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Orientadora:
Dra. Maria Aparecida Faustino Pires
São Paulo
2004
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES
Autarquia associada à Universidade de São Paulo
o /
Orientador:
• r a Maria Aparecida Faustino Pires
São Paulo
2004
exemplar corrigido pelo autor
À Âna, c o m p a n h e i r a d e t o d o s o s
momentos, pela torcida, incentivo e
principalmente pelo o a m o r q u e n o s une.
À M S c M a r y c e l E. B. C o t r i m , à D r a . E l i z a b e t h S. K. D a n t a s e a o Técnico
Elias S a n t a n a d a Silveira p e l a s análises d e m e t a i s p o r espectrometría d e emissão
óptica e d e absorção atômica.
A t o d o s o s a m i g o s d o C e n t r o d e Química e M e i o A m b i e n t e d o I P E N ,
funcionários, a l u n o s e e x - a l u n o s , e m e s p e c i a l à Lídia, M a r i a , D a n i e l , Elias, M a r c o s e
E m y por t e r e m c r i a d o d a n o s s a convivência, f o r t e s laços d e a m i z a d e .
A o Químico R e g i n a l d o Ferraz pela a m i z a d e a t e n c i o s a e pela colaboração
f u n d a m e n t a l n a s visitas às indústrias d e g a l v a n o p l a s t i a .
À Divisão d e M a t e r i a i s d o C e n t r o Técnico A e r o e s p a c i a l , e m e s p e c i a l a o s
E n g e n h e i r o s M S c P e d r o P a u l o d e C a m p o s e M S c D a l c y R o b e r t o d o s S a n t o s pelo
i m p o r t a n t e a p o i o e i n c e n t i v o p a r a a conclusão d o t r a b a l h o .
A o m e u irmão Piti, m i n h a c u n h a d a T a n i s e e m e u a f i l h a d o A l i a n , q u e s e m p r e
q u a n d o precisei s o u b e r a m t r a n s f o r m a r , c o m t o d o t a l e n t o , m e u s dias d e cansaço e m
d i a s d e festa e m u i t a a l e g r i a .
A o s m e u s s o g r o s V e r a e J a m e s pelo a p o i o e p e l a força a c o l h e d o r a q u e
s e m p r e m e d e r a m , p a r t i c i p a n d o d e perto d o s m e u s m o m e n t o s d e alegria e também
d o s d e dificuldade.
A t o d o s o s a m i g o s q u e m e a c o m p a n h a r a m n e s s a j o r n a d a e contribuíram
direta o u i n d i r e t a m e n t e p a r a a realização d e s t e t r a b a l h o , m u i t o o b r i g a d o !
AVALIAÇÃO CINÉTICA E DE EQUILÍBRIO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO DOS
ÍONS DOS METAIS CADMIO, COBRE E NÍQUEL EM TURFA
RESUMO
ABSTRACT
SUMARIO
1 . INTRODUÇÃO 1
1.1 MOTIVAÇÃO E J U S T I F I C A T I V A S P A R A A REALIZAÇÃO D O T R A B A L H O . . . . 3
1.2 O B J E T I V O S 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
2.1 T U R F A 6
2.1.1 APLICAÇÕES 7
2.1.2 A T U R F A N O B R A S I L 9
2.2 U S O D A T U R F A N O T R A T A M E N T O D E ÁGUAS RESIDUÁRIAS 12
2.3 E S T U D O S D E ADSORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A 14
2.3.1 ADSORÇÃO ( W E B E R , 1972) 14
2.3.2 A S P E C T O S FÍSICO-QUÍMICOS D A ADORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A . . . 1 5
2.3.3 CINÉTICA D E ADSORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A 18
2.3.3.1 EQUAÇÃO D E P S E U D O - P R I M E I R A O R D E M 19
2.3.3.2 EQUAÇÃO D E P S E U D O - S E G U N D A O R D E M ( H O & M C K A Y , 2 0 0 0 ) 21
2.3.4 EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO D E M E T A S E M T U R F A 23
2.3.4.1 I S O T E R M A D E F R E U N D L I C H 25
2.3.4.2 I S O T E R M A D E L A N G M U I R 26
2.3.5 ADSORÇÃO E M L E I T O F I X O 28
2.3.5.1 C U R V A D E S R E / \ K r H R O L / G H ( W E B E R , 1972) 29
3. M A T E R I A I S E MÉTODOS 35
3.1 E Q U I P A M E N T O S E M A T E R I A I S D E LABORATÓRIO 35
3.2 R E A G E N T E S 37
3.3 SOLUÇÕES 38
3.4 DESCRIÇÃO D A S T U R F A S U T I L I Z A D A S 39
3.5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA D A S T U R F A S 43
3.5.1 U M I D A D E 44
3.5.2 DETERMINAÇÃO D O p H 44
3.5.3 C I N Z A S 45
3.5.4 MATÉRIA ORGÂNICA 45
3.5.5 C A R B O N O ORGÂNICO 45
3.5.6 T E O R D E SÍLICA 46
3.5.7 C A P A C I D A D E D E T R O C A CATIÔNICA 47
3.5.8 T E O R D E M E T A I S 47
3.5.9 T R A T A M E N T O QUÍMICO E CARACTERIZAÇÃO D A T U R F A F E 49
3.5.9.1 T R A T A M E N T O Q U i M I C O D A T U R F A F E 49
3.5.9.2 CARACTERIZAÇÃO D A T U R F A F E T R A T A D A 50
3.5.9.2.1 M A S S A ESPECÍFICA 50
3.5.9.2.2 M A S S A ESPECÍFICA A P A R E N T E 51
3.5.9.2.3 M A S S A ESPECÍFICA E M C O L U N A . . . . 51
3.5.9.2.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 52
3.5.9.2.5 T E O R D E M E T A I S L I X I V I A D O S N O T R A T A M E N T O ÁCIDO 53
3.6 E X P E R I M E N T O S D E ADSORÇÃO 53
3.6.1 E S T U D O CINÉTICO D E ADSORÇÃO 54
3.6.1.1 C A D M I O E NÍQUEL 55
3.6.1.2 C O B R E 56
3.6.2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO 56
3.6.3 E S T U D O S D E ADSORÇÃO D E Ni E M T U R F A E M L E I T O F I X O 57
3.6.3.1 C U R V A D E BREAKTHROUGH 58
3.6.3.2 C U R V A D E ELUIÇÃO 58
3.6.3.3 E X P E R I M E N T O S E M C I C L O S D E ADSORÇÂO E ELUIÇÃO 58
3.6.4 E S T U D O S D E ADSORÇÃO C O M SOLUÇÃO D E E F L U E N T E
INDUSTRIAL 59
3.6.4.1 E X P E R I M E N T O CINÉTICO 60
3.6.4.2 E X P E R I M E N T O D E EQUILÍBRIO 60
3.6.4.3 E X P E R I M E N T O S D E ADSORÇÃO E M L E I T O F I X O 61
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62
4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA 62
4.1.1 T U R F A S D ( d e c o m p o s t a ) , F (fibrosa) e F E (fibrosa e x t r a ) IN NATURA 62
4.1.2 T U R F A F E 68
4.2 E S T U D O S D E ADSORÇÃO 72
4.2.1 E S T U D O CINÉTICO D E ADSORÇÃO 72
4.2.2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO 86
4.2.3 E S T U D O D A ADSORÇÃO D E Ni N A T U R F A F E E M L E I T O FIXO 93
4.2.4 E S T U D O S D E ADSORÇÃO C O M SOLUÇÃO D E E F L U E N T E
INDUSTRIAL 101
5. CONCLUSÕES 110
5.1 COMENTÁRIOS F I N A I S 113
5.2 SUGESTÕES P A R A T R A B A L H O S F U T U R O S 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 115
LISTA DE TABELAS
T A B E L A 2.1 - I s o t e r m a s d e F r e u n d i i c h e L a n g m u i r utilizadas e m e s t u d o s d e
equilibrio d a adsorção d e m e t a i s e m turfa 24
T A B E L A 3.2 - Programação d o f o r n o m i c r o o n d a s 48
diluído 60
aplicado 71
função d e f-^ 83
T A B E L A 4.15 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e F r e u n d l i c i i 89
T A B E L A 4 . 1 6 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e L a n g m u i r 90
T A B E L A 4 . 1 7 - C a p a c i d a d e s d e adsorção d e d i f e r e n t e s t i p o s d e t u r f a 92
T A B E L A 4 . 1 9 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a
e m p a c o t a d a c o m l O m L d e turfa F E . (Co = lOOmg.L"^) 96
LISTA DE FIGURAS
F I G U R A 2.1 - T i p o s d e sorção ( W E B E R , 1 9 7 2 ) 15
F I G U R A 2.5 - C u r v a d e breakthrough i d e a l i z a d a ( m o d i f i c a d o d e W E B E R , 1 9 7 2 ) . . 3 2
F I G U R A 2.6 - C u r v a d e eluição 33
e m F L O R E S T A L S.A., 2 0 0 4 ) 40
F I G U R A 3.3 - E x p e r i m e n t o s cinéticos e m b a t e l a d a 55
F I G U R A 3.4 - E x p e r i m e n t o s e m c o l u n a 57
F I G U R A 4 . 1 1 - I s o t e r m a s d e Freundiich l i n e a r i z a d a s 88
F I G U R A 4 . 1 4 - C u r v a d e retenção d e Ni e m c o l u n a e m p a c o t a d a c o m 1 5 m L d e
turfa F E 95
F I G U R A 4 . 1 5 - C u r v a d e oreaW/7fo¿7g/7 97
F I G U R A 4 . 1 6 - C u r v a d e eluição d o Ni d a c o l u n a d e turfa F E 99
CAPITULO 1
1. INTRODUÇÃO
utilização d o m a t e r i a l p a s s o u a difundir-se p r i n c i p a l m e n t e n a E u r o p a . N o e n t a n t o ,
s o m e n t e n o s últimos v i n t e e c i n c o a n o s , e s t u d o s a c e r c a d o s fenômenos fisico-
químicos d e adsorção, b e m c o m o d a s variáveis e n v o l v i d a s n o s p r o c e s s o s d e
remoção e m c o l u n a e e m b a t e l a d a , t e m - s e intensificado p r i n c i p a l m e n t e e m p a i s e s
c o m o a C h i n a , R e i n o U n i d o e Canadá.
A t u a l m e n t e , a t u r f a n a c i o n a l t e m s u a aplicação c o n s a g r a d a n a agricultura e
n a j a r d i n a g e m , c o m o f o n t e d e matéria orgânica p a r a fertilizar e m e l h o r a r a s
p r o p r i e d a d e s d o solo. N o t r a t a m e n t o d e águas residuárias, n o e n t a n t o , p o u c o s
e s t u d o s são e n c o n t r a d o s n a literatura referentes á aplicação d o m a t e r i a l c o m o
a d s o r v e n t e d e m e t a i s p e s a d o s o u d e p o l u e n t e s orgânicos.
P a r t i n d o d a caracterização c o m p l e t a e t r a t a m e n t o q u i m i c o prévio d o
material, p r o v e n i e n t e d e u m a turfeira localizada a o S u l d o p a i s , f o r a m realizados
e x p e r i m e n t o s d e adsorção c o m a turfa e m c o n t a t o c o m soluções individuais d o s ions
d o s m e t a i s c a d m i o , c o b r e e n i q u e l e c o m u m a solução p r e p a r a d a d e e f l u e n t e
industrial. O s r e s u l t a d o s o b t i d o s f o r a m interpretados d o p o n t o d e vista físico-quimico
d o p r o c e s s o b a s e a n d o - s e e m parâmetros cinéticos e d e equilíbrio c o n s i d e r a d o s
imprescindíveis a o d i m e n s i o n a m e n t o d e u m s i s t e m a d e t r a t a m e n t o á b a s e d e
adsorção.
INTRODUÇÃO - 3
M u i t o s m e t a i s são e s s e n c i a i s à v i d a n a T e r r a . O u t r o s m e t a i s não e x e r c e m
n e n h u m a função c o n h e c i d a n o c i c l o biológico. E m a m b o s o s c a s o s , e m situações
n a s q u a i s a s concentrações d o s m e t a i s e x c e d e m o s níveis n a t u r a i s , p o d e - s e p a s s a r
d e u m a condição m e r a m e n t e tolerável p a r a u m q u a d r o d e t o x i c i d a d e a g u d a , c o m
efeitos sobre os seres h u m a n o s e outros organismos ( T A V A R E S & C A R V A L H O ,
1992).
Na tentativa d e s e c o n t r o l a r a s emissões d e s t e s p o l u e n t e s , v i s a n d o a
preservação d o s c o r p o s d'água, v a l o r e s máximos permissíveis d e concentrações d e
m e t a i s e outras substâncias n o s e f l u e n t e s são e s t a b e l e c i d o s p e l a legislação d e
a c o r d o c o m s u a utilização.
G r a n d e parte d a s t e c n o l o g i a s e x i s t e n t e s p a r a a remoção d e m e t a i s d e
e f l u e n t e s d e s e n v o l v e u - s e b a s e a d a n a s n e c e s s i d a d e s d a s indústrias e e m p r e s a s d e
s a n e a m e n t o e m atender a e s s e s t i p o s d e n o r m a s legais.
c o n s i d e r a n d o a s concentrações e l e v a d a s ( d a o r d e m d e g r a m a s p o r litro) d e m e t a i s
n o s e f l u e n t e s g e r a d o s n e s s a s industrias, a eficiência relativa o b t i d a , a s i m p l i c i d a d e
d e operação e o baixo c u s t o j u s t i f i c a m s u a utilização n a g r a n d e maioria d o s c a s o s .
U m a d e s v a n t a g e m d e s t a técnica é q u e c a d a m e t a l t e m s e u v a l o r ótimo d e
p H d e precipitação, d e f o r m a q u e , q u a n d o s e têm m i s t u r a s d e d i v e r s o s m e t a i s , p o d e
s e r p r e c i s o q u e s e t r a b a l h e e m m a i s d e u m a f a i x a d e p H ( P I V E L l , 1997).
S e n d o a s s i m , a n e c e s s i d a d e d a aplicação d e t r a t a m e n t o s a d i c i o n a i s p a r a
redução d a concentração r e m a n e s c e n t e d e m e t a i s a níveis m a i s b a i x o s , p o d e surgir
c o m o u m a n e c e s s i d a d e p a r a o e n q u a d r a m e n t o d o s efluentes a o s r e q u i s i t o s d a
legislação o u a condições i m p o s t a s por questões d e q u a l i d a d e a m b i e n t a l .
N e s s e ponto, a o p o r t u n i d a d e d e s e e s t u d a r a utilização d e m a t e r i a i s
a d s o r v e n t e s c o m o a turfa p o d e t r a z e r u m a g r a n d e contribuição não só n o q u e s e
r e f e r e às técnicas d e t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s , m a s também n o d e s e n v o l v i m e n t o d e
t e c n o l o g i a s d e remediação, c o m o p o r e x e m p l o , n a aplicação e m leitos filtrantes o u
b a r r e i r a s d e contenção p a r a p e q u e n o s c u r s o s d'água.
A p e s a r d e já t e r sido e s t u d a d a c o m o a d s o r v e n t e d e m e t a i s e m o u t r o s
países, a ocorrência d e e s t u d o s a c e r c a d a utilização d a turfa brasileira p a r a e s t a
finalidade é escassa, especialmente n o nível d e d e t a l h a m e n t o físico-químico
a p r e s e n t a d o neste t r a b a l h o .
D e s s a f o r m a , a realização d o t r a b a l h o p r o p o s t o p r e t e n d e não s o m e n t e
f o r n e c e r subsídios para e s t u d o s d e n o v a s alternativas d e t r a t a m e n t o d e águas
residuárias utilizando m a t e r i a i s n a t u r a i s , a b u n d a n t e s e d e baixo c u s t o , m a s também
a g r e g a r u m n o v o valor além d o s já atribuídos à turfa n a c i o n a l .
É i m p o r t a n t e ressaltar q u e e s t e t r a b a l h o d e p e s q u i s a é u m a seqüência d o
t r a b a l h o realizado n o p r o g r a m a d e m e s t r a d o ( P E T R O N I , 1999), o n d e f o i e s t u d a d o o
INTRODUÇÃO - 5
1.2 OBJETIVOS
• A caracterização d e d i f e r e n t e s a m o s t r a s d e turfa c o l e t a d a s d e u m a
turfeira localizada n o E s t a d o d e S a n t a C a t a r i n a .
CAPÍTULO 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 TURFA
D e a c o r d o c o m a I N T E R N A T I O N A L P E A T S O C I E T Y ( I P S apud F R A N C H I ,
2 0 0 0 ) , m a i s d e 9 0 % d a s turfeiras no mundo situam-se n a s regiões frias e
t e m p e r a d a s d a E u r o p a , Ásia e América d o Norte. O r e m a n e s c e n t e c o n c e n t r a - s e e m
latitudes tropicais e s u b t r o p i c a i s , e m s u a maioria e m a m b i e n t e s florestais.
D o p o n t o d e v i s t a físico-químico, a turfa p o d e s e r d e f i n i d a c o m o u m
material p o r o s o e a l t a m e n t e polar, c o m alta c a p a c i d a d e d e adsorção e troca d e
cátions ( C O U P A L & L A L A N C E T T E , 1976). S u a s características são d i r e t a m e n t e
influenciadas p e l a s u a i d a d e , pela região climática o n d e s e f o r m o u a turfeira e
p r i n c i p a l m e n t e p e l o tipo d e v e g e t a l q u e a originou ( g r a m a s , árvores, m u s g o s o u
o u t r a s plantas d o pântano).
2.1.1 APLICAÇÕES
D e a c o r d o c o m u m l e v a n t a m e n t o r e c e n t e realizado p o r F R A N C H I ( 2 0 0 4 ) , o
B r a s i l p o s s u i u m a reserva d e turfa m e d i d a e m 2 0 9 milhões d e m e t r o s cúbicos. Além
d i s s o , a o l o n g o d o s e u território, são i n d i c a d o s m a i s 4 2 2 milhões d e m e t r o s cúbicos e
i n f e r i d o s m a i s 4 6 0 milhões d e m e t r o s cúbicos e m r e s e r v a s d e turfa.
A produção a n u a l d a s d u a s m a i o r e s u n i d a d e s p r o d u t o r a s d e t u r f a é d e
a p r o x i m a d a m e n t e 1 4 5 m i l m e t r o s cúbicos, d o s q u a i s 8 0 % é d e s t i n a d o a aplicações
na a g r i c u l t u r a e j a r d i n a g e m , 1 4 % à geração d e e n e r g i a e o r e s t a n t e n a área
a m b i e n t a l , n a recuperação d e áreas d e g r a d a d a s . E x i s t e m a i n d a , p l a n o s d e s e
e x p a n d i r a produção d e turfa brasileira e m 2 7 % , e projetos e m a n d a m e n t o para a
comercialização d e p r o d u t o s p a r a a purificação d e águas residuárias e contenção d e
vazamentos d e hidrocarbonetos ( F R A N C H I , 2004).
J u n t a m e n t e c o m a E U C A T E X M I N E R A L , a e m p r e s a F L O R E S T A L S.A.
constitui u m a d a s u n i d a d e s p r o d u t o r a s d e turfa m a i s i m p o r t a n t e s d o país. C o n f o r m e
será m o s t r a d o p o s t e r i o r m e n t e , a turfa utilizada n e s t e trabalho é p r o v e n i e n t e d e s t a
e m p r e s a . U m histórico detalhado s o b r e a produção e aplicação d e s t a turfa será
a p r e s e n t a d o n o item 3.4.
s e m e l h a n t e s às d a turfa n a c i o n a l e c u s t o b e m m a i s e l e v a d o , s e n d o c o m e r c i a l i z a d o s
para aplicações em processos de remediação de áreas contaminadas,
p r i n c i p a l m e n t e e m a c i d e n t e s c o m v a z a m e n t o s d e combustíveis.
N a ocasião, o u s o d o p r o d u t o c a n a d e n s e p a r a a b s o r v e r o óleo c h e g o u a
ser noticiado n a i m p r e n s a , n o e n t a n t o , d e v i d o a o s e u alto c u s t o n o m e r c a d o n a c i o n a l ,
p o u c o material p o d e s e r a p l i c a d o e m relação a o g r a n d e v o l u m e d e óleo a s e r
removido (O E S T A D O D E S. PAULO, 2000).
A turfa é r e c o n h e c i d a m u n d i a l m e n t e , há m a i s d e q u a r e n t a a n o s , c o m o u m
material a d e q u a d o a o t r a t a m e n t o d e águas residuárias. D a s p r i m e i r a s ocorrências d e
utilização d o m a t e r i a l q u e s e t e m registro, d e s t a c a m - s e a aplicação d a turfa e m filtros
d e areia e turfa p a r a o t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s d a indústria têxtil n o a n o d e 1 9 3 0
( O T T E N M E Y E R apud H O et al., 2 0 0 0 ) , e a utilização d e u m a área d r e n a d a d e u m a
turfeira para o t r a t a m e n t o d e águas residuárias, e m operação d e s d e 1 9 5 7 , e m u m
vilarejo n a Finlândia ( S U R A K K A & K A M P P I apud H O etal., 2 0 0 0 ) .
T e n d o e m vista a s v a n t a g e n s a m b i e n t a i s o b s e r v a d a s n a s aplicações
práticas d a turfa e m p r o c e s s o s d e s a n e a m e n t o , n o s últimos vinte e c i n c o a n o s ,
verifica-se e m p a i s e s c o m o a C h i n a , R e i n o U n i d o e Canadá, a intensificação d a
produção científica a c e r c a d o s fenômenos físico-quimicos e n v o l v i d o s n a remoção
d o s p o l u e n t e s , b e m c o m o d a s variáveis d e p r o c e s s o d o s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o .
N e s s e s a n o s , além d o v a s t o material p r o d u z i d o a r e s p e i t o d o a s s u n t o , o s
q u a i s muitos d e l e s são r e f e r e n c i a d o s e m discussões a p r e s e n t a d a s a o l o n g o d e s t e
trabalho, q u a t r o revisões c o m p l e t a s f o r a m realizadas, s e n d o três d e l a s a b o r d a n d o
aspectos gerais d a utilização d a turfa no tratamento d e águas residuárias
(VIRARAGHAVAN & A Y Y A S W A M I , 1987, V I R A R A G H A V A N , 1991, COUILLARD,
1994) e u m a r e f e r e n t e a o u s o d o material n a remoção d e m e t a i s p e s a d o s d e
e f l u e n t e s ( B R O W N etal., 2 0 0 0 ) .
O u t r o s e s t u d o s são e n c o n t r a d o s r e f e r e n t e s à utilização d a t u r f a c o m o
a d s o r v e n t e n a remoção d e h e r b i c i d a s ( C L O U T I E R et al., 1985), c o r ( H O & M C K A Y ,
1 9 9 8 ) , nutrientes ( N I C H O L S apud C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) , n o t r a t a m e n t o d e e s g o t o
industrial e doméstico ( R I Z N Y K , et al., 1 9 9 3 ; B U E L N A , 1994), t r a t a m e n t o d e
e f l u e n t e s d e f o s s a séptica ( V I R A R A G H A V A N & R A N A , 1 9 9 1 ) e t r a t a m e n t o d e águas
residuárias d e m a t a d o u r o e indústria d e laticínio ( V I R A R A G H A V A N & K l K K E R l ,
1988).
• B o a s características a d s o r o t i v a s : a turfa, n a s u a f o r m a n a t u r a l , é u m
material a l t a m e n t e p o l a r e p o r o s o . T r a t a m e n t o s químicos o u térmicos
p o d e m m e l h o r a r e s s a característica ( C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) .
N a e t a p a d e p r o j e t o d o s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o , a realização d e e s t u d o s
p r e l i m i n a r e s m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s e m e s c a l a d e laboratório é c o n s i d e r a d a d e
fundamental importância p a r a determinação d e parâmetros q u e d e t e r m i n a m a
eficiência d o s s i s t e m a s d i m e n s i o n a d o s .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 14
A adsorção, p r i m e i r a m e n t e o b s e r v a d a p o r C. W . S c h e e l e e m 1 7 7 3 p a r a
g a s e s e e m s e g u i d a para soluções p o r L o w i t z e m 1 7 8 5 ( K R A E M E R aptyd W E B E R
1 9 7 2 ) , é a t u a l m e n t e r e c o n h e c i d a c o m o s e n d o u m fenômeno significativo n a m a i o r i a
d o s p r o c e s s o s fisicos, químicos e biológicos d a natureza. A sorção e m sólidos,
p a r t i c u l a r m e n t e e m carvão ativado, é u m a operação a m p l a m e n t e utilizada p a r a a
purificação d e águas e águas residuárias.
1 - Adsorção
Favorável
II - Adsorção
e Absorção/""'^
' ^ 1 1 1 - Adsorção
Dfisfavnrávfil
IH
(CHj)o-l
tCHilo-J
(CH,)o-j
(CH])a-2
(CH3I0-S
A complexação d o C u ^ * p o r e x e m p l o , p o d e o c o r r e r p o r m e l o d e : (a) u m a
ligação f o r m a d a p o r u m a molécula d e água; (b) u m a atração eletrostática e n t r e o
m e t a l e o g r u p o C O O ' ; (c) u m a ligação c o o r d e n a d a c o m u m g r u p o d o a d o r d e elétrons
e (d) fomiação d e u m a e s t r u t u r a q u e l a n t e (anel), p o r intermédio d o s sitios C O O ' e
O H fenólico, c o n f o r m e Ilustrado n a F I G . 2 . 3 ( S T E V E N S O N , 1 9 9 4 ) .
0H2
H20^ I ^0H2 / / ' \ 0H2 ®
0H2 H2tí^ I ^ 0 H 2
(a) (c)
0H2
^ 9H2 i* I /0H2
(b) ^ \ = y
A interação d o m e t a l c o m o s g r u p o s f u n c i o n a i s o c o r r e p r e f e r e n c i a l m e n t e
nos sitios c a p a z e s d e f o r m a r c o m p l e x o s m a i s f o r t e m e n t e l i g a d o s , o u seja, o s q u e
f o r m a m ligações c o o r d e n a d a s e e s t r u t u r a s q u e l a n t e s (anéis) ( c e d ) . A formação d a s
ligações m a i s f r a c a s v a i o c o r r e n d o à m e d i d a q u e o s s i t i o s m a i s fortes vâo f i c a n d o
saturados. A maioria d o s estudos r e a l i z a d o s e n f a t i z a a formação d o s anéis
q u e l a n t e s , porém e s s e m e c a n i s m o não p o d e s e r c o n s i d e r a d o s o z i n h o . Evidências
indiretas para a formação d e c o m p o s t o s a l t a m e n t e estáveis vêm d a dificuldade
e x p e r i m e n t a l d e s e obter o ácido húmico d o s o l o isento d e m e t a i s ( S T E V E N S O N ,
1994).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 18
E m trabalhos a n t e r i o r e s ( P E T R O N I , 1 9 9 9 , P E T R O N I et al. 2 0 0 0 ) , a
influência d o p H n a retenção d e Z n e C d d e soluções a q u o s a s f o i e s t u d a d a e m
e x p e r i m e n t o s e m c o l u n a s d e t u r f a brasileira. N e s s e c a s o f o r a m v e r i f i c a d a s a s
retenções quantitativas ( > 9 5 % ) d o s m e t a i s n a s c o l u n a s n a faixa d e p H d e 3 , 7 a 6,5.
A b a i x o d e s t a faixa, a retenção f o i f o r t e m e n t e p r e j u d i c a d a e , e m p H 2 , 0 , p r a t i c a m e n t e
nula.
C o m relação a o u t r o s a s p e c t o s citados a n t e r i o r m e n t e , c o m o a c a p a c i d a d e
d e adsorção d a turfa, a s p e c t o s cinéticos e d e equilíbrio d o p r o c e s s o , e s t e s serão
o p o r t u n a m e n t e d e t a l h a d o s n o s i t e n s 2 . 3 . 3 e 2.3.4.
Na etapa d e d i m e n s i o n a m e n t o d e q u a l q u e r s i s t e m a (reator) d e t r a t a m e n t o
d e água a b a s e d e adsorção, o c o n h e c i m e n t o d a cinética d o p r o c e s s o a l i a d o às
características hidráulicas d o r e a t o r p e r m i t e a determinação d o g r a u d e conversão d o
p o l u e n t e n o reator e c o m isso a avaliação d a eficiência d e remoção d o p o l u e n t e .
Além d i s s o , p o r m e i o d o e s t u d o cinético p o d e m s e r o b t i d a s indicações i m p o r t a n t e s a
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 19
D a m e s m a f o r m a , n o c a s o d a t u r f a , o e s t u d o cinético d e adsorção d o s
m e t a i s e m solução a q u o s a p o d e p r e d i z e r s o b r e a v e l o c i d a d e d e remoção d o s m e t a i s
para q u e s e p o s s a d i m e n s i o n a r s i s t e m a s a p r o p r i a d o s d e t r a t a m e n t o d e águas
contaminadas p o r metais.
E m u m a revisão r e c e n t e r e a l i z a d a p o r H O & M C K A Y ( 1 9 9 9 ) , o s a u t o r e s
c o n t a b i l i z a r a m m a i s d e setenta t r a b a l h o s p u b l i c a d o s d e s d e 1984 s o b r e a adsorção
d e c o r a n t e s , m e t a i s e outras substâncias orgânicas e m solução p o r a d s o r v e n t e s o u
b i o a d s o r v e n t e s . D o total d o s t r a b a l h o s , f o i v e r i f i c a d o e m q u a r e n t a e três e s t u d o s o s
d a d o s e x p e r i m e n t a i s r e p r e s e n t a d o s pelo m o d e l o d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m . D e s t e s ,
o n z e f o r a m t e s t a d o s s e g u n d o a equação d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m , d a q u a l f o r a m
obtidos e m todos os casos resultados superiores d e correlação d o s d a d o s
e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o e s t a equação.
^ = k(q,-q,) (2.1)
o n d e /í é a c o n s t a n t e d e v e l o c i d a d e e m m i n " \ qe a concentração d e m e t a l
no a d s o r v e n t e n o equilíbrio e m m g . g ^ e QÍ a concentração d e m e t a l n o a d s o r v e n t e n o
tempo í em mg.g"\
S e p a r a n d o a s variáveis n a equação ( 2 . 1 ) :
— = kdt (2.2)
ln{ ) = kt (2.3)
A q u a l r e p r e s e n t a a lei d e v e l o c i d a d e i n t e g r a d a p a r a a reação d e p s e u d o -
primeira o r d e m .
ln(q,-q,)^ln(qj-kt (2.4)
N e s t a equação, a constante d e v e l o c i d a d e k p o d e s e r c a l c u l a d a p o r m e i o
d o c o e f i c i e n t e a n g u l a r o b t i d o d a representação gráfica d e In(qe-qt) e m função d e t. N o
e n t a n t o , a n a l i s a n d o a equação (2.4) é fácil n o t a r a d i f i c u l d a d e d e s e utilizar e s t e
m o d e l o pela n e c e s s i d a d e d e s e d e t e r m i n a r p r e v i a m e n t e , d e a l g u m a f o r m a , o
parâmetro p a r a isso. U m a d a s técnicas u t i l i z a d a s n e s t e c a s o é a d a extrapolação
d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s a f = co, o u tratar o parâmetro qe c o m o u m parâmetro
ajustável a s e r d e t e r m i n a d o por métodos d e t e n t a t i v a e erro ( H O & M C K A Y , 1999).
N e s t e t r a b a l h o , c o n f o r m e será d e s c r i t o p o s t e r i o r m e n t e n a apresentação
dos r e s u l t a d o s (Capítulo 4 ) , o s valores d e qe f o r a m e s t i m a d o s c o m o auxílio d a
interpretação prévia d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s , s e g u n d o o m o d e l o d e p s e u d o -
s e g u n d a o r d e m ( m o s t r a d o n o item 2.3.3.2).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 21
N a e t a p a inicial d o d e s e n v o l v i m e n t o d e q u a l q u e r m o d e l o matemático,
a l g u m a s considerações d e v e m s e r feitas. I n i c i a l m e n t e , d e v e - s e a s s u m i r q u e o
fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s pode ser representado pela equação d e
Langmuir. Isso s i g n i f i c a dizer q u e o fenômeno a t e n d e às condições a s e r e m
a p r e s e n t a d a s n o i t e m 2.3.4.2. D e s s a f o r m a , a lei cinética d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m
p o d e s e r r e l a c i o n a d a à q u a n t i d a d e d e íons metálicos n a superfície d a turfa e à
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 22
q u a n t i d a d e d e íons a d s o r v i d o s n o equilíbrio. A q u a n t i d a d e d e i o n s a d s o r v i d o s n o
equilíbrio Qe é função, p o r e x e m p l o , d a t e m p e r a t u r a , d a concentração inicial d e
m e t a i s , d a concentração d e t u r f a e d a n a t u r e z a d a interação e n t r e o a d s o r b a t o e o
adsorvente.
^ = k[{P)e-{P)tr (2.7)
ou
^^~^^k{{HP),-{HP\f (2.8)
A s equações cinéticas d a v e l o c i d a d e p o d e m s e r r e e s c r i t a s d a s e g u i n t e
forma:
^ = k{qe-qtf (2.9)
o n d e k é a c o n s t a n t e d e v e l o c i d a d e e m g.mg"^min \ q e a concentração d e
m e t a l a d s o r v i d o à turfa n o equilíbrio e m m g . g ^ e Q f a concentração d e m e t a l
a d s o r v i d o à turfa n o t e m p o í e m m g . g " \
i n t e g r a n d o p a r a o s l i m i t e s t= O a t= \e qt = O a qt= qt, t e m - s e :
= — + /(í (2.11)
iÇe-Qt) Qe
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 23
A q u a l r e p r e s e n t a a lei d e v e l o c i d a d e i n t e g r a d a p a r a u m a reação d e
p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . A equação (2.11) p o d e s e r e x p r e s s a e m função d e qt n a
forma:
por:
h = l<ql (2.14)
/ 1 1
= - +— f (2.15)
O s d a d o s d e equilíbrio u t i l i z a d o s p a r a a construção d a s i s o t e r m a s p o d e m
ser obtidos por meio d e experimentos realizados c o m o adsorbato e m diferentes
concentrações iniciais e m c o n t a t o c o m u m a q u a n t i d a d e fixa d e a d s o r v e n t e , e m
t e m p e r a t u r a c o n s t a n t e , p o r período d e t e m p o p r e v i a m e n t e e s t a b e l e c i d o p a r a q u e
s e j a a s s e g u r a d a a condição d e e q u i l i b r i o .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 24
N o c a s o d a adsorção d e m e t a i s p e l a t u r f a , a equação d e L a n g m u i r é
g e r a l m e n t e a p r e s e n t a d a c o m o a m e l h o r opção d e a j u s t e d e d a d o s d e e q u i l i b r i o
( B E N C H E I K H - L E H O C I N E , 1 9 8 9 ; S H A R M A & F O R S T E R , 1 9 9 3 ; A L L E N et al., 1 9 9 4 ;
M C K A Y & P O R T E R , 1 9 9 7 ) . N o e n t a n t o , e m a l g u n s t r a b a l h o s d a literatura v e r i f i c a - s e
o ajuste pela utilização d e a m b o s os modelos d e Freundiich e Langmuir
( V I R A R A G H A V A N & R A O , 1 9 9 3 ; H O etal., 1 9 9 5 ) .
T A B E L A 2.1 - I s o t e r m a s d e F r e u n d i i c h e L a n g m u i r utilizadas e m e s t u d o s d e
e q u i l i b r i o d a adsorção d e m e t a i s e m turfa.
qe=a,C,''^ (2.16)
o n d e qe e Cg r e p r e s e n t a m r e s p e c t i v a m e n t e a s concentrações d o a d s o r b a t o
no a d s o r v e n t e e e m solução, e ap e bp são c o n s t a n t e s empíricas características d o
sistema.
• C a d a s i t i o p o d e m a n t e r a p e n a s u m a molécula adsorvída, f o r m a n d o u m a
c a m a d a única ( m o n o c a m a d a ) d e moléculas a d s o r v i d a s s o b r e a superfície sólida.
A reação d e adsorção p o d e s e r r e p r e s e n t a d a p o r :
A + s i t i o d e adsorção o A ( a d s o r v i d o )
O p r o c e s s o d e adsorção p o d e s e r c o n s i d e r a d o u m p r o c e s s o e l e m e n t a r , n o
q u a l a v e l o c i d a d e d e adsorção é p r o p o r c i o n a l à concentração d e A n a f a s e fluida e
também p r o p o r c i o n a l à fração 1 - ^ d e sítios disponíveis p a r a adsorção:
A dessorção também é c o n s i d e r a d a u m p r o c e s s o e l e m e n t a r , d e s s a f o r m a :
r e s o l v e n d o para 0, t e m - s e :
e-.'íM^-.M,
k\+k,[A] ^ + K[Á
(2.21)
K =^ (2.22)
A equação (2.21) é c o n h e c i d a c o m o i s o t e r m a d e L a n g m u i r . O n o m e
" i s o t e r m a " é utilizado, pois a fórmula f o r n e c e a fração d a s u p e r f i c i e c o b e r t a e m
função d a concentração d a substância A a u m a d e t e r m i n a d a temperatura
( M O R T I M E R , 1993).
x =^ (223)
Substituindo: bK = S l , e t e m - s e
o n d e di é u m a c o n s t a n t e característica d a equação d e L a n g m u i r d a d a e m
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 28
q (2.25)
O n d e qe r e p r e s e n t a a concentração d e equilíbrio d o s m e t a i s n a t u r f a , e m
m g . g " \ e C e a concentração d e equilíbrio d o s m e t a i s e m solução, e m m g . L ' \
^ =- ^ - C , (2.26)
Qe at '
A G , , , = - R r In K (2.27)
E m operações e m c o l u n a , o a d s o r v e n t e está c o n t i n u a m e n t e e m c o n t a t o
c o m a solução n a s u a concentração inicial. Conseqüentemente, a concentração d a
solução e m c o n t a t o c o m o a d s o r v e n t e n o leito f i x o e m u m a coluna é r e l a t i v a m e n t e
c o n s t a n t e . P a r a u m p r o c e s s o e m b a t e l a d a , a concentração d o soluto e m c o n t a t o c o m
u m a certa q u a n t i d a d e d e a d s o r v e n t e d e c r e s c e n o d e c o r r e r d a adsorção, i m p l i c a n d o
e m u m a q u e d a d e eficiência d o a d s o r v e n t e n a remoção d o s o l u t o ( W E B E R , 1 9 7 2 ) .
N e s s a s condições, á m e d i d a q u e a solução é p e r c o l a d a , p r e v a l e c e u m a
condição d e r e g i m e d e desequilíbrio, o u não-equilibrio, n a q u a l o a d s o r v e n t e p a s s a a
r e m o v e r c o n t i n u a m e n t e a s i m p u r e z a s c o n t i d a s n a solução d u r a n t e t o d o o período útil
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 30
d e operação. A F I G . 2 . 4 a p r e s e n t a g r a f i c a m e n t e u m m o d e l o d e c o m p o r t a m e n t o
n o r m a l m e n t e o b t i d o p a r a u m a d s o r v e n t e s e n d o o p e r a d o e m leito fixo.
1.0 —
C/Cn
- {C3/C0)
- (C2/C0)
- (C,/Co)
A s p e q u e n a s q u a n t i d a d e s d e s o l u t o q u e e s c a p a m d a adsorção são
r e m o v i d a s e m u m estrato localizado m a i s a b a i x o n o leito, e n e c e s s a r i a m e n t e
n e n h u m s o l u t o e s c a p a d o a d s o r v e n t e ( C = 0 ) . I n i c i a l m e n t e , a z o n a d e adsorção é
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 31
c o n c e n t r a d a próxima a o t o p o d a c o l u n a . À m e d i d a q u e a solução v a i s e n d o
percolada, a s c a m a d a s m a i s altas vão f i c a n d o p r a t i c a m e n t e s a t u r a d a s d o soluto e,
portanto m e n o s e f i c a z e s p a r a p o s t e r i o r e s adsorções. A s s i m , a z o n a d e adsorção
primária m o v e - s e p a r a b a i x o p e l a c o l u n a para regiões o n d e o a d s o r v e n t e e n c o n t r a -
se "limpo". O m o v i m e n t o ondulatório d e s t a z o n a , a c o m p a n h a d o pelo m o v i m e n t o d a
linha d e frente d a concentração Co, o c o r r e a u m a v e l o c i d a d e g e r a l m e n t e m a i s lenta
q u e a v e l o c i d a d e linear d a água n a c o l u n a .
C o n f o r m e a z o n a d e adsorção v a i s e m o v e n d o p a r a b a i x o , mais e m a i s
soluto t e n d e a e s c a p a r n o e f l u e n t e , c o m o m o s t r a e s q u e m a t i c a m e n t e a F I G . 2.4 A
representação gráfica d e C / Co c o m t e m p o ( p a r a t a x a s d e vazão c o n s t a n t e s ) , o u
v o l u m e d e água t r a t a d a , é c h a m a d a d e c u r v a d e breakthrough, a qual descreve o
a u m e n t o d a razão e n t r e a s concentrações d e e f l u e n t e e i n f l u e n t e c o m o m o v i m e n t o
d a z o n a d e adsorção p e l a c o l u n a .
c/c,
U m artifício c o m u m e n t e utilizado p a r a s e d e t e r m i n a r a c a p a c i d a d e d o
a d s o r v e n t e e m c o l u n a (Xf,) a partir d a c u r v a d e breakthrough, b a s e i a - s e n a utilização
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 33
(2.28)
A c o l u n a s a t u r a d a p o d e , m u i t a s v e z e s , s e r r e g e n e r a d a p o r m e i o d a eluição
d o a d s o r b a t o p e l a ação d e u m a solução ( e l u e n t e ) . A s s i m c o m o o c o r r e n a c u r v a d e
breakthrough, n e s s e c a s o o b t e m - s e u m a c u r v a d e eluição, cujo f o r m a t o típico é
a p r e s e n t a d o n a F I G . 2.6.
V
F I G U R A 2 . 6 - C u r v a d e eluição.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 34
A q u a n t i d a d e d e a d s o r b a t o e l u i d a d a c o l u n a (mads) é d e t e r m i n a d a pela
área h a c h u r a d a na F I G . 2.6, e p o d e s e r c a l c u l a d a p e l a equação:
Cdy (2.29)
CAPÍTULO 3
3. M A T E R I A I S E MÉTODOS
V i s a n d o alcançar o s o b j e t i v o s p r o p o s t o s a p r e s e n t a d o s n o Capítulo 1 , o s
e s t u d o s e x p e r i m e n t a i s f o r a m divididos nas s e g u i n t e s e t a p a s :
• E x p e r i m e n t o s d e adsorção
3.1 E Q U I P A M E N T O S E M A T E R I A I S D E LABORATÓRIO
A g i t a d o r h o r i z o n t a l Ética m o d e l o 430
Centrífuga
D e s t i l a d o r d e água
p H m e t r o Digimed m o d e l o DM21
S i s t e m a d e filtração Millipore
B o m b a d e vácuo
Mufla
Estufa
Balanças analítica e s e m i - a n a l i t i c a
M i c r o p i p e t a s automáticas
Cronómetro
Termómetro
A l m o f a r i z e pistilo
3.2 REAGENTES
Ácido clorídrico ( H C l )
Ácido sulfúrico ( H 2 S O 4 )
Ácido fluorídrico ( H F )
Hidróxido d e sódio ( N a O H )
Sulfato d e c a d m i o ( 3 C d S 0 4 . 8 H 2 0 )
Nitrato d e c o b r e ( C u ( N 0 3 ) 2 . 3 H 2 0 )
D i c r o m a t o d e potássio ( K 2 C r 2 0 7 )
C l o r e t o d e potássio ( K C l )
C l o r e t o d e cálcio ( C a C b )
C a r b o n a t o d e sódio a n i d r o ( N a 2 C 0 3 )
Sulfato f e r r o s o a m o n i a c a l (Fe(NH4)2(S04)2-6H20)
D i f e n i l a m i n a (C12H11N)
MATERIAIS E MÉTODOS - 38
• Sulfato d e m a g n e s i o ( M g S 0 4 . 7 H 2 0 )
» T r i e t a n o l a m i n a (C6H15NO3)
• Água destilada
3.3 SOLUÇÕES
• Solução tampão p H 4 , 0 1
• Solução tampão p H 7 , 0 0
• Soluções d o s m e t a i s A l , F e , K, M n , Z n , C r , C u , C d , N i , H g e P b ,
p r e p a r a d a s p o r m e i o d a diluição d e soluções padrão I.OOOmg.L"^ d o s
m e t a i s e m m e i o nitrico ( M E R C K ) , n a s concentrações a d e q u a d a s p a r a a
construção d a s curvas d e calibração utilizadas n a s análises p o r
espectrometría d e absorção atômica e espectrometría d e emissão
óptica.
• Solução d e s u l f a t o f e r r o s o a m o n i a c a l 0,5mol.L'^: d i s s o l v e r 1 9 6 , 0 7 g d o
s a l Fe(NH4)2(S04)2.6H20 e m 8 0 0 m L d e água d e s t i l a d a . A d i c i o n a r 2 0 m L
d e ácido sulfúrico c o n c e n t r a d o e c o m p l e t a r o v o l u m e a 1,0L c o m água
d e s t i l a d a e m balão volumétrico. P a d r o n i z a r e s s a solução c o m solução
d e d i c r o m a t o d e potássio c a d a v e z q u e f o r usá-la.
• Solução d e d i f e n i l a m i n a 1 , 0 %
• Solução d e E D T A 0,01 O m o l . L ^
C o m u m a área total d e 2 . 0 0 0 h a , d o s q u a i s 7 0 0 h a e n c o n t r a m - s e e m
operação, a turfeira a p r e s e n t a u m a e s p e s s u r a média d e 2 , 0 m , t o t a l i z a n d o u m a
r e s e r v a d e 14 milhões d e m e t r o s cúbicos d e material aproveitável e c o n o m i c a m e n t e .
A i d a d e d a turfeira é e s t i m a d a , s e g u n d o p e s q u i s a feita pela própria e m p r e s a , e m
a p r o x i m a d a m e n t e 1 0 . 0 0 0 a n o s . D e a c o r d o c o m informações f o r n e c i d a s , e s t a s áreas
estão r e g u l a m e n t a d a s para produção j u n t o a o D N P M - D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l d e
Produção M i n e r a l - e a o s órgãos a m b i e n t a i s c o m p e t e n t e s através d e alvarás,
portarias, d e c r e t o s , E I A - E s t u d o d e I m p a c t o A m b i e n t a l , R I M A - Relatório d e I m p a c t o
A m b i e n t a l - e licenças o p e r a c i o n a i s . N a F I G . 3.1 são a p r e s e n t a d a s fotos d a área d a
turfeira e m operação.
P o d e r calorífico s u p e r i o r ( b a s e s e c a ) 5.200kcal.kg"^
C a r b o n o fixo 25 ± 5%
M a t e r i a i s Voláteis 65 ± 5%
Cinzas 6 ±2 %
Enxofre 0,35 ±0,15%
U m i d a d e final 25 ± 5%
M a s s a específica a p a r e n t e 0,35 ± 0,05g.cm'^
C o m O p a s s a r d o s a n o s , e s s a exploração d e i x o u d e s e r e c o n o m i c a m e n t e
v a n t a j o s a , f a z e n d o c o m q u e , a partir d o a n o d e 1 9 9 6 , t o d a a produção f o s s e
d e s t i n a d a à fabricação d e a d u b o orgânico, o r g a n o - m i n e r a l e s u b s t r a t o s .
A m e t o d o l o g i a d e lavra d a t u r f a e m p r e g a d a a t u a l m e n t e pela e m p r e s a
c o n s i s t e d a d r e n a g e m d o lençol a p r o f u n d i d a d e d e s e j a d a , n a q u a l a água r e m o v i d a é
transferida p a r a u m reservatório e b o m b e a d a para o rio S a n g r a d o r (rio localizado às
m a r g e n s d a turfeira). E m s e g u i d a , a turfa é s e c a a céu a b e r t o até q u e atinja a
u m i d a d e d e 4 5 % p a r a q u e p o s s a então s e r c o l e t a d a . A c o l e t a é feita p o r extração
superficial d o m a t e r i a l c o m o auxílio d e m a q u i n a r l o a p r o p r i a d o . A turfa coletada é
a r m a z e n a d a e m p i l h a s n a s imediações d a própria turfeira e c o b e r t a c o m lonas
impermeáveis, f i c a n d o à disposição p a r a t r a n s p o r t e e produção d o s fertilizantes.
N e s s a s condições, a t u r f a é v e n d i d a a t u a l m e n t e a o preço d e R $ 2 8 , 0 0 o m e t r o
cúbico, d e s c o n s i d e r a d a s a s d e s p e s a s c o m o frete d o m a t e r i a l .
N e s s a s condições, a m o s t r a s d e a p r o x i m a d a m e n t e 1 0 k g d e c a d a tipo d e
turfa in natura f o r a m e n v i a d a s p e l a e m p r e s a e m s a c o s plásticos d e v i d a m e n t e
lacrados e e t i q u e t a d o s .
MATERIAIS E MÉTODOS - 43
• - \
F I G U R A 3 . 2 - T u r f a Fibrosa Extra ( F E ) .
A seguir são d e s c r i t o s o s p r o c e d i m e n t o s e m p r e g a d o s n o s e x p e r i m e n t o s d e
caracterização realizados.
3.5.1 UMIDADE
3.5.2 DETERMINAÇÃO DO pH
3.5.3 CINZAS
O s e x p e n m e n t o s r e a l i z a d o s p a r a a determinação d a p o r c e n t a g e m d e
cinzas d a s turfas in natura f o r a m baseados no procedimento indicado para
determinação d e cinzas e m a m o s t r a s d e carvão m i n e r a l , d e a c o r d o c o m a n o r m a
N B R 8 2 8 9 (ASSOCIAÇÃO B R A S I L E I R A D E N O R M A S TÉCNICAS, 1 9 8 3 ) .
O p r o c e d i m e n t o c o n s i s t i u n a q u e i m a d a s a m o s t r a s (1,0g) e m c a d i n f i o d e
p o r c e l a n a e m c h a m a oxidante p o r 3 0 m i n u t o s e , e m s e g u i d a , na m u f l a a 8 0 0 ± 25°C
por 2 h o r a s . O s resultados f o r a m e x p r e s s o s r e f e r e n t e s às médias d a s determinações
e m duplicata, e m porcentagem d e cinzas relativamente à massa d a s amostras na
base seca.
O p r o c e d i m e n t o c o n s i s t i u n a q u e i m a d a s a m o s t r a s (1,0g) e m c a d i n h o d e
p o r c e l a n a e m c h a m a oxidante p o r 3 0 m i n u t o s , e e m s e g u i d a e m m u f l a a 5 5 0 ± 25°C
por 2 h o r a s . O s resultados f o r a m c a l c u l a d o s p e l a diferença entre m a s s a s a n t e s e
após a q u e i m a , e x p r e s s o s r e f e r e n t e s às médias d a s determinações e m d u p l i c a t a , e m
p o r c e n t a g e m d e matéria orgânica r e l a t i v a m e n t e à m a s s a d a s a m o s t r a s n a b a s e
seca.
3.5.5 C A R B O N O ORGÂNICO
É i m p o r t a n t e ressaltar q u e , n o c a s o d a s t u r f a s e s t u d a d a s , a s s i m c o m o
p a r a o u t r o s tipos d e turfas, p o r s e tratar d e u m t i p o d e solo c o m e l e v a d o t e o r d e
matéria orgânica, v e r i f i c o u - s e a n e c e s s i d a d e d e r e d u z i r a m a s s a d e a m o s t r a utilizada
nos e x p e r i m e n t o s (0,1g) e m relação à i n d i c a d a p e l o método (1,0g), f a z e n d o - s e a s
d e v i d a s alterações n o s cálculos d o método. O s r e s u l t a d o s obtidos r e p r e s e n t a m a s
médias d a s determinações r e a l i z a d a s e m d u p l i c a t a , e m p o r c e n t a g e m d e c a r b o n o
orgânico r e l a t i v a m e n t e à m a s s a d a s a m o s t r a s n a b a s e s e c a .
F o r a m d e t e r m i n a d o s o s teores d o s m e t a i s A l , F e , K, M n , Z n , Cr, C u , C d ,
Ni, H g e P b p r e s e n t e s n o s três tipos d e t u r f a in natura. O p r o c e d i m e n t o a d o t a d o
consistiu na solubilização total d a s a m o s t r a s e m f o r n o m i c r o o n d a s e determinação
d a s concentrações d o s m e t a i s p o r espectrometría d e emissão óptica c o m p l a s m a d e
MATERIAIS E MÉTODOS - 48
F o r a m utilizados 1 5 0 m g d e c a d a a m o s t r a n a g r a n u l o m e t r i a inferior a
0 , 0 7 4 m m , n o s t u b o s d e digestão, e m c o n t a t o c o m 5 m L d e ácido nitrico, 5 m L d e
ácido sulfúrico e 3 m L d e ácido f l u o r i d r i c o . N a T A B . 3.2 é a p r e s e n t a d a a programação
d a s potências a p l i c a d a s n o f o r n o e m função d o t e m p o .
T A B E L A 3.2 - Programação d o f o r n o m i c r o o n d a s .
T e m p o (min) Potência ( W )
5 400
4 890
1 0
3 800
3 0
X Faixa de Concentração
Elemento
(nm) (mg.L-^)
Al 396,152 0,5 a 50
K 766,491 0,1 a 10
Mn 257,610 0.01 a 1,0
Fe 261,187 0,5 a 50
Cu 324,754 0,01 a 1,0
Zn 213,856 0,01 a 1,0
Cr 267,716 0,01 a 1,0
Ni 341,476 0,01 a 1,0
Cd 178,290 0,01 a 1,0
Hg 184,950 0,01 a 1,0
Pb 168,220 0.01 a 1,0
T e n d o c o m o b a s e a argumentação e x p o s t a para o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d a
caracterização d a s turfas D, F e F E in natura (a s e r a p r e s e n t a d a p o s t e r i o r m e n t e n o
Capitulo 4 ) , fez-se necessário a realização d e e x p e r i m e n t o s específicos d e
t r a t a m e n t o químico e caracterização d a t u r f a F E .
Partindo d a a m o s t r a in natura, p r e p a r a d a d e a c o r d o c o m o p r o c e d i m e n t o
d e s c r i t o no item 3.5, o t r a t a m e n t o químico d a s turfas consistiu na separação
granulométrica e m peneira p a r a d e s c a r t e d a fração m e n o r q u e 0 , 1 2 5 m m ; l a v a g e m a
vácuo c o m água destilada e m k i t a s s a t o para retirada forçada d o ar c o n t i d o n a s
a m o s t r a s ; separação d a fração s e d i m e n t a d a e d e s c a r t e d o material e m suspensão;
s e c a g e m e m estufa a 1 0 0 ± 5°C p o r 2 4 h o r a s ; acidificação d a a m o s t r a c o m solução
d e ácido clorídrico 1,Omol.L^ ( n a proporção d e l O m L d a solução ácida p o r g r a m a d e
a m o s t r a ) , s o b agitação p o r 2 h o r a s ; l a v a g e m d a a m o s t r a acidificada e m funil d e
büchner c o m água destilada até o filtrado atingir p H 5,0 e s e c a g e m e m e s t u f a à
1 0 0 ± 5°C por 2 4 h o r a s ( P E T R O N I , 1999).
D u r a n t e a realização d o e x p e r i m e n t o , a presença d e u m i d a d e e d e g a s e s
a d s o r v i d o s à s u p e r f i c i e d a a m o s t r a resulta e m e r r o s n a determinação. P o r e s s e
m o t i v o a a m o s t r a foi s e c a e m e s t u f a a 1 0 0 ± 5°C p o r 2 h o r a s , e o s g a s e s a d s o r v i d o s
f o r a m r e m o v i d o s p e l a alteração repetida d a pressão d o gás hélio n o interior d o p o r t a -
amostras. Dessa forma, a umidade é completamente eliminada e os gases
a d s o r v i d o s r e m o v i d o s r a p i d a m e n t e por a r r a s t e .
A m a s s a e s p e c i f i c a d a turfa e m c o l u n a (pb) f o i d e t e r m i n a d a p e l a m e d i d a d a
m a s s a d e t u r f a F E t r a t a d a , p r e v i a m e n t e u m e d e c i d a a vácuo c o m água d e s t i l a d a ,
e m p a c o t a d a e m c o l u n a d e vidro d e 1 ,Ocm d e diâmetro interno ((()¡nt) até o v o l u m e d e
l O m L . O e m p a c o t a m e n t o d a turfa n a c o l u n a f o i feito l e n t a m e n t e c o m a c o l u n a r e p l e t a
MATERIAIS E MÉTODOS - 52
O e x p e r i m e n t o f o i realizado c o m a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 g d e a m o s t r a e m
peneiras granulométricas d e a b e r t u r a s 1,00; 0 , 5 0 0 ; 0 , 2 5 0 ; 0 , 1 2 5 e 0 , 0 7 4 m m s o b
agitação e m v i b r a d o r p o r 1 5 m i n u t o s . D e c o r r i d o o t e m p o d o e x p e r i m e n t o , a s m a s s a s
retidas e m c a d a u m a d a s p e n e i r a s f o r a m p e s a d a s e , v a l e n d o - s e d o s r e s u l t a d o s
obtidos, f o r a m construídas a s c u r v a s granulométricas c o r r e s p o n d e n t e s .
O e s t u d o d o c o m p o r t a m e n t o d o C u n a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o
c o m a turfa foi feito c o m a u x i l i o d e soluções d e traçador r a d i o a t i v o ^'^Cu (T1/2 = 12,8h)
( I A E A - T E C D O C - 5 6 4 , 1 9 9 0 ) . P a r a i s s o f o r a m p r e p a r a d a s soluções d e nitrato d e
c o b r e n a concentração 1 . 0 0 0 m g . L " \ m e d i a n t e a irradiação d o Cu(N03)2.3H20 n o
reator l E A - R I m d o I P E N / C N E N - S P e m u m f l u x o d e 1x10^^ncm"V^ p o r 6 h o r a s .
Alíquotas entre 0,25mL e 0,50mL dessas soluções f o r a m utilizadas para a
preparação d a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa. O cálculo d a
concentração d e C u n a s soluções p r o d u z i d a s d o s e x p e r i m e n t o s f o i feito t o m a n d o - s e
p o r b a s e o número d e c o n t a g e n s r e g i s t r a d a s p e l o e q u i p a m e n t o e m função d o t e m p o
d e c o n t a g e m e d a atividade d a s a m o s t r a s m e d i d a p e l o detector.
O s e s t u d o s cinéticos f o r a m c o n d u z i d o s m e d i a n t e a avaliação e x p e r i m e n t a l
d a variação d a concentração d o s i o n s d o s m e t a i s a d s o r v i d o s à superfície d a turfa
c o m o t e m p o . P a r a isso, f o r a m r e a l i z a d o s e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a n o s q u a i s
alíquotas d a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa f o r a m c o l e t a d a s e m
intervalos d e t e m p o e s t a b e l e c i d o s e a n a l i s a d a s c o m relação às s u a s concentrações
do metal e m estudo.
MATERIAIS E MÉTODOS - 55
3.6.1.1 C A D M I O E NÍQUEL
F I G U R A 3.3 - E x p e r i m e n t o s cinéticos e m b a t e l a d a .
Alíquotas e n t r e 0 , 5 m L e 1 , 0 m L f o r a m c o l e t a d a s e m intervalos d e t e m p o
e s t a b e l e c i d o s , a s q u a i s f o r a m diluídas a l O m L c o m solução d e ácido nítrico 1,0% e m
água d e i o n i z a d a ultrapura, filtradas e a n a l i s a d a s c o m relação á concentração d o
respectivo m e t a l e m e s t u d o . A influência d a concentração inicial d o s m e t a i s e m
solução s o b r e cinética d e adsorção foi e s t u d a d a por meio d e experimentos
realizados n a s concentrações iniciais (Co) d e C d e Ni d e 7,0mg.L'^ a 128,4mg.L'^ e
8,9mg.L"^ a 131,3mg.L"^ r e s p e c t i v a m e n t e .
3.6.1.2 COBRE
P a r a o s e x p e r i m e n t o s cinéticos r e a l i z a d o s c o m o O u , f o r a m utilizadas
soluções individuais d e 4 0 m L d e nitrato d e c o b r e e m p H inicial 4 , 5 , e m c o n t a t o c o m
0 , 1 6 g d e turfa e m t u b o s d e polietileno, c o m t a m p a , s o b agitação c o n s t a n t e e m
a g i t a d o r horizontal p o r 1 8 0 m i n u t o s . A s soluções utilizadas n o s e x p e r i m e n t o s f o r a m
p r e p a r a d a s c o m o auxílio d e soluções c o n c e n t r a d a s d e nitrato d e c o b r e além d a
solução d o traçador radioativo. D e c o r r i d o o s t e m p o s e s t a b e l e c i d o s d e agitação p a r a
c a d a a m o s t r a , a s soluções d o s t u b o s f o r a m filtradas e a n a l i s a d a s c o m relação às
s u a s a t i v i d a d e s . A influência d a concentração inicial d o m e t a l s o b r e a cinética d e
adsorção f o i e s t u d a d a p o r m e i o d e e x p e r i m e n t o s realizados n a s concentrações
iniciais (Co) d e C u d e 7,2mg.L"' a 1 2 8 , 0 m g . L " \
O s e s t u d o s d e equilíbrio f o r a m c o n d u z i d o s m e d i a n t e a interpretação
analítica d a s i s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s . O p r o c e d i m e n t o experimental
a d o t a d o p a r a a construção d e s s a s i s o t e r m a s f o i s e m e l h a n t e a o p r o c e d i m e n t o
utilizado n o e s t u d o cinético, n o q u a l f o r a m a n a l i s a d a s a s concentrações d o m e t a l e m
e s t u d o n a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa d e c o r r i d o o t e m p o d e
equilíbrio.
F I G U R A 3.4 - E x p e r i m e n t o s e m c o l u n a .
MATERIAIS E MÉTODOS - 58
B a s e a d o e m r e s u l t a d o s obtidos n o s e x p e r i m e n t o s e m batelada e e m t e s t e s
prévios v e r i f i c o u - s e q u e , p a r a a construção d a c u r v a d e breakthrough, a m e l h o r
condição f o i obtida p e r c o l a n d o - s e l . l O O m L d e solução a q u o s a lOOmg.L"^ d e N i e m
p H 4 , 5 . Alíquotas d e 5 0 m L f o r a m c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a coluna e a n a l i s a d a s c o m
relação às s u a s concentrações d e N i . A c u r v a d e breakthrough foi o b t i d a p e l a
representação gráfica d o s v a l o r e s d e concentração d e N i n o efluente d a c o l u n a e m
m g . L " \ e m função d o v o l u m e d e solução p e r c o l a d a e m m L .
A o t o d o f o r a m r e a l i z a d o s 10 ciclos, p e r c o l a n d o - s e pela m e s m a c o l u n a d e
turfa, 2 5 0 m L d e soluções d e Ni n a concentração d e 50mg.L"^ e lOOmL d e soluções
d e ácido clorídrico 1,Omol.L'^ p a r a q u e f o s s e a s s e g u r a d a a eluição c o m p l e t a d o
m e t a l . N o s intervalos entre a s percolações d a s soluções d e N i e d e ácido c l o r i d r i c o , a
c o l u n a f o i d e v i d a m e n t e l a v a d a c o m l O O m L d e água destilada s o b a s m e s m a s
condições d e vazão (1,0mL.min"^). A avaliação d o d e s e m p e n h o d a t u r f a n o s
MATERIAIS E MÉTODOS - 59
e x p e r i m e n t o s b a s e o u - s e n o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d a s p o r c e n t a g e n s d e recuperação
d o m e t a l a o longo d o s ciclos.
C o m o r e s u l t a d o d a caracterização d e s t a água d e l a v a g e m c o l e t a d a , a
concentração d e N i f o i d e t e r m i n a d a e m 5 . 0 2 0 m g . L T e n d o e m vista a n e c e s s i d a d e
de se adequar este efluente ás dimensões laboratoriais dos experimentos
( c o n s i d e r a n d o p r i n c i p a l m e n t e a m a s s a d e turfa utilizada d e 0 , 1 6 g a 2 , 4 g ) , o p t o u - s e
por t r a b a l h a r c o m soluções d o efluente diluído 1 0 0 v e z e s , n a concentração d e
5 0 , 2 m g . L " \ p a r a q u e s e p u d e s s e obter r e s u l t a d o s passíveis d e s e r e m utilizados
c o m o parâmetros d e avaliação d a adsorção d o N i p e l a t u r f a . Além d i s s o , d e a c o r d o
c o m informações d o s o p e r a d o r e s d o p r o c e s s o n a indústria, n a prática, antes d o
d e s c a r t e , p e r i o d i c a m e n t e é feito o r e a p r o v e i t a m e n t o d e s t a solução d e l a v a g e m
r e t o r n a n d o - a a o b a n h o d e niquelação. O u s e j a , n o m o m e n t o d o d e s c a r t e , a
concentração d e Ni é n o r m a l m e n t e inferior á d a solução d e l a v a g e m c o l e t a d a p a r a
este estudo.
O e x p e r i m e n t o cinético d e adsorção d o Ni d o e f l u e n t e f o i c o n d u z i d o
s e g u i n d o p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o n o item 3 . 6 . 1 . 1 . N e s s e c a s o foi utilizada u m a única
solução d o efluente n a concentração inicial d e 5 0 , 2 m g . L " \
T o m a n d o - s e c o m o b a s e a c u r v a obtida n o e x p e r i m e n t o r e a l i z a d o , v i s a n d o
a simulação d e u m p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o p a r a a redução d e m a i s d e 9 9 % d o N i d a
solução, f o r a m p e r c o l a d o s 2 5 0 m L d o e f l u e n t e n a c o l u n a d e turfa e a n a l i s a d o s , a n t e s
e após a percolação, o s parâmetros: t e o r d e N i , p H , c o n d u t i v i d a d e , c o r a p a r e n t e ,
t u r b i d e z , sólidos e m suspensão, sólidos totais d i s s o l v i d o s , teor d e s u l f a t o e d e m a n d a
química d e oxigênio.
C o m p l e m e n t a n d o o e s t u d o d a simulação d o t r a t a m e n t o d o e f l u e n t e , a
eluição d o N i d a c o l u n a f o i r e a l i z a d a p e r c o l a n d o - s e l O O m L d e solução d e ácido
clorídrico 1,Omol.L^ para determinação d a p o r c e n t a g e m d e recuperação n e s s a s
condições.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 62
CAPÍTULO 4
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A s e g u i r serão a p r e s e n t a d o s e d i s c u t i d o s o s resultados o b t i d o s n o s
e x p e r i m e n t o s d e caracterização f i s i c a e q u i m i c a d a s turfas e d e adsorção d o s
metais.
O c o n h e c i m e n t o d e a l g u m a s características r e l a c i o n a d a s às p r o p r i e d a d e s
d a s t u r f a s e s t u d a d a s p o d e contribuir d e f o r m a r e l e v a n t e a o e n t e n d i m e n t o d o
fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s , além d e p e r m i t i r a avaliação c o m p a r a t i v a e n t r e
o s três t i p o s d e turfa e m e s t u d o . N a T A B . 4 . 1 são a p r e s e n t a d o s o s r e s u l t a d o s o b t i d o s
d a caracterização física e química d o s três t i p o s d e turfa in natura.
T U R F A - 2 H + CaCl2 l 2 H * + 201" + T U R F A - C a
T A B E L A 4 . 2 - Caracterização d e t u r f a s d o S u d e s t e d o p a i s .
Matéria Carbono
Turfa (origem) pH Referência
Orgânica (%) Orgânico (%)
Arraial do Cabo (RJ) 4,5* 76,4 35,1 LAMIN etal., 2001
Vale do Paraíba (SP) 3,0** 93,4 41,8 FRANCHI, 2000
*medido em H2O destilada
**medido em CaCl2 0,01 mol.L'
C o n s i d e r a n d o a s i m i l a r i d a d e e x i s t e n t e e n t r e a s turfas n a T A B . 4 . 2 e a s
turfas e s t u d a d a s n e s t e t r a b a l h o ( T A B . 4 . 1 ) ( o b s e r v a d a através d a s p o r c e n t a g e n s d e
matéria orgânica e c a r b o n o orgânico), p o d e - s e v e r i f i c a r q u e , p a r a a s turfas D e F,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 65
A p e s a r d e s e r e s p e r a d a a semelhança e n t r e a s t u r f a s d e s t e e s t u d o e a s
t u r f a s d e Arraial d o C a b o , p o r s e r e m turfas litorâneas, s a b e - s e q u e a composição
heterogênea d a s turfas é a l t a m e n t e influenciada pelo c l i m a d a região e m q u e são
f o r m a d a s e p r i n c i p a l m e n t e pelo t i p o d e vegetação q u e a s o r i g i n o u .
O b a i x o t e o r d e c i n z a s o b t i d o p a r a a turfa F E ( 2 , 8 % ) c o m p a r a t i v a m e n t e às
turfas D (27,0%) e F (24,8%) pode s e r destacado como u m aspecto positivo e m
relação a e s s a turfa ( F E ) , u m a v e z q u e o i n t e r e s s e d o t r a b a l h o está v o l t a d o p a r a o
conteúdo orgánico d o material e, conseqüentemente p a r a o baixo t e o r d e m i n e r a i s e
c o m p o s t o s inorgânicos.
N a m a i o r i a d o s s o l o s , a c a p a c i d a d e d e troca catiônica a u m e n t a c o m o p H .
E m v a l o r e s b a i x o s d e p H , a p e n a s a s c a r g a s a s s o c i a d a s às argilas e a o s c o l o i d e s
orgânicos retêm o s i o n s q u e p o d e m s e r substituídos m e d i a n t e t r o c a catiônica. E m
s o l o s ricos e m matéria orgânica c o m o a t u r f a , a p e s a r d a s u a a c i d e z , são e s p e r a d o s
v a l o r e s d e c a p a c i d a d e d e troca catiônica a c i m a d e 90cmoic.kg"^ ( B R A D Y , 1 9 8 9 ) .
O s v a l o r e s d e C T C o b t i d o s p a r a a s turfas e s t u d a d a s ( T A B . 4 . 1 ) p o d e m s e r
c o n s i d e r a d o s e l e v a d o s q u a n d o c o m p a r a d o s a o u t r o s constituintes d o s o l o , c o m o :
v e r m i c u l i t a (75cmolc.kg"^); m o n t m o r i l o n i t a (50cmolc.kg"^); ilita (15cmolc.kg"^); caulinita
( 4 c m o l c . k g ^ ) e óxidos d e f e r r o e alumínio (2cmolc.kg"^) ( B R A D Y , 1 9 8 9 ) . Além d i s s o ,
a s s i m c o m o f o i verificado a partir d o s r e s u l t a d o s obtidos para o s t e o r e s d e matéria
orgânica, c a r b o n o orgânico e c i n z a s , o r e s u l t a d o d e C T C m a i s favorável f o i verificado
p a r a a turfa F E (181,9cmolc.kg'^), s e g u i d a d a turfa F (146,1cmolc.kg"^) e D
(135,5cmolc.kg').
A partir d o s r e s u l t a d o s d a T A B . 4 . 3 , p o d e m o s o b s e r v a r a presença d o s
e l e m e n t o s A l , F e e K e m concentrações m a i s e l e v a d a s p a r a a s turfas D e F. N o c a s o
d a turfa F E , além d e s t e s , verificou-se a presença d o M n e d o Z n , s e n d o o M n e m
menor concentração. Tais elementos podem ser considerados constituintes
c o m u m e n t e e n c o n t r a d o s e m a m o s t r a s d e s o l o . O e l e v a d o teor d e a l u m i n i o , p o r
e x e m p l o , p o d e indicar a presença d o s silicatos d e a l u m i n i o c o m o c o n s t i t u i n t e s d a
porção m i n e r a l d a turfa.
4.1.2 TURFA FE
A (g-cm-^) 0 , 3 5 2 ±0,012
Pc ( g - c m ^) 0,243 ± 0,007
D e a c o r d o c o m K I E H L ( 1 9 8 5 ) , a m a s s a específica e a m a s s a específica
a p a r e n t e d a turfa p o d e m variar r e s p e c t i v a m e n t e d e 1,10g.cm'^ a 1,56 g . c m ' ^ e d e
0,08g.cm"^ a 0,90g.cm"^, s e n d o m a i s a l t a s q u a n t o m a i o r for o s e u conteúdo
inorgânico.
N a T A B . 4 . 4 , o s v a l o r e s o b t i d o s d e m a s s a específica (1,410g.cm"^) e
m a s s a específica a p a r e n t e (0,352g.cm"^) estão c o e r e n t e s c o m e s s a s f a i x a s d e
valores p r o p o s t a s p e l a literatura ( K I E H L , 1 9 8 5 ) , c a r a c t e r i z a n d o a turfa c o m o s e n d o
um material "leve" e poroso.
O v a l o r d e m a s s a específica a p a r e n t e ( p a ) p o d e s e r d e g r a n d e utilidade n o
cálculo d a s d e s p e s a s c o m a aquisição e t r a n s p o r t e d o m a t e r i a l . D e s s a f o r m a ,
c o n s i d e r a n d o a turfa c o m 4 5 % d e u m i d a d e v e n d i d a a R $ 2 8 , 0 0 / m^ (item 3.4), t e m -
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 69
l i l i l í M | M r i i r i n | i ir iiTiiifiMTiTiiTfirriiirrr|-Trrrriíii|iriirriTrfrririrTTrfrrTiiiiir|iiirMrri|iririiiri|iiiin
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Abertura / m m
F I G U R A 4.1 - C u r v a s granulométricas d a t u r f a F E .
in natura • tratada a .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 70
T e s t e s p r e l i m i n a r e s r e a l i z a d o s e m c o l u n a c o m a turfa F E in natura
resultaram n a percolação dificultosa d a s soluções a q u o s a s , c h e g a n d o m u i t a s v e z e s
ao e n t u p i m e n t o d a s c o l u n a s . A partir d a utilização d a turfa n a g r a n u l o m e t r i a entre
0 , 1 2 5 m m e 2 , 0 0 m m , o b s e r v o u - s e q u e a vazão d a s soluções pelas c o l u n a s foi
s u b s t a n c i a l m e n t e facilitada e m a n t i d a e m niveis estáveis a o l o n g o da realização d o s
experimentos.
A remoção d o s m e t a i s e m função d o t r a t a m e n t o a p l i c a d o f o i a v a l i a d a p o r
m e i o d a determinação d a concentração d e m e t a i s n a turfa F E após a l a v a g e m d e s t a
c o m água destilada, e p e l a determinação d a s concentrações d e m e t a i s lixiviados
pela solução d e ácido clorídrico.
A T A B . 4 . 6 a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s o b t i d o s para o s t e o r e s d e m e t a i s
p r e s e n t e s n a turfa in natura e l a v a d a , e a concentração d o s m e t a i s extraídos pela
subseqüente lixivia c o m solução ácida.
C o m p a r a n d o - s e a s p o r c e n t a g e n s d e extração o b t i d a s p e l a l a v a g e m d a s
a m o s t r a s c o m água d e s t i l a d a e p e l a subseqüente lixivia ácida ( T A B . 4 . 6 ) , v e r i f i c o u -
s e q u e m a i s d e 8 0 % d a extração d o s m e t a i s A l , F e , M n , Z n e C r f o i realizada pela
l a v a g e m c o m água, t e n d o s i d o o b t i d a a extração total d o C r n e s s e c a s o . N a lixivia
ácida, foi o b s e r v a d a a m a i o r p o r c e n t a g e m d e extração para o M n ( 8 3 . 9 % ) . s e g u i d o
do Fe (42.8%). Z n (17,2%). A l (9,5%), C u (8.1%) e K (4,0%). T a l comportamento
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 72
N e s t e trabalho, o s r e s u l t a d o s o b t i d o s n o s e x p e n m e n t o s cinéticos d e
adsorção d o s íons d o s m e t a i s C d , C u e Ni pela turfa F E f o r a m i n t e r p r e t a d o s d e
a c o r d o c o m o m o d e l o cinético d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m a p r e s e n t a d o n o item
2.3.3.2.
C C Qt C <7f C qt C qt
t (min)
(nig.L') (mg.g') (mg.L') (mgg^) (mg-L') (mgg') (mg-g') (mg.L-') (mgg')
0 7,03 0,000 13,74 0,000 35,84 0,000 62,30 0,000 128,40 0,000
2,5 3,96 0,767 8,11 1,407 20,23 3,903 49,43 3,216 115,55 3,212
5 2,67 1,090 6,06 1,920 16,69 4,788 43,93 4,591 106,85 5,387
10 1,76 1,317 3,24 2,625 12,96 5,720 38,98 5,831 98,15 7,562
15 1,08 1,487 3,24 2,625 10,20 6,410 34,93 6,843 96,50 7,974
30 1,01 1,505 2,13 2,902 8,45 6,848 31,20 7,774 86,75 10,412
45 0,49 1,635 1,73 3,002 6,75 7,273 28,38 8,480 85,25 10,787
60 0,57 1,616 1,80 2,985 7,06 7,195 28,09 8,552 84,55 10,962
90 0,29 1,684 1,62 3,031 5,59 7,563 29,21 8,272 80,80 11,899
120 0,27 1,689 1,46 3,070 5,79 7,513 24,16 9,534 79,50 12,224
150 0,24 1,697 1,84 2,975 5,60 7,560 28,13 8,542 78,04 12,588
180 0,21 1,706 1,21 3,132 4,16 7,920 23,85 9,612 77,05 12,836
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 74
C <7f C Qt C qt
í (min) contagens contagens contagens
(mg.L') (mg.g') {mg.L') (mg.g') (mg.L-') (mg.g')
C qt C qt
í (min) contagens contagens
(mg.L') (mg.g"') (mg.L-') (mg.L-')
C qt C qt C qt C qt C qt
í (min)
(mg.L') (mgg') (mgu') (mg.g') (mg.L') (mg.g"') (mg.L-') (mg.g') (mg.L-') (mg.g')
0 8,95 0,000 14,93 0,000 38,75 0,000 68,47 0,000 131,27 0,000
2,5 4,90 1,013 11,00 0,983 29,40 2,338 56,98 2,872 112,50 4,693
5 3,60 1,338 9,20 1,433 27,90 2,713 52,90 3,892 108,53 5,686
10 3,67 1,321 8,50 1,608 26,70 3,013 51,63 4,210 107,38 5,972
15 2,55 1,600 6,70 2,058 24,30 3,613 49,34 4,782 107,10 6,043
30 1,20 1,938 5,50 2,358 23,40 3,838 48,46 5,002 104,80 6,618
45 1,35 1,900 5,00 2,483 22,00 4,188 45,43 5,760 104,40 6,718
60 1,30 1,913 4,93 2,499 21,90 4,213 44,45 6,004 104,00 6,818
90 1,40 1,888 3,80 2,783 19,90 4,713 44,40 6,017 102,47 7,201
120 0,95 2,000 3,75 2,795 20,10 4,663 44,34 6,032 101,30 7,493
150 0,65 2,075 4,25 2,670 20,00 4,688 43,22 6,311 99,37 7,976
180 0,86 2,023 3,60 2,833 18,60 5,038 43,87 6,150 98,65 8,155
14
12-
10-
8-
7 / A
|5 6-1
4-
2-
0-
-i—'—I—I—I—'—I—'—I—I—I—'—i—I—I—'—I—'—i—<-
O 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
f (min)
FIGURA 4.2 - Cinética de adsorção do Cd pela turfa FE.
7,0nng.L' • 13,7mg.L' A 35,8mg.L"' ¥ 62,3mg.L' • 128,4mg.L"'
-i—1—I—1—I—1—I—I—I—1—I—1—I—¡—r
o 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
f (min)
FIGURA 4.3 - Cinética de adsorção do Cu pela turfa FE.
7,2mg.L'' • 13,2mg.L'' a 36,9mg.L' - 62,4mg.L'' • 128,0mg.L'
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 77
05
120
t(min)
FIGURA 4.5 - Cinética de adsorção linearizada do Cd pela turfa FE.
7,0mg.L"' • 13,7mg.L'' a 35,8mg.L' • 62,3mg.L"' • 128,4mg.L"
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 78
120
120
- 1 — I — I — i — I — I — I — I — I — 1 — I — I — I — i — I — 1 — I — 1 — | -
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
t (min)
FIGURA 4.7 - Cinética de adsorção linearizada do Ni pela turfa FE.
8,9mg.L' • 14,9mg.L' 38,7mg.L' w 68,5mg.L' • 131,3mg.L"'
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 79
Nas FIG. 4.2 a 4 . 4 pode-se observar por meio d o aumento dos valores d e
qt c o m o t e m p o , q u e o s m e t a i s f o r a m a d s o r v i d o s p e l a turfa F E n o intervalo d e t e m p o
e s t u d a d o . A influência d a concentração inicial d o s m e t a i s s o b r e a cinética d e
adsorção p o d e s e r c l a r a m e n t e o b s e r v a d a a partir d a s c u r v a s o b t i d a s , o n d e é
possível verificar o a u m e n t o d o s t e m p o s necessários p a r a s e atingir o equilíbrio c o m
o a u m e n t o d e CQ. Além d i s s o , n a T A B . 4 . 1 0 . f o i o b s e r v a d o o decréscimo d o s v a l o r e s
d a s c o n s t a n t e s d e v e l o c i d a d e {k) c o m o a u m e n t o d e Co, d e 0 , 1 7 6 1 g . m g ' ^ m i n ' ^ a
0 , 0 0 8 2 g.mg'''min'^ p a r a o C d , d e 0,4363g.mg"''min"^ a 0 . 0 0 6 0 g . m g " ^ m i n ' ^ p a r a o C u e
d e 0,1172g.mg"^min"^ a 0 . 0 2 0 1 g . m g ' ^ m i n ' ^ p a r a o Ni.
A p e s a r d e a m a i o r i a d o s e s t u d o s d a literatura a p o n t a r e m a equação d e
p s e u d o - s e g u n d a o r d e m c o m o u m a d a s m a i s a d e q u a d a s para r e p r e s e n t a r a cinética
d e adsorção d e metais b i v a l e n t e s p e l a turfa ( H O eí al., 1 9 9 6 , 2 0 0 0 , 2 0 0 1 ; H O &
M C K A Y , 1999, 2000, 2002), os resultados obtidos nas T A B . 4.7 a T A B . 4.9 foram
a j u s t a d o s d e a c o r d o c o m a equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m (item 2.3.3.1). A
f r a c a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s d e a c o r d o c o m o m o d e l o p o d e ser
v e r i f i c a d a p o r m e i o d o s b a i x o s v a l o r e s d e c o e f i c i e n t e s d e correlação o b t i d o s n a T A B .
4 . 1 1 . N a F I G . 4 . 8 é a p r e s e n t a d a , e m caráter ilustrativo, a cinética d e adsorção d o C u
p e l a turfa F E lineanzada d e a c o r d o c o m a equação (2.4). Para a construção d o
gráfico d e In(qfe-Qf) e m função d e í, f o r a m utilizados o s v a l o r e s d e da T A B . 4.10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 81
Metal Co(mg.L-^)
7,2 0,6325
13,2 0,7077
Cu 36,9 0.8962
62.4 0,8622
128,0 0,9296
i n s t a n t e s d a adsorção. N e s s e s c a s o s , d e a c o r d o c o m a teoria p r o p o s t a p o r W E B E R
& l\^ORRIS ( 1 9 6 3 ) e utilizada e m a l g u n s t r a b a l h o s d a literatura para t e s t a r a difusão
intraparticular c o m o m e c a n i s m o limitante ( W U et al., 2 0 0 1 ; H O et al., 1 9 9 6 ; M C K A Y
& POOTS, 1980), verifica-se a p r o p o r c i o n a l i d a d e e n t r e a s concentrações d e
a d s o r b a t o n o a d s o r v e n t e ( Q O e a raiz q u a d r a d a d o t e m p o d e agitação {f'^).
N e s t e trabalho, a p o s s i b i l i d a d e d e s e t e r o m e c a n i s m o d e t r a n s p o r t e p o r
difusão c o m o limitante n o s p r i m e i r o s m i n u t o s d o p r o c e s s o d e adsorção f o i a v a l i a d a
p o r m e i o d a verificação d a relação linear e n t r e o s v a l o r e s d e qt ( T A B . 4 . 7 a 4 . 9 ) e f-^,
relativos a o s 1 5 m i n u t o s inicias d o p r o c e s s o . A T A B . 4.12 a p r e s e n t a o s c o e f i c i e n t e s
d e correlação o b t i d o s d a linearização d a s c u r v a s e m função d a s concentrações
inicias (Co) d o s m e t a i s .
A p e s a r d a maioria d o s c o e f i c i e n t e s d e correlação t e r e m s i d o o b t i d o s
s u p e r i o r e s a 0 , 9 , o s resultados n a T A B . 4 . 1 2 não p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s
c o n c l u s i v o s a respeito d o p r o c e s s o s e r c o n t r o l a d o p e l a difusão n o s s e u s estágios
iniciais. É certo q u e a e s c a s s e z d e d a d o s e x p e r i m e n t a i s utilizados p a r a a regressão
dificulta a interpretação d o ajuste linear, n o e n t a n t o , c o n f o r m e verificado p o r H O eí al.
(1996), considerando a complexidade d a superficie d a turfa, é e s p e r a d a a
participação d e m a i s d e u m m e c a n i s m o a g i n d o s i m u l t a n e a m e n t e c o m o limitante d o
processo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 83
Metal Co (mg.L-^)
7,0 0,9691
13,7 0,9144
Cd 35,8 0,9947
62,3 0,9902
128,4 0,9371
7,2 0,8744
13,2 0.9631
Cu 36,9 0,9518
62,4 0,9987
128,0 0,8601
8,9 0,8345
14,9 0,9510
Ni 38,7 0,9661
68,5 0,9227
131,3 0,7804
N a r e a l i d a d e , além d e f o r n e c e r a indicação d e q u e o p r o c e s s o g l o b a l é
g o v e r n a d o p e l a adsorção q u i m i c a , a utilização d o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m
d e v e s e r d e s t a c a d a também s o b o p o n t o d e v i s t a prático d a s u a s i m p l i c i d a d e e
facilidade d e aplicação.
E m e s t u d o s r e a l i z a d o s s o b r e a cinética d e adsorção d e m e t a i s b i v a l e n t e s
pela turfa, H O et al. ( 2 0 0 0 ) d e s e n v o l v e r a m u m artifício teórico a partir d o m o d e l o d e
pseudo-segunda ordem, onde, m e s m o antes d o dimensionamento do sistema, é
possível s e o b t e r o perfil d o d e s e m p e n h o d o s i s t e m a d e remoção, p a r t i n d o d a
concentração inicial d o m e t a l n o e f l u e n t e a s e r t r a t a d o .
N o p r e s e n t e t r a b a l h o , esta a b o r d a g e m f o i c o n s i d e r a d a c o m o intuito d e s e
d e s e n v o l v e r e m equações q u e p o s s a m p r e d i z e r s o b r e o p r o c e s s o d e adsorção d o s
íons d o s m e t a i s C d , C u e Ni e m b a t e l a d a p e l a turfa F E . Para isso, foram
d e t e r m i n a d a s equações q u e r e l a c i o n a m a s variáveis k, q^e h c o m a s concentrações
iniciais CQ. A T A B . 4 . 1 3 a p r e s e n t a a s equações o b t i d a s e s e u s respectivos
c o e f i c i e n t e s d e correlação, o n d e a s c o n s t a n t e s Ak, Bk, Aq, Bq, At,, Bh e Dt, são
parâmetros empíricos c a l c u l a d o s a partir d a s f o r m a s l i n e a r i z a d a s d a s equações 4 . 1 ,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 84
Ak -3,5384
CO
Bk -0,1823
(4.1) 0,9969
Aq+BqCo Aq -21,3895
Cd 2,7232
(4.2) 0,9983
AhCo'^+BhCa+Dh Ah 0,0073
-11,4749
h = e (4.3) D, 151,3708
Ak+BkC^ Ak 41,0125
Bk -5,3847
k = e (4.4) 0,9990
Aq+BqCo Aq -19,5811
Cu
2,6444
Ah+BhCo
(4.5)
1^ 0,9987
At, 1,8502
Co
h = e (4.6) Bt, -0,0959
Ak+BkÜQ Ak 20,4196
CO Bk -3,9927
k = e (4.7) 0,9964
Aq = 8,1807
Ni _ - Aq+BqCo 0,41512
(4.8)
0,9997
AhCo^+BhCr,+Dh A, 0,3425
B, -24,1870
h = e '^«"CO+EQÍCO"
(4.9) 167,0472
Dn
t
-0,0073Co'+11,4749Co-151,3708 21,3895-2,7232Co (4.10)
g -3,5384Co-0,1823Co' ^ Co
t
-1,8502+0,0959Co 19,581-2,644Co (4.11)
Co
+ te
t
-0,3425Co^+24,1870Co-167,0472 -Cp (4.12)
g 8,1807CQ+0,4151Co^ _l_ 8,1807+0,41 SICQ
100
20 ^ 0 6 ° ti'^^'^^
4 . 2 . 2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO
Cd Cu Ni
Ce(mg.L-^) qe (mg.g Ce (mg.L qe (mg.g-^) Ce (mg.L qe (mg.g ^)
0,00 0,000 0,00 0,000 0,00 0,000
0,53 4,628 0,18 2,005 0,07 1,326
2,62 6,554 0,71 3,752 0,72 2,505
6,16 7,979 1,76 5,375 4,39 4,256
17,72 9,848 3,57 6,797 19,58 5,845
33,05 10,775 11,43 8,584 36,60 6,975
49,90 11,322 21,26 9,871 53,65 7,804
61,20 13,016 40,27 10,729 75,46 8,038
117,20 13,534 76,66 10,973 97,64 7,834
151,20 14,553 111,39 11,627 119,18 7,845
192,00 13,872 145,86 11,549 140,52 7,872
- - 195,07 11,382 176,44 7,942
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 87
C o m o s e p o d e o b s e r v a r pelo f o r m a t o d a s i s o t e r m a s n a F I G . 4 . 1 0 , o s
m e t a i s f o r a m a d s o r v i d o s f a v o r a v e l m e n t e p e l a turfa F E n o intervalo d e concentrações
estudado.
A s s i m c o m o i n d i c a d o n o s e x p e r i m e n t o s cinéticos, a m a i o r c a p a c i d a d e d e
adsorção d a turfa para o C d p o d e s e r c l a r a m e n t e verificada n a F I G . 4 . 1 0 , s e g u i d o d o
C u e d o Ni. Além d i s s o , a n a l i s a n d o a s i s o t e r m a s d o C u e Ni e m v a l o r e s d e C e
s u p e r i o r e s a eOmg.L'"' o b s e r v a - s e a existência d e u m p a t a m a r , i n d i c a n d o a saturação
d a turi^a n e s s a s condições, a o p a s s o q u e para o C d , a inclinação d a c u r v a n e s s a
região e o s valores d e Qe n a T A B . 4 . 1 4 f o r n e c e m a indicação d e q u e a saturação não
foi atingida n o e x p e r i m e n t o realizado c o m o metal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 88
Na F I G . 4 . 1 1 são m o s t r a d a s a s i s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s
a j u s t a d a s d e a c o r d o c o m a equação (2.17), c o r r e s p o n d e n t e à f o n n a linearizada d a
i s o t e r m a d e F r e u n d i i c h . N a T A B . 4 . 1 5 são a p r e s e n t a d o s o s parâmetros ap e bp e o s
r e s p e c t i v o s c o e f i c i e n t e s d e con-elação r^, c a l c u l a d o s c o m b a s e n a linearização d o s
d a d o s d e equilíbrio d e adsorção d o s m e t a i s pela turi'a F E .
3,0
2,5-
1»-'
2,0-
1,5-
O-
C
1,0-
0,5-
0,0
->—\—'—I—'—r —T—'—1—'—I—'—1—I—I—'—I—I—r
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
InC
e
F I G U R A 4 . 1 1 -CIds o t e r m aCsu d e
» F r eNi
u n dAl i c h l i n e a r i z a d a s .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 89
T A B E L A 4 . 1 5 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e Freundlich.
Metal bp
D)
O- 10-
r
100 150 200
C^(mg.L")
F I G U R A 4.12 - Isotermas d e L a n g m u i r linearizadas.
C d • C u • Ni A
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 90
T A B E L A 4 . 1 6 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e L a n g m u i r .
SL K
Metal
(L.g-^) (mg.g') (kJ.mol')
S e n d o a s s i m , a fraca correlação d o s d a d o s s e g u n d o o m o d e l o F r e u n d i i c h
p o d e s e r o b s e r v a d a e s p e c i a l m e n t e para o s m e t a i s C u e N i , por m e i o d o s v a l o r e s d e
c a l c u l a d o s r e s p e c t i v a m e n t e e m 0 , 9 0 9 5 e 0 , 9 7 5 2 ( T A B . 4.15). O m e l h o r ajuste
o b s e r v a d o para o C d (0,9909) p o d e t e r s i d o o b t i d o j u s t a m e n t e e m v i r t u d e d a
inexistência d o p a t a m a r d e saturação n o e x p e r i m e n t o realizado c o m e s t e m e t a l ( F I G .
4.10).
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 91
A b o a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o a equação d e
L a n g m u i r , p o d e s e r verificada p e l o s v a l o r e s d e maiores que 0,995 (TAB. 4.16). N a
F I G . 4 . 1 3 , o ajuste p o d e s e r o b s e r v a d o pelo gráfico d o s d a d o s d e equilíbrio ( T A B .
4 . 1 4 ) e d a s isotermas construídas t o m a n d o - s e c o m o b a s e o s v a l o r e s d e a i e K ( T A B .
4.16).
T—'—I—'—I—'—I—'—I—'—r
100 120 140 160 180 200
D e a c o r d o c o m a s hipóteses f o r m u l a d a s p e l o m o d e l o d e L a n g m u i r , o
fenômeno d e interação e n t r e o s m e t a i s e a t u r f a F E p o d e s e r c a r a c t e r i z a d o p e l a
adsorção q u i m i c a c o m a formação d e m o n o c a m a d a d o a d s o r b a t o s o b r e u m número
definido d e sítios n a superfície d o a d s o r v e n t e ( i t e m 2 . 3 . 4 . 2 ) . Além d i s s o , c a d a sítio
pode acomodar somente u m a entidade adsorvida e a energia d a entidade adsorvida
é a m e s m a e m t o d o s o s sítios d a superfície e não d e p e n d e d e o u t r a s e n t i d a d e s
a d s o r v i d a s n o s sítios v i z i n h o s .
T A B E L A 4 . 1 7 - C a p a c i d a d e s d e adsorção d e d i f e r e n t e s t i p o s d e turfa.
TURFA Condições (mg.g') Referência
(origem) Cd Cu Ni
Nova Zelândia pH 4,5; 25°C - 12,66 9,71 HO et al., 2002
não especificada pH 4,5; 20°C 21,13 18,05 - MCKAY & PORTER, 1997
França
pH > 4,0 20,23 12,07 11,15 GÖSSET eía/.,1986
(tratada; eutrófica)
França
pH > 3,6 22,49 12,07 11,7 GÖSSET eí a/., 1986
(tratada; oligotrófica)
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 93
O s e x p e r i m e n t o s r e a l i z a d o s e m leito fixo f o r a m d i m e n s i o n a d o s a t e n d e n d o
a a l g u m a s condições práticas i m p o s t a s pelo a r r a n j o e x p e r i m e n t a l a d o t a d o e para q u e
se p u d e s s e o b t e r u m m e l h o r a p r o v e i t a m e n t o d o s r e s u l t a d o s . D e n t r e o s a s p e c t o s
m a i s i m p o r t a n t e s l e v a d o s e m consideração p o d e m s e r c i t a d o s : a s dimensões d a
c o l u n a utilizada; o v o l u m e d e turfa e m p a c o t a d o n a c o l u n a ; a c a p a c i d a d e teórica
d a turfa F E d e t e r m i n a d a p a r a o N i e m 8 , 0 8 m g . g ^ e a concentração d a s soluções d e
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 94
Ni d a o r d e m d e g r a n d e z a d a s utilizadas n o s e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a para q u e s e
pudesse comparar o d e s e m p e n h o e m ambos os sistemas.
T A B E L A 4 . 1 8 - Concentração d e Ni n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a e m p a c o t a d a
c o m 1 5 m L d e turfa F E . (Co = S O m g . L ' ' )
O
o
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
V{mL)
F I G U R A 4 . 1 4 - C u r v a d e retenção d e Ni e m
coluna e m p a c o t a d a c o m 15 m L d e turfa F E .
C^=50mg.L^
P o d e - s e o b s e r v a r p e l o t i p o d a c u r v a S e pelo v a l o r máximo d e C / Co
o b t i d o e m 0 , 6 1 n a F I G . 4 . 1 4 , q u e a s condições p r e e s t a b e l e c i d a s d e concentração
inicial d a solução d e Ni (50mg.L"^) e v o l u m e d e turfa utilizado ( 1 5 m L ) , não f a v o r e c e u
a construção d a curva d e breakthrough. Além d i s s o , verificou-se q u e alíquotas d a s
soluções e f l u e n t e s d e v o l u m e s m a i o r e s q u e o s c o l e t a d o s ( 2 5 m L ) p o d e r i a m t e r sido
c o l e t a d a s para caracterizar s a t i s f a t o r i a m e n t e o c o m p o r t a m e n t o d a retenção d o N i ,
s e m q u e h o u v e s s e a n e c e s s i d a d e d a geração d e u m g r a n d e número d e a m o s t r a s
p a r a isso.
S e n d o a s s i m , c o n f o r m e d e s c r i t o n o i t e m 3 . 6 . 3 . 1 , p a r a a construção d a
c u r v a d e breakthrough, foi utilizada u m a solução d e concentração inicial (Co) d e
lOOmg.L'^ d e Ni, u m v o l u m e d e t u r f a (Wu^fe) n a c o l u n a d e l O m L e alíquotas d e 5 0 m L
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 96
c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a c o l u n a . N a T A B . 4 . 1 9 são a p r e s e n t a d a s a s concentrações
d a s soluções c o l e t a d a s d o efluente d a c o l u n a e m função d o v o l u m e d e solução
p e r c o l a d o , e n a F I G . 4 . 1 5 é a p r e s e n t a d a a c u r v a d e breakthrough o b t i d a n e s t a s
condições.
1,0
-
0,9
• • • •
0,8 •
0,7 y
O
0,6 -
0,5
/
/
Ü •
0,4
0,3 • /
•
0,2 breakpoint
: /
0,1
0,0
: L
o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
VimL)
F I G U R A 4.15 - C u r v a d e breakthrough.
C = lOOmg.L'
N e s t e t r a b a l h o , o v o l u m e d e breakthrough f o i d e t e r m i n a d o gráficamente n a
F I G . 4 . 1 5 e m 2 3 0 m L . A c a p a c i d a d e d e saturação d a turfa F E e m c o l u n a , o u
c a p a c i d a d e d e breakthrough, foi calculada pela equação (2.28) e m 9,47mg.g'^:
N o s p r o c e s s o s e m b a t e l a d a , d e v i d o a o equilíbrio e s t a b e l e c i d o entre a s
f a s e s líquida e sólida, s o m e n t e u m a fração d o s o l u t o é a d s o r v i d a , p e r m i t i n d o a
utilização parcial d a c a p a c i d a d e d o a d s o r v e n t e .
N a r e a l i d a d e , e x i s t e m a l g u n s c a s o s e m q u e a operação d o p r o c e s s o e m
batelada é m a i s v a n t a j o s a c o m o , por e x e m p l o , e m p r o c e s s o s d e t r o c a iónica, q u a n d o
o i o n liberado d a resina é c o n t i n u a m e n t e r e m o v i d o d a solução p o r precipitação o u
pela formação d e o u t r o s u b p r o d u t o estável q u e não interfira n o p r o c e s s o d e troca
( W E B E R , 1972).
O u t r a v a n t a g e m o b t i d a d a f o r m a d e c o n t a t o e n t r e a solução p e r c o l a d a e o
a d s o r v e n t e n a operação d o p r o c e s s o e m leito fixo, r e f e r e - s e á e c o n o m i a d e
reagentes utilizados p a r a regeneração d o a d s o r v e n t e .
T A B E L A 4 . 2 0 - Concentração d e Ni n a s soluções e f l u e n t e s d a
c o l u n a e m função d o v o l u m e d e solução d e eluição ( H C l 1,Omol.L'^).
1800-r
1600-
1400-
1200-
LI
1000-
d)
E, 8 0 0 -
O •
600-
400-
200-
0-
300
V{mL)
F I G U R A 4 . 1 6 - C u r v a d e eluição d o Ni d a c o l u n a d e t u r f a F E .
N a F I G . 4 . 1 6 p o d e - s e o b s e r v a r q u e o Ni a d s o r v i d o à turfa F E foi e l u i d o
satisfatoriamente pela solução d e ácida utilizada. Concentrações d o efluente
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 100
Ciclo % Recuperação
1 100,5
2 99,2
3 100,8
4 97,8
5 102,6
6 97,2
7 96,4
8 101,0
9 98,8
10 98,8
A recuperação d o Ni f o i m a n t i d a q u a n t i t a t i v a , a c i m a d e 9 6 % , n o s d e z ciclos
e s t u d a d o s ( T A B 4.21), r e s u l t a n d o e m u m a p o r c e n t a g e m d e recuperação média d e
99,3±1,9% d o m e t a l .
D o ponto d e vista a m b i e n t a l , o s r e s u l t a d o s a p r e s e n t a d o s n a T A B . 4 . 2 1
d e v e m s e r d e s t a c a d o s c o m o u m a s p e c t o p o s i t i v o n o d e s e n v o l v i m e n t o d a tecnología
T A B E L A 4 . 2 2 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d o Ni p r e s e n t e n a
solução d o efluente p e l a turfa F E (Co = 50,2mg.L'').
f (min)
F I G U R A 4 . 1 7 - Cinética d e adsorção d o Ni d a solução d o efluente pela turfa F E .
A s i m i l a r i d a d e v e r i f i c a d a e n t r e o s v a l o r e s de k, h e qe n a s T A B . 4 . 2 4 e 4 . 2 3
p o d e s e r d e s t a c a d a c o m o u m indicativo d a coerência d a utilização d a s equações d a
T A B . 4.13 p a r a p r e d i z e r o c o m p o r t a m e n t o d a adsorção d o s m e t a i s pela turfa.
A s diferenças v e r i f i c a d a s e n t r e o s v a l o r e s n a s t a b e l a s são e s p e r a d a s
t e n d o e m vista a s características químicas d o e f l u e n t e ( T A B . 3.4). Este a s p e c t o fica
m a i s e v i d e n t e para a concentração d e equilibrio qe, c a l c u l a d a e m 4 , 8 9 2 6 m g . g n a
T A B . 4.23, inferior à e s t i m a d a e m 5,640mg.g"^ n a T A B . 4 . 2 4 . N e s t e c a s o é e s p e r a d o
q u e a competição e n t r e o N i e o u t r a s substâncias p r e s e n t e s n o e f l u e n t e , pelos sitios
de adsorção, resulte n a redução d a c a p a c i d a d e d a turfa p a r a o m e t a l .
T A B E L A 4 . 2 5 - D a d o s d e e q u i l i b r i o d e adsorção d o N i p r e s e n t e n a solução d o
e f l u e n t e pela turfa F E .
K -AGads
Metal
(L.g') {L.mg-') (mg.g"') (kJ.moi')
T A B E L A 4 . 2 7 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a
c o l u n a d e turfa F E e m função d o v o l u m e d e efluente p e r c o l a d o .
0 0,00 0,000
100 0,02 0,000
200 0,01 0,000
250 0,35 0,007
300 2,05 0,041
350 6,40 0,127
400 12,45 0,248
450 17,75 0,354
500 21,40 0,426
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 107
O
o
V{mL)
F I G U R A 4.19 - Adsorção d o Ni d a solução d o efluente e m coluna.
CQ=50,2mg.L"'
D e a c o r d o c o m o s A r t i g o s 18 e 19-A, D e c r e t o 8 4 6 8 d a Legislação E s t a d u a l
(CETESB, 1991), os quais definem os valores máximos permitidos das
concentrações d e m e t a i s e o u t r a s substâncias e m e f l u e n t e s para lançamento e m
c o r p o s r e c e p t o r e s e n a rede d e e s g o t o , para o N i , e m a m b o s o s c a s o s este v a l o r é
limitado e m 2 , 0 m g . L ^ S e n d o a s s i m , p o r questões d e segurança, o p t o u - s e p o r
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 108
d i m e n s i o n a r o t r a t a m e n t o p a r a 2 5 0 m L d e e f l u e n t e , o q u e resultaria e m u m a
concentração b e m inferior d e Ni n o efluente d a c o l u n a .
F i n a l m e n t e , n a simulação d o t r a t a m e n t o d o e f l u e n t e , f o r a m a v a l i a d o s o s
m e s m o s parâmetros e s c o l h i d o s p a r a a s u a caracterização ( T A B . 3.4): teor d e N i , p H ,
condutividade, cor aparente, turbidez, sólidos e m suspensão, sólidos totais
d i s s o l v i d o s , t e o r d e s u l f a t o e d e m a n d a q u i m i c a d e oxigênio. A T A B . 4 . 2 8 a p r e s e n t a
o s r e s u l t a d o s d a caracterização d o efluente o b t i d o s a n t e s ( e f l u e n t e bruto) e após a
percolação p e l a c o l u n a d e turfa F E (efluente t r a t a d o ) .
T A B E L A 4 . 2 8 - T r a t a m e n t o d o efluente e m c o l u n a d e t u r f a F E .
EFLUENTE
Parâmetro
BRUTO TRATADO
V{mL) 250 250
Ni ( m g . L ' ) 50,2 ±0,1 0,04 ± 0,00
pH 6,0 ±0,1 2,8 ±0,1
Condutividade (|iS) 239 ± 2 738 ±12
Cor aparente ( m g . L ' PtCo) 32 ± 1 27 ± 0
Turbidez (UNT) 2,0 ±0,0 1,0 ±0,0
SS ( m g . L ' ) 4±0 0±0
STD ( m g . L ' ) 111 ± 0 340 ± 4
Sulfato ( m g . L ' ) 79 ± 1 73 ± 3
DQO ( m g . L ' ) 78 + 1 33 ±1
A redução d o v a l o r p H o b s e r v a d a n a T A B . 4 . 2 8 já e r a e s p e r a d a , u m a v e z
q u e , c o n f o r m e s u g e r i d o p e l o s m e c a n i s m o s d e interação d e m e t a i s c o m a turfa (item
2.3.2), a adsorção d o s i o n s Ni^"^ s e dá p r e f e r e n c i a l m e n t e m e d i a n t e a substituição
pelos ions H"^ d o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s substâncias húmicas. O s a u m e n t o s d o s
valores de condutividade e , conseqüentemente d e sólidos totais dissolvidos,
f o r n e c e m a indicação d e q u e , além d a substituição p e l o s i o n s H * , o p r o c e s s o d e
adsorção d o N i p o d e também s e r a c o m p a n h a d o d a substituição p o r outros íons
p r e s e n t e s na superfície d a t u r f a , c o m o o Na"^, Ca^"^, Mg^^, Fe^^, e outros.
B a s e a d o n o s r e s u l t a d o s obtidos p o d e - s e a f i r m a r q u e o s p r o c e s s o s d e
retenção d o Ni d a solução d o efluente e d e regeneração d a turfa F E f o r a m
verificados d e f o r m a satisfatória e e f i c a z no t r a t a m e n t o a p l i c a d o .
CAPITULO 5
5. CONCLUSÕES
A separação granulométrica e n t r e 0 , 1 2 5 e 2 , 0 0 m m a p l i c a d a n o t r a t a m e n t o
d a t u r f a F E m e l h o r o u s u a s condições hidrodinámicas p a r a utilização e m s i s t e m a s e m
leito f i x o .
A b o a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o o m o d e l o cinético d e
pseudo-segunda ordem utilizado foi verificada por meio d o s coeficientes d e
correlação (/^) obtidos s u p e r i o r e s a 0 , 9 9 . O a j u s t e d o s d a d o s d e a c o r d o c o m a
equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m f o i t e s t a d o s e m q u e f o s s e verificada a b o a
correlação n e s t e c a s o .
t e n d o e m v i s t a a c o m p l e x i d a d e d a s u p e r f i c i e d a t u r f a , a possibilidade d a participação
d e m a i s d e u m m e c a n i s m o a g i n d o s i m u l t a n e a m e n t e c o m o limitante d o p r o c e s s o .
O s e s t u d o s d e adsorção d e N i r e a l i z a d o s c o m u m a solução p r e p a r a d a d e
um efluente industrial e m batelada revelaram comportamento semelhante ao
verificado n o s e s t u d o s realizados c o m m e t a l e m solução a q u o s a , n o s q u a i s a cinética
CONCLUSÕES - 113
foi b e m r e p r e s e n t a d a p e l o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e o s d a d o s d e
equilibrio f o r a m b e m a j u s t a d o s d e a c o r d o c o m a equação d e L a n g m u i r .
A c a p a c i d a d e teórica d e saturação d a t u r f a F E f o i d e t e r m i n a d a p o r m e i o
d a s i s o t e r m a s e m 6 , 2 5 m g . g ' \ o u seja, 2 2 , 6 % inferior à c a p a c i d a d e d e saturação
d e t e r m i n a d a p a r a a adsorção d o m e t a l e m solução a q u o s a (8,08mg.g~^).
N a simulação d e u m p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o d a solução d o e f l u e n t e
e s t u d a d o , foi v e r i f i c a d a a redução d e m a i s d e 9 9 , 9 % d o t e o r d e Ni, além d a redução
total d o t e o r d e sólidos e m suspensão, d e 1 6 % d a c o r a p a r e n t e e d e 58% d a D Q O .
A m b a s a s equações d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e a i s o t e r m a d e L a n g m u i r ,
utilizadas p a r a r e p r e s e n t a r a adsorção d o s m e t a i s p e l a turfa e s t u d a d a , além d e
f o r n e c e r e m indicações s o b r e a adsorção química c o m o m e c a n i s m o limitante e
p r e d o m i n a n t e n o p r o c e s s o , c o n s t i t u e m u m a i m p o r t a n t e f e r r a m e n t a para aplicações
práticas d e d i m e n s i o n a m e n t o d e s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o utilizando a turfa.
C o m relação a o e s t u d o d a aplicação d o m a t e r i a l , o u t r o a s p e c t o a s e r
s u g e r i d o seria o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m p r o d u t o á b a s e d e t u r f a , p r o c e s s a d o por
m e i o , p o r e x e m p l o , d a peletização d o m a t e r i a l p a r a a obtenção d e u m a d s o r v e n t e
c o m características granulométricas m a i s u n i f o r m e s , e d a ativação química o u
térmica para q u e s e a u m e n t e s u a c a p a c i d a d e d e adsorção. D e s s a f o r m a , c o m o
resultado d e s t e p r o c e s s a m e n t o d a turfa, seria o b t i d o u m p r o d u t o nacional c o m
m e l h o r e s condições p a r a s e r c o m e r c i a l i z a d o e m a i s v a n t a g e n s p a r a c o m p e t i r c o m
o u t r o s p r o d u t o s similares e x i s t e n t e s n o m e r c a d o .
115
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