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AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AVALIAÇÃO CINÉTICA E DE EQUILÍBRIO DO PROCESSO


DE ADSORÇÂO DOS ÍONS DOS METAIS CADMIO,
COBRE E NÍQUEL EM TURFA

SÉRGIO LUIS GRACIANO PETRONI

Tese apresentada como parte dos


requisitos para obtenção do Grau de
Doutor em Ciências na Área de
Tecnologia Nuclear-Aplicações.

Orientadora:
Dra. Maria Aparecida Faustino Pires

São Paulo
2004
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES
Autarquia associada à Universidade de São Paulo

AVALIAÇÃO CINÉTICA E DE EQUILÍBRIO DO


PROCESSO DE ADSORÇÃO DOS ÍONS DOS METAIS
CADMIO, COBRE E NÍQUEL EM TURFA

SERGIO LUIS GRACIANO PETRONI i


V,'

o /

Tese apresentada como parte dos


requisitos para obtenção do Grau
de Doutor em Ciências na Área de
Tecnologia Nuclear - Aplicações

Orientador:
• r a Maria Aparecida Faustino Pires

São Paulo
2004
exemplar corrigido pelo autor
À Âna, c o m p a n h e i r a d e t o d o s o s
momentos, pela torcida, incentivo e
principalmente pelo o a m o r q u e n o s une.

A o s m e u s pais Maria Cecília e José Cláudio


e a o s m e u s avós L u v i n a e José.
D e v o t u d o a vocês!
AGRADECIMENTOS

A o Instituto d e P e s q u i s a s Energéticas e N u c l e a r e s e a o C e n t r o d e Química


e M e i o A m b i e n t e pela o p o r t u n i d a d e d e realização d e s t e t r a b a l h o .

À D r a . M a r i a A p a r e c i d a F a u s t i n o Pires p e l a orientação, a m i z a d e , pelo


incentivo tão i m p o r t a n t e n o s m o m e n t o s d e difíceis, d e m o n s t r a d o s e m p r e através d o
seu e x e m p l o d e o t i m i s m o , e p e l a confiança d e p o s i t a d a i n c o n d i c i o n a l m e n t e n o m e u
potencial d e t r a b a l h o .

À C A P E S e à F A P E S P ( P r o c e s s o N.° 0 1 / 0 1 2 0 7 - 0 ) , pelo auxilio financeiro.

À e m p r e s a F L O R E S T A L S.A., a o Dr. A l o i s i o Strüpp e a o E n g e n h e i r o


A m i l c a r F e r r e i r a , p o r t e r e m c e d i d o a s a m o s t r a s d e turfa e pela recepção a t e n c i o s a
nas visitas técnicas e n o f o r n e c i m e n t o d a s informações s o b r e a turfeira.

A o s c o l e g a s E n g e n h e i r o s André Luis d e Oliveira S a n t o s e Kleber Luis


Bulgarelli p e l a amizade criada d a n o s s a convivência e pela colaboração n a
realização d o s e x p e r i m e n t o s e n a s discussões d o s r e s u l t a d o s , c o m o parte d e s e u s
trabalhos d e iniciação cientifica.

Ao Dr. C a s i m i r o Sepúlveda Munita pela amizade, pelo apoio nos


e x p e r i m e n t o s c o m traçadores radioativos e p e l a v a l i o s a contribuição n a s publicações
e n a s sugestões para o t r a b a l h o .

A o s a m i g o s d o Laboratório d e Análise p o r Ativação Neutrônica d o C e n t r o


do R e a t o r d e P e s q u i s a s pela a j u d a e s u p o r t e técnico.

À M S c M a r y c e l E. B. C o t r i m , à D r a . E l i z a b e t h S. K. D a n t a s e a o Técnico
Elias S a n t a n a d a Silveira p e l a s análises d e m e t a i s p o r espectrometría d e emissão
óptica e d e absorção atômica.

A t o d o s o s a m i g o s d o C e n t r o d e Química e M e i o A m b i e n t e d o I P E N ,
funcionários, a l u n o s e e x - a l u n o s , e m e s p e c i a l à Lídia, M a r i a , D a n i e l , Elias, M a r c o s e
E m y por t e r e m c r i a d o d a n o s s a convivência, f o r t e s laços d e a m i z a d e .
A o Químico R e g i n a l d o Ferraz pela a m i z a d e a t e n c i o s a e pela colaboração
f u n d a m e n t a l n a s visitas às indústrias d e g a l v a n o p l a s t i a .

Ao amigo Geólogo M S c José Guilherme Franchi pela ajuda n a s


interpretações d o s t e r m o s geológicos e, p r i n c i p a l m e n t e , p e l a s edificantes discussões
cientificas s o b r e a turfa a o l o n g o d e s s e s a n o s d e t r a b a l h o .

À Divisão d e M a t e r i a i s d o C e n t r o Técnico A e r o e s p a c i a l , e m e s p e c i a l a o s
E n g e n h e i r o s M S c P e d r o P a u l o d e C a m p o s e M S c D a l c y R o b e r t o d o s S a n t o s pelo
i m p o r t a n t e a p o i o e i n c e n t i v o p a r a a conclusão d o t r a b a l h o .

A o s a m i g o s d e t r a b a l h o d o Laboratório d e Análises Químicas d a Divisão


d e Materiais p e l a n o s s a a l e g r e convivência e p e l o a p r e n d i z a d o a d q u i r i d o n e s s a
m i n h a n o v a c a s a . G o s t a r i a d e a g r a d e c e r a o s Técnicos Júlio César d o s S a n t o s ,
D i m a s F o r t u n a t o e, e m e s p e c i a l , à Roseli d e Fátima C a r d o s o e C a r l o s E d u a r d o d e
Brito pelas análises d e níquel p o r absorção atômica, a o R u i d e Araújo Ribeiro p e l a s
análises d e determinação d e sílica, e á E l i z a b e t h Salgado pela ajuda na
caracterização d a turfa.

À m i n h a tia A n a M a r i a pelas sugestões i n t e l i g e n t e s e p r i n c i p a l m e n t e pela


f o r m a c a r i n h o s a c o m o m e incentiva n a m i n h a c a r r e i r a , e a o m e u p r i m o Rogério,
a m i g o d e s e m p r e , p e l a c a l o r o s a recepção e m s u a c a s a n a s m i n h a s férias tão
necessárias a n t e s d o início d a redação d e s t e t r a b a l h o .

A o m e u irmão Piti, m i n h a c u n h a d a T a n i s e e m e u a f i l h a d o A l i a n , q u e s e m p r e
q u a n d o precisei s o u b e r a m t r a n s f o r m a r , c o m t o d o t a l e n t o , m e u s dias d e cansaço e m
d i a s d e festa e m u i t a a l e g r i a .

A o s m e u s s o g r o s V e r a e J a m e s pelo a p o i o e p e l a força a c o l h e d o r a q u e
s e m p r e m e d e r a m , p a r t i c i p a n d o d e perto d o s m e u s m o m e n t o s d e alegria e também
d o s d e dificuldade.

A t o d o s o s a m i g o s q u e m e a c o m p a n h a r a m n e s s a j o r n a d a e contribuíram
direta o u i n d i r e t a m e n t e p a r a a realização d e s t e t r a b a l h o , m u i t o o b r i g a d o !
AVALIAÇÃO CINÉTICA E DE EQUILÍBRIO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO DOS
ÍONS DOS METAIS CADMIO, COBRE E NÍQUEL EM TURFA

SÉRGIO LUIS GRACIANO PETRONI

RESUMO

N e s t e t r a b a l h o f o i e s t u d a d a a adsorção d o s ions d o s m e t a i s c a d m i o , cobre


e niquel e m solução p o r u m a turfa n a c i o n a l , p r o v e n i e n t e d o E s t a d o d e S a n t a
C a t a r i n a . Inicialmente foi r e a l i z a d a a caracterização física e química d a turfa d e
a c o r d o c o m parâmetros r e l a c i o n a d o s a o s e u e l e v a d o teor d e matéria orgânica e à
s u a aplicação c o m o material a d s o r v e n t e . O s e s t u d o s d e adsorção d o s m e t a i s e m
soluções a q u o s a s f o r a m c o n d u z i d o s p o r m e i o d a a b o r d a g e m cinética e d e equilíbrio
d o p r o c e s s o . A cinética d e adsorção foi e s t u d a d a e m e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a e m
diferentes v a l o r e s d e concentração inicial. O s resultados obtidos foram bem
a j u s t a d o s a u m m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . Equações empíricas f o r a m
desenvolvidas baseando-se no modelo cinético para p r e d i z e r o aumento da
concentração d o s m e t a i s n a turfa c o m o t e m p o e m s i s t e m a s e m b a t e l a d a . O s d a d o s
o b t i d o s d o s e x p e r i m e n t o s d e equilíbrio f o r a m b e m c o r r e l a c i o n a d o s s e g u n d o a
equação d e L a n g m u i r . A f o r m a linearizada d a s i s o t e r m a s o b t i d a s permitiu a
determinação d a s c a p a c i d a d e s teóricas d e saturação d a turfa p a r a o s metais
e s t u d a d o s . A indicação d a interação e n t r e o s íons d o s m e t a i s e a turfa c a r a c t e r i z a d a
p e l a adsorção química foi o b s e r v a d a e m a m b o s o s e s t u d o s cinético e d e equilíbrio. A
adsorção d e níquel pela turfa e m leito fixo f o i e s t u d a d a m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s e m
c o l u n a para a construção d a c u r v a s d e breakthrough e eluição. N e s s e c a s o , f o r a m
verificadas a retenção q u a n t i t a t i v a d o m e t a l n a s c o l u n a s d e turfa e s u a subseqüente
eluição pela percolação d e solução d e ácido clorídrico. A recuperação eficaz d o
m e t a l adsorvido e a conseqüente regeneração d a turfa f o r a m o b s e r v a d a s por meio
d e e x p e r i m e n t o s r e a l i z a d o s e m ciclos d e adsorção e eluição. N a simulação d e u m
t r a t a m e n t o d e u m a solução d e u m e f l u e n t e industrial e m c o l u n a d e t u r f a foi verificada
a retenção quantitativa d o níquel d o e f l u e n t e , além d a redução d o s t e o r e s d e sólidos
e m suspensão, c o r a p a r e n t e e d e m a n d a química d e oxigênio.
KINETIC A N D EQUILIBRIUM EVALUATION OF THE ADSORPTION PROCESS OF
CADMIUM, COPPER AND NICKEL METAL IONS ON PEAT

SÉRGIO LUIS GRACIANO PETRONI

ABSTRACT

In this w o r k t h e a d s o r p t i o n o f c a d m i u m , copper a n d nickel m e t a l ions in


s o l u t i o n w a s s t u d i e d o n a Brazilian peat, f r o m S a n t a Catarina state. Initially, c h e m i c a l
a n d physical c h a r a c t e r i z a t i o n o f t h e p e a t w a s p e r f o r m e d a c c o r d i n g t o p a r a m e t e r s
r e l a t e d to its high organic c o n t e n t a n d t o its application a s a n a d s o r b e n t m a t e r i a l . T h e
a d s o r p t i o n studies of m e t a l s in a q u e o u s solution w e r e carried o u t b y t h e kinetic a n d
e q u i l i b r i u m a p p r o a c h of t h e p r o c e s s . Kinetics o f a d s o r p t i o n w a s s t u d i e d in b a t c h
e x p e r i m e n t s at different initial c o n c e n t r a t i o n s . T h e results o b t a i n e d w e r e w e l l fitted to
a pseudo-second order m o d e l . E m p i r i c a l e q u a t i o n s w e r e d e v e l o p e d b a s e d o n
p a r a m e t e r s of the kinetic m o d e l t o predict the i n c r e a s e o f metal c o n c e n t r a t i o n o n peat
w i t h t i m e in b a t c h s y s t e m s . T h e d a t a o b t a i n e d f r o m t h e equilibrium e x p e r i m e n t s w e r e
w e l l correlated a c c o r d i n g to t h e L a n g m u i r e q u a t i o n . T h e linearized f o r m o f t h e
i s o t h e r m s p e r m i t t e d t h e d e t e r m i n a t i o n o f t h e theoretical saturation c a p a c i t y o f t h e
p e a t f o r t h e s t u d i e d m e t a l s . T h e i n d i c a t i o n o f t h e interaction b e t w e e n t h e m e t a l ions
a n d p e a t c h a r a c t e r i z e d b y c h e m i c a l a d s o r p t i o n w a s o b s e r v e d in b o t h kinetic a n d
e q u i l i b r i u m studies. T h e a d s o r p t i o n o f nickel o n peat in fixed b e d w a s s t u d i e d in
c o l u m n e x p e r i m e n t s for t h e c o n s t r u c t i o n o f b r e a k t h r o u g h a n d elution c u r v e s . In this
c a s e , t h e quantitative retention of m e t a l in peat c o l u m n s w a s verified a s w e l l a s its
s u b s e q u e n t elution by t h e p e r c o l a t i o n of h y d r o c h l o r i c acid s o l u t i o n . T h e effective
r e c o v e r y of t h e a d s o r b e d m e t a l a n d t h e c o n s e q u e n t regeneration o f t h e peat w e r e
o b s e r v e d t h r o u g h e x p e r i m e n t s p e r f o r m e d in c y c l e s of adsorption a n d e l u t i o n . In a
simulation of treatment of a n industrial effluent solution in p e a t c o l u m n , t h e
q u a n t i t a t i v e retention of t h e nickel o f t h e effluent w a s verified. B e s i d e s , t h e r e d u c t i o n
of c o n c e n t r a t i o n s of s u s p e n d e d solids, a p p a r e n t color a n d c h e m i c a l o x y g e n d e m a n d
w a s also o b s e r v e d .
III

SUMARIO

1 . INTRODUÇÃO 1
1.1 MOTIVAÇÃO E J U S T I F I C A T I V A S P A R A A REALIZAÇÃO D O T R A B A L H O . . . . 3
1.2 O B J E T I V O S 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
2.1 T U R F A 6
2.1.1 APLICAÇÕES 7
2.1.2 A T U R F A N O B R A S I L 9
2.2 U S O D A T U R F A N O T R A T A M E N T O D E ÁGUAS RESIDUÁRIAS 12
2.3 E S T U D O S D E ADSORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A 14
2.3.1 ADSORÇÃO ( W E B E R , 1972) 14
2.3.2 A S P E C T O S FÍSICO-QUÍMICOS D A ADORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A . . . 1 5
2.3.3 CINÉTICA D E ADSORÇÃO D E M E T A I S E M T U R F A 18
2.3.3.1 EQUAÇÃO D E P S E U D O - P R I M E I R A O R D E M 19
2.3.3.2 EQUAÇÃO D E P S E U D O - S E G U N D A O R D E M ( H O & M C K A Y , 2 0 0 0 ) 21
2.3.4 EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO D E M E T A S E M T U R F A 23
2.3.4.1 I S O T E R M A D E F R E U N D L I C H 25
2.3.4.2 I S O T E R M A D E L A N G M U I R 26
2.3.5 ADSORÇÃO E M L E I T O F I X O 28
2.3.5.1 C U R V A D E S R E / \ K r H R O L / G H ( W E B E R , 1972) 29
3. M A T E R I A I S E MÉTODOS 35
3.1 E Q U I P A M E N T O S E M A T E R I A I S D E LABORATÓRIO 35
3.2 R E A G E N T E S 37
3.3 SOLUÇÕES 38
3.4 DESCRIÇÃO D A S T U R F A S U T I L I Z A D A S 39
3.5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA D A S T U R F A S 43
3.5.1 U M I D A D E 44
3.5.2 DETERMINAÇÃO D O p H 44
3.5.3 C I N Z A S 45
3.5.4 MATÉRIA ORGÂNICA 45
3.5.5 C A R B O N O ORGÂNICO 45
3.5.6 T E O R D E SÍLICA 46
3.5.7 C A P A C I D A D E D E T R O C A CATIÔNICA 47
3.5.8 T E O R D E M E T A I S 47
3.5.9 T R A T A M E N T O QUÍMICO E CARACTERIZAÇÃO D A T U R F A F E 49

crMssÂo miomi DE M R ^ A MÜCLFAR/SP-IPEM


IV

3.5.9.1 T R A T A M E N T O Q U i M I C O D A T U R F A F E 49
3.5.9.2 CARACTERIZAÇÃO D A T U R F A F E T R A T A D A 50
3.5.9.2.1 M A S S A ESPECÍFICA 50
3.5.9.2.2 M A S S A ESPECÍFICA A P A R E N T E 51
3.5.9.2.3 M A S S A ESPECÍFICA E M C O L U N A . . . . 51
3.5.9.2.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 52
3.5.9.2.5 T E O R D E M E T A I S L I X I V I A D O S N O T R A T A M E N T O ÁCIDO 53
3.6 E X P E R I M E N T O S D E ADSORÇÃO 53
3.6.1 E S T U D O CINÉTICO D E ADSORÇÃO 54
3.6.1.1 C A D M I O E NÍQUEL 55
3.6.1.2 C O B R E 56
3.6.2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO 56
3.6.3 E S T U D O S D E ADSORÇÃO D E Ni E M T U R F A E M L E I T O F I X O 57
3.6.3.1 C U R V A D E BREAKTHROUGH 58
3.6.3.2 C U R V A D E ELUIÇÃO 58
3.6.3.3 E X P E R I M E N T O S E M C I C L O S D E ADSORÇÂO E ELUIÇÃO 58
3.6.4 E S T U D O S D E ADSORÇÃO C O M SOLUÇÃO D E E F L U E N T E
INDUSTRIAL 59
3.6.4.1 E X P E R I M E N T O CINÉTICO 60
3.6.4.2 E X P E R I M E N T O D E EQUILÍBRIO 60
3.6.4.3 E X P E R I M E N T O S D E ADSORÇÃO E M L E I T O F I X O 61
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62
4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA 62
4.1.1 T U R F A S D ( d e c o m p o s t a ) , F (fibrosa) e F E (fibrosa e x t r a ) IN NATURA 62
4.1.2 T U R F A F E 68
4.2 E S T U D O S D E ADSORÇÃO 72
4.2.1 E S T U D O CINÉTICO D E ADSORÇÃO 72
4.2.2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO 86
4.2.3 E S T U D O D A ADSORÇÃO D E Ni N A T U R F A F E E M L E I T O FIXO 93
4.2.4 E S T U D O S D E ADSORÇÃO C O M SOLUÇÃO D E E F L U E N T E
INDUSTRIAL 101
5. CONCLUSÕES 110
5.1 COMENTÁRIOS F I N A I S 113
5.2 SUGESTÕES P A R A T R A B A L H O S F U T U R O S 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 115
LISTA DE TABELAS

T A B E L A 2.1 - I s o t e r m a s d e F r e u n d i i c h e L a n g m u i r utilizadas e m e s t u d o s d e
equilibrio d a adsorção d e m e t a i s e m turfa 24

T A B E L A 3.1 - P r o p r i e d a d e s d a turfa utilizada c o m o combustível 41

T A B E L A 3.2 - Programação d o f o r n o m i c r o o n d a s 48

T A B E U \ 3.3 - C o m p r i m e n t o s d e o n d a {X) e faixas l i n e a r e s d e concentrações


utilizando-se a técnica d e I C P - O E S 49

T A B E L A 3.4 - Parâmetros d e caracterização d o e f l u e n t e d e g a l v a n o p l a s t i a

diluído 60

T A B E U \ 4.1 - Caracterização física e química d a s t u r f a s D, F e F E in natura 64

TABE1_A 4.2 - Caracterização d e turfas d o S u d e s t e d o país 65

T A B E L A 4.3 - Concentração d e m e t a i s nas turfas D, F e F E in natura 67

T A B E L A 4.4 - Caracterização física d a turfa F E t r a t a d a 68

T A B E L A 4.5 - Parâmetros o b t i d o s d a s curvas granulométricas 70

T A B E L A 4.6 - Remoção d e m e t a i s d a turfa F E e m função d o t r a t a m e n t o

aplicado 71

T A B E L A 4.7 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d e C d pela turfa FE... 7 3

T A B E L A 4.8 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d e C u pela turfa FE... 7 4

T A B E L A 4.9 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d e Ni pela turfa F E 75

T A B E L A 4.10 - Parâmetros o b t i d o s d a linearização d a cinética d e adsorção d o


C d , C u e Ni pela turfa F E , d e a c o r d o c o m o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . . . 7 9
T A B E L A 4.11 - C o e f i c i e n t e s d e correlação obtidos linearização d a cinética d e
adsorção d o C u d e a c o r d o c o m a equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m 81
T A B E L A 4.12 - C o e f i c i e n t e s d e correlação obtidos d a linearização d e qtem

função d e f-^ 83

T A B E L A 4 . 1 3 - Equações d e k,qe e h e m função d e CQ 84

T A B E L A 4 . 1 4 - D a d o s d e equilíbrio d e adsorção d o s m e t a i s pela turfa F E 86

cowfssÂo \mmKi DE mímJK MUCLB\R/SP-PÍ;M


VI

T A B E L A 4.15 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e F r e u n d l i c i i 89

T A B E L A 4 . 1 6 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e L a n g m u i r 90

T A B E L A 4 . 1 7 - C a p a c i d a d e s d e adsorção d e d i f e r e n t e s t i p o s d e t u r f a 92

T A B E L A 4.18 - Concentração d e N i nas soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a


e m p a c o t a d a c o m 1 5 m L d e t u r f a F E . (Co = 50mg.L"^) 94

T A B E L A 4 . 1 9 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a
e m p a c o t a d a c o m l O m L d e turfa F E . (Co = lOOmg.L"^) 96

T A B E L A 4.20 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a e m


função d o v o l u m e d e solução d e eluição (HC11,Omol.L"^) 99

T A B E L A 4.21 - Recuperação d o Ni e m função d o número d e c i c l o s d e adsorção


e eluição e m c o l u n a 100

T A B E L A 4.22 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d o Ni d o e f l u e n t e


pela turfa F E (Co = 50,2mg.L-^) 101

T A B E L A 4.23 - Parâmetros o b t i d o s d a cinética d e adsorção d o N i d o e f l u e n t e


pela turfa F E d e a c o r d o c o m o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m 102

T A B E L A 4 . 2 4 - Parâmetros cinéticos e s t i m a d o s para adsorção d e N i e m


solução a q u o s a , c a l c u l a d o s p e l a s equações 4 . 7 a 4.9 ( T A B . 4 . 1 3 ) 103

T A B E L A 4.25 - D a d o s d e e q u i l i b r i o d e adsorção d o Ni p r e s e n t e n a solução d o


e f l u e n t e pela turfa F E 104

T A B E L A 4.26 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e L a n g m u i r 105

T A B E L A 4.27 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a d e turfa


F E e m função d o v o l u m e d e e f l u e n t e p e r c o l a d o 106

T A B E L A 4.28 - T r a t a m e n t o d o e f l u e n t e e m c o l u n a d e turfa F E 108


VII

LISTA DE FIGURAS

F I G U R A 2.1 - T i p o s d e sorção ( W E B E R , 1 9 7 2 ) 15

F I G U R A 2.2 - Molécula d e ácido húmico ( S C H U L T E N & S C H N I T Z E R , 1 9 9 3 ) 16

F I G U R A 2.3 - F o r m a s d e interação d o i o n Cu^"" c o m o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s


substâncias húmicas ( S T E V E N S O N , 1 9 9 4 ) 17

F I G U R A 2 . 4 - Representação esquemática d o m o v i m e n t o d a z o n a d e adsorção


e d a curva d e breakthrough r e s u l t a n t e d e u m p r o c e s s o e m leito fixo ( m o d i f i c a d o
de W E B E R , 1972) 30

F I G U R A 2.5 - C u r v a d e breakthrough i d e a l i z a d a ( m o d i f i c a d o d e W E B E R , 1 9 7 2 ) . . 3 2

F I G U R A 2.6 - C u r v a d e eluição 33

F I G U R A 3.1 - F o t o s d a área d a turfeira e m operação (fotos aéreas disponíveis

e m F L O R E S T A L S.A., 2 0 0 4 ) 40

F I G U R A 3.2 - T u r f a Fibrosa Extra (FE) 43

F I G U R A 3.3 - E x p e r i m e n t o s cinéticos e m b a t e l a d a 55

F I G U R A 3.4 - E x p e r i m e n t o s e m c o l u n a 57

F I G U R A 4.1 - C u r v a s granulométricas d a turfa F E 69

F I G U R A 4.2 - Cinética d e adsorção d o C d p e l a turfa F E 76

F I G U R A 4.3 - Cinética d e adsorção d o C u p e l a turfa F E 76

F I G U R A 4.4 - Cinética d e adsorção d o Ni p e l a turfa F E 77

F I G U R A 4.5 - Cinética d e adsorção l i n e a r i z a d a d o C d pela turfa F E 77

F I G U R A 4.6 - Cinética d e adsorção l i n e a r i z a d a d o C u pela turfa F E 78

F I G U R A 4.7 - Cinética d e adsorção l i n e a r i z a d a d o Ni pela turfa F E 78


F I G U R A 4.8 - Cinética d e adsorção d o C u p e l a turfa F E linearizada s e g u n d o a
equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m 81

F I G U R A 4.9 - Variação d e qt c o m t e Co p a r a a adsorção d e Ni pela turi'a F E 85

F I G U R A 4 . 1 0 - I s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s pela turi'a F E 87


VIII

F I G U R A 4 . 1 1 - I s o t e r m a s d e Freundiich l i n e a r i z a d a s 88

FIGURA 4.12 - Isotermas d e Langmuir linearizadas 89

F I G U R A 4.13 - Isotermas d e Langmuir 91

F I G U R A 4 . 1 4 - C u r v a d e retenção d e Ni e m c o l u n a e m p a c o t a d a c o m 1 5 m L d e
turfa F E 95

F I G U R A 4 . 1 5 - C u r v a d e oreaW/7fo¿7g/7 97

F I G U R A 4 . 1 6 - C u r v a d e eluição d o Ni d a c o l u n a d e turfa F E 99

F I G U R A 4 . 1 7 - Cinética d e adsorção d o N i d a solução d o e f l u e n t e pela turfa F E . . 1 0 2

F I G U R A 4 . 1 8 - I s o t e r m a s d e adsorção d o N i p e l a turfa F E 105

F I G U R A 4 . 1 9 - Adsorção d o Ni d a solução d o e f l u e n t e e m c o l u n a 107


INTRODUÇÃO - 1

CAPITULO 1

1. INTRODUÇÃO

A emissão d e e f l u e n t e s líquidos c o m t e o r e s e l e v a d o s d e m e t a i s constitui


u m a d a s p r i n c i p a i s problemáticas n o c o n t r o l e d a poluição d e c o r p o s d'água. A
aplicação d e p r o c e s s o s c o n v e n c i o n a i s d e t r a t a m e n t o p o r precipitação química p a r a a
redução d e s t e s t e o r e s , a p e s a r d o baixo c u s t o , resulta m u i t a s v e z e s e m b a i x a
eficiência ( B R O W N et ai, 2 0 0 0 ) . O i n v e s t i m e n t o e m t r a t a m e n t o s físico-químicos m a i s
eficientes, c o m o a t r o c a iónica, implica e m c u s t o s e l e v a d o s e dificuldades d e
operação ( P I V E L l , 1 9 9 7 ) .

D i a n t e d e s s a situação, o e s t u d o d a aplicação d e a d s o r v e n t e s naturais d e


baixo c u s t o n a adsorção d e m e t a i s e m solução r e p r e s e n t a u m a a b o r d a g e m prioritária
d e p e s q u i s a p a r a solução d e p r o b l e m a s a m b i e n t a i s r e l a c i o n a d o s a o t r a t a m e n t o d e
águas c o n t a m i n a d a s p o r e s s e s e l e m e n t o s .

A t u r f a é u m s e d i m e n t o orgânico f o r m a d o a partir d a decomposição parcial


da matéria v e g e t a l e m u m a m b i e n t e úmido, ácido e d e p o u c a oxigenação. É u m
material p o r o s o , a l t a m e n t e polar e c o m e l e v a d a c a p a c i d a d e d e adsorção para m e t a i s
d e transição e moléculas orgânicas polares. A f o r t e atração d a turfa pela maioria d o s
cátions d e m e t a i s e m solução d e v e - s e a o e l e v a d o t e o r d e substâncias húmicas
(ácidos húmico e fúlvico) na s u a matéria orgânica. E s s a s substâncias, também
c o n h e c i d a s c o m o polímeros naturais, são ricas e m g r u p o s funcionais c o m c a r g a s
negativas, tais c o m o ácidos carboxílicos e hidroxilas fenólicas e alcoólicas, q u e são
j u s t a m e n t e o s sítios d e adsorção d o s m e t a i s ( C O U I L L A R D , 1994).

U m a d a s p r i m e i r a s aplicações d a turfa n a remoção d e p o l u e n t e s d e águas


data d o a n o d e 1 9 3 0 , o n d e f o r a m utilizados filtros d e areia e turfa para t r a t a m e n t o d e
efluentes g e r a d o s d e p r o c e s s o s d a indústria têxtil ( H O et al., 2000). A partir daí, a
INTRODUÇÃO - 2

utilização d o m a t e r i a l p a s s o u a difundir-se p r i n c i p a l m e n t e n a E u r o p a . N o e n t a n t o ,
s o m e n t e n o s últimos v i n t e e c i n c o a n o s , e s t u d o s a c e r c a d o s fenômenos fisico-
químicos d e adsorção, b e m c o m o d a s variáveis e n v o l v i d a s n o s p r o c e s s o s d e
remoção e m c o l u n a e e m b a t e l a d a , t e m - s e intensificado p r i n c i p a l m e n t e e m p a i s e s
c o m o a C h i n a , R e i n o U n i d o e Canadá.

O Brasil p o s s u i u m a r e s e r v a d e turfa c a l c u l a d a e m 2 0 9 milhões d e m e t r o s


cúbicos distribuídos a o l o n g o d o s e u território ( F R A N C H I , 2 0 0 4 ) . N o inicio d a década
d e 8 0 , época c o r r e s p o n d e n t e a o final d a crise d o petróleo, vários e s t u d o s f o r a m
realizados d e aplicação d a t u r f a c o m o veículo energético (ELETROBRÁS, 1993).

A t u a l m e n t e , a t u r f a n a c i o n a l t e m s u a aplicação c o n s a g r a d a n a agricultura e
n a j a r d i n a g e m , c o m o f o n t e d e matéria orgânica p a r a fertilizar e m e l h o r a r a s
p r o p r i e d a d e s d o solo. N o t r a t a m e n t o d e águas residuárias, n o e n t a n t o , p o u c o s
e s t u d o s são e n c o n t r a d o s n a literatura referentes á aplicação d o m a t e r i a l c o m o
a d s o r v e n t e d e m e t a i s p e s a d o s o u d e p o l u e n t e s orgânicos.

Este t r a b a l h o t e m c o m o principal oojetivo e s t u d a r o p r o c e s s o d e adsorção


d e m e t a i s p o r u m a turfa n a c i o n a l v i s a n d o s e u p o t e n c i a l d e utilização n o t r a t a m e n t o
d e águas residuárias.

P a r t i n d o d a caracterização c o m p l e t a e t r a t a m e n t o q u i m i c o prévio d o
material, p r o v e n i e n t e d e u m a turfeira localizada a o S u l d o p a i s , f o r a m realizados
e x p e r i m e n t o s d e adsorção c o m a turfa e m c o n t a t o c o m soluções individuais d o s ions
d o s m e t a i s c a d m i o , c o b r e e n i q u e l e c o m u m a solução p r e p a r a d a d e e f l u e n t e
industrial. O s r e s u l t a d o s o b t i d o s f o r a m interpretados d o p o n t o d e vista físico-quimico
d o p r o c e s s o b a s e a n d o - s e e m parâmetros cinéticos e d e equilíbrio c o n s i d e r a d o s
imprescindíveis a o d i m e n s i o n a m e n t o d e u m s i s t e m a d e t r a t a m e n t o á b a s e d e
adsorção.
INTRODUÇÃO - 3

1.1 MOTIVAÇÃO E JUSTIFICATIVAS PARA A REALIZAÇÃO DO TRABALHO

D e s d e o início d a década d e 7 0 , a c r e s c e n t e incorporação d e m e t a i s


p e s a d o s n o m e i o a m b i e n t e v e m p r e o c u p a n d o o s órgãos a m b i e n t a i s d e d i v e r s o s
países c o m relação a o s e f e i t o s p r o v o c a d o s p o r e s s a s substâncias n o s s e r e s
h u m a n o s e nos e c o s s i s t e m a s aquáticos.

M u i t o s m e t a i s são e s s e n c i a i s à v i d a n a T e r r a . O u t r o s m e t a i s não e x e r c e m
n e n h u m a função c o n h e c i d a n o c i c l o biológico. E m a m b o s o s c a s o s , e m situações
n a s q u a i s a s concentrações d o s m e t a i s e x c e d e m o s níveis n a t u r a i s , p o d e - s e p a s s a r
d e u m a condição m e r a m e n t e tolerável p a r a u m q u a d r o d e t o x i c i d a d e a g u d a , c o m
efeitos sobre os seres h u m a n o s e outros organismos ( T A V A R E S & C A R V A L H O ,
1992).

O cádmio, p o r e x e m p l o , a p r e s e n t a efeito tóxico a g u d o c o n c e n t r a n d o - s e


nos rins, fígado, pâncreas e n a tireóide. O c o b r e pode causar distúrbios
g a s t r i n t e s t i n a i s , e o níquel é tóxico a p e i x e s e plantas, além d e s e r c o n s i d e r a d o u m
e l e m e n t o p o t e n c i a l m e n t e carcinogênico ( S E I L E R & S I G E L , 1 9 8 8 ) .

Na tentativa d e s e c o n t r o l a r a s emissões d e s t e s p o l u e n t e s , v i s a n d o a
preservação d o s c o r p o s d'água, v a l o r e s máximos permissíveis d e concentrações d e
m e t a i s e outras substâncias n o s e f l u e n t e s são e s t a b e l e c i d o s p e l a legislação d e
a c o r d o c o m s u a utilização.

A t u a l m e n t e , o Brasil dispõe d a s Legislações E s t a d u a i s ( D e c r e t o 8 4 6 8 ,


A r t i g o 18 e 19-A) e F e d e r a l ( C O N A M A N.° 2 0 , A r t i g o 2 1 ) p a r a o lançamento d e
e f l u e n t e s líquidos nos c o r p o s r e c e p t o r e s ( C E T E S B , 1 9 9 1 ) , além d a Portaria N.° 1469
do MINISTÉRIO D A SALJDE (2001), para o estabelecimento d o padrão d e
p o t a b i l i d a d e d e águas d e s t i n a d a s a o c o n s u m o h u m a n o .

G r a n d e parte d a s t e c n o l o g i a s e x i s t e n t e s p a r a a remoção d e m e t a i s d e
e f l u e n t e s d e s e n v o l v e u - s e b a s e a d a n a s n e c e s s i d a d e s d a s indústrias e e m p r e s a s d e
s a n e a m e n t o e m atender a e s s e s t i p o s d e n o r m a s legais.

N o Brasil, a precipitação química t e m sido a técnica c o m u m e n t e aplicada


p a r a remoção d e m e t a i s p r i n c i p a l m e n t e n a s indústrias d e g a l v a n o p l a s t i a . D e fato.
INTRODUÇÃO - 4

c o n s i d e r a n d o a s concentrações e l e v a d a s ( d a o r d e m d e g r a m a s p o r litro) d e m e t a i s
n o s e f l u e n t e s g e r a d o s n e s s a s industrias, a eficiência relativa o b t i d a , a s i m p l i c i d a d e
d e operação e o baixo c u s t o j u s t i f i c a m s u a utilização n a g r a n d e maioria d o s c a s o s .

U m a d e s v a n t a g e m d e s t a técnica é q u e c a d a m e t a l t e m s e u v a l o r ótimo d e
p H d e precipitação, d e f o r m a q u e , q u a n d o s e têm m i s t u r a s d e d i v e r s o s m e t a i s , p o d e
s e r p r e c i s o q u e s e t r a b a l h e e m m a i s d e u m a f a i x a d e p H ( P I V E L l , 1997).

Além d i s s o , s a b e - s e q u e a redução d a concentração d o m e t a l n o e f l u e n t e


p o r precipitação só é atingida a o s e u r e s p e c t i v o d o p r o d u t o d e s o l u b i i i d a d e , o q u a l
m u i t a s v e z e s situa-se a c i m a d o permissível p a r a d e s c a r t e s e g u n d o a legislação
( B R O W N eía/.,2000).

S e n d o a s s i m , a n e c e s s i d a d e d a aplicação d e t r a t a m e n t o s a d i c i o n a i s p a r a
redução d a concentração r e m a n e s c e n t e d e m e t a i s a níveis m a i s b a i x o s , p o d e surgir
c o m o u m a n e c e s s i d a d e p a r a o e n q u a d r a m e n t o d o s efluentes a o s r e q u i s i t o s d a
legislação o u a condições i m p o s t a s por questões d e q u a l i d a d e a m b i e n t a l .

N e s s e ponto, a o p o r t u n i d a d e d e s e e s t u d a r a utilização d e m a t e r i a i s
a d s o r v e n t e s c o m o a turfa p o d e t r a z e r u m a g r a n d e contribuição não só n o q u e s e
r e f e r e às técnicas d e t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s , m a s também n o d e s e n v o l v i m e n t o d e
t e c n o l o g i a s d e remediação, c o m o p o r e x e m p l o , n a aplicação e m leitos filtrantes o u
b a r r e i r a s d e contenção p a r a p e q u e n o s c u r s o s d'água.

A p e s a r d e já t e r sido e s t u d a d a c o m o a d s o r v e n t e d e m e t a i s e m o u t r o s
países, a ocorrência d e e s t u d o s a c e r c a d a utilização d a turfa brasileira p a r a e s t a
finalidade é escassa, especialmente n o nível d e d e t a l h a m e n t o físico-químico
a p r e s e n t a d o neste t r a b a l h o .

D e s s a f o r m a , a realização d o t r a b a l h o p r o p o s t o p r e t e n d e não s o m e n t e
f o r n e c e r subsídios para e s t u d o s d e n o v a s alternativas d e t r a t a m e n t o d e águas
residuárias utilizando m a t e r i a i s n a t u r a i s , a b u n d a n t e s e d e baixo c u s t o , m a s também
a g r e g a r u m n o v o valor além d o s já atribuídos à turfa n a c i o n a l .

É i m p o r t a n t e ressaltar q u e e s t e t r a b a l h o d e p e s q u i s a é u m a seqüência d o
t r a b a l h o realizado n o p r o g r a m a d e m e s t r a d o ( P E T R O N I , 1999), o n d e f o i e s t u d a d o o
INTRODUÇÃO - 5

potencial d e adsorção d a turfa para o s íons d o s m e t a i s Z n e C d e m soluções


a q u o s a s . N a ocasião, além d a familiarização a d q u i r i d a n o m a n u s e i o d o m a t e r i a l ,
f o r a m a v a l i a d o s parâmetros c o m o : f o r m a s d e t r a t a m e n t o d a turfa, influência d o p H e
d e e l e m e n t o s i n t e r f e r e n t e s no p r o c e s s o e definição d a s condições a d e q u a d a s p a r a a
realização d e e x p e r i m e n t o s d e adsorção e m b a t e l a d a e e m c o l u n a .

1.2 OBJETIVOS

Visando contribuir c o m a ampliação d a s estratégias d e c o n t r o l e d e


poluentes através d o d e s e n v o l v i m e n t o d e tecnologia d e baixo c u s t o para o
t r a t a m e n t o d e águas residuárias, o p r e s e n t e t r a b a l h o t e m c o m o objetivo principal
e s t u d a r o p r o c e s s o d e adsorção d e íons d e m e t a i s e m solução p o r u m a turfa
nacional.

D e n t r e o s objetivos específicos a s e r e m a t i n g i d o s c o m a realização d o


t r a b a l h o , p o d e m s e r citados:

• A atualização e consolidação d a s informações técnicas e científicas


disponíveis r e l a c i o n a d a s à adsorção d e m e t a i s e m turfa.

• A caracterização d e d i f e r e n t e s a m o s t r a s d e turfa c o l e t a d a s d e u m a
turfeira localizada n o E s t a d o d e S a n t a C a t a r i n a .

• O e s t u d o físico-químico d a adsorção d e C d ^ * , C u ^ * e Ni^* e m solução


a q u o s a pela turfa m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s e m batelada c o n s i d e r a n d o a
a b o r d a g e m cinética e d e e q u i l i b r i o d o p r o c e s s o .

• O e s t u d o d a adsorção d e N i ^ * e m leito fixo, incluindo a construção d a s


c u r v a s d e breakthrough e d e eluição, além d o e s t u d o d a c a p a c i d a d e d e
regeneração e reutilização d a t u r f a .

• A avaliação d o c o m p o r t a m e n t o d a turfa n a adsorção d e N i ^ * d e u m a


solução p r e p a r a d a d e u m e f l u e n t e industrial p r o v e n i e n t e d e u m p r o c e s s o
d e t r a t a m e n t o superficial d e peças metálicas.

COÍ^SSAO N^IOKAL BE B ^ R f l A MUCIBR/SP-IPEM


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 6

CAPÍTULO 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TURFA

A turfa é o p r i m e i r o p r o d u t o d a evolução d a série d o s combustíveis fósseis


sólidos. É u m m a t e r i a l d e i d a d e geológica r e c e n t e constituído d e u m a m i s t u r a
heterogênea d e m a t e r i a i s orgânicos p a r c i a l m e n t e d e c o m p o s t o s e d e materiais
inorgânicos q u e s e a c u m u l a r a m e m a m b i e n t e s s a t u r a d o s d'água (ELETROBRÁS,
1993).

Tendo e m vista s u a composição e s e u p r o c e s s o característico d e


formação, é c o m u m observar n a literatura a turfa definida s o b diferentes
denominações, c o m o p o r e x e m p l o : s e d i m e n t o orgânico, substância fóssil o r g a n o -
m i n e r a l , matéria v e g e t a l parcialmente fossilizada, entre outras (KIEHL, 1985,
C O U L L A R D , 1 9 9 4 , P E T R O N I etal., 2 0 0 0 ) .

C o m relação a o s e u a s p e c t o , a turfa a p r e s e n t a coloração variável e n t r e o


m a r r o m e s c u r o e o p r e t o , consistência b r a n d a q u a n d o úmida e t e n a z q u a n d o s e c a
( K I E H L , 1985).

A formação d a turfa s e dá p e l a decomposição p a r c i a l d a matéria orgânica


v e g e t a l e m u m a m b i e n t e úmido e p o u c o o x i g e n a d o , o n d e o acúmulo d o material é
m a i s rápido q u e s u a decomposição ( C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) .

D u r a n t e e s t e p r o c e s s o , a matéria v e g e t a l s o f r e alterações, p e r d e n d o gás


carbônico e m e t a n o , t r a n s f o r m a n d o - s e e m c o m p o s t o s húmicos, s o f r e n d o u m a
concentração e m carbono e u m a diminuição d o t e o r d e oxigênio. Recebe
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 7

o c a s i o n a l m e n t e argilas e s i l i c a q u e irão constituir a m a i o r porção d a s c i n z a s d a s


turfas ( A B R E U , 1 9 7 3 ) .

D e a c o r d o c o m a I N T E R N A T I O N A L P E A T S O C I E T Y ( I P S apud F R A N C H I ,
2 0 0 0 ) , m a i s d e 9 0 % d a s turfeiras no mundo situam-se n a s regiões frias e
t e m p e r a d a s d a E u r o p a , Ásia e América d o Norte. O r e m a n e s c e n t e c o n c e n t r a - s e e m
latitudes tropicais e s u b t r o p i c a i s , e m s u a maioria e m a m b i e n t e s florestais.

N a s regiões frias, a s turfas são fomnadas d e m u s g o s ( n o r m a l m e n t e d o


gênero Sphagnum) e d e matéria húmica p r o v e n i e n t e d a alteração d e d i v e r s a s
plantas ( F R A N C H I , 2000, A B R E U , 1973).

N o B r a s i l , são e n c o n t r a d a s turfas d e d o i s t i p o s : a s turfas d e gramíneas,


ciperáceas e d e o u t r a s p l a n t a s q u e s e d e s e n v o l v e m n o s pântanos, e a s turfas d e
a l g a s o u s a p r o p e l i t o s , q u e têm o a s p e c t o d e u m a l a m a c o m p o u c o s detritos d e
p l a n t a s s u p e r i o r e s . Entre e s s e s e x t r e m o s há u m a gradação d e tipos c o n t e n d o
q u a n t i d a d e s variáveis d e s s e s m a t e r i a i s ( A B R E U , 1973).

D o p o n t o d e v i s t a físico-químico, a turfa p o d e s e r d e f i n i d a c o m o u m
material p o r o s o e a l t a m e n t e polar, c o m alta c a p a c i d a d e d e adsorção e troca d e
cátions ( C O U P A L & L A L A N C E T T E , 1976). S u a s características são d i r e t a m e n t e
influenciadas p e l a s u a i d a d e , pela região climática o n d e s e f o r m o u a turfeira e
p r i n c i p a l m e n t e p e l o tipo d e v e g e t a l q u e a originou ( g r a m a s , árvores, m u s g o s o u
o u t r a s plantas d o pântano).

2.1.1 APLICAÇÕES

A s principais aplicações d a turfa d i v i d e m - s e e n t r e combustíveis, n a


geração d e g a s e s , c o m o condicionador d e solos e, mais recentemente, e m
p r o c e s s o s a m b i e n t a i s d e remediação d e áreas c o n t a m i n a d a s e t r a t a m e n t o d e águas
residuárias.

O u s o d a turfa c o m o combustível o c o r r e n a geração d e eletricidade e m


p e q u e n a s e médias c e n t r a i s termoelétricas o u n a geração d e c a l o r n a indústria e e m
domicílios (ELETROBRÁS, 1 9 9 3 , A B R E U , 1973).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 8

A s f o r m a s energéticas c o n v e n c i o n a i s d e turfa são a turfa m o i d a , e x t r u d a d a


o u e m briquetes. O p o d e r c a l o r i f i c o s u p e r i o r d a turfa c o m u m i d a d e e n t r e 5 0 % e 5 5 %
v a r i a d e 2.000l<cal.l<g"^ a 3 . 0 0 0 k c a l . k g " \ p a r a a turfa s e c a a o ar, c o m u m i d a d e entre
2 5 % e 5 0 % , é d e a p r o x i m a d a m e n t e 3.500kcal.kg'^ e p a r a briquetes, c o m u m i d a d e
e n t r e 1 0 e 1 5 % , d e 4.400kcai.kg(ELETROBRÁS, 1993).

A n e c e s s i d a d e imprescindível d e s e c a r a turfa r e d u z o v a l o r d o material


c o m o combustível. A s e c a g e m artificial p o r a q u e c i m e n t o é p o r d e m a i s o n e r o s a e a
s e c a g e m natural, a o ar, é lenta e d e p e n d e d a s condições atmosféricas. N e s s a s
condições, s e u p o d e r calorífico é comparável a o d a l e n h a s e c a ( A B R E U , 1 9 7 3 ) .

N a gaseificação, d e v i d o a o alto t e o r d e voláteis ( 6 0 % a 7 0 % ) , c o n s i d e r a - s e


a turfa m a i s fácil d e g a s e i f i c a r d o q u e o carvão. N o p r o c e s s o , a t u r f a p r o d u z 3,2
v e z e s m a i s m e t a n o q u e o carvão, c o m b a i x o t e o r d e e n x o f r e ( d e 0 , 2 % a 0 , 4 % ) , e o
d o b r o d o teor d e nitrogênio, o q u e i m p l i c a e m m a i s amônia c o m o s u b p r o d u t o d a
gaseificação (ELETROBRÁS, 1 9 9 3 ) .

Por s e r c o n s i d e r a d a e x c e l e n t e f o n t e d e matéria orgânica p a r a fertilizar e


m e l h o r a r a s p r o p r i e d a d e s d o s o l o , a utilização d a turfa n a agricultura e n a j a r d i n a g e m
e n c o n t r a n o s días d e hoje s u a m a i s v a s t a aplicação.

Além das e l e v a d a s c a p a c i d a d e s d e retenção d e água e t r o c a d e cátions, o


p o d e r tampão d a turfa é i n d i c a d o e n t r e a s p r o p r i e d a d e s m a i s i m p o r t a n t e s d o material
p a r a e s s a s aplicações. A turfa propicia u m m a i o r p o d e r tampão a o s o l o p r e v e n i n d o
c o n t r a mudanças b r u s c a s d e p H , prejudiciais a o s m i c r o o r g a n i s m o s e às raízes d a s
p l a n t a s ( K I E H L , 1985).

D e n t r e a s várias f o r m a s d e utilização agrícola d a turfa p o d e m s e r citadas:


c o m o solo agrícola, d e p o i s d e d r e n a d a , a turfeira é p r e p a r a d a p a r a r e c e b e r a s
c u l t u r a s ; c o m o fonte d e matéria orgânica, e m p r e g a d a s o b a denominação d e
fertilizante orgânico s i m p l e s ; c o m o f o n t e d e matéria orgânica e n r i q u e c i d a d e
n u t r i e n t e s m i n e r a i s , c o m e r c i a l i z a d a c o m o fertilizante o r g a n o - m i n e r a l ; c o m o matéria
p r i m a n a preparação d e c o m p o s t o s ; c o m o v e i c u l o p a r a m i c r o o r g a n i s m o s i n o c u l a n t e s
d e s e m e n t e s d e l e g u m i n o s a s ; e n t r e o u t r a s ( K I E H L , 1985).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 9

N o s últimos vinte e c i n c o a n o s , a turfa t e m sido a m p l a m e n t e e s t u d a d a


c o m o alternativa tecnológica d e utilização d e u m a d s o r v e n t e d e b a i x o c u s t o a p l i c a d o
a o t r a t a m e n t o d e águas e e f l u e n t e s . S u a s características p o l a r e s e d e alta
p o r o s i d a d e f a z e m d a turfa u m m a t e r i a l c o m a s p r o p r i e d a d e s a d e q u a d a s para a
remoção d e matéria orgânica, óleos, n u t r i e n t e s e m e t a i s p e s a d o s d e águas
residuárias ( C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) .

2.1.2 A TURFA NO BRASIL

D e a c o r d o c o m u m l e v a n t a m e n t o r e c e n t e realizado p o r F R A N C H I ( 2 0 0 4 ) , o
B r a s i l p o s s u i u m a reserva d e turfa m e d i d a e m 2 0 9 milhões d e m e t r o s cúbicos. Além
d i s s o , a o l o n g o d o s e u território, são i n d i c a d o s m a i s 4 2 2 milhões d e m e t r o s cúbicos e
i n f e r i d o s m a i s 4 6 0 milhões d e m e t r o s cúbicos e m r e s e r v a s d e turfa.

A produção a n u a l d a s d u a s m a i o r e s u n i d a d e s p r o d u t o r a s d e t u r f a é d e
a p r o x i m a d a m e n t e 1 4 5 m i l m e t r o s cúbicos, d o s q u a i s 8 0 % é d e s t i n a d o a aplicações
na a g r i c u l t u r a e j a r d i n a g e m , 1 4 % à geração d e e n e r g i a e o r e s t a n t e n a área
a m b i e n t a l , n a recuperação d e áreas d e g r a d a d a s . E x i s t e m a i n d a , p l a n o s d e s e
e x p a n d i r a produção d e turfa brasileira e m 2 7 % , e projetos e m a n d a m e n t o para a
comercialização d e p r o d u t o s p a r a a purificação d e águas residuárias e contenção d e
vazamentos d e hidrocarbonetos ( F R A N C H I , 2004).

N o p a s s a d o , a turfa começou a s e r e x p l o r a d a n o Brasil d u r a n t e a II G u e r r a


M u n d i a l , período d e maior carência d e combustível, t e n d o sido utilizada e m m i s t u r a
c o m o carvão mineral pela E s t r a d a d e F e r r o C e n t r a l d o Brasil (hoje R e d e Ferroviária
F e d e r a l ) , e e m a l g u m a s fábricas n o R i o d e J a n e i r o e São Paulo, e m substituição à
l e n h a . N e s s a época f o r a m e x p l o r a d a s p r i n c i p a l m e n t e a s turfeiras d o V a l e d o Paraíba,
d a b a i x a d a d e C a m p o s e d a restinga d e C a b o Frio ( A B R E U , 1973).

N a década d e 7 0 , a exploração d a turfa p a r a fins energéticos n o Brasil foi


s u g e r i d a p o r A B R E U ( 1 9 7 3 ) c o m o u m a a t i v i d a d e d e horizontes estreitos, t e n d o s u a
aplicação restrita a p e q u e n o s e m p r e e n d i m e n t o s e m vista d o s e u v a l o r energético
l i m i t a d o p e l o ônus d a s e c a g e m d o m a t e r i a l e d o v o l u m e limitado d e s u a s j a z i d a s .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 10

C l a s s i f i c a d a n a época por e s p e c i a l i s t a s c o m o u m combustível medíocre, o


a p r o v e i t a m e n t o d a turfa brasileira foi r e c o m e n d a d o para aplicações n a agricultura
c o m o fonte d e matéria orgânica para o s o l o , e m substituição à produção d a turfa
energética ( A B R E U , 1973).

A partir d e 1 9 7 9 , c o m o final d a c r i s e d o petróleo, a turfa brasileira


começou a s e r o b j e t o de programas sistemáticos d e p e s q u i s a s geológicas,
principalmente pela C P R M - Companhia d e Pesquisa de Recursos Minerais - e m
várias regiões d o país. Após 1 9 8 4 , o b s e r v a - s e u m a interrupção nos t r a b a l h o s d e s s a s
p e s q u i s a s . M e s m o a s s i m , p e s q u i s a s d e utilização d a turfa c o m o combustível t i v e r a m
prosseguimento, realizadas, d e n t r e o u t r o s , pelo I P T - Instituto d e P e s q u i s a s
Tecnológicas (ELETROBRÁS, 1993).

A produção d e turfa brasileira p a r a aplicação agrícola t e v e início n o final


década d e 8 0 , q u a n d o a C E S P - C o m p a n h i a Energética d e São P a u l o - iniciou a
lavra d e u m módulo d e 50ha d e u m a t u r f e i r a l o c a l i z a d a n o distrito d e Eugênio d e
M e l o e m São José d o s C a m p o s (SP). N a ocasião, o propósito inicial d a C E S P e r a
produzir turfa p a r a fins energéticos, n o e n t a n t o p r o b l e m a s d e d i m e n s i o n a m e n t o d o
m e r c a d o local e d a s reservas d a turfeira f i z e r a m c o m q u e a e m p r e s a v e n d e s s e s u a
produção a o s e t o r agrícola e e m s e g u i d a a b a n d o n a s s e o projeto e r e p a s s a s s e o s
direitos minerários à E U C A T E X M I N E R A L ( O L I V E I R A , 2 0 0 1 ) . A t u a l m e n t e a e m p r e s a
s e g u e a exploração d a turfeira d e Eugênio d e M e l o p a r a produção d e c o n d i c i o n a d o r
d e solo a b a s e d e turfa, indicado para o c u l t i v o d e hortaliças, flores, p a i s a g i s m o ,
citros, café, g e n g i b r e , cebola, frutas, e n t r e o u t r a s ( E U C A T E X , 2 0 0 4 ) .

J u n t a m e n t e c o m a E U C A T E X M I N E R A L , a e m p r e s a F L O R E S T A L S.A.
constitui u m a d a s u n i d a d e s p r o d u t o r a s d e turfa m a i s i m p o r t a n t e s d o país. C o n f o r m e
será m o s t r a d o p o s t e r i o r m e n t e , a turfa utilizada n e s t e trabalho é p r o v e n i e n t e d e s t a
e m p r e s a . U m histórico detalhado s o b r e a produção e aplicação d e s t a turfa será
a p r e s e n t a d o n o item 3.4.

A possibilidade d e aplicação d a turfa brasileira e m processos de


despoluíção v e m c h a m a n d o a atenção d o s p r o d u t o r e s nacionais n o s últimos a n o s
pela c h e g a d a a o m e r c a d o brasileiro d e p r o d u t o s i m p o r t a d o s c o m características
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 11

s e m e l h a n t e s às d a turfa n a c i o n a l e c u s t o b e m m a i s e l e v a d o , s e n d o c o m e r c i a l i z a d o s
para aplicações em processos de remediação de áreas contaminadas,
p r i n c i p a l m e n t e e m a c i d e n t e s c o m v a z a m e n t o s d e combustíveis.

É o c a s o d e p r o d u t o s c o m o o Peat Sorb, p r o d u z i d o a partir d e m u s g o


c a n a d e n s e p e l a Zorbit Technologies Inc., o q u a l já f o i utilizado pela Petrobrás n o
d e s a s t r e ecológico o c o r r i d o e m j a n e i r o d e 2 0 0 0 , c a u s a d o p e l o v a z a m e n t o d e 1,29
milhões d e litros d e óleo combustível d e u m o l e o d u t o d a Petrobrás q u e liga a
R E D U C - Refinaria d e D u q u e d e C a x i a s - à Ilha D'Água n a Baía d e G u a n a b a r a ( R J ) .

N a ocasião, o u s o d o p r o d u t o c a n a d e n s e p a r a a b s o r v e r o óleo c h e g o u a
ser noticiado n a i m p r e n s a , n o e n t a n t o , d e v i d o a o s e u alto c u s t o n o m e r c a d o n a c i o n a l ,
p o u c o material p o d e s e r a p l i c a d o e m relação a o g r a n d e v o l u m e d e óleo a s e r
removido (O E S T A D O D E S. PAULO, 2000).

O u t r o e x e m p l o é o Sphag Sorb, f a b r i c a d o p e l a Lakeland Peat Moss,


também p r o d u z i d o a partir d e m u s g o canadense. Segundo informações d o
fabricante, o c u s t o d a remoção d e u m litro d e óleo p e l a utilização d o p r o d u t o é d e
U S $ 1,00, e após o u s o , o m a t e r i a l p o d e s e r d i s p o s t o e m aterro o u até m e s m o
a b a n d o n a d o n o próprio local, pois s u a degradação o c o r r e s i m u l t a n e a m e n t e à d a
substância a b s o r v i d a ( G A Z E T A M E R C A N T I L , 1 9 9 9 ) .

C o m relação à utilização d a turfa brasileira n o t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s


contaminados p o r m e t a i s p e s a d o s , c o n f o r m e já a p r e s e n t a d o c o m o parte d a s
justificativas p a r a a realização d e s t e t r a b a l h o , a s aplicações n e s s a área têm sido
limitadas a t r a b a l h o s d e p e s q u i s a n a maioria d a s v e z e s c o m o e n f o q u e v o l t a d o a o
e s t u d o d o fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s e m solução (D'ÁVILA et al., 1 9 9 2 ,
S A N T O S , 1 9 9 8 , L A M I N etal., 2 0 0 1 , P E T R O N I , 1 9 9 9 , P E T R O N I etal., 2 0 0 0 , 2 0 0 1 ,
2 0 0 4 ) . Até o p o n t o e m q u e f o i realizada a p e s q u i s a n e s t e t r a b a l h o , não f o r a m
verificadas ocorrências d e aplicações práticas d a turfa p a r a e s t a finalidade.

A seguir, n o item 2 . 2 , serão a p r e s e n t a d a s e discutidas algumas


características e p r o p r i e d a d e s d a turfa n a aplicação c o m o m a t e r i a l a d s o r v e n t e e m
processos d e tratamento d e efluentes.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 12

2.2 USO DA TURFA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

A turfa é r e c o n h e c i d a m u n d i a l m e n t e , há m a i s d e q u a r e n t a a n o s , c o m o u m
material a d e q u a d o a o t r a t a m e n t o d e águas residuárias. D a s p r i m e i r a s ocorrências d e
utilização d o m a t e r i a l q u e s e t e m registro, d e s t a c a m - s e a aplicação d a turfa e m filtros
d e areia e turfa p a r a o t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s d a indústria têxtil n o a n o d e 1 9 3 0
( O T T E N M E Y E R apud H O et al., 2 0 0 0 ) , e a utilização d e u m a área d r e n a d a d e u m a
turfeira para o t r a t a m e n t o d e águas residuárias, e m operação d e s d e 1 9 5 7 , e m u m
vilarejo n a Finlândia ( S U R A K K A & K A M P P I apud H O etal., 2 0 0 0 ) .

A partir d e s s a época, a utilização d o material p a r a e s t a f i n a l i d a d e p a s s o u a


difundir-se p r i n c i p a l m e n t e n a E u r o p a , Canadá e E s t a d o s U n i d o s . C o m o e x e m p l o d e
aplicação prática m a i s r e c e n t e , e m m e a d o s d a década d e 9 0 , p o d e s e r citada a
p a t e n t e a m e r i c a n a r e g i s t r a d a p o r B U E L N A & BÉLANGER ( 1 9 9 3 ) , a q u a l refere-se a o
u s o d a turfa c a n a d e n s e e m p r o c e s s o s d e biofiltração e m leito orgânico, aplicáveis a o
t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s domésticos e industriais para s a t i s f a z e r a s n e c e s s i d a d e s d e
p e q u e n a s c o m u n i d a d e s ( d e até 2 . 0 0 0 habitantes) e p e q u e n a s indústrias.

T e n d o e m vista a s v a n t a g e n s a m b i e n t a i s o b s e r v a d a s n a s aplicações
práticas d a turfa e m p r o c e s s o s d e s a n e a m e n t o , n o s últimos vinte e c i n c o a n o s ,
verifica-se e m p a i s e s c o m o a C h i n a , R e i n o U n i d o e Canadá, a intensificação d a
produção científica a c e r c a d o s fenômenos físico-quimicos e n v o l v i d o s n a remoção
d o s p o l u e n t e s , b e m c o m o d a s variáveis d e p r o c e s s o d o s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o .

N e s s e s a n o s , além d o v a s t o material p r o d u z i d o a r e s p e i t o d o a s s u n t o , o s
q u a i s muitos d e l e s são r e f e r e n c i a d o s e m discussões a p r e s e n t a d a s a o l o n g o d e s t e
trabalho, q u a t r o revisões c o m p l e t a s f o r a m realizadas, s e n d o três d e l a s a b o r d a n d o
aspectos gerais d a utilização d a turfa no tratamento d e águas residuárias
(VIRARAGHAVAN & A Y Y A S W A M I , 1987, V I R A R A G H A V A N , 1991, COUILLARD,
1994) e u m a r e f e r e n t e a o u s o d o material n a remoção d e m e t a i s p e s a d o s d e
e f l u e n t e s ( B R O W N etal., 2 0 0 0 ) .

De u m a maneira geral, nestes trabalhos, a turfa é apresentada c o m o u m


a d s o r v e n t e eficiente e u m b o m m e i o filtrante, não só n o q u e s e refere a o s m e t a i s e
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 13

h i d r o c a r b o n e t o s , m a s também n a remoção d e sólidos e m suspensão, o d o r , matéria


orgânica e o u t r a s substâncias.

O u t r o s e s t u d o s são e n c o n t r a d o s r e f e r e n t e s à utilização d a t u r f a c o m o
a d s o r v e n t e n a remoção d e h e r b i c i d a s ( C L O U T I E R et al., 1985), c o r ( H O & M C K A Y ,
1 9 9 8 ) , nutrientes ( N I C H O L S apud C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) , n o t r a t a m e n t o d e e s g o t o
industrial e doméstico ( R I Z N Y K , et al., 1 9 9 3 ; B U E L N A , 1994), t r a t a m e n t o d e
e f l u e n t e s d e f o s s a séptica ( V I R A R A G H A V A N & R A N A , 1 9 9 1 ) e t r a t a m e n t o d e águas
residuárias d e m a t a d o u r o e indústria d e laticínio ( V I R A R A G H A V A N & K l K K E R l ,
1988).

D i v e r s a s v a n t a g e n s p o d e m s e r a p o n t a d a s c o m relação á utilização d a turfa


p a r a e s t a s aplicações, c o m o por e x e m p l o :

• B o a s características a d s o r o t i v a s : a turfa, n a s u a f o r m a n a t u r a l , é u m
material a l t a m e n t e p o l a r e p o r o s o . T r a t a m e n t o s químicos o u térmicos
p o d e m m e l h o r a r e s s a característica ( C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) .

• B a i x o custo: além d e s e r u m material a b u n d a n t e , a turt'a a p r e s e n t a


resultados e c o n o m i c a m e n t e favoráveis q u a n d o t e m s u a c a p a c i d a d e d e
adsorção c o m p a r a d a a r e s i n a s d e t r o c a iónica, carvão a t i v a d o , sílica e
a l u m i n a ( V I R A R A G H A V A N & A Y Y A S W A M I , 1 9 8 7 ; A L L E N , etal., 1994).

• Facilidade d e utilização: p o r s e r u m m a t e r i a l natural e não a p r e s e n t a r


características a b r a s i v a s n e m tóxicas, a turfa é d e fácil m a n u s e i o e não
r e q u e r mão d e o b r a e s p e c i a l i z a d a .

A s f o r m a s d e utilização d a turfa n a remoção d e p o l u e n t e s d e e f l u e n t e s


líquidos p o d e m variar d e s d e leitos e c o l u n a s filtrantes a reatores o p e r a n d o e m
p r o c e s s o s contínuos o u e m b a t e l a d a .

N a e t a p a d e p r o j e t o d o s s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o , a realização d e e s t u d o s
p r e l i m i n a r e s m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s e m e s c a l a d e laboratório é c o n s i d e r a d a d e
fundamental importância p a r a determinação d e parâmetros q u e d e t e r m i n a m a
eficiência d o s s i s t e m a s d i m e n s i o n a d o s .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 14

N o c a s o específico d a aplicação d a turfa para adsorção d e m e t a i s , a s


variáveis n o r m a l m e n t e c o n s i d e r a d a s n e s t e s e s t u d o s são a s condições d e t r a t a m e n t o
d o m a t e r i a l , a influência d o p H d o m e i o , a c a p a c i d a d e d e adsorção, além d e
a s p e c t o s cinéticos e d e equilibrio r e l a c i o n a d o s a o p r o c e s s o d e remoção. A s e g u i r , n o
item 2 . 3 , serão d i s c u t i d o s a l g u n s a s p e c t o s c o n s i d e r a d o s relevantes n e s s e s e s t u d o s .

2.3 ESTUDOS DE ADSORÇÂO DE METAIS EM TURFA

2.3.1 ADSORÇÃO (WEBER, 1972)

A adsorção, p r i m e i r a m e n t e o b s e r v a d a p o r C. W . S c h e e l e e m 1 7 7 3 p a r a
g a s e s e e m s e g u i d a para soluções p o r L o w i t z e m 1 7 8 5 ( K R A E M E R aptyd W E B E R
1 9 7 2 ) , é a t u a l m e n t e r e c o n h e c i d a c o m o s e n d o u m fenômeno significativo n a m a i o r i a
d o s p r o c e s s o s fisicos, químicos e biológicos d a natureza. A sorção e m sólidos,
p a r t i c u l a r m e n t e e m carvão ativado, é u m a operação a m p l a m e n t e utilizada p a r a a
purificação d e águas e águas residuárias.

A adsorção p o d e s e r definida c o m o s e n d o o acúmulo o u a concentração


d e substâncias e m u m a superfície o u i n t e r f a c e . O p r o c e s s o p o d e o c o r r e r e m u m a
i n t e r f a c e e n t r e d u a s f a s e s , tais c o m o , líquido-líquido, gás-sólido o u líquido-sólido. O
material concentrado o u adsorvido é c h a m a d o d e adsorbato e a fase adsorvedora é
chamada d e adsorvente.

A absorção, p o r s u a v e z , é u m p r o c e s s o n o q u a l a s moléculas o u átomos


d e u m a f a s e i n t e r p e n e t r a m q u a s e u n i f o r m e m e n t e e n t r e a q u e l a s d a o u t r a f a s e para
f o r m a r u m a "solução" c o m a s e g u n d a f a s e .

O t e r m o sorção, o q u a l inclui a m b a s a adsorção e absorção, é u m a


expressão genérica utilizada p a r a definir u m p r o c e s s o n o q u a l u m c o m p o n e n t e
m o v e - s e d e u m a f a s e para s e a c u m u l a r e m o u t r a , p a r t i c u l a r m e n t e p a r a c a s o s e m
q u e a s e g u n d a f a s e é sólida.

A s diferenças fenomenológicas e n t r e adsorção e absorção são ilustradas


g r a f i c a m e n t e n a F I G . 2.1 para reações d e c a d a t i p o nas q u a i s u m a substância m o v e -
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 15

se d a fase líquida p a r a a f a s e sólida. A letra C n o e i x o d a s a b s c i s s a s r e p r e s e n t a a


concentração d o a d s o r b a t o n a f a s e líquida e m c o n t a t o c o m a fase sólida e m u m a
interface líquido-sólido. O t e r m o Qe no e i x o d a s o r d e n a d a s r e p r e s e n t a a q u a n t i d a d e
d e substância q u e s e m o v e u através d a i n t e r f a c e .

1 - Adsorção
Favorável

II - Adsorção
e Absorção/""'^

' ^ 1 1 1 - Adsorção
Dfisfavnrávfil

F I G U R A 2.1 - T i p o s d e sorção ( W E B E R , 1972).

A s c u r v a s I e III i n d i c a m , para adsorção, a dependência curvilínea d a


q u a n t i d a d e c o n c e n t r a d a n a superfície sólida c o m a q u a n t i d a d e r e m a n e s c e n t e e m
solução p a r a m o d e l o s favoráveis e desfavoráveis d e separação, r e s p e c t i v a m e n t e . A
c u r v a II r e p r e s e n t a u m m o d e l o linear d e adsorção, o u d e absorção, d i r e t a m e n t e
p r o p o r c i o n a l à concentração.

2.3.2 ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA ADSORÇÃO DE METAIS EM TURFA

C o n f o r m e já s e p o d e o b s e r v a r n o item 2 . 1 , a matéria orgânica d e s t a c a - s e


e n t r e o s c o n s t i t u i n t e s d a turfa por s e r majoritária n a s u a composição e p r i n c i p a l m e n t e
por d e s e m p e n h a r a s funções c h a v e n a s d i v e r s a s aplicações tecnológicas atribuídas
ao material.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 16

D e n t r e o s c o n s t i t u i n t e s d a matéria orgânica d a turfa, a s substâncias


titímicas ( s u b d i v i d i d a s e m ácido tiúmico e fúlvico) f i g u r a m c o m o a s principais
substâncias d e i n t e r e s s e n o p r o c e s s o d e adsorção d e m e t a i s e o u t r o s p o l u e n t e s e m
solução.

Essas substâncias, também conhecidas como polímeros naturais,


c o n s i s t e m d e moléculas orgânicas c o m p l e x a s d e alto p e s o m o l e c u l a r , n a s quais s e
verifica a presença, e m g r a n d e q u a n t i d a d e , d e g r u p o s p o l a r e s tais c o m o álcoois,
ácidos carboxílicos, c e t o n a s e fenólicos, o s q u a i s estão d i r e t a m e n t e e n v o l v i d o s n o s
m e c a n i s m o s d e adsorção d o s m e t a i s e moléculas orgânicas p o l a r e s ( H O & M C K A Y ,
1998). N a F I G . 2 . 2 é ilustrado u m m o d e l o d e e s t r u t u r a d e u m a molécula d e ácido
húmico ( S C H U L T E N & S C H N I T Z E R , 1993).

A interação e n t r e o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s substâncias húmicas e o s


metais o c o r r e d e a c o r d o c o m a a f i n i d a d e d a s ligações f o r m a d a s entre e s s a s
espécies. E s s a a f i n i d a d e p o d e variar d e f r a c a s forças d e atração à formação d e
ligações c o o r d e n a d a s a l t a m e n t e estáveis.

IH

(CHj)o-l
tCHilo-J

(CH,)o-j

(CH])a-2

(CH3I0-S

F I G U R A 2 . 2 - Molécula d e ácido húmico ( S C H U L T E N & S C H N I T Z E R , 1993).


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 17

A complexação d o C u ^ * p o r e x e m p l o , p o d e o c o r r e r p o r m e l o d e : (a) u m a
ligação f o r m a d a p o r u m a molécula d e água; (b) u m a atração eletrostática e n t r e o
m e t a l e o g r u p o C O O ' ; (c) u m a ligação c o o r d e n a d a c o m u m g r u p o d o a d o r d e elétrons
e (d) fomiação d e u m a e s t r u t u r a q u e l a n t e (anel), p o r intermédio d o s sitios C O O ' e
O H fenólico, c o n f o r m e Ilustrado n a F I G . 2 . 3 ( S T E V E N S O N , 1 9 9 4 ) .

0H2
H20^ I ^0H2 / / ' \ 0H2 ®

,0H K Cu r ^) CO—o. I 0H2


- ¿ = 0 - H - 0 H-d\ ^0H2 \ / ]Cu

0H2 H2tí^ I ^ 0 H 2
(a) (c)
0H2
^ 9H2 i* I /0H2

(b) ^ \ = y

F I G U R A 2.3 - F o r m a s d e interação d o ion Cu^"" c o m o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s


substâncias húmicas ( S T E V E N S O N , 1 9 9 4 ) .

A interação d o m e t a l c o m o s g r u p o s f u n c i o n a i s o c o r r e p r e f e r e n c i a l m e n t e
nos sitios c a p a z e s d e f o r m a r c o m p l e x o s m a i s f o r t e m e n t e l i g a d o s , o u seja, o s q u e
f o r m a m ligações c o o r d e n a d a s e e s t r u t u r a s q u e l a n t e s (anéis) ( c e d ) . A formação d a s
ligações m a i s f r a c a s v a i o c o r r e n d o à m e d i d a q u e o s s i t i o s m a i s fortes vâo f i c a n d o
saturados. A maioria d o s estudos r e a l i z a d o s e n f a t i z a a formação d o s anéis
q u e l a n t e s , porém e s s e m e c a n i s m o não p o d e s e r c o n s i d e r a d o s o z i n h o . Evidências
indiretas para a formação d e c o m p o s t o s a l t a m e n t e estáveis vêm d a dificuldade
e x p e r i m e n t a l d e s e obter o ácido húmico d o s o l o isento d e m e t a i s ( S T E V E N S O N ,
1994).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 18

Além d o caráter químico d a s reações e n v o l v e n d o a s substâncias húmicas,


a influência d o p H d o m e i o c o n s t i t u i o u t r o a s p e c t o c o m u m e n t e c o n s i d e r a d o n o s
e s t u d o s d e adsorção d e m e t a i s e m t u r f a .

A c a p a c i d a d e n a t u r a l d e adsorção d a turfa está d i r e t a m e n t e r e l a c i o n a d a a o


p H . Nesse ponto, observa-se c o m o consenso nos estudos realizados c o m turfas de
d i f e r e n t e s o r i g e n s , u m c o m p o r t a m e n t o típico d o m a t e r i a l , n o q u a l e m p H a c i m a d e 9,
a t u r f a não é estável, o u s e j a , a s u a estrutura s e d e g r a d a . E m p H a b a i x o d e 3, a
m a i o r i a d o s metais é f r a c a m e n t e adsorvída. Entre e s s e s v a l o r e s , s a b e - s e q u e a turfa
é c a p a z d e a d s o r v e r o s m e t a i s d e f o r m a eficiente ( C O U P A L & L A L A N C E T T E , 1 9 7 6 ) .

GÖSSET et al., ( 1 9 8 6 ) e s t u d a r a m a influência d o p H s o b r e a adsorção d e


Z n , C d e N i e m turfas f r a n c e s a s e m e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a . O s a u t o r e s o b t i v e r a m
m a i s d e 9 0 % d e remoção d o s m e t a i s e m u m a f a i x a d e p H d e 4 , 0 a 6,7. E m p H 2 , 0 a
3,3, 5 0 % d o s metais f o r a m a d s o r v i d o s p e l a s turfas e e m p H 1,5 a 2 , 0 a p e n a s 1 0 % .

E m trabalhos a n t e r i o r e s ( P E T R O N I , 1 9 9 9 , P E T R O N I et al. 2 0 0 0 ) , a
influência d o p H n a retenção d e Z n e C d d e soluções a q u o s a s f o i e s t u d a d a e m
e x p e r i m e n t o s e m c o l u n a s d e t u r f a brasileira. N e s s e c a s o f o r a m v e r i f i c a d a s a s
retenções quantitativas ( > 9 5 % ) d o s m e t a i s n a s c o l u n a s n a faixa d e p H d e 3 , 7 a 6,5.
A b a i x o d e s t a faixa, a retenção f o i f o r t e m e n t e p r e j u d i c a d a e , e m p H 2 , 0 , p r a t i c a m e n t e
nula.

C o m relação a o u t r o s a s p e c t o s citados a n t e r i o r m e n t e , c o m o a c a p a c i d a d e
d e adsorção d a turfa, a s p e c t o s cinéticos e d e equilíbrio d o p r o c e s s o , e s t e s serão
o p o r t u n a m e n t e d e t a l h a d o s n o s i t e n s 2 . 3 . 3 e 2.3.4.

2.3.3 CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE METAIS EM TURFA

Na etapa d e d i m e n s i o n a m e n t o d e q u a l q u e r s i s t e m a (reator) d e t r a t a m e n t o
d e água a b a s e d e adsorção, o c o n h e c i m e n t o d a cinética d o p r o c e s s o a l i a d o às
características hidráulicas d o r e a t o r p e r m i t e a determinação d o g r a u d e conversão d o
p o l u e n t e n o reator e c o m isso a avaliação d a eficiência d e remoção d o p o l u e n t e .
Além d i s s o , p o r m e i o d o e s t u d o cinético p o d e m s e r o b t i d a s indicações i m p o r t a n t e s a
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 19

r e s p e i t o d o m e c a n i s m o d e adsorção limitante n o p r o c e s s o ( F A U S T & A L Y , 1 9 8 7 ; H O


& M C K A Y , 1999).

D a m e s m a f o r m a , n o c a s o d a t u r f a , o e s t u d o cinético d e adsorção d o s
m e t a i s e m solução a q u o s a p o d e p r e d i z e r s o b r e a v e l o c i d a d e d e remoção d o s m e t a i s
para q u e s e p o s s a d i m e n s i o n a r s i s t e m a s a p r o p r i a d o s d e t r a t a m e n t o d e águas
contaminadas p o r metais.

C o m relação a o s m o d e l o s cinéticos e m p r e g a d o s para d e s c r e v e r p r o c e s s o s


d e adsorção c o m o o d e m e t a i s p e l a t u r f a , d e a c o r d o c o m H O & M C K A Y ( 1 9 9 9 ) ,
n o r m a l m e n t e é incorreto s e utilizar m o d e l o s cinéticos s i m p l e s c o m o equações d e
p r i m e i r a o u d e s e g u n d a o r d e m p a r a r e p r e s e n t a r a adsorção e m superfícies p o u c o
homogêneas d e v i d o a o f a t o d e o s fenômenos d e t r a n s p o r t e e a s reações químicas
n e s s a s superfícies s e r e m e x p e r i m e n t a l m e n t e inseparáveis.

S e n d o a s s i m , para e s t e s c a s o s são utilizadas equações d e v e l o c i d a d e


c o m o as d e pseudo-primeira ordem o u pseudo-segunda ordem, por meio d a s quais
n o r m a l m e n t e s e verifica a melhor correlação d e d a d o s e x p e r i m e n t a i s .

E m u m a revisão r e c e n t e r e a l i z a d a p o r H O & M C K A Y ( 1 9 9 9 ) , o s a u t o r e s
c o n t a b i l i z a r a m m a i s d e setenta t r a b a l h o s p u b l i c a d o s d e s d e 1984 s o b r e a adsorção
d e c o r a n t e s , m e t a i s e outras substâncias orgânicas e m solução p o r a d s o r v e n t e s o u
b i o a d s o r v e n t e s . D o total d o s t r a b a l h o s , f o i v e r i f i c a d o e m q u a r e n t a e três e s t u d o s o s
d a d o s e x p e r i m e n t a i s r e p r e s e n t a d o s pelo m o d e l o d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m . D e s t e s ,
o n z e f o r a m t e s t a d o s s e g u n d o a equação d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m , d a q u a l f o r a m
obtidos e m todos os casos resultados superiores d e correlação d o s d a d o s
e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o e s t a equação.

2.3.3.1 EQUAÇÃO DE PSEUDO-PRIMEIRA ORDEM

A equação d e L a g e r g r e n ( L A G E R G R E N apud H O & M C K A Y , 2 0 0 0 ) f o i a


p r i m e i r a equação utilizada para a adsorção d e líquidos e m sólidos b a s e a d a na
c a p a c i d a d e d o sólido. É u m a d a s equações d e v e l o c i d a d e m a i s a p l i c a d a s para
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 20

adsorção d e u m s o l u t o d e u m líquido, e p o d e s e r r e p r e s e n t a d a p o r ( H O & M C K A Y ,


1999):

^ = k(q,-q,) (2.1)

o n d e /í é a c o n s t a n t e d e v e l o c i d a d e e m m i n " \ qe a concentração d e m e t a l
no a d s o r v e n t e n o equilíbrio e m m g . g ^ e QÍ a concentração d e m e t a l n o a d s o r v e n t e n o
tempo í em mg.g"\

S e p a r a n d o a s variáveis n a equação ( 2 . 1 ) :

— = kdt (2.2)

I n t e g r a n d o para o s limites í = O a f = t e Q Í = O a Q Í = Qf, t e m - s e :

ln{ ) = kt (2.3)

A q u a l r e p r e s e n t a a lei d e v e l o c i d a d e i n t e g r a d a p a r a a reação d e p s e u d o -
primeira o r d e m .

A f o r m a linearizada d a equação (2.3) p o d e s e r obtida por:

ln(q,-q,)^ln(qj-kt (2.4)

N e s t a equação, a constante d e v e l o c i d a d e k p o d e s e r c a l c u l a d a p o r m e i o
d o c o e f i c i e n t e a n g u l a r o b t i d o d a representação gráfica d e In(qe-qt) e m função d e t. N o
e n t a n t o , a n a l i s a n d o a equação (2.4) é fácil n o t a r a d i f i c u l d a d e d e s e utilizar e s t e
m o d e l o pela n e c e s s i d a d e d e s e d e t e r m i n a r p r e v i a m e n t e , d e a l g u m a f o r m a , o
parâmetro p a r a isso. U m a d a s técnicas u t i l i z a d a s n e s t e c a s o é a d a extrapolação
d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s a f = co, o u tratar o parâmetro qe c o m o u m parâmetro
ajustável a s e r d e t e r m i n a d o por métodos d e t e n t a t i v a e erro ( H O & M C K A Y , 1999).

N e s t e t r a b a l h o , c o n f o r m e será d e s c r i t o p o s t e r i o r m e n t e n a apresentação
dos r e s u l t a d o s (Capítulo 4 ) , o s valores d e qe f o r a m e s t i m a d o s c o m o auxílio d a
interpretação prévia d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s , s e g u n d o o m o d e l o d e p s e u d o -
s e g u n d a o r d e m ( m o s t r a d o n o item 2.3.3.2).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 21

D e a c o r d o c o m A H A R O N I & S P A R K S {apud H O & M C K A Y , 1999), esta


equação a p l i c a d a a r e s u l t a d o s e x p e r i m e n t a i s difere d e u m a equação d e primeira
o r d e m e m d o i s a s p e c t o s . E m primeiro lugar, o parâmetro k(qe-qt) não r e p r e s e n t a o
número d e sítios disponíveis n a superfície d o a d s o r v e d o r . Além d i s s o , c o n f o n n e
m e n c i o n a d o a n t e r i o r m e n t e , o parâmetro In(qe) é u m parâmetro ajustável, o q u a l
n o r m a l m e n t e não c o i n c i d e c o m o valor o b t i d o d o c o e f i c i e n t e linear o b t i d o p o r m e i o d o
gráfico d e In(qe-qt) e m função d e t.

2.3.3.2 EQUAÇÃO DE PSEUDO-SEGUNDA ORDEM (HO & MCKAY, 2000)

C o n f o r m e d e s c r i t o n o item 2 . 3 . 2 , a adsorção d e íons d e m e t a i s e m solução


ocorre p r e d o m i n a n t e m e n t e p e l o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s substâncias húmicas d a
turfa. T o m a n d o c o m o e x e m p l o a situação r e p r e s e n t a d a n a F I G . 2 . 3 , a reação e n t r e o
Cu^"^ e o g r u p o f u n c i o n a l d a turfa p o d e s e r r e p r e s e n t a d a d e d u a s f o r m a s ( C O L E M A N
eí al. apud H O & M C K A Y , 2 0 0 0 ) :

2 P + Cu^^ o CuPs (2.5)

2HP + Cu^^ o CuP2 + 2 H * (2.6)

o n d e P e H P são o s sítios d e adsorção n a superfície d a turfa.

N a intenção d e a p r e s e n t a r u m a equação r e p r e s e n t a t i v a d a adsorção d e


metais b i v a l e n t e s n a turfa, H O & M C K A Y ( 2 0 0 0 ) a s s u m i r a m a hipótese d e q u e o
p r o c e s s o p o d e s e r r e p r e s e n t a d o p o r u m a cinética d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e m q u e
a e t a p a limitante d o p r o c e s s o é adsorção química, e n v o l v e n d o forças d e v a l e n c i a
através d o c o m p a r t i l h a m e n t o d e elétrons d e v i d o a forças c o v a l e n t e s existentes entre
o adsorvente e o adsorbato (HO & MCKAY, 2000).

N a e t a p a inicial d o d e s e n v o l v i m e n t o d e q u a l q u e r m o d e l o matemático,
a l g u m a s considerações d e v e m s e r feitas. I n i c i a l m e n t e , d e v e - s e a s s u m i r q u e o
fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s pode ser representado pela equação d e
Langmuir. Isso s i g n i f i c a dizer q u e o fenômeno a t e n d e às condições a s e r e m
a p r e s e n t a d a s n o i t e m 2.3.4.2. D e s s a f o r m a , a lei cinética d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m
p o d e s e r r e l a c i o n a d a à q u a n t i d a d e d e íons metálicos n a superfície d a turfa e à
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 22

q u a n t i d a d e d e íons a d s o r v i d o s n o equilíbrio. A q u a n t i d a d e d e i o n s a d s o r v i d o s n o
equilíbrio Qe é função, p o r e x e m p l o , d a t e m p e r a t u r a , d a concentração inicial d e
m e t a i s , d a concentração d e t u r f a e d a n a t u r e z a d a interação e n t r e o a d s o r b a t o e o
adsorvente.

A expressão d e v e l o c i d a d e d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m utilizada para a s


reações d e adsorção a p r e s e n t a d a s e m (2.5) e (2.6) p o d e s e r d e s c r i t a p o r ( H O &
MCKAY, 2000):

^ = k[{P)e-{P)tr (2.7)

ou

^^~^^k{{HP),-{HP\f (2.8)

N a s equações, (P)Í e {HP)t c o r r e s p o n d e m a o número d e sítios d a turfa


o c u p a d o s n o t e m p o t e ( P ) e e {HP)e o número d e s i t i o s disponíveis n a turfa n o
equilíbrio.

A s equações cinéticas d a v e l o c i d a d e p o d e m s e r r e e s c r i t a s d a s e g u i n t e
forma:

^ = k{qe-qtf (2.9)

o n d e k é a c o n s t a n t e d e v e l o c i d a d e e m g.mg"^min \ q e a concentração d e
m e t a l a d s o r v i d o à turfa n o equilíbrio e m m g . g ^ e Q f a concentração d e m e t a l
a d s o r v i d o à turfa n o t e m p o í e m m g . g " \

S e p a r a n d o a s variáveis d a equação (2.9):

i n t e g r a n d o p a r a o s l i m i t e s t= O a t= \e qt = O a qt= qt, t e m - s e :

= — + /(í (2.11)
iÇe-Qt) Qe
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 23

A q u a l r e p r e s e n t a a lei d e v e l o c i d a d e i n t e g r a d a p a r a u m a reação d e
p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . A equação (2.11) p o d e s e r e x p r e s s a e m função d e qt n a
forma:

D a linearização d a equação (2.12) s e obtém:

D a equação (2.13) é d e f i n i d a a v e l o c i d a d e inicial d e adsorção h, e x p r e s s a

por:

h = l<ql (2.14)

S u b s t i t u i n d o a equação ( 2 . 1 4 ) n a equação (2.13), t e m - s e :

/ 1 1
= - +— f (2.15)

A s c o n s t a n t e s qe, h e k p o d e m s e r o b t i d a s p o r m e i o d o gráfico de t/qt e m


função d e t.

2.3.4 EQUILÍBRIO DE ADSORÇÃO DE METAIS EM TURFA

U m a m a n e i r a prática e u s u a l d e s e quantificar a adsorção é p o r m e i o d a


construção d e isotermas d e adsorção. I s o t e r m a s c o n s i s t e m d e c u r v a s p a r a d e s c r e v e r
a dependência d a q u a n t i d a d e d e a d s o r b a t o c o n c e n t r a d a n a s u p e r f i c i e sólida e m
função d a q u a n t i d a d e r e m a n e s c e n t e e m solução n a condição d e equilíbrio ( F I G . 2.1).

O s d a d o s d e equilíbrio u t i l i z a d o s p a r a a construção d a s i s o t e r m a s p o d e m
ser obtidos por meio d e experimentos realizados c o m o adsorbato e m diferentes
concentrações iniciais e m c o n t a t o c o m u m a q u a n t i d a d e fixa d e a d s o r v e n t e , e m
t e m p e r a t u r a c o n s t a n t e , p o r período d e t e m p o p r e v i a m e n t e e s t a b e l e c i d o p a r a q u e
s e j a a s s e g u r a d a a condição d e e q u i l i b r i o .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 24

O s d a d o s o b t i d o s nestes e x p e r i m e n t o s são a p l i c a d o s a m o d e l o s teóricos


na intenção d e s e avaliar e c o m p r e e n d e r a s variáveis q u e c o n t r o l a m o p r o c e s s o d e
adsorção. D e n t r e o s m o d e l o s m a i s utilizados d e s t a c a m - s e n o r m a l m e n t e a s equações
de Freundlicti e Langmuir.

N o c a s o d a adsorção d e m e t a i s p e l a t u r f a , a equação d e L a n g m u i r é
g e r a l m e n t e a p r e s e n t a d a c o m o a m e l h o r opção d e a j u s t e d e d a d o s d e e q u i l i b r i o
( B E N C H E I K H - L E H O C I N E , 1 9 8 9 ; S H A R M A & F O R S T E R , 1 9 9 3 ; A L L E N et al., 1 9 9 4 ;
M C K A Y & P O R T E R , 1 9 9 7 ) . N o e n t a n t o , e m a l g u n s t r a b a l h o s d a literatura v e r i f i c a - s e
o ajuste pela utilização d e a m b o s os modelos d e Freundiich e Langmuir
( V I R A R A G H A V A N & R A O , 1 9 9 3 ; H O etal., 1 9 9 5 ) .

N a T A B . 2.1 e s t e a s p e c t o é i l u s t r a d o por meio de resultados d e


c o e f i c i e n t e s d e correlação ( r o u i^) o b t i d o s d e e s t u d o s d e equilibrio d e adsorção d o s
ions d o s m e t a i s Z n , C d , C u N i , P b e C r ( V I ) e m t u r f a .

T A B E L A 2.1 - I s o t e r m a s d e F r e u n d i i c h e L a n g m u i r utilizadas e m e s t u d o s d e
e q u i l i b r i o d a adsorção d e m e t a i s e m turfa.

METAL FREUNDLICH LANGMUIR Referência


r = 0,981 r = 0,988 BENCHEIKH-LEHOCINE, 1989
Zn^* 1^ = 0,9732; 0,9495* = 0,9992 MCKAY & PORTER, 1997
r = 0,999 PETRONI ef al., 2001
r-0,995" r = 0,995** VIRARAGHAVAN & RAO, 1993
Cd^* = 0,9719; 0,9116* = 0,9999 MCKAY & PORTER, 1997
r = 0,997 PETRONI ef a/., 2001
A ^ = 0,9157 = 0,9996 HO eí ai., 2002
Cu^^
= 0,9939; 9589* = 0,9991 MCKAY & PORTER, 1997
= 0,9618 = 0,9988 HO etal., 2002
Ni^*
= 0,985 a 0,992' = 0,984 a 0,991' HO etal., 1995
Pb^* - = 0,987 a 0,997'' HO etal., 1996
Cr'* = 0,978 (pH4,0) = 0,988 (pH 4,0) SHARMA & FORSTER, 1993
*Valores calculados em faixas de concentrações baixa e alta, respectivamente.
**Valores calculados de experimentos realizados a 5°C.
'Valores calculados de experimentos realizados na faixa de pH 4,0 a 7,0.
"Valores calculados de experimentos realizados na faixa de pH 4,0 a 6,0 de 10°C a 40''C.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 25

A seguir, n o s itens 2.3.4.1 e 2.3.4.2, serão a p r e s e n t a d o s d e t a l h a d a m e n t e


os dois m o d e l o s c o n t e m p l a d o s nos e s t u d o s d e adsorção realizados neste t r a b a l h o .

2.3.4.1 ISOTERMA DE FREUNDLICH

Em 1906 Freundlich apresentou o primeiro modelo d e isoterma d e


adsorção q u e s e t e m c o n h e c i m e n t o . D e s e n v o l v i d o e m b a s e s empíricas, este m o d e l o
é n o r m a l m e n t e a p l i c a d o a s i s t e m a s não ideais d e adsorção, tanto e m superfícies
heterogêneas c o m o p a r a adsorção e m m u l t i c a m a d a s ( H O eí al., 2 0 0 2 ) .

A i s o t e r m a d e Freundlich é p r o v a v e l m e n t e a m a i s utilizada para d e s c r e v e r


m a t e m a t i c a m e n t e a adsorção e m soluções a q u o s a s ( F A U S T & A L Y , 1987). E m
p r o c e s s o s d e t r a t a m e n t o d e água, p o r e x e m p l o , s u a aplicação é m u i t o freqüente n a
adsorção d e p o l u e n t e s orgânicos e m carvão a t i v a d o e m pó ( W E B E R , 1972).

A p e s a r d i s s o , p o r s e tratar d e m o d e l o empírico, a equação d e Freundlich é


muitas vezes criticada pela falta d e fundamentação termodinâmica no seu
d e s e n v o l v i m e n t o ( H O et al., 2 0 0 2 ) . Além d i s s o , é m u i t o c o m u m s e verificar o ajuste
d e d a d o s d e equilíbrio s e g u n d o esta equação p a r a f a i x a s estreitas d e concentração
d o a d s o r b a t o ( W E B E R , 1972).

A equação d e Freundlich p o d e s e r r e p r e s e n t a d a p o r ( F A U S T & A L Y ,


1987):

qe=a,C,''^ (2.16)

o n d e qe e Cg r e p r e s e n t a m r e s p e c t i v a m e n t e a s concentrações d o a d s o r b a t o
no a d s o r v e n t e e e m solução, e ap e bp são c o n s t a n t e s empíricas características d o
sistema.

R e e s c r e v e n d o a equação (2.16) n a f o r m a logarítmica t e m - s e :

Inq^ = Inap+bp InC^ (2.17)

O gráfico d e Inqe e m função d e Cg p e r m i t e a determinação d a s c o n s t a n t e s


ap e bp.
REVISAO BIBLIOGRÁFICA - 26

2.3.4.2 ISOTERMA DE LANGMUIR

E m 1 9 1 6 , o químico industrial a m e r i c a n o Irving L a n g m u i r d e d u z i u u m a


expressão p a r a a fração d e e q u i l i b r i o d e u m a s u p e r f i c i e sólida ( a d s o r v e n t e ) c o b e r t a
por u m a d s o r b a t o e m função d a concentração d e s s e a d s o r b a t o n a f a s e g a s o s a o u
liquida. O m o d e l o teórico foi d e s e n v o l v i d o baseado nas seguintes hipóteses
( M O R T I M E R , 1993; M O O R E , 1976):

• A superfície sólida contém u m número fixo d e sítios d e adsorção. N o


equilíbrio, e m q u a l q u e r t e m p e r a t u r a e pressão, u m a fração «9 d e sítios é o c u p a d a p o r
moléculas a d s o r v i d a s A e u m a fração ^ - ô a q u a l não s e e n c o n t r a o c u p a d a .

• C a d a s i t i o p o d e m a n t e r a p e n a s u m a molécula adsorvída, f o r m a n d o u m a
c a m a d a única ( m o n o c a m a d a ) d e moléculas a d s o r v i d a s s o b r e a superfície sólida.

• O c a l o r d e adsorção é o m e s m o p a r a t o d o s o s sítios e não d e p e n d e d a


fração c o b e r t a ô.

• Não e x i s t e interação e n t r e moléculas s i t u a d a s e m sítios diferentes. A


p r o b a b i l i d a d e d e u m a molécula c o n d e n s a r s o b r e u m sítio não o c u p a d o o u a b a n d o n a r
u m sítio o c u p a d o não d e p e n d e d e o s sítios v i z i n h o s e s t a r e m o u não o c u p a d o s .

A reação d e adsorção p o d e s e r r e p r e s e n t a d a p o r :

A + s i t i o d e adsorção o A ( a d s o r v i d o )

O p r o c e s s o d e adsorção p o d e s e r c o n s i d e r a d o u m p r o c e s s o e l e m e n t a r , n o
q u a l a v e l o c i d a d e d e adsorção é p r o p o r c i o n a l à concentração d e A n a f a s e fluida e
também p r o p o r c i o n a l à fração 1 - ^ d e sítios disponíveis p a r a adsorção:

v e l o c i d a d e d e adsorção = /cJ/A](1-0) (2.18)

A dessorção também é c o n s i d e r a d a u m p r o c e s s o e l e m e n t a r , d e s s a f o r m a :

v e l o c i d a d e d e dessorção = k\9 (2.19)


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 27

N o equilíbrio, a s v e l o c i d a d e s d e adsorção e dessorção são iguais e p o d e m


ser escritas:

k\e = k,[A]{^-G) (2.20)

r e s o l v e n d o para 0, t e m - s e :

e-.'íM^-.M,
k\+k,[A] ^ + K[Á
(2.21)

o n d e K é a c o n s t a n t e d e equilibrio d e L a n g m u i r e m L.mmol"^ o u L.mg"^


d e f i n i d a por:

K =^ (2.22)

A equação (2.21) é c o n h e c i d a c o m o i s o t e r m a d e L a n g m u i r . O n o m e
" i s o t e r m a " é utilizado, pois a fórmula f o r n e c e a fração d a s u p e r f i c i e c o b e r t a e m
função d a concentração d a substância A a u m a d e t e r m i n a d a temperatura
( M O R T I M E R , 1993).

S e n d o x a concentração d o a d s o r b a t o A n a f a s e sólida e m mg.g"^


p r o p o r c i o n a l a 0 para u m d e t e r m i n a d o a d s o r v e d o r , t e m o s x = b0 , o n d e b é u m a
c o n s t a n t e , a equação (4) p o d e s e r e s c r i t a :

x =^ (223)

Substituindo: bK = S l , e t e m - s e

o n d e di é u m a c o n s t a n t e característica d a equação d e L a n g m u i r d a d a e m
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 28

A n a l o g a m e n t e , para a adsorção d e m e t a i s e m solução a q u o s a n a turfa, a


i s o t e r m a d e L a n g m u i r r e p r e s e n t a d a p e l a equação (2.24), p o d e s e r escrita p o r :

q (2.25)

O n d e qe r e p r e s e n t a a concentração d e equilíbrio d o s m e t a i s n a t u r f a , e m
m g . g " \ e C e a concentração d e equilíbrio d o s m e t a i s e m solução, e m m g . L ' \

A s c o n s t a n t e s a/, e K p o d e m s e r d e t e r m i n a d a s pela linearização d a


equação (2.25):

^ =- ^ - C , (2.26)
Qe at '

o n d e a representação gráfica d e C e / q e e m função d e C e f o r n e c e u m a reta


d e c o e f i c i e n t e angular KI at, i n t e r c e p t a n d o o e i x o d a s a b s c i s s a s n o p o n t o 1 / a L A
razão a¡. / K f o r n e c e a c a p a c i d a d e d e saturação d a m o n o c a m a d a , Xm e m mg.g"^
( M C K A Y & P O R T E R , 1997).

Além deste i m p o r t a n t e parâmetro, a i s o t e r m a p e r m i t e a i n d a o cálculo d a


e n e r g i a livre d e adsorção (AGads) p o r m e i o d a c o n s t a n t e K, p a r a q u e s e p o s s a avaliar
o t i p o d e adsorção (física o u química) característico d o p r o c e s s o p e l a equação
( J A M E S & H E A L Y , 1972):

A G , , , = - R r In K (2.27)

2.3.5 ADSORÇÃO EM LEITO FIXO

U m aspecto d e particular importância n a operação d e p r o c e s s o s à b a s e d e


adsorção, refere-se à m a n e i r a p e l a q u a l o a d s o r v e n t e entra e m c o n t a t o c o m o fluido
contendo o adsorbato a ser tratado.

A inconveniência e o relativo c u s t o d e s e t r a n s p o r t a r continuamente


partículas sólidas e m situações q u e n e c e s s i t a m d e operação e m r e g i m e p e r m a n e n t e .
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 29

c o m o o c o r r e n a s operações e m b a t e l a d a , m u i t a s v e z e s torna m a i s econômico fazer


p e r c o l a r o fluido a s e r t r a t a d o através d e u m leito estacionário, o u leito f i x o d e
adsorvente.

A percolação d e q u a n t i d a d e s c r e s c e n t e s d e fluido através d o leito fixo


i m p l i c a e m u m conseqüente a u m e n t o d a concentração d o a d s o r b a t o n a f a s e sólida.
E s t a técnica é a m p l a m e n t e utilizada e e n c o n t r a aplicações n o s m a i s diversos
c a m p o s , c o m o na recuperação d e v a p o r e s d e s o l v e n t e d e g a s e s , purificação d e a r
c o m o e m máscara d e g a s e s , desidratação d e g a s e s e líquidos, descoloração d e
óleos v e g e t a i s e m i n e r a i s , concentração d e s o l u t o s d e soluções líquidas c o m o n o
t r a t a m e n t o d e águas, e e m m u i t o s o u t r o s c a s o s . ( T R E Y B A L , 1981).

Operações d e f l u x o contínuo e m leito f i x o (ou e m coluna), a p r e s e n t a m u m a


i m p o r t a n t e v a n t a g e m s o b r e operações e m b a t e l a d a , pois a s taxas d e adsorção
d e p e n d e m d a concentração d o s o l u t o n a solução a s e r t r a t a d a .

E m operações e m c o l u n a , o a d s o r v e n t e está c o n t i n u a m e n t e e m c o n t a t o
c o m a solução n a s u a concentração inicial. Conseqüentemente, a concentração d a
solução e m c o n t a t o c o m o a d s o r v e n t e n o leito f i x o e m u m a coluna é r e l a t i v a m e n t e
c o n s t a n t e . P a r a u m p r o c e s s o e m b a t e l a d a , a concentração d o soluto e m c o n t a t o c o m
u m a certa q u a n t i d a d e d e a d s o r v e n t e d e c r e s c e n o d e c o r r e r d a adsorção, i m p l i c a n d o
e m u m a q u e d a d e eficiência d o a d s o r v e n t e n a remoção d o s o l u t o ( W E B E R , 1 9 7 2 ) .

2.3.5.1 CURVA DE BREAKTHROUGH {\NEBER, 1972)

E m p r o c e s s o s d e t r a t a m e n t o d e águas e águas residuárias q u e utilizam


operações d e adsorção e m leito fixo, a solução a s e r t r a t a d a é p e r c o l a d a através d e
um leito estacionário constituído p o r u m a c o l u n a e m p a c o t a d a c o m o m a t e r i a l
adsorvente.

N e s s a s condições, á m e d i d a q u e a solução é p e r c o l a d a , p r e v a l e c e u m a
condição d e r e g i m e d e desequilíbrio, o u não-equilibrio, n a q u a l o a d s o r v e n t e p a s s a a
r e m o v e r c o n t i n u a m e n t e a s i m p u r e z a s c o n t i d a s n a solução d u r a n t e t o d o o período útil
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 30

d e operação. A F I G . 2 . 4 a p r e s e n t a g r a f i c a m e n t e u m m o d e l o d e c o m p o r t a m e n t o
n o r m a l m e n t e o b t i d o p a r a u m a d s o r v e n t e s e n d o o p e r a d o e m leito fixo.

1.0 —

C/Cn

- {C3/C0)
- (C2/C0)
- (C,/Co)

Tempo ou Volume de Água Tratada

F I G U R A 2.4 - Representação esquemática d o m o v i m e n t o d a z o n a d e adsorção e d a


c u r v a d e breakthrough resultante d e u m p r o c e s s o e m leito fixo ( m o d i f i c a d o d e
W E B E R , 1972).

O soluto o u a impureza é adsorvido mais rapidamente e mais efetivamente


nas c a m a d a s s u p e r i o r e s d o a d s o r v e n t e d u r a n t e o s estágios iniciais d a operação.
E s t a s c a m a d a s m a i s altas d o a d s o r v e n t e estão, l o g i c a m e n t e , e m c o n t a t o c o m a
solução no s e u nível m a i s e l e v a d o d e concentração, Co.

A s p e q u e n a s q u a n t i d a d e s d e s o l u t o q u e e s c a p a m d a adsorção são
r e m o v i d a s e m u m estrato localizado m a i s a b a i x o n o leito, e n e c e s s a r i a m e n t e
n e n h u m s o l u t o e s c a p a d o a d s o r v e n t e ( C = 0 ) . I n i c i a l m e n t e , a z o n a d e adsorção é
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 31

c o n c e n t r a d a próxima a o t o p o d a c o l u n a . À m e d i d a q u e a solução v a i s e n d o
percolada, a s c a m a d a s m a i s altas vão f i c a n d o p r a t i c a m e n t e s a t u r a d a s d o soluto e,
portanto m e n o s e f i c a z e s p a r a p o s t e r i o r e s adsorções. A s s i m , a z o n a d e adsorção
primária m o v e - s e p a r a b a i x o p e l a c o l u n a para regiões o n d e o a d s o r v e n t e e n c o n t r a -
se "limpo". O m o v i m e n t o ondulatório d e s t a z o n a , a c o m p a n h a d o pelo m o v i m e n t o d a
linha d e frente d a concentração Co, o c o r r e a u m a v e l o c i d a d e g e r a l m e n t e m a i s lenta
q u e a v e l o c i d a d e linear d a água n a c o l u n a .

C o n f o r m e a z o n a d e adsorção v a i s e m o v e n d o p a r a b a i x o , mais e m a i s
soluto t e n d e a e s c a p a r n o e f l u e n t e , c o m o m o s t r a e s q u e m a t i c a m e n t e a F I G . 2.4 A
representação gráfica d e C / Co c o m t e m p o ( p a r a t a x a s d e vazão c o n s t a n t e s ) , o u
v o l u m e d e água t r a t a d a , é c h a m a d a d e c u r v a d e breakthrough, a qual descreve o
a u m e n t o d a razão e n t r e a s concentrações d e e f l u e n t e e i n f l u e n t e c o m o m o v i m e n t o
d a z o n a d e adsorção p e l a c o l u n a .

N e s t a c u r v a , o breakpoint r e p r e s e n t a o p o n t o d a operação e m q u e , para


aplicações práticas, a c o l u n a está e m equilibrio c o m a solução influente e s o m e n t e
u m a p e q u e n a remoção a d i c i o n a l d o soluto irá ocorrer. N e s s e p o n t o é g e r a l m e n t e
recomendável q u e s e r e a t i v e o u s e s u b s t i t u a o a d s o r v e n t e .

O método e s c o l h i d o para a operação d e u m leito f i x o d e p e n d e d a s m u i t a s


f o r m a s S a s s u m i d a s p e l a c u r v a d e breakthrough. P a r a a m a i o r i a d o s p r o c e s s o s d e
adsorção n o t r a t a m e n t o d e águas e águas residuárias, a c u r v a d e breakthrough
a p r e s e n t a u m f o r m a t o d o t i p o S, porém c o m vários níveis d e inclinação e posições d e
breakpoint.

Vários f a t o r e s p o d e m afetar o f o r m a t o d a c u r v a d e breakthrough, incluindo


a concentração d o s o l u t o , p H , o m e c a n i s m o limitante d o p r o c e s s o d e adsorção, a
natureza d a s condições d e equilíbrio, o t a m a n h o d a partícula d o a d s o r v e n t e , a vazão
d o efluente, o c o m p r i m e n t o d a c o l u n a , entre o u t r o s .

S e o c o m p r i m e n t o total d o leito for m e n o r q u e o c o m p r i m e n t o d a z o n a d e


adsorção primária r e q u e r i d o para a remoção e f e t i v a d o s o l u t o , a concentração d o
soluto n o e f l u e n t e d a c o l u n a irá subir r a p i d a m e n t e a s s i m q u e e s t e f o r d e s c a r r e g a d o
do adsorvente.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 32

A F I G . 2.5 a p r e s e n t a u m a c u r v a d e breakthrough Idealizada e x p r e s s a e m


t e r m o s d e C / Co e v o l u m e d e água t r a t a d a Ve, a q u a l a t r a v e s s a u m a u n i d a d e d e
seção t r a n s v e r s a l d e área d o a d s o r v e n t e .

c/c,

F I G U R A 2.5 - C u r v a d e breakthrough i d e a l i z a d a ( m o d i f i c a d o d e W E B E R , 1972).

A c u r v a d e breakthrough i d e a l i z a d a a s s u m e q u e a remoção d o soluto d a


solução é c o m p l e t a n o s estágios iniciais d a operação. N a prática, não é i n c o m u m
q u e o c o r r a u m p e q u e n o " v a z a m e n t o " d o soluto m e s m o n o inicio d a operação. O
breakpoint é e s c o l h i d o a r b i t r a r i a m e n t e a u m valor b a i x o d e C / Co. N a concentração
d o e f l u e n t e próxima d e Co, também a r b i t r a r i a m e n t e s e l e c i o n a d a , o a d s o r v e n t e é
considerado saturado.

U m artifício c o m u m e n t e utilizado p a r a s e d e t e r m i n a r a c a p a c i d a d e d o
a d s o r v e n t e e m c o l u n a (Xf,) a partir d a c u r v a d e breakthrough, b a s e i a - s e n a utilização
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 33

d o v o l u m e d e breakthrough {Vb), o q u a l c o r r e s p o n d e a o v o l u m e d e solução e f l u e n t e


c o r r e s p o n d e n t e a Cl Co igual a 0 , 5 ( S R I V A S T A V A et al., 1 9 8 9 ) :

(2.28)

Onde pc r e p r e s e n t a a m a s s a específica d o a d s o r v e n t e e m c o l u n a , e Vads o


r e s p e c t i v o v o l u m e o c u p a d o pelo a d s o r v e n t e e m p a c o t a d o n a c o l u n a e m operação.

A c o l u n a s a t u r a d a p o d e , m u i t a s v e z e s , s e r r e g e n e r a d a p o r m e i o d a eluição
d o a d s o r b a t o p e l a ação d e u m a solução ( e l u e n t e ) . A s s i m c o m o o c o r r e n a c u r v a d e
breakthrough, n e s s e c a s o o b t e m - s e u m a c u r v a d e eluição, cujo f o r m a t o típico é
a p r e s e n t a d o n a F I G . 2.6.

V
F I G U R A 2 . 6 - C u r v a d e eluição.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - 34

A q u a n t i d a d e d e a d s o r b a t o e l u i d a d a c o l u n a (mads) é d e t e r m i n a d a pela
área h a c h u r a d a na F I G . 2.6, e p o d e s e r c a l c u l a d a p e l a equação:

Cdy (2.29)

A partir d e s t e valor, d e t e r m i n a - s e a p o r c e n t a g e m d e recuperação d o


adsorbato na coluna, podendo-se avallar a capacidade d e regeneração d o
adsorvente.

N o c a s o d a turfa, c o n s i d e r a n d o q u e a adsorção d o s m e t a i s ocorre


m e d i a n t e a troca c o m ions H"^ d o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s substâncias iiúmicas (item
2.3.2), v e r i f i c a - s e q u e a utilização d e soluções ácidas c o n c e n t r a d a s r e s u l t a n a
eluição e f i c i e n t e d o s m e t a i s retidos n a c o l u n a e n a conseqüente regeneração d o
material.

Nesse caso, podem s e r utilizadas soluções d e ácido clorídrico n a


concentração a p r o x i m a d a d e 1 , 0 m o l . L " \ não só p a r a eluição d o s m e t a i s e m c o l u n a ,
m a s também para o t r a t a m e n t o d o m a t e r i a l a n t e s d o u s o , para a remoção d e
substâncias indesejáveis q u e s e e n c o n t r e m p r e v i a m e n t e a d s o r v i d a s (GÖSSET e f a/.,
1986, P E T R O N I , 1999).
MATERIAIS E MÉTODOS - 35

CAPÍTULO 3

3. M A T E R I A I S E MÉTODOS

V i s a n d o alcançar o s o b j e t i v o s p r o p o s t o s a p r e s e n t a d o s n o Capítulo 1 , o s
e s t u d o s e x p e r i m e n t a i s f o r a m divididos nas s e g u i n t e s e t a p a s :

« Descrição d a s turfas utilizadas

« Caracterização física e química

• E x p e r i m e n t o s d e adsorção

N e s t e capítulo serão d e s c r i t o s o s e q u i p a m e n t o s , m a t e r i a i s d e laboratorio,


r e a g e n t e s e soluções utilizadas. E m s e g u i d a serão a p r e s e n t a d a s a s m e t o d o l o g i a s
e m p r e g a d a s n a realização d o s e x p e r i m e n t o s .

3.1 E Q U I P A M E N T O S E M A T E R I A I S D E LABORATÓRIO

• Espectrómetro d e absorção atômica Perkin Elmer m o d e l o AAnalyst 800

• Espectrómetro d e absorção atômica Varían m o d e l o Spectra AA 20 Plus

• Espectrómetro d e emissão óptica c o m p l a s m a d e argônio SpectroFIame


M120 E

• D e t e c t o r d e G e h i p e r - p u r o Canberra c o m resolução d e 1,9keV n o pico


d e 1 . 3 3 2 k e V d o ^°Co, placa S-100 MCA c o m 8 1 9 2 c a n a i s e eletrônica
associada

• Programa de computador Genie 2000 NAA Processing Procedure


d e s e n v o l v i d o pela Canberra

o Picnômetro M u l t i v o l u m e Micrometrícs m o d e l o 1305

:\omi fíf a i f RflÁ MÍ n m^KP.tv€u


MATERIAIS E MÉTODOS - 36

F o r n o d e m i c r o o n d a s Provecto Analítica m o d e l o DGT-100 plus, c o m


t u b o s d e digestão d e hostaflon e s i s t e m a d e r e f l u x o para evaporação
d e ácido f l u o r i d r i c o

Colorímetro Hach m o d e l o DR/890

A g i t a d o r h o r i z o n t a l Ética m o d e l o 430

A g i t a d o r mecânico Nova Técnica c o m h a s t e d e v i d r o

Agitador horizontal montado no IPEN

Centrífuga

S i s t e m a d e purificação d e água Barnstead EASY pure RF

D e s t i l a d o r d e água

p H m e t r o Digimed m o d e l o DM21

Condutivímetro Orion m o d e l o 150

R e a t o r Merck Termoreaktor TR30

S i s t e m a d e filtração Millipore

B o m b a d e vácuo

C o n j u n t o d e p e n e i r a s para análise granulométrica

Vibrador para conjunto de peneiras

Mufla

Estufa

Balanças analítica e s e m i - a n a l i t i c a

M i c r o p i p e t a s automáticas

Cronómetro

Termómetro

Tubos d e polietileno d e 5 0 m L com tampa

Frascos d e vidro d e 10mL e 50mL c o m tampa


MATERIAIS E MÉTODOS - 37

A l m o f a r i z e pistilo

Vidraria e m a t e r i a l básico d e laboratório: b e q u e r e s , e r l e n m e y e r s , balões


volumétricos, p i p e t a s , p r o v e t a s , b u r e t a s , c o l u n a s d e v i d r o , kitassato,
funil d e büchner, f u n i s analíticos, c a d i n h o s d e p o r c e l a n a , c a d i n h o s d e
platina, v i d r o s d e relógio, pinças, espátulas, s u p o r t e , g a r r a s , p i s s e t e s ,
m a n g u e i r a s d e b o r r a c h a , p a p e l i n d i c a d o r d e p H , p a p e l d e filtro, etc.

E q u i p a m e n t o s d e proteção i n d i v i d u a l : óculos, máscara e l u v a s .

3.2 REAGENTES

T o d o s o s r e a g e n t e s utilizados são d e g r a u analítico, d e procedência


Merck, Fluka o u Cario Erba.

Ácido clorídrico ( H C l )

Ácido nítrico (HNO3)

Ácido sulfúrico ( H 2 S O 4 )

Ácido fluorídrico ( H F )

Hidróxido d e sódio ( N a O H )

Sulfato d e c a d m i o ( 3 C d S 0 4 . 8 H 2 0 )

Nitrato d e c o b r e ( C u ( N 0 3 ) 2 . 3 H 2 0 )

C l o r e t o d e níquel (NÍCI2) (padrão a q u o s o T/ír/so/1,000g N i )

D i c r o m a t o d e potássio ( K 2 C r 2 0 7 )

C l o r e t o d e potássio ( K C l )

C l o r e t o d e cálcio ( C a C b )

C a r b o n a t o d e sódio a n i d r o ( N a 2 C 0 3 )

Sulfato f e r r o s o a m o n i a c a l (Fe(NH4)2(S04)2-6H20)

D i f e n i l a m i n a (C12H11N)
MATERIAIS E MÉTODOS - 38

• Cloreto d e bário (BaCl2.2H20)

• Ácido etilenodiaminotetracético ( E D T A ) , sal dissódico


(CioHi4N208Na2.2H20)

• Sulfato d e m a g n e s i o ( M g S 0 4 . 7 H 2 0 )

» T r i e t a n o l a m i n a (C6H15NO3)

• Violeta de pirocatecol (C19H14O7S)

• Água d e i o n i z a d a u l t r a p u r a , c o n d u t i v i d a d e < 1|iS.cm"^

• Água destilada

3.3 SOLUÇÕES

• Soluções d e ácido clorídrico 0,1mol.L"^ e 1,Omol.L"^

• Solução d e hidróxido d e sódio 0,1 mol.L'^

• Solução d e c l o r e t o d e cálcio 0,01 m o l . L ' '

• Solução tampão p H 4 , 0 1

• Solução tampão p H 7 , 0 0

• Soluções d o s m e t a i s A l , F e , K, M n , Z n , C r , C u , C d , N i , H g e P b ,
p r e p a r a d a s p o r m e i o d a diluição d e soluções padrão I.OOOmg.L"^ d o s
m e t a i s e m m e i o nitrico ( M E R C K ) , n a s concentrações a d e q u a d a s p a r a a
construção d a s curvas d e calibração utilizadas n a s análises p o r
espectrometría d e absorção atômica e espectrometría d e emissão
óptica.

" Soluções dos metais Cd, Cu e Ni, preparadas em diferentes


concentrações p a r t i n d o - s e d o s s a i s s u l f a t o d e c a d m i o , nitrato d e c o b r e
e d o padrão a q u o s o d e c l o r e t o d e n i q u e l ( M E R C K ) r e s p e c t i v a m e n t e ,
para realização d o s e x p e r i m e n t o s d e adsorção, c o n f o r m e d e s c r i t o n o s
procedimentos para c a d a experimento.
MATERIAIS E MÉTODOS - 39

Carbono Orgânico (EMBRAPA, 1997)

• Solução d e d i c r o m a t o d e potássio 0 , 1 6 7 m o l . L ' ^

• Solução d e s u l f a t o f e r r o s o a m o n i a c a l 0,5mol.L'^: d i s s o l v e r 1 9 6 , 0 7 g d o
s a l Fe(NH4)2(S04)2.6H20 e m 8 0 0 m L d e água d e s t i l a d a . A d i c i o n a r 2 0 m L
d e ácido sulfúrico c o n c e n t r a d o e c o m p l e t a r o v o l u m e a 1,0L c o m água
d e s t i l a d a e m balão volumétrico. P a d r o n i z a r e s s a solução c o m solução
d e d i c r o m a t o d e potássio c a d a v e z q u e f o r usá-la.

• Solução d e d i f e n i l a m i n a 1 , 0 %

Capacidade de Troca Catiônica (HESSE, 1971)

• Solução d e t r i e t a n o l a m i n a : Diluir 9 0 m L d e solução d e t r i e t a n o l a m i n a


c o n c e n t r a d a p a r a 1,0L d e água d e s t i l a d a e ajustar o p H e m 8,1 c o m
solução d e ácido clorídrico 2 , 0 m o l . L " \ C o m p l e t a r o v o l u m e a 2 , 0 L c o m
água d e s t i l a d a e m balão volumétrico. P r e s e r v a r a solução d a presença
d e gás carbônico.

• Solução d e cloreto d e bário 1,Omol.L"^

• Solução tampão d e c l o r e t o d e bário: Misturar v o l u m e s i g u a i s d a s


soluções d e t r i e t a n o l a m i n a e c l o r e t o d e bário.

• Solução d e E D T A 0,01 O m o l . L ^

• Solução d e sulfato d e m a g n e s i o 0,025mol.L"^

• Solução i n d i c a d o r a d e violeta d e p i r o c a t e c o l 0,1 %

3.4 DESCRIÇÃO DAS TURFAS UTILIZADAS

A turfa utilizada n e s t e t r a b a l h o é u m a turi^a c o m e r c i a l m e n t e disponível n o


m e r c a d o , p r o v e n i e n t e d e u m a turfeira p e r t e n c e n t e à e m p r e s a F L O R E S T A L S.A.,
l o c a l i z a d a n o município d e Balneário A r r o i o d o S i l v a a 3 K m d a c o s t a litorânea
próximo à c i d a d e d e Araranguá, a o s u l d o E s t a d o d e S a n t a C a t a r i n a .
MATERIAIS E MÉTODOS - 40

C o m u m a área total d e 2 . 0 0 0 h a , d o s q u a i s 7 0 0 h a e n c o n t r a m - s e e m
operação, a turfeira a p r e s e n t a u m a e s p e s s u r a média d e 2 , 0 m , t o t a l i z a n d o u m a
r e s e r v a d e 14 milhões d e m e t r o s cúbicos d e material aproveitável e c o n o m i c a m e n t e .
A i d a d e d a turfeira é e s t i m a d a , s e g u n d o p e s q u i s a feita pela própria e m p r e s a , e m
a p r o x i m a d a m e n t e 1 0 . 0 0 0 a n o s . D e a c o r d o c o m informações f o r n e c i d a s , e s t a s áreas
estão r e g u l a m e n t a d a s para produção j u n t o a o D N P M - D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l d e
Produção M i n e r a l - e a o s órgãos a m b i e n t a i s c o m p e t e n t e s através d e alvarás,
portarias, d e c r e t o s , E I A - E s t u d o d e I m p a c t o A m b i e n t a l , R I M A - Relatório d e I m p a c t o
A m b i e n t a l - e licenças o p e r a c i o n a i s . N a F I G . 3.1 são a p r e s e n t a d a s fotos d a área d a
turfeira e m operação.

F I G U R A 3.1 - Fotos d a área d a turfeira e m operação (fotos aéreas disponíveis e m


F L O R E S T A L S.A., 2 0 0 4 ) .

C0WS5A0 r-lACIO«sM DE E«€R6)A NUCLBWSP-IPEN


MATERIAIS E MÉTODOS - 41

D o a n o d e 1 9 8 6 a 1 9 9 6 , a produção d e t u r f a pela e m p r e s a , n a época s o b a


denominação d e C O M I N A S M i n e r a d o r a C o n v e n t o s S.A., f o i q u a s e q u e i n t e g r a l m e n t e
d e s t i n a d a a o u s o energético, t e n d o u m a p e q u e n a p a r t e d a s u a produção d e s t i n a d a
a o u s o agrícola. N e s s a época, a aplicação d a t u r f a c o m o combustível d a v a - s e
p r i n c i p a l m e n t e na gaseificação e m leito fixo e leito fluidizado e m f o r n o s para
materiais cerâmicos. A l g u n s d a d o s d e caracterização d a turfa combustível são
apresentados na T A B . 3 . 1 .

T A B E L A 3.1 - P r o p r i e d a d e s d a turfa u t i l i z a d a c o m o combustível.

P o d e r calorífico s u p e r i o r ( b a s e s e c a ) 5.200kcal.kg"^
C a r b o n o fixo 25 ± 5%
M a t e r i a i s Voláteis 65 ± 5%
Cinzas 6 ±2 %
Enxofre 0,35 ±0,15%
U m i d a d e final 25 ± 5%
M a s s a específica a p a r e n t e 0,35 ± 0,05g.cm'^

Fonte: COMINAS MINERADORA CONVENTOS S.A. (1992).

C o m O p a s s a r d o s a n o s , e s s a exploração d e i x o u d e s e r e c o n o m i c a m e n t e
v a n t a j o s a , f a z e n d o c o m q u e , a partir d o a n o d e 1 9 9 6 , t o d a a produção f o s s e
d e s t i n a d a à fabricação d e a d u b o orgânico, o r g a n o - m i n e r a l e s u b s t r a t o s .

C o m a dificuldade d e competir no mercado nacional d e a d u b o s e


fertilizantes p a r a o s e t o r agrícola, a e m p r e s a F L O R E S T A L S.A. v e m a t u a l m e n t e
investindo n a comercialização d o s s e u s p r o d u t o s p a r a aplicações e m produção e
manutenção de gramados e plantas ornamentais. Segundo a empresa, os
fertilizantes f a b r i c a d o s a partir d a Turía Fértil, c o m o é c o m e r c i a l m e n t e d e n o m i n a d a
s u a matéria-prima, a p r e s e n t a m u m a série d e v a n t a g e n s para e s s a aplicação, d e n t r e
elas: é u m p r o d u t o e c o l o g i c a m e n t e correto, constituído d e matéria orgânica d e alta
MATERIAIS E MÉTODOS - 42

q u a l i d a d e ; não a p r e s e n t a o d o r indesejável; r e d u z a s p e r d a s d e nutrientes n o solo;


mantém o teor d e u m i d a d e d o solo p o r p e r i o d o s p r o l o n g a d o s e é m e n o s a g r e s s i v o ás
plantas.

A m e t o d o l o g i a d e lavra d a t u r f a e m p r e g a d a a t u a l m e n t e pela e m p r e s a
c o n s i s t e d a d r e n a g e m d o lençol a p r o f u n d i d a d e d e s e j a d a , n a q u a l a água r e m o v i d a é
transferida p a r a u m reservatório e b o m b e a d a para o rio S a n g r a d o r (rio localizado às
m a r g e n s d a turfeira). E m s e g u i d a , a turfa é s e c a a céu a b e r t o até q u e atinja a
u m i d a d e d e 4 5 % p a r a q u e p o s s a então s e r c o l e t a d a . A c o l e t a é feita p o r extração
superficial d o m a t e r i a l c o m o auxílio d e m a q u i n a r l o a p r o p r i a d o . A turfa coletada é
a r m a z e n a d a e m p i l h a s n a s imediações d a própria turfeira e c o b e r t a c o m lonas
impermeáveis, f i c a n d o à disposição p a r a t r a n s p o r t e e produção d o s fertilizantes.
N e s s a s condições, a t u r f a é v e n d i d a a t u a l m e n t e a o preço d e R $ 2 8 , 0 0 o m e t r o
cúbico, d e s c o n s i d e r a d a s a s d e s p e s a s c o m o frete d o m a t e r i a l .

A e m p r e s a F L O R E S T A L S . A . propõe u m a classificação p a r a o s três tipos


d e turfa e n c o n t r a d o s n a turfeira:

• TURFA DECOMPOSTA (D): turfa c o m m e n o r t e o r d e fibras, e m estágio


d e decomposição m a i s avançado e d e coloração m a r r o m e s c u r a a
preta.

• TURFA FIBROSA (F): turfa c o m u m t e o r d e f i b r a s a c e n t u a d o , d e


formação m a i s r e c e n t e e coloração a m a r r o n z a d a ;

• TURFA FIBROSA EXTRA (FE): s e m e l h a n t e à t u r f a f i b r o s a , porém c o m


teor d e f i b r a s m a i s a c e n t u a d o a i n d a ( F I G . 3.2).

A s condições d e coleta e e n v i o d a s turfas f o r a m d e f i n i d a s j u n t o a o s


técnicos d a e m p r e s a responsáveis p e l a turfeira. A s c o l e t a s f o r a m realizadas a u m a
p r o f u n d i d a d e d e até 1 0 c m e u m i d a d e d e a p r o x i m a d a m e n t e 4 5 % .

N e s s a s condições, a m o s t r a s d e a p r o x i m a d a m e n t e 1 0 k g d e c a d a tipo d e
turfa in natura f o r a m e n v i a d a s p e l a e m p r e s a e m s a c o s plásticos d e v i d a m e n t e
lacrados e e t i q u e t a d o s .
MATERIAIS E MÉTODOS - 43

• - \

F I G U R A 3 . 2 - T u r f a Fibrosa Extra ( F E ) .

3.5 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DAS TURFAS

A caracterização física e química constituí e t a p a f u n d a m e n t a l p a r a o


e s t u d o d e q u a l q u e r m a t e r i a l . N e s t e t r a b a l h o , f o r a m c a r a c t e r i z a d o s o s três tipos d e
turfa r e p r e s e n t a t i v o s d a turfeira ( D , F e F E ) , c o m o intuito d e identificá-los e compará-
los, v i s a n d o a e s c o l h a d o tipo d e turfa c o m características m a i s favoráveis para
aplicação c o m o material a d s o r v e n t e d e m e t a i s .

A s turfas f o r a m c a r a c t e r i z a d a s c o m relação a o s parâmetros: u m i d a d e , p H ,


cinzas, matéria orgânica, c a r b o n o orgânico, teor d e sílica, c a p a c i d a d e d e troca
catiônica e teor d e m e t a i s .

A s a m o s t r a s d a s turfas D, F e F E \n natura e n v i a d a s a o laboratório f o r a m


p r e v i a m e n t e p r e p a r a d a s para a utilização n o s e x p e r i m e n t o s d e caracterização. O
p r o c e d i m e n t o d e preparação c o n s i s t i u n a s e c a g e m d a s a m o s t r a s a o a r e m b a n d e j a s
d e polietileno até p e s o c o n s t a n t e ; homogeneização e m pilhas a l o n g a d a s ; separação
MATERIAIS E MÉTODOS - 44

d a q u a n t i d a d e a ser utilizada n o s e x p e r i m e n t o s ( a p r o x i m a d a m e n t e 2 , 0 k g ) ; separação


m a n u a l d e raízes, f o l h a s , p e q u e n o s g a l h o s e porções p o u c o d e c o m p o s t a s e
p e n e i r a m e n t o e m peneira d e a b e r t u r a 2 , 0 0 m m .

A seguir são d e s c r i t o s o s p r o c e d i m e n t o s e m p r e g a d o s n o s e x p e r i m e n t o s d e
caracterização realizados.

3.5.1 UMIDADE

A u m i d a d e d e u m a a m o s t r a p o d e s e r definida pela a q u a n t i d a d e d e água


e v a p o r a d a d a a m o s t r a p o r s e c a g e m a 100°C até p e s o c o n s t a n t e , e x p r e s s a e m
p o r c e n t a g e m relativamente á s u a m a s s a total.

N e s t e trabalho, a u m i d a d e d o s três tipos d e turfa \n natura f o i d e t e r m i n a d a


p o r s e c a g e m d a s a m o s t r a s ( 1 , 0 g ) e m e s t u f a a 1 0 0 ± 5°C. O s r e s u l t a d o s f o r a m
e x p r e s s o s e m p o r c e n t a g e m r e l a t i v a m e n t e à m a s s a d a s a m o s t r a s s e c a s a o ar,
r e f e r e n t e s ás médias d a s determinações realizadas e m d u p l i c a t a .

3.5.2 DETERMINAÇÃO DO pH

A determinação d o p H d e s o l o s é feita c o m d e t e r m i n a d a m a s s a d e solo


s u s p e n s a e m água d e s t i l a d a , solução d e cloreto d e potássio 1,Omol.L"^ o u e m
solução d e cloreto d e cálcio 0 , 0 1 m o l . L " V O método m a i s utilizado é o d a suspensão
d a a m o s t r a e m solução d e c l o r e t o d e cálcio 0,01 m o l . L " \ A solução d e cloreto d e
potássio é g e r a l m e n t e i n d i c a d a p a r a s o l o s ricos e m calcário ( S C H E F F E R &
S C H A C H T S C H A B E L , 1998).

N e s t e trabalho, o p H d o s três tipos d e turfa in natura f o i d e t e r m i n a d o e m


água destilada e e m solução d e c l o r e t o d e cálcio 0,01 m o l . L " \ utilizando p a r a a
m e d i d a o método d e p o t e n c i o m e t r i a c o m e l e t r o d o d e v i d r o . F o r a m utilizados l O c m ^
d e a m o s t r a e m 2 5 m L d e solução e m f r a s c o s d e polietileno c o m t a m p a e a s m e d i d a s
f o r a m realizadas apôs agitação p o r 3 0 m i n u t o s (Ef\/IBRAPA, 1 9 9 7 ) . O s resultados
f o r a m e x p r e s s o s referentes às médias d a s determinações r e a l i z a d a s e m duplicata.
MATERIAIS E MÉTODOS - 45

3.5.3 CINZAS

O s e x p e n m e n t o s r e a l i z a d o s p a r a a determinação d a p o r c e n t a g e m d e
cinzas d a s turfas in natura f o r a m baseados no procedimento indicado para
determinação d e cinzas e m a m o s t r a s d e carvão m i n e r a l , d e a c o r d o c o m a n o r m a
N B R 8 2 8 9 (ASSOCIAÇÃO B R A S I L E I R A D E N O R M A S TÉCNICAS, 1 9 8 3 ) .

O p r o c e d i m e n t o c o n s i s t i u n a q u e i m a d a s a m o s t r a s (1,0g) e m c a d i n f i o d e
p o r c e l a n a e m c h a m a oxidante p o r 3 0 m i n u t o s e , e m s e g u i d a , na m u f l a a 8 0 0 ± 25°C
por 2 h o r a s . O s resultados f o r a m e x p r e s s o s r e f e r e n t e s às médias d a s determinações
e m duplicata, e m porcentagem d e cinzas relativamente à massa d a s amostras na
base seca.

3.5.4 MATÉRIA ORGÂNICA

A determinação d a p o r c e n t a g e m d e matéria orgânica n a s t u r f a s in natura


foi r e a l i z a d a b a s e a d a e m m e t o d o l o g i a c o m u m e n t e e m p r e g a d a n a avaliação d e turfas
e m turfeiras comerciais.

O p r o c e d i m e n t o c o n s i s t i u n a q u e i m a d a s a m o s t r a s (1,0g) e m c a d i n h o d e
p o r c e l a n a e m c h a m a oxidante p o r 3 0 m i n u t o s , e e m s e g u i d a e m m u f l a a 5 5 0 ± 25°C
por 2 h o r a s . O s resultados f o r a m c a l c u l a d o s p e l a diferença entre m a s s a s a n t e s e
após a q u e i m a , e x p r e s s o s r e f e r e n t e s às médias d a s determinações e m d u p l i c a t a , e m
p o r c e n t a g e m d e matéria orgânica r e l a t i v a m e n t e à m a s s a d a s a m o s t r a s n a b a s e
seca.

3.5.5 C A R B O N O ORGÂNICO

A determinação d a p o r c e n t a g e m d e c a r b o n o orgânico total d o s três tipos


d e t u r f a in natura foi realizada p e l o método d e avaliação d a extensão d a redução d e
u m a g e n t e o x i d a n t e forte n a oxidação d a matéria orgânica d a turfa ( E M B R A P A ,
1997).

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MATERIAIS E MÉTODOS - 46

O método c o n s i s t e n a oxidação d o s c o m p o s t o s orgânicos d a turfa p o r u m a


solução d e d i c r o m a t o d e potássio e m presença d e ácido sulfúrico, a reação é a t i v a d a
pelo c a l o r d e s p r e n d i d o n a diluição d o ácido. E s t e é u m d o s métodos m a i s s i m p l e s e
rápidos p a r a s e avaliar o t e o r d e matéria orgânica e m a m o s t r a s d e solo, c o n f o r m e a
reação ( C A M A R G O etal., 1 9 8 6 ) :

2Cr207^" + 3C° + 1 6 H * 4Cr^* + 3CO2 + 8H2O

A determinação d a p o r c e n t a g e m d e c a r b o n o orgânico ( C ) é feita p e l a


titulação d o e x c e s s o d e d i c r o m a t o c o m solução d e s u l f a t o f e r r o s o a m o n i a c a l .

É i m p o r t a n t e ressaltar q u e , n o c a s o d a s t u r f a s e s t u d a d a s , a s s i m c o m o
p a r a o u t r o s tipos d e turfas, p o r s e tratar d e u m t i p o d e solo c o m e l e v a d o t e o r d e
matéria orgânica, v e r i f i c o u - s e a n e c e s s i d a d e d e r e d u z i r a m a s s a d e a m o s t r a utilizada
nos e x p e r i m e n t o s (0,1g) e m relação à i n d i c a d a p e l o método (1,0g), f a z e n d o - s e a s
d e v i d a s alterações n o s cálculos d o método. O s r e s u l t a d o s obtidos r e p r e s e n t a m a s
médias d a s determinações r e a l i z a d a s e m d u p l i c a t a , e m p o r c e n t a g e m d e c a r b o n o
orgânico r e l a t i v a m e n t e à m a s s a d a s a m o s t r a s n a b a s e s e c a .

3.5.6 TEOR DE SÍLICA

A determinação d o t e o r d e silica (SÍO2) n a s turfas in natura f o i r e a l i z a d a


b a s e a d a e m m e t o d o l o g i a e m p r e g a d a para a m o s t r a s d e minérios ( F U R M A N , 1 9 6 6 ) .
O método b a s e i a - s e n a oxidação d o s silicatos p r e s e n t e s n a a m o s t r a e quantificação
gravimétrica p o r diferença após volatilização c o m ácido fluorídrico e ácido sulfúrico.

P a r t i n d o d a s c i n z a s d a s turfas ( o b t i d a s c o n f o r m e descrito n o item 3.5.3), o


p r o c e d i m e n t o consistiu n a fusão d a s a m o s t r a s c o m c a r b o n a t o d e sódio e m m u f l a a
1.000° ± 25°C, solubilização c o m solução d e ácido clorídrico, filtração, calcinação d o
p a p e l d e filtro c o n t e n d o o resíduo e fluorização d o resíduo calcinado c o m ácido
fluorídrico c o n c e n t r a d o e ácido sulfúrico c o n c e n t r a d o .
MATERIAIS E MÉTODOS - 47

O s t e o r e s d e sílica n a s a m o s t r a s f o r a m d e t e r m i n a d o s pela diferença entre


as m a s s a s d o s resíduos c a l c i n a d o s e a s m a s s a s d o s r e s i d u o s f l u o r i z a d o s . O s
resultados f o r a m e x p r e s s o s referentes às médias d a s determinações r e a l i z a d a s e m
duplicata, e m p o r c e n t a g e m d e sílica r e l a t i v a m e n t e às m a s s a s d a s a m o s t r a s
utilizadas n o i t e m 3 . 5 . 3 .

3.5.7 CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA

O método utilizado para determinação d a c a p a c i d a d e d e t r o c a catiônica


( C T C ) b a s e i a - s e n a saturação d a a m o s t r a c o m u m a solução c o n t e n d o u m cátion
a d e q u a d o p a r a e f e t u a r a troca ( H E S S E , 1 9 7 1 ) . E m s e g u i d a a solução é filtrada e a
a m o s t r a é l a v a d a p o r várias v e z e s c o m água d e s t i l a d a . O cátion f i x a d o à turfa é
d e s l o c a d o p o r o u t r o d e n a t u r e z a c o n h e c i d a , e a s e g u i r d o s a d o químicamente.

E s s e método p o d e s e r aplicado p a r a t o d o s o s t i p o s d e solo, incluindo o


solo calcário e a m o s t r a s orgânicas. A l g u m a s modificações p o d e m s e r necessárias s e
o solo f o r rico e m s u l f a t o . A exatidão o b t i d a é d e a p r o x i m a d a m e n t e 5 % ( H E S S E ,
1971).

Foram determinadas a s C T C d o s três t i p o s d e turfa in natura. O


p r o c e d i m e n t o a d o t a d o consistiu e m saturar a s a m o s t r a s c o m o cátion B a ^ * e e m
s e g u i d a realizar a t r o c a c o m o Mg^^, d e f o r m a a s e q u a n t i f i c a r e s s e p r o c e s s o através
da titulação d o e x c e s s o d e M g ^ * c o m solução d e E D T A e m presença d e u m a solução
indicadora d e v i o l e t a d e pirocatecol. O s r e s u l t a d o s f o r a m e x p r e s s o s e m c e n t i m o l d e
cátions por q u i l o g r a m a d e turfa (cmolc.kg'^), r e f e r e n t e s às médias d a s determinações
realizadas e m d u p l i c a t a .

3.5.8 TEOR DE METAIS

F o r a m d e t e r m i n a d o s o s teores d o s m e t a i s A l , F e , K, M n , Z n , Cr, C u , C d ,
Ni, H g e P b p r e s e n t e s n o s três tipos d e t u r f a in natura. O p r o c e d i m e n t o a d o t a d o
consistiu na solubilização total d a s a m o s t r a s e m f o r n o m i c r o o n d a s e determinação
d a s concentrações d o s m e t a i s p o r espectrometría d e emissão óptica c o m p l a s m a d e
MATERIAIS E MÉTODOS - 48

argônio induzido ( I C P - O E S ) . O s e x p e r i m e n t o s f o r a m r e a l i z a d o s e m duplicata c o m


acompanhamento d e amostras e m branco.

F o r a m utilizados 1 5 0 m g d e c a d a a m o s t r a n a g r a n u l o m e t r i a inferior a
0 , 0 7 4 m m , n o s t u b o s d e digestão, e m c o n t a t o c o m 5 m L d e ácido nitrico, 5 m L d e
ácido sulfúrico e 3 m L d e ácido f l u o r i d r i c o . N a T A B . 3.2 é a p r e s e n t a d a a programação
d a s potências a p l i c a d a s n o f o r n o e m função d o t e m p o .

T A B E L A 3.2 - Programação d o f o r n o m i c r o o n d a s .

T e m p o (min) Potência ( W )

5 400

4 890

1 0

3 800

3 0

Após solubilização total d a s a m o s t r a s f o i feita a eliminação d o ácido


fluoridrico pela adição d e 3 m L d e ácido cloridrico, e m b a n h o - m a r i a á 85°C, c o m
s i s t e m a d e refluxo a d a p t a d o a o s t u b o s d e digestão.

A s a m o s t r a s s o l u b i l i z a d a s e isentas d e ácido f l u o r i d r i c o f o r a m d i l u i d a s para


50mL c o m água deionizada ultrapura e analisadas c o m relação às suas
concentrações d o s m e t a i s .

Para o d e s e n v o l v i m e n t o d o método d e análise f o r a m e s c o l h i d o s o s


c o m p r i m e n t o s d e o n d a e a s f a i x a s d e concentrações a p r e s e n t a d a s n a T A B . 3.3, e
construídas a s c u r v a s d e calibração para c a d a m e t a l p a r t i n d o - s e d e padrões mistos.
O s resultados o b t i d o s r e s u l t a r a m d a média d e três determinações para c a d a
e l e m e n t o . O s t e o r e s d e m e t a i s n a s turfas f o r a m e x p r e s s o s e m m g d o m e t a l p o r k g d e
turfa referentes às médias o b t i d a s d a s análises d a s a m o s t r a s e m d u p l i c a t a .
MATERIAIS E MÉTODOS - 49

TABELA 3.3 - Comprimentos d e onda (k) e f a i x a s lineares d e


concentrações utilizando-se a técnica d e I C P - O E S .

X Faixa de Concentração
Elemento
(nm) (mg.L-^)
Al 396,152 0,5 a 50
K 766,491 0,1 a 10
Mn 257,610 0.01 a 1,0
Fe 261,187 0,5 a 50
Cu 324,754 0,01 a 1,0
Zn 213,856 0,01 a 1,0
Cr 267,716 0,01 a 1,0
Ni 341,476 0,01 a 1,0
Cd 178,290 0,01 a 1,0
Hg 184,950 0,01 a 1,0
Pb 168,220 0.01 a 1,0

3.5.9 TRATAMENTO QUÍMICO E CARACTERIZAÇÃO DA TURFA FE

T e n d o c o m o b a s e a argumentação e x p o s t a para o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d a
caracterização d a s turfas D, F e F E in natura (a s e r a p r e s e n t a d a p o s t e r i o r m e n t e n o
Capitulo 4 ) , fez-se necessário a realização d e e x p e r i m e n t o s específicos d e
t r a t a m e n t o químico e caracterização d a t u r f a F E .

3.5.9.1 TRATAMENTO QUÍMICO DA TURFA FE

N a s u a f o r m a natural, a t u r f a p o d e s e r utilizada n a remoção d e p o l u e n t e s


obtendo-se bons resultados. Entretanto, a eficiência d e remoção pode ser
i n f l u e n c i a d a p e l a aplicação d e t r a t a m e n t o s às a m o s t r a s ( C O U I L L A R D , 1 9 9 4 ) .

T o m a n d o c o m o b a s e a literatura (GÖSSET et al., 1 9 8 6 , P E T R O N I . 1999).


a t u r f a F E f o i s u b m e t i d a a u m t r a t a m e n t o químico c o m solução d e ácido clorídrico
p a r a a homogeneização d a s a m o s t r a s e remoção d e íons d e m e t a i s p r e v i a m e n t e
a d s o r v i d o s à s u a superfície ( P E T R O N I . 1 9 9 9 ) . Além d i s s o , o t r a t a m e n t o incluiu a
MATERIAIS E MÉTODOS - 50

separação granulométrica d a s a m o s t r a s n a faixa e n t r e 0 , 1 2 5 m m e 2 , 0 0 m m , v i s a n d o


a aplicação eficiente d o material n o s e x p e r i m e n t o s d e adsorção e m leito fixo.

Partindo d a a m o s t r a in natura, p r e p a r a d a d e a c o r d o c o m o p r o c e d i m e n t o
d e s c r i t o no item 3.5, o t r a t a m e n t o químico d a s turfas consistiu na separação
granulométrica e m peneira p a r a d e s c a r t e d a fração m e n o r q u e 0 , 1 2 5 m m ; l a v a g e m a
vácuo c o m água destilada e m k i t a s s a t o para retirada forçada d o ar c o n t i d o n a s
a m o s t r a s ; separação d a fração s e d i m e n t a d a e d e s c a r t e d o material e m suspensão;
s e c a g e m e m estufa a 1 0 0 ± 5°C p o r 2 4 h o r a s ; acidificação d a a m o s t r a c o m solução
d e ácido clorídrico 1,Omol.L^ ( n a proporção d e l O m L d a solução ácida p o r g r a m a d e
a m o s t r a ) , s o b agitação p o r 2 h o r a s ; l a v a g e m d a a m o s t r a acidificada e m funil d e
büchner c o m água destilada até o filtrado atingir p H 5,0 e s e c a g e m e m e s t u f a à
1 0 0 ± 5°C por 2 4 h o r a s ( P E T R O N I , 1999).

Para utilização n o s e x p e r i m e n t o s d e adsorção e m leito fixo (item 3.6.3), a


t u r f a F E t r a t a d a foi p r e v i a m e n t e umedecída a vácuo c o m água destilada p a r a facilitar
o empacotamento das amostras nas colunas.

3.5.9.2 CARACTERIZAÇÃO DA TURFA FE TRATADA

Além d a determinação d e a l g u n s parâmetros c o m o : m a s s a específica,


m a s s a específica a p a r e n t e , m a s s a e s p e c i f i c a e m c o l u n a e análise granulométrica, a
caracterização d a turfa F E t r a t a d a incluiu a i n d a a determinação d o teor d e m e t a i s
lixiviados e m função d o t r a t a m e n t o químico a p l i c a d o .

A seguir são apresentados os procedimentos empregados na


caracterização d a turfa F E t r a t a d a .

3.5.9.2.1 MASSA ESPECÍFICA

A m a s s a e s p e c i f i c a {p) d a turfa F E t r a t a d a foi d e t e r m i n a d a pela técnica d e


p i c n o m e t r i a d e gás hélio. O método c o n s i s t e n a determinação d o v o l u m e d e a m o s t r a
MATERIAIS E MÉTODOS - 51

(Vamostra) p s l a m e d i d a d a variação d a pressão d o gás n o s i s t e m a registrada p e l o


e q u i p a m e n t o (picnômetro), c a u s a d a pela presença d a a m o s t r a n o p o r t a - a m o s t r a s .

D u r a n t e a realização d o e x p e r i m e n t o , a presença d e u m i d a d e e d e g a s e s
a d s o r v i d o s à s u p e r f i c i e d a a m o s t r a resulta e m e r r o s n a determinação. P o r e s s e
m o t i v o a a m o s t r a foi s e c a e m e s t u f a a 1 0 0 ± 5°C p o r 2 h o r a s , e o s g a s e s a d s o r v i d o s
f o r a m r e m o v i d o s p e l a alteração repetida d a pressão d o gás hélio n o interior d o p o r t a -
amostras. Dessa forma, a umidade é completamente eliminada e os gases
a d s o r v i d o s r e m o v i d o s r a p i d a m e n t e por a r r a s t e .

A o final d o e n s a i o , a a m o s t r a f o i p e s a d a {rriamostra), e a sua massa


específica foi c a l c u l a d a pela relação iriamostra I Vamostra- O resultado foi e x p r e s s o e m g
d e turfa n a b a s e s e c a por c m ^ referente á média d e d u a s determinações.

3.5.9.2.2 MASSA ESPECÍFICA APARENTE

A m a s s a e s p e c i f i c a a p a r e n t e (pa) d a t u r f a f o i d e t e r m i n a d a pelo método d a


p r o v e t a d e a c o r d o c o m p r o c e d i m e n t o e m p r e g a d o p a r a determinação d e m a s s a
e s p e c i f i c a a p a r e n t e d e a m o s t r a s d e solo ( E M B R A P A , 1 9 9 7 ) .

Foi utilizada u m a p r o v e t a d e 5 0 0 m L e o r e s u l t a d o f o i obtido pela relação


entre a m a s s a d e turfa c o m p a c t a d a n a p r o v e t a após 3 0 m o v i m e n t o s d e q u e d a , e o
v o l u m e o c u p a d o p e l a a m o s t r a registrado n o traço d e aferimento d a p r o v e t a . O
r e s u l t a d o f o i e x p r e s s o e m g d e turfa n a b a s e s e c a p o r c m ^ referente à média d e d u a s
determinações.

3.5.9.2.3 MASSA ESPECÍFICA EM COLUNA

A m a s s a e s p e c i f i c a d a turfa e m c o l u n a (pb) f o i d e t e r m i n a d a p e l a m e d i d a d a
m a s s a d e t u r f a F E t r a t a d a , p r e v i a m e n t e u m e d e c i d a a vácuo c o m água d e s t i l a d a ,
e m p a c o t a d a e m c o l u n a d e vidro d e 1 ,Ocm d e diâmetro interno ((()¡nt) até o v o l u m e d e
l O m L . O e m p a c o t a m e n t o d a turfa n a c o l u n a f o i feito l e n t a m e n t e c o m a c o l u n a r e p l e t a
MATERIAIS E MÉTODOS - 52

d e água d e s t i l a d a a f i m d e evitar a e n t r a d a d e b o l h a s d e ar. O r e s u l t a d o f o i e x p r e s s o


e m g d e turfa n a b a s e s e c a por c m ^ , referente à média d e d u a s determinações.

3.5.9.2.4 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A análise granulométrica d a turfa F E f o i r e a l i z a d a a f i m d e s e verificar a


influência d a separação d a fração m e n o r 0 , 1 2 5 m m a p l i c a d a n o t r a t a m e n t o s o b r e a s
características d o m a t e r i a l p a r a utilização c o m o m e i o filtrante. P a r a isso, a a m o s t r a
d e turfa F E t r a t a d a f o i utilizada n o s e x p e r i m e n t o s n a f a i x a granulométrica utilizada n o
tratamento (entre 0,125 e 2,00mm), e na granulometria menor q u e 2,00mm, s e m a
separação d a fração m e n o r q u e 0 , 1 2 5 m m .

O e x p e r i m e n t o f o i realizado c o m a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 g d e a m o s t r a e m
peneiras granulométricas d e a b e r t u r a s 1,00; 0 , 5 0 0 ; 0 , 2 5 0 ; 0 , 1 2 5 e 0 , 0 7 4 m m s o b
agitação e m v i b r a d o r p o r 1 5 m i n u t o s . D e c o r r i d o o t e m p o d o e x p e r i m e n t o , a s m a s s a s
retidas e m c a d a u m a d a s p e n e i r a s f o r a m p e s a d a s e , v a l e n d o - s e d o s r e s u l t a d o s
obtidos, f o r a m construídas a s c u r v a s granulométricas c o r r e s p o n d e n t e s .

A s c u r v a s f o r a m obtidas pela representação gráfica d a p o r c e n t a g e m e m


m a s s a d e a m o s t r a q u e p a s s a n a s p e n e i r a s e m função d a a b e r t u r a d a s p e n e i r a s d a
série granulométrica utilizada. O t a m a n h o d e partícula (deo) é definido n o eixo d a s
a b s c i s s a s pelo p o n t o d a c u r v a c o r r e s p o n d e n t e a 6 0 % d a p o r c e n t a g e m q u e p a s s a e o
t a m a n h o efetivo (dio) d a m e s m a f o r m a pelo p o n t o c o r r e s p o n d e a 1 0 % . O coeficiente
d e d e s u n i f o r m i d a d e (deo / dio) é c a l c u l a d o pela relação e n t r e deo e dio ( P R O S A B ,
1999).

T e n d o c o m o b a s e e s t e s parâmetros, é possível s e fazer u m a avaliação d o


material c o m relação às s u a s características hidrodinámicas n a aplicação c o m o m e i o
filtrante e m p r o c e s s o s d e filtração lenta ( P R O S A B , 1 9 9 9 ) .
MATERIAIS E MÉTODOS - 53

3.5.9.2.5 TEOR DE METAIS LIXIVIADOS NO TRATAMENTO AGIDO

O teor d e m e t a i s lixiviados d a turfa F E f o i d e t e r m i n a d o c o m o intuito d e s e


avaliar a remoção d o s m e t a i s p r e v i a m e n t e a d s o r v i d o s à turfa e m decorrência d a
aplicação do tratamento químico. A avaliação foi conduzida por meio da
determinação d a s p o r c e n t a g e n s d e m e t a i s extraídos d a turfa ( p r e v i a m e n t e l a v a d a
c o m água destilada), p e l a lixivia c o m solução d e ácido clorídrico. P a r a isso, o t e o r d e
m e t a i s totais d a turfa F E l a v a d a c o m água d e s t i l a d a f o i d e t e r m i n a d o d e a c o r d o c o m
p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o n o i t e m 3.5.8.

O s e x p e r i m e n t o s f o r a m realizados c o m a m o s t r a s d a turfa F E in natura


(2,0g), p r e v i a m e n t e l a v a d a s c o m água d e s t i l a d a , e m c o n t a t o c o m 4 0 m L d e solução
d e ácido cloridrico 1,Omol.L"^ e m t u b o s d e polietileno c o m t a m p a , s o b agitação
( 1 5 0 r p m ) por 2 h o r a s . D e c o r r i d o o t e m p o d e agitação, o s t u b o s f o r a m c e n t r i f u g a d o s
por 15 m i n u t o s . A s soluções s o b r e n a d a n t e s f o r a m filtradas e m p a p e l d e filtração
0 , 4 5 n m , e a n a l i s a d a s p o r I C P - O E S c o m relação ás s u a s concentrações d o s m e t a i s
d e t e c t a d o s n o e x p e r i m e n t o d e determinação d o t e o r d e m e t a i s (item 3.5.8). O s
resultados f o r a m e x p r e s s o s e m m g d e m e t a l p o r k g d e turfa. O s e x p e r i m e n t o s f o r a m
realizados e m d u p l i c a t a c o m a c o m p a n h a m e n t o d e a m o s t r a s e m b r a n c o .

3.6 EXPERIMENTOS DE ADSORÇÃO

O e s t u d o d a adsorção d o s íons d o s m e t a i s e m solução a q u o s a pela turfa


foi realizado p o r m e i o d e e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a c o m a turfa F E tratada e m
c o n t a t o c o m soluções i n d i v i d u a i s d o s m e t a i s C d , C u e N i . O s parâmetros p H e
t e m p e r a t u r a f o r a m c o n t r o l a d o s d e a c o r d o c o m a n e c e s s i d a d e c o n f o r m e descrito n o s
p r o c e d i m e n t o s para c a d a c a s o . A elaboração d o s e x p e r i m e n t o s e a interpretação d o s
resultados obtidos f o r a m c o n d u z i d a s p o r intermédio d a a b o r d a g e m cinética e d e
equilíbrio d o p r o c e s s o .
MATERIAIS E MÉTODOS - 54

O p r o c e s s o d e adsorção e m leito fixo f o i a v a l i a d o m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s


e m c o l u n a s d e turfa F E t r a t a d a c o m soluções a q u o s a s d e N i e c o m solução
p r e p a r a d a p a r t i n d o - s e d e u m e f l u e n t e d e indústria d e g a l v a n o p l a s t i a .

A determinação d a s concentrações d e C d e N i n a s soluções s u b m e t i d a s


a o c o n t a t o c o m a turfa foi feita p o r e s p e c t r o m e t r i a d e absorção atômica c o m c h a m a
( A A S ) . P a r a realização d a s análises d a s soluções p r o d u z i d a s d o s e x p e r i m e n t o s ,
f o r a m c o n s t r u i d a s c u r v a s d e calibração n a s f a i x a s d e concentração a d e q u a d a s d e
a c o r d o c o m o s limites d e detecção d o s e l e m e n t o s n o s c o m p r i m e n t o s d e o n d a
2 2 8 , 8 n m e 2 3 2 , O n m para o C d e N i r e s p e c t i v a m e n t e . A s concentrações d o s m e t a i s
r e s u l t a r a m d a média d e três determinações r e a l i z a d a s p a r a c a d a a m o s t r a .

O e s t u d o d o c o m p o r t a m e n t o d o C u n a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o
c o m a turfa foi feito c o m a u x i l i o d e soluções d e traçador r a d i o a t i v o ^'^Cu (T1/2 = 12,8h)
( I A E A - T E C D O C - 5 6 4 , 1 9 9 0 ) . P a r a i s s o f o r a m p r e p a r a d a s soluções d e nitrato d e
c o b r e n a concentração 1 . 0 0 0 m g . L " \ m e d i a n t e a irradiação d o Cu(N03)2.3H20 n o
reator l E A - R I m d o I P E N / C N E N - S P e m u m f l u x o d e 1x10^^ncm"V^ p o r 6 h o r a s .
Alíquotas entre 0,25mL e 0,50mL dessas soluções f o r a m utilizadas para a
preparação d a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa. O cálculo d a
concentração d e C u n a s soluções p r o d u z i d a s d o s e x p e r i m e n t o s f o i feito t o m a n d o - s e
p o r b a s e o número d e c o n t a g e n s r e g i s t r a d a s p e l o e q u i p a m e n t o e m função d o t e m p o
d e c o n t a g e m e d a atividade d a s a m o s t r a s m e d i d a p e l o detector.

3.6.1 ESTUDO CINÉTICO DE ADSORÇÃO

O s e s t u d o s cinéticos f o r a m c o n d u z i d o s m e d i a n t e a avaliação e x p e r i m e n t a l
d a variação d a concentração d o s i o n s d o s m e t a i s a d s o r v i d o s à superfície d a turfa
c o m o t e m p o . P a r a isso, f o r a m r e a l i z a d o s e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a n o s q u a i s
alíquotas d a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa f o r a m c o l e t a d a s e m
intervalos d e t e m p o e s t a b e l e c i d o s e a n a l i s a d a s c o m relação às s u a s concentrações
do metal e m estudo.
MATERIAIS E MÉTODOS - 55

3.6.1.1 C A D M I O E NÍQUEL

Para o s e x p e r i m e n t o s realizados c o m o s m e t a i s C d e N i , f o r a m utilizadas


soluções individuais d e 5 0 0 m L d e sulfato d e c a d m i o e cloreto d e níquel e m p H inicial
4,5, e m c o n t a t o c o m 2,0g d e turfa, s o b agitação c o n s t a n t e e m agitador mecânico p o r
180 m i n u t o s (FIG. 3.3).

F I G U R A 3.3 - E x p e r i m e n t o s cinéticos e m b a t e l a d a .

Alíquotas e n t r e 0 , 5 m L e 1 , 0 m L f o r a m c o l e t a d a s e m intervalos d e t e m p o
e s t a b e l e c i d o s , a s q u a i s f o r a m diluídas a l O m L c o m solução d e ácido nítrico 1,0% e m
água d e i o n i z a d a ultrapura, filtradas e a n a l i s a d a s c o m relação á concentração d o
respectivo m e t a l e m e s t u d o . A influência d a concentração inicial d o s m e t a i s e m
solução s o b r e cinética d e adsorção foi e s t u d a d a por meio d e experimentos
realizados n a s concentrações iniciais (Co) d e C d e Ni d e 7,0mg.L'^ a 128,4mg.L'^ e
8,9mg.L"^ a 131,3mg.L"^ r e s p e c t i v a m e n t e .

ccMssAo m\omi DE E N £ R « A MUCLEWSP-IPEN


MATERIAIS E MÉTODOS - 56

3.6.1.2 COBRE

P a r a o s e x p e r i m e n t o s cinéticos r e a l i z a d o s c o m o O u , f o r a m utilizadas
soluções individuais d e 4 0 m L d e nitrato d e c o b r e e m p H inicial 4 , 5 , e m c o n t a t o c o m
0 , 1 6 g d e turfa e m t u b o s d e polietileno, c o m t a m p a , s o b agitação c o n s t a n t e e m
a g i t a d o r horizontal p o r 1 8 0 m i n u t o s . A s soluções utilizadas n o s e x p e r i m e n t o s f o r a m
p r e p a r a d a s c o m o auxílio d e soluções c o n c e n t r a d a s d e nitrato d e c o b r e além d a
solução d o traçador radioativo. D e c o r r i d o o s t e m p o s e s t a b e l e c i d o s d e agitação p a r a
c a d a a m o s t r a , a s soluções d o s t u b o s f o r a m filtradas e a n a l i s a d a s c o m relação às
s u a s a t i v i d a d e s . A influência d a concentração inicial d o m e t a l s o b r e a cinética d e
adsorção f o i e s t u d a d a p o r m e i o d e e x p e r i m e n t o s realizados n a s concentrações
iniciais (Co) d e C u d e 7,2mg.L"' a 1 2 8 , 0 m g . L " \

3.6.2 ESTUDO DE EQUILÍBRIO DE ADSORÇÂO

O s e s t u d o s d e equilíbrio f o r a m c o n d u z i d o s m e d i a n t e a interpretação
analítica d a s i s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s . O p r o c e d i m e n t o experimental
a d o t a d o p a r a a construção d e s s a s i s o t e r m a s f o i s e m e l h a n t e a o p r o c e d i m e n t o
utilizado n o e s t u d o cinético, n o q u a l f o r a m a n a l i s a d a s a s concentrações d o m e t a l e m
e s t u d o n a s soluções s u b m e t i d a s a o c o n t a t o c o m a turfa d e c o r r i d o o t e m p o d e
equilíbrio.

O s e x p e r i m e n t o s d e equilíbrio d e adsorção d o s íons d o s m e t a i s C d , C u e


Ni f o r a m realizados c o m a turfa e m c o n t a t o c o m soluções individuais d o s m e t a i s e m
d i f e r e n t e s concentrações iniciais, v a r i a n d o d e 19,0mg.L"^ a 247,5mg.L"^ p a r a o C d ,
d e 8,1mg.L'^ a 1 5 7 , 6 m g . L ^ para o C u e d e 5,4mg.L"^ a 172,1mg.L"^ para o N i . F o r a m
utilizados t u b o s d e polietileno, c o m t a m p a , c o m 4 0 m L d a s soluções d o s m e t a i s e m
p H inicial 4 , 5 e m c o n t a t o c o m 0 , 1 6 g d e turfa a 2 0 ± 2°C, s o b agitação e m a g i t a d o r
h o r i z o n t a l p o r 12 h o r a s p a r a q u e f o s s e a s s e g u r a d a a condição d e equilíbrio.
D e c o r r i d o o t e m p o d e agitação, a s soluções f o r a m filtradas e a n a l i s a d a s c o m relação
à concentração d o metal e m e s t u d o .
MATERIAIS E MÉTODOS - 57

3.6.3 ESTUDOS DE ADSORÇÃO DE Ni EM TURFA EM LEITO FIXO

A avaliação d o p r o c e s s o d e adsorção e m leito fixo foi realizada p o r


intermédio d e e x p e r i m e n t o s e m c o l u n a s d e turfa para construção d a s c u r v a s d e
breakthrough e eluição. Além d e s t e s , f o r a m realizados e x p e r i m e n t o s c o m u m a
solução d e u m efluente d e indústria d e galvanoplastia, nos quais foram
d e t e r m i n a d o s , além d o teor d e N i , o u t r o s parâmetros d e interesse n a avaliação d a
q u a l i d a d e d o t r a t a m e n t o d e s t a solução.

Foi utilizada u m a c o l u n a d e v i d r o d e 1,0cm d e diâmetro interno (<t)¡nt) e


2 4 c m d e altura (h), e m p a c o t a d a c o m 1 0 m L d a turfa F E tratada (2,43g d e turfa n a
b a s e s e c a , v e r T A B . 4.4), a c o p l a d a a u m reservatório d a s soluções c a r g a ( F I G . 3.4).
A vazão a d o t a d a para t o d o s o s e x p e r i m e n t o s foi d e 0 , 7 8 5 m L . m i n ' V m ' ^ .

F I G U R A 3.4 - E x p e r i m e n t o s e m c o l u n a .
MATERIAIS E MÉTODOS - 58

3.6.3.1 CURVA DE BREAKTHROUGH

B a s e a d o e m r e s u l t a d o s obtidos n o s e x p e r i m e n t o s e m batelada e e m t e s t e s
prévios v e r i f i c o u - s e q u e , p a r a a construção d a c u r v a d e breakthrough, a m e l h o r
condição f o i obtida p e r c o l a n d o - s e l . l O O m L d e solução a q u o s a lOOmg.L"^ d e N i e m
p H 4 , 5 . Alíquotas d e 5 0 m L f o r a m c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a coluna e a n a l i s a d a s c o m
relação às s u a s concentrações d e N i . A c u r v a d e breakthrough foi o b t i d a p e l a
representação gráfica d o s v a l o r e s d e concentração d e N i n o efluente d a c o l u n a e m
m g . L " \ e m função d o v o l u m e d e solução p e r c o l a d a e m m L .

3.6.3.2 CURVA DE ELUIÇÃO

A c u r v a d e eluição d o N i a d s o r v i d o à c o l u n a f o i obtida pela percolação d e


3 0 0 m L d e solução d e ácido clorídrico 1 , 0 m o l . L " \ Alíquotas d e 1 0 m L e 2 5 m L f o r a m
c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a c o l u n a e a n a l i s a d a s c o m relação às suas concentrações d e
Ni. A s s i m c o m o n a c u r v a d e breakthrough, a c u r v a d e eluição foi construída p o r m e i o
d a representação gráfica d o s v a l o r e s d e concentração d e Ni n o efluente d a c o l u n a
e m m g . L " \ e m função d o v o l u m e d e solução p e r c o l a d a e m m L .

3.6.3.3 EXPERIMENTOS EM CICLOS DE ADSORÇÃO E ELUIÇÃO

C o m o objetivo d e s e o b t e r e m indicações empíricas sobre a e s t a b i l i d a d e


d o p o d e r a d s o r p t i v o d a turfa e s o b r e s u a c a p a c i d a d e d e recuperação, f o r a m
r e a l i z a d o s e x p e r i m e n t o s e m c o l u n a , e m ciclos constituídos d a adsorção d e N i e m
solução a q u o s a e dessorção d o m e t a l pela eluição c o m solução d e ácido clorídrico.

A o t o d o f o r a m r e a l i z a d o s 10 ciclos, p e r c o l a n d o - s e pela m e s m a c o l u n a d e
turfa, 2 5 0 m L d e soluções d e Ni n a concentração d e 50mg.L"^ e lOOmL d e soluções
d e ácido clorídrico 1,Omol.L'^ p a r a q u e f o s s e a s s e g u r a d a a eluição c o m p l e t a d o
m e t a l . N o s intervalos entre a s percolações d a s soluções d e N i e d e ácido c l o r i d r i c o , a
c o l u n a f o i d e v i d a m e n t e l a v a d a c o m l O O m L d e água destilada s o b a s m e s m a s
condições d e vazão (1,0mL.min"^). A avaliação d o d e s e m p e n h o d a t u r f a n o s
MATERIAIS E MÉTODOS - 59

e x p e r i m e n t o s b a s e o u - s e n o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d a s p o r c e n t a g e n s d e recuperação
d o m e t a l a o longo d o s ciclos.

3.6.4 ESTUDOS DE ADSORÇÃO COM SOLUÇÃO DE EFLUENTE INDUSTRIAL

C o n s i d e r a n d o a importância d a aplicação d a turfa e m p r o c e s s o s d e


t r a t a m e n t o d e águas residuárias c o n t e n d o m e t a i s , f o r a m r e a l i z a d o s e x p e r i m e n t o s
c o m soluções p r e p a r a d a s d e u m efluente industrial. P a r a isso, f o r a m coletados 2 0 L
d e u m e f l u e n t e p r o v e n i e n t e d o t a n q u e d a "água d e l a v a g e m " d e peças metálicas q u e
f o r a m s u b m e t i d a s a u m b a n h o d e niquelação e m u m a operação d e t r a t a m e n t o d e
s u p e r f i c i e típica d e indústria d e g a l v a n o p l a s t i a .

C o m o r e s u l t a d o d a caracterização d e s t a água d e l a v a g e m c o l e t a d a , a
concentração d e N i f o i d e t e r m i n a d a e m 5 . 0 2 0 m g . L T e n d o e m vista a n e c e s s i d a d e
de se adequar este efluente ás dimensões laboratoriais dos experimentos
( c o n s i d e r a n d o p r i n c i p a l m e n t e a m a s s a d e turfa utilizada d e 0 , 1 6 g a 2 , 4 g ) , o p t o u - s e
por t r a b a l h a r c o m soluções d o efluente diluído 1 0 0 v e z e s , n a concentração d e
5 0 , 2 m g . L " \ p a r a q u e s e p u d e s s e obter r e s u l t a d o s passíveis d e s e r e m utilizados
c o m o parâmetros d e avaliação d a adsorção d o N i p e l a t u r f a . Além d i s s o , d e a c o r d o
c o m informações d o s o p e r a d o r e s d o p r o c e s s o n a indústria, n a prática, antes d o
d e s c a r t e , p e r i o d i c a m e n t e é feito o r e a p r o v e i t a m e n t o d e s t a solução d e l a v a g e m
r e t o r n a n d o - a a o b a n h o d e niquelação. O u s e j a , n o m o m e n t o d o d e s c a r t e , a
concentração d e Ni é n o r m a l m e n t e inferior á d a solução d e l a v a g e m c o l e t a d a p a r a
este estudo.

É i m p o r t a n t e r e s s a l t a r q u e , para a utilização d a turfa n o t r a t a m e n t o


e f l u e n t e s m a i s c o n c e n t r a d o s , é indispensável a realização d e e s t u d o s específicos
nesses casos.

I n i c i a l m e n t e , o e f l u e n t e p r e v i a m e n t e diluído utilizado n o s e x p e r i m e n t o s foi


c a r a c t e r i z a d o d e a c o r d o c o m a l g u n s parâmetros c o n s i d e r a d o s d e interesse, t e n d o
e m vista s u a s características d e o r i g e m . Além d o t e o r d e N i , f o r a m d e t e r m i n a d o s o s
parâmetros: p H , c o n d u t i v i d a d e , c o r a p a r e n t e , t u r b i d e z , sólidos e m suspensão ( S S ) ,
sólidos totais d i s s o l v i d o s ( S T D ) , teor d e sulfato e d e m a n d a química d e oxigênio
MATERIAIS E MÉTODOS - 60

( D Q O ) . N a T A B . 3.4 são a p r e s e n t a d o s o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d a caracterização e a s


técnicas analíticas e m p r e g a d a s na determinação d o s parâmetros s e l e c i o n a d o s . A s
determinações d o s parâmetros: c o r a p a r e n t e , t u r b i d e z , sólidos e m suspensão, teor
d e sulfato e d e m a n d a química d e oxigênio, f o r a m feitas e m d u p l i c a t a utilizando-se
u m colorímetro portátil d a m a r c a Hach, m o d e l o DR/890.

T A B E L A 3.4 - Parâmetros d e caracterização d o e f l u e n t e d e g a l v a n o p l a s t i a diluído.

Parâmetro Valor Encontrado Técnica analítica


Ni (mg.L') 50,2 + 0,1 AAS
pH 6,0 ±0,1 potenciometria
Condutividade (^iS) 239 ± 2 condutimetria
Cor aparente (mg.L"^ PtCo) 32 ± 1 colorimetria
Turbidez (UNT) 2,0 ±0,0 colorimetria
SS (mg.L^) 4±0 fotometria
S T D (mg.L') 111 ±0 condutimetria
Sulfato ( m g . L ' ) 79 ± 1 colorimetria
DQO (mg.L^) 78 ± 1 colorimetria

3.6.4.1 EXPERIMENTO CINÉTICO

O e x p e r i m e n t o cinético d e adsorção d o Ni d o e f l u e n t e f o i c o n d u z i d o
s e g u i n d o p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o n o item 3 . 6 . 1 . 1 . N e s s e c a s o foi utilizada u m a única
solução d o efluente n a concentração inicial d e 5 0 , 2 m g . L " \

3.6.4.2 EXPERIMENTO DE EQUILÍBRIO

A i s o t e r m a d e adsorção d o N i d o e f l u e n t e f o i construída mediante


e x p e r i m e n t o d e equilíbrio r e a l i z a d o d e a c o r d o c o m p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o n o item
3.6.2. Neste c a s o f o r a m utilizadas soluções d o e f l u e n t e nas concentrações iniciais d e
5,2mg.L'^ a 1 8 5 , 4 m g . L ' \
MATERIAIS E MÉTODOS - 61

3.6.4.3 EXPERIMENTOS DE ADSORÇÂO EM LEITO FIXO

O p r o c e d i m e n t o a d o t a d o p a r a o s e x p e r i m e n t o s e m leito fixo consistiu na


percolação d e 5 0 0 m L d o e f l u e n t e n a concentração d e 50,2mg.L"^ d e N i n a c o l u n a d e
turfa. Alíquotas d e 5 0 m L e l O O m L f o r a m c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a c o l u n a e
analisadas c o m relação às suas concentrações de Ni. Analogamente ao
p r o c e d i m e n t o utilizado n a construção d a c u r v a d e breakthrough ( i t e m 3.6.3.1), foi
c o n s t r u i d o o gráfico d a variação d a concentração d e Ni n o e f l u e n t e d a c o l u n a e m
função d o v o l u m e d e solução p e r c o l a d a .

T o m a n d o - s e c o m o b a s e a c u r v a obtida n o e x p e r i m e n t o r e a l i z a d o , v i s a n d o
a simulação d e u m p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o p a r a a redução d e m a i s d e 9 9 % d o N i d a
solução, f o r a m p e r c o l a d o s 2 5 0 m L d o e f l u e n t e n a c o l u n a d e turfa e a n a l i s a d o s , a n t e s
e após a percolação, o s parâmetros: t e o r d e N i , p H , c o n d u t i v i d a d e , c o r a p a r e n t e ,
t u r b i d e z , sólidos e m suspensão, sólidos totais d i s s o l v i d o s , teor d e s u l f a t o e d e m a n d a
química d e oxigênio.

C o m p l e m e n t a n d o o e s t u d o d a simulação d o t r a t a m e n t o d o e f l u e n t e , a
eluição d o N i d a c o l u n a f o i r e a l i z a d a p e r c o l a n d o - s e l O O m L d e solução d e ácido
clorídrico 1,Omol.L^ para determinação d a p o r c e n t a g e m d e recuperação n e s s a s
condições.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 62

CAPÍTULO 4

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A s e g u i r serão a p r e s e n t a d o s e d i s c u t i d o s o s resultados o b t i d o s n o s
e x p e r i m e n t o s d e caracterização f i s i c a e q u i m i c a d a s turfas e d e adsorção d o s
metais.

4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA

4.1.1 TURFAS D (decomposta), F (fibrosa) e FE (fibrosa extra) IN NATURA

O c o n h e c i m e n t o d e a l g u m a s características r e l a c i o n a d a s às p r o p r i e d a d e s
d a s t u r f a s e s t u d a d a s p o d e contribuir d e f o r m a r e l e v a n t e a o e n t e n d i m e n t o d o
fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s , além d e p e r m i t i r a avaliação c o m p a r a t i v a e n t r e
o s três t i p o s d e turfa e m e s t u d o . N a T A B . 4 . 1 são a p r e s e n t a d o s o s r e s u l t a d o s o b t i d o s
d a caracterização física e química d o s três t i p o s d e turfa in natura.

P o r s e r u m material a l t a m e n t e p o r o s o , e s t i m a - s e q u e in situ a turfa p o d e


reter d e 4 0 0 a 8 0 0 % d e água n a s u a e s t r u t u r a ( K I E H L , 1985). O e l e v a d o t e o r d e
matéria orgânica e a g r a n d e c a p a c i d a d e d e retenção d e água j u s t i f i c a m a p r i n c i p a l
aplicação q u e é feita d a turfa a t u a l m e n t e , e m d i v e r s o s países, c o m o i n s u m o agrícola
o u a d u b o d e alta q u a l i d a d e para j a r d i n a g e m .

Durante o processo de beneficiamento, c o m a abertura d e drenos nas


turfeiras, verifica-se q u e o material p e r d e água c o m f a c i l i d a d e , ficando, m e s m o após
e s s a p e r d a , c o m 8 0 a 9 0 % d e u m i d a d e . A s e c a g e m d o material é g e r a l m e n t e
r e a l i z a d a a o lado d a própria turfeira, p e l a ação d a l u z solar. Por e s s e p r o c e s s o , a
u m i d a d e p o d e s e r reduzida a v a l o r e s e n t r e 3 0 % a 4 0 % , o u , e m condições favoráveis,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 63

atingir 1 5 % ( K I E H L , 1985). E s t e é u m a s p e c t o q u e d e v e s e r l e v a d o e m consideração,


pois s e s a b e q u e a turfa, e m condições d e u m i d a d e m u l t o baixa, torna-se
p r a t i c a m e n t e hidrofóbica, c o m d i f i c u l d a d e d e reidratação ( D ' A V I L A et al., 1 9 8 7 ) .
A p e s a r d i s s o , m e s m o q u e dificultosa e i n c o m p l e t a , a reidratação d a turfa p o d e s e r
realizada por contato c o m água s o b agitação durante determinado período
estabelecido conforme a necessidade.

T A B E L A 4 . 1 - Caracterização f i s i c a e química d a s t u r f a s D, F e F E in natura.


Características Tipo de turfa
físicas e químicas D F FE
U m i d a d e (%) 7,1 ±0,1 6,4 ±0,1 8,4 ± 0,2
p H e m H2O d e s t i l a d a 3,22 ± 0,01 2,54 ±0,01 3,89 ± 0,01
p H e m C a C b 0,01 mol.L"^ 3,00 ± 0,00 2,36 ± 0,01 3,16 ±0,01
C i n z a s (%) 27,0 ± 0,8 24,8 ±0,1 2,8 ±0,0
Matéria Orgânica (%) 73,4 ± 0,0 75,2 ±0,1 97,1 ±0,1
C a r b o n o Orgânico (%) 28,2 ±0,6 32,2 ±0,5 40,5 ± 0,2
SÍO2 (%) 17,6 ±0,9 15,4 ±0,1 0,8 ±0,0
C T C (cmolc-kg"^) 135,5 ±5,6 146,1 ± 1,8 181.9 ±7,6

N e s t e trabalho, t e n d o e m vista a s b a i x a s condições d e u m i d a d e q u e são


atingidas p e l a s e c a g e m d a s a m o s t r a s a o ar ( T A B . 4 . 1 ) , verificou-se q u e a aplicação
d e vácuo (até 5 0 m m H g ) n a l a v a g e m d a turfa F E c o m água n o t r a t a m e n t o descrito n o
item 3.5.10.1, a c e l e r o u s i g n i f i c a t i v a m e n t e a reidratação d o m a t e r i a l . A eliminação
forçada d o a r c o n t i d o n o s p o r o s d a turfa r e s u l t o u n a ocupação imediata d e s s e s
p o r o s p e l a água, a u m e n t a n d o a eficiência d e l a v a g e m e facilitando a sedimentação
do m a t e r i a l n o e m p a c o t a m e n t o e m c o l u n a , característica imprescindível q u a n d o s e
d e s e j a utilizá-lo e m operações e m leito f i x o .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 64

Com relação ao p H , normalmente a s turfas apresentam pH de


a p r o x i m a d a m e n t e 4 , 0 , d e v i d o à presença d o s ácidos húmico e fúlvico n a s u a
estrutura (VALENTÍN a p u d COUILLARD, 1994).

A diminuição v e r i f i c a d a n o s v a l o r e s d e p H m e d i d o s e m solução d e cloreto


d e cálcio e m relação a o s m e d i d o s e m água d e s t i l a d a ( T A B . 4 . 1 ) , d e v e - s e a o
c h a m a d o "efeito d e sais". D e m o d o g e r a l , o p H d o s o l o d e c r e s c e c o m o a u m e n t o d a
concentração salina. E m u m solo ácido c o m o a t u r f a , a supressão d a d u p l a c a m a d a
d i f u s a f o r m a d a p o r íons H"" t e n d e r i a a diminuir a concentração d e s s e s íons e m
solução e, p o r t a n t o , e l e v a r o p H . Porém, c o m o a s reações d e t r o c a são d o m i n a n t e s ,
resulta um aumento d a concentração d e H * e m solução c o m conseqüente
decréscimo d o p H d o m e i o . O efeito p o d e s e r r e p r e s e n t a d o d e f o r m a simplificada p o r
(PURI & A S G H A R , 1938):

T U R F A - 2 H + CaCl2 l 2 H * + 201" + T U R F A - C a

N a T A B . 4 . 2 são a p r e s e n t a d o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d e p H , matéria orgânica


e c a r b o n o orgânico o b t i d o s a partir d e e s t u d o s d e caracterização d e turfas d a
Região S u d e s t e d o país ( L A M I N etal., 2 0 0 1 ; F R A N C H I , 2 0 0 0 ) .

T A B E L A 4 . 2 - Caracterização d e t u r f a s d o S u d e s t e d o p a i s .

Matéria Carbono
Turfa (origem) pH Referência
Orgânica (%) Orgânico (%)
Arraial do Cabo (RJ) 4,5* 76,4 35,1 LAMIN etal., 2001
Vale do Paraíba (SP) 3,0** 93,4 41,8 FRANCHI, 2000
*medido em H2O destilada
**medido em CaCl2 0,01 mol.L'

C o n s i d e r a n d o a s i m i l a r i d a d e e x i s t e n t e e n t r e a s turfas n a T A B . 4 . 2 e a s
turfas e s t u d a d a s n e s t e t r a b a l h o ( T A B . 4 . 1 ) ( o b s e r v a d a através d a s p o r c e n t a g e n s d e
matéria orgânica e c a r b o n o orgânico), p o d e - s e v e r i f i c a r q u e , p a r a a s turfas D e F,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 65

c o m composição orgânica s e m e l h a n t e à d a turfa d e A r r a i a l d o C a b o , o s resultados


d e p H m e d i d o s e m água d e s t i l a d a , d e r e s p e c t i v a m e n t e 3,22 e 2 , 5 4 , s i t u a r a m - s e b e m
a b a i x o d o p H d e 4 , 5 e n c o n t r a d o p a r a e s t a outra turfa. Já p a r a a t u r f a F E , a q u a l
a s s e m e l h a - s e à turfa d o V a l e d o Paraíba, o valor d e p H 3,16 m e d i d o e m solução d e
cloreto d e cálcio, e n c o n t r a - s e a c i m a , porém m u i t o próximo d o p H 3 , 0 m e d i d o para
e s t a última turfa.

A p e s a r d e s e r e s p e r a d a a semelhança e n t r e a s t u r f a s d e s t e e s t u d o e a s
t u r f a s d e Arraial d o C a b o , p o r s e r e m turfas litorâneas, s a b e - s e q u e a composição
heterogênea d a s turfas é a l t a m e n t e influenciada pelo c l i m a d a região e m q u e são
f o r m a d a s e p r i n c i p a l m e n t e pelo t i p o d e vegetação q u e a s o r i g i n o u .

R e s u l t a d o s r e f e r e n t e s á análise q u i m i c a d e n o v e tipos d i f e r e n t e s d e turfas,


p r o c e d e n t e s d a c i d a d e d e N e w J e r s e y ( W A K S M A N apud K I E H L , 1 9 8 5 ) , d e m o n s t r a m
e s s a h e t e r o g e n e i d a d e através d e v a l o r e s d e p o r c e n t a g e m d e matéria orgânica
v a r i a n d o d e 3 0 , 5 % a 9 5 , 2 % e d e c a r b o n o orgânico d e 1 6 , 9 % a 5 2 , 9 % , t e n d o s e u s
v a l o r e s médios c a l c u l a d o s r e s p e c t i v a m e n t e e m 7 7 , 2 % e 4 2 , 8 % .

A p e s a r d a diferença d e o r i g e m , o s t e o r e s d e matéria orgânica d e 7 3 , 4 % ,


75,2% e 9 7 , 1 % e carbono orgânico de 28,2%, 3 2 , 2 % e 40,5%, obtidos
r e s p e c t i v a m e n t e para a s t u r f a s D, F e F E n a T A B . 4 . 1 , estão c o e r e n t e s c o m e s s a s
f a i x a s d e valores ( c o m exceção d o teor matéria orgânica d a t u r f a F E ) , e também
c o m o s v a l o r e s obtidos p a r a a s t u r f a s brasileiras n a T A B . 4 . 2 .

Além d o c a r b o n o , oxigênio e hidrogênio, o u t r o s e l e m e n t o s d e natureza


m i n e r a l são e n c o n t r a d o s n a s t u r f a s , o s q u a i s n o r m a l m e n t e são o s c o m p o n e n t e s d a s
cinzas.

Nos carvões d e o r i g e m v e g e t a l o u a n i m a l , a s c i n z a s são constituídas d e


s a i s o u óxidos d e m e t a i s e o u t r o s e l e m e n t o s próphos d o s m a t e r i a i s d e o r i g e m ( N a ^
K"", Ca^^, Mg^\ Pe^\ PO^^', SO/' e outros). N o s linhitos e t u r f a s , além d e s s a s
substâncias, p o d e m s e r e n c o n t r a d o s a l u m i n a , silicatos e o u t r o s componentes
m i n e r a i s d e r i v a d o s d o s p r o c e s s o s d e estratificaçâo geológica o u d e fenómenos
metamórficos entre a s c a m a d a s geológicas e e s s e s m a t e r i a i s ( C A I O eí a/., 1979).
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 66

O b a i x o t e o r d e c i n z a s o b t i d o p a r a a turfa F E ( 2 , 8 % ) c o m p a r a t i v a m e n t e às
turfas D (27,0%) e F (24,8%) pode s e r destacado como u m aspecto positivo e m
relação a e s s a turfa ( F E ) , u m a v e z q u e o i n t e r e s s e d o t r a b a l h o está v o l t a d o p a r a o
conteúdo orgánico d o material e, conseqüentemente p a r a o baixo t e o r d e m i n e r a i s e
c o m p o s t o s inorgânicos.

N a T A B . 4 . 1 , o s t e o r e s d e sílica o b s e r v a d o s para a s turfas D (17,6%) e F


( 1 5 , 4 % ) , i n d i c a m a presença d e s t e m a t e r i a l c o m o constituinte majoritário d a porção
inorgânica d e s s a s a m o s t r a s , t o t a l i z a n d o u m p o r c e n t u a l d e r e s p e c t i v a m e n t e 6 5 , 2 % e
6 2 , 2 % d e s u a s c i n z a s . N o c a s o d a turfa F E u m teor b e m inferior d e sílica foi
observado (0,8%), correspondente a 2 8 , 6 % das cinzas.

N a m a i o r i a d o s s o l o s , a c a p a c i d a d e d e troca catiônica a u m e n t a c o m o p H .
E m v a l o r e s b a i x o s d e p H , a p e n a s a s c a r g a s a s s o c i a d a s às argilas e a o s c o l o i d e s
orgânicos retêm o s i o n s q u e p o d e m s e r substituídos m e d i a n t e t r o c a catiônica. E m
s o l o s ricos e m matéria orgânica c o m o a t u r f a , a p e s a r d a s u a a c i d e z , são e s p e r a d o s
v a l o r e s d e c a p a c i d a d e d e troca catiônica a c i m a d e 90cmoic.kg"^ ( B R A D Y , 1 9 8 9 ) .

O s v a l o r e s d e C T C o b t i d o s p a r a a s turfas e s t u d a d a s ( T A B . 4 . 1 ) p o d e m s e r
c o n s i d e r a d o s e l e v a d o s q u a n d o c o m p a r a d o s a o u t r o s constituintes d o s o l o , c o m o :
v e r m i c u l i t a (75cmolc.kg"^); m o n t m o r i l o n i t a (50cmolc.kg"^); ilita (15cmolc.kg"^); caulinita
( 4 c m o l c . k g ^ ) e óxidos d e f e r r o e alumínio (2cmolc.kg"^) ( B R A D Y , 1 9 8 9 ) . Além d i s s o ,
a s s i m c o m o f o i verificado a partir d o s r e s u l t a d o s obtidos para o s t e o r e s d e matéria
orgânica, c a r b o n o orgânico e c i n z a s , o r e s u l t a d o d e C T C m a i s favorável f o i verificado
p a r a a turfa F E (181,9cmolc.kg'^), s e g u i d a d a turfa F (146,1cmolc.kg"^) e D
(135,5cmolc.kg').

A determinação d a concentração d e a l g u n s metais n a s t u r f a s in natura foi


feita c o m o intuito d e s e realizar u m a avaliação c o m relação a a l g u n s c o n s t i t u i n t e s
d a s a m o s t r a s , b e m c o m o d e s e verificar o u não a presença d e a l g u n s m e t a i s
pesados que pudessem caracterizar alguma condição d e contaminação d a s
a m o s t r a s . A T A B . 4 . 3 a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s d a s concentrações d e a l g u n s m e t a i s
totais nas turfas D, F e F E , o b t i d o s p o r solubilização total d a s a m o s t r a s .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 67

T A B E L A 4 . 3 - Concentração d e nnetais n a s t u r f a s D, F e F E in natura.


Concentração (mg.kg"^)
Elemento
D F FE
Al 22,6.10^ ±0,3 39,6.10'±0,6 30,2.10'±0,5
Fe 16,1.10'±0,3 19,3.10'±0,3 10,8.10'±0,2
K 377,7 ± 5,5 426,9 ± 7,2 293,4 ± 8,7
Mn 82,0 ± 0,4 92,9 ± 2,3 299,2 ± 6,7
Zn 45,4 + 1,1 69,9 ±1,9 368,2 ± 9,5
Cr 11,2±1,0 21,8 ±0,3 69,7 ±4,6
Cu 9,9 ±1,2 15,5 ±0,5 24,2 ± 1,4
Cd <LD* <LD* <LD*
Ni < LD* <LD* <LD*
Hg <LD* <LD* <LD*
Pb <LD* <LD* < LD*
*Limites de detecção: Cd = O . l m g . k g N i = 2,2mg.kg"'; Hg = O.lmg.kg"'; Pb = 8,3mg.kg"^

A partir d o s r e s u l t a d o s d a T A B . 4 . 3 , p o d e m o s o b s e r v a r a presença d o s
e l e m e n t o s A l , F e e K e m concentrações m a i s e l e v a d a s p a r a a s turfas D e F. N o c a s o
d a turfa F E , além d e s t e s , verificou-se a presença d o M n e d o Z n , s e n d o o M n e m
menor concentração. Tais elementos podem ser considerados constituintes
c o m u m e n t e e n c o n t r a d o s e m a m o s t r a s d e s o l o . O e l e v a d o teor d e a l u m i n i o , p o r
e x e m p l o , p o d e indicar a presença d o s silicatos d e a l u m i n i o c o m o c o n s t i t u i n t e s d a
porção m i n e r a l d a turfa.

O s e l e m e n t o s C d , N i , H g e P b não f o r a m d e t e c t a d o s pela técnica utilizada


e m n e n h u m d o s três tipos d e turfa, o q u e p o d e s e r interpretado c o m o u m a s p e c t o
positivo s e f o r c o n s i d e r a d a a p o s s i b i l i d a d e d e aplicação d o material para remoção
destes metais.

A avaliação d o s r e s u l t a d o s o b t i d o s n o s e n s a i o s d e caracterização d a s três


turfas, p r i n c i p a l m e n t e c o m relação a o s r e s u l t a d o s d e p o r c e n t a g e m d e matéria
orgânica e C T C ( T A B . 4 . 1 ) , indica condições favoráveis à utilização d a turfa F E n o s
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 68

e n s a i o s d e adsorção. D e s s a f o r m a , d i a n t e d a argumentação e x p o s t a , será utilizada


s o m e n t e a t u r f a F E n o s próximos e s t u d o s .

4.1.2 TURFA FE

Algumas características d a turfa FE foram determinadas visando a


obtenção d e informações q u e p o s s a m auxiliar n o d i m e n s i o n a m e n t o d e s i s t e m a s d e
t r a t a m e n t o e n a avaliação técnico-econômica d e aplicação d o m a t e r i a l . A T A B . 4 . 4
a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s o b t i d o s n a s determinações d e m a s s a específica ( p ) , m a s s a
específica a p a r e n t e (pa), m a s s a específica e m c o l u n a (/?c).

T A B E L A 4 . 4 - Caracterização física d a turfa F E tratada.


Característica Valor encontrado

p(g.cm-^) 1,410 ±0,005

A (g-cm-^) 0 , 3 5 2 ±0,012

Pc ( g - c m ^) 0,243 ± 0,007

D e a c o r d o c o m K I E H L ( 1 9 8 5 ) , a m a s s a específica e a m a s s a específica
a p a r e n t e d a turfa p o d e m variar r e s p e c t i v a m e n t e d e 1,10g.cm'^ a 1,56 g . c m ' ^ e d e
0,08g.cm"^ a 0,90g.cm"^, s e n d o m a i s a l t a s q u a n t o m a i o r for o s e u conteúdo
inorgânico.

N a T A B . 4 . 4 , o s v a l o r e s o b t i d o s d e m a s s a específica (1,410g.cm"^) e
m a s s a específica a p a r e n t e (0,352g.cm"^) estão c o e r e n t e s c o m e s s a s f a i x a s d e
valores p r o p o s t a s p e l a literatura ( K I E H L , 1 9 8 5 ) , c a r a c t e r i z a n d o a turfa c o m o s e n d o
um material "leve" e poroso.

O v a l o r d e m a s s a específica a p a r e n t e ( p a ) p o d e s e r d e g r a n d e utilidade n o
cálculo d a s d e s p e s a s c o m a aquisição e t r a n s p o r t e d o m a t e r i a l . D e s s a f o r m a ,
c o n s i d e r a n d o a turfa c o m 4 5 % d e u m i d a d e v e n d i d a a R $ 2 8 , 0 0 / m^ (item 3.4), t e m -
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 69

se, p a r a a turfa s e c a a 100°C, o c u s t o d e a p r o x i m a d a m e n t e R $ 4 3 , 0 8 / m^, o n d e a


partir d e ( 0 , 3 5 2 g.cm"^), e s t i m a - s e o c u s t o d o material e m R $ 0 , 1 2 / kg.

A m a s s a específica e m c o l u n a obtida p a r a a turi'a F E (0,243g.cm"^),


j u n t a m e n t e c o m o s parâmetros físico-químicos d e adsorção d o s m e t a i s , é d e
particular interesse no dimensionamento d e operações e m leito fixo, mais
e s p e c i f i c a m e n t e n a determinação d a m a s s a d e turi'a a s e r e m p a c o t a d a e m u m c e r t o
v o l u m e d e c o l u n a para a remoção d e d e t e n n i n a d a m a s s a d e metal d o efluente a s e r
tratado.

V i s a n d o a utilização d a turi'a c o m o m e i o filtrante e m operações e m leito


fixo, o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d o s e n s a i o s d e análise granulométrica f o r a m a n a l i s a d o s
d e a c o r d o c o m o s parâmetros: t a m a n h o d e partícula (deo), t a m a n h o efetivo ( d i o ) e
coeficiente d e desuniformidade (deo/dio). A F I G . 4.1 apresenta as curvas
granulométricas o b t i d a s p a r a a s a m o s t r a s d e turi'a F E in natura (granulometria m e n o r
q u e 2 , 0 0 m m ) e tratada ( g r a n u l o m e t r i a entre 0 , 1 2 5 e 2 , 0 0 m m ) . A T A B . 4 . 5 a p r e s e n t a
o s parâmetros o b t i d o s gráficamente e c a l c u l a d o s a partir d e s t a s c u r v a s .

l i l i l í M | M r i i r i n | i ir iiTiiifiMTiTiiTfirriiirrr|-Trrrriíii|iriirriTrfrririrTTrfrrTiiiiir|iiirMrri|iririiiri|iiiin
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Abertura / m m
F I G U R A 4.1 - C u r v a s granulométricas d a t u r f a F E .
in natura • tratada a .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 70

T A B E L A 4 . 5 - Parâmetros obtidos d a s c u r v a s granulométricas.


TURFA FE dio ( m m ) deo ( m m ) deo/dio
in natura 0,13 1,02 7,8
tratada 0,19 0,71 3,7

D e s d e 1 8 2 9 , q u a n d o o s filtros d e areia f o r a m e m p r e g a d o s pela primeira


v e z n o t r a t a m e n t o d e água para a b a s t e c i m e n t o público, o c o r r e r a m m u i t a s inovações
v i s a n d o m e l h o r a r o d e s e m p e n h o hidrodinámico d e s t a s u n i d a d e s . A l g u m a s p e s q u i s a s
f o r a m realizadas c o m areia d e diferentes faixas granulométricas, c h e g a n d o - s e à
conclusão s o b r e o m a i s eficiente m a t e r i a l : t a m a n h o d e partícula (deo) c o m p r e e n d i d o
entre 0 , 0 8 m m e I.OOmm; t a m a n h o efetivo ( d i o ) e n t r e 0 , 1 5 m m e 0 , 3 0 m m e coeficiente
de d e s u n i f o r m i d a d e (deo/dio) m e n o r q u e 5,0 (preferívelmente entre 2 e 5) ( P R O S A B ,
1999).

N a T A B . 4 . 5 , d e a c o r d o c o m a classificação p r o p o s t a para materiais


filtrantes eficientes (PROSAB, 1999), pode-se observar q u e a turfa tratada
a p r e s e n t o u condições favoráveis c o m relação a o s s e u s v a l o r e s d e deo (0,71 m m ) , d i o
( 0 , 1 9 m m ) e deo/dio (3,7). Além d i s s o , foi possível verificar a importância d a remoção
da fração m e n o r q u e 0 , 1 2 5 m m n a e t a p a d e t r a t a m e n t o , u m a v e z q u e o s valores
obtidos d e deo ( 1 , 0 2 m m ) , d i o ( 0 , 1 3 m m ) e deo/dio ( 7 , 8 ) para a turfa in natura, não
c a r a c t e r i z a m o m a t e r i a l c o m o u m eficiente m e i o filtrante.

T e s t e s p r e l i m i n a r e s r e a l i z a d o s e m c o l u n a c o m a turfa F E in natura
resultaram n a percolação dificultosa d a s soluções a q u o s a s , c h e g a n d o m u i t a s v e z e s
ao e n t u p i m e n t o d a s c o l u n a s . A partir d a utilização d a turfa n a g r a n u l o m e t r i a entre
0 , 1 2 5 m m e 2 , 0 0 m m , o b s e r v o u - s e q u e a vazão d a s soluções pelas c o l u n a s foi
s u b s t a n c i a l m e n t e facilitada e m a n t i d a e m niveis estáveis a o l o n g o da realização d o s
experimentos.

C o n f o r m e a p r e s e n t a d o n o item 3 . 5 . 9 . 1 , a turfa F E in natura foi s u b m e t i d a a


u m t r a t a m e n t o q u i m i c o r e a l i z a d o c o m o intuito d e s e r e m o v e r m e t a i s p r e v i a m e n t e
a d s o r v i d o s à s u a superfície.

QOmShO MAf ICWsL DE EÍERflA MUCLEAR/SP-IPEN


RESULTADOS E DISCUSSÃO - 71

A remoção d o s m e t a i s e m função d o t r a t a m e n t o a p l i c a d o f o i a v a l i a d a p o r
m e i o d a determinação d a concentração d e m e t a i s n a turfa F E após a l a v a g e m d e s t a
c o m água destilada, e p e l a determinação d a s concentrações d e m e t a i s lixiviados
pela solução d e ácido clorídrico.

A T A B . 4 . 6 a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s o b t i d o s para o s t e o r e s d e m e t a i s
p r e s e n t e s n a turfa in natura e l a v a d a , e a concentração d o s m e t a i s extraídos pela
subseqüente lixivia c o m solução ácida.

T A B E L A 4 . 6 - Remoção d e m e t a i s d a turfa F E e m função d o t r a t a m e n t o a p l i c a d o .


Teor de metais TURFA FE
Lixivia ácida
(mg.kg^) Extração
Elemento Total
Após lavagem (%) Metais extraídos Extração Extraído
in natura
H2O destilada (mg.kg"^) (%) (%)
Al 30,2.10^ ± 0 , 5 5,8.10^ + 0,1 80,8 0,55.10'±0,01 9,5 82,6
Fe 10,8.10'±0,2 2,1.10^ + 0,1 80,6 0,90.10'±0,01 42,8 88,9
K 293,4 ± 8,7 130,6 ±4,0 55,5 5,2 ±0,1 4,0 57.3
Mn 299,2 ± 6,7 41,1 ±2,7 86,3 34,5 ±1,3 83,9 97,8
Zn 368,2 ±9,5 40,1 ± 3,7 89,1 6.9 ± 0,2 17,2 91,0
Cr 69,7 ± 4,6 <LD 100,0 <LD - 100,0
Cu 24,2 ± 1,4 7,4 + 0,3 69,4 0,6 ± 0,0 8,1 71,9

Analisando os resultados apresentados na T A B . 4.6, pode-se observar que


o t r a t a m e n t o reduziu s i g n i f i c a t i v a m e n t e a concentração d o s m e t a i s d a turfa F E .
F o r a m obtidas p o r c e n t a g e n s d e extração total a c i m a d e 8 2 % p a r a o A l , F e , M n , Z n e
Cr e superiores a 5 7 % para o K e C u .

C o m p a r a n d o - s e a s p o r c e n t a g e n s d e extração o b t i d a s p e l a l a v a g e m d a s
a m o s t r a s c o m água d e s t i l a d a e p e l a subseqüente lixivia ácida ( T A B . 4 . 6 ) , v e r i f i c o u -
s e q u e m a i s d e 8 0 % d a extração d o s m e t a i s A l , F e , M n , Z n e C r f o i realizada pela
l a v a g e m c o m água, t e n d o s i d o o b t i d a a extração total d o C r n e s s e c a s o . N a lixivia
ácida, foi o b s e r v a d a a m a i o r p o r c e n t a g e m d e extração para o M n ( 8 3 . 9 % ) . s e g u i d o
do Fe (42.8%). Z n (17,2%). A l (9,5%), C u (8.1%) e K (4,0%). T a l comportamento
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 72

d e v e - s e a o fato d e a lixívia t e r s i d o r e a l i z a d a após a l a v a g e m , u m a v e z q u e a


solubilização d o s m e t a i s e m m e i o ácido é c o n h e c i d a m e n t e m a i s f a v o r e c i d a .

A lixívia ácida constitui u m a e t a p a i m p o r t a n t e d o p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o . A


eliminação d a maior q u a n t i d a d e possível d e m e t a i s d a superfície d a t u r f a , além d e
desejável, p o d e resultar na regeneração d a s u a c a p a c i d a d e d e adsorção p o r m e i o d a
disponibilização d o s s e u s sítios a t i v o s , c o n f o r m e será d e m o n s t r a d o p o s t e r i o r m e n t e
n o s e s t u d o s d e adsorção.

4.2 ESTUDOS DE ADSORÇÃO

A seguir são a p r e s e n t a d o s e d i s c u t i d o s o s resultados o b t i d o s n o s e s t u d o s


cinéticos e d e equilibrio d e adsorção d o s m e t a i s C d , C u e Ni pela turfa F E t r a t a d a .

4.2.1 ESTUDO CINÉTICO DE ADSORÇÃO

O e s t u d o cinético d a s reações d e remoção d e p o l u e n t e s d e e f l u e n t e s é d e


fundamental importância p a r a o d i m e n s i o n a m e n t o e a operação d e r e a t o r e s
utilizados e m p r o c e s s o s físico-químicos d e t r a t a m e n t o . A partir d e s t e t i p o d e e s t u d o
são o b t i d a s informações i m p o r t a n t e s , c o m o a o r d e m d a reação e o m e c a n i s m o
limitante d e remoção d o p o l u e n t e n o p r o c e s s o ( F A U S T & A L Y , 1 9 8 7 ; H O & M C K A Y ,
1999).

N o c a s o d a turfa, a eficiência d e remoção d o s m e t a i s e m b a t e l a d a p o d e


s e r a v a l i a d a pelo e s t u d o cinético d e adsorção d o s m e t a i s e m solução p a r a q u e s e
possa dimensionar sistemas apropriados d e tratamento.

N e s t e trabalho, o s r e s u l t a d o s o b t i d o s n o s e x p e n m e n t o s cinéticos d e
adsorção d o s íons d o s m e t a i s C d , C u e Ni pela turfa F E f o r a m i n t e r p r e t a d o s d e
a c o r d o c o m o m o d e l o cinético d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m a p r e s e n t a d o n o item
2.3.3.2.

Nas T A B . 4 . 7 a 4 . 9 são a p r e s e n t a d o s os resultados obtidos nos


e x p e r i m e n t o s realizados c o m o C d , C u e Ni e m d i f e r e n t e s v a l o r e s d e concentração
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 73

inicial (Co). N a s tabelas, além d a s concentrações d o s m e t a i s n a s soluções (C), são


a p r e s e n t a d a s a s concentrações, c a l c u l a d a s p o r diferença, d o s m e t a i s a d s o r v i d o s à
turfa (qff) e m função d o t e m p o (t). N a T A B . 4 . 8 ( r e f e r e n t e a o s e x p e r i m e n t o s r e a l i z a d o s
c o m o C u ) , são a p r e s e n t a d a s a s c o n t a g e n s o b t i d a s d a s m e d i d a s d a s a t i v i d a d e s d a s
a m o s t r a s , a partir d a s q u a i s f o r a m c a l c u l a d o s o s v a l o r e s d e C e qt.

T A B E L A 4 . 7 - R e s u l t a d o s obtidos d a cinética d e adsorção d e C d pela turfa F E .

Co ( m g . L ' ) 7,0 13,7 35,8 62,3 128,4

C C Qt C <7f C qt C qt
t (min)
(nig.L') (mg.g') (mg.L') (mgg^) (mg-L') (mgg') (mg-g') (mg.L-') (mgg')

0 7,03 0,000 13,74 0,000 35,84 0,000 62,30 0,000 128,40 0,000
2,5 3,96 0,767 8,11 1,407 20,23 3,903 49,43 3,216 115,55 3,212
5 2,67 1,090 6,06 1,920 16,69 4,788 43,93 4,591 106,85 5,387
10 1,76 1,317 3,24 2,625 12,96 5,720 38,98 5,831 98,15 7,562
15 1,08 1,487 3,24 2,625 10,20 6,410 34,93 6,843 96,50 7,974

30 1,01 1,505 2,13 2,902 8,45 6,848 31,20 7,774 86,75 10,412

45 0,49 1,635 1,73 3,002 6,75 7,273 28,38 8,480 85,25 10,787
60 0,57 1,616 1,80 2,985 7,06 7,195 28,09 8,552 84,55 10,962
90 0,29 1,684 1,62 3,031 5,59 7,563 29,21 8,272 80,80 11,899
120 0,27 1,689 1,46 3,070 5,79 7,513 24,16 9,534 79,50 12,224
150 0,24 1,697 1,84 2,975 5,60 7,560 28,13 8,542 78,04 12,588
180 0,21 1,706 1,21 3,132 4,16 7,920 23,85 9,612 77,05 12,836
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 74

T A B E L A 4.8 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d e C u pela turfa F E .

Co (mg.L') 7,2 13,2 36,9

C <7f C Qt C qt
í (min) contagens contagens contagens
(mg.L') (mg.g') {mg.L') (mg.g') (mg.L-') (mg.g')

0 975.267 7,19 0,000 75.749 13,20 0,000 175.588 36,94 0,000


2,5 417.489 3,08 1,036 46.242 8,16 1,275 125.461 26,39 2,670
5 229.516 1,69 1,384 31.715 5,65 1,905 113.751 23,93 3,293
10 163.081 1,20 1,507 23.022 4,14 2,293 91.982 19,35 4,450
15 113.855 0,84 1,598 15.250 2,77 2,629 89.056 18,73 4,610
30 49.266 0,36 1,720 5.385 0,99 3,089 66.553 14,00 5,806
45 36.022 0,27 1,747 2.867 0,53 3,203 47.101 9,91 6,837
60 29.609 0,22 1,754 2.524 0,47 3,212 45.400 9,55 6,930
90 27.707 0,20 1,757 1.747 0,33 3,249 44.190 9,30 6,990
120 30.131 0,22 1,755 1.838 0,35 3,256 37.637 7,92 7,332
150 31.698 0,23 1,751 1.368 0,26 3,274 33.649 7,08 7,555
180 27.451 0,20 1,759 1.751 0,34 3,254 33.747 7,10 7,550
Co ( m g . L ' ) 62,4 128,0

C qt C qt
í (min) contagens contagens
(mg.L') (mg.g"') (mg.L-') (mg.L-')

0 258.514 62,43 0,000 37.611 128,00 0,000


2,5 221.889 53,59 2,222 33.234 113,10 3,772
5 206.147 49,78 3,158 32.072 109,15 4,742
10 185.525 44,80 4,415 32.084 109,19 4,756
15 171.632 41,45 5,260 31.131 105,95 5,578
30 148.335 35,82 6,603 28.358 96,51 7,956
45 131.957 31,87 7,650 26.812 91,25 9,246
60 125.178 30,23 8,050 26.126 88,91 9,856
90 119.280 28,81 8,448 24.643 83,87 11,102
120 120.284 29,05 8,284 24.604 83,73 11,140
150 122.050 29,48 8,244 24.361 82,91 11,358
180 109.454 26,43 9,019 23.975 81,59 11,694
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 75

T A B E L A 4 . 9 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d e Ni pela turfa F E .

Co (mg.L') 8.9 14,9 38,7 68.5 131,3

C qt C qt C qt C qt C qt
í (min)
(mg.L') (mgg') (mgu') (mg.g') (mg.L') (mg.g"') (mg.L-') (mg.g') (mg.L-') (mg.g')

0 8,95 0,000 14,93 0,000 38,75 0,000 68,47 0,000 131,27 0,000
2,5 4,90 1,013 11,00 0,983 29,40 2,338 56,98 2,872 112,50 4,693
5 3,60 1,338 9,20 1,433 27,90 2,713 52,90 3,892 108,53 5,686
10 3,67 1,321 8,50 1,608 26,70 3,013 51,63 4,210 107,38 5,972
15 2,55 1,600 6,70 2,058 24,30 3,613 49,34 4,782 107,10 6,043
30 1,20 1,938 5,50 2,358 23,40 3,838 48,46 5,002 104,80 6,618
45 1,35 1,900 5,00 2,483 22,00 4,188 45,43 5,760 104,40 6,718
60 1,30 1,913 4,93 2,499 21,90 4,213 44,45 6,004 104,00 6,818
90 1,40 1,888 3,80 2,783 19,90 4,713 44,40 6,017 102,47 7,201
120 0,95 2,000 3,75 2,795 20,10 4,663 44,34 6,032 101,30 7,493
150 0,65 2,075 4,25 2,670 20,00 4,688 43,22 6,311 99,37 7,976
180 0,86 2,023 3,60 2,833 18,60 5,038 43,87 6,150 98,65 8,155

T o m a n d o - s e c o m o base os resultados obtidos n a s T A B . 4.7 a 4.9, foram


c o n s t r u i d o s o s gráficos de qt e t / qt e m função d e t. A s F I G . 4 . 2 a 4 . 4 m o s t r a m ,
r e s p e c t i v a m e n t e , a s cinéticas d e adsorção d o C d , C u e N i n o s diferentes v a l o r e s d e
concentração inicial (Co) d o s m e t a i s e m solução. A n a l o g a m e n t e , a s FIG. 4 . 5 a 4 . 7
a p r e s e n t a m a s cinéticas l i n e a r i z a d a s d e a c o r d o c o m a equação (2.15). O s p o n t o s
nas figuras r e p r e s e n t a m o s d a d o s o b t i d o s e x p e r i m e n t a l m e n t e e a s linhas c h e i a s o s
valores g e r a d o s t e o r i c a m e n t e a partir d a cinética l i n e a r i z a d a . A T A B . 4.10 a p r e s e n t a
os v a l o r e s d a s c o n s t a n t e s d e v e l o c i d a d e {k), v e l o c i d a d e inicial {h), concentração d e
metal a d s o r v i d o n o e q u i l i b r i o ( q e ) e coeficiente d e correlação (r^), c a l c u l a d o s a partir
d o s gráficos g e r a d o s .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 76

14

12-

10-

8-
7 / A

|5 6-1

4-

2-

0-

-i—'—I—I—I—'—I—'—I—I—I—'—i—I—I—'—I—'—i—<-
O 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

f (min)
FIGURA 4.2 - Cinética de adsorção do Cd pela turfa FE.
7,0nng.L' • 13,7mg.L' A 35,8mg.L"' ¥ 62,3mg.L' • 128,4mg.L"'

-i—1—I—1—I—1—I—I—I—1—I—1—I—¡—r
o 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
f (min)
FIGURA 4.3 - Cinética de adsorção do Cu pela turfa FE.
7,2mg.L'' • 13,2mg.L'' a 36,9mg.L' - 62,4mg.L'' • 128,0mg.L'
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 77

05

" 1 — ' — I — ' — \ — ' — i — ' — i — ' — I — ' — I — ' — I — I — I — ' — r


O 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
(min) f
FIGURA 4.4 - Cinética de adsorção do Ni pela turfa FE.
8,9mg.L' • 14,9mg.L"' A 38,7mg.L' • 68,5mg.L"' • 131,3mg.L''

120

t(min)
FIGURA 4.5 - Cinética de adsorção linearizada do Cd pela turfa FE.
7,0mg.L"' • 13,7mg.L'' a 35,8mg.L' • 62,3mg.L"' • 128,4mg.L"
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 78

120

-I—'—I—'—I 1 1—'—I ' — I — I — I — ' 1—' 1—<-


O 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
f (min)
FIGURA 4.6 - Cinética de adsorção linearizada do Cu pela turfa FE.
7,2mg.L"' • 13,2mg.L' a 36,9mg.L"' r 62,4mg.L' • 128,0mg.L'

120

- 1 — I — I — i — I — I — I — I — I — 1 — I — I — I — i — I — 1 — I — 1 — | -
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
t (min)
FIGURA 4.7 - Cinética de adsorção linearizada do Ni pela turfa FE.
8,9mg.L' • 14,9mg.L' 38,7mg.L' w 68,5mg.L' • 131,3mg.L"'
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 79

T A B E L A 4 . 1 0 - Parâmetros o b t i d o s d a linearização d a cinética d e adsorção d e C d ,


C u e Ni pela turfa F E , d e a c o r d o c o m o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m .

Metal Co (mg.L-^) ftíg-mg^min"") h (mg.g ^min"*) q. (mg.g-')


7,0 0,1761 0,5302 1,7351 0,9999
13,7 0,1210 1,1787 3,1212 0,9991
Cd 35,8 0.0314 1.9639 7,9033 0,9990
62,3 0,0164 1,4842 9,5229 0,9928
128,4 0,0082 1,4469 13,3103 0,9991
7.2 0,4363 1,3716 1,7731 0.9999
13,2 0,0897 1,0009 3,3406 0,9998
Cu 36,9 0,0156 0,9674 7,8672 0,9989
62,4 0,0108 0,9154 9,1903 0,9968
128,0 0,0060 0,9336 12,4270 0,9961
8,9 0,1172 0,5050 2,0758 0,9987
14,9 0,0543 0.4528 2,8867 0,9981
Ni 38,7 0,0285 0,7216 5,0356 0,9966
68.5 0,0338 1,3665 6,3561 0,9991
131,3 0,0201 1,3390 8,1533 0,9953

Nas FIG. 4.2 a 4 . 4 pode-se observar por meio d o aumento dos valores d e
qt c o m o t e m p o , q u e o s m e t a i s f o r a m a d s o r v i d o s p e l a turfa F E n o intervalo d e t e m p o
e s t u d a d o . A influência d a concentração inicial d o s m e t a i s s o b r e a cinética d e
adsorção p o d e s e r c l a r a m e n t e o b s e r v a d a a partir d a s c u r v a s o b t i d a s , o n d e é
possível verificar o a u m e n t o d o s t e m p o s necessários p a r a s e atingir o equilíbrio c o m
o a u m e n t o d e CQ. Além d i s s o , n a T A B . 4 . 1 0 . f o i o b s e r v a d o o decréscimo d o s v a l o r e s
d a s c o n s t a n t e s d e v e l o c i d a d e {k) c o m o a u m e n t o d e Co, d e 0 , 1 7 6 1 g . m g ' ^ m i n ' ^ a
0 , 0 0 8 2 g.mg'''min'^ p a r a o C d , d e 0,4363g.mg"''min"^ a 0 . 0 0 6 0 g . m g " ^ m i n ' ^ p a r a o C u e
d e 0,1172g.mg"^min"^ a 0 . 0 2 0 1 g . m g ' ^ m i n ' ^ p a r a o Ni.

V a l o r e s d e k e n t r e 0 . 0 9 6 4 g . m g ' ^ m i n ^ e 0 . 0 0 9 0 g . m g ""min"^ para o C u e


e n t r e 0 , 1 7 5 0 g . m g " ^ m i n ^ e 0 . 0 1 5 9 g . m g ' ^ m i n " ^ para o Ni f o r a m o b t i d o s p o r m e i o d a
cinética d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m d e adsorção d o s m e t a i s e m t u r f a s i r l a n d e s a s , e m
soluções a q u o s a s n a s concentrações iniciais v a r i a n d o d e 25mg.L"^ a 2 0 0 m g . L ' ^ e
l O m g . L ' ^ a lOOmg.L"^ r e s p e c t i v a m e n t e ( H O etal., 2 0 0 0 ) .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 80

A influência d a variação d a s concentrações iniciais d o s m e t a i s s o b r e os


v a l o r e s d a s v e l o c i d a d e s iniciais {h) ( T A B . 4 . 1 0 ) também p o d e ser o b s e r v a d a , porém
s e m q u e s e p u d e s s e verificar u m c o m p o r t a m e n t o típico d e a u m e n t o o u decréscimo
d e s t e s v a l o r e s e m função d e CQ.

C o m relação às concentrações d o s m e t a i s a d s o r v i d o s à turfa n o equilíbrio


(qfe), c o m o já e r a d e s e e s p e r a r , v e r i f i c o u - s e o a u m e n t o d e s t e s v a l o r e s c o m o
a u m e n t o d e Co ( T A B . 4 . 1 0 ) . P a r a a s m a i o r e s concentrações iniciais e s t u d a d a s d e
c a d a m e t a l (128,4mg.L"^ p a r a o C d , 128,0mg.L"^ para o C u e 131,3mg.L"^ p a r a o N i ) ,
v e r i f i c o u - s e n e s s e s casos, o valor d e Qe s u p e r i o r para o C d (13,31 mg.g"^), s e g u i d o d o
C u (12,43mg.g"^) e d o Ni ( 8 , 1 5 m g . g ' ^ ) , o q u e p o d e f o r n e c e r a indicação d e q u e a turfa
F E a p r e s e n t a maior c a p a c i d a d e d e adsorção para o s m e t a i s n e s t a o r d e m . No
e n t a n t o e s s a infonnação só p o d e s e r c o n f i r m a d a pelos r e s u l t a d o s o b t i d o s d o s
e s t u d o s d e equilíbrio, a p r e s e n t a d o s p o s t e r i o r m e n t e .

O s valores c a l c u l a d o s d e m a i o r e s q u e 0,99 i n d i c a m a b o a correlação d o s


d a d o s e x p e r i m e n t a i s d e a c o r d o c o m o m o d e l o cinético d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m .
B a s e a d o n a s hipóteses s o b r e a s q u a i s o m o d e l o foi f o r m u l a d o , p o d e - s e a f i r m a r q u e o
m e c a n i s m o limitante d o p r o c e s s o g l o b a l d e adsorção d o s m e t a i s e m solução pela
turfa é a adsorção química, envolvendo forças de valencia através do
c o m p a r t i l h a m e n t o o u troca d e elétrons e n t r e o a d s o r v e n t e e o a d s o r b a t o ( H O &
MCKAY, 2000).

A p e s a r d e a m a i o r i a d o s e s t u d o s d a literatura a p o n t a r e m a equação d e
p s e u d o - s e g u n d a o r d e m c o m o u m a d a s m a i s a d e q u a d a s para r e p r e s e n t a r a cinética
d e adsorção d e metais b i v a l e n t e s p e l a turfa ( H O eí al., 1 9 9 6 , 2 0 0 0 , 2 0 0 1 ; H O &
M C K A Y , 1999, 2000, 2002), os resultados obtidos nas T A B . 4.7 a T A B . 4.9 foram
a j u s t a d o s d e a c o r d o c o m a equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m (item 2.3.3.1). A
f r a c a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s d e a c o r d o c o m o m o d e l o p o d e ser
v e r i f i c a d a p o r m e i o d o s b a i x o s v a l o r e s d e c o e f i c i e n t e s d e correlação o b t i d o s n a T A B .
4 . 1 1 . N a F I G . 4 . 8 é a p r e s e n t a d a , e m caráter ilustrativo, a cinética d e adsorção d o C u
p e l a turfa F E lineanzada d e a c o r d o c o m a equação (2.4). Para a construção d o
gráfico d e In(qfe-Qf) e m função d e í, f o r a m utilizados o s v a l o r e s d e da T A B . 4.10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 81

" 1 — ' — I — ' — I — ' — r


80 100 120 140
í (min)
F I G U R A 4.8 - Cinética d e adsorção d o C u pela turfa F E
linearizada segundo a equação d e pseudo-primeira o r d e m .
7,2mg.L" 13,2mg.L 36,9mg.L'' • 6 2 , 4 m g . L ' • 1 2 8 , 0 m g . L '

T A B E L A 4 . 1 1 - C o e f i c i e n t e s d e con-elação o b t i d o s linearização d a cinética


d e adsorção d o C u d e a c o r d o c o m a equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m .

Metal Co(mg.L-^)
7,2 0,6325
13,2 0,7077
Cu 36,9 0.8962
62.4 0,8622
128,0 0,9296

Dentre o s m e c a n i s m o s e n v o l v i d o s n a adsorção d e u m soluto e m u m sólido


a difusão intraparticular p o d e figurar c o m o limitante d o p r o c e s s o n o s primeiros
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 82

i n s t a n t e s d a adsorção. N e s s e s c a s o s , d e a c o r d o c o m a teoria p r o p o s t a p o r W E B E R
& l\^ORRIS ( 1 9 6 3 ) e utilizada e m a l g u n s t r a b a l h o s d a literatura para t e s t a r a difusão
intraparticular c o m o m e c a n i s m o limitante ( W U et al., 2 0 0 1 ; H O et al., 1 9 9 6 ; M C K A Y
& POOTS, 1980), verifica-se a p r o p o r c i o n a l i d a d e e n t r e a s concentrações d e
a d s o r b a t o n o a d s o r v e n t e ( Q O e a raiz q u a d r a d a d o t e m p o d e agitação {f'^).

E s t u d o s cinéticos d e remoção d e c o r a n t e s d e soluções a q u o s a s r e a l i z a d o s


c o m a d s o r v e n t e s c o m o a m a d e i r a ( M C K A Y & P O O T S , 1 9 8 0 ) e o chitosan ( W U eí al.,
2 0 0 1 ) , r e v e l a r a m a difusão intraparticular c o m o limitante n o p r o c e s s o d e adsorção
por intermédio d a relação linear o b t i d a e n t r e qt e f'^.

Já e m e s t u d o s d e adsorção d e N i e C u d e soluções a q u o s a s utilizando


t u r f a s i r l a n d e s a s ( H O eí al., 1996), t a l p r o p o r c i o n a l i d a d e não foi v e r i f i c a d a , d e o n d e
s e c o n c l u i u q u e a difusão intraparticular não a t u a v a c o m o único m e c a n i s m o n o
processo.

N e s t e trabalho, a p o s s i b i l i d a d e d e s e t e r o m e c a n i s m o d e t r a n s p o r t e p o r
difusão c o m o limitante n o s p r i m e i r o s m i n u t o s d o p r o c e s s o d e adsorção f o i a v a l i a d a
p o r m e i o d a verificação d a relação linear e n t r e o s v a l o r e s d e qt ( T A B . 4 . 7 a 4 . 9 ) e f-^,
relativos a o s 1 5 m i n u t o s inicias d o p r o c e s s o . A T A B . 4.12 a p r e s e n t a o s c o e f i c i e n t e s
d e correlação o b t i d o s d a linearização d a s c u r v a s e m função d a s concentrações
inicias (Co) d o s m e t a i s .

A p e s a r d a maioria d o s c o e f i c i e n t e s d e correlação t e r e m s i d o o b t i d o s
s u p e r i o r e s a 0 , 9 , o s resultados n a T A B . 4 . 1 2 não p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s
c o n c l u s i v o s a respeito d o p r o c e s s o s e r c o n t r o l a d o p e l a difusão n o s s e u s estágios
iniciais. É certo q u e a e s c a s s e z d e d a d o s e x p e r i m e n t a i s utilizados p a r a a regressão
dificulta a interpretação d o ajuste linear, n o e n t a n t o , c o n f o r m e verificado p o r H O eí al.
(1996), considerando a complexidade d a superficie d a turfa, é e s p e r a d a a
participação d e m a i s d e u m m e c a n i s m o a g i n d o s i m u l t a n e a m e n t e c o m o limitante d o
processo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 83

TABELA 4.12 - Coeficientes de correlação obtidos da


linearização d e qt e m função d e f'^.

Metal Co (mg.L-^)
7,0 0,9691
13,7 0,9144
Cd 35,8 0,9947
62,3 0,9902
128,4 0,9371
7,2 0,8744
13,2 0.9631
Cu 36,9 0,9518
62,4 0,9987
128,0 0,8601
8,9 0,8345
14,9 0,9510
Ni 38,7 0,9661
68,5 0,9227
131,3 0,7804

N a r e a l i d a d e , além d e f o r n e c e r a indicação d e q u e o p r o c e s s o g l o b a l é
g o v e r n a d o p e l a adsorção q u i m i c a , a utilização d o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m
d e v e s e r d e s t a c a d a também s o b o p o n t o d e v i s t a prático d a s u a s i m p l i c i d a d e e
facilidade d e aplicação.

E m e s t u d o s r e a l i z a d o s s o b r e a cinética d e adsorção d e m e t a i s b i v a l e n t e s
pela turfa, H O et al. ( 2 0 0 0 ) d e s e n v o l v e r a m u m artifício teórico a partir d o m o d e l o d e
pseudo-segunda ordem, onde, m e s m o antes d o dimensionamento do sistema, é
possível s e o b t e r o perfil d o d e s e m p e n h o d o s i s t e m a d e remoção, p a r t i n d o d a
concentração inicial d o m e t a l n o e f l u e n t e a s e r t r a t a d o .

N o p r e s e n t e t r a b a l h o , esta a b o r d a g e m f o i c o n s i d e r a d a c o m o intuito d e s e
d e s e n v o l v e r e m equações q u e p o s s a m p r e d i z e r s o b r e o p r o c e s s o d e adsorção d o s
íons d o s m e t a i s C d , C u e Ni e m b a t e l a d a p e l a turfa F E . Para isso, foram
d e t e r m i n a d a s equações q u e r e l a c i o n a m a s variáveis k, q^e h c o m a s concentrações
iniciais CQ. A T A B . 4 . 1 3 a p r e s e n t a a s equações o b t i d a s e s e u s respectivos
c o e f i c i e n t e s d e correlação, o n d e a s c o n s t a n t e s Ak, Bk, Aq, Bq, At,, Bh e Dt, são
parâmetros empíricos c a l c u l a d o s a partir d a s f o r m a s l i n e a r i z a d a s d a s equações 4 . 1 ,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 84

4 . 2 , 4.4, 4 . 5 , 4 . 7 e 4 . 8 . A s equações 4 . 3 , 4 . 6 e 4 . 9 f o r a m d e t e r m i n a d a s pela relação


e x i s t e n t e e n t r e h, ke qe, d e f i n i d a p e l a equação ( 2 . 1 4 ) .

T A B E L A 4 . 1 3 - Equações d e k, qe e h e m função d e Co.

Ak -3,5384
CO
Bk -0,1823
(4.1) 0,9969
Aq+BqCo Aq -21,3895
Cd 2,7232
(4.2) 0,9983

AhCo'^+BhCa+Dh Ah 0,0073
-11,4749
h = e (4.3) D, 151,3708

Ak+BkC^ Ak 41,0125
Bk -5,3847
k = e (4.4) 0,9990
Aq+BqCo Aq -19,5811
Cu
2,6444

Ah+BhCo
(4.5)
1^ 0,9987
At, 1,8502
Co
h = e (4.6) Bt, -0,0959

Ak+BkÜQ Ak 20,4196
CO Bk -3,9927
k = e (4.7) 0,9964
Aq = 8,1807
Ni _ - Aq+BqCo 0,41512
(4.8)
0,9997

AhCo^+BhCr,+Dh A, 0,3425
B, -24,1870
h = e '^«"CO+EQÍCO"
(4.9) 167,0472
Dn

A substituição d a s equações d a T A B . 4 . 1 3 n a equação ( 2 . 1 2 ) , p e r m i t e a


determinação d e o u t r a equação a partir d a q u a l , d a d a a concentração inicial d o s
metais no efluente a ser tratado e m batelada, é possível s e d e t e r m i n a r a
concentração d o m e t a l a d s o r v i d o n a t u r f a e m q u a l q u e r t e m p o t. A s s i m , f o r a m
determinadas para o Cd, Cu e Ni a s equações (4.10), (4.11) e (4.12)
respectivamente:
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 85

t
-0,0073Co'+11,4749Co-151,3708 21,3895-2,7232Co (4.10)
g -3,5384Co-0,1823Co' ^ Co

t
-1,8502+0,0959Co 19,581-2,644Co (4.11)
Co
+ te

t
-0,3425Co^+24,1870Co-167,0472 -Cp (4.12)
g 8,1807CQ+0,4151Co^ _l_ 8,1807+0,41 SICQ

A F I G . 4 . 9 ilustra g r a f i c a m e n t e p a r a o N i , o perfil d a variação d e qt c o m t e


c o m Co, obtido a p l i c a n d o - s e a equação (4.12):

100

20 ^ 0 6 ° ti'^^'^^

F I G U R A 4 . 9 - Variação d e qt c o m í e Co para a adsorção d e Ni pela turfa F E .


RESULTADOS E DISCUSSÃO - 86

4 . 2 . 2 E S T U D O D E EQUILÍBRIO D E ADSORÇÃO

O e s t u d o d e equilíbrio d e adsorção t e m p o r objetivo q u a n t i f i c a r o p r o c e s s o


e m t e r m o s d e c a p a c i d a d e d o a d s o r v e n t e , e n e r g i a livre, além d e f o r n e c e r indicações
s o b r e o s fenômenos físico-quimicos e n v o l v i d o s n a interação e n t r e o a d s o r b a t o e o
a d s o r v e n t e . A quantificação d o p r o c e s s o é n o r m a l m e n t e feita p o r m e i o d e i s o t e r m a s
d e adsorção, construídas a partir d e d a d o s d e equilíbrio o b t i d o s e x p e r i m e n t a l m e n t e .

N a T A B . 4 . 1 4 são a p r e s e n t a d o s o s d a d o s d e equilíbrio (Ce e Qe) o b t i d o s


n o s e x p e r i m e n t o s d e adsorção d o s m e t a i s C d , C u e Ni e m solução p e l a turfa F E . A
F I G . 4 . 1 0 m o s t r a a s i s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s o b t i d a s a partir d o s d a d o s d e
equilíbrio.

T A B E L A 4.14 - D a d o s d e equilíbrio d e adsorção d o s m e t a i s p e l a t u r f a F E .

Cd Cu Ni
Ce(mg.L-^) qe (mg.g Ce (mg.L qe (mg.g-^) Ce (mg.L qe (mg.g ^)
0,00 0,000 0,00 0,000 0,00 0,000
0,53 4,628 0,18 2,005 0,07 1,326
2,62 6,554 0,71 3,752 0,72 2,505
6,16 7,979 1,76 5,375 4,39 4,256
17,72 9,848 3,57 6,797 19,58 5,845
33,05 10,775 11,43 8,584 36,60 6,975
49,90 11,322 21,26 9,871 53,65 7,804
61,20 13,016 40,27 10,729 75,46 8,038
117,20 13,534 76,66 10,973 97,64 7,834
151,20 14,553 111,39 11,627 119,18 7,845
192,00 13,872 145,86 11,549 140,52 7,872
- - 195,07 11,382 176,44 7,942
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 87

20 40 60 80 100 120 140 160 180 200


C,(mg.L-^)
F I G U R A 4 . 1 0 - I s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s p e l a turfa F E .
C d • C u # Ni A

C o m o s e p o d e o b s e r v a r pelo f o r m a t o d a s i s o t e r m a s n a F I G . 4 . 1 0 , o s
m e t a i s f o r a m a d s o r v i d o s f a v o r a v e l m e n t e p e l a turfa F E n o intervalo d e concentrações
estudado.

A s s i m c o m o i n d i c a d o n o s e x p e r i m e n t o s cinéticos, a m a i o r c a p a c i d a d e d e
adsorção d a turfa para o C d p o d e s e r c l a r a m e n t e verificada n a F I G . 4 . 1 0 , s e g u i d o d o
C u e d o Ni. Além d i s s o , a n a l i s a n d o a s i s o t e r m a s d o C u e Ni e m v a l o r e s d e C e
s u p e r i o r e s a eOmg.L'"' o b s e r v a - s e a existência d e u m p a t a m a r , i n d i c a n d o a saturação
d a turi^a n e s s a s condições, a o p a s s o q u e para o C d , a inclinação d a c u r v a n e s s a
região e o s valores d e Qe n a T A B . 4 . 1 4 f o r n e c e m a indicação d e q u e a saturação não
foi atingida n o e x p e r i m e n t o realizado c o m o metal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 88

T e n d o e m vista a correlação d o s d a d o s d e equilíbrio s e g u n d o u m m o d e l o


teórico q u e r e p r e s e n t e m a t e m a t i c a m e n t e o fenômeno d e adsorção d o s m e t a i s pela
turi'a F E , o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s o b t i d o s n a T A B . 4 . 1 4 f o r a m a j u s t a d o s t o m a n d o - s e
p o r b a s e o s m o d e l o s d e Freundiich e L a n g m u i r , a p r e s e n t a d o s r e s p e c t i v a m e n t e n o s
itens 2.3.4.1 e 2 . 3 . 4 . 2 .

Na F I G . 4 . 1 1 são m o s t r a d a s a s i s o t e r m a s d e adsorção d o s m e t a i s
a j u s t a d a s d e a c o r d o c o m a equação (2.17), c o r r e s p o n d e n t e à f o n n a linearizada d a
i s o t e r m a d e F r e u n d i i c h . N a T A B . 4 . 1 5 são a p r e s e n t a d o s o s parâmetros ap e bp e o s
r e s p e c t i v o s c o e f i c i e n t e s d e con-elação r^, c a l c u l a d o s c o m b a s e n a linearização d o s
d a d o s d e equilíbrio d e adsorção d o s m e t a i s pela turi'a F E .

3,0

2,5-

1»-'

2,0-

1,5-
O-
C

1,0-

0,5-

0,0
->—\—'—I—'—r —T—'—1—'—I—'—1—I—I—'—I—I—r
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
InC
e
F I G U R A 4 . 1 1 -CIds o t e r m aCsu d e
» F r eNi
u n dAl i c h l i n e a r i z a d a s .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 89

T A B E L A 4 . 1 5 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e Freundlich.

Metal bp

Cd 1,695 0,192 0,9909

Cu 1,415 0,233 0,9095

Ni 0,999 0,236 0,9752

Analogamente, n a F I G . 4 . 1 2 e n a T A B , 4 . 1 6 , são apresentados


r e s p e c t i v a m e n t e , a s i s o t e r m a s d e adsorção linearizadas s e g u n d o a equação (2.26),
c o r r e s p o n d e n t e à i s o t e r m a d e Langmuir, e o s parâmetros at, K, AGads, Xm e
c a l c u l a d o s a partir d a linearização.

D)

O- 10-

r
100 150 200
C^(mg.L")
F I G U R A 4.12 - Isotermas d e L a n g m u i r linearizadas.
C d • C u • Ni A
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 90

T A B E L A 4 . 1 6 - Parâmetros o b t i d o s d a i s o t e r m a d e L a n g m u i r .

SL K
Metal
(L.g-^) (mg.g') (kJ.mol')

Cd 2,150 0,1486 14,47 23,69 0,9955

Cu 4,681 0,4030 11,62 24,73 0,9995

Ni 2,544 0,3148 8,08 23,93 0,9988

O s c o e f i c i e n t e s d e correlação c a l c u l a d o s n a T A B . 4.16 são s u p e r i o r e s a o s


d a T A B . 4 . 1 5 i n d i c a n d o q u e o fenômeno d e adsorção d o s metais pela t u r f a F E foi
m e l h o r r e p r e s e n t a d o pelo m o d e l o d e L a n g m u i r c o m p a r a d o a o d e F r e u n d i i c h .

Apesar de o modelo de Freundiich ser comumente aplicado para


r e p r e s e n t a r a adsorção s o b r e superfícies heterogêneas, a equação d o m o d e l o é
aplicável s o m e n t e e n q u a n t o s e verifica o a u m e n t o d a concentração d o s o l u t o n a f a s e
sólida ( Q e ) c o m o a u m e n t o d a s u a concentração n a fase líquida ( C e ) ( A L L E N &
B R O W N , 1 9 9 5 ) . Evidências e x p e r i m e n t a i s i n d i c a m q u e , à m e d i d a q u e o p r o c e s s o d e
adsorção evoluí, a partir d e u m d e t e r m i n a d o v a l o r d e C e verifica-se a formação d e u m
p a t a m a r e m u m valor máximo d e Q e , c o n f o r m e foi verificado n o s e x p e r i m e n t o s
r e a l i z a d o s c o m o C u e o Ni ( F I G . 4 . 1 0 ) . A partir daí, a equação d e F r e u n d i i c h , p e l a s
s u a s características próprias, d e i x a d e r e p r e s e n t a r m a t e m a t i c a m e n t e o fenômeno
( G I L E S e f a/., 1 9 7 4 apud A L L E N & B R O W N , 1 9 9 5 ) . Por e s s e m o t i v o , é c o m u m
a f i r m a r - s e q u e o m o d e l o d e F r e u n d i i c h é utilizado para representar a adsorção d e
s o l u t o s e m u m a faixa estreita d e concentrações, n o r m a l m e n t e para soluções
diluídas.

S e n d o a s s i m , a fraca correlação d o s d a d o s s e g u n d o o m o d e l o F r e u n d i i c h
p o d e s e r o b s e r v a d a e s p e c i a l m e n t e para o s m e t a i s C u e N i , por m e i o d o s v a l o r e s d e
c a l c u l a d o s r e s p e c t i v a m e n t e e m 0 , 9 0 9 5 e 0 , 9 7 5 2 ( T A B . 4.15). O m e l h o r ajuste
o b s e r v a d o para o C d (0,9909) p o d e t e r s i d o o b t i d o j u s t a m e n t e e m v i r t u d e d a
inexistência d o p a t a m a r d e saturação n o e x p e r i m e n t o realizado c o m e s t e m e t a l ( F I G .
4.10).
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 91

C o n f o r m e já m e n c i o n a d o n o item 2.3.4, a s s i m c o m o o c o r r e para d i v e r s o s


s i s t e m a s d e adsorção, o m o d e l o d e L a n g m u i r é utilizado n a maioria d o s t r a b a l h o s d a
literatura c o m o a m e l h o r opção d e ajuste d e d a d o s d e equilíbrio d e adsorção d e
m e t a i s e m turfa.

A b o a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o a equação d e
L a n g m u i r , p o d e s e r verificada p e l o s v a l o r e s d e maiores que 0,995 (TAB. 4.16). N a
F I G . 4 . 1 3 , o ajuste p o d e s e r o b s e r v a d o pelo gráfico d o s d a d o s d e equilíbrio ( T A B .
4 . 1 4 ) e d a s isotermas construídas t o m a n d o - s e c o m o b a s e o s v a l o r e s d e a i e K ( T A B .
4.16).

T—'—I—'—I—'—I—'—I—'—r
100 120 140 160 180 200

F I G U R A 4.13 - Isotermas d e Langmuir.


Cd Cu Ni
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 92

D e a c o r d o c o m a s hipóteses f o r m u l a d a s p e l o m o d e l o d e L a n g m u i r , o
fenômeno d e interação e n t r e o s m e t a i s e a t u r f a F E p o d e s e r c a r a c t e r i z a d o p e l a
adsorção q u i m i c a c o m a formação d e m o n o c a m a d a d o a d s o r b a t o s o b r e u m número
definido d e sítios n a superfície d o a d s o r v e n t e ( i t e m 2 . 3 . 4 . 2 ) . Além d i s s o , c a d a sítio
pode acomodar somente u m a entidade adsorvida e a energia d a entidade adsorvida
é a m e s m a e m t o d o s o s sítios d a superfície e não d e p e n d e d e o u t r a s e n t i d a d e s
a d s o r v i d a s n o s sítios v i z i n h o s .

A p e s a r d e a s moléculas d a s substâncias húmicas s e r e m constituídas d e


u m a g r a n d e v a r i e d a d e d e g r u p o s f u n c i o n a i s e m s u a e s t r u t u r a (ver F I G . 2 . 2 ) , a
h o m o g e n e i d a d e d a e n e r g i a d o s sítios d e adsorção s u g e r i d a pelo ajuste d o s d a d o s d e
a c o r d o c o m a equação d e L a n g m u i r , p o d e s e r atribuída à ocorrência preferencial d a
complexação d o s íons d o s m e t a i s e m solução p e l a formação d e q u e l a t o s c o m a
participação d o s g r u p o s carboxílicos e fenólicos, c o n f o r m e ilustrado n a F I G . 2 . 3 (d).

A c a p a c i d a d e teórica d e adsorção d a t u r f a ( x ^ ) é utilizada j u n t a m e n t e c o m


a m a s s a específica d o m a t e r i a l para s e e s t i m a r a m a s s a e o v o l u m e d e turfa a s e r
e m p r e g a d a n o s i s t e m a d e remoção e m b a t e l a d a o u e m c o l u n a , d a d a a concentração
e o volume de efluente a ser tratado.

Na T A B . 4 . 1 7 são a p r e s e n t a d o s valores de obtidos e m o u t r o s


e x p e r i m e n t o s d e equilíbrio d e adsorção d e C d , C u e N i e m turfas d e d i f e r e n t e s
o r i g e n s , r e a l i z a d o s s o b condições d e p H e t e m p e r a t u r a s e m e l h a n t e s às a d o t a d a s
neste trabalho.

T A B E L A 4 . 1 7 - C a p a c i d a d e s d e adsorção d e d i f e r e n t e s t i p o s d e turfa.
TURFA Condições (mg.g') Referência
(origem) Cd Cu Ni
Nova Zelândia pH 4,5; 25°C - 12,66 9,71 HO et al., 2002

não especificada pH 4,5; 20°C 21,13 18,05 - MCKAY & PORTER, 1997
França
pH > 4,0 20,23 12,07 11,15 GÖSSET eía/.,1986
(tratada; eutrófica)
França
pH > 3,6 22,49 12,07 11,7 GÖSSET eí a/., 1986
(tratada; oligotrófica)
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 93

C o m exceção d a c a p a c i d a d e d e saturação c a l c u l a d a p a r a o C u por


M C K A Y & P O R T E R ( 1 9 9 7 ) ( 1 8 , 0 5 m g . g ' ^ ) , verifica-se n a T A B . 4 . 1 7 u m a g r a n d e
semelhança e n t r e o s v a l o r e s d e Xm o b t i d o s para c a d a m e t a l , a p e s a r d a s diferenças
existentes e n t r e a s turfas e s t u d a d a s . Além d i s s o , u m a o r d e m d e c a p a c i d a d e s d e
saturação p o d e s e r e s t a b e l e c i d a p o r m e i o d a análise d o s r e s u l t a d o s , n a q u a l o s
m a i o r e s v a l o r e s d e Xm f o r a m v e r i f i c a d o s para o C d , s e g u i d o d o C u e d o N i .

N e s t e t r a b a l h o , o s v a l o r e s d e Xrr, o b t i d o s para o C u e N i e m 11,62mg.g"^ e


8,08mg.g"^ r e s p e c t i v a m e n t e ( T A B . 4 . 1 6 ) , p o d e m s e r c o n s i d e r a d o s semelhantes,
porém l i g e i r a m e n t e inferiores a o s d a T A B . 4 . 1 7 . A p e s a r d o b a i x o valor d e Xm
calculado p a r a o C d (14,47mg.g'^), a m e s m a o r d e m d e c a p a c i d a d e s f o i verificada
para a turfa F E c o m p a r a t i v a m e n t e à o b t i d a n o s e s t u d o s a p r e s e n t a d o s n a T A B . 4 . 1 7 .

Complementando a s indicações f o r n e c i d a s pelo modelo cinético d e


p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e p e l a i s o t e r m a d e L a n g m u i r , o caráter q u i m i c o d o p r o c e s s o
p o d e a i n d a s e r v e r i f i c a d o p o r m e i o d o cálculo d a e n e r g i a livre d e adsorção {-AGads).

N a adsorção q u i m i c a , o u quimiossorção, o s v a l o r e s d e -zlGads estão


situados n a f a i x a d e 40kJ.mol"^ a 4 0 0 k J . m o r \ N a adsorção f i s i c a e s s e s valores são
b e m m e n o r e s , d e O.SkJ.mol"^ a SkJ.mol"^ ( M O O R E , 1 9 7 6 ) . A o r d e m d e g r a n d e z a d o s
valores d e -zlGads c a l c u l a d o s n a T A B . 4 . 1 6 , p o d e indicar a adsorção q u i m i c a c o m o
m e c a n i s m o p r e d o m i n a n t e n o p r o c e s s o d e adsorção d o s m e t a i s pela turfa F E . O sinal
negativo o b t i d o p a r a e s s e parâmetro c a r a c t e r i z a a e s p o n t a n e i d a d e d o p r o c e s s o .

4.2.3 ESTUDO DA ADSORÇÃO DE Ni NA TURFA FE EM LEITO FIXO

O s e x p e r i m e n t o s r e a l i z a d o s e m leito fixo f o r a m d i m e n s i o n a d o s a t e n d e n d o
a a l g u m a s condições práticas i m p o s t a s pelo a r r a n j o e x p e r i m e n t a l a d o t a d o e para q u e
se p u d e s s e o b t e r u m m e l h o r a p r o v e i t a m e n t o d o s r e s u l t a d o s . D e n t r e o s a s p e c t o s
m a i s i m p o r t a n t e s l e v a d o s e m consideração p o d e m s e r c i t a d o s : a s dimensões d a
c o l u n a utilizada; o v o l u m e d e turfa e m p a c o t a d o n a c o l u n a ; a c a p a c i d a d e teórica
d a turfa F E d e t e r m i n a d a p a r a o N i e m 8 , 0 8 m g . g ^ e a concentração d a s soluções d e
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 94

Ni d a o r d e m d e g r a n d e z a d a s utilizadas n o s e x p e r i m e n t o s e m b a t e l a d a para q u e s e
pudesse comparar o d e s e m p e n h o e m ambos os sistemas.

T e n d o c o m o o b j e t i v o a construção d a c u r v a d e breakthrough, inicialmente


foi realizado u m e x p e r i m e n t o p r e l i m i n a r d e retenção d o N i e m c o l u n a . Para isso, f o i
p e r c o l a d a u m a solução d o m e t a l n a concentração (Co) d e SOmg.L"^ e m u m a c o l u n a
empacotada com um volume d e turfa (Vturfa) d e 1 5 m L . N a T A B . 4 . 1 8 são
a p r e s e n t a d a s a s concentrações d a s soluções c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a c o l u n a e m
função d o v o l u m e p e r c o l a d o . O c o m p o r t a m e n t o d a retenção d o m e t a l n e s s a s
condições é ilustrado n a F I G . 4 . 1 4 .

T A B E L A 4 . 1 8 - Concentração d e Ni n a s soluções e f l u e n t e s d a c o l u n a e m p a c o t a d a
c o m 1 5 m L d e turfa F E . (Co = S O m g . L ' ' )

V{mL) C(mg.L-') CtCo V{mL) C(mg.L') Cl Co

0 0,00 0,000 600 10,17 0.203


50 0,00 0,000 625 12,11 0.242
100 0,00 0,000 650 15,20 0,304
150 0,00 0,000 675 16,68 0.334
200 0,00 0,000 700 18.70 0.374
250 0,00 0,000 725 20,36 0.407
300 0,00 0,000 750 22,00 0.440
350 0,00 0,000 775 23,52 0,470
375 0,00 0,000 800 24,40 0,488
400 0,00 0,000 825 25.08 0,502
425 0,08 0,002 850 26,48 0,530
450 0,40 0,008 875 26.85 0,537
475 1,05 0,021 900 27,60 0,552
500 2,02 0,040 925 28,50 0,570
525 3,53 0,071 950 29,10 0,582
550 5,55 0,111 975 29.80 0,596
575 7,96 0,159 1000 30.40 0,608
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 95

O
o

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
V{mL)
F I G U R A 4 . 1 4 - C u r v a d e retenção d e Ni e m
coluna e m p a c o t a d a c o m 15 m L d e turfa F E .
C^=50mg.L^

P o d e - s e o b s e r v a r p e l o t i p o d a c u r v a S e pelo v a l o r máximo d e C / Co
o b t i d o e m 0 , 6 1 n a F I G . 4 . 1 4 , q u e a s condições p r e e s t a b e l e c i d a s d e concentração
inicial d a solução d e Ni (50mg.L"^) e v o l u m e d e turfa utilizado ( 1 5 m L ) , não f a v o r e c e u
a construção d a curva d e breakthrough. Além d i s s o , verificou-se q u e alíquotas d a s
soluções e f l u e n t e s d e v o l u m e s m a i o r e s q u e o s c o l e t a d o s ( 2 5 m L ) p o d e r i a m t e r sido
c o l e t a d a s para caracterizar s a t i s f a t o r i a m e n t e o c o m p o r t a m e n t o d a retenção d o N i ,
s e m q u e h o u v e s s e a n e c e s s i d a d e d a geração d e u m g r a n d e número d e a m o s t r a s
p a r a isso.

S e n d o a s s i m , c o n f o r m e d e s c r i t o n o i t e m 3 . 6 . 3 . 1 , p a r a a construção d a
c u r v a d e breakthrough, foi utilizada u m a solução d e concentração inicial (Co) d e
lOOmg.L'^ d e Ni, u m v o l u m e d e t u r f a (Wu^fe) n a c o l u n a d e l O m L e alíquotas d e 5 0 m L
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 96

c o l e t a d a s d o e f l u e n t e d a c o l u n a . N a T A B . 4 . 1 9 são a p r e s e n t a d a s a s concentrações
d a s soluções c o l e t a d a s d o efluente d a c o l u n a e m função d o v o l u m e d e solução
p e r c o l a d o , e n a F I G . 4 . 1 5 é a p r e s e n t a d a a c u r v a d e breakthrough o b t i d a n e s t a s
condições.

TABELA 4.19 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s da coluna


e m p a c o t a d a c o m l O m L d e turfa F E . (Co = l O O m g . L ' ^ )

V{mL) C (mg.L-') C/Co V(mL) CCmo-L"") Cl Co

0 0,00 0,000 600 85,50 0,855


50 0,00 0,000 650 86,00 0,860
100 2,11 0,021 700 86,80 0,868
150 21,85 0,219 750 89,30 0,893
200 43,60 0,436 800 90,00 0,900
250 56,00 0,560 850 92,00 0,920
300 63,50 0,635 900 93,20 0,932
350 70,90 0,709 950 93,70 0,937
400 74,40 0,744 1000 94,00 0,940
450 79,50 0,795 1050 94,20 0,942
500 82,00 0,820 1100 95,10 0,951
550 84,00 0,840 - - -
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 97

1,0
-

0,9
• • • •
0,8 •

0,7 y

O
0,6 -
0,5
/
/
Ü •
0,4

0,3 • /

0,2 breakpoint
: /
0,1
0,0
: L
o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
VimL)
F I G U R A 4.15 - C u r v a d e breakthrough.
C = lOOmg.L'

Na F I G . 4.15 pode-se observar q u e , partindo-se d a s condições


estabelecidas para o experimento, a curva de breakthrough foi obtida
s a t i s f a t o r i a m e n t e . O breakpoint foi e s t a b e l e c i d o a r b i t r a r i a m e n t e n a c u r v a p a r a C / Co
igual a 0 , 0 2 , o u s e j a , p a r a a concentração d o e f l u e n t e d a c o l u n a d e 2 , 0 m g . L ' V

N e s t e t r a b a l h o , o v o l u m e d e breakthrough f o i d e t e r m i n a d o gráficamente n a
F I G . 4 . 1 5 e m 2 3 0 m L . A c a p a c i d a d e d e saturação d a turfa F E e m c o l u n a , o u
c a p a c i d a d e d e breakthrough, foi calculada pela equação (2.28) e m 9,47mg.g'^:

A m a i o r c a p a c i d a d e d e adsorção d o N i p e l a turfa e m c o l u n a (9,47mg.g"^),


c o m p a r a d a à c a p a c i d a d e e m batelada Xm ( 8 , 0 8 m g . g ' ^ ) , e v i d e n c i a u m a d a s v a n t a g e n s
d o p r o c e s s o e m leito f i x o , no qual a f o r m a d e c o n t a t o e s t a b e l e c i d a e n t r e o
a d s o r v e n t e e a solução n o s e u m a i s alto v a l o r d e concentração (Co), f a v o r e c e o
desequilibrio entre as concentrações do metal adsorvido e e m solução,
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 98

potencializando a difusão d o s o l u t o p e l a solução até a superfície d o a d s o r v e n t e e a


posterior adsorção n o s sítios disponíveis ( T R E Y B A L , 1 9 8 1 ) .

Na maioria d a s aplicações práticas, a operação d e p r o c e s s o s d e


t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s e m c o l u n a é preferida c o m p a r a t i v a m e n t e à operação e m
batelada.

N o s p r o c e s s o s e m b a t e l a d a , d e v i d o a o equilíbrio e s t a b e l e c i d o entre a s
f a s e s líquida e sólida, s o m e n t e u m a fração d o s o l u t o é a d s o r v i d a , p e r m i t i n d o a
utilização parcial d a c a p a c i d a d e d o a d s o r v e n t e .

Operações e m coluna consistem essencialmente d e u m a série d e


operações e m b a t e l a d a , n a q u a l d i v e r s o s estágios d e equilíbrio são e s t a b e l e c i d o s ,
permitindo o a p r o v e i t a m e n t o máximo d o a d s o r v e n t e .

N a r e a l i d a d e , e x i s t e m a l g u n s c a s o s e m q u e a operação d o p r o c e s s o e m
batelada é m a i s v a n t a j o s a c o m o , por e x e m p l o , e m p r o c e s s o s d e t r o c a iónica, q u a n d o
o i o n liberado d a resina é c o n t i n u a m e n t e r e m o v i d o d a solução p o r precipitação o u
pela formação d e o u t r o s u b p r o d u t o estável q u e não interfira n o p r o c e s s o d e troca
( W E B E R , 1972).

O u t r a v a n t a g e m o b t i d a d a f o r m a d e c o n t a t o e n t r e a solução p e r c o l a d a e o
a d s o r v e n t e n a operação d o p r o c e s s o e m leito fixo, r e f e r e - s e á e c o n o m i a d e
reagentes utilizados p a r a regeneração d o a d s o r v e n t e .

N e s t e t r a b a l h o , a recuperação d o Ni a d s o r v i d o à c o l u n a d e turfa F E foi feita


mediante experimento d e eluição c o m solução d e ácido clorídrico 1,0mol.L'\
c o n f o r m e d e s c r i t o n o i t e m 3.6.3.2.

Na T A B . 4 . 2 0 são a p r e s e n t a d a s a s concentrações d e Ni n a s soluções


efluentes d a c o l u n a o b t i d a s d o e x p e r i m e n t o d e eluição. A c u r v a d e eluição obtida é
m o s t r a d a na F I G 4 . 1 6 .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 99

T A B E L A 4 . 2 0 - Concentração d e Ni n a s soluções e f l u e n t e s d a
c o l u n a e m função d o v o l u m e d e solução d e eluição ( H C l 1,Omol.L'^).

V{mL) C (mg.L') V{mL) C (mg.L ' )


0 0 100 8,66
10 1262,80 110 6,64
20 1685,20 135 4,59
30 200,92 160 2,89
40 81,84 185 1,97
50 46,24 210 1,44
60 27,99 235 1,09
70 18,61 260 0,92
80 14,14 285 0,70
90 10,91 - -

1800-r

1600-

1400-

1200-
LI
1000-
d)
E, 8 0 0 -
O •

600-

400-

200-

0-

300
V{mL)
F I G U R A 4 . 1 6 - C u r v a d e eluição d o Ni d a c o l u n a d e t u r f a F E .

N a F I G . 4 . 1 6 p o d e - s e o b s e r v a r q u e o Ni a d s o r v i d o à turfa F E foi e l u i d o
satisfatoriamente pela solução d e ácida utilizada. Concentrações d o efluente
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 100

inferiores a 2,0mg.L'^ f o r a m v e r i f i c a d a s p a r a v o l u m e s s u p e r i o r e s a 1 8 0 m L d e solução


percolada.

A p o r c e n t a g e m d e recuperação d o Ni foi calculada e m 1 0 9 % b a s e a d a n a s


q u a n t i d a d e s d o m e t a l retido na c o l u n a n o e x p e r i m e n t o d e breakthrough ( 3 1 , 1 m g ) e
e l u i d o p e l a solução d e ácido clorídrico utilizada ( 3 4 , 0 m g ) .

O e s t u d o d a v i a b i l i d a d e d e regeneração e reutilização d a turfa F E n a


adsorção d o Ni e m solução foi c o m p l e m e n t a d o pela realização d e e x p e r i m e n t o s d e
d e z cíelos d e adsorção e dessorção d o m e t a l e m solução a q u o s a c o n f o r m e d e s c r i t o
n o ítem 3.6.3.3. N a T A B 4.21 são a p r e s e n t a d a s a s p o r c e n t a g e n s d e recuperação d o
m e t a l a d s o r v i d o à coluna d e turfa o b t i d a s e m função d o número d e c i c l o s .

T A B E L A 4.21 - Recuperação d o Ni e m função d o


número d e ciclos d e adsorção e eluição e m c o l u n a .

Ciclo % Recuperação
1 100,5
2 99,2
3 100,8
4 97,8
5 102,6
6 97,2
7 96,4
8 101,0
9 98,8
10 98,8

A recuperação d o Ni f o i m a n t i d a q u a n t i t a t i v a , a c i m a d e 9 6 % , n o s d e z ciclos
e s t u d a d o s ( T A B 4.21), r e s u l t a n d o e m u m a p o r c e n t a g e m d e recuperação média d e
99,3±1,9% d o m e t a l .

D o ponto d e vista a m b i e n t a l , o s r e s u l t a d o s a p r e s e n t a d o s n a T A B . 4 . 2 1
d e v e m s e r d e s t a c a d o s c o m o u m a s p e c t o p o s i t i v o n o d e s e n v o l v i m e n t o d a tecnología

cowssAo momi K: mmk MuaaR/sp-iPEN


RESULTADOS E DISCUSSÃO - 101

p r o p o s t a n e s t e trabalho. É certo q u e , a partir d a utilização d o material e m aplicações


práticas c o m efluentes industriais, p o r e x e m p l o , a redução d a c a p a c i d a d e d o
a d s o r v e n t e c o m o t e m p o s e verificaria d e f o r m a m a i s a c e n t u a d a . A i n d a a s s i m , t e n d o
s i d o e x a u r i d a a s u a c a p a c i d a d e , c o m a p o s s i b i l i d a d e d e eliminação d o s m e t a i s
a d s o r v i d o s p e l a utilização d e solução ácida, e p o r s e tratar d e u m material orgânico
n a t u r a l , o d e s c a r t e o u a utilização d a turfa e m o u t r o tipo d e aplicação, c o m o
combustível, p o r e x e m p l o , p o d e r i a o c o r r e r s e m implicações a m b i e n t a i s n e g a t i v a s .

4.2.4 ESTUDOS DE ADSORÇÃO COM SOLUÇÃO DE EFLUENTE INDUSTRIAL

O d e s e m p e n h o d a turfa F E n a adsorção d o N i d e u m a solução p r e p a r a d a


d e u m e f l u e n t e d e g a l v a n o p l a s t i a (ver i t e m 3.6.4) f o i a v a l i a d o m e d i a n t e e x p e r i m e n t o s
e m batelada e e m coluna realizados seguindo a abordagem semelhante à adotada
n o s e s t u d o s realizados c o m a s soluções a q u o s a s .

Inicialmente a cinética d e adsorção d o N i d o efluente f o i a v a l i a d a s e g u n d o


o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . N a T A B . 4 . 2 2 são a p r e s e n t a d o s o s r e s u l t a d o s
o b t i d o s d e qt e m função d e i p a r a o e x p e r i m e n t o r e a l i z a d o c o m a solução d o e f l u e n t e
n a concentração inicial (Co) d e 5 0 , 2 m g . L ' \

T A B E L A 4 . 2 2 - R e s u l t a d o s o b t i d o s d a cinética d e adsorção d o Ni p r e s e n t e n a
solução d o efluente p e l a turfa F E (Co = 50,2mg.L'').

t(min) C(mg.L') qí(mg.g') f (min) C(mg.L') <7í ( m g . g ' )


0 50,20 0,000 45 32,70 4,375
2,5 41,34 2,215 60 31,64 4,640
5 39,90 2,575 90 31,56 4,661
10 38,02 3,046 120 31,50 4,675
15 37,20 3,251 150 31,34 4,714
30 34,63 3,891 180 31,20 4,750
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 102

N a F I G . 4 . 1 7 a cinética d e adsorção é m o s t r a d a p o r m e i o d o gráfico d e qt


e m função d e t, n o q u a l o s p o n t o s r e p r e s e n t a m o s d a d o s o b t i d o s e x p e r i m e n t a l m e n t e
e a linha c h e i a a cinética a j u s t a d a d e a c o r d o c o m o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a
o r d e m . N a T A B . 4 . 2 3 são a p r e s e n t a d o s o s parâmetros o b t i d o s d o a j u s t e realizado.

f (min)
F I G U R A 4 . 1 7 - Cinética d e adsorção d o Ni d a solução d o efluente pela turfa F E .

T A B E L A 4 . 2 3 - Parâmetros obtidos d a cinética d e adsorção d o N i p r e s e n t e n a


solução d o e f l u e n t e p e l a turfa F E d e a c o r d o c o m o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a
ordem.

Co ( m g . L - ^ ) If ( g . m g ' ^ m i n ^ ) /7 ( m g . g ' ^ m i n " ^ ) qe ( m g . g - ^ )

50,2 0,0383 0,9180 4,8926 0,9994


RESULTADOS E DISCUSSÃO - 103

C o n f o r m e s e p o d e o b s e r v a r pelo valor d e ( 0 , 9 9 9 4 ) n a T A B 4 . 2 3 , assirn


c o m o foi verificado p a r a a adsorção d o N i e m solução a q u o s a , o fenômeno p o d e s e r
b e m r e p r e s e n t a d o p e l o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m . A diferença e n t r e o s
parâmetros o b t i d o s d a cinética d e adsorção d o m e t a l n o e f l u e n t e e m relação à
adsorção e m solução a q u o s a p o d e s e r a v a l i a d a p o r m e i o d o s v a l o r e s de k, h e qe
a p r e s e n t a d o s n a T A B . 4 . 2 4 , e s t i m a d o s p o r m e i o d a s equações 4 . 7 a 4 . 9 d a T A B .
4 . 1 3 , a s q u a i s f a z e m referência a o c o m p o r t a m e n t o d a adsorção d o m e t a l e m solução
a q u o s a d a d o o valor d a concentração inicial d o m e t a l (50,2mg.L"^).

T A B E L A 4 . 2 4 - Parâmetros cinéticos e s t i m a d o s p a r a adsorção d o Ni e m solução


a q u o s a , c a l c u l a d o s p e l a s equações 4 . 7 a 4 . 9 ( T A B . 4 . 1 3 ) .

Co (mg.L-^) /t(g.mg"^min"^) h (mg.g'^min'^) qe (mg-g"")

50,2 0,0277 0,8813 5,640

A s i m i l a r i d a d e v e r i f i c a d a e n t r e o s v a l o r e s de k, h e qe n a s T A B . 4 . 2 4 e 4 . 2 3
p o d e s e r d e s t a c a d a c o m o u m indicativo d a coerência d a utilização d a s equações d a
T A B . 4.13 p a r a p r e d i z e r o c o m p o r t a m e n t o d a adsorção d o s m e t a i s pela turfa.

A s diferenças v e r i f i c a d a s e n t r e o s v a l o r e s n a s t a b e l a s são e s p e r a d a s
t e n d o e m vista a s características químicas d o e f l u e n t e ( T A B . 3.4). Este a s p e c t o fica
m a i s e v i d e n t e para a concentração d e equilibrio qe, c a l c u l a d a e m 4 , 8 9 2 6 m g . g n a
T A B . 4.23, inferior à e s t i m a d a e m 5,640mg.g"^ n a T A B . 4 . 2 4 . N e s t e c a s o é e s p e r a d o
q u e a competição e n t r e o N i e o u t r a s substâncias p r e s e n t e s n o e f l u e n t e , pelos sitios
de adsorção, resulte n a redução d a c a p a c i d a d e d a turfa p a r a o m e t a l .

A influência d a presença d e e l e m e n t o s interferentes c o m o o Na"^, Ca^"^ ,


Fe^"^ e A P " ^ n a adsorção d e Zn^"" e Cd^"" p e l a turfa f o i a v a l i a d a e m e s t u d o s anteriores
e m e x p e r i m e n t o s r e a l i z a d o s e m c o l u n a ( P E T R O N I , 1 9 9 9 , P E T R O N I e f al., 2 0 0 0 ) . A
redução d a c a p a c i d a d e d e retenção d o s m e t a i s n a s c o l u n a s f o i o b s e r v a d a c o m o
a u m e n t o d a concentração d o s e l e m e n t o s i n t e r f e r e n t e s n a s soluções p e r c o l a d a s .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 104

e v i d e n c i a n d o a forte influencia e x e r c i d a p e l a presença d e o u t r o s cátions n o p r o c e s s o


d e adsorção dos m e t a i s .

A determinação d a c a p a c i d a d e teórica d e saturação ( x ^ ) d a turfa F E para o


Ni n o efluente f o i obtida p o r m e i o d a construção d a i s o t e r m a d e adsorção d o m e t a l
s e g u n d o a equação d e L a n g m u i r , s e g u i n d o p r o c e d i m e n t o análogo a o a d o t a d o para
a s soluções a q u o s a s . N a T A B . 4 . 2 5 são a p r e s e n t a d o s o s d a d o s o b t i d o s d o
e x p e r i m e n t o d e equilibrio r e a l i z a d o c o m o e f l u e n t e .

T A B E L A 4 . 2 5 - D a d o s d e e q u i l i b r i o d e adsorção d o N i p r e s e n t e n a solução d o
e f l u e n t e pela turfa F E .

Ce (mg.L') Qe (mg.g-^) Ce (mg.L-') <7e (mg.g')

0,00 0,00 57.7 6,175


0,4 1,188 78.6 6.1
0,8 2,375 98.7 6,225
5.1 3.875 120 6.05
22,3 4,725 140,1 6,175
39,8 5.5 161,1 6.075

C o m o intuito d e s e c o m p a r a r o equilibrio d e adsorção d o N i e m solução


a q u o s a ( F I G . 4 . 1 3 ) e n o e f l u e n t e , são m o s t r a d a s n a F I G . 4 . 1 8 a s i s o t e r m a s d e
adsorção d o metal e m a m b a s a s condições, na q u a l o s p o n t o s r e p r e s e n t a m o s d a d o s
e x p e r i m e n t a i s e a s linfias c h e i a s a s i s o t e r m a s c o n s t r u i d a s p o r m e i o d o a j u s t e d o s
dados segundo a equação d e Langmuir. N a T A B . 4 . 2 6 são apresentados
r e s p e c t i v a m e n t e o s parâmetros o b t i d o s d o a j u s t e para o m e t a l e m solução a q u o s a
( T A B . 4 . 1 6 ) e n o efluente.

A s s i m c o m o n o e s t u d o cinético realizado c o m o e f l u e n t e , foi verificada a


s i m i l a r i d a d e entre o s parâmetros a^. Ke -AGads c a l c u l a d o s p a r a a adsorção d o N i e m
solução a q u o s a e n o e f l u e n t e ( T A B . 4 . 2 6 ) . A b o a correlação d o s d a d o s o b s e r v a d a
pelo v a l o r d e (0.9986) o b t i d o p a r a o e f l u e n t e c o n f i r m o u a adsorção r e p r e s e n t a d a
pela equação d e L a n g m u i r .
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 105

C o n f o r m e indicação já m e n c i o n a d a n o e s t u d o cinético, a redução d a


c a p a c i d a d e d e saturação d a turfa F E p o d e s e r c l a r a m e n t e o b s e r v a d a n a F I G . 4 . 1 8
pela redução d o valor máximo d e qe atingido n o p a t a m a r d a isoterma d o efluente. N a
T A B . 4 . 2 6 e s s a redução p o d e s e r q u a n t i f i c a d a e m 2 2 , 6 % pelo decréscimo d o s
v a l o r e s d e Xm d e 8,08mg.g"'' para 6,25mg.g"V

1 — I — I — I — I — I — 1 — I — I — > — I — I — I — ' — I — ' — r


O 20 40 60 80 100 120 140 160 180
C,(mg.L")
FIGURA 4.18 - Isotermas d e adsorção do Ni pela turfa FE.
• solução a q u o s a efluente

T A B E L A 4 . 2 6 - Parâmetros obtidos d a i s o t e n n a d e Langmuir.

K -AGads
Metal
(L.g') {L.mg-') (mg.g"') (kJ.moi')

NI (solução a q u o s a ) 2,544 0,3148 8,08 23,93 0,9988

NI ( e f l u e n t e ) 2,095 0,3350 6,25 24,08 0,9986

COMfSSfe miomi oe E Í ^ W Í I A WJCLEARYSP-IPEF.'


RESULTADOS E DISCUSSÃO - 106

Para o e s t u d o d a adsorção d o N i d o e f l u e n t e e m leito fixo, i n i c i a l m e n t e foi


r e a l i z a d o u m e x p e r i m e n t o c o m 5 0 0 m L d o e f l u e n t e c o n f o r m e descrito n o i t e m 3.6.4.3.
Diferentemente d o procedimento adotado para a construção da curva de
breakthrough, a realização d e s t e e x p e r i m e n t o f o i d e s t i n a d a à determinação d o
breakpoint, t e n d o e m vista o d i m e n s i o n a m e n t o d o e x p e r i m e n t o d e simulação d o
tratamento d o efluente a ser apresentado posteriormente. A T A B . 4.27 e a FIG. 4.19
a p r e s e n t a m a variação d a concentração d e N i n o e f l u e n t e d a c o l u n a e m função d o
volume d e efluente percolado.

T A B E L A 4 . 2 7 - Concentração d e N i n a s soluções e f l u e n t e s d a
c o l u n a d e turfa F E e m função d o v o l u m e d e efluente p e r c o l a d o .

V(mL) C (mg.L ' ) Cl Co

0 0,00 0,000
100 0,02 0,000
200 0,01 0,000
250 0,35 0,007
300 2,05 0,041
350 6,40 0,127
400 12,45 0,248
450 17,75 0,354
500 21,40 0,426
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 107

O
o

V{mL)
F I G U R A 4.19 - Adsorção d o Ni d a solução d o efluente e m coluna.
CQ=50,2mg.L"'

T e n d o c o m o objetivo final a simulação d e u m p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o d a


solução d o e f l u e n t e e s t u d a d a , a determinação d o breakpoint a partir d a c u r v a d e
retenção d o m e t a l p e r m i t e definir o v o l u m e a s e r p e r c o l a d o n a coluna d e turfa
utilizada de acordo com o nivel de tratamento desejado. Sendo assim,
e s t a b e l e c e n d o - s e n a F I G . 4 . 1 9 o breakpoint em 3 0 0 m L , c o r r e s p o n d e n t e a u m v a l o r
de C / Co igual a 0,04, t e m - s e , n a saída d a c o l u n a , u m e f l u e n t e n a concentração d e
aproximadamente 2,0mg.L"V

D e a c o r d o c o m o s A r t i g o s 18 e 19-A, D e c r e t o 8 4 6 8 d a Legislação E s t a d u a l
(CETESB, 1991), os quais definem os valores máximos permitidos das
concentrações d e m e t a i s e o u t r a s substâncias e m e f l u e n t e s para lançamento e m
c o r p o s r e c e p t o r e s e n a rede d e e s g o t o , para o N i , e m a m b o s o s c a s o s este v a l o r é
limitado e m 2 , 0 m g . L ^ S e n d o a s s i m , p o r questões d e segurança, o p t o u - s e p o r
RESULTADOS E DISCUSSÃO - 108

d i m e n s i o n a r o t r a t a m e n t o p a r a 2 5 0 m L d e e f l u e n t e , o q u e resultaria e m u m a
concentração b e m inferior d e Ni n o efluente d a c o l u n a .

F i n a l m e n t e , n a simulação d o t r a t a m e n t o d o e f l u e n t e , f o r a m a v a l i a d o s o s
m e s m o s parâmetros e s c o l h i d o s p a r a a s u a caracterização ( T A B . 3.4): teor d e N i , p H ,
condutividade, cor aparente, turbidez, sólidos e m suspensão, sólidos totais
d i s s o l v i d o s , t e o r d e s u l f a t o e d e m a n d a q u i m i c a d e oxigênio. A T A B . 4 . 2 8 a p r e s e n t a
o s r e s u l t a d o s d a caracterização d o efluente o b t i d o s a n t e s ( e f l u e n t e bruto) e após a
percolação p e l a c o l u n a d e turfa F E (efluente t r a t a d o ) .

T A B E L A 4 . 2 8 - T r a t a m e n t o d o efluente e m c o l u n a d e t u r f a F E .

EFLUENTE
Parâmetro
BRUTO TRATADO
V{mL) 250 250
Ni ( m g . L ' ) 50,2 ±0,1 0,04 ± 0,00
pH 6,0 ±0,1 2,8 ±0,1
Condutividade (|iS) 239 ± 2 738 ±12
Cor aparente ( m g . L ' PtCo) 32 ± 1 27 ± 0
Turbidez (UNT) 2,0 ±0,0 1,0 ±0,0
SS ( m g . L ' ) 4±0 0±0
STD ( m g . L ' ) 111 ± 0 340 ± 4
Sulfato ( m g . L ' ) 79 ± 1 73 ± 3
DQO ( m g . L ' ) 78 + 1 33 ±1

Além d a remoção d e m a i s d e 9 9 , 9 % d o t e o r d e N i d o efluente verificada


pelo t r a t a m e n t o e m p r e g a d o , o u t r o s a s p e c t o s p o s i t i v o s p o d e m s e r d e s t a c a d o s n a
T A B . 4.28, c o m o a redução total d o teor d e S S , d e 1 6 % d a c o r a p a r e n t e e d e 5 8 % d a
D Q O . A redução d a t u r b i d e z não p o d e s e r c o n s i d e r a d a n e s t e c a s o , u m a v e z q u e a
solução não a p r e s e n t a p r o b l e m a s c o m relação a e s t e parâmetro. A variação d o teor
d e sulfato p o d e s e r c o n s i d e r a d a desprezível t e n d o e m v i s t a a característica polar
negativa d a s u p e r f i c i e d a turfa.
RESULTADOS E D/SCUSSÃO - 109

A redução d o v a l o r p H o b s e r v a d a n a T A B . 4 . 2 8 já e r a e s p e r a d a , u m a v e z
q u e , c o n f o r m e s u g e r i d o p e l o s m e c a n i s m o s d e interação d e m e t a i s c o m a turfa (item
2.3.2), a adsorção d o s i o n s Ni^"^ s e dá p r e f e r e n c i a l m e n t e m e d i a n t e a substituição
pelos ions H"^ d o s g r u p o s f u n c i o n a i s d a s substâncias húmicas. O s a u m e n t o s d o s
valores de condutividade e , conseqüentemente d e sólidos totais dissolvidos,
f o r n e c e m a indicação d e q u e , além d a substituição p e l o s i o n s H * , o p r o c e s s o d e
adsorção d o N i p o d e também s e r a c o m p a n h a d o d a substituição p o r outros íons
p r e s e n t e s na superfície d a t u r f a , c o m o o Na"^, Ca^"^, Mg^^, Fe^^, e outros.

Dos parâmetros r e l a c i o n a d o s n a T A B . 4 . 2 8 , além d o t e o r d e N i , s o m e n t e o


p H é referenciado p e l o s A r t i g o s 1 8 e 19-A d a Legislação E s t a d u a l ( C E T E S B , 1991)
c o m o parâmetro c o n t r o l a d o p a r a lançamento d e e f l u e n t e s , o q u a l d e v e situar-se
entre 5,0 e 9,0 (Artigo 18) e e n t r e 6 , 0 a 10,0 (Artigo 1 9 - A ) . O não a t e n d i m e n t o à faixa
d e p H estipulada p e l a legislação p o r m e i o d o t r a t a m e n t o e m p r e g a d o r e p r e s e n t a , no
e n t a n t o , u m a situação d e correção s i m p l e s c o m p a r a d a á redução d a concentração
d e Ni d e 50,20mg.L"^ a 0 , 0 4 m g . L ' ' p r o m o v i d a p e l a percolação d o e f l u e n t e n a c o l u n a
d e turfa F E .

A eluição d o m e t a l retido n a c o l u n a f o i obtida p e l a percolação d e l O O m L d e


solução d e ácido clorídrico 1 , 0 m o l . L " \ r e s u l t a n d o n a p o r c e n t a g e m d e recuperação de
99,4%.

B a s e a d o n o s r e s u l t a d o s obtidos p o d e - s e a f i r m a r q u e o s p r o c e s s o s d e
retenção d o Ni d a solução d o efluente e d e regeneração d a turfa F E f o r a m
verificados d e f o r m a satisfatória e e f i c a z no t r a t a m e n t o a p l i c a d o .

C o m relação á concentração d a solução d o e f l u e n t e o b t i d a p e l o t r a t a m e n t o


c o m a turfa, s e r i a m necessários e s t u d o s a c e r c a d a utilização d e soluções ácidas
m a i s c o n c e n t r a d a s e e m m e n o r e s v o l u m e s p a r a q u e s e p u d e s s e obter a redução
m a i s eficiente d o v o l u m e d o e f l u e n t e n o p r o c e s s o .
CONCLUSÕES - 1 1 0

CAPITULO 5

5. CONCLUSÕES

Este trabalho t e v e c o m o o b j e t i v o principal e s t u d a r a adsorção d e íons d e


m e t a i s e m solução p o r u m a turfa n a c i o n a l v i s a n d o s u a aplicação e m p r o c e s s o s d e
t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s . D i a n t e d a s proposições r e l a c i o n a d a s como objetivos
específicos n o Capítulo 1 , f o r a m r e a l i z a d a s a s caracterizações d e três tipos d e turfa
(D, F e F E ) , e o s e s t u d o s d e adsorção d o s i o n s Cd^"^, Cu^"^ e Ni^"" e m soluções
a q u o s a s e d e Ni^"^ e m solução p r e p a r a d a d e u m efluente industrial.

Da e t a p a inicial d e caracterização, p o d e - s e identificar a s t u r f a s e s t u d a d a s


c o m o u m material ácido, c o m e l e v a d o teor d e matéria orgânica e e l e v a d a c a p a c i d a d e
d e troca d e cátions.

Dentre os c o n s t i t u i n t e s d a fração inorgânica d a s t u r f a s a v a l i a d o s n o


trabalho, a sílica foi d e t e r m i n a d a e m concentrações a c i m a d e 6 2 % n a s c i n z a s d a s
turfas D e F e e m 2 8 , 6 % n a s c i n z a s d a turfa F E .

A presença d o s m e t a i s A l e F e n a s turfas D, F e F E foi verificada e m


concentrações d a o r d e m d e l O ^ g . k g V O teor d e K foi d e t e r m i n a d o também para o s
três tipos d e turfa e m concentrações a c i m a d e 2 9 0 m g . k g ' V P a r a a turfa F E , além
d e s t e s e l e m e n t o s , f o r a m o b t i d a s concentrações e l e v a d a s d o s m e t a i s M n e Z n , d e
299,2mg.kg"^ e 3 6 8 , 2 m g . k g " \ r e s p e c t i v a m e n t e . O s m e t a i s C d , N i , H g e P b não f o r a m
d e t e c t a d o s e m n e n h u m d o s três t i p o s d e turfa.

A comparação e n t r e o s três t i p o s d e turfas in natura ( D , F e F E ) , b a s e a d a


e s p e c i a l m e n t e n o s r e s u l t a d o s o b t i d o s d e teor matéria orgânica e c a p a c i d a d e d e troca
d e cátions, permitiu e l e g e r a turfa F E c o m o a turfa c o m a s características m a i s
favoráveis para o e s t u d o d e aplicação d o material c o m o a d s o r v e n t e d e m e t a i s e m
solução.

cmss^o MmomL se emeroa mamisp


CONCLUSÕES - 111

A caracterização física d a t u r f a F E t r a t a d a identificou-a c o m o u m m a t e r i a l


"leve" e p o r o s o . O c u s t o d o m a t e r i a l s e c o p o d e s e r e s t i m a d o p o r m e i o d a s u a m a s s a
específica a p a r e n t e e m R $ 0 , 1 2 / k g . A m a s s a específica d o material u m e d e c i d o
e m p a c o t a d o e m c o l u n a foi d e t e r m i n a d a e m 0,243g.cm"^.

A separação granulométrica e n t r e 0 , 1 2 5 e 2 , 0 0 m m a p l i c a d a n o t r a t a m e n t o
d a t u r f a F E m e l h o r o u s u a s condições hidrodinámicas p a r a utilização e m s i s t e m a s e m
leito f i x o .

O e m p r e g o d a l a v a g e m c o m água e p o s t e r i o r lixivia c o m solução ácida n o


tratamento quimico d a turfa F E resultou n a redução d e m a i s de 8 2 % da
concentração d o s m e t a i s A l , F e , M n , Z n e C r e m a i s d e 5 7 % d o K e C u .

C o m relação a o s e s t u d o s d e adsorção d o s íons d o s m e t a i s Cd^"^, C u ^ * e


Ni^"^ p e l a turfa F E , a adsorção favorável d o s m e t a i s foi v e r i f i c a d a e m t o d o s o s
e x p e r i m e n t o s realizados.

A influência d a concentração inicial d o s m e t a i s e m solução s o b r e a cinética


d e adsorção f o i c l a r a m e n t e o b s e r v a d a p e l o s gráficos o b t i d o s d a s concentrações d o s
m e t a i s a d s o r v i d o s à turfa {qt) e m função d o t e m p o . A indicação d a m a i o r c a p a c i d a d e
da turfa para o Cd, seguido d o C u e d o Ni pode ser observada por meio dos valores
das concentrações d e e q u i l i b r i o qfe o b t i d o s e m respectivamente 13,31 m g . g " \
1 2 , 4 3 m g . g ' ^ e 8,15mg.g"^ para o s m a i o r e s v a l o r e s d e concentração inicial e s t u d a d o s
para cada metal.

A b o a correlação d o s d a d o s e x p e r i m e n t a i s s e g u n d o o m o d e l o cinético d e
pseudo-segunda ordem utilizado foi verificada por meio d o s coeficientes d e
correlação (/^) obtidos s u p e r i o r e s a 0 , 9 9 . O a j u s t e d o s d a d o s d e a c o r d o c o m a
equação d e p s e u d o - p r i m e i r a o r d e m f o i t e s t a d o s e m q u e f o s s e verificada a b o a
correlação n e s t e c a s o .

A possibilidade d e t e r o m e c a n i s m o d e difusão intraparticular como


l i m i t a n t e n o p r o c e s s o foi i n v e s t i g a d a p o r m e i o d a verificação d a l i n e a r i d a d e e n t r e o s
v a l o r e s d e qt e f'^ n o s p r i m e i r o s m i n u t o s d e adsorção. O s r e s u l t a d o s o b t i d o s não
foram considerados conclusivos nesse caso, o s quais induziram a s e considerar,
CONCLUSÕES - 112

t e n d o e m v i s t a a c o m p l e x i d a d e d a s u p e r f i c i e d a t u r f a , a possibilidade d a participação
d e m a i s d e u m m e c a n i s m o a g i n d o s i m u l t a n e a m e n t e c o m o limitante d o p r o c e s s o .

A relação obtida entre a s variáveis k, Çe e h e as concentrações iniciais Co


permitiu o d e s e n v o l v i m e n t o d e equações empíricas a s q u a i s p o s s i b i l i t a r a m a
determinação d a concentração d o m e t a l a d s o r v i d o à turfa e m q u a l q u e r t e m p o t d a d o
o valor d a concentração inicial d o m e t a l Co n a solução a s e r tratada e m b a t e l a d a .

O s dados obtidos d o s experimentos d e equilibrio foram ajustados d e


a c o r d o c o m a s i s o t e r m a s d e F r e u n d i i c h e L a n g m u i r . O s coeficientes d e correlação
calculados i n d i c a r a m a m e l h o r correlação d o s d a d o s s e g u n d o a equação d e
Langmuir, c a r a c t e r i z a n d o o fenômeno d e interação e n t r e o s m e t a i s e a turfa p e l a
adsorção química c o m formação d e m o n o c a m a d a .

O caráter químico d a adsorção e a e s p o n t a n e i d a d e d o p r o c e s s o f o r a m


também e v i d e n c i a d o s pelos valores de -zlGads calculados em 23,69kJ.mor\
24,73kJ.mol"^ e 2 3 , 9 3 k J . m o r ^ r e s p e c t i v a m e n t e p a r a o C d , C u e Ni, t o m a n d o - s e c o m o
b a s e o s v a l o r e s d a s c o n s t a n t e s d e L a n g m u i r (K).

A s c a p a c i d a d e s teóricas d e saturação d a turfa d e t e r m i n a d a s p o r m e i o d a s


isotermas e m 14,47mg.g"\ 11,62mg.g^ e 8 , 0 8 m g . g " \ respectivamente para o C d , C u
e Ni c o n f i r m a r a m a maior c a p a c i d a d e d a turfa F E p a r a o s m e t a i s n e s t a o r d e m .

A c a p a c i d a d e d a turfa F E p a r a adsorção d o N i e m leito fixo foi d e t e r m i n a d a


a partir d a c u r v a d e breakthrough e m 9 , 4 7 m g . g \ e v i d e n c i a n d o u m a d a s v a n t a g e n s
d o p r o c e s s o e m leito fixo.

A eluição total d o m e t a l a d s o r v i d o á c o l u n a d e turfa foi o b t i d a pela


percolação d e solução d e H C l 1,Omol.L"'. A p o r c e n t a g e m d e recuperação d o m e t a l
e s t u d a d a e m d e z ciclos d e adsorção e eluição foi m a n t i d a estável a o l o n g o d o s ciclos
e m valor médio d e 99,3±1,9%.

O s e s t u d o s d e adsorção d e N i r e a l i z a d o s c o m u m a solução p r e p a r a d a d e
um efluente industrial e m batelada revelaram comportamento semelhante ao
verificado n o s e s t u d o s realizados c o m m e t a l e m solução a q u o s a , n o s q u a i s a cinética
CONCLUSÕES - 113

foi b e m r e p r e s e n t a d a p e l o m o d e l o d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e o s d a d o s d e
equilibrio f o r a m b e m a j u s t a d o s d e a c o r d o c o m a equação d e L a n g m u i r .

A c a p a c i d a d e teórica d e saturação d a t u r f a F E f o i d e t e r m i n a d a p o r m e i o
d a s i s o t e r m a s e m 6 , 2 5 m g . g ' \ o u seja, 2 2 , 6 % inferior à c a p a c i d a d e d e saturação
d e t e r m i n a d a p a r a a adsorção d o m e t a l e m solução a q u o s a (8,08mg.g~^).

N a simulação d e u m p r o c e s s o d e t r a t a m e n t o d a solução d o e f l u e n t e
e s t u d a d o , foi v e r i f i c a d a a redução d e m a i s d e 9 9 , 9 % d o t e o r d e Ni, além d a redução
total d o t e o r d e sólidos e m suspensão, d e 1 6 % d a c o r a p a r e n t e e d e 58% d a D Q O .

5.1 COMENTÁRIOS FINAIS

A utilização d e m o d e l o s cinéticos e i s o t e r m a s d e adsorção p a r a d e s c r e v e r


a remoção d e m e t a i s d e soluções a q u o s a s r e p r e s e n t a u m a a b o r d a g e m a t u a l n o
d e s e n v o l v i m e n t o d e t e c n o l o g i a s n a s áreas d e q u i m i c a a m b i e n t a l e d e p r o c e s s o s
físico-quimicos d e t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s .

N e s s e s e n t i d o , o e s t u d o realizado a p r e s e n t o u u m a discussão físico-


química n o e s t a d o d a arte d a s p e s q u i s a s s o b r e a remoção d e m e t a i s e m solução p o r
a d s o r v e n t e s naturais. C o n f o r m e s e pôde o b s e r v a r a o l o n g o d o s Capítulos 2 e 4 ,
muitos d o s t r a b a l h o s r e f e r e n c i a d o s f o r a m p u b l i c a d o s d u r a n t e a realização d a
pesquisa proposta.

A m b a s a s equações d e p s e u d o - s e g u n d a o r d e m e a i s o t e r m a d e L a n g m u i r ,
utilizadas p a r a r e p r e s e n t a r a adsorção d o s m e t a i s p e l a turfa e s t u d a d a , além d e
f o r n e c e r e m indicações s o b r e a adsorção química c o m o m e c a n i s m o limitante e
p r e d o m i n a n t e n o p r o c e s s o , c o n s t i t u e m u m a i m p o r t a n t e f e r r a m e n t a para aplicações
práticas d e d i m e n s i o n a m e n t o d e s i s t e m a s d e t r a t a m e n t o utilizando a turfa.

C o m relação à problemática a p r e s e n t a d a n o Capítulo 1 , referente a o


t r a t a m e n t o d e e f l u e n t e s c o m concentrações e l e v a d a s d e m e t a i s p o r precipitação, a
aplicação d a turfa n a f o r m a c o m o f o i e s t u d a d a , m o s t r o u - s e a d e q u a d a a p r o c e s s o s d e
t r a t a m e n t o s c o m p l e m e n t a r e s r e q u e r i d o s p a r a a remoção d e m e t a i s d e e f l u e n t e s c o m
concentrações m a i s b a i x a s , d a o r d e m d e m i l i g r a m a s p o r litro, o u partes por milhão.
CONCLUSÕES - 114

A importância d a aplicação d e p r o c e s s o s a l t e r n a t i v o s c o m o o s d e adsorção


e m turfa p o d e s e r d e s t a c a d a n e s s e c a s o , o n d e p a r a a remoção d e p e q u e n a s
q u a n t i d a d e s d e m e t a i s e m g r a n d e s v o l u m e s d e e f l u e n t e , a precipitação q u i m i c a não
s e justificaria n e m técnica n e m e c o n o m i c a m e n t e .

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

P a r t i n d o d a s considerações f i s i c o - q u i m i c a s s o b r e a adsorção d e metais


e m turfa a p r e s e n t a d a s n e s t e t r a b a l h o , seria o p o r t u n o s u g e r i r c o m o t r a b a l h o s futuros,
inicialmente, o e s t u d o d o c o m p o r t a m e n t o d a adsorção simultânea d e metais e m
s i s t e m a s c o m m a i s d e u m c o m p o n e n t e . Além disso, realizar u m e s t u d o d a influência
d a presença d e o u t r a s substâncias c o m u m e n t e e n c o n t r a d a s e m e f l u e n t e s e águas
residuárias s o b r e o p r o c e s s o d e adsorção d o s m e t a i s .

N o s p r o c e s s o s d e regeneração d a turfa e recuperação d o s metais


a d s o r v i d o s , realizar u m e s t u d o d e t a l h a d o d a utilização d e soluções ácidas d e eluição
e m diferentes condições d e concentração e v o l u m e , d e f o r m a a s e o b t e r a redução
máxima possível d o v o l u m e d o e f l u e n t e a s e r tratado e m operações e m leito fixo.

C o m relação a o e s t u d o d a aplicação d o m a t e r i a l , o u t r o a s p e c t o a s e r
s u g e r i d o seria o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m p r o d u t o á b a s e d e t u r f a , p r o c e s s a d o por
m e i o , p o r e x e m p l o , d a peletização d o m a t e r i a l p a r a a obtenção d e u m a d s o r v e n t e
c o m características granulométricas m a i s u n i f o r m e s , e d a ativação química o u
térmica para q u e s e a u m e n t e s u a c a p a c i d a d e d e adsorção. D e s s a f o r m a , c o m o
resultado d e s t e p r o c e s s a m e n t o d a turfa, seria o b t i d o u m p r o d u t o nacional c o m
m e l h o r e s condições p a r a s e r c o m e r c i a l i z a d o e m a i s v a n t a g e n s p a r a c o m p e t i r c o m
o u t r o s p r o d u t o s similares e x i s t e n t e s n o m e r c a d o .
115

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