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2ª Edição D I S C I P L I N A Matemática e Realidade

A natureza dos dados


estatísticos e sua organização

Autores

Ivone da Silva Salsa


Jeanete Alves Moreira
Marcelo Gomes Pereira

aula

03
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Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Salsa, Ivone da Silva.


Matemática e realidade: interdisciplinar / Ivone da Silva Salsa, Jeanete Alves Moreira, Marcelo Gomes
Pereira. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005.
292 p.
1. Métodos estatísticos. 2. Análise estatística. 3. Proporção e porcentagem. 4. Dados estaísticos. 5.
Medidas de dispersão. I. Moreira, Jeanete Alves. II. Pereira, Marcelo Gomes. III. Título.

ISBN 85-7273-287-X CDD 519.5


RN/UF/BCZM 2005/47 CDU 519.22

22/06/2007

Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização
expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Apresentação

J
á conversamos anteriormente sobre a Estatística, mostrando como ela é importante
e está presente em nossa vida. Trabalhamos alguns conceitos básicos como, por
exemplo, tipos de variáveis, você se lembra? Apresentamos alguns exemplos de
variáveis qualitativas (nominais e ordinais) e quantitativas (discretas e contínuas).
Agora, estudaremos como tratar dados qualitativos de modo que possam ser
apresentados, de forma organizada, em tabelas estatísticas. Essas tabelas – você
provavelmente já deve tê-las visto – aparecem com freqüência em jornais, revistas e livros
(os de geografia, sobretudo!). Assim, é fundamental saber fazer uma leitura correta do que
elas expõem e saber confeccioná-las. Veremos, também, como se classificam as séries
estatísticas quando tratamos dados qualitativos. Em relação aos quantitativos, deixaremos
para estudá-los na aula 5.
Tal como foi dito anteriormente, repetimos que a compreensão dos assuntos
tratados nesta aula exige muita atenção na leitura deste texto, conhecimentos em relação
aos cálculos das quatro operações e também de proporções. Nós estaremos sempre
apresentando exemplos e exercícios resolvidos, os quais, com certeza, vão ajudá-lo
a compreender tais assuntos. Ao final, apresentaremos uma série de exercícios para
resolução e auto-avaliação da sua aprendizagem. Para isso, você vai precisar apenas de
lápis ou caneta, régua e um bloco de notas (ou caderno) para fazer suas anotações e
uma calculadora simples para obter percentuais.

Objetivos
O que buscamos com as explicações que serão dadas
1 nesta aula? Queremos que você aprenda os conceitos que
envolvem a natureza de dados estatísticos qualitativos
e sua classificação resultante do enfoque direcionado
à variável qualitativa pesquisada, em relação a três
fatores: o tempo, o local e a especificação ou categoria.
São, justamente, esses fatores que determinam o tipo
de série estatística associado à referida variável.

Esperamos, ainda, que você aprenda a confeccionar e a


2 ler as tabelas associadas aos dados qualitativos e entenda
a importância da sua organização para a compreensão
do comportamento das variáveis estatísticas estudadas,
sejam elas qualitativas ou quantitativas.

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Dados estatísticos:
por que organizá-los?

V
ocê está lembrado de uma parte da Estatística, chamada Estatística Descritiva, que se
encarrega, entre outras coisas, de organizar e apresentar os dados coletados? (Nós
vimos isso na aula anterior!) Pois bem, precisamos aprender como apresentar, de
forma resumida, um conjunto de dados estatísticos.
Então, o que é um dado estatístico?

Um dado estatístico é o próprio resultado da observação


de alguma variável que está sendo pesquisada.

Por que precisamos organizar os dados antes de apresentá-los?


Porque quando os organizamos adequadamente, de modo que eles sejam transformados
em tabelas e gráficos, podemos ter uma visão geral do comportamento da variável que
estamos estudando; isto torna possível a percepção de certos aspectos importantes que nos
trazem valiosas informações sobre esse comportamento. Tais informações, seguramente,
passariam despercebidas se os referidos dados fossem apresentados da mesma maneira
que foram coletados, isto é, sem que tenham passado por um processo de organização.

Dados qualitativos:
como organizá-los em tabelas?

I
magine a situação na qual você dispõe dos resultados obtidos a partir das respostas
dadas por todos os alunos deste curso ao questionário apresentado na aula passada. Será
que você seria capaz de compreender o comportamento das variáveis pesquisadas sem
organizá-las? Tomemos como exemplo a variável Estado civil. Consulte os apontamentos
da aula 2 e veja: nós podemos ter cinco categorias associadas às respostas dos (muitos)
alunos. Será que, apenas lendo, “uma por uma”, as respostas dadas a essas categorias
em “cada um” dos questionários que formam o nosso conjunto de dados estatísticos
a ser estudado, poderíamos obter informações claras e seguras e compreender as
características da referida variável? Com certeza não, pois, dessa maneira, não teríamos o
poder de sintetizar as informações.

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Entretanto, se contamos as freqüências ocorridas em cada categoria e organizamos
essas informações (a contagem), apresentando-as por meio de uma tabela, elas aparecerão
de forma clara, permitindo compreendermos o comportamento da variável Estado civil. Por
exemplo, imagine, a partir de dados fictícios, que de nossa pesquisa obtivemos os seguintes
valores (não esqueça, são valores fictícios): dos 1.095 alunos deste curso, encontramos 550
solteiros, 480 casados, 37 viúvos e 28 na categoria desquitado/separado.
A partir desses resultados, confeccionamos a seguinte tabela:

Tabela 1 – Estado Civil dos alunos do curso de Educação a Distância da UFRN, nos pólos do Nordeste
Oriental em fevereiro de 2005.

Estado civil Nº de alunos %


Solteiro 550 50,23

Casado(1) 480 43,84

Viúvo 37 3,38
Desquitado/Separado 28 2,55
TOTAL 1.095 100,00

Fonte: Dados fictícios. (1) Casados segundo o regime civil ou não.

Os dados dessa maneira apresentados constituem-se numa série estatística. Portanto,


não esqueça:

Séries estatísticas são constituídas de dados


estatísticos organizados em tabelas e/ou gráficos.

Quando os dados são assim organizados, permitem-nos compreender o que ocorre


com a variável que estudamos. Por exemplo, por meio da Tabela 1, podemos concluir
que, dos 1.095 alunos (fictícios, não esqueça!) pesquisados, praticamente a metade,
50,23%, são solteiros; 43,84% são casados; pouquíssimos viúvos, 3,38%; e apenas
2,55% – o menor percentual – se enquadraram na categoria desquitado/separado.
Assim, você pode perceber como uma tabela estatística é fundamental, pois, ela nos
dá com precisão, e de maneira condensada/resumida, muito mais informações sobre o
que está sendo estudado. Acabamos de expor conclusões sobre o comportamento da
variável Estado civil com base nas informações que a tabela nos forneceu. Além disso,
com essa tabela, podemos também construir gráficos adequados que nos ajudarão a
entender melhor a variável estudada.

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Por isso, não esqueça:

Dados estatísticos, organizados em tabelas e gráficos, podem nos dizer muita


coisa, principalmente quando estamos lidando com uma grande quantidade
de informações. Nesse caso, as tabelas estatísticas e os gráficos são
indispensáveis!

Estrutura das
tabelas estatísticas

A
s tabelas estatísticas compõem-se de um conjunto de linhas e colunas nas quais são
exibidos os dados estatísticos de forma organizada e as informações necessárias para
compreendê-los. Elas devem ser construídas de acordo com as normas específicas
adotadas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, em que se fundamenta o
material desenvolvido pela fundação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Destacamos aqui alguns aspectos importantes que, segundo essas normas, devem ser
observados quando construímos uma tabela estatística.
Observe atentamente a Tabela 1. Veja que:

 as laterais são abertas, ou seja, não há nenhuma linha vertical, nem na lateral esquerda,
nem na lateral direita, mas, apenas, no interior da tabela;

 sobre a tabela há um título em destaque, o qual, de forma resumida, deve responder às


três perguntas: o que é tratado na tabela? (qual a característica/variável pesquisada?),
quando? (a época em que aconteceu o fato pesquisado), onde? (o local onde se deu a
ocorrência do fenômeno);

 em relação às linhas horizontais, há duas linhas paralelas logo abaixo do título. Elas
delimitam o espaço para as informações que esclarecem o conteúdo das colunas. Esta
parte da tabela chama-se cabeçalho;

 abaixo do cabeçalho, entre as diversas linhas, não há traços horizontais para separá-las,
exceto em relação à última linha, que se refere ao total de cada coluna. Neste caso, quando
há a linha associada ao total, de forma semelhante ao cabeçalho, colocamos duas linhas
paralelas que dão destaque aos totais;

 a primeira coluna (1ª coluna da esquerda) imediatamente abaixo do cabeçalho,


nos informa sobre o conteúdo das linhas da tabela. Chamamos essa coluna de
coluna indicadora;

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 à direita da coluna indicadora, abaixo do cabeçalho, estão os dados estatísticos
propriamente ditos. Esta parte da tabela chama-se corpo. No corpo da tabela, no qual
estão registrados os dados, cada cruzamento de uma linha com uma coluna é chamado
de casa ou célula;

 embaixo da tabela, no rodapé, registramos a origem dos dados expostos; chamamos


esse registro de fonte. Na Tabela 1, além da fonte, há um outro registro que esclarece
somente sobre o dado associado à categoria casado. Esse esclarecimento específico,
para um determinado dado, em linguagem estatística, é denominado de chamada.

Dentre os destaques abordados no parágrafo anterior, falamos em:

 título;

 cabeçalho;

 coluna indicadora;

 corpo.

Estes se constituem nos elementos essenciais de uma Tabela. Há também os elementos


complementares, que aparecem no rodapé das tabelas. São eles:

 fonte;

 notas;

 chamadas.

Já vimos que a fonte se refere à origem dos dados, e que as chamadas são
esclarecimentos específicos dirigidos somente a um certo dado na tabela. Mas, o que
são notas?
As notas e as chamadas somente aparecem quando há necessidade de se fornecer
algum esclarecimento em relação ao exposto na tabela. A diferença entre a nota e a chamada
é que a primeira presta esclarecimento de ordem geral, ou seja, atinge mais de uma casa ou
célula, e a segunda esclarece apenas um dado específico da tabela.

2ª Edição Aula 03 Matemática e Realidade 5

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Exercícios e tipos de séries estatísticas
Vamos tentar construir tabelas? Leia com atenção o que segue e procure organizar as
informações sob a forma de uma tabela estatística. Após a organização desses dados, teça
comentários sobre o comportamento de cada uma das variáveis estudadas, fazendo uma leitura
das informações que podem ser obtidas por meio de uma análise desses dados tabelados.

Situação 1
Os gastos anuais do Governo Federal, em bilhões de reais, para o custeio de seu
funcionamento, no período de 1995 até 2004, foram os seguintes: em 1995, o Governo
gastou 6,3; em 1996, as despesas consumiram 6,8; em 1997, os gastos foram de 7,6; em
1998, foram de 7,3; em 1999, foram despendidos com essas despesas 7,7; em 2000, esses
gastos chegaram a 9,0; em 2001, foram 10,9; em 2002, gastaram-se 11,6; em 2003, 10,4; e,
no ano de 2004, o Governo gastou 13,1 bilhões de reais.
Preste bem atenção: a variável apresentada é o gasto do governo para custear a máquina
administrativa; essa variável está sendo pesquisada ano a ano, ou seja, ao longo de um certo
período de tempo. Quando uma variável é observada em função de uma variação no tempo de
sua ocorrência, os dados estatísticos formam uma série chamada temporal.
Como fonte, usaremos: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82,
2 fev. 2005.
Vamos apresentar esses dados em uma tabela? Tente preencher o esquema seguinte:
Escreva um título que responda:
o que é, quando e onde? Tabela 2

Cabeçalho
Anos Gastos (em bilhões de reais)

Fonte: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82, 2 fev. 2005.

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Situação 2
Uma pesquisa do Banco Mundial mostra que muitos produtos extraídos das
florestas vêm ganhando espaço no mercado como matéria-prima para a indústria,
tanto alimentícia quanto farmacêutica ou cosmética. Esse fato vem influenciando no
reflorestamento de vários países da Europa. Isso é particularmente importante no Brasil
porque podemos começar a entender que a preservação das florestas também gera
lucro. Os dados que seguem referem-se à participação do setor florestal na economia
dos principais países produtores. Esses dados, expressos através do percentual em PIB
relação ao PIB do respectivo país produtor, foram exibidos em FRANÇA, Ronaldo. A Produto Interno Bruto –
revolução verde. Veja, v. 38, n. 6, p. 88, 09 de fev. 2005. Toda produção anual de
bens e serviços que ocorre
A participação do setor florestal na economia (percentual do PIB), em nosso país, foi no território de um país.
igual a 5,0%; no Chile igual a 3,6%; na Finlândia, a 8,0%; no Canadá, a 3,0%; na Alemanha,
a 2,8% e, nos EUA, igual a 0,9%.
Nesse caso, a variável envolvida é a participação do setor florestal na economia. Fique
atento: essa participação não está sendo estudada ao longo de um certo período de tempo,
como aconteceu na situação 1, mas de acordo com os distintos locais geográficos (países),
onde aconteceu o fato. Por isso, quando organizados, se constituirão em uma série que
chamaremos de geográfica.
Vamos organizá-los? Tente preencher a tabela abaixo.

Título
Tabela 3

Países % do PIB

Fonte:

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Situação 3

O custo da cesta básica é uma preocupação constante tanto para o governo quanto para
a população carente, sobretudo. Os dados mostrados a seguir foram obtidos a partir das
pesquisas do IDEMA – Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente – RN. Eles se referem
ao custo, em dezembro de 2004, de alguns dos principais produtos, em Natal/RN. São eles:
o pão (6,00kg) teve um custo mensal de R$ 22,82; o feijão (4,50kg), igual a R$ 9,89; o arroz
(3,60kg) custou R$ 7,04; o café (0,30kg) foi de R$ 2,21; a farinha (3,00kg) custou R$ 4,37 e
o açúcar (3,00kg) atingiu R$ 3,56. Neste caso, a variável estudada é o custo da cesta básica.
Essa variável foi pesquisada em um só local (Natal), ou seja, em uma área geográfica sem
distinção e em um tempo único, também sem variações (dezembro/2004). Nesse caso, o
que se explorou foi o custo associado às diversas especificações de alguns dos principais
produtos da cesta básica. Por isso, esses valores, quando organizados em forma de tabelas,
se constituirão em uma série que chamaremos de especificativa ou categórica.
Em relação a esses dados, devemos colocar como notas, no rodapé da Tabela 4, os
seguintes esclarecimentos associados à cesta básica: a) ração essencial – produtos e quantidades
determinadas pelo decreto-lei nº 399, de 30/04/1938; b) o custo da cesta básica corresponde
aos gastos com alimentação para uma pessoa adulta. Esses esclarecimentos são “notas” e não
“chamadas”, porque não se referem a um dado específico da tabela, mas ao geral.
Vamos construir uma tabela para esses dados? Considere o esquema seguinte:

Título
Tabela 4

Produtos (quantidades) Custo Mensal (R$)

Total

Fonte: IDEMA

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Recapitulando a classificação das séries estudadas

 Séries temporais são aquelas em que a variável estudada é observada em função de um


determinado período de tempo.

 Séries geográficas são aquelas em que a variável estudada é observada em função dos
distintos locais de ocorrência do fenômeno.

 Séries especificativas ou categóricas são aquelas em que a variável estudada é observada


de acordo com as categorias ou especificações a ela associadas.

Vamos testar os
conhecimentos
adquiridos?

Atividade 1
Pesquise em jornais e revistas tabelas estatísticas que mostrem
1 séries temporais, geográficas e especificativas. Escolha um exemplo
para cada uma dessas séries e faça uma breve análise sobre o
comportamento da variável apresentada.

Considere o tema: “Nº de matrículas no Ensino Fundamental I”.


2 Procure criar, com dados fictícios, associados a esse tema, três
tabelas estatísticas de modo que você tenha: uma série temporal,
uma geográfica e uma especificativa.

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1.

sua resposta

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Séries mistas: tabelas bidimensionais
ou de dupla entrada
Às vezes temos interesse em pesquisar o comportamento de uma variável estatística,
explorando mais de um de seus aspectos. Por exemplo, poderíamos estar interessados em
investigar o custo da cesta básica em certo município, tendo como base a variação mensal
dos preços associada aos seus diversos produtos. Ou seja, o custo da cesta básica seria
investigado através de duas séries estatísticas: uma especificativa (variação da especificação
dos produtos) e uma temporal (variação do tempo).
Concretamente, vamos considerar os seguintes dados estatísticos, fornecidos pelo
IDEMA/RN, referentes ao custo de alguns produtos da cesta básica em Natal/RN, nos meses
de novembro e dezembro de 2004.
No mês de novembro, o pão (6,00 kg) custou R$ 22,83; o feijão (4,50 kg) custou R$ 10,11;
o arroz (3,60 kg), R$ 7,50; o açúcar (3,00 kg) custou R$ 3,61; a farinha (3,00 kg), R$ 4,68; e o
custo do café (0,30 kg) foi R$ 2,22. No mês de dezembro, os dados são aqueles que constam na
Situação 3, exposta anteriormente.
Para organizarmos esses dados em uma tabela, como há duas fontes de variação (os
meses e as especificações de produtos), deveremos ter variações, tanto na coluna indicadora
quanto no cabeçalho.
Tente montar uma tabela para esses dados, considerando a seguinte estrutura:

Título

Cabeçalho (variação temporal)


Coluna indicadora (variação das categorias)

TOTAL

Fonte:

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Então, teremos a seguinte configuração referente à série mista. Confira.

Tabela 5 – Variação do custo de alguns produtos da cesta básica em Natal/RN, nos meses de
novembro e dezembro de 2004.

Custo Mensal (R$)


Produtos (quantidades)
Novembro Dezembro

Pão (6,00 kg) 22,83 22,82

Feijão (4,50 kg) 10,11 9,89


Arroz (3,60 kg) 7,50 7,04

Farinha (3,00 kg) 4,68 4,37

Açúcar (3,00 kg) 3,61 3,56


Café (0,30 kg) 2,22 2,21
TOTAL 50,95 49,89

Fonte: IDEMA/RN

Antes de analisarmos o que foi exposto na tabela, vamos recordar um pouco?


O título, necessariamente, deve responder a três perguntas.
a) O que é? (Qual o fenômeno estudado, ou seja, qual a variável de interesse?) Resposta: a variação
do custo da cesta básica.

b) Quando? Resposta: em novembro e dezembro de 2004.

c) Onde? Resposta: em Natal/RN.

Vamos, agora, analisar os dados que aparecem na Tabela 5: constatamos que o custo
desses produtos sofreu uma pequena queda no mês de dezembro, destacando-se o arroz,
o feijão e a farinha. Observamos, também, que o pão e o feijão são os produtos que pesam
mais na composição do custo da cesta básica, dentre os produtos dessa tabela. Além disso,
podemos afirmar que o pão e o café, praticamente, não tiveram variação em seus preços
entre novembro e dezembro. Veja só, essas conclusões somente foram possíveis devido
à organização dos dados em uma tabela. Portanto, ressaltamos que é muito importante
aprendermos a lidar com tabelas estatísticas.
Essa série mista é do tipo temporal-especificativa, pois é composta por esses dois
tipos de série. Aquelas que estudamos antes eram séries simples. Poderíamos ter, do
mesmo modo, outras séries mistas, por exemplo, do tipo temporal-geográfica ou do tipo
geográfica-especificativa, ou ainda, geográfica-temporal-especificativa. Isso depende de
como vamos explorar a variável qualitativa que nos interessa estudar.

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Agora, vamos conferir as soluções dos exercícios apresentados anteriormente?

Situação 1 – Solução
Tabela 2 – Gastos anuais do Governo Federal (em bilhões de reais) para custeio de seu funcionamento
no período de 1995 a 2004.

Anos Gastos (em bilhões de reais)


1995 6,3
1996 6,8
1997 7,6
1998 7,3
1999 7,7
2000 9,0
2001 10,9
2002 11,6
2003 10,4
2004 13,1

Fonte: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82, 2 fev. 2005.

O que poderíamos dizer sobre a variável estudada? Podemos dizer que os dados
apontaram para uma tendência crescente nos gastos para o custeio do Governo Federal. Se
compararmos quanto o Governo gastou em 1995 (6,3 bilhões) com o que ele gastou no ano
passado, em 2004 (13,1 bilhões), veremos que houve um aumento de mais de 100%. Com
exceção do ano de 1998, em que ocorreu um pequeno decréscimo, e do ano de 2003 quando
houve uma redução de 1,2 bilhão de reais.

Situação 2 – Solução
Tabela 3 – Participação do setor florestal na economia dos países, considerando o percentual
em relação ao PIB.

Países % do PIB
Finlândia 8,0
Brasil 5,0
Chile 3,6
Canadá 3,0
Alemanha 2,8
EUA 0,9

Fonte: FRANÇA, Ronaldo. A revolução verde. Veja, v. 38, n. 6, p. 88, 9 fev. 2005.

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Em relação aos dados da Tabela 3, constatamos que a participação do setor
florestal na economia da Finlândia apresentou o maior percentual em relação ao PIB
(8,0%), destacando-se consideravelmente em relação ao Chile, Canadá, Alemanha
e EUA. Em seguida, aparece a participação do Brasil, com 5,0%. Os EUA têm uma
participação de menos de 1,0%.
Verifique que, da Finlândia aos EUA, os dados estão colocados em ordem decrescente.
Sempre que possível, devemos expor os dados de maneira ordenada, tal como está na Tabela
3. Por que essa recomendação? Porque dessa forma podemos constatar, de imediato, pela
simples inspeção dos dados tabelados, a situação na qual ocorreu o maior valor e a que
apresentou o menor valor. Isso, por si, se constitui em mais informação sobre o que está
exposto. Porém, nem sempre é possível tal procedimento. Por exemplo, quando a série é
temporal, não podemos organizar os dados, baseando-nos na ordenação dos valores, pois
devemos respeitar a ordem imposta pela seqüência do tempo.

Situação 3 – Solução

Tabela 4 – Custo (em R$) de alguns produtos da cesta básica, em Natal/RN, no mês de dezembro de 2004.

Produtos (quantidades) Custo mensal (R$)

Pão (6,00 kg) 22,82


Feijão (4,50 kg) 9,89
Arroz (3,60 kg) 7,04

Farinha (3,00 kg) 4,37

Açúcar (3,00 kg) 3,56


Café (0,30 kg) 2,21
TOTAL 49,89

Fonte: IDEMA

Notas:
a) Ração essencial – produtos e quantidades determinadas pelo decreto-lei nº 399, de 30/04/1938.

b) O custo da cesta básica corresponde aos gastos com alimentação para uma pessoa adulta.

O que poderíamos comentar sobre essa tabela? Ela nos traz informações sobre o custo
de alguns produtos da cesta básica. Podemos constatar que foi o pão, o produto com maior
peso em relação a esse custo, dentre os produtos investigados. O gasto com o pão, para a
despesa de uma pessoa adulta no mês de referência, foi de R$ 22,82. Os demais produtos
tiveram custos inferiores a 50% do custo associado ao pão. Depois do pão, o produto de

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maior peso no orçamento da cesta básica foi o feijão que, aproximadamente, custou pouco
menos da metade do custo do pão. Em seguida, vem o arroz, com um custo de R$ 7,04. O
açúcar e o café foram os dois produtos de menor peso em relação aos gastos associados à
cesta básica, que custaram, respectivamente, R$ 3,56 e R$ 2,21.

Resumo
O que aprendemos nesta aula? Aprendemos que um dado estatístico é o próprio
resultado de uma observação de alguma variável que está sendo pesquisada.
Também vimos que melhor compreendemos o comportamento de uma variável
e, portanto, temos mais condições de avaliá-la, quando organizamos, em tabelas
apropriadas, os seus dados. Essa organização dá origem ao que chamamos
de séries estatísticas. Estas quando se trata de dados associados às variáveis
qualitativas, são classificadas como temporais (o fenômeno varia em função do
tempo), geográficas (o fenômeno varia em função do local) e especificativas
(o fenômeno varia em função da categoria de resposta. Vimos, ainda, alguns
elementos básicos que estruturam a construção de tabelas. Estudamos,
também, as tabelas de dupla entrada, utilizadas para as séries mistas.

Auto-avaliação
Considere as questões de números 3, 5, 7, 9, 10, 11 e 12 do questionário
1 apresentado na aula 2. Realize uma pesquisa, aplicando esse questionário em uma
amostra de 30 professores ou estudantes da área de Educação. Organize os dados
obtidos com essa pesquisa em tabelas e interprete os resultados.

Pesquise em jornais e revistas e destaque três tabelas que apresentem séries


2 mistas. Para cada tabela, diga qual tipo de série está sendo apresentado por você.

Procure dados de seu município, que se relacionem com o problema da seca.


3 Por exemplo, veja se você consegue dados sobre: o número de cacimbas, poços,
açudes construídos na sua região/cidade nos últimos anos, ou o número de
inscritos em alguma frente de trabalho da prefeitura, em programas de bolsa escola
etc. Organize esses dados em tabelas e faça uma leitura dos resultados obtidos.

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Referências
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16 Aula 03 Matemática e Realidade 2ª Edição

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