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Combinações e arranjos
Autores
aula
03
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
ISBN 85-7273-298-5
Conteúdo: 01. Aprendendo a contar. – 02. Permutações simples. – 03. Combinações e arranjos. – 04. Permutações de
elementos nem todos distintos. – 05. Princípio da inclusão-exclusão. – 06. Permutações circulares. – 07. Combinações
completas. – 08. Permutações caóticas. – 09. Lemas de Kaplanski. – 10. Princípio da reflexão. – 11. Princípio das gavetas
de Dirichlet. – 12. Triângulo de Pascal. – 13. Binômio de Newton e Polinômio de Leibniz. – 14. Probabilidade. – 15.
Probabilidade condicional.
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
N
a aula 2 (Permutações simples), aprendemos que permutações simples nada mais é
do que uma técnica de contagem que, basicamente, resolve o problema: de quantas
maneiras podemos alocar n objetos em n lugares? Nesta aula, aprenderemos duas
novas técnicas de contagem: a combinação e o arranjo, que são utilizadas para resolver o
seguinte problema: de quantas maneiras podemos alocar p objetos em n lugares, sendo
p<n ?
Objetivos
Ao final desta aula, esperamos que você possa:
Você percebe alguma diferença entre as questões 1 e 2 a seguir? Será que o problema
proposto nelas é o mesmo?
Antes de prosseguir a leitura e tentar formular uma defesa que exprima seu ponto de
vista, analise cada problema.
A, B, C A, C, D
A, B, D B, C, D
Decisão d1 : escolher o grupo formado por 3 pessoas, para a qual, pela resposta
da pergunta 1, temos x1 = 4 possibilidades.
Decisão d2 : escolher qual o cargo que cada pessoa do grupo irá ocupar.
Escolhido, então, o grupo, temos 3 pessoas para ocuparem 3 lugares (cargos), ou seja,
um problema de permutação simples, portanto x2 = 3! possibilidades de escolha.
Assim, pelo princípio multiplicativo, existem x1 × x2 = 4 × 3! = 4 × 6 = 24 maneiras
de escolhermos 3 pessoas para preencherem os cargos de presidente, vice-presidente e
contador de uma empresa, dentre um grupo de 4 pessoas.
Suponha que três pessoas estão jogando um dado e, por sua vez, interessadas na soma
dos resultados. Então, os resultados das jogadas
expressam o mesmo valor e podem ser considerados como o mesmo resultado, ou seja, o
de que um deles tirou 1, o outro 2 e o terceiro 3, independentemente de qual deles tirou qual.
Entretanto, se eles estão disputando para ver quem tira o número maior em cada jogada,
esses resultados, certamente, serão diferentes, uma vez que
3, 1, 2 – ganhou o 1º jogador 1, 3, 2 – ganhou o 2º jogador 1, 2, 3 – ganhou o 3º jogador
3, 2, 1 – ganhou o 1º jogador 2, 3, 1 – ganhou o 2º jogador 2, 1, 3 – ganhou o 3º jogador
Exemplo 1
Ache todas as combinações simples de classe 2 dos objetos a1 , a2 , a3 , a4 .
Seria natural pensarmos da seguinte maneira:
Ou seja, cada dupla de elementos foi contada 2 vezes (todas as possibilidades de ordenar 2
elementos), ao invés de apenas 1 vez.
Exemplo 2
Ache todas as combinações simples de classe 3 dos objetos a1 , a2 , a3 , a4 , a5 .
Pensando em forma de decisões, temos:
n × (n − 1) × · · · × (n − (p − 1))
Número de possibilidades = =
p!
n × (n − 1) × · · · × (n − p + 1)
= .
p!
Exemplo 3
No cardápio de uma festa, existem dez tipos diferentes de salgadinhos, dos quais
apenas quatro são servidos quentes. O garçom deverá montar as bandejas com apenas
dois tipos diferentes de salgadinhos frios e dois tipos diferentes de salgadinhos quentes. De
quantos modos diferentes o garçom pode montar as bandejas?
Solução
Descobrir de quantas maneiras ele pode tomar a decisão d1 significa descobrir quantos
subconjuntos distintos de 2 elementos podemos formar a partir de um conjunto com 6
elementos, ou seja,
n × (n − 1) × · · · × (n − p + 1)
x1 = com n = 6 e p = 2, o que nos leva a
p!
n × (n − 1) × · · · × (n − p + 1) 6 × (6 − 2 + 1) 6×5
x1 = = = = 15.
p! 2! 2
n × (n − 1) × · · · × (n − p + 1)
x2 = agora com n = 4 e p = 2, o que nos leva a
p!
n × (n − 1) × · · · × (n − p + 1) 4 × (4 − 2 + 1) 4×3
x2 = = = = 6.
p! 2! 2
n!
Cnp = , na qual devemos lembrar que 0 ≤ p ≤ n, já que estamos tomando
p!(n − p)!
subconjuntos de p elementos de um conjunto de n elementos.
n
Outras notações encontradas para Cnp são e Cn,p , as quais são lidas como
p
combinação de n tomada p a p.
Exemplo 4
Num hospital, há 3 vagas para trabalhar no berçário, 5 vagas, no banco de sangue e
2 vagas, na radioterapia. Se 6 pessoas se candidatarem para o berçário, 8, para o banco
de sangue e 5, para a radioterapia, de quantas formas distintas essas vagas poderão ser
preenchidas?
Solução
6! 6 × 5 × 4 × 3! 6×5×4
x1 = C63 = = = = 20.
3!3! 3!3! 3!
Para a decisão d2 , queremos saber quantos subconjuntos de 5 elementos podemos
obter de um conjunto de 8 elementos, ou seja,
8! 8 × 7 × 6 × 5!
x2 = C85 = = = 56.
5!3! 5!3!
Finalmente, para a decisão d3 , queremos saber quantos subconjuntos de 2 elementos
podemos obter de um conjunto de 5 elementos, ou seja,
5! 5 × 4 × 3!
x3 = C52 = = = 10.
2!3! 2!3!
Portanto, pelo princípio multiplicativo, temos x1 × x2 × x3 = 20 × 56 × 10 = 11200
formas distintas de preencher essas vagas.
Exemplo 5
Quantos subconjuntos de 5 cartas contendo exatamente 3 ases podem ser formados
com um baralho de 52 cartas?
Solução
Arranjo
Vamos agora analisar a seguinte situação.
Em uma corrida, estão competindo 10 pilotos, na qual apenas os três primeiros
comparecem ao podium. Então, pergunta-se: de quantas maneiras diferentes o podium pode
ser montado?
Note que temos 3 decisões a tomar:
Pelo princípio multiplicativo, temos que isso pode ser feito de 10 × 9 × 8 = 720
maneiras distintas.
Suponhamos que os competidores sejam A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. Note que, quando
usamos o princípio multiplicativo, as composições
(n − p)! n!
n × (n − 1) × · · · × (n − (p − 1)) × = .
(n − p)! (n − p)!
n!
Apn = , na qual temos que lembrar que 0 ≤ p ≤ n, já que estamos tomando
(n − p)!
subconjuntos de p elementos de um conjunto de n elementos.
Outra notação encontrada para Apn é An, p e lemos: arranjos de n tomado p a p.
Exemplo 6
A senha de uma conta bancária é formada de 6 números ou de 4 números dentre os
números de 0 a 9, dependendo do banco. Os gerentes sempre aconselham não utilizar
todos os números iguais.
a) Quantas senhas podem ser formadas no banco que utiliza 6 números, se a pessoa segue
o conselho do gerente?
Note que a senha 123456 é diferente da senha 123465, ou seja, embora constituída pelos
mesmos algarismos, a ordem as torna diferentes. Dessa maneira, temos que a quantidade de
senhas distintas que podemos formar utilizando 6 dígitos é:
10! 10! 10 × 9 × 8 × 7 × 6 × 5 × 4!
A610 = = = = 10×9×8×7×6×5 = 151200.
(10 − 6)! 4! 4!
b) Quantas senhas podem ser formadas no banco que utiliza 4 números, se a pessoa segue
o conselho do gerente?
Exemplo 7
Na corrida de São Silvestre em São Paulo, largam na equipe de elite uma média de
100 corredores. Suponha que todos eles sejam iguais tecnicamente e que é impossível um
corredor que não seja da equipe de elite passar por algum deles. Sabendo que o podium tem
lugar para os 6 primeiros, de quantos maneiras diferentes podemos montar esse podium,
caso
Ora, sabendo que o podium só vai ser composto pelos corredores de elite, já que
nenhum corredor do pelotão normal consegue passar por nenhum deles e que, alterando a
ordem dos premiados, o podium muda, temos então
a) A6100 = (100−6)!
100!
94! =
= 100! 100×99×98×97×96×95×94!
94! =
100 × 99 × 98 × 97 × 96 × 95 = 858377728000 possibilidades.
b) A650 = (50−6)!
50!
= 50!
44! =
50×49×48×47×46×45×44!
44! =
50 × 49 × 48 × 47 × 46 × 45 = 11441304000 possibilidades.
c) A620 = (20−6)!
20!
= 20!
14! =
20×19×18×17×16×15×14!
14! =
20 × 19 × 18 × 17 × 16 × 15 = 27902700 possibilidades.
Auto-avaliação
Você poderia dar dois exemplos que deixem clara a diferença entre
1 combinação e arranjo?
Referências
MORGADO, A. C. O., et al. Análise combinatória e probabilidade. Rio de Janeiro: SBM,
2001. (Coleção professor de matemática)