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Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Humanas


Teatro Licenciatura
Expressão Corporal I – Profª Tânia
Fáilon Soares Sousa TE 10108-89

Fichamento Para Obtenção Da Segunda Nota

O que é o Corpo ?
José A. Gaiarsa

São Luís – MA
2010
Universidade Federal do Maranhão
Centro de Ciências Humanas
Teatro Licenciatura
Expressão Corporal I – Profª Tânia
Fáilon Soares Sousa TE 10108-89

Fichamento Para Obtenção Da Segunda Nota

O que é o Corpo ?
José A. Gaiarsa

1. “Mas eu sou assim e não sou eu quem me fiz.” (p.7)


2. “Tive que me aguentar como eu era porque não havia outro.” (p.7)
3. “Como pegar no corpo não podia, fui me fazer médico – porque médico pode.
Pode pegar e de lambuja, aprender muitas coisas interessantes sobre este mesmo
corpo.” (pp.7 e 8)
4. “Mas eu não queria fazer apenas exames formais, limitados e cerimoniosos; eu
queria pegar mesmo, sentindo e, se possível, com gosto.” (p.8)
5. “Foi aí que eu passei de fora para dentro do corpo, do corpo da Anatomia, da
Fisiologia e da Bioquímica, para o mundo dos gestos, das expressões
emocionais, dos distúrbios viscerais de origem sócio-psicologica, da postura, da
respiração como controle de níveis de consciência.” (p.8 e 10)
6. “Passei do corpo visto e compreendido, para o corpo sentido-e-sofrido.” (p.10)
7. “Foi assim que aprendi o que é corpo [...] Porque se é amor, então pode ...”
(p.10)
8. “E então, de que vamos falar? (p.10)
9. “Dizem todos “O Corpo!” com um certo olhar ao mesmo tempo distante e
profundo, e a cara de quem sabe muito bem o que está falando.” (pp.10 e 11)
10. “O homem, positivamente e desde sempre, jamais quis se conhecer por dentro!”
(p.11)
11. “no primeiro período áureo da arte humana, entre 50 mil e 20 mil anos atrás, os
artistas desenharam animais em grande profusão e com maestria. Mas as figuras
humanas são muito raras e muito esquemáticas ... Positivamente os homens
NÃO se interessam por eles mesmos. Existe projetado nas coisas.” (p.12)
12. “Inconscientemente para mim – depois de Reich – é tudo que meu corpo sente e
faz sem que eu perceba a sensação ou a ação.” (p.12 e 13)
13. “Se levarmos a sério o que Freud dizia (fase oral, fase anal e genital), então o
homem freudiano é um teratoma (um tumor embrionário), que só de corpo e de
alma o aparelho digestivo e o aparelho genital.” (p.13)
14. “Apesar de tudo, o monstrengo sobreviveu e trouxe consigo uma vantagem
iminente: o corpo começou a entrar na alma e depois a viver excluído dela
durante milênios de idealismo verbalista.” (p.13)
15. “Reich começou aceitando, portanto, o corpo todo.” (p.13)
16. “A análise da comunicação verbal feita levando-se em conta exclusivamente as
palavras, é tão inócua como estudar a aerodinâmica da lua – onde não há
atmosfera e não pode existir avião como nós o conhecemos.” (p.14)
17. “O que nos dá sustentação, força e sentido aos acontecimentos verbais é
precisamente a cara, o tom de voz, o gesto e a posição. Tudo isso numa cena,
isto é, numa situação.” (p.14)
18. “Estava implícito – quase – que um nada tinha a ver como outro. Ou até, que
eram inimigos eternos, puxando o corpo sempre “para baixo” e a alma sempre
“para cima” .” (p.14 e 15)
19. “claro que tudo ligado á mais completa ignorância das funções corporais,
mesmo as mais simples.” (p.15)
20. “Quase todas essas psicologias racionais e muito das psicologias dinâmicas eram
palavrório complexo do qual se salvava – quando se salvava – alguma coisa de
Fenomenologia, do corpo sentido em introspecção.” (p.15)
21. “Corpo é o que eu vejo, no outro ou em mim (num espelho . . .); alma é o que eu
sinto, misturado com o que eu penso e com o que eu penso, imagino, quero,
desejo, temo e mais coisas, todas elas fundamentalmente ligadas e dependentes
do corpo.” (p.15)
22. “A noção e o fato social da propriedade particular, intimamente ligado à noção
de poder, cresceu e frutificou abundantemente a um belo dia nasceu na cabeça
de outro gênio da humanidade, agora maligno, a idéia de prender outros homens
dentro da cerca: os escravos.” (p.16)
23. “E nasceu e foi-se desenvolvido a noção de que o corpo é um escravo da mente,
portanto, uma coisa inferior com a qual eu posso fazer o que quiser.” (p.16 e 17)
24. “Ao mesmo tempo que se inferiorizou o corpo, exaltava-se a alma,a acabando
por se estabelecer entre ambos a mesma distância intransponível que existe entre
o senhor e o escravo.” (p.17)
25. “Os próprios pensamentos, tidos muitas vezes como a própria essência do
espírito, com demasiada freqüência desobedecem ao meu querer.” (p.17)
26. “A esta separação histórica, ligada á estrutura social de classe, vem se somar
permanentemente outra força mais poderosa ainda: a infinita hipocrisia do
convívio social.” (p.18)
27. “Se aprendêssemos desde cedo que o corpo e alma são uma coisa só, estaríamos
aprendendo ao mesmo tempo as grandes virtudes da sinceridade e/ou da
autenticidade expressiva.” (p.18)
28. “De novo uma observação bem feita do cotidiano nos mostra que as pessoas
estão se traindo a todo instante.” (p.18)
29. “O corpo, além de ser um escravo relapso, é deveras um delator.” (p.18)
30. “ “A profunda” noção filosófica de duas realidades distintas – corpo e alma –
reunidas nos seres humanos, faz parte da verdade da ideologia (hipocrisia)
social.” (p.18 e 19)
31. “Concretizamos o mito da perfeição excelsa, considerando as mãos e os
poderosos em geral, em torno dos quais este é criado, ciosamente garantido por
todos os meios, desde as conversas mais banais, até os castigos severos para
quem não acredita nestas “perfeições”.” (p.19)
32. “corpo e alma são, portanto, conceitos exigidos pela ideologia social, e tem
pouca correspondência com o que de fato acontece.” (p.20)
33. “O único sentido objetivo para a distinção entre corpo e alma, é evidente a
diferença entre minha imagem interna de mim mesmo – que eu sinto; e a
imagem externa de mim mesmo, e que eu posso ver num espelho ou num filme,
e que é exatamente como o outro me vê.” (p.20)
34. “Tudo se passa com se eu sentisse coisa frente ao outro e como se, sendo eu
invisível, usasse um boneco com minha forma a fim de responder a ele.” (p.21)
35. “De tal forma a palavra engoliu a comunicação humana, que para a maior parte
das pessoas ela é toda a comunicação.” (p.21)
36. “Qualquer diálogo envolve três conjuntos expressivos simultâneos [...] Primeiro
o que eu disse ou pensei [...] Depois o meu tom de voz e/ou a música da frase,
temos a encenação ou a dança gestual.” (p.22)
37. “Sabemos todos que é assim, mas arrastados pelos sentidos das palavras, quase
nunca lembramos que é assim. Nem usamos – intencionalmente – o que
sabemos. (p.22)
38. “Nossa estranheza ante nossa imagem e nossa voz mede exatamente e distância
ou a diferença entre o que pretendemos comunicar, e o que o outro recebe – ou
entende.” (p.23)
39. “como se vê, nosso escravo é bastante rebelde e, na verdade, bastante
independente em relação a nossas intenções conscientes e aos nossos bons
propósitos.” (p.24)
40. “A maior parte de nossos desejos parece incompatível com a maior parte das
normas sociais estabelecidas! Daí uma guerra permanente entre os desejos “do
corpo cego” e as exigências de uma presumível “boa Educação”.” (p.24)
41. “Estamos sempre a acreditar que nós, adultos, fazemos sempre o que devemos e
fazemos sempre o melhor possível – o que, de novo, é muito fácil mostrar que é
mentira. (p.25)
42. “Tanto nos campos de batalha como nos assaltos e nos suplícios públicos, as
pessoas tinham muito mais oportunidade do que hoje, de experimentar o horror
da visão de corpos mutilados e dilacerados.” (p.25 e 26)
43. “Mas desde tempos imemoriais os homens estudaram com carinho especial
todas as maneiras de torturar ao máximo o corpo antes de matá-lo.” (p.27)
44. “Em um plano mais superficial, a consciência é constituída pela percepção
visual do mundo, presente sempre que estamos de olhos abertos.” (p.28)
45. “Espero que o leitor esteja percebendo bem o número infinito de provas terríveis
que os seres vivos enfrentam, e todas as infinitas transformações que sofreram,
até chegar a produzir esta coisa que chamamos de corpo humano.” (p.30)
46. “vemos tanto corpos desde que nascemos e a produção de corpos é tão simples –
até agradável! – que se torna difícil para as pessoas reconhecer a grandeza, o
caráter verdadeiramente divino deste objeto de outra parte tão banal e de regra
tão maltratado.” (p.30)
47. “Nosso pulmão, por exemplo, é idêntico a uma árvore cujo tronco é a Traquéia,
e vai se dividindo num número colossal de ramos, na extremidade dos quais
estão os alvéolos pulmonares.” (P.33)
48. “A cada instante nós somos substancialmente outro.” (p.34)
49. “Nosso esqueleto está a continuamente sendo destruído e reconstruído [...]
Podemos acreditar que temos um esqueleto substancialmente novo a cada dois
ou três anos.” (p.35)
50. “O microcosmo é certamente mais complexo do que o macrocosmo. As
moléculas das substâncias vivas, como já dissemos, são de longe maiores e mais
complicadas do que as moléculas das substâncias não-vivas.” (p.36)
51. “Uma das hipóteses fascinantes da biologia moderna é que a maior parte das
pequenas estruturas ou orgânulos que podem ser visto nas células, na verdade,
não fazem parte dela. São microorganismos vivendo em simbiose.” (p.38)
52. “podemos dizer, assaz curiosamente, que não somos nós que respiramos, mas as
mitocôndrias que respiram por nós!” (p.38)
53. “foi a fotossíntese que gerou TODO o oxigênio da atmosfera terrestre! Assim, as
formas mais “humildes” de vida prepararam as formas a vinda das formas mais
“altas”.” (p.39)
54. “Estamos continuamente vendo e ouvindo coisas, sentindo nossas roupas sobre a
pele, sentindo cada posição que assumimos e cada gesto que fazemos.” (p.45)
55. “Todos os animais têm um regime de vida moderado, suficiente para as
condições normais de existência, e um regime de atividade máxima –
precisamente o que se instala nos momentos de luta pela sobrevivência, quando
esta se vê ameaçada.” (p.46)
56. “mas é claro que medo e raiva não são nossas únicas emoções. Existem pelo
menos duas outras, a tristeza (choro) e o amor, que impele para o contato e a
fusão com o outro.” (p.48)
57. “O sistema medo-e-raiva nos afirma, confirma e endurece na resistência ou
ataque. O amor e a tristeza nos amolecem e permitem as transformações de
personalidades.” (p.49)
58. “Estamos vendo até que ponto somos criação contínua. Frente a esses fatos,
torna-se incompreensível ou absurda a exigência social segundo a qual devemos
todos ser sempre os mesmos.” (p.49)
59. “Sem vísceras, portanto, não teríamos emoções – nem afetos ou sentimentos,
que são ondas de evolução mais lenta e conjunto de emoções misturadas.” (p.49)
60. “Nossa sensibilidade, portanto, é capaz de produzir configurações ilimitadas.
Portanto, infinitas – como queríamos demonstrar!” (p.52)
61. “Podemos imitar praticamente todos os animais – mas não há animal que no
imite. Podemos viver em todos os ambientes da Terra, no ar, no mar no espaço.”
(p.53)
62. “dois terços de nossos miolos servem apenas para nosso movimento.” (p.54)
63. “Tanto se fala em cérebro e suas maravilhas parasicológicas, e ninguém esta
maravilha banal que é acenar para um amigo, chutar uma bola ou carregar uma
criança. Somos cegos para o cotidiano e pagamos caro pela nossa
inconsciência.” (p.54)
64. “Existe uma boa postura e só uma boa postura para cada atividade corporal.
Essa postura tem de ser encontrada a cada momento, e está em correspondência
completa com o encontro do “centro” ou a percepção do “eixo” da
personalidade.” (p.55)
65. “A postura é ao mesmo tempo uma realidade profundamente mecânica e
profundamente psicológica.” (p.55)
66. “Sabemos: basta um olhar e todos nós mudamos de atitude, seja de quem for o
olhar, seja qual for a situação.” (p.56)
67. “A natureza veio desenvolvendo continuamente táticas de ataque e fuga, a
velocidade é uma das principais.” (p.57)
68. “A segunda pressão a cobrar velocidade em nossos momentos é a gravidade.
Basta perdemos o equilíbrio por uma fração de segundos, e eis-nos
esparramados no chão. Somos não só objetos pesados, como “objetos”
extremamente instáveis pela nossa forma e pelos mil movimentos que podemos
fazer.” (p.57)
69. “Nosso corpo pode ser considerado como constituído por três pirâmides
empilhadas verticalmente uma sobre a outra, todas como vértice para baixo!”
(p.58)
70. “Esta somatória de instabilidade no espaço recebe um último e fatal acréscimo:
somos todos muito móveis, a maior parte de nossos movimentos na metade
superior do tronco, a cada movimento que fazemos funciona como um
empurrão que damos a nós mesmos.” (p.60)
71. “Centro e eixo da personalidade são, pois, realidades mecânicas e não apenas
analogias para se compreender algo “espiritual”.
72. “Uma das maneiras de desenvolver o espírito consiste em cultivar nossas
sensações de equilíbrio – o que poderia ser feito usando-se uma porção de
espécie de balanços! [...] O espírito nasce no corpo e do corpo.” (p.61)
73. “O orgulhoso olha para o mundo invariavelmente de cima para baixo. Tudo que
lhe chega de baixo para cima ele reconhece como real. Também o que vem de
cima para baixo o atinge na sua suscetibilidade de orgulhoso.” (p.62)
74. “Mas se alguém se puser diante dele rigorosamente de igual para igual, ou ele
não perceberá a pessoa, ou ele não perceberá a atitude, ou ele não compreenderá
o que está acontecendo.” (p.61)
75. “O espaço visual do orgulhoso se divide “terço de cima”, “terço de baixo” e no
meio nada.” (p.61)
76. “A atitude de vítima governa primeiro a seleção de estímulos [...] Dessa massa
do acontecer, a vítima extrai tudo o que possa alimentar a sua vitimização.
Mostrará uma habilidade por vezes cômica em “provar” que tudo o que
acontece, acaba por prejudicá-la, é tudo feito contra ela.” (p.62)
77. “Gostaria que o leitor se desse conta da correlação importante que estamos
fazendo; conceitos e teoria tem TUDO a ver com a atitude das pessoas frente à
torrente de realidade.” (p.62 e 63)
78. “Para o sociólogo como para o filósofo e o povo, as atitudes são realidades
“mentais” que só podem ser conhecidas se o sujeito as declarar verbalmente!”
(p.63)
79. “É a alma que se sente vítima, ou é o corpo que se põe de vítima?” (p.63)
80. “No limite talvez se possa dizer que Piaget: toda operação intelectual é
simplesmente a percepção interna de uma ação manual ou corporal.” (p.64)
81. “Tomados de uma onda emocional, podemos nos deixar levar por ela,
comunicando e realizando o que ela pretende. Se quisermos contê-la, teremos
que absorver sua energia em contração musculares estáticas que determinam e
definem uma atitude – a da repressão emocional precisamente.” (p.65)
82. “Nossa incrível capacidade de movimento é dirigida, de regra, pelos nossos
olhos. Vendo o mundo, as pessoas e os objetos, são eles que vão nos mostrando
o caminho e as ações que vão se fazendo necessárias, convenientes ou
oportunas.” (p. 65)
83. “A imitação é chamada, ás vezes, de identificação, introjeção ou incorporação
[...] A imitação é um método natural de aprendizado de comportamento
complexos.” (p.66 e 67)
84. “É sabido que a psicologia dinâmica dá um valor extraordinário às imitações
inconscientes (identificações) que são formas de alienação de si mesmo e base
das neuroses.” (p.67)
85. “O elemento objetivo da empatia – tão falada – é a imitação do outro, consciente
ou inconsciente. Se eu quiser ou precisar compreendê-lo, farei bem se começar a
imitá-lo nos gestos, na posição, na respiração. (p.67)
86. “Para o homem, sua relação mais importante e vital é com o invisível. Cessada a
relação – o morto não respira – cessa a vida com ela. Logo : é o invisível que
nos dá a vida.” (p.69)
87. “A essa noção/sensação primeira, de origem respiratória, veio se somar a
“espiritualização” das classes superiores, sempre adoradas e odiadas.” (p.69)
88. “Mas a respiração tem mais a ensinar. Ela é a única Função vegetativa que está
naturalmente sujeita á vontade [...] Isto é, se eu estiver disposto e interessado,
posso aprender a controlá-los voluntariamente.” (p.69 e 70)
89. “Notar as palavras aspiração e inspiração, ambas denotando altas funções
psicológicas e ambas designando, ao mesmo tempo, fenômenos respiratórios,
será mera coincidência?” (p.70)
90. “De onde vem a “inspiração”? Do ar [...] Como sai, depois, a inspiração? Em
palavras [...] Assim nascia um dos mais profundos mistérios dos homens – a
palavra.” (p.70)
91. “Os anjos poderão nos ensinar algo importante sobre as palavras porque eles
são, na verdade, representações visuais destas mesmas palavras.” (p.71)
92. “E o que é uma palavra? É uma agitação organizada do ar (puro espírito) que
transporta uma mensagem (o sentido da palavra) de modo praticamente
instantâneo e sem que se veja nada indo da boca de um para o ouvido do outro.”
(p.71)
93. “O oxigênio é a única substância de valor vital da qual o nosso corpo não
consegue fazer uma reserva.” (p.72)
94. “Quando nos contraímos a fim de conter emoções, nosso tronco se faz
impedimento para a expansão temporária. Esta restrição do fornecimento de
oxigênio para o corpo impede a emoção de se desenrolar.” (p.72)
95. “A angústia é um sinal de morte da liberdade. Dadas aquelas circunstâncias,
teríamos que responder a elas – entrar em cena. A fim de não me comprometer
ou não arriscar, eu não entro – ou não faço. Ao me segurar morro de angústia.”
(p.72)
96. “Quando Deus disse, no primeiro dia da criação, “faça-se a luz”, ele estava
criando ao mesmo tempo a luz e os olhos, pois que um não tem propósito sem o
outro.” (p.73)
97. “A luz interior é anterior á luz exterior! “Olhamos para dentro” ou
“imaginamos” usando os olhos como se estivéssemos olhando nossas imagens
fora de nós e de olhos abertos.” (p.74)
98. “Os cientistas que vêm desenvolvendo estudos de neurolinguística [...] nos
dizem coisas inacreditáveis sobre a direção do nosso olhar e sua conexão com
nosso pensamento.” (p.75)
99. “De muito já se havia notado que nossos pensamentos podem mudar de
curso muito rapidamente. Também nossos olhos mudam de direção
instantaneamente, e cada mudança de direção é uma mudança de cena ou de
“pensamento”.” (p.76)
100. “Aprendemos a fazer de conta que não vemos um mundo de coisas,
freqüentes e desagradáveis, feitas pelos outros e por nós mesmos.” (p.76)
101. “Desde pequenos aprendemos que ver os lados frágeis, mesquinhos, os
vícios e defeitos das “autoridades” que nos cercam, é uma atividade bastante
perigosa e que pode nos custar caro.” (p.76 e 77)
102. “Faz parte da nossa educação implícita, primeiro deixar de falar destas
coisas; depois, com o tempo, aprendemos a fazer conta que não vemos estas
coisas. Aí nossa educação alcançou a perfeição!” (p.77)
103. “Se Freud tivesse olhado para seus pacientes teria visto o que Reich
acabou vendo: que o inconsciente é inteiramente visível nas expressões não-
verbais das pessoas.” (p.77)
104. “É no jeito de se pôr, no modo de gesticular, no tom de voz e na
expressão do rosto que o inconsciente vai aparecendo, ao lado e ao longo das
palavras.” (p.77)
105. “Todos os movimentos interiores aparecem sem um instante antes de
serem “reprimidos” ou contidos.” (p.78)
106. “Nem o olhar nem sua contenção são feitos de propósitos; obedecem a
automatismos motores bem mais velozes que a percepção usual.” (p.78)
107. “Dizemos então que faz parte da nossa educação apagar nossa
iluminação – isto é, nos tornar cegos frente a elementos importantes da
realidade, todos os que colidem, divergem ou negam “aquilo que todo mundo
DIZ que é assim”.” (p.80)
108. “Nossa negação do corpo pode nos ser fatal, pois e dele que emergem
todas as criações espontâneas da vida.” (p.80)
109. “Negá-los é negar a Vida – e afirmar a morte. Negamos o SEXO além de
todo o imaginável. Mesmo hoje, mesmo na cidade grande, em qualquer família
Normal, Respeitável, Honesta e decente – como são todas – .” (p.80 e 81)
110. “NINGUÉM TEM PINTO NEM XOXOTA. Somos todos Corretos,
bonzinhos, lógicos, justos, compreensivos, participantes, empenhados em
cooperar.” (p.81)
111. “Mas TODA nossa História e TODO o nosso Presente nos dizem – na
verdade gritam, que nós somos cruéis, maldosos, desconfiados, invejosos,
despeitados, rancorosos, vingativos.” (p.81)
112. “Nosso destino natural é a iluminação. A maior parte das forças de
repressão social se concentra CONTRA a visão. É muito saudável socialmente a
gente falar muito pouco daquilo que está vendo.” (p.82)
113. “É preciso cegar todas as crianças para que elas, como nós – sua tradição
sagrada – NÃO VEJAM o que estamos fazendo conosco e com nossos
semelhantes.” (p.82 e 83)
114. “Somos todos cegos tagarelas que ao arrumar palavras acreditamos estar
arrumando as coisas (e ao arrumar números acreditamos estar fazendo justiça
social...). Não nos resta outra coisa – depois da cegueira. MALDIÇÃO!” (p.83)

Comentário

Recompreender o corpo é um nova trajetória que Gaiarsa nos inquieta


para aprendermos a olhar para nós mesmos e para o outro. Se já não bastasse os
assuntos tratados no livro “O que é corpo” a sua forma de expor o texto é também
uma didática – se é que podemos chamara assim – instigadora, envolvente e por
vezes “delirante” da forma de perceber o corpo. Mas por que esses termos? De certo
ele nos faz tirar o corpo – a idéia de corpo – do lugar sisudo e mórbido, da linha
onde costumávamos empregar tal imagem.
O corpo que Gaiarsa apresenta é o corpo que respira; que possui o
anima, o pneuma, o ruach divino. E é através desse atributo recíproco – corpo e
alma – que começamos a criar subsídios para também levantarmos a nossas
inquietações sobre como nos relacionamos como o CORPO. Para depois
mergulharmos nas mais variadas dimensões do fator humano. Incluindo-nos numa
simbiose de Verbo-Homem-Sociedade que entre mentiras e verdades, ocultamos e
revelamos o nosso verdadeiro ser num constante jogo dialético de relacionar comigo
mesmo e com o outro para que numa parceria, embora sabemos, não admitimos –
não falamos, e assim negamos – esse corpo que fala de nós.

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