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Domı́nios principais
Construiremos os anéis Zn dos inteiros módulo n, como anel quociente Sobre anéis, extensões
algébricas de corpos e
de uma relação de equivalência no domı́nio Z.
grupos: Introdução à
Finalizaremos com o estudo de homomorfismos e isomorfismos de anéis Álgebra de Adilson
Gonçalves, Projeto Euclides,
comutativos com unidade, mostrando que Z, a menos de isomorfismo, é o IMPA, 2000.
único domı́nio bem ordenado.
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Divisibilidade
PARTE 3 - SEÇÃO 1
Divisibilidade
(i) 0 = a · 0 e a 6= 0 =⇒ a | 0;
a = a · 1A e a 6= 0 =⇒ a | a.
(ii) Suponhamos que a | b e b | c. Então, existem c1, c2 ∈ A tais que
b = a · c1 e c = b · c2. Logo, c = (a · c1) · c2 = a · (c1 · c2), com c1 · c2 ∈ A.
Então, a | c.
(iii) Se a | (b + c) e a | b, então existem c1, c2 ∈ A tais que b + c = a · c1 e
b = a · c2. Logo, c = a · c1 − b = a · c1 − a · c2 = a · (c1 − c2). Portanto,
a | c.
(iv) Se a | b1, . . . , a | bn, então existem d1, . . . , dn ∈ A tais que bj = a · dj
para j = 1, . . . , n e, para quaisquer c1, . . . , cn ∈ A, temos
n n n n
!
X X (1) X (2) X As igualdades (1) e (2)
bj · c j = (a · dj) · cj = a · (dj · cj) = a · dj · cj , seguem, respectivamente,
j=1 j=1 j=1 j=1 das propriedades M1 e AM
em A.
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Divisibilidade
Logo, u | a.
(vi) Sejam A um domı́nio e a, c ∈ A não-nulos. Então, a·c 6= 0. Suponhamos
que a | b e c | d. Então, existem c1, c2 ∈ A tais que b = a · c1 e d = c · c2.
Em (1) usamos as (1)
propriedades M1 e M2 da Logo, b · d = (a · c1) · (c · c2) = (a · c) · (c1 · c2). Portanto, a · c | b · d.
multiplicação do domı́nio A.
Proposição 2
Sejam A um domı́nio, a, b ∈ A não-nulos. Então, a | b e b | a se, e somente
se, existe um invertı́vel u ∈ A tal que b = u · a.
Demonstração:
(⇐=:) Se b = u·a com u invertı́vel em A, então é claro que a | b e escrevendo
a = u−1 · b, vemos que b | a.
(=⇒:) Suponhamos que a | b e b | a. Então, existem u, v ∈ A tais que
b = u · a e a = v · b. Logo,
A∗ = {a ∈ A ; a é invertı́vel em A}.
Exemplo 2
(a) Se A = Z, então Z∗ = {1, −1}.
(b) Se K é um corpo, então K∗ = K\{0}.
Em particular, Q∗ = Q\{0}, R∗ = R\{0} e C∗ = C\{0}.
(c) Os invertı́veis em Z[i] são 1, −1, i, −i.
(d) Em R[x], o anel dos polinômios com coeficientes reais, temos R[x]∗ = R∗ .
Em K[x], o anel de polinômios com coeficientes no corpo K, temos que
K[x]∗ = K∗ = K\{0}.
√ n √
Prove, por indução sobre
(e) Para qualquer n ∈ Z, temos que −1 + 2 é invertı́vel em Z[ 2].
n ≥ 0, a afirmação.
A proposição anterior motiva a seguinte definição.
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Divisibilidade
PARTE 3 - SEÇÃO 1
Definição 2 (Associado)
Sejam A um anel comutativo com unidade e a, b ∈ A. Dizemos que a é
associado a b se, e somente se, existe um invertı́vel u em A, tal que b = u · a.
Corolário 1
Se a, b ∈ Z são não-nulos, a | b e b | a, então b = a ou b = −a.
Demonstração: Os invertı́veis de Z são 1 e −1, logo b = a ou b = −a.
Proposição 3
Sejam a, b ∈ Z com b 6= 0. Se a | b, então 1 ≤ | a | ≤ | b |.
Demonstração: Como | a | ≥ 0 e a 6= 0, temos que | a | ≥ 1. Além disso,
a | b e b 6= 0, então existe c 6= 0, tal que b = a · c e também | c | ≥ 1. Pela
propriedade OM, temos | a | · | c | ≥ | a | ·1 =| a | ≥ 1. Assim,
| b |=| a · c |=| a | · | c | ≥ | a | ≥ 1.
Proposição 4
Seja d ∈ A um mdc de a1, . . . , an ∈ A. Então, d′ é um mdc de a1, . . . , an
se, e somente se, d | d′ e d′ | d.
Demonstração:
(=⇒:) Suponhamos que d′ é um mdc de a1, . . . , an. Pela propriedade (ii)
do mdc, todo divisor de a1, . . . , an divide d′ . Como d é um divisor comum
de a1, . . . , an, então d | d′ . De modo análogo, usando que d é um mdc de
a1, . . . , an e d′ é um divisor comum de a1, . . . , an, obtemos que d′ | d.
(⇐=:) Suponhamos que d é um mdc de a1, . . . , an, d | d′ e d′ | d.
Vamos mostrar as propriedades (i) e (ii) da definição do mdc para d′ .
Como d′ | d e d | a1, . . . , d | an, pelo item (ii) da Proposição 1, temos
d′ | a1, . . . , d′ | an, mostrando a propriedade (i).
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Corolário 2
Se A é um domı́nio, então dois máximos divisores comuns de a1, . . . , an são
associados.
Demonstração: Sejam d e d′ máximos divisores comuns de a1, . . . , an. Pela
Proposição anterior, d | d′ e d′ | d. Pela Proposição 2, existe um invertı́vel
u ∈ A, tal que d′ = u · d, significando que d e d′ são associados.
c ≤ | c | ≤ mdc(a1, . . . , an)
mostrando que no domı́nio dos inteiros mdc(a1, . . . , an) é o maior dos divi-
sores comuns de a1, . . . , an.
Exemplo 3
Algumas propriedades interessantes no domı́nio bem ordenado dos inteiros:
(a) Se a 6= 0, então mdc(0, a) =| a |.
(b) mdc(0, 0) não existe.
(c) Se a divide b, então mdc(a, b) =| a |.
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Divisibilidade
PARTE 3 - SEÇÃO 1
Exercı́cios
i. A = Z, a = 0 e b 6= 0. iii. A é um corpo, a = 0 e b 6= 0.
ii. A = Z[i], a = 0 e b 6= 0. iv. A = R[x], a = x e b = 2x − 1.
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Divisibilidade
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Ideais e máximo divisor comum
PARTE 3 - SEÇÃO 2
Exemplo 5
Em qualquer anel comutativo com unidade, {0} e A são ideais de A.
Exemplo 6
Seja A um anel comutativo com unidade e fixe a ∈ A. Consideremos o
seguinte subconjunto de A
I(a) = {a · x ; x ∈ A}.
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Ideais e máximo divisor comum
I(a, b) = {a · x + b · y ; x, y ∈ A}
c + d = (a · x1 + b · y1) + (a · x2 + b · y2)
= (a · x1 + a · x2) + (b · y1 + b · y2)
= a · (x1 + x2) + b · (y1 + y2),
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Ideais e máximo divisor comum
PARTE 3 - SEÇÃO 2
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Ideais e máximo divisor comum
Teorema 1
Todo ideal I de Z é principal. Mais ainda, se I é um ideal não-nulo de Z,
então I = I(d), onde d = min{x ∈ I ; x > 0}.
Demonstração: Se I = {0}, é claro que é principal.
Seja I 6= {0} um ideal de Z. Consideremos S = {x ∈ I ; x > 0}.
Afirmamos que S 6= ∅.
De fato, existe a ∈ I tal que a = 6 0. Como a e −a estão em I, então
um deles é positivo e está em S ⊂ N. Logo, S 6= ∅.
Pelo princı́pio da boa ordenação, S tem menor elemento, digamos min S =
d 6= 0.
Lembre que . . .
Afirmamos que I = I(d).
Se B, C são conjuntos, então Com efeito, d ∈ S ⊂ I, logo temos que I(d) = {d · x ; x ∈ Z} ⊂ I. Falta
B = C ⇐⇒ B ⊂ C e C ⊂ B.
mostrar que I ⊂ I(d). Seja a ∈ I. Pela divisão euclidiana de a por d, existem
q, r ∈ Z, tais que a = q · d + r, com 0 ≤ r < d. Portanto, r = a − q · d ∈ I.
Pela escolha de d, temos que r = 0, assim a = q · d ∈ I(d).
Corolário 4
Z é um domı́nio principal.
Exemplo 12
Outros exemplos de domı́nios principais são: K[x], o anel de polinômios com
coeficientes no corpo K, e Z[i], o anel dos inteiros de Gauss.
Exemplo 13
Não são domı́nios principais: Z[x], o anel de polinômios com coeficientes
inteiros e K[x, y], o anel de polinômios em duas variáveis com coeficientes no
corpo K.
Proposição 5
Sejam a, b elementos não-nulos de um anel A comutativo com unidade.
Então,
I(a) = I(b) se, e somente se, a | b e b | a.
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Ideais e máximo divisor comum
PARTE 3 - SEÇÃO 2
Corolário 5
Sejam a, b elementos não-nulos de um domı́nio A. Então, I(a) = I(b) se, e
somente se, a e b são associados. Em particular, em Z temos I(a) = I(b) se,
Segue da Proposição 2 da
e somente se, a = ±b. Seção 1.
Proposição 6
Sejam A um domı́nio principal e a1, . . . , as ∈ A nem todos nulos. Então,
existe d ∈ A um máximo divisor comum de a1, . . . , as ∈ A. Mais ainda,
d = x1 · a1 + · · · + xs · as, para elementos x1, . . . , xs ∈ A.
Demonstração: Consideremos o ideal de A gerado por a1, . . . , as. Como A
é um domı́nio principal, existe d ∈ A tal que I(a1, . . . , as) = I(d). Primei-
ramente, observamos que d 6= 0, pois aj ∈ I(a1, . . . , as) = I(d), para todo
j = 1, . . . , s, e um deles é não-nulo, logo I(d) 6= {0} e d 6= 0.
Vamos mostrar que d é um mdc de a1, . . . , as.
Como aj ∈ I(a1, . . . , as) = I(d), então existe λj ∈ A tal que aj = λj · d.
Assim, d | aj, para j = 1, . . . , s. Seja agora c ∈ A tal que c | a1, . . . ,
c | as. Então, para cada j = 1, . . . , s existe yj ∈ A tal que aj = yj · c. Como Obtivemos ao lado que
existem x1 ,. . . ,xs ∈ A tais
d ∈ I(a1, . . . , as), existem x1, . . . , xs ∈ A tais que d = x1 · a1 + · · · + xs · as. Xs
que d = xj · aj .
Logo, j=1
s s s s
!
X X X X
d= xj · aj = xj · (yj · c) = (xj · yj) · c = xj · yj · c,
j=1 j=1 j=1 j=1
Corolário 6
Dados a1, . . . , as ∈ Z nem todos nulos existe mdc(a1, . . . , as).
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Ideais e máximo divisor comum
Exercı́cios
I + J = {x + y ; x ∈ I e y ∈ J}.
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Ideais e máximo divisor comum
PARTE 3 - SEÇÃO 2
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Ideais e máximo divisor comum
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Domı́nios Principais e a fatoração única
PARTE 3 - SEÇÃO 3
Exemplo 14
Consideremos o domı́nio Z. Temos Z∗ = {−1, 1}.
(a) 3 é irredutı́vel.
De fato, os associados de 3 são −3 e 3. Os divisores de 3 são −1, 1, −3 e 3.
Portanto, os divisores de 3 são invertı́veis ou associados de 3. Escrevendo
3 = b · c, temos b = 1 e c = 3 ou b = −1 e c = −3.
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Domı́nios Principais e a fatoração única
Exemplo 15
A fatoração dos elementos
de K[x] em produto de (a) Seja K um corpo e K[x] o anel de polinômios com coeficientes em K.
irredutı́veis será estudada
em Álgebra II, nos corpos Todo polinômio de grau 1 é irredutı́vel em K[x].
Q, R ou C.
De fato, se f(x) = ax + b, onde a, b ∈ K e a 6= 0, e f(x) = g(x) · h(x)
então grau(g(x)) + grau(h(x)) = grau(f(x)) = 1 assim, grau(g(x)) = 1 e
grau(h(x)) = 0 ou grau(g(x)) = 0 e grau(h(x)) = 1. Portanto, grau(g(x))
Lembre que . . . ou grau(h(x)) é 0. Logo, g(x) = u ∈ K\{0} ou h(x) = u ∈ K\{0}. Assim,
K[x]∗ = K∗ = K\{0}.
g(x) ou h(x) é um invertı́vel de K[x].
(b) Seja Z[x] o anel de polinômios com coeficientes em Z.
Lembre que . . . Há polinômios de grau 1 é redutı́veis em Z[x], por exemplo, 2x+4 = 2·(x+2),
Z[x]∗ = Z∗ = {−1,1}.
com 2 e x + 2 não-invertı́veis em Z[x].
I1 ⊂ I2 ⊂ · · · ⊂ In ⊂ · · ·
Im = Im+1 = · · · .
[
Demonstração: Seja I = Ij. Primeiramente, vamos mostrar que I é um
j≥1
ideal de A.
Com efeito, como 0 ∈ Ij, para todo j ≥ 1, então 0 ∈ I. Sejam a, b ∈ I.
Então existem j1, j2 ∈ Z, tais que a ∈ Ij1 e b ∈ Ij2 . Temos 1 ≤ j1 ≤ j2 ou
1 ≤ j2 ≤ j1, digamos que j1 ≤ j2. Logo, Ij1 ⊂ Ij2 e a, b ∈ Ij2 . Sendo Ij2 um
ideal temos a + b ∈ Ij2 ⊂ I. Tomando a ∈ A e b ∈ I, existe j1 ∈ Z tal que
b ∈ Ij1 . Como Ij1 é um ideal, a · b ∈ Ij1 ⊂ I, mostrando que I é um ideal de
A.
Como A é um domı́nio principal, existe d ∈ A tal que I = I(d). Logo,
[
d∈I= Ij. Portanto, existe m ≥ 1 tal que d ∈ Im. Como Im ⊂ Ij, para
j≥1
todo j ≥ m, temos que d ∈ Ij, para todo j ≥ m. Então,
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Domı́nios Principais e a fatoração única
PARTE 3 - SEÇÃO 3
[
I(d) ⊂ Im ⊂ Im+1 ⊂ · · · ⊂ I = Ij = I(d).
j≥1 Se d ∈ J e J é ideal, então
I(d) ⊂ J.
p1 · p2 · . . . · pm = q1 · q2 · . . . · qn,
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Domı́nios Principais e a fatoração única
Exemplo 16
(a) Todo corpo é um domı́nio de fatoração única, pois todo elemento não-nulo
é invertı́vel.
(b) Z é um domı́nio de fatoração única (vamos demonstrar, como conseqüência
de todo domı́nio principal ser um domı́nio de fatoração única).
(c) K[x], onde K é um corpo.
Os domı́nios de fatoração
única dos itens (c) e (d) são (d) Em geral, se A é um domı́nio de fatoração única, então A[x] é um domı́nio
estudados em Álgebra II.
de fatoração única. Portanto, Z[x], Q[x], R[x] e C[x] são exemplos de domı́nios
de fatoração única, além de Z[x, y], Q[x, y], R[x, y] e C[x, y].
Definição 10 (Elemento primo)
Seja A um anel comutativo com unidade. Um elemento a ∈ A, não-nulo e
não-invertı́vel é dito primo se, e somente se,
se a | b · c, então a | b ou a | c.
Exemplo 17
(a) 2 é primo em Z.
Lembre que . . .
De fato, suponhamos que b, c ∈ Z e 2 não divide b nem c. Pela divisão
P =⇒ Q ou R euclidiana, temos b = 2m + 1 e c = 2n + 1, com m, n ∈ Z. Logo, b · c =
é equivalente a
∼ Q e ∼ R =⇒∼ P, onde
(2m + 1) · (2n + 1) = 4m · n + 2m + 2n + 1 = 2 · (2m · n + m + n) + 1 e 2
∼ Q é a negação de Q e não divide b · c.
∼ (Q ou R) =∼ Q e ∼ R.
(b) 3 é primo em Z.
Sejam b, c ∈ Z, tais que 3 | b · c.
Pela divisão euclidiana, escrevemos b = 3m + r e c = 3n + s, com m, n ∈ Z
e 0 ≤ r, s ≤ 2. Assim, b · c = 9m · n + 3m · s + 3n · r + rs. Como 3 | b · c
temos que 3 | r · s, com r · s ∈ {0, 1, 2, 4}. Portanto, r · s = 0. Como Z é um
domı́nio, r = 0 ou s = 0, significando que 3 | b ou 3 | c.
(c) 4 não é primo em Z, pois 4 | 2 · 6 mas 4 ∤ 2 e 4 ∤ 6.
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Domı́nios Principais e a fatoração única
PARTE 3 - SEÇÃO 3
Há exemplos de domı́nios com elementos irredutı́veis que não são pri-
mos.
Exemplo 18
√
Seja A = {a + b 5i ; a, b ∈ Z}. A é um subanel de C. Temos que
√ √
2 · 3 = (1 + 5i)(1 − 5i),
√ √ √ √
onde 2, 3, 1 + 5i e 1 − 5i são irredutı́veis em A, 2 | (1 + 5i) · (1 − 5i),
√ √
mas 2 ∤ (1 + 5i) e 2 ∤ (1 − 5i).
√
É facil verificar que A∗ = {−1, 1}, pois o inverso de a + b 5i 6= 0 em C é Para verificar as afirmações
acima você precisa saber
√ 1√
√ √
quem são os elementos
(a + b 5i)−1 = = √a−b 5i √ = a−b 5i
.
a+b 5i (a+b 5i)·(a−b 5i) a2 +5b2 invertı́veis de A, isto é, quem
é A∗ .
√
Logo, (a + b 5i)−1 ∈ A se, e somente se, (a2 + 5b2) | a e (a2 + 5b2) | −b.
Se b 6= 0, então | b |≥ 1 e a2 + 5b2 ≥ 5b2 > b2 =| b |2≥| b |, contradizendo
a Proposição 3 da Seção 1. Portanto, b = 0, a 6= 0, a2 | a, seguindo que
a = ±1.
Proposição 9
Seja A um domı́nio principal. Seja p ∈ A um elemento irredutı́vel. Então, p
é primo.
Demonstração: Seja A um domı́nio principal e seja p ∈ A um elemento
irredutı́vel. Suponhamos que b, c ∈ A, p | b · c e p ∤ b. Vamos mostrar que
p | c.
Seja I = I(b, p). Temos que p ∈ I, logo I 6= {0}. Como A é principal,
então existe d ∈ A, d 6= 0, tal que I = I(d). Temos que d | b e d | p, pois
b, p ∈ I. Como p é irredutı́vel, os divisores de p são invertı́veis ou associados
de p, logo d é invertı́vel em A ou d = u · p, para algum invertı́vel u em A. Se
d = u · p, então b ∈ I = I(d) = I(u · p) e assim b = λ · (u · p), contradizendo
a hipótese que p ∤ b. Portanto, d é um invertı́vel de A, pelo Exercı́cio 5
da Seção anterior, temos A = I(d) = I(b, p), logo 1A ∈ I(b, p). Portanto,
existem x, y ∈ A, tais que 1A = x · b + y · p. Multiplicando por c, temos
c = 1A · c = (x · b + y · p) · c = x · b · c + y · p · c.
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Domı́nios Principais e a fatoração única
Corolário 7
No domı́nio Z um elemento é primo se, e somente se, é irredutı́vel.
a = a1 · p1.
a = a2 · p2 · p1.
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Domı́nios Principais e a fatoração única
PARTE 3 - SEÇÃO 3
Vamos mostrar que esse processo tem que parar após um número finito
de passos, isto é, existe n ≥ 1 tal que an é invertı́vel.
De fato, se a1, . . . , an, . . . fossem não-invertı́veis, como aj+1 | aj, por Nesse caso, I(aj ) ( I(aj+1 ).
(⋆), aj e aj+1 não seriam associados. Pela Proposição 5 da Seção anterior,
terı́amos que
105 UFF
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Domı́nios Principais e a fatoração única
positivo e um elemento
negativo. Escolhemos um
representante positivo em onde p1, . . . , pn são números primos positivos distintos, p1 < · · · < pn e
cada classe. Trabalhamos
α1 > 0, . . . , αn > 0.
com os naturais primos na
fatoração, que é única a
menos da ordem dos fatores.
Exercı́cios
2. Seja A = Z.
3. Mostre que:
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
PARTE 3 - SEÇÃO 4
com αj ≥ 0, βj ≥ 0, para j = 1, . . . , n.
Exemplo 19
75 = 3 · 5 · 5 = 3 · 52 e 70 = 2 · 5 · 7.
Portanto, os naturais primos que ocorrem na fatoração de 75 ou 70 são
2, 3, 5, 7. Escrevendo
75 = 20 · 31 · 52 · 70 e
70 = 21 · 30 · 51 · 71,
obtemos
mdc(75, 70) = 20 · 30 · 51 · 70 = 5 e
mmc(75, 70) = 21 · 31 · 52 · 71 = 1050.
Exemplo 20
Os inteiros 75 = 3 · 52 e 539 = 72 · 11 são primos entre si. Observe que como
Veja o Exercı́cio 1, dessa
mdc(75, 539) = 1, então mmc(75, 539) = 3 · 52 · 72 · 11 = 75 · 539.
Seção.
Teorema 3 (Euclides)
Há uma infinidade de números naturais primos.
Demonstração: Suponhamos, por absurdo, que haja um número finito de
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
Para determinar números primos positivos, isto é, números inteiros po-
sitivos irredutı́veis, usamos o antigo método chamado Crivo de Eratóstenes.
Precisamos do seguinte resultado.
Lema 2
Se n > 1 é um inteiro que não é primo, então n tem um divisor natural
primo p tal que p2 ≤ n.
Demonstração: Suponhamos que n > 1 não seja primo (irredutı́vel). Então,
n tem um divisor positivo irredutı́vel (primo). Pelo Princı́pio da Boa Or-
Temos que m > 1, pois n denação, há o menor divisor primo positivo, digamos q. Portanto, n = q · m
não é primo, e todo divisor
primo d de m, também com q ≤ m. Assim, q2 = q · q ≤ q · m = n.
divide n, logo q ≤ d ≤ m.
Para ilustrar com um exemplo, vamos determinar os números natu-
rais primos menores ou iguais a 150, isto é, os números inteiros positivos
irredutı́veis menores ou iguais a 150, seguimos o seguinte roteiro:
UFF 108
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
PARTE 3 - SEÇÃO 4
8. 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47 são os novos primos obtidos. Su-
cessivamente, risque na tabela todos os múltiplos de 11 maiores do que
11 , todos os múltiplos de 13 maiores do que 13, . . . , todos os múltiplos
de 47 maiores do que 47.
9. Como 150 < 2209 = 472, todos os números não riscados na Tabela são
primos.
Os inteiros positivos primos menores que 150 são 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19,
23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109,
113, 127, 131, 137, 139, 149.
2 3 64 5 66 7 68 69 6 10
11 6 12 13 6 14 6 15 6 16 17 6 18 19 6 20
6 21 6 22 23 6 24 6 25 6 26 6 27 6 28 29 6 30
31 6 32 6 33 6 34 6 35 6 36 37 6 38 6 39 6 40
41 6 42 43 6 44 6 45 6 46 47 6 48 6 49 6 50
6 51 6 52 53 6 54 6 55 6 56 6 57 6 58 59 6 60
61 6 62 6 63 6 64 6 65 6 66 67 6 68 6 69 6 70
71 6 72 73 6 74 6 75 6 76 6 77 6 78 79 6 80
6 81 6 82 83 6 84 6 85 6 86 6 87 6 88 89 6 90
6 91 6 92 6 93 6 94 6 95 6 96 97 6 98 6 99 6 100
101 6 102 103 6 104 6 105 6 106 107 6 108 109 6 110
6 111 6 112 113 6 114 6 115 6 116 6 117 6 118 6 119 6 120
6 121 6 122 6 123 6 124 6 125 6 126 127 6 128 129 6 130
131 6 132 6 133 6 134 6 135 6 136 137 6 138 139 6 140
6 141 6 142 6 143 6 144 6 145 6 146 6 147 6 148 149 6 150
Tabela dos primos positivos menores que 150
Lema 3
Sejam a, b, t inteiros. Então,
(i) mdc(a, 0) =| a |, se a 6= 0.
(ii) mdc(a, b) = mdc(b, a) = mdc(| a |, | b |) = mdc(a − tb, b), se a, b
não são ambos iguais a zero e t é qualquer inteiro.
Demonstração: (i) I(a, 0) = I(| a |). Se a 6= 0, então | a |= mdc(a, 0).
109 UFF
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
Sejam a, b inteiros não ambos iguais a zero. Pelo Lema anterior, para
determinar o mdc(a, b), podemos supor a ≥ 0, b ≥ 0 e a ≥ b
Caso (I) - (Um deles é zero) a > 0 e b = 0:
mdc(a, 0) = a.
mdc(a, b) = mdc(a, a) = a.
UFF 110
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
PARTE 3 - SEÇÃO 4
mdc(a, b) = mdc(r3, r2) = mdc(r2, r3) = mdc(r2 − r3 · q3, r3) = mdc(r4, r3),
e assim sucessivamente.
Tomamos r1 = b. Segue que existe n ≥ 1, tal que rn+1 = 0 e rn 6= 0
pois, caso contrário, terı́amos uma seqüência infinita de números naturais
q1 q2 q3 · · · qn−2 qn−1 qn
a b r2 r3 · · · rn−2 rn−1 rn
r2 r3 r4 r5 · · · rn 0
Exemplo 21
(a) Vamos calcular mdc(350, 240)
1 2 5 2
350 240 110 20 10
110 20 10 0
2 4 1 13 2
315 143 29 27 2 1
29 27 2 1 0
111 UFF
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
1 2 5 2
350 240 110 20 10
110 20 10 0
(1) (2) (3)
(3)
mdc(350, 240) = 10 = 110 − 5 · 20
(2)
= 110 − 5 · (240 − 2 · 110)
= 11 · 110 − 5 · 240
(1)
= 11 · (350 − 1 · 240) − 5 · 240
= 11 · 350 − 16 · 240
Logo, m0 = 11 e n0 = −16.
(b) Determine m0, n0 ∈ Z, tais que 1 = mdc(315, 143) = m0 · 315 + n0 · 143.
2 4 1 13 2
315 143 29 27 2 1
29 27 2 1 0
(1) (2) (3) (4)
UFF 112
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
PARTE 3 - SEÇÃO 4
(4)
mdc(315, 143) = 1 = 27 − 13 · 2
(3)
= 27 − 13 · (29 − 1 · 27)
= 14 · 27 − 13 · 29
(2)
= 14 · (143 − 4 · 29) − 13 · 29
= 14 · 143 − 69 · 29
(1)
= 14 · 143 − 69 · (315 − 2 · 143)
= 152 · 143 − 69 · 315
a · x + b · y = n,
113 UFF
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
a · x + b · y = a · x0 + db · t + b · y0 − ad · t
= a · x0 + b · y0 + a·b
d
· t − a·b
d
·t
= a · x0 + b · y0 = n,
Exemplo 23
A equação 5x + 35y = 7 não tem solução em Z, pois mdc(5, 35) = 5 e 5 ∤ 7.
Exemplo 24
Consideremos a equação 350x − 240y = −20.
No Exemplo 21 item (a) vimos que 10 = mdc(350, 240) = mdc(350, −240).
Como 10 | −20, a equação 350x−240y = 350x+(−240)y = −20 tem solução.
No Exemplo 22 item (a) obtivemos que 10 = 11 · 350 + (−16) · 240. Logo,
−20 = (−22) · 350 + 32 · 240 = (−22) · 350 + (−32) · (−240).
Portanto, x0 = −22 e y0 = −32 são soluções particulares da equação dada e
sua solução geral é x = −22+ −240
10
t = −22−24t e y = −32− 350
10
t = −32−35t,
para t ∈ Z.
Exercı́cios
UFF 114
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
PARTE 3 - SEÇÃO 4
(a) Se a | b · c, então a | c.
(b) Se a | c e b | c, então a · b | c.
7. Mostre que:
8. Resolva as equações em Z:
115 UFF
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Propriedades do Domı́nio Principal Z
UFF 116
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Exemplo 25
25 ≡ 37 mod 6, pois 25 − 37 = −12 e 6 | −12.
210 ≡ 70 mod 35, pois 210 − 70 = 140 e 35 | 140
20 6≡ 33 mod 12, pois 20 − 33 = −13 e 12 ∤ −13
13 6≡ 22 mod 5, pois 13 − 22 = −9 e 5 ∤ −9.
Proposição 13
Seja n ≥ 2. Temos a ≡ b mod n se, e somente se, a e b têm o mesmo resto
na divisão euclidiana por n.
Demonstração: Suponhamos que a ≡ b mod n. Pela definição de con-
gruência, temos que n | (a − b). Pela divisão euclidiana, podemos escrever
a = q · n + r e b = q′ · n + r′ , com 0 ≤ r < n e 0 ≤ r′ < n. Logo,
a − b = (q − q′ ) · n + r − r′ . Assim, r − r′ = (a − b) − (q − q′ ) · n. Como, por
117 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Exemplo 26
25 e 37 deixam resto 1 na divisão por 6, logo 25 ≡ 37 mod 6.
210 e 35 deixam resto 0 na divisão por 35, logo 210 ≡ 35 mod 35.
Na divisão por 12, 20 deixa resto 8 e 33 deixa resto 9, logo 20 6≡ 33 mod 12.
a + c − (b + d) = (a − b) + (c − d) = λ · n + λ′ · n = (λ + λ′ ) · n,
a · c − b · d = a · c + (a · d − a · d) − b · d = a · (c − d) + (a − b) · d
= a · (λ′ · n) + (λ · n) · d = (a · λ′ + λ · d) · n,
Exemplo 27
Em (1) usamos a Qual o resto da divisão de 325 por 15?
transitividade da
congruência módulo n. (1)
Temos 33 = 27 ≡ 12 ≡ −3 mod 15 =⇒ 33 ≡ −3 mod 15.
UFF 118
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Portanto,
(2) (3) Usamos de (2) a (5), a
325 = 3 · 33·8 = 3 · (33)8 ≡ 3 · (−3)8 = 3 · (−3)3 · (−3)3 · (−3)2 ≡ 3 · 3 · 3 · 32 = congruência obtida em (1) e
(4) (5) a propriedade (ii) da
33 · 32 ≡ (−3) · 32 = −33 ≡ 3 mod 15. Proposição anterior.
O resto é 3.
Exemplo 28
Qual o resto da divisão de 747 por 9?
Temos 72 = 49 ≡ 4 mod 9, então 73 = 72 · 7 ≡ 4 · 7 = 28 ≡ 1 mod 9.
Portanto, 747 = 73·15+2 = (73)15 · 72 ≡ 115 · 4 = 4 mod 9.
O resto é 4.
Critérios de Divisibilidade
onde 0 ≤ am, . . . , a0 ≤ 9 e am 6= 0.
Veremos como as potências de 10 se comportam módulo n, para
n = 2, 3, 4, 5, 9, 10 e 11 e obteremos, respectivamente, critérios de divisi-
bilidade por 2, 3, 4, 5, 9, 10 e 11.
Exemplo 29
Seja n = 2. Temos que 10 ≡ 0 mod 2. Da Proposição 14 item (iii), temos
que 10j ≡ 0j = 0 mod 2, para todo j ≥ 1. Pela mesma Proposição itens (i)
e (ii), obtemos:
119 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Exemplo 31
Seja n = 4. Temos que 10 ≡ 2 mod 4, logo 102 ≡ 22 = 4 ≡ 0 mod 4.
Assim, da Proposição 14 item (iii), para todo j ≥ 3, temos 10j = 102 · 10j−2 ≡
0 · 10j−2 = 0 mod 4. Pela mesma Proposição itens (i) e (ii), obtemos:
Exemplo 32
Seja n = 5. Temos que 10 ≡ 0 mod 5. Da Proposição 14 item (iii), temos
que 10j ≡ 0j = 0 mod 5, para todo j ≥ 1. Pela mesma Proposição itens (i)
e (ii), obtemos:
Exemplo 33
Seja n = 9. Temos que 10 ≡ 1 mod 9. Da Proposição 14 item (iii), temos
que 10j ≡ 1j = 1 mod 9, para todo j ≥ 1. Pela mesma Proposição itens (i)
e (ii), obtemos:
UFF 120
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Exemplo 34
Seja n = 10. Temos que 10 ≡ 0 mod 10. Da Proposição 14 item (iii), temos
que 10j ≡ 0j = 0 mod 10, para todo j ≥ 1. Pela mesma Proposição itens (i)
e (ii), obtemos:
Exemplo 35
Seja n = 11. Temos que 10 ≡ −1 mod 11. Da Proposição 14 item (iii),
temos que, para todo j ≥ 1,
1 mod 11, se j é par
10j ≡ (−1)j =
−1 mod 11, se j é ı́mpar
121 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Exemplo 36
Vamos mostrar que 45 | (133n + 173n), para todo n ≥ 1 ı́mpar.
Primeiramente, escrevemos 45 = 32 · 5. Usaremos congruência módulo 9,
congruência módulo 5 e a Proposição anterior item (i), com 45 = mmc(9, 5).
UFF 122
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Temos
13 ≡ 4 mod 9 =⇒ 133 ≡ 43 = 64 ≡ 1 mod 9 e 17 ≡ 8 ≡ −1 mod 9. Logo,
133n + 173n = (133)n + 173n ≡ 1n + (−1)3n = 1 − 1 = 0 mod 9, pois 3n é
ı́mpar, em virtude de 3n ≡ 1 · 1 = 1 mod 2.
Agora,
13 ≡ 3 mod 5 e 17 ≡ 2 mod 5 =⇒ 133 ≡ 33 = 27 ≡ 2 mod 5 e
173 ≡ 23 = 8 ≡ 3 ≡ −2 mod 5
=⇒ 133 ≡ 2 mod 5 e 173 ≡ −2 mod 5.
Então,
n
133n + 173n = (133)n + (173) ≡ 2n + (−2)n = 2n − 2n = 0 mod 5, pois n é
ı́mpar.
Como 133n + 173n ≡ 0 mod 9, 133n + 173n ≡ 0 mod 5 e 45 = mmc(9, 5),
então 133n + 173n ≡ 0 mod 45.
Se a = 0, então 0p = 0 ≡ 0 mod p.
Seja a ≥ 0 e suponhamos que ap ≡ a mod p. Então
p p p
(a + 1)p = ap + 1
ap−1 + 2
ap−2 + · · · + p−1
a + 1.
123 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Exemplo 37
Qual o resto da divisão de 20012006 − 1 por 17?
Como 2001 = 17 · 117 + 12 e 17 é primo, então 1 = mdc(2001, 17).
Além disso, 2006 = 16 · 125 + 6. Logo,
20012006 − 1 = 200116·125+6 − 1
= (200116)125 · 20016 − 1
≡ 1125 · 20016 − 1 = 20016 − 1 mod 17.
2001 ≡ 12 mod 17 =⇒ 20016 − 1 ≡ 126 − 1 mod 17.
126 − 1 ≡ (−5)6 − 1 = 253 − 1 ≡ 83 − 1 = 64 · 8 − 1 ≡ (−4) · 8 − 1 = −33 ≡ 1
mod 17.
Logo, 20012006 − 1 ≡ 20016 − 1 ≡ 126 − 1 ≡ 1 mod 17 e o resto é 1.
Lembre que . . .
classes distintas são
a = {x ∈ Z ; x ≡ a mod n}
disjuntas. = {x ∈ Z ; n | (x − a)}
= {x ∈ Z ; x e a deixam o mesmo resto na divisão por n}.
Exemplo 38
Seja n = 2. Dado a ∈ Z, pela divisão euclidiana, existem q e r, unicamente
determinados, tais que a = 2 · q + r, com 0 ≤ r ≤ 1.
Logo,
0 ⇐⇒ a é par
a=
1 ⇐⇒ a é ı́mpar
Z = 0 ∪ 1, onde 0 = 2Z e 1 = 2Z + 1.
UFF 124
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Exemplo 39
Seja n = 3. Dado a ∈ Z, pela divisão euclidiana, existem q e r, unicamente
determinados, tais que a = 3 · q + r, com 0 ≤ r ≤ 2.
Logo,
0 ⇐⇒ a = 3 · q, para algum q ∈ Z;
a= 1 ⇐⇒ a = 3 · q + 1, para algum q ∈ Z;
2 ⇐⇒ a = 3 · q + 2, para algum q ∈ Z.
Z = 0 ∪ 1 ∪ 2, onde 0 = 3Z, 1 = 3Z + 1 e 2 = 3Z + 2.
Proposição 17
Seja n ≥ 2. Para cada a ∈ Z existe um único r ∈ Z, com 0 ≤ r ≤ n − 1,
tal que a = r. Logo, há n classes residuais módulo n distintas, a saber,
0, 1, . . . , n − 1, onde r = nZ + r e Z = 0 ∪ 1 ∪ . . . ∪ n − 1.
Demonstração: Dado a ∈ Z, pela divisão euclidiana de a por n, existe um
único r, com 0 ≤ r ≤ n − 1, tal que
a = q · n + r, para algum q ∈ Z.
Zn = {0, 1, . . . , n − 1}.
Exemplo 40
Z2 = {0, 1}
Z3 = {0, 1, 2}
125 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Z4 = {0, 1, 2, 3}
Z5 = {0, 1, 2, 3, 4}
Z6 = {0, 1, 2, 3, 4, 5}
a+b = a+b
a·b = a·b
+ 0 1 · 0 1
0 0 1 0 0 0
1 1 0 1 0 1
Exemplo 42
Tabelas das operações em Z3
+ 0 1 2 · 0 1 2
0 0 1 2 0 0 0 0
1 1 2 0 1 0 1 2
2 2 0 1 2 0 2 1
UFF 126
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PARTE 3 - SEÇÃO 5
Exemplo 43
Tabelas das operações em Z4
+ 0 1 2 3 · 0 1 2 3
0 0 1 2 3 0 0 0 0 0
1 1 2 3 0 1 0 1 2 3
2 2 3 0 1 2 0 2 0 2
3 3 0 1 2 3 0 3 2 1
0 + a = a;
a + −a = 0;
M1 (Associativa) (a · b) · c = a · (b · c)
M2 (Comutativa) a · b = b · a ;
M3 (Existência de unidade) 1 é a unidade de Zn
1 · a = a;
AM (Distributiva) (a + b) · c = a · c + b · c.
Demonstração: As propriedades A3, A4 e M3 são facilmente verificadas.
Faremos a demonstração apenas de A1 e AM. Você deve fazer a de-
monstração das outras propriedades.
(1)
(a + b) + c = a + b + c
Em (1) e (2) usamos a
(2)
= (a + b) + c definição da adição das
(3) classes residuais. Em (3)
= a + (b + c) usamos que a adição em Z é
(4) associativa. Em (4) e (5),
= a+b+c novamente, usamos a
(5) definição da adição das
= a + (b + c),
classes residuais.
127 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
Exemplo 44
Z4 tem divisor de 0, pois 2 · 2 = 0, com 2 6= 0. Portanto, Z4 não é um
domı́nio. Além disso, Z∗4 = {1, 3}, pois 1 = 1 · 1 e 1 = 9 = 3 · 3, cada um deles
é seu próprio inverso.
Proposição 19
Seja n ≥ 2. Um elemento a ∈ Zn é invertı́vel se, e somente se, mdc(a, n) = 1.
Demonstração:
(=⇒:) Seja a ∈ Zn um elemento invertı́vel. Então, existe b ∈ Zn tal que
1 = a·b = a · b. Portanto, a·b ≡ 1 mod n, que é equivalente a n | (a·b−1).
Logo, a · b − 1 = q · n, para algum q ∈ Z, isto é, 1 = a · b + (−q) · n. Logo,
Veja Exercı́cio 1, item (a), 1 = mdc(a, n).
da Seção 4.
(⇐=:) Suponhamos que mdc(a, n) = 1. Então, existem x, y ∈ Z tais que
1 = a · x + n · y. Logo,
1 = a · x + n · y = a · x + n · y = a · x + 0 · y = a · x,
UFF 128
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Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
Exemplo 47
Para cada j ∈ {0, 1, . . . , 9}, temos que mdc(j, 10) = 1 se, e somente se,
j ∈ {1, 3, 7, 9}. Logo,
com 3 · 7 = 1 e 9 · 9 = 1.
0 = n = a · b = a · b, com a 6= 0 e b 6= 0.
1 · 1 = 1, 2 · 3 = 6 = 1 e 4 · 4 = 16 = 1.
Corolário 11
Seja n ≥ 2. Zn é um corpo se, e somente se, n é primo.
Demonstração:
(⇐=:) Suponhamos que n é primo. Então, mdc(j, n) = 1, para todo j = 1,
. . . , n − 1, e, pela Proposição anterior, j é invertı́vel. Logo, todo elemento
não-nulo de Zn é invertı́vel, mostrando que Zn é um corpo. P =⇒ Q
se, e somente se,
(=⇒:) Se n não é primo, pela Observação anterior, Zn não é um corpo. ∼ Q =⇒∼ P.
129 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
(p − 1)! = −1 ⇐⇒ p − 1 · . . . · 2 · 1 = p − 1.
p − 1 ≡ −1 mod p
⇐⇒ p − 1 = −1 em Zp .
p − 1 · . . . · 2 · 1 = p − 1 · 1 = p − 1.
a · x = b, (1)
a · x ≡ b mod n. (2)
Observação:
(a) Sejam x0, x1 ∈ Z tais que x0 é uma solução de (2) e x1 ≡ x0 mod n.
Então, x1 é solução de (2).
De fato,
Em (⋆) usamos que a ≡ a (⋆)
mod n e a Proposição 14 x1 ≡ x0 mod n =⇒ a · x1 ≡ a · x0 mod n
(ii). Em (⋆⋆) usamos que (⋆⋆)
a · x0 ≡ b mod n e a
=⇒ a · x1 ≡ a · x0 ≡ b mod n .
congruência módulo n é Assim, as soluções de (2) se repartem em classes residuais módulo n e
transitiva.
cada classe residual corresponde a uma solução de (1).
Quantas são as soluções módulo n?
Resposta: há d = mdc(a, n) classes residuais distintas que são soluções,
conforme veremos no próximo Teorema.
A seguir, um caso particular.
UFF 130
M. L. T. Villela
Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
x = (4 · 2) · x = 4 · (2 · x) = 4 · 5 = 20 = 6.
Exemplo 51
Consideremos em Z9 a equação 5 · x = 2.
Nesse caso, mdc(5, 9) = 1. Logo, 5 tem inverso em Z9. Como 2 · 5 = 10 = 1,
temos que 2 é o inverso de 5 e
x = (2 · 5) · x = 2 · (5 · x) = 2 · 2 = 4.
Teorema 7
Sejam a, b e n inteiros com n ≥ 2. Seja d = mdc(a, n). Temos:
(i) A congruência a · x ≡ b mod n tem solução se, e somente se, d | b;
(ii) Se d | b, então existem exatamente d soluções distintas módulo n, cujos
representantes são
x0, x0 + n
d
, . . . , x0 + (d − 1) · n
d
,
n
x = x0 + t · d
e y = y0 − t · da , com t ∈ Z,
131 UFF
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Congruências módulo n e os anéis Zn
n n n n
x = x0 + t · d
= x0 + (d · q + r) · d
= x0 + q · n + r · d
≡ x0 + r · d
mod n
e x0, x0 + n
d
, . . . , x0 + (d − 1) · n
d
não são congruentes módulo n.
Exemplo 52
Vamos resolver a congruência 12 · x ≡ 28 mod 8.
A equação tem solução, pois mdc(12, 8) = 4 e 4 | 28. Além disso, há 4
soluções não congruentes módulo 8.
Usando o Algoritmo de Euclides, temos que 12 · 3 + 8 · (−4) = 4. Portanto,
12 · (21) + 8 · (−28) = 28, isto é x0 = 21 e y0 = −28 são soluções particulares
de 12 · x + 8 · y = 28.
Assim, x = 21 + r · 48 = 21 + 2r, com r = 0, 1, 2, 3, são os representantes das
soluções não congruentes módulo 8, isto é, x = 21, x = 23, x = 25 e x = 27.
As soluções são as classes módulo 8: x = 21 ≡ 5 mod 8, x = 23 ≡ 7 mod 8,
x = 25 ≡ 1 mod 8 e x = 27 ≡ 3 mod 8.
Exemplo 53
Vamos resolver a congruência 245 · x ≡ 95 mod 180.
A equação tem solução, pois mdc(245, 180) = 5 e 5 | 95. Além disso, há 5
soluções não congruentes módulo 180.
Usando o Algoritmo de Euclides, temos que 245 · (−11) + 180 · 15 = 5. Como
95 = 5 · 19, então 245 · ((−11) · 19) + 180 · (15 · 19) = 95, isto é x0 = −209 e
y0 = 285 são soluções particulares de 245 · x + 180 · y = 95.
Assim, x = −209 + r · 180 5
= −209 + 36r, com r = 0, 1, 2, 3, 4, são os represen-
tantes das soluções não congruentes módulo 180, isto é, x = −209, x = −173,
x = −137, x = −101 e x = −65.
As soluções são as classes módulo 180: x = −209 ≡ 151 mod 180,
x = −173 ≡ 7 mod 180, x = −137 ≡ 43 mod 180, x = −101 ≡ 79
mod 180 e x = −65 ≡ 115 mod 180.
Exercı́cios
UFF 132
M. L. T. Villela
Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
7. Sejam a, b, c, m, n ∈ Z, com m ≥ 2 e n ≥ 2.
(a) Seja n = pα αs
1 · . . . · ps . Mostre que a ≡ b mod n se, e somente
1
α
se, a ≡ b mod pj j , para todo j = 1, . . . , s.
(b) Seja α ≥ 1. Mostre que se a ≡ b mod pα, então a ≡ b mod p.
133 UFF
Instituto de Matemática
Congruências módulo n e os anéis Zn
(a) 5 em Z6 (d) 4, 5 e 8 em Z9
(b) 3, 4 e 5 em Z7 (e) 1951 em Z2431
(c) 3, 5 e 7 em Z8 (f) 143 em Z210
UFF 134
M. L. T. Villela
Congruências módulo n e os anéis Zn
PARTE 3 - SEÇÃO 5
23. Determine o menor inteiro y maior do que 1000, tal que y ≡ 2 mod 7
e y ≡ 3 mod 13.
135 UFF
Instituto de Matemática
Congruências módulo n e os anéis Zn
UFF 136
M. L. T. Villela
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
PARTE 3 - SEÇÃO 6
Exemplo 54
A função f : Z −→ Z × Z definida por f(x) = (x, x), para todo x ∈ Z é um
homomorfismo de anéis.
De fato, sejam x, y ∈ Z. Então,
f(x + y) = (x + y, x + y) = (x, x) + (y, y) = f(x) + f(y) ,
f(x · y) = (x · y, x · y) = (x, x) · (y, y) = f(x) · f(y) e
f(1) = (1, 1).
Exemplo 55
A função g : Z × Z −→ Z definida por g(x, y) = x, para todo (x, y) ∈ Z × Z, Esse homomorfismo é a
projeção na primeira
é um homomorfismo de anéis.
coordenada.
Exemplo 56
Seja A um anel comutativo com unidade 1A.
A função identidade I : A −→ A definida por I(x) = x, para todo x ∈ A, é
um homomorfismo de anéis.
Exemplo 57
Seja a ∈ Z.
A função avaliação em a, ϕa : Z[x] −→ Z, definida por ϕa(f(x)) = f(a) é
um homomorfismo de anéis.
137 UFF
Instituto de Matemática
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
Demonstração:
(i) Como 0A = 0A + 0A e f é homomorfismo de anéis, então
Definição 17 (Núcleo)
Sejam A, B anéis comutativos com unidades e f : A −→ B um homomorfismo.
O núcleo de f é o conjunto definido por
Exemplo 58
No Exemplo 54 temos
Núcleo(f) = {x ∈ Z ; f(x) = (x, x) = (0, 0)} = {x ∈ Z ; x = 0} = {0}.
UFF 138
M. L. T. Villela
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
PARTE 3 - SEÇÃO 6
Exemplo 59
No Exemplo 55 temos
Núcleo(g) = {(x, y) ∈ Z × Z ; g(x, y) = x = 0} = {(0, y) ; y ∈ Z} = 0 × Z.
Exemplo 62
No domı́nio dos inteiros todo ideal I = pZ, gerado por um natural primo p,
é um ideal primo.
De fato, pZ ( Z e se a, b ∈ Z com a · b ∈ I = pZ, então p divide a · b
e, como p é primo, temos que p divide a ou p divide b. Logo, a ∈ pZ ou
b ∈ pZ.
139 UFF
Instituto de Matemática
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
UFF 140
M. L. T. Villela
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
PARTE 3 - SEÇÃO 6
141 UFF
Instituto de Matemática
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
UFF 142
M. L. T. Villela
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
PARTE 3 - SEÇÃO 6
Vamos mostrar que f é sobrejetora, equivalentemente, que d ∈ D é da Aqui vamos usar a hipótese
forma d = n1D, para algum n ∈ Z. Suponhamos, por absurdo, que exista de D ser bem ordenado.
Exercı́cios
143 UFF
Instituto de Matemática
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
ϕ : R[x] −→ R
f(x) 7−→ f(0)
ϕ : Z[x] −→ Z
f(x) 7−→ f(0)
f−1(J) = {a ∈ A ; f(a) ∈ J}
A ∼ B ⇐⇒ existe isomorfismo f : A −→ B.
UFF 144
M. L. T. Villela
Homomorfismos de anéis comutativos com unidade
PARTE 3 - SEÇÃO 6
(a) g ◦ f : A −→ C é um homomorfismo;
(b) se f e g são injetores, então g ◦ f é injetor;
(c) se f e g são sobrejetores, então g ◦ f é sobrejetor;
(d) se f e g são isomorfismos, então g ◦ f é um isomorfismo.
145 UFF
Instituto de Matemática