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3.

SISTEMAS ESTRUTURAIS

3.1- Introdução

A função da estrutura é fornecer um caminho seguro para as cargas da superfície


para a infra-estrutura, para tanto é preciso: planejar, projetar, construir.

1- Planejar é selecionar o esquema estrutural mais conveniente, e definir seu


arranjo geral; estimar dimensões com base em critérios de segurança, economia,
funcionalidade e estética.
2- Projetar é fazer a determinação dos esforços solicitantes, a definição precisa das
dimensões e a idealização de suas conexões e vínculos.
3- Construir é materializar o que foi planejado.

Os principais requisitos da estrutura são: a segurança, durabilidade, economia,


funcionalidade estética. A estrutura deve ainda resistir ao vento, descargas atmosféricas,
terremotos, incêndios, e ter um valor razoável de custo de mão-de-obra e materiais.
Na antiguidade a estética determinava a estrutura. Com isso, alguns materiais foram
incorretamente utilizados. Hoje, sabe-se que a correta utilização da estrutura é
importante para a obtenção de satisfação estética.

“O conhecimento das estruturas pelos arquitetos é desejável, e uma estrutura


correta só pode contribuir para a beleza da arquitetura”. (Mário Salvadori)

A estrutura das construções é composta por vários materiais adequadamente


dispostos e solidarizados.

Existem várias opções de sistemas estruturais para edifícios. No caso da


utilização do concreto armado, a maioria delas se compõe de lajes, vigas, pilares e
paredes estruturais. Esses sistemas possuem variações, conforme se aumenta a altura
dos edifícios, podendo inclusive agregar elementos de aço ou elementos mistos aço-
concreto.

Dentre as possibilidades estão a utilização de lajes de concreto armado ou


mistas, vigas e pilares em concreto armado, mistos ou em aço.

Na figura seguinte estão colocados alguns arranjos possíveis dos elementos


estruturais, permitindo que se tenha uma visão geral do que hoje é feito no Brasil e no
mundo.
Fig.1- Exemplos de sistemas estruturais de edifícios

Como se pode ver então, os edifícios usuais utilizam concreto armado, perfis
metálicos, alvenarias, esquadrias, revestimentos, telhado, etc., combinados das mais
diversas maneiras de modo a atender a demandas específicas.

3.2-Elementos Estruturais

Podem ser divididos em três categorias:


a) elementos estruturais básicos: lajes, vigas, pilares.

São os elementos que compõem o esqueleto estrutural usual de edifícios, e cujo


comportamento já foi bastante estudado, com modelos de dimensionamento bem
resolvidos, pelo menos para os casos usuais.
Fig.2- Exemplos de lajes

As lajes podem ser maciças (com vigas), nervuradas (para vãos maiores), planas
(sem vigas), ou painéis pré-fabricados.

Fig.3- Exemplo de laje em grelha Fig.4-Exemplo de laje pré-fabricada


Fig.5- Exemplos de vigas

Fig.6- Exemplos de elementos tridimensionais


b) elementos estruturais de fundação: fundações diretas ou rasas, e
profundas.

São aqueles elementos que fazem a transferência das ações oriundas da


superestrutura para o solo de apoio.

Podem ser de vários tipos, sempre em função das características do solo.

Os tipos mais comuns são os blocos sobre estacas, as sapatas de fundação direta,
e os tubulões. Cada um desses tipos pode ainda ter vários arranjos, com diferentes
formas e capacidades de carga.

Fig. 7- Exemplo de fundações

c) elementos estruturais complementares: escadas, caixas d’água e muros de


arrimo.

São aqueles elementos que fazem parte da construção, mas não são parte
integrante do esqueleto estrutural.

Compreendem todos os outros elementos estruturais da construção, e possuem


tipologias variadas e funções específicas dentro do edifício.
Podem ter diferentes geometrias e esquemas estáticos, mas em geral resultam da
combinação adequada dos elementos estruturais básicos.
Fig.8- Exemplo de escada em planta e cortes

d) São considerados elementos especiais: cascas, folhas, paredes.

Podem ser parte das construções, ou podem ainda se constituir em


edificações isoladas, com objetivos determinados.

Assim, são considerados elementos especiais reservatórios, coberturas de


grandes vãos, etc., geralmente projetados com elementos estruturais diferentes,
como as cascas e as folhas poliédricas.
Fig.9- Alguns exemplos de estruturas especiais
Fig.10- Elementos estruturais em um edifício

3.2. A escolha do Sistema Estrutural

A palavra chave dessa escolha é experiência, pois devem ser levadas em conta
muitas variáveis, tais como custo, segurança, funcionalidade e estética.
O custo de uma estrutura convencional equivale de 15 a 20% do custo total da
obra. Para vãos maiores o custo relativo sobe. Em ginásios, salas de espetáculo, etc, o
custo da estrutura é o principal fator a ser considerado.
É preciso ainda haver boa coordenação entre o sistema de circulação, o sistema
mecânico, e o sistema estrutural.
O sistema estrutural deve resistir a cargas verticais (os pórticos usuais devem
resistir ao peso próprio e a sobrecargas de utilização), e a cargas horizontais (as paredes
estruturais devem resistir ao vento e a terremotos).
Geralmente exige-se ainda resistência ao fogo para poços de escada e
elevadores, gerando sua incorporação ao sistema existente.

Etapa 1-O Projeto Estrutural

Deve conter os elementos estruturais capazes de suportar com segurança um


conjunto de cargas, sem exceder a resistência dos materiais.

São etapas do projeto estrutural:

-concepção estrutural

-análise estrutural

-síntese estrutural

-dimensionamento e detalhamento

-desenho

Etapa 2-Segurança

A estrutura deve garantir a segurança contra os estados limites últimos, ou seja, a


ruína do concreto ou deformação plástica excessiva do aço, bem como a segurança em
relação aos estados de serviço, como os relativos a fissuração, flechas e vibrações
excessivas.
Cada peça estrutural passa por diferentes etapas, envolvendo os métodos de
cálculo, e os métodos construtivos, bem como por uma análise das implicações
econômicas, funcionais e estéticas da construção como um todo.

Etapa 3-Concepção Estrutural

É a idealização de um arranjo estrutural, fruto de um conhecimento do


comportamento das partes da estrutura.
Passa por etapas como a análise estrutural inicial do Projeto Arquitetônico e o
ante-projeto estrutural.
Etapa 4-Diretrizes da Concepção Estrutural

Visam atender às condições estéticas definidas no projeto arquitetônico, tais


como vigas e pilares embutidos na alvenaria, evitar pilares e vigas em vãos abertos, ou
usá-los de forma racional, evitando também excesso de vigas aparentes.

A concepção estrutural deve compatibilizar o projeto de estruturas com os


projetos complementares, evitando que dutos e tubulações vazem das vigas, reforçando
os elementos estruturais em caso de grandes aberturas.

A altura total deve contemplar a viga, os dutos, e possível forro falso.

O posicionamento dos elementos estruturais deve ser feito com base no seu
comportamento, em função do caminho normal das cargas:

lajes→vigas→pilares→fundações

A transferência de cargas deve ser a mais direta possível, evitando que cargas
importantes sejam apoiadas em vigas, e a necessidade de vigas de transição.

Os elementos estruturais devem ser os mais uniformes possíveis na sua


geometria e solicitações. Por exemplo, vigas devem ter vãos comparáveis e os
elementos estruturais devem ser preferencialmente figuras geométricas e simples.

As dimensões contínuas, em planta, da estrutura devem ser limitadas a 30m,


senão devem ser previstas juntas de dilatação.

Em função do efeito do vento, devem existir pórticos planos ortogonais entre si


que resistam adequadamente. Assim, recomenda-se orientar criteriosamente os pilares,
buscando distribuir rigidezes, estabelecendo alinhamento entre eles, e prever outras
estruturas de contraventamentos.

É necessário verificar se a locação dos pilares não interfere na garagem, e evitar


pilares nos limites do terreno para não se precisar de fundação excêntrica.

Os balanços geram estruturas mais robustas. Assim, devem-se evitar balanços


muito grandes e janelas em cantos.

Deve-se ainda prever dimensões maiores para pilares com pé-direito duplo.
Fig.11-Esquema do percurso de uma carga
Etapa 5-Análise estrutural

É muito complexa para um tratamento global, por isso são feitas simplificações,
uma síntese estrutural: pórticos, grelhas, vigas, cascas, placas, pilares.
Os modelos usuais são:
1) lajes + vigas contínuas + pilares + fundações
2) lajes + grelha de vigas + pilares + fundações
3) lajes (representadas por grelhas ou malhas e EF) + grelha de vigas + pilares +
fundações
4) lajes (grelhas ou malhas EF) + pórtico espacial + fundações (interação solo-
estrutura)

Quanto ao comportamento do material, têm-se alguns tipos de análise:


a) análise linear
b) análise linear com redistribuição
c) análise limite
d) análise não-linear
Estas análises podem ser combinadas com os vários modelos da estrutura.

Etapa 6-Síntese Estrutural

Estuda-se a validade das hipóteses, a superposição dos efeitos. O


dimensionamento é a envoltória dos esforços: cargas permanentes ou permanentes mais
acidentais; cargas permanentes e acidentais + vento, etc.

Etapa 7-Dimensionamento e Detalhamento

Visa estabelecer dimensões adequadas, armaduras e ligações, e deve refletir as


hipóteses adotadas na análise.

Etapa 8-Desenho da Estrutura

É o que irá para a obra, a fim de ser executado.


Para desenhos de concreto são necessários desenhos de formas: fundação,
pavimento tipo, cobertura, garagem, etc. Eles definem as características geométricas da
estrutura. Constam neles a locação da estrutura (eixos), a definição dos elementos e suas
dimensões, e cortes característicos.

Etapa 9-Desenho de Armação

Definem as armaduras a serem colocadas nos elementos. Devem trazer:


identificação das barras, definição da bitola e do comprimento, e do posicionamento.
Por exemplo, uma determinada barra será designada por: N8 – 2 ø 12,5 – 252.
Fig.12 Exemplo de detalhamento de uma viga

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