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2ª Edição D I S C I P L I N A Matemática e Realidade

A Estatística: do senso comum


ao conhecimento científico

Autores

Ivone da Silva Salsa


Jeanete Alves Moreira
Marcelo Gomes Pereira

aula

02
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Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Salsa, Ivone da Silva.


Matemática e realidade: interdisciplinar / Ivone da Silva Salsa, Jeanete Alves Moreira, Marcelo Gomes
Pereira. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005.
292 p.
1. Métodos estatísticos. 2. Análise estatística. 3. Proporção e porcentagem. 4. Dados estaísticos. 5.
Medidas de dispersão. I. Moreira, Jeanete Alves. II. Pereira, Marcelo Gomes. III. Título.

ISBN 85-7273-287-X CDD 519.5


RN/UF/BCZM 2005/47 CDU 519.22

22/06/2007

Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização
expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Apresentação

V
ocê se lembra das informações sobre os cursos de nível superior no Brasil dadas no
início da primeira aula? A princípio, você deve ter tido dificuldade para entender o
que todo aquele conjunto de dados lhe dizia, não é verdade? Sabe por quê? Porque
aqueles dados não lhe foram apresentados (de propósito!) organizados de uma maneira
sintética e objetiva. A organização, a apresentação e o tratamento de um conjunto de dados
de uma pesquisa são fundamentais para que se compreenda com mais clareza o que
eles (os dados) nos dizem. Há uma área do conhecimento científico que se ocupa, entre
outras coisas, em coletar dados, organizá-los, analisá-los e tirar conclusões sobre o seu
comportamento. Trata-se de uma ferramenta muito importante e por isso muito utilizada na
pesquisa científica: a ESTATÍSTICA.
Neste módulo, vamos conversar sobre a Estatística e procurar entender sua importância
na pesquisa científica e sua utilidade no nosso dia-a-dia. Depois de expor nossos objetivos,
falaremos um pouco sobre a origem e a evolução histórica da Estatística. Em seguida,
veremos alguns conceitos fundamentais como: população, amostra, censo, dados qualitativos
(nominais e ordinais) e dados quantitativos (discretos e contínuos) e veremos também as
fases do método Estatístico. No final desta aula, apresentaremos um resumo do que foi visto.
Para você compreender os assuntos de que trataremos nesta aula, é necessário
apenas que você se dedique com muita atenção à sua leitura, saiba fazer as quatro
operações, e saiba calcular proporções. Nós estaremos sempre apresentando exemplos
e exercícios resolvidos, e, ao final, haverá uma série de exercícios propostos para você
resolver e auto-avaliar a aprendizagem. Você deve estar munido de lápis ou caneta e de
um bloco de notas ou caderno para fazer suas anotações.

Objetivos
Nossa intenção é fazer com que você conheça um pouco a história
da Estatística, compreenda a natureza dos dados estatísticos e
saiba classificá-los. Além disso, esperamos fazê-lo entender que o
Método Estatístico é indispensável na organização e apresentação
desses dados, principalmente, na pesquisa científica, em qualquer
que seja a área do conhecimento humano, desde que a pesquisa
se apoie em uma coleção de dados (originados de medição ou
contagem) para dar sustentação à teoria que se investiga.

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Como surgiu a Estatística?
O que é a ESTATÍSTICA? Para que serve?

Muitas pessoas saberiam responder a essas perguntas. Mas, com certeza, há muitas
outras que ainda não saberiam respondê-las. Porém, é muitíssimo provável que, pelo menos
uma vez na vida, a maioria das pessoas, inclusive você, já tenha usado a Estatística (talvez
você nem tenha percebido!). Sabe como? Vamos ver.

 Situação 1 – Você está querendo muito comprar aquele computador que é o seu
“sonho de consumo”. Aí, você entra na primeira loja para saber quanto custa. Anota
o preço. Vai a outras lojas e faz o mesmo. Ou, simplesmente, faz essa pesquisa nos
classificados dos jornais. Afinal, quem não quer comprar pelo “preço mais em conta”?
É justamente esse conjunto de informações que vai fazer com que você decida qual a
loja onde vai comprar o computador.

n Situação 2 – Um amigo, que mora no sítio, lhe pede informações sobre o preço atual
do quilo da castanha de caju, pois tem uma certa quantidade para negociar. No mês
passado, você vendeu esse produto. Você então, faz a pesquisa do preço, consultando
vários comerciantes e anotando os dados coletados. Conhecendo vários preços atuais,
e comparando com o preço do mês passado, você pode informar ao seu amigo que,
em média, o preço da castanha subiu e está mais alto do que no mês passado. Mas,
você não entrou em todas as lojas! Na verdade, você se baseou no preço de algumas
e, a partir daí, tirou suas conclusões sobre o aspecto observado: o preço do quilo da
castanha.

n Situação 3 – Uma amiga estava muito preocupada se iria conseguir “passar de ano”,
sem ficar em recuperação. Ela lhe disse que estava faltando apenas saber a nota de
alguns trabalhos, para poder calcular as médias de algumas disciplinas do último
bimestre e, enfim, saber se conseguiu passar.

Como você vê, são três situações bem distintas, possíveis de acontecer em nossa vida,
nas quais a estatística está presente!
Em tais situações, você está extraindo informações a partir de dados pesquisados e
Empírico tomando decisões baseadas no conhecimento delas. Assim acontece o método estatístico.
baseado na experiência. Na própria história do homem e das ciências, a Matemática, por exemplo, parece ter
sua origem no próprio convívio social, com as trocas, com a necessidade de contagem, de
a.C.
caráter prático, utilitário e empírico. Quanto à Estatística, sabe-se que ela é muito antiga. Há
refere-se ao período de registros, em documentos históricos, que falam de coleta de dados sobre a população (o
tempo, na antigüidade,
número de habitantes, de nascimentos, de óbitos, de produção agrícola etc.), em remotas
que é anterior a Jesus
Cristo; deve ser lido “antes civilizações, como a do antigo Egito, a do Império Romano e a da China antiga em 1000 a.C.
de Cristo”. A Estatística, nessa época, limitava-se apenas à tarefa de coletar e apresentar esses dados

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pesquisados pelo Estado. Para alguns autores, é possível que daí tenha surgido a palavra
Estatística (dados relacionados ao Estado, enquanto poder constituído).
Com o passar do tempo, a Estatística cresceu muito em conhecimento graças a
estudos de matemáticos que, no século XVII, criaram a teoria das Probabilidades. Essa
teoria promoveu a Estatística: ela deixou de ser “apenas” um método para organizar e
descrever os fatos através dos dados coletados e assumiu também novas tarefas em
relação a esses dados. Hoje, a teoria estatística possibilita que se faça uma análise mais
profunda sobre os dados estudados, generalizando determinados resultados, o que, em
certos casos, permite-se fazer até previsões.

Dados estatísticos:
conceitos fundamentais

N
a revista Universidade XXI, pode-se ler que o problema é dado pelas estatísticas,
argumentando-se que apenas 12% dos jovens entre 18 e 24 anos freqüentam a
Universidade, o que leva o Brasil, portanto, a ficar entre os países com menor
índice de acesso ao Ensino Superior. Você acha que para escrever essa afirmação o autor
do texto levantou dados da população formada por “todos” os jovens que freqüentam as
universidades brasileiras? Isso não seria uma tarefa impossível, mas exigiria tanto tempo e
dinheiro que certamente não seria o caminho mais adequado para essa pesquisa! Assim, ele
estudou uma parte da referida população – uma amostra – e os resultados obtidos (inclusive
esse percentual) foram generalizados para toda a população.

Para a Estatística,
o que significa
POPULAÇÃO?

É o conjunto de “todos” os elementos (pessoas, objetos, entes em geral) que


apresentam, pelo menos, uma característica comum e que pode ser observada.

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Quando “todos” os elementos de uma população são considerados para serem
pesquisados, o resultado dessa pesquisa chama-se censo. Assim, censo é o conjunto dos
resultados de uma pesquisa, na qual “todos” os elementos da população são considerados.
O que é uma AMOSTRA?
É qualquer parte retirada de uma população estatística, ou seja, é qualquer subconjunto
de uma população.
Há muitas situações nas quais não se pode examinar a população toda. Imagine, por
exemplo, quando você faz algum exame de sangue, necessariamente, apenas uma parte de
seu sangue – uma amostra – é retirada para o exame, entretanto, as conclusões obtidas
para os dados da amostra valem para todo o seu sangue, o qual se constitui na população
estudada (seria totalmente impossível se examinar toda a população, não é verdade?).
O método estatístico estuda as características da amostra para ter conhecimento do
que acontece na população. Esse processo faz parte da chamada Inferência Estatística e é
fundamentado na teoria das probabilidades. Generalizar resultados, ou seja, partir da amostra
para concluir para o todo, é de imensa utilidade na pesquisa científica. Assim, a Estatística
oferece a possibilidade de se compreender o comportamento de uma variável em determinada
população a partir do que foi observado em uma amostra (parte) dessa população.
O que significa uma VARIÁVEL estatística?
É alguma característica que pode ser observada (contada ou medida) em uma população
estatística (ou em uma amostra).
As variáveis estatísticas podem ser classificadas em:

Vejamos através de uma situação prática os conceitos de tais variáveis. Procure


responder ao questionário dado a seguir. Ele nos fornecerá informações sobre o perfil dos
alunos do curso de Educação a Distância da UFRN.

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Questionário
Nome do aluno:_________________________________________

1) Cidade onde reside:____________________ 2) Estado:_______

3) Sexo: f ( ) m( ) 4) Idade: anos ( ) meses ( )

5) Nº de pessoas na sua residência ___ 6) Trabalha? sim ( ) não ( )

7) Estado civil: solteiro ( ) casado ( ) viúvo ( ) divor/desq/sep ( )

8) Por semana, quantas horas aproximadamente você dedica ao estudo?


menos de 4 h ( ) de 4 a 8 h ( ) acima de 8 h ( )

9) Qual o nível de escolaridade de sua mãe? (se falecida, diga o nível que ela
tinha quando em vida) :___________________

10) Em relação ao hábito de ler livros, você se considera uma pessoa que

lê:freqüentemente( ) algumas vezes ( ) raramente ( ) nun-

ca( )

11) Quanto à vocação para ser professor, você se considera com uma

vocação:muito forte ( ) forte ( ) mais ou menos ( ) sem

vocação ( )

12) Você usa a Internet:


regularmente ( ) poucas vezes ( ) nunca/não sabe usar ( )

13) Qual o seu peso?___________kg

14) Qual a sua altura?_________metros.

15) Quantos vestibulares você já fez? ______________

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Depois de responder a esse questionário, analise os tipos de respostas possíveis que
poderiam surgir para cada uma dessas perguntas (as variáveis pesquisadas). Por exemplo,
para a variável sexo, escreva as possíveis respostas:
____________________ e ______________________.
Note que esses dois resultados possíveis são expressos através de categorias e não
sob forma de números (no sentido de quantificação). O mesmo acontece em relação à
variável nível de escolaridade da mãe (item 9). Nesse caso, poderão ocorrer vários resultados
diferentes, por exemplo, pode surgir a resposta “Ensino Fundamental I completo”, assim
como poderia ser “Ensino Médio”, não é mesmo?
Variáveis desse tipo são chamadas QUALITATIVAS.

Variáveis qualitativas são aquelas em que os possíveis


resultados são atributos ou qualidades.

Porém, se analisarmos com muita atenção essas duas variáveis qualitativas (sexo e
escolaridade da mãe) poderemos descobrir uma diferença entre elas. Note que, somente
em uma dessas duas, você pode estabelecer uma seqüência ordenada entre as possíveis
respostas que lhe são atribuídas, isto é, você pode dizer que há uma relação do tipo “maior
que”, indicada pelo símbolo > ou, “menor que”, cuja representação é o símbolo < , entre as
possíveis categorias de respostas dadas à variável.
Pense um pouco e tente responder: qual dessas duas variáveis admite uma
seqüência ordenada entre as diversas categorias de resposta dadas a ela: “sexo” ou
“escolaridade da mãe”?
Esteja atento: uma resposta, por exemplo, “Alfabetizada” deve estar associada a uma
pessoa que tem um nível maior ou tem um nível menor de escolaridade do que uma outra
resposta cujo resultado foi “Ensino Fundamental I incompleto”?
Claro que as pessoas da categoria “Alfabetizada” devem ser portadoras de menor
escolaridade do que aquelas que responderam “Ensino Fundamental I incompleto”, você
não concorda? Portanto, analisando essas diferenças, podemos classificar as variáveis
qualitativas em nominais e ordinais. Sendo que na primeira (nominais), os níveis de
respostas são categorias que não admitem nenhuma ordem e, na segunda (ordinais), elas
admitem uma ordenação nos níveis de resposta.
Veja agora, nesse questionário, quais seriam as perguntas cujas respostas teriam
que ser dadas, necessariamente, através de um número (quantificação da característica
pesquisada: através de contagem ou através de medição).
Por exemplo, os itens 4 e 5 referentes às variáveis idade e número de pessoas residentes
têm, necessariamente, como resposta um valor numérico, não é mesmo? Variáveis dessa
natureza são denominadas variáveis QUANTITATIVAS.

Variáveis quantitativas são aquelas que assumem somente valores numéricos.

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Mostramos a você dois exemplos de variáveis quantitativas (idade e número de pessoas
residentes). Será que você consegue notar alguma diferença entre essas duas variáveis
quantitativas?
Observe bem as possíveis respostas que serão dadas para o item número de pessoas
residentes. Há alguma possibilidade de se ter como resposta um número decimal? Alguém
poderia responder, por exemplo, 3,7 ? Claro que, para a pergunta formulada, tal resposta
seria inteiramente impossível! Pois, com certeza, somente um número inteiro (resultado de
uma contagem) poderia ser a resposta, ou seja, valores no conjunto de inteiros {1, 2, 3...}.
Vamos agora examinar a outra variável: idade. Com essa variável é possível haver
respostas com um número não necessariamente inteiro, ou seja, poderia, por exemplo,
se encontrar respostas do tipo: 21 anos e 6 meses, o que é equivalente a 21,5 anos. Na
realidade, a idade de uma pessoa, de uma forma geral, é uma variável que pode assumir,
teoricamente, “qualquer” valor, acima de zero.
Assim estamos conhecendo dois tipos de variáveis quantitativas: as que são resultantes
de uma contagem e “somente assumem valores inteiros”, isto é, valores em um conjunto
enumerável, as quais são chamadas discretas; e outras que podem assumir “qualquer Enumerável
valor” dentro de um determinado intervalo de valores sendo definidas como contínuas.
é todo conjunto em que
seus elementos mantêm
uma correspondência um

Atividade 1
a um com os elementos
do conjunto dos números
naturais.

Vamos verificar o que aprendemos? Tente responder às questões que se seguem.

Diga, com suas palavras, o que você entende por:


1 a) população estatística

b) amostra.
Exemplifique cada uma.

Apresente uma situação, na qual, pela dificuldade ou impossibilidade


2 de serem pesquisados todos os dados de uma população, deve-se
optar por estudar uma amostra.

Classifique todas as variáveis que compõem o questionário sobre o


3 perfil dos alunos do curso de Educação a Distância.

4 Dê dois exemplos para cada uma das variáveis estudadas.

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Principais fases do
método estatístico

O
método estatístico é fundamental em pesquisas científicas porque é uma ferramenta
que possibilita a organização de dados coletados, apresentando-os de forma que se
possa fazer uma leitura mais clara do que está se passando em torno do problema
investigado. Além disso, ele nos dá importantes informações sobre esses dados, o que nos
permite tirar conclusões sobre o problema pesquisado. De uma maneira geral, esse método
pode ser sintetizado em uma seqüência de fases, de acordo com a seguinte estrutura:

O que acontece em cada uma dessas fases? Vamos ver.

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: o que pesquisar? Em qualquer pesquisa que se queira realizar,


deve-se ter claro o que será pesquisado. Assim, essa primeira fase consiste na formulação
correta do problema a ser estudado.
PLANEJAMENTO DA PESQUISA: nesta etapa, define-se se a pesquisa incluirá toda a
população ou se tomará uma amostra para estudo; além disso, também são definidos os
prazos para a realização da pesquisa, os custos etc. Nessa ocasião, é importante, inclusive,
fazer um levantamento das informações disponíveis sobre o que se pretende estudar.
COLETA DOS DADOS: é a etapa da obtenção das informações, ou seja, é quando se faz a
pesquisa para obter os dados referentes às variáveis que estão sendo estudadas.

Série Estatística
CRÍTICA DOS DADOS: procura-se detectar possíveis erros para evitar futuros equívocos.
Para isso, realiza-se uma revisão crítica dos dados coletados, eliminando alguma informação
é um conjunto organizado
que pareça estranha ao conjunto desses dados.
de informações coletadas
sobre determinada variável
APRESENTAÇÃO DOS DADOS: os dados estatísticos, depois de organizados, são condensados
pesquisada, apresentado
em uma tabela ou gráfico e apresentados através de tabelas e/ou gráficos. A apresentação de um conjunto de dados
estatístico. estatísticos em uma tabela chama-se Série Estatística.

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ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS: consiste em descrever e analisar o fato pesquisado,
possibilitando chegar a conclusões que auxiliem o pesquisador a tomar decisões acertadas
sobre o problema que gerou a pesquisa.
Afinal, o que é Estatística? Como podemos defini-la?
Para muitos autores, é a ciência que se ocupa do levantamento de dados, e de sua
organização, apresentação, descrição, resumo, análise e interpretação, estabelecendo
inferências científicas (a generalização de resultados da amostra, lembra?) que permitem
tirar conclusões importantes sobre o comportamento desses dados.
A maioria dos autores apresenta a Estatística dividida em duas grandes áreas:
estatística descritiva e estatística indutiva ou inferência estatística.

A Estatística Descritiva ocupa-se da organização dos dados, de sua apresentação de


forma condensada, através de tabelas e gráficos, e, além disso, do cálculo de algumas
medidas estatísticas para melhor descrevê-los. Por exemplo, a média aritmética – com
certeza, você já deve ter ouvido falar – é uma dessas medidas.
A Inferência Estatística ocupa-se do processo que permite a extrapolação das conclusões
obtidas com a análise de dados da amostra para o “todo” de onde essa amostra foi retirada –
a população. Você se lembra daquela afirmação da revista Universidade XXI, que foi colocada
anteriormente, a qual nos diz que “apenas 12% dos jovens entre 18 e 24 anos freqüentam a
Universidade”? Pois, tal afirmação é o resultado de uma aplicação da Inferência Estatística!
Na aula 3, apresentaremos os tipos de séries estatísticas e suas representações
tabular e gráfica.

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Resumo
O que vimos nesta aula? A Estatística é uma ferramenta de grande utilidade para
as pesquisas científicas e que, em nosso cotidiano, muitas vezes, utilizamos o
método estatístico (sobretudo, quando queremos tomar uma decisão diante
de um conjunto de informações pesquisadas). Definimos população como
sendo o conjunto de todos os elementos que constituem nosso universo e
dos quais desejamos observar pelo menos uma característica comum a todos.
Trabalhamos o conceito de variável estatística ou, simplesmente, variável,
como essa característica que pode ser observada e que varia, dependendo do
elemento que é examinado. Vimos que, quando não podemos examinar todos
os elementos de uma população, uma parte de seus elementos é escolhida para
ser estudada. Essa parte retirada é um subconjunto da população e se chama
amostra. Os dados estatísticos não são necessariamente numéricos, pois
dependendo da natureza da característica observada, poderemos ter variáveis
qualitativas, as quais se referem a atributos e que não assumem, de fato,
valores numéricos; ou variáveis quantitativas, aquelas que, necessariamente,
assumem valores numéricos. O método estatístico coleta, organiza os dados
estatísticos (populacionais ou amostrais) e os apresenta através de tabelas
e gráficos que nos permitem compreendê-los melhor. Além disso, nos dá
informações a partir de medidas calculadas, as quais sintetizam e caracterizam
os dados investigados, possibilitando-nos tomar decisões adequadas.

Auto-avaliação
Considere todas as escolas públicas de sua cidade. Você quer fazer uma
pesquisa em 10 escolas, enfocando em cada uma delas as seguintes variáveis:

a) o número de alunos matriculados;

b) o percentual de alunos evadidos;

c) o número de livros disponíveis para empréstimo da biblioteca da escola;

d) o peso do aluno;

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e) a idade média dos alunos por cada série;

f) o grau de satisfação dos alunos em relação ao ensino do colégio, considerando uma


pontuação que varia de 0 a 5, sendo 0 o mais insatisfeito e 5 o mais satisfeito;

g) a religião do aluno;

h) a procedência, se é aluno da área rural ou da cidade.

Pedimos a você para classificar essas variáveis, argumentando a sua resposta.

Referências
BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: UFSC, 2002.

BUSSAB, W. O.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. São Paulo: Saraiva, 2004.

DOWNING, D.; CLARK, J. Estatística aplicada. Tradução Alfredo Alves de Farias. São Paulo:
Saraiva, 2003.

LARSON, R.; FARBER, B. Estatística aplicada. Tradução Cyro de C. Patarra. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.

PEREIRA, W.; KIRSTEN, J. T.; ALVES, W. Estatística para as ciências sociais. São Paulo:
Saraiva, 1980.

REVISTA UNIVERSIDADE XXI. Brasília, v.1, n. 2, nov. 2003.

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Anotações

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