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Material complementar

Teoria da História Profa. Rachel Duarte Abdala

Origens e matrizes teóricas e metodológicas da "história-ciência": séculos XVIII e XIX

A ciência na História
Três principais concepções de ciência:
♦ Empirista – seu modelo de objetividade é a matemática, se estende dos gregos até o final do
séc. XVII. Ciência como conhecimento racional dedutivo e demonstrativo
♦ Racionalista – se fundamenta na medicina grega e na história natural do séc. XVII, se
estende até o final do séc. XIX. Ciência como interpretação dos fatos com base em
observações e experimentos que permitem estabelecer induções e que, ao serem
completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de
funcionamento.
♦ Construtivista – iniciada no séc. XX. Seu modelo de objetividade fundamenta-se na noção
de razão como conhecimento aproximativo.

Ciências Humanas
Dificuldades:
♦ O homem como objeto científico – idéia surge no séc. XIX, antes era estudado pela
Filosofia.
♦ Surgiram depois que as ciências naturais e matemáticas estavam constituídas com sua idéia
de cientificidade e seus métodos definidos – adequação aos modelos existentes para
legitimar-se
♦ Surgiram no momento em que prevalecia a concepção empirista e determinista de ciência
(modelos hipotético-indutivos e experimentais, buscando leis causais universais para os
fenômenos) - inadequação metodológica em função do objeto (homem), recorrem à analogia
com as ciências naturais – resultados contestáveis em relação à concepção científica
hegemônica

Século XVIII – O Iluminismo e o Liberalismo Político


♦ Iluminismo – movimento ideológico ao qual se atribui a queda do Antigo Regime. Congrega
a volta à crença na capacidade racional humana e na necessidade de superação dos ditames
tradicionais da “velha ordem”
♦ Descartes – criador das bases do racionalismo, defendeu a universalidade da razão como o
único caminho para o conhecimento
♦ Locke – adequou o racionalismo para a política, para a análise social. Suas idéias se
contrapunham às bases teóricas do Estado Absolutista. Os homens possuem a vida, a
liberdade e a propriedade (direitos naturais), para preservá-los deixaram o “estado de
natureza” e estabeleceram um contrato entre si, criando o governo e a sociedade civil.
Governos: finalidade de respeitar tais direitos; Sociedade civil: direito de rebelião. Definiu as
bases da democracia liberal individualista. O espírito humano é “uma tábua rasa”, e todo
conhecimento se faz com a própria capacidade intelectual do homem e se desenvolve
mediante sua atividade.
♦ Rousseau – criticou a ordem absolutista, a burguesia e a propriedade privada, (raiz das
infelicidades humanas). O homem em estado de natureza é sempre o mesmo, foi sua livre
vontade que originou a sociedade humana, e as leis expressam sua livre vontade. O
sentimento ocupa o lugar da razão como fonte e direção para o conhecimento e a felicidade
do homem. “Bom selvagem”: educação como forma de aperfeiçoamento humano.
♦ D´Alembert (matemático) e Diderot (filósofo) enciclopedistas – Enciclopédia: resumo do
pensamento iluminista: valorização da razão como substituto da fé e da atividade científica;
crítica á Igreja católica e ao clero (comprometidos com o Estado absolutista); predomínio do
deísmo (Deus como força impulsionadora do universo); governo como fruto de um contrato
entre governantes e governados. Objetivo: demonstrar a estreita relação entre cultura e
pensamento humano

Século XIX – o longo século da História


♦ Séc. XIX: período de efervescência, filosófica, política, intelectual, científica
♦ Guerras Napoleônicas, influência da Revolução Francesa e da Revolução Industrial:
antagonismo entre progresso tecnológico e condições sociais (exploração operária)
♦ Congresso de Viena: imposição de princípios reacionários: legitimidade (restaurar as
dinastias legítimas, antes das revoluções) e equilíbrio europeu (restabelecer as fronteiras
nacionais)
♦ Influência no idealismo romântico de Kant (“Crítica da razão pura”) e Hegel (“Dialética
Idealista”) que inspiraram o materialismo dialético de Marx.
♦ Dialética – Hegel: eram as idéias e o pensamento, que criavam a realidade a faziam o mundo
mover-se. Marx e Engels - Materialismo Dialético: idéias como reflexo da realidade
(constituem um todo integrado e independente); o mundo não pode ser considerado um
complexo de coisas acabadas, mas um complexo de processos nos quais as coisas e os seus
reflexos estão em constante movimento. Materialismo histórico: o modo de produção da vida
material condiciona o conjunto dos processos da vida social, política e cultural, o sistema de
valores, a ideologia.
♦ Hegel: o sujeito interfere ativamente na construção da realidade – “filosofia do devir”. O
mundo é a manifestação da Idéia, o real é racional e o racional é real. A história universal
nada mais é que a manifestação da Razão.
♦ Literatura - Romantismo: refletia o descontentamento social e político gerado pela Rev.
Industrial; caracterizou-se pelo sentimentalismo e pela valorização da natureza e das origens
históricas das nações em constituição. Realismo: resposta às novas condições impostas pela
industrialização e pelo capitalismo.
♦ Da utopia à ciência: a eterna busca por uma sociedade ideal – “As perguntas retóricas são
sempre respondidas com o mesmo refrão: utopias e filosofias da história necessariamente
acabam subjugando o homem” Habermas.

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