo
Pará
Mato G. do Sul
Mato Grosso
Rio G. do Norte
Sergipe
Alagoas
Maranhão
Paraíba
Piauí
Tocantins
Rondônia
Acre
Amapá
Roraima
São Paulo
Minas Gerais
Rio G. do Sul
Rio de Janeiro
Paraná
Bahia
Santa Catarina
Pernambuco
Ceará
Pará
Maranhão
Goiás
Espírito Santo
Distrito Federal
Rio G. do Norte
Mato Grosso
Amazonas
Rondônia
Piauí
Paraíba
Alagoas
Mato G. do Sul
Sergipe
Tocantins
Acre
Amapá
Roraima

Fonte: FGV, com base na POF 2002/2003 Fonte: FGV, com base na PAIC 2004. (*) Empresas com mais de cinco funcionários

trução e reforma de seus imóveis. Em termos de distribuição estadual, tendo por Do lado da demanda das construtoras, consi- O Gráfico 2, construído com base nas infor-
Excluídas as despesas com serviços de mão- referência a Pesquisa de Orçamento Familiar derando apenas as empresas formais, o consu- mações das empresas com mais de cinco pes-
de-obra em atividades de construção, reforma e (POF) de 2003, verifica-se um fenômeno recor- mo intermediário representou R$ 44,6 bilhões soas ocupadas, ilustra a distribuição regional
manutenção, a análise dos dois grandes grupos rente em quase todos os setores de atividade: em 2004. No total das despesas intermediárias, da demanda das construtoras por materiais de
de despesas para os valores nacionais mostra São Paulo apresenta a mais expressiva despesa destacam-se as compras de materiais de cons- construção em 2004.
a importância do grupo de produtos cimento, domiciliar com materiais de construção, respon- trução, que somaram R$ 22,8 bilhões nesse ano. Nota-se a elevada participação das construtoras
laje, amianto, que responde por 17,4%, ou R$ dendo por pouco menos de 28% da demanda na- Em relação ao custo total das obras ou serviços de São Paulo no total dessa demanda (30,4%). Rio
5,3 bilhões, do total de gastos das famílias com cional das famílias. Vêm, em ordem decrescente da construção, aí incluídas as despesas indiretas de Janeiro (com 13%), Minas Gerais (com 11,6%)
material de construção. Em seguida, aparecem de importância, Minas Gerais, Rio Grande do e com a mão-de-obra, os gastos com materiais e Paraná (com 5,9%) vêm na seqüência.
produtos do grupo madeira, com 15,6%, ou R$ 4,8 Sul, Rio de Janeiro e Paraná, com participações representaram cerca de 28,3%, em média, no país.
bilhões. Por ordem de importância nas despesas de, respectivamente, 10,3%, 8,7%, 8,6% e 8,4%. Esse percentual foi menor nas empresas com mais
domiciliares vêm, na seqüência, cerâmica de re- Em conjunto, a região Sudeste do país reuniu de 30 funcionários (26%). Nas empresas com até (1) - Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral, fabricação de máquinas
vestimento (com 10,3% das despesas), cerâmica 48,5% do consumo das famílias por materiais 29 empregados, a participação das despesas com e equipamentos de usos na extração mineral e construção e fabricação de motores,
bombas, compressores e equipamentos de transmissão (elevadores).
vermelha (7,4%) e tintas (7,7%). de construção. materiais de construção foi de 38,4%.

14 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 15
Participação no pib
Tabela 2

Sinônimo de renda,
Valor adicionado na cadeia da construção,
R$ milhão, 2004

empregos e impostos Elos da cadeia


Fornecedores da indústria de materiais
Valor

9.008,8
Consumo
adicionado intermediário
23.566,9
Valor da
produção
32.575,7
Pessoal
ocupado
1.233.138,9
Produti-
vidade(*)
7.305,6
Obortie
A feum
indústria de velisi eu feu
materiais de feu faccum respondeu
construção iureraessent
porat,2,1%
consequisi
do total tat
de niam Indústria de materiais e equipamentos 34.810,3 41.435,7 76.246,0 596.066,1 58.400,1
Construção 84.868,0 72.504,0 157.372,0 5.613.659,0 15.118,1
volobore
bens velit in
e serviços hent do odit
produzidos nos nos
no Brasil emalit
2004nim quat. Vullamet alis amet, Paic (segmento formal) 51.038,2 44.592,1 95.630,3 1.539.964,9 33.142,5
Outras obras (segmento informal) 33.829,8 27.911,9 61.741,7 4.073.694,1 8.304,4
Serviços da construção 5.104,0 2.455,6 7.559,6 108.040,4 47.241,8
Aluguel de equipamentos 242,9 177,7 420,6 8.428,2 28.821,1

A
Incorporação de imóveis 1.580,5 522,1 2.102,6 25.740,0 61.402,8
dimensão da cadeia da construção reve- sas no país, dimensionou-se a parte formal do Engenharia e arquitetura 3.280,6 1.755,8 5.036,4 73.872,1 44.409,2
la sua participação dentro da economia núcleo da cadeia produtiva da construção: valor Comércio de materiais da construção 7.361,8 4.513,9 11.875,8 627.915,0 11.724,3
brasileira e mostra a importância rela- adicionado (VA), valor da produção, número de Atacado 1.431,9 1.306,1 2.737,9 77.455,0 18.486,4
tiva de cada grande grupo de ativida- ocupados, consumo intermediário etc. A síntese Varejista 5.930,0 3.207,9 9.137,9 550.460,0 10.772,8
des que a integra. Considerada em seu conjunto, dos indicadores de VA, emprego e produtividade Totais da cadeia 141.153,0 144.476,1 285.629,1 8.178.819,4 17.258,4
a cadeia da construção foi responsável por um na cadeia é apresentada na Tabela 2. O segmento Economia brasileira 1.666.258,0 1.769.627,8 3.435.885,8 88.244.954,0 18.882,2
valor adicionado de R$ 141,2 bilhões em 2004, formal da construção gerou um valor adicionado (%) da cadeia no PIB 8,47% 8,16% 8,31% 9,27%
o equivalente a 8,5% do PIB brasileiro (Tabela de R$ 51 bilhões em 2004, pouco mais de 60% Fonte: FGV (*) R$ por trabalhador

2). Esse valor é muito próximo ao das despesas do PIB da construção. Esse segmento, contu-
com produtos da construção, que somou R$ 136,7 do, respondeu por apenas 27,4% do emprego. O
bilhões em 2004 – ou 8,2% do PIB brasileiro. grande contingente de mão-de-obra, de mais de 4
A indústria de materiais de construção res- milhões de pessoas, estava ocupado no segmento GRÁFICO 3
pondeu por 2,1% do PIB em 2004, enquanto a informal da construção. Uma conseqüência dessa Distribuição do valor adicionado
indústria da construção (considerando todos os discrepância é o diferencial de produtividade
seus segmentos, inclusive as atividades infor- entre esses segmentos: enquanto o valor adi-
da cadeia da construção, por
mais) produziu 5,1% da riqueza nacional naquele cionado foi de R$ 33,1 mil por trabalhador nas segmento, 2004
ano. Os serviços auxiliares da construção foram empresas formais, valor 75,5% superior ao da
responsáveis por 0,3% do PIB. As atividades do média da economia brasileira, os trabalhadores
comércio de materiais de construção somaram no segmento informal da construção agregaram
0,4% do PIB. Além desses setores, vale destacar apenas R$ 8,3 mil em média (56% abaixo da
a participação das empresas que fornecem insu- média do país).
mos para a indústria de materiais de construção, Avançando na cadeia, estão situadas as ativi- Construção Indústria de
as quais responderam por um valor adicionado dades comerciais de materiais de construção. A materiais
de R$ 9 bilhões em 2004, cerca de 0,5% do PIB produção total do comércio formal de materiais
brasileiro. atingiu a cifra de R$ 11,9 bilhões em 2004, sendo
A partir dos dados da Pesquisa Anual da Indús- 76,9% desse valor originado no comércio varejista.
tria da Construção de 2004 (Paic), que compilou Relação similar é observada na distribuição do VA
as estatísticas de um universo de 109 mil empre- pelo setor: de R$ 7,4 bilhões de VA, 80,6% foram
60,1% 24,7%
Fornecedores da
indústria de materiais
6,4%
R$ 141,2 BI
Comércio de materiais
foi o valor adicionado da cadeia da construção
em 2004, o equivalente a 8,5%da riqueza 5,2% da construção

nacional. O valor é próximo ao das despesas com produtos da construção 3,6% Serviços da construção

16 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 17
Participação no pib

gerados pelo comércio varejista. O varejo também Em 2004, 596 mil pessoas (ou 7,3% do total da Tabela 3
é responsável por 87,7% do pessoal ocupado no cadeia) estavam diretamente ocupadas na indús-
comércio formal de materiais de construção. tria de materiais e equipamentos de construção. Valor adicionado e pessoal ocupado na indústria
Em termos absolutos, foram 550 mil dos 628 mil Essa participação relativamente reduzida se
postos de trabalho no comércio de materiais de explica diretamente pelo fato de a indústria de de materiais de construção, 2004
construção em 2004. materiais agregar segmentos importantes, cuja
O total de rendimentos, incluindo salários e produção é intensiva em capital. Em termos de Valor
contribuições sociais, pagos na cadeia da cons- geração de empregos, como se pode compreen- adicionado Pessoal
Segmentos (R$ milhão) ocupado
trução civil chegou a R$ 48,2 bilhões em 2004, o der até intuitivamente, nem sempre os grandes
que representa 2,2% da renda total da economia empregadores são os segmentos cujo valor da Indústrias extrativas 1.511,2 44.667
brasileira. A massa salarial correspondeu a R$ produção é mais elevado. Importantes segmentos Extração de pedra, areia e argila 1.511,2 44.667
37,3 bilhões e as contribuições sociais a R$ 10,8 da indústria de materiais de construção, como o
bilhões. da fabricação de cimento e a siderurgia, geram Indústrias de transformação 33.299,1 551.400
um volume de postos de trabalho aquém de sua Desdobramento de madeira 552,2 21.840
MULTIPLICADORES importância econômica: a fabricação de cimento
Para discutir com propriedade os efeitos das ocupa 2,7% do contingente da indústria de ma- Fabricação de produtos de madeira, cortiça e material trançado - exceto móveis 1.385,7 37.551
políticas voltadas ao setor da construção, é pre- teriais e equipamentos de construção, enquanto Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lacas e afins 1.270,2 14.030
ciso estimar os impactos que um crescimento na a siderurgia responde por 2,2%.
demanda por seus produtos terão sobre a renda A produtividade média dos diversos segmentos Fabricação de produtos de material plástico1 909,6 20.141
gerada, direta e indiretamente, e sobre a criação da indústria de materiais de construção também Fabricação de vidro e de produtos do vidro 800,3 8.484
de emprego. A caracterização e quantificação da apresenta diferenças marcantes entre eles, em
cadeia fornecem os multiplicadores que resultam razão, evidentemente, das distintas estruturas Fabricação de cimento 5.172,8 16.266
das inter-relações entre os diversos elos da ca- produtivas. Os segmentos com produtividade Fabricação de artefatos de concreto, cimento, fibrocimento, gesso e estuque 1.669,8 63.632
deia e entre estes e a economia como o todo. Os média mais elevada são aqueles mais capital-
multiplicadores de renda e emprego mostram o intensivos: siderurgia, cimento, produção de Fabricação de produtos cerâmicos2 3.067,1 123.309
poder de encadeamento da cadeia e são, por isso, ferro-gusa e ferro-liga e a metalurgia de metais Aparelhamento de pedras e fab. de cal e de outros produtos de minerais não-metálicos 1.568,1 33.555
um importante instrumento para a estimativa dos não-ferrosos (alumínio e cobre), os quais con-
efeitos de mudanças na política econômica que trastam com a produtividade mais reduzida da Produção de ferro-gusa e de ferroligas 1.088,1 5.226
afetam diretamente a cadeia da construção. fabricação de produtos cerâmicos e desdobra- Siderurgia 4.688,1 13.269
Esse poder de encadeamento mostra que, mento de madeira, por exemplo. O Gráfico 4
3
como conseqüência de um aumento de R$ 10 apresenta esses valores. Fabricação de tubos – exceto em siderúrgicas 601,8 5.828
milhões na demanda por produtos da indústria Metalurgia de metais não-ferrosos4 1.290,1 6.521
da construção, são criados 360 empregos diretos. CARGA TRIBUTÁRIA 5
Considerando a cadeia como um todo, a cada R$ É fundamental ressaltar que a dimensão do Fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada 1.609,6 65.662
10 milhões de demanda por produtos e serviços ônus dos impostos sobre a cadeia da construção Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos 127,7 2.682
da cadeia são gerados 520 postos de trabalho e é ainda um fator que afeta a competitividade 6
Fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais 569,3 11.244
R$ 8,969 milhões de renda direta e indireta na do setor, com reflexos sobre seu potencial de
economia. crescimento. Trata-se de uma questão recor- Fabricação de produtos diversos de metal7 822,2 16.859
rente e, sobretudo, não equacionada no sistema
Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão 792,3 9.875
INDÚSTRIA DE MATERIAIS tributário do país.
O VA da indústria formal de materiais e equi- Em termos absolutos, a cadeia da construção Fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral 875,8 16.690
pamentos de construção em 2004 foi de R$ 34,8 recolheu R$ 31,8 bilhões em tributos em 2004,
Fabricação de máquinas e equipamentos de usos na extração mineral e construção 1.808,9 21.577
bilhões, o que representou quase 1/4 do PIB da sendo R$ 17,3 bilhões pagos pela indústria da
cadeia da construção. Do VA da indústria de construção e R$ 14,5 bilhões, pela indústria de Fabricação de equipamentos para distribuição e controle de energia elétrica 1.676,6 23.739
materiais e equipamentos de construção, 14,9% materiais de construção e os demais segmentos
Fabricação de fios, cabos e condutores elétricos isolados 952,8 13.420
é gerado pela fabricação de cimento. Em segun- da cadeia (ver Tabela 4).
do lugar, em termos de importância relativa, É preciso observar a estrutura de impostos Total – Materiais e equipamentos de construção 34.810,3 596.066
vem a siderurgia, com 13,5% do VA da cadeia, que incidem sobre a cadeia da construção com
Indústria de materiais de construção 31.333,2 547.925
seguida pela indústria de produtos cerâmicos, bastante cuidado. Parte significativa dos impostos
que contribuiu com 8,8% em 2004. A Tabela 3 incidentes sobre seus produtos será paga pelos Fonte: FGV, com base na PIA 2004 1 - Inclui tubos e conexões, assessórios sanitários, reservatórios, revestimentos e esquadrias. 2
- Inclui tijolos, ladrilhos, telhas e louças sanitárias. 3 - Tubos de aço com costura. 4 - Inclui tubos e perfis de cobre e alumínio. 5 - Inclui
traz as informações detalhadas acerca desses setores subseqüentes, o que quer dizer pelas
esquadrias. 6 - Inclui fechaduras, dobradiças e cadeados. 7 - Inclui pregos, parafusos, calhas, pias e cubas.
segmentos. construtoras, particularmente. A tributação que

18 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 19
Participação no pib

GRÁFICO 4 recai sobre a indústria de materiais de construção informal foi onerada em montante equivalente
pode parecer relativamente reduzida. No entanto a 11,5% do VA. Na média das empresas formais
Produtividade média na indústria isso se explica diretamente pelo posicionamento e informais da construção, a carga tributária foi
de materiais de construção, 2004 dessa indústria no meio da cadeia, em uma fase de 20,4% do VA em 2004.
(R$ por trabalhador) intermediária do processo produtivo. A carga sobre os produtos da indústria de mate-
A carga tributária média desse conjunto de riais onera acima de tudo a indústria da constru-
Fabricação de estruturas metálicas atividades da cadeia da construção representou, ção. Uma análise mais detalhada dos pagamentos
24.513
e obras de caldeiraria pesada em 2004, 22,5% do valor adicionado. Como seria de tributos permite levantar o quanto a cadeia
esperado, ela é distribuída de forma bastante da construção paga em impostos ao consumir
Fabricação de produtos 24.873
cerâmicos desigual entre os grandes grupos de atividades. materiais. Do total de impostos pagos pela ca-
Para a construção civil formal, o total de impos- deia, 58,9% estão relacionados às despesas com
Desdobramento tos somou 26,3% do VA, enquanto a construção materiais de construção.
de madeira 25.283

Fabricação de artefatos de concreto, cimento, 26.241


fibrocimento, gesso e estuque Tabela 4
Fabricação de produtos de madeira, 36.902
cortiça e material trançado - exceto móveis Carga tributária na cadeia da construção, 2004 (R$ milhão)
Fabricação de produtos 45.160
de material plástico
Aparelhamento de pedras e fab. de cal 46.732
e de outros produtos de minerais não- metálicos
Impostos e contribuições Cadeia da construção Total da
Fabricação de tanques, caldeiras cadeia
e reservatórios metálicos 47.635 Fornecedores Construção
Formal Informal Total
Fabricação de produtos 48.767
diversos de metal Impostos sobre a produção 4.394,4 5.371,0 2.527,0 7.897,9 12.292,4
Fabricação de artigos de cutelaria, 50.629 ICMS 1.590,8 2.125,1 1.345,6 3.470,7 5.061,5
de serralheria e ferramentas manuais
IPI 254,9 338,2 255,1 593,2 848,2
Indústria de materiais 57.185
de construção Imposto sobre Importação 218,5 170,4 0,0 170,4 388,9

Fabricação de fios, cabos e Outros específicos 1.276,0 1.405,3 926,3 2.331,6 3.607,6
70.999
condutores elétricos isolados
Outros impostos sobre a produção 1.054,2 1.332,0 0,0 1.332,0 2.386,2
Fabricação de motores, bombas, 80.237
compressores e equipamentos de transmissão Impostos sobre a renda e a 10.111,7 8.033,7 1.370,4 9.404,1 19.515,9
propriedade
Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, 90.529
lacas e afins IPTU 70,0 51,1 6,3 57,5 127,5

Fabricação de vidro e de IPVA 287,2 72,8 109,2 182,0 469,1


94.327
produtos do vidro
IPMF / CPMF 602,0 447,7 291,7 739,4 1.341,4
Fabricação de tubos - exceto 103.258 Demais (ITR) 4,5 0,0 0,0 0,0 4,5
em siderúrgicas
Imposto de Renda 3.438,5 2.097,8 0,0 2.097,8 5.536,3
Metalurgia de metais 197.838
não-ferrosos CSLL 970,2 533,6 0,0 533,6 1.503,9
Produção de ferro-gusa 208.187 Previdência oficial e FGTS 4.700,8 4.798,8 963,2 5.762,0 10.462,8
e de ferroligas
ITBI 38,6 31,9 0,0 31,9 70,4
Fabricação 318.014
de cimento Carga tributária total 14.506,2 13.404,6 3.897,4 17.302,0 31.808,2

Siderurgia 353.325 Carga tributária (%) do VA 25,8% 26,3% 11,5% 20,4% 22,5%
Fonte: FGV, com base na PIA 2004
Fonte: FGV, com base na PIA 2004

20 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 21
hOrizonte

Desafios para o setor,


benefícios para o país
Obortie
A feum
redução velisi eu feu feu
dos investimentos faccum
pode iureraessent
ser notada no estadoat, consequisi
precário tat niam
de nossa
volobore velit in
infra-estrutura ouhent donos
ainda odit nos nos
grandes alit nimdo
números quat. Vullamet
déficit alis amet,
habitacional

É
possível esperar, como decorrência mento da cadeia produtiva da construção recuperação dos investimentos em constru- que anos de baixo investimento ocasionaram
de um amplo estudo sobre a cadeia na formação do PIB brasileiro. ção. Visando um desempenho satisfatório do nas empresas do setor. A falta de obras e a
da construção, que se obtenham O declínio do investimento no setor não setor, é preciso, numa perspectiva ampla de descontinuidade dos empreendimentos di-
indicadores e relações a partir dos pode ser confundido com diminuição de sua análise, viabilizar a construção em grande ficultaram o treinamento e a formação dos
quais se possa projetar o seu desempenho. importância como gerador de empregos. Os escala de habitação popular e diminuir a trabalhadores. Da mesma maneira, a escassez
Os números da cadeia produtiva são reflexos efeitos que os investimentos em construção burocracia que atravanca a aprovação de de crédito habitacional e de recursos para
dos caminhos que o país tem seguido e, nesse produzem sobre a economia no longo prazo projetos de novos empreendimentos imobi- a moradia voltada à baixa renda levou as
sentido, nos fornecem pistas de como seria são indiscutivelmente de grande importância liários. Dentro dos limites do escopo deste famílias ao expediente da autoconstrução,
a realidade se tivessem sido adotadas rotas para o país. Dessa maneira, retomar os níveis trabalho, é fundamental destacar duas frentes contribuindo para engrossar o grande con-
alternativas, menos tortuosas. que já foram observados no início dos anos que demandam esforços concentrados para tingente da informalidade.
A revisão das Contas Nacionais trouxe à 1980 é um passo fundamental na construção dar mais dinamismo às atividades de toda a A retomada do crescimento ora em curso
tona o que, de certa forma, já era percebido do desenvolvimento sustentável. cadeia: a qualificação de mão-de-obra e a começa a trazer à tona as dificuldades rela-
intuitivamente: a construção perdeu espaço E os primeiros passos começaram a ser desoneração tributária. Detalhamos abaixo cionadas ao baixo investimento em capaci-
na economia brasileira – e os números da dados: a expansão do crédito imobiliário, os esses dois últimos aspectos. tação da mão-de-obra. Entidades ligadas à
cadeia, referentes a 2004, são síntese da recursos para a habitação de interesse social cadeia da construção, entre elas a Abramat,
trajetória declinante do investimento no e o Programa de Aceleração do Crescimento QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA têm se esforçado no sentido de incentivar a
país a partir da década de 1980. De fato, a (PAC) dão mostras do reconhecimento de Um dos grandes números da cadeia é o con- melhoria da capacitação profissional. Mas
redução das inversões em construção pode que o setor é peça-chave do desenvolvi- tingente significativo de pessoas ocupadas no a qualificação é apenas um dos aspecto do
ser notada no estado precário de nossa infra- mento do país. Vale notar que a superação setor da construção. Associadas a essa cifra problema. Investimentos em desenvolvi-
estrutura ou ainda nos grandes números do do conjunto de dificuldades que hoje impõe bastante positiva, há duas outras estatísticas mento tecnológico e em novos processos
déficit habitacional. Assim, o resultado dessa severos obstáculos à recuperação do setor de desalentadoras: o alto número de pessoas na construtivos também podem contribuir para
trajetória declinante aparece no encolhi- forma sustentada é tão importante quanto a informalidade e a baixa produtividade dessa o aumento da produtividade.
mão-de-obra. Quase 50% dos trabalhado- A informalidade e os baixos níveis de pro-
res ocupados na cadeia atuam no segmento dutividade são grandes desafios que jus-

O declínio do investimento no setor não pode ser


confundido com diminuição de sua
importância como gerador de empregos
informal do setor da construção e, não por
acaso, a sua produtividade representa 44%
da média do país. Esses números, em grande
tificam a necessidade de estabelecer um
conjunto de diretrizes para superar essas difi-
culdades. Nesse contexto, o equacionamento
medida, estão relacionados a outra grande está ligado também à questão tributária.
dificuldade do setor: a falta de qualificação

Os efeitos que as inversões em construção


produzem sobre a economia no longo
prazo são indiscutivelmente de grande importância para o país
da mão-de-obra.
A conjugação de informalidade e baixa
qualificação é resultado da desestruturação
TRIBUTAÇÃO
O elevado peso da carga tributária sobre a
cadeia da construção e seus efeitos perversos

22 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 23
hOrizonte

Tabela 5

O peso
Produtos contemplados com a redução do IPI
da carga tributária sobre a cadeia da construção e
seus efeitos perversos sobre os investimentos são
reconhecidos em quase todas as esferas de governo
Itens desonerados % %
Alíquota Alíquota
anterior atual

A redução
Tintas e Vernizes, à base de polímeros sintéticos ou de polímeros naturais modificados, dispersos ou 10% 5%
dissolvidos em meio aquoso
Tintas e Vernizes à base de poliésteres 10% 5%
de impostos sobre materiais de
Tintas e Vernizes à base de polímeros acrílicos ou vinículos 10% 5% construção não só contribui para o
Tintas
Vernizes
10%
10%
5%
5%
crescimento econômico, mas também para a diminuição da informalidade
Indutos utilizados em pintura (massas niveladoras) 10% 5%
Outros tipos de indutos utilizados em pintura (seladoras) 10% 5%
Cimentos e Argamassas (refratários) 10% 5%
Argamassas e concretos (betões) não refratários 10% 5%
Tubos rígidos de plástico 5% 0% sobre os investimentos são reconhecidos em medidas que venham a simplificar a estrutura
Acessórios de tubos de plásticos 5% 0% quase todas as esferas de governo. Mas avan- tributária podem contribuir para uma maior
Banheiras, banheiras para ducha, pias e lavatórios de plástico 10% 5%
ços têm ocorrido, especialmente no âmbito arrecadação – e projeções da FGV Projetos
Assentos e tampas, de sanitários de plástico 10% 5%
Caixas de descarga e artigos semelhantes 10% 5% federal. A partir de fevereiro de 2006, como realizadas no ano passado mostraram que
Reservatórios, cisternas, cubas e recipientes análogos, de capacidade superior a 300 litros de plástico 5% 0% resultado de pleitos das entidades do setor, isso é verdadeiro para o setor de materiais de
Portas, janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras de plástico 5% 0% algumas alterações tributárias foram intro- construção . O estudo(2) realizado em 2006
Janelas, janelas de sacada e respectivos caxilhos e alizares de madeira 5% 0% duzidas pelo governo federal. A relação dos mostrou que a redução de impostos sobre
Portas e respectivos caixilhos, alizares e soleiras de madeira 5% 0%
Ladrilhos e placas (lajes), para pavimentação ou revestimento, não vidrados nem esmaltados, de 10% 5%
itens que tiveram redução total ou parcial materiais de construção não só contribui para
cerâmica; cubos, pastilhas e artigos semelhantes, para mosaicos, não vidrados nem esmaltados, de do Imposto sobre Produtos Industrializados o crescimento econômico, mas também para
cerâmica, mesmo com suporte (IPI) e a novas alíquotas estão na Tabela 5. a redução da informalidade. Nesse sentido,
Ladrilhos e placas (lajes), para pavimentação ou revestimento, vidrados ou esmaltados, de cerâmica; 10% 5%
cubos, pastilhas e artigos semelhantes, para mosaicos, vidrados ou esmaltados, de cerâmica, mesmo A questão tributária, no entanto, ainda está numa situação em que a redução de alíquotas
suporte longe de se esgotar. Vários itens importantes torne o diferencial de rendimentos consegui-
Pias, lavatórios, colunas para lavatórios, banheiras, bidês, sanitários, caixas de descarga (reservatórios 10% 5% dentro da cadeia, e que compõem a cesta bási- do pelas atividades informais relativamente
de autoclismo), mictórios e aparelhos fixos semelhantes para usos sanitários, de cerâmica
Vidro float 10% 5% ca de uma habitação popular, ainda não foram baixo em relação ao risco de permanecer na
Fio-máquina de ferro ou aços não ligados 5% 0% contemplados, como o cimento, os materiais informalidade, pode-se afirmar que a dimi-
Barras de ferros ou aços não ligados, simplesmente forjadas, laminadas, estiradas ou estrudadas, a 5% 0% elétricos, as fechaduras e dobradiças, as telhas nuição da carga de ICMS e uma simplificação
quente, incluídas as que tenham sido submetidas à torção pós laminagem
Cantoneiras para telhados 5% 0%
de fibrocimento, entre outros. tributária podem conduzir até mesmo a um
Portas e janelas, e seus caixilhos, alizares e soleiras de ferro ou aço 5% 0% Os aspectos mais polêmicos estão direta- aumento da arrecadação.
Material para andaimes, para armações (cofragens) e para escoamentos 5% 0% mente vinculados à mudança de alíquotas Se as considerações referentes à desone-
Chapas, barras, perfis, tubos e semelhantes, próprios para construções 5% 0% estaduais do ICMS. A unificação de alíquotas ração tributária não são novidade no debate
Pias e lavatórios, de aços inoxidáveis 10% 5% desse imposto é um passo fundamental da sobre os rumos da economia, isso demonstra
Portas, janelas, e seus alizares e soleiras de alumínio 5% 0%
Válvulas de retenção 12% 5% reforma tributária e terá efeitos importan- que a agenda de reformas do país, apesar de
Torneiras e válvulas dos tipos utilizados em banheiros ou cozinhas 12% 5% tes sobre toda a economia brasileira. Mas, avanços pontuais, continua defasada. Esse
Válvulas tipo gaveta 12% 5% para os Estados, os benefícios inerentes à atraso, em particular quando envolve o setor
Válvulas tipo globo 12% 5% unificação das alíquotas não é evidente, pois de construção, tem conseqüências bastante
Válvulas tipo esfera 12% 5%
Outros tipos de válvulas 12% 5%
há interesses regionais conflitantes. Nesse negativas na geração de empregos e de renda,
Duchas e Chuveiros Elétricos 10% 5% sentido, é necessária uma ação conjunta de bem como na qualidade de vida da população
Fios e cabos de cobre 5% 0% convencimento, tanto no Congresso Nacional brasileira.
Munidos de peças de conexão 10% 5% como nas esferas estaduais de governo, para
Outros tipos de fios e cabos 5% 0% que haja uma equalização de alíquotas.
Fonte: Abramat (2) - FGV Projetos (2006): A Tributação na Indústria de Materiais de Construção.
Sabe-se que, de uma forma geral, todas as Fundação Getulio Vargas, São Paulo.

24 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 25
A TEORIA DE LEONTIEF A hipótese fundamental do modelo de insumo-produto

Anexo metodológico
A chamada tabela de insumo-produto tem o aspecto assume que a quantidade de insumo do setor i consumido
típico descrito na Figura 4.1, apresentada mais a frente. pelo setor j, Xij, é proporcional à produção total do próprio
Nela, estão representadas as diversas transações interse- setor j, Xj, isto é, que
toriais realizadas numa determinada economia durante
certo período de tempo (um ano, digamos). São m setores Xij = aij Xj ,
produtivos, ou atividades, que participam do fluxo de insu-
mos e de produtos. As principais variáveis sobre as quais em que aij é uma constante. Isso equivale a dizer que
são definidas as relações de insumo-produto são: o consumo por parte do setor j de insumos do setor i, Xij,
é uma função linear de sua própria produção, Xj. Para
DEFINIÇÕES ECONÔMICO-CONTÁBEIS auferidas por trabalhadores e capitalistas (empresários Xij : a quantidade de insumo, em valor monetário, produzido se produzir um total de Xj, o setor j necessita de aij Xj =
Vamos começar com as noções de receita bruta e receita ou investidores). Isso se dá porque o valor adicionado por pelo setor i e adquirido pelo setor j; Xij em insumos de i. Percebe-se que esta relação é uma
líquida. Quando falamos de uma empresa entendemos por uma empresa é integralmente utilizado no pagamento Xi : o valor monetário da produção total do setor i; característica da tecnologia de produção do setor j: para
receita bruta a soma das receitas resultantes da exploração dos fatores de produção – equação (1.2), em que FP é a Di : o valor monetário da demanda final pelo insumo do dobrar a sua produção, e chegar a 2 Xj, por exemplo, o
das atividades principais e secundárias exercidas por ela. A folha de pagamentos e EO é a remuneração bruta do ca- setor i, que corresponde à soma do consumo familiar setor j necessitará obter do setor i um total de aij(2 Xj) =
receita líquida é obtida excluindo-se os impostos e contri- pital, também chamado de excedente operacional bruto. deste insumo, Ci, com o investimento privado, Ii, o dis- 2 Xij em insumos.
buições incidentes sobre as receitas de vendas e prestação Alternativamente, a remuneração bruta do capital pode pêndio governamental, Gi, e as exportações, E-i; A matriz A = (aij) que pode ser assim construída é co-
de serviços3, as vendas canceladas e os abatimentos e des- ser obtida pela diferença entre o valor adicionado e a folha Vj : o valor adicionado pelo setor j. nhecida por matriz de tecnologia e os seus elementos ‘aij’
contos incondicionais. As receitas bruta e líquida de uma de pagamentos5. são chamados coeficientes técnicos de insumos diretos.
atividade econômica não incluem as receitas financeiras Na linha i estão, portanto, as vendas do setor i para A hipótese feita se baseia no fato de ser lento o ritmo de
e de variações monetárias ativas (correção monetária) VA = FP + EO cada um dos demais setores da economia de forma que avanço tecnológico por parte das diversas indústrias de
e tampouco as receitas não-operacionais resultantes da podemos escrever: uma economia, o que implica a validade da relação acima
alienação ou venda de bens do ativo permanente, bem Nesse sentido, o conceito de valor adicionado correspon- m para períodos imediatamente anteriores e posteriores.
como receitas de reversão de provisão para perdas. de ao de custo com fatores de produção. Esse conceito é Xi = ∑Xij + (Ci + Ii + Gi + Ei) Supõe-se também que os preços são fixos no período em
O primeiro conceito econômico-contábil relevante é bastante distinto da noção de custo operacional (CO), que j=1 que se fez a análise, já que na prática as quantidades dadas
o de valor da produção. No caso da indústria de trans- equivale à soma das despesas com mão-de-obra, serviços m da figura A.1 estão em alguma unidade monetária, e não
formação, o valor bruto da produção, também chamado e matérias-primas, ou seja, CO = FP + CI. Isso significa , ou ainda: Xi = ∑Xij + Di. na unidade física correspondente do produto, o que seria
de valor bruto da produção industrial é definido como a dizer que o custo operacional é a diferença entre o valor j=1 mais adequado para o cálculo das relações tecnológicas.
receita líquida da venda de produtos e serviços industriais, bruto da produção e o excedente operacional (que inclui Os dois componentes da demanda total, que se iguala A partir dessas relações, obtém-se um sistema linear de
acrescida da variação dos estoques dos produtos acabados a remuneração do capital): CO = VP – EO. ao valor da produção do setor, são a demanda final, re- m equações e m incógnitas:
e em elaboração e a produção própria realizada para o Do ponto de vista agregado, quando se considera um alizada pelos consumidores, investidores e governo e a m m
ativo imobilizado. setor econômico específico como a indústria de papel demanda intermediária, ou consumo intermediário. Na Xi = ∑Xij + Di = ∑aij Xj+Di , i = 1, 2, ...,m,
O valor bruto da produção de uma empresa (que cha- e celulose, a definição mais importante é a de produção demanda final está incluído o consumo das famílias, o j=1 j=1

maremos a partir de agora de VP) pode ser dividido em agregada do setor. Uma primeira aproximação, bastante que indica que o modelo é aberto, visto que essa parte ou seja,
dois componentes: o consumo intermediário (CI), que intuitiva, seria considerá-lo como sendo o somatório do importante da demanda é determinada, por hipótese, de
corresponde à soma de despesas com matérias-primas valor bruto da produção das várias empresas que com- forma exógena. ai1X1 + ai2X2 + ... + ainXn + Di = Xi, i = 1, 2, 3, ...,m.
e serviços (insumos), produzidas por outras empresas e põem o setor. Não obstante, o valor da produção de uma
que foram adquiridas no processo produtivo tendo como empresa já incorpora em seu consumo intermediário o Na forma matricial, este sistema pode ser escrito
destino a produção, e o valor adicionado (VA) – a parte do valor da produção de outras empresas do mesmo setor. Figura 4.1 como:
valor final que foi produzida pela empresa4. Por esse motivo, se somássemos livremente os valores da Tabela de Insumo-produto
produção de todas empresas da indústria, iríamos incorrer AX + D = X , ou ainda, (I – A)X = D.
VP = CI + VA num problema de dupla contagem, o que superestimaria para o setor i demanda final X
Para uma empresa, o consumo intermediário é resulta- a produção do setor. X11 X12 X1j X1m C1 I1 G1 E1 X1 Aqui, A é a matriz de tecnologia, quadrada m x m; X é
do da soma das seguintes despesas e custos: consumo de A forma mais direta que temos de evitar esse problema o vetor coluna m x 1 cujos elementos são os valores das
matérias-primas; serviços contratados a terceiros; serviços é somar os valores adicionados por todas as empresas do X21 X22 X2j X2m C2 I2 G2 E2 X2 produções dos diversos setores; D é o vetor coluna m x 1

do setor i
de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos setor. Como essa componente é definido como a diferença correspondente à demanda final e I é a matriz identidade
ligados à atividade (prestados por terceiros); consumo de entre o valor bruto da produção e o consumo intermedi- m x m.
Xi1 Xi2 Xij Xim Ci Ii Gi Ei Xi
combustíveis e lubrificantes; aluguéis e arrendamentos; ário de uma empresa, ela já desconta o valor adicionado
despesas com propaganda; prêmios de seguro; royalties e por outras firmas. Por analogia, entende-se a produção de O passo final para a construção do modelo de I-P pode
assistência técnica; e despesas não-operacionais. uma região como a soma do valor adicionado por todas Xm1 Xm2 Xmj Xmm Cm Im Gm Em Xm ser garantido ao se perceber que, em geral, o consumo
Note-se que o VA é, por construção definido como a empresas que atuam numa certa extensão geográfica. intermediário de um setor não ultrapassa o total de sua
diferença entre o valor bruto da produção e o consumo (4) - Note-se que o consumo intermediário corresponde ao pagamento das obrigações contraídas
CI1 CI2 CIj CIm produção, isto é,
dispêndio

junto a terceiros, enquanto que o valor adicionado por uma empresa é utilizado no pagamento
intermediário: VA = VP – CI. O valor adicionado por das obrigações junto às pessoas envolvidas diretamente com a empresa: acionistas, empresários, V1 V2 Vj Vm
uma empresa, por sua vez, equivale à soma das rendas executivos e trabalhadores, assalariados ou autônomos. m

(3) - Tais como ICMS, IPI, PIS, Cofins, ISS e Imposto de Importação e os impostos arrecadados via
(5) Vale mencionar que esses dois itens podem ser decompostos em mais dois, cada qual. É con-
veniente separar a folha de pagamentos em salários e contribuições sociais, e dividir o excedente
M1 M2 Mj Mm
Xj > ∑Xij , j = 1, 2, 3, ..., m,
i=1
Simples, caso a empresa tenha optado por essa forma de arrecadação. operacional bruto em remuneração de autônomos e excedente operacional. X1 X2 Xj Xm

26 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 27
o que equivale a O vetor-linha CEDI (1 x m), o qual é igual a CED.L, é A MATRIZ INSUMO-PRODUTO DO IBGE • qd = a matriz diagonal (116 x 116), tal que qdjj =
m conhecido como o vetor de coeficientes de emprego direto Em março de 2007, o IBGE publicou um novo qj, j =1, 2, ..., 116.
1> ∑aij, j = 1, 2, 3, ..., m. e indireto, pois seu j-ésimo elemento, o coeficiente CEDIj, Sistema de Contas Nacionais (SCN), revisto e • gd = a matriz diagonal (56 x 56) tal que gdjj =
i=1
representa o total de pessoas ocupadas necessárias para atualizado, com referência para suas estatísticas gj, j =1, 2, ..., 56.
Essas desigualdades garantem a existência da inversa que toda a economia atenda à demanda de um único bem no ano 2000. Foram utilizados nessa revisão os
da matriz (I – A). Assim, o sistema acima pode ser resol- do setor j. resultados obtidos em suas diversas pesquisas Observa-se que:
vido para X: anuais realizadas desde 2000, os dados da POF 110 110
CEDI = CED . L (3) e do último censo demográfico. gi = ∑Vij = ∑Vij.1 , i = 1, 2, ..., 56, isto é,
X = (I – A)-1 D = L.D (1) A outra noção de multiplicador de emprego, também As tabelas de recursos e usos (TRU), parte inte- j=1 j=1

utilizada na literatura, relaciona o coeficiente de emprego grante do SCN do IBGE, e base para a construção g = Vs. (8)
A matriz L = (I – A)-1 é chamada de matriz inversa de direto com o indireto: da matriz insumo-produto brasileira, sofreram
Leontief. O sistema (1) mostra o quanto a economia deve- CEDIj diversas modificações importantes com essa re- De maneira análoga,
rá produzir de cada mercadoria e serviço para atender a KEj = , j = 1, 2, ..., m. (4) visão metodológica. Novos setores e produtos, 56 56
CEDj
demanda total D. Assim a j-ésima coluna de L representa mais relevantes e melhor definidos, passaram a qj = ∑Vij = ∑ 1.Vij , j = 1, 2, ..., 110.
a produção necessária de todos os setores produtivos para Essa relação nos diz que, se a produção de um valor de- compô-las. Têm-se agora 55 setores de atividade e i=1 i=1

atender à demanda de uma única unidade de produto do terminado do setor j empregar diretamente n trabalhadores 110 produtos, nas tabelas de produção e consumo,
setor j, como é possível verificar ao se fazer o vetor D igual do setor j, então o número de empregos diretos e indiretos no lugar dos antigos 42 setores e 80 produtos, e Esse sistema pode ser escrito na forma matricial
ao vetor-coluna composto apenas por zeros a exceção de gerados na economia correspondente será de KEj.n. a tabela de demanda final passou a trazer aberta como qt = rt V, ou ainda:
seu j-ésimo elemento, que deve ser 1. De maneira análoga, é possível também calcular os uma coluna, denominada ISFLSF, para as insti-
A fim de se mensurar impactos econômicos utilizando-se coeficientes de renda direta a partir da linha “Valor Adi- tuições sem fins lucrativos. Além disso, as TRU de q = Vt r. (9)
a matriz de insumo-produto, são construídos multiplica- cionado” da Figura 4.1: 1995 até 2004 foram recalculadas, tendo em vista
dores de emprego e de renda. Na literatura especializada a nova referência no ano 2000, para se adequarem As operações feitas em (8) e em (9) mostram que
não há um consenso geral sobre o significado desses CRD = (V1/X1 V2/X2 ...Vm/Xm) (5) a este novo formato. multiplicar uma matriz por um vetor do tipo r ou
multiplicadores e diversas definições distintas podem ser Neste projeto, a matriz de insumo-produto s composto apenas por valores unitários equivale
encontradas. Neste texto, serão empregadas duas delas, e, em seguida, os coeficientes de renda direta e indi- brasileira para o ano de 2004 foi construída a a formar um vetor cujo i-ésimo elemento é igual à
uma função da outra, e o valor associado àquela mais reta partir das novas versões de 2007 das tabelas de soma de todos os elementos da linha i da matriz.
importante será denominado coeficiente de emprego ou produção e de consumo intermediário das ativida- Por esta razão, valem ainda os resultados
de renda, conforme o caso. CRDI = CRD.L (6) des econômicas, utilizando-se uma metodologia
O coeficiente de emprego direto CEDj, j = 1, 2, ..., m é que permitiu agregar os 116 diferentes produtos q = (qd) s e g = (gd) r (10)
aquele obtido pela divisão do número de trabalhadores que tem como j-ésimo elemento a renda total da eco- (os 110 produtos originais, mais 5 desagregados)
de cada setor j de atividade, Nj, pelo respectivo valor da nomia advinda da produção requerida para atender à em 56 setores produtivos (55 originais e 1 novo São definidas ainda a matriz de market-share
produção, Xj. Compondo um vetor-linha (1 x m) com estes demanda de uma unidade do produto do setor j. Assim, setor). D como Dij = Vij / qj, i = 1, 2,..., 56; j = 1, 2, ...,110; e
quocientes, chega-se a: dada uma demanda genérica D, a renda total Y obtida em A tabela de produção, correspondente a uma a matriz de consumo nacional B como, Bij = Unij
sua produção pode ser calculada por Y = CRDI.D. E, da matriz V (56 x 116), em que Vij representa a quan- / gj, i = 1, 2,..., 116; j = 1, 2, ...,56, as quais podem
CED = (N1/X1 N2/X2 ...Nm/Xm) (2) mesma forma, os multiplicadores de renda são calculados tidade do bem j produzido pelo setor i no ano ser escritas concisamente como:
por: considerado; e
Isto é, para se produzir uma unidade de produto do setor CRDIj A tabela de consumo intermediário, correspon- D = V.qd-1 e B = Un.gd-1 (11)
j, serão necessários CEDj pessoas ocupadas no próprio se- KRj = , j = 1, 2, ..., m (7) dente a uma matriz Un (116 x 56), cujo elemento
CRDj
tor j, seguindo a hipótese de relações lineares de Leontief. Unij representa a quantidade do bem i consumido Segundo estas definições, como Vij é a quanti-
Ou ainda: se houver uma demanda por uma unidade de j, Para efeito de simulações, os coeficientes definidos pelo setor j. dade do bem j produzido pelo setor i, o número
diretamente empenhados em sua produção, estarão CEDj pelas expressões (2) e (3) nos permitem inferir quanto Nas matrizes brasileiras são adotadas as se- Dij fornece a fração do total do bem j proveniente
pessoas no setor j. ao número de empregos diretos e indiretos que seriam guintes definições: do setor i. E ainda, como Unij é a quantidade do
Entretanto, há o efeito indireto de geração de emprego gerados pelo aumento do dispêndio agregado no setor j, bem i produzido nacionalmente e consumido pelo
em toda a economia, visto que este setor deve consumir mantidas as relações tecnológicas. As equações (5) e (6), • qj = a produção total do bem j na economia no setor j, Bij representa a participação do consumo
produtos provenientes dos demais. Para calcular este por sua vez, fornecem elementos para se estimar o total período de um ano, para j = 1, 2,..., 116; do produto i no dispêndio total gj do setor j.
efeito, lembremos que, dado um vetor-coluna D (m x 1) de renda que seria gerado por esse dispêndio adicional. • gj = a produção total do setor j, para j = 1, 2,...,56 Seja um vetor de demanda final por produto,
representando a demanda pelos produtos das m atividades, Já as relações (4) e (7) apenas revelam o poder de encade- (nos itens acima, foi utilizado Xj para denotar En (116 x 1). Conforme o modelo aberto:
a produção que a satisfaz é dada por Z = L D. Para produzir amento dos m setores de atividade da economia: quanto este mesmo valor).
Z, serão necessários, portanto, maior essa relação, maior a quantidade de empregados, • r = (1, 1, 1,...,1)t o vetor coluna (56 x 1), tal que q = Un.r + En.
m
E= ∑CEDjZj , pessoas ocupadas, isto é,
j=1
ou de renda, que serão gerados nos setores fornecedores
de insumo para um emprego, ou unidade de renda, que
todos os seus elementos são iguais a 1.
• s = (1, 1, 1,...,1)t o vetor coluna (116 x 1), tal que tam-
De (11), tem-se que: Un = B.gd e V = D.qd.
E daí:
E = CED.Z = (CED.L).D = CEDI.D. são gerados diretamente. bém todos os seus elementos são iguais a 1. q = (B.gd).r + En = B(gd.r) + En = Bg +En.

28 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 29
não mais abertos por setor. Em virtude deste fato, para
Multiplicando-se ambos os lados desta equação por D, estimar tais tabelas para o ano de 2004, estipulou-se que
e trocando sua ordem, obtém-se DBg + D.En = Dq = D(qd. cada segmento de atividade econômica e componente de
s), a qual pode ser expressa da seguinte forma: demanda final, ao consumir dado produto, pagou uma
mesma alíquota sobre esse produto.
(D.qd).s = Vs = g. (12) A tabela de valor adicionado já apresenta abertos, por
atividade econômica, os seguintes impostos sobre a pro-
A matriz A = DB (56 x 56) é a matriz de tecnologia do dução: (i) impostos sobre a folha de pagamento – salário
modelo aberto de insumo-produto. A matriz D de market- educação, sistema S; e (ii) outros impostos e taxas sobre
share é a ferramenta de agregação das informações relati- a produção – Cofins, PIS / Pasep e outros.
vas a produtos em setores de atividade, tarefa necessária
pelo fato de as matrizes V e Un não serem quadradas.
Por exemplo, o vetor Dn = D.En pode ser visto como o Impostos sobre Renda e Propriedade
vetor demanda por setor de atividade: o número Dij Enj
é uma estimativa para a quantidade do produto j que foi • Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica e Contribuição
produzida pelo setor i e que se destinou à demanda final. Social sobre Lucro de Pessoa Jurídica
Assim, a demanda total por produtos provenientes do O IRPJ e a CSLL foram estimados a partir dos totais de
setor i deve ser dada por arrecadação destes tributos publicados nas contas nacio-
nais do IBGE e distribuídos de acordo com a participação
110 de cada atividade econômica no total da arrecadação,
Dni = ∑Dij En j . conforme a classificação CNAE-Fiscal.
j=1

• IPVA
Pode-se, finalmente, reescrever (12) conforme o modelo Estimou-se o rateio do total de IPVA pelos 56 setores
aberto de Leontief, sendo aqui g o vetor de produção por de atividade utilizando o consumo de gasolina pura,
setor: gasoálcool e óleos combustíveis, o qual deve ser apro-
ximadamente proporcional aos respectivos tamanhos
g = (I – A)-1 Dn (13) das frotas destes setores.

CARGA TRIBUTÁRIA • IPTU


Para a realização deste estudo, foram utilizadas, além das O rateio do total arrecadado de IPTU foi feito segundo
tabelas de recursos e usos de 2004 publicadas pelo IBGE, a linha de “Aluguel de imóveis” da matriz de consumo
alteradas para incluir os novos produtos e setores: intermediário.
• a tabela de demanda total, correspondente a uma ma-
triz W (116 x 63), composta pelas tabelas de consumo • IPMF / CPMF
intermediário por atividade econômica – uma matriz A estimativa do valor desta taxa pago por cada atividade
U (116 x 56), cujo elemento Uij representa a quantidade econômica foi obtida distribuindo-se o total arrecadado
do bem i consumido pelo setor j – e de demanda final, segundo os totais de consumo intermediário das ativi-
correspondente a uma matriz Df (116 x 7); dades e dos setores da demanda final.
• os vetores de impostos sobre produto (ver tabela de
produção), ICMS IPI / ISS, etc; • ITR e demais
• a tabela de valor adicionado. A arrecadação total do imposto territorial rural foi atri-
buída apenas ao setor agropecuário e ao setor Unidade
Impostos sobre produtos Guaíba.

Até 1996, eram divulgadas pelo IBGE, as tabelas de im- • Contribuições Sociais Efetivas
postos sobre produto (ICMS, IPI, Imposto de Importação e Foram retiradas diretamente da tabela de valor adicio-
outros específicos), nas quais eram apresentados os valores nado, a qual fornece as contribuições já desagregadas
destes impostos pagos pelas atividades econômicas ao por setor de atividade.
consumir determinado produto. A partir de 1997, passaram
a ser publicados apenas os vetores contendo os totais de
impostos que incidiram sobre os diversos produtos, agora

30 A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO E O MERCADO DE MATERIAIS 31

Você também pode gostar