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Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
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Tatyana Mabel Nobre Barbosa
22/06/2007
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expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
J
á conversamos anteriormente sobre a Estatística, mostrando como ela é importante
e está presente em nossa vida. Trabalhamos alguns conceitos básicos como, por
exemplo, tipos de variáveis, você se lembra? Apresentamos alguns exemplos de
variáveis qualitativas (nominais e ordinais) e quantitativas (discretas e contínuas).
Agora, estudaremos como tratar dados qualitativos de modo que possam ser
apresentados, de forma organizada, em tabelas estatísticas. Essas tabelas – você
provavelmente já deve tê-las visto – aparecem com freqüência em jornais, revistas e livros
(os de geografia, sobretudo!). Assim, é fundamental saber fazer uma leitura correta do que
elas expõem e saber confeccioná-las. Veremos, também, como se classificam as séries
estatísticas quando tratamos dados qualitativos. Em relação aos quantitativos, deixaremos
para estudá-los na aula 5.
Tal como foi dito anteriormente, repetimos que a compreensão dos assuntos
tratados nesta aula exige muita atenção na leitura deste texto, conhecimentos em relação
aos cálculos das quatro operações e também de proporções. Nós estaremos sempre
apresentando exemplos e exercícios resolvidos, os quais, com certeza, vão ajudá-lo
a compreender tais assuntos. Ao final, apresentaremos uma série de exercícios para
resolução e auto-avaliação da sua aprendizagem. Para isso, você vai precisar apenas de
lápis ou caneta, régua e um bloco de notas (ou caderno) para fazer suas anotações e
uma calculadora simples para obter percentuais.
Objetivos
O que buscamos com as explicações que serão dadas
1 nesta aula? Queremos que você aprenda os conceitos que
envolvem a natureza de dados estatísticos qualitativos
e sua classificação resultante do enfoque direcionado
à variável qualitativa pesquisada, em relação a três
fatores: o tempo, o local e a especificação ou categoria.
São, justamente, esses fatores que determinam o tipo
de série estatística associado à referida variável.
V
ocê está lembrado de uma parte da Estatística, chamada Estatística Descritiva, que se
encarrega, entre outras coisas, de organizar e apresentar os dados coletados? (Nós
vimos isso na aula anterior!) Pois bem, precisamos aprender como apresentar, de
forma resumida, um conjunto de dados estatísticos.
Então, o que é um dado estatístico?
Dados qualitativos:
como organizá-los em tabelas?
I
magine a situação na qual você dispõe dos resultados obtidos a partir das respostas
dadas por todos os alunos deste curso ao questionário apresentado na aula passada. Será
que você seria capaz de compreender o comportamento das variáveis pesquisadas sem
organizá-las? Tomemos como exemplo a variável Estado civil. Consulte os apontamentos
da aula 2 e veja: nós podemos ter cinco categorias associadas às respostas dos (muitos)
alunos. Será que, apenas lendo, “uma por uma”, as respostas dadas a essas categorias
em “cada um” dos questionários que formam o nosso conjunto de dados estatísticos
a ser estudado, poderíamos obter informações claras e seguras e compreender as
características da referida variável? Com certeza não, pois, dessa maneira, não teríamos o
poder de sintetizar as informações.
Tabela 1 – Estado Civil dos alunos do curso de Educação a Distância da UFRN, nos pólos do Nordeste
Oriental em fevereiro de 2005.
Viúvo 37 3,38
Desquitado/Separado 28 2,55
TOTAL 1.095 100,00
Estrutura das
tabelas estatísticas
A
s tabelas estatísticas compõem-se de um conjunto de linhas e colunas nas quais são
exibidos os dados estatísticos de forma organizada e as informações necessárias para
compreendê-los. Elas devem ser construídas de acordo com as normas específicas
adotadas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, em que se fundamenta o
material desenvolvido pela fundação IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Destacamos aqui alguns aspectos importantes que, segundo essas normas, devem ser
observados quando construímos uma tabela estatística.
Observe atentamente a Tabela 1. Veja que:
as laterais são abertas, ou seja, não há nenhuma linha vertical, nem na lateral esquerda,
nem na lateral direita, mas, apenas, no interior da tabela;
em relação às linhas horizontais, há duas linhas paralelas logo abaixo do título. Elas
delimitam o espaço para as informações que esclarecem o conteúdo das colunas. Esta
parte da tabela chama-se cabeçalho;
abaixo do cabeçalho, entre as diversas linhas, não há traços horizontais para separá-las,
exceto em relação à última linha, que se refere ao total de cada coluna. Neste caso, quando
há a linha associada ao total, de forma semelhante ao cabeçalho, colocamos duas linhas
paralelas que dão destaque aos totais;
título;
cabeçalho;
coluna indicadora;
corpo.
fonte;
notas;
chamadas.
Já vimos que a fonte se refere à origem dos dados, e que as chamadas são
esclarecimentos específicos dirigidos somente a um certo dado na tabela. Mas, o que
são notas?
As notas e as chamadas somente aparecem quando há necessidade de se fornecer
algum esclarecimento em relação ao exposto na tabela. A diferença entre a nota e a chamada
é que a primeira presta esclarecimento de ordem geral, ou seja, atinge mais de uma casa ou
célula, e a segunda esclarece apenas um dado específico da tabela.
Situação 1
Os gastos anuais do Governo Federal, em bilhões de reais, para o custeio de seu
funcionamento, no período de 1995 até 2004, foram os seguintes: em 1995, o Governo
gastou 6,3; em 1996, as despesas consumiram 6,8; em 1997, os gastos foram de 7,6; em
1998, foram de 7,3; em 1999, foram despendidos com essas despesas 7,7; em 2000, esses
gastos chegaram a 9,0; em 2001, foram 10,9; em 2002, gastaram-se 11,6; em 2003, 10,4; e,
no ano de 2004, o Governo gastou 13,1 bilhões de reais.
Preste bem atenção: a variável apresentada é o gasto do governo para custear a máquina
administrativa; essa variável está sendo pesquisada ano a ano, ou seja, ao longo de um certo
período de tempo. Quando uma variável é observada em função de uma variação no tempo de
sua ocorrência, os dados estatísticos formam uma série chamada temporal.
Como fonte, usaremos: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82,
2 fev. 2005.
Vamos apresentar esses dados em uma tabela? Tente preencher o esquema seguinte:
Escreva um título que responda:
o que é, quando e onde? Tabela 2
Cabeçalho
Anos Gastos (em bilhões de reais)
Fonte: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82, 2 fev. 2005.
Título
Tabela 3
Países % do PIB
Fonte:
O custo da cesta básica é uma preocupação constante tanto para o governo quanto para
a população carente, sobretudo. Os dados mostrados a seguir foram obtidos a partir das
pesquisas do IDEMA – Instituto de Desenvolvimento e Meio Ambiente – RN. Eles se referem
ao custo, em dezembro de 2004, de alguns dos principais produtos, em Natal/RN. São eles:
o pão (6,00kg) teve um custo mensal de R$ 22,82; o feijão (4,50kg), igual a R$ 9,89; o arroz
(3,60kg) custou R$ 7,04; o café (0,30kg) foi de R$ 2,21; a farinha (3,00kg) custou R$ 4,37 e
o açúcar (3,00kg) atingiu R$ 3,56. Neste caso, a variável estudada é o custo da cesta básica.
Essa variável foi pesquisada em um só local (Natal), ou seja, em uma área geográfica sem
distinção e em um tempo único, também sem variações (dezembro/2004). Nesse caso, o
que se explorou foi o custo associado às diversas especificações de alguns dos principais
produtos da cesta básica. Por isso, esses valores, quando organizados em forma de tabelas,
se constituirão em uma série que chamaremos de especificativa ou categórica.
Em relação a esses dados, devemos colocar como notas, no rodapé da Tabela 4, os
seguintes esclarecimentos associados à cesta básica: a) ração essencial – produtos e quantidades
determinadas pelo decreto-lei nº 399, de 30/04/1938; b) o custo da cesta básica corresponde
aos gastos com alimentação para uma pessoa adulta. Esses esclarecimentos são “notas” e não
“chamadas”, porque não se referem a um dado específico da tabela, mas ao geral.
Vamos construir uma tabela para esses dados? Considere o esquema seguinte:
Título
Tabela 4
Total
Fonte: IDEMA
Séries geográficas são aquelas em que a variável estudada é observada em função dos
distintos locais de ocorrência do fenômeno.
Vamos testar os
conhecimentos
adquiridos?
Atividade 1
Pesquise em jornais e revistas tabelas estatísticas que mostrem
1 séries temporais, geográficas e especificativas. Escolha um exemplo
para cada uma dessas séries e faça uma breve análise sobre o
comportamento da variável apresentada.
sua resposta
Título
TOTAL
Fonte:
Tabela 5 – Variação do custo de alguns produtos da cesta básica em Natal/RN, nos meses de
novembro e dezembro de 2004.
Fonte: IDEMA/RN
Vamos, agora, analisar os dados que aparecem na Tabela 5: constatamos que o custo
desses produtos sofreu uma pequena queda no mês de dezembro, destacando-se o arroz,
o feijão e a farinha. Observamos, também, que o pão e o feijão são os produtos que pesam
mais na composição do custo da cesta básica, dentre os produtos dessa tabela. Além disso,
podemos afirmar que o pão e o café, praticamente, não tiveram variação em seus preços
entre novembro e dezembro. Veja só, essas conclusões somente foram possíveis devido
à organização dos dados em uma tabela. Portanto, ressaltamos que é muito importante
aprendermos a lidar com tabelas estatísticas.
Essa série mista é do tipo temporal-especificativa, pois é composta por esses dois
tipos de série. Aquelas que estudamos antes eram séries simples. Poderíamos ter, do
mesmo modo, outras séries mistas, por exemplo, do tipo temporal-geográfica ou do tipo
geográfica-especificativa, ou ainda, geográfica-temporal-especificativa. Isso depende de
como vamos explorar a variável qualitativa que nos interessa estudar.
Situação 1 – Solução
Tabela 2 – Gastos anuais do Governo Federal (em bilhões de reais) para custeio de seu funcionamento
no período de 1995 a 2004.
Fonte: PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82, 2 fev. 2005.
O que poderíamos dizer sobre a variável estudada? Podemos dizer que os dados
apontaram para uma tendência crescente nos gastos para o custeio do Governo Federal. Se
compararmos quanto o Governo gastou em 1995 (6,3 bilhões) com o que ele gastou no ano
passado, em 2004 (13,1 bilhões), veremos que houve um aumento de mais de 100%. Com
exceção do ano de 1998, em que ocorreu um pequeno decréscimo, e do ano de 2003 quando
houve uma redução de 1,2 bilhão de reais.
Situação 2 – Solução
Tabela 3 – Participação do setor florestal na economia dos países, considerando o percentual
em relação ao PIB.
Países % do PIB
Finlândia 8,0
Brasil 5,0
Chile 3,6
Canadá 3,0
Alemanha 2,8
EUA 0,9
Fonte: FRANÇA, Ronaldo. A revolução verde. Veja, v. 38, n. 6, p. 88, 9 fev. 2005.
Situação 3 – Solução
Tabela 4 – Custo (em R$) de alguns produtos da cesta básica, em Natal/RN, no mês de dezembro de 2004.
Fonte: IDEMA
Notas:
a) Ração essencial – produtos e quantidades determinadas pelo decreto-lei nº 399, de 30/04/1938.
b) O custo da cesta básica corresponde aos gastos com alimentação para uma pessoa adulta.
O que poderíamos comentar sobre essa tabela? Ela nos traz informações sobre o custo
de alguns produtos da cesta básica. Podemos constatar que foi o pão, o produto com maior
peso em relação a esse custo, dentre os produtos investigados. O gasto com o pão, para a
despesa de uma pessoa adulta no mês de referência, foi de R$ 22,82. Os demais produtos
tiveram custos inferiores a 50% do custo associado ao pão. Depois do pão, o produto de
Resumo
O que aprendemos nesta aula? Aprendemos que um dado estatístico é o próprio
resultado de uma observação de alguma variável que está sendo pesquisada.
Também vimos que melhor compreendemos o comportamento de uma variável
e, portanto, temos mais condições de avaliá-la, quando organizamos, em tabelas
apropriadas, os seus dados. Essa organização dá origem ao que chamamos
de séries estatísticas. Estas quando se trata de dados associados às variáveis
qualitativas, são classificadas como temporais (o fenômeno varia em função do
tempo), geográficas (o fenômeno varia em função do local) e especificativas
(o fenômeno varia em função da categoria de resposta. Vimos, ainda, alguns
elementos básicos que estruturam a construção de tabelas. Estudamos,
também, as tabelas de dupla entrada, utilizadas para as séries mistas.
Auto-avaliação
Considere as questões de números 3, 5, 7, 9, 10, 11 e 12 do questionário
1 apresentado na aula 2. Realize uma pesquisa, aplicando esse questionário em uma
amostra de 30 professores ou estudantes da área de Educação. Organize os dados
obtidos com essa pesquisa em tabelas e interprete os resultados.
DOWNING, D.; CLARK, J. Estatística aplicada. Tradução Alfredo Alves de Farias. São
Paulo: Saraiva, 2003.
LARSON, R.; FARBER, B. Estatística aplicada. Tradução Cyro de C. Patarra. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
PEREIRA, W.; KIRSTEN, J. T.; ALVES, W. Estatística para as ciências sociais. São Paulo:
Saraiva, 1980.
PERES, Leandra. Licença para gastar. Veja, v. 38, n. 5, p. 82, 2 fev. 2005.