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Sábado, 01 de Dezembro de 2012 04h45
CONSULTAS JURÍDICAS HENRIQUE GOUVEIA DE MELO GOULART: Procurador Federal - Pós-graduação em Direito Público.
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RESUMO
Publicações oficiais
Publicações Oficiais Este trabalho tem como tema as alterações promovidas pela nova lei de lavagem de dinheiro, bem
Súmulas Organizadas como suas implicações. Com a edição da Lei 12.683/12, que alterou parte da Lei 9.613/98, consideráveis
Vade Mecum Brasileiro
mudanças devem ser analisadas de forma cuidadosa e especulativa. A amplitude trazida com a revogação dos
Vade Mecum Estrangeiro
incisos do primeiro artigo da antiga lei preocupa estudiosos no ponto em que amplia demais as possibilidades de
sua aplicação. Ainda, a criação de um novo capítulo referente ao tratamento dos servidores públicos indiciados
CONCURSOS PÚBLICOS
causa grande receio, já que pode afrontar princípios constitucionais.
Apostilas e Resumos
Banco de Questões
Também, novos prêmios previstos para o caso de delação, sem objetividade normativa, talvez não
Questões Comentadas
consigam atender à finalidade e alcance almejados. O presente estudo se justifica em razão da aplicabilidade e
atualidade do tema, uma vez que toda a sociedade padece com os problemas de lavagem de dinheiro por facções
SERVIÇOS
criminosas.
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Palavras Chave: Lavagem de dinheiro. Delação premiada.
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ABSTRACT
Links Úteis
This work has as its theme the changes introduced by the new law of money laundering, as well as its
implications. With the edition of Law 12.683/12, which changed part of the Law 9.613/98, considerable changes
must be analyzed carefully and speculative. The amplitude brought with the suppression of sections of the first
chapter of the old law may concern studious at the point where too widens the possibilities of its application. Still,
the creation of a new chapter for the treatment of public servants indicted may cause a great preoccupation, as it
can affront constitutional principles.
Also, new rewards in case of plea bargaining, without normative objectivity, may not get the purpose
and scope desired. This study is justified because of the applicability and relevance of the topic, since the whole
society suffers from the problems of money laundering by criminal factions.
Key Words: Money laudering. Plea bargaining.
INTRODUÇÃO
Embora não haja, na doutrina, um conceito uníssono do que seria “lavar dinheiro”, todas as definições
apontam para um final convergente, de que lavagem de dinheiro é o processo que tem por objetivo disfarçar a
origem criminosa dos proveitos do crime. Este conceito foi adotado pelo GAFI (Grupo de Ação Financeira, ou
Financial Action Task Force – FATF), órgão criado pela ONU após as considerações feitas na Convenção de
Viena, em 1988, acerca da necessidade de combate a essa prática ilegal.
Esclarece Carla Veríssimo de Carli[1] que a importância da lavagem é capital, porque permite ao
delinquente usufruir desses lucros sem pôr em perigo a sua fonte (o delito antecedente), além de protegê-lo contra
o bloqueio e o confisco.
No Brasil, o primeiro normativo sobre o tema foi a Lei nº 9.613 de 03 de março de 1998. Esta lei
previa a punição do ato ilícito de ocultar valores provenientes de alguns dos crimes listados nos diversos incisos de
seu art. 1º, como o tráfico de drogas, o terrorismo e seu financiamento, o tráfico de armas, a extorsão mediante
A lei acima também criou, em seu Capítulo IX, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras -
COAF, com a função de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências
informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e
valores.
Em 09 de julho de 2012 foi publicada uma nova lei sobre lavagem de dinheiro, a de nº 12.683, com
mudanças consideráveis. Esta lei não revogou a anterior, mas apenas a alterou e trouxe novos dispositivos.
A Lei nº 9.613/98 já trazia uma lista de sujeitos obrigados ao chamado mecanismo de controle, que
consiste na identificação dos clientes e manutenção de registros, além da comunicação de operações financeiras.
O novo ordenamento elasteceu o rol de obrigados, que agora conta também com as juntas comerciais, registros
públicos, e agências de negociação de direitos de transferência de atletas e artistas, dentre outros.
Houve, ainda, uma ampliação do conjunto das condutas puníveis. Pela lei anterior, apenas bens
provenientes de alguns crimes graves descritos no art. 1º, como tráfico de drogas e terrorismo, eram passíveis de
punição. Com a nova lei, a ocultação do produto de qualquer delito ou contravenção penal, por menor que seja,
constitui lavagem de dinheiro.
Em contrapartida, a nova lei é alvo de críticas em alguns pontos. Destacamos o disposto do art. 17-D,
que determina o afastamento automático do servidor público, sem prejuízo de remuneração e demais direitos
previstos em lei, caso haja seu indiciamento, até que o juiz competente autorize o seu retorno.
Verifica-se que esse dispositivo, ao contrário do disposto no art. 5º, inciso LVII da Constituição
Federal, antecipa a culpa do investigado, fato que vai de encontro ao princípio da presunção de inocência,
podendo ser entendido, quando aplicado, como contrário aos direitos humanos.
Ainda assim, mesmo com alguns dispositivos que possam ser questionados futuramente, a nova
roupagem trazida pela Lei 12.683/2012 – que retirou o engessamento do chamado crime antecedente, revogando
todos os incisos do artigo 1º da lei anterior (Lei 9.613/98) - é, sem dúvidas, um avanço a ser comemorado, já que
durante anos o que se viu foram práticas de lavagem de dinheiro seguirem impunes por falta de previsão legal,
tendo em vista o enxuto rol do art. 1º da lei anterior.
Deste modo, ressaltando algumas revisões principiológicas necessárias, a nova lei merece ser vista
com bons e atentos olhos, e com grata carga de esperança acerca da punição de grandes quadrilhas que compõe
as altas castas da sociedade e governo.
Podemos afirmar que a principal mudança trazida pela nova lei foi a revogação dos incisos I a VIII do
artigo 1º da Lei nº 9.613/98. Com a alteração do caput do artigo 1º, toda e qualquer infração penal preexistente
pode resultar no crime de lavagem de dinheiro. Assim, o antigo rol restritivo foi substituído por uma redação de
máxima amplitude, vejamos:
Cabe ressaltar, também, a nova redação do art. 1º, § 2º, inciso I, que pune com a mesma pena do
caput quem “utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal”. Assim, a ciência da origem desses bens, direitos ou valores não mais tem importância, o que condiciona a
sociedade civil a se preocupar mais com essa prática ilegal, e buscar, conjuntamente ao poder público, impedir o
seu exercício.
Outra mudança bastante pertinente foi a revogação expressa do art. 3º da lei anterior, que tratava o
delito de lavagem de capital como insuscetível de fiança e liberdade provisória, e ainda, que o direito de apelar em
liberdade deveria ser autorizado de forma expressa e fundamentada pelo juiz na sentença. Essas mudanças se
alinham com a jurisprudência pacífica do STF, que reputa inconstitucional a lei que afaste ou restrinja tais direitos.
Nesse sentido, o seguinte informativo:
HC 83868/AM, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Ellen Gracie,
5.3.2009. (HC-83868)
Já o art. 5º traz a clara possibilidade de nomeação de pessoa física ou jurídica para a administração
dos bens ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, haja vista que o mesmo artigo com redação da lei anterior
apenas fazia menção à nomeação de “pessoa”, sem especificar a natureza.
O art. 9º lista novas pessoas sujeitas ao mecanismo de controle da Lei, o que as obriga a comunicar
às autoridades públicas qualquer operação suspeita de lavagem de dinheiro, dificultando as atividades criminosas.
O destaque fica para as juntas comerciais, registros públicos, e agências de negociação de direitos de
transferência de atletas e artistas.
Há ainda um outro aspecto processual que deve ser mencionado. Como se trata de lei penal que
piora, em alguns aspectos, a situação anteriormente verificada, a Lei não retroagirá na sua totalidade, em respeito
ao princípio da não reformatio in pejus, onde lei posterior não retroagirá para prejudicar a situação do réu.
Todavia, como o crime de “lavagem de dinheiro” é conceituado na doutrina como sendo de natureza
permanente, que segundo o professor Leonardo Marcondes Machado[2] é aquele cuja consumação se protrai (ou
prolonga) no tempo, algumas situações podem ser alcançadas pela nova lei.
Nos termos da Súmula 711 do STF, é possível que a nova lei seja aplicada a crimes de lavagem de
capitais que, antes de sua publicação, não eram por ela atingidos.
Destacamos, por fim, a criação do Capítulo X, que em seu art. 17-D determina o afastamento do
servidor público indiciado por crime de lavagem, sem prejuízo de remuneração com possibilidade de retorno
autorizado por juiz; e também a nova redação do art. 1º, § 5º, que prevê novos prêmios para o caso de delação
premiada. Tais assuntos, que merecem um maior aprofundamento, serão analisados adiante, em capítulo próprio.
CAPÍTULO II – DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E O ART. 17-D
A Lei nº 12.683/12 inovou com a criação do “Capítulo X”, tratando de disposições gerais e causando
divisão entre juristas no que se refere ao art. 17-D, que trata do afastamento do servidor público de suas atividades
em caso de indiciamento.
Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem
prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.
A primeira discussão que se abre acerca do assunto é o afastamento compulsório – haja vista o verbo
usado no artigo (“será” e não “poderá ser”) – do servidor público de suas atividades se for indiciado.
Convém destacar, nessa oportunidade, o significado de indicio, que, segundo o melhor dicionário[3] é
sinal, vestigio.
Percebe-se que o “indício” leva à investigação, que nem sempre conclui pela culpa do indiciado, ou seja,
o indiciado não será necessariamente culpado do delito investigado.
Deste modo, é latente que, não sendo regra a culpabilidade do indiciado, deverá o mesmo ser
considerado inocente até que provas contundentes sejam apresentadas em seu desfavor.
Chega-se a tal conclusão ao se aplicar um dos princípios basilares do direito, que é, segundo o
advogado Adriano Fonseca[4], o princípio da presunção de inocência, como garantia processual penal visando à
tutela da liberdade pessoal. Tal princípio é desdobramento do princípio do devido processo legal, que está previsto
no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, dispondo que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória".
Observa o advogado e professor Pierpaollo Bottini[5] que qualquer medida cautelar que restrinja direitos
deve ser fundamentada e motivada por um juiz de Direito. Completa, ainda, alertado:
Verifica-se, portanto, que o artigo aqui analisado afronta, diretamente, o princípio da presunção de
inocência e, consequentemente, o princípio Constitucional do devido processo legal.
A segunda parte do artigo também gera inconformismo, sobretudo entre os Magistrados e Advogados
criminalistas, pois, para afastar o servidor de suas atividades, basta que o mesmo seja indiciado e seu afastamento
seja determinado pelo delegado responsável pelas investigações.
Todavia, para que este mesmo servidor retorne ao seu trabalho, é necessário que haja decisão judicial
fundamentada, ou seja, para afrontar o direito de liberdade do cidadão não é necessária análise judicial, mas para
determinar o retorno às suas funções até que haja provas em seu desfavor é necessária a instauração de
processo judicial e análise criteriosa, seguida de decisão fundamentada do juiz.
O professor Bottini[6], acrescenta que o afastamento “é uma decisão que relega o servidor ao
ostracismo, lhe retira o direito ao trabalho, em suma, uma decisão grave, que merece controle judicial”. Explica,
ainda, que:
Acerca da discussão de violação constitucional, cumpre informar que a Lei 8.112, em seu artigo 147,
versa que:
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta)
dias, sem prejuízo da remuneração.
Em defesa da constitucionalidade da lei, o Delegado de Polícia Federal Marcos Leôncio Sousa Ribeiro
[7], salienta que “o inquérito policial não deixa de ser um procedimento administrativo”. E aduz que “guardadas as
devidas proporções, o afastamento previsto na Lei de Lavagem nada mais é que o afastamento previsto na lei do
servidor cuja inconstitucionalidade ou ilegalidade nunca foi questionada por ninguém. A inconstitucionalidade
haveria se o servidor fosse prejudicado em sua remuneração, aí sim implicaria em uma antecipação da pena, em
violação da presunção de inocência”.
O fato é que, embora nunca antes questionado, o artigo 147 da Lei nº 8.112/90 pode também padecer
dos mesmos vícios de inconstitucionalidade do novel artigo 17-D da nova lei de lavagem de dinheiro.
Isso porque, conforme se verifica na leitura do art. 147, supra, o afastamento tratado na Lei dos
servidores públicos é uma possibilidade (poderá determinar), e o texto do artigo exige fundamentação da decisão,
além do requisito da cautelaridade presente na possibilidade do servidor influir na apuração da irregularidade.
Ainda, existe prazo máximo de afastamento de 60 dias.
Nesse sentido o seguinte julgado da sexta turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região:
Portanto, percebe-se que o artigo 147 da Lei 8.112/90 é sobremaneira mais cauteloso que o artigo 17-D
da lei aqui tratada.
Conclui-se, deste modo, que o artigo 17-D criado pela lei 12.683/12 representará grande dificuldade de
aplicação prática, pois gerará inúmeras ações judiciais visando discutir determinações administrativas de
afastamento. O Advogado Maurício Silva Leite[8] fecha perfeitamente o raciocínio aqui desenvolvido quando
reitera que “esta nova previsão, sem sombra de dúvidas, viola a presunção da inocência e, além disso, permitirá
que direitos do acusado sejam afastados sem o devido controle jurisdicional”.
Historicamente, ensina o renomado professor Luiz Flávio Gomes[9] que a origem da “delação premiada”
remonta ao Estado Italiano no período de comando da máfia:
O benefício é previsto em diversas leis brasileiras, como: na Lei n° 8.072/90 (Crimes Hediondos e
equiparados), Lei n° 9.034/95 (Organizações Criminosas), Lei n° 7.492/86 (Crimes contra o Sistema Financeiro
Nacional), Lei n° 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo), Lei n°
9.807/99 (Proteção a Testemunhas), Lei n° 8.884/94 (Infrações contra a Ordem econômica) e Lei n° 11.343/06 –
Drogas e Afins.
De uma maneira geral, a delação premiada beneficia o acusado com: a) diminuição da pena de 1/3 a
2/3; b) cumprimento da pena em regime semiaberto; c) extinção da pena; e d) perdão judicial.
Nesse sentido, o seguinte julgado proferido pela primeira Turma criminal do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal:
A Lei 9.613/98 já previa em seu § 5º do art. 1º possibilidades de delação premiada. Com a edição da
nova Lei (Lei 12.683/12), o rol de premiações para o criminoso que colabora com a Justiça foi um pouco alargado.
A redação restou assim consolidada:
Art. 1º, § 5º - A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em
regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a
qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº
12.683, de 2012)
a) O regime inicial era apenas o aberto. Com a nova lei, pode ser aberto ou semiaberto. Como a nova
redação é prejudicial (pois antes só havia o regime aberto – mais benéfico), esta não retroage;
b) Na lei anterior, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ocorria na fase
da fixação da pena. Com a lei nova, essa substituição ocorre em qualquer tempo. Podemos pensar
em caso de delação na fase de cumprimento de pena, onde o juiz da execução poderia conceder o
benefício. Neste ponto, por ser mais benéfica, a lei retroage.
c) Na lei anterior, haviam duas possibiildades de colaboração espontânea: a primeira era prestar
esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria; e a segunda era
prestar esclarecimentos que conduzam à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
Com a nova redação, são agora 03 possibilidades de delação premiada: prestar esclarecimentos que
conduzam 1) à apuração das infrações penais; 2) à identificação dos autores, coautores e partícipes;
ou 3) à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. Também, neste ponto, a lei é mais
benefíca. Portanto, pode retroagir.
A delação premiada é medida que deixa refém e mostra uma falha no sistema investigativo do Estado,
vez que este fica a mercê de indicações ou delações de outro criminoso que contribuiu, conclusivamente ou não,
para o crime investigado.
Há uma série de cuidados e providências que devem cercar a delação, porque ela
pode dar ensejo a abusos ou incriminações gratuitas ou infundadas. Urgentemente
necessitamos de uma regulamentação que cuide da veracidade das informações
prestadas, da exigência de checagem minuciosa dessa veracidade, da eficácia prática
da delação, segurança e proteção para o delator e, eventualmente, sua família,
possibilidade da delação inclusive após a sentença de primeiro grau, aliás, até mesmo
após o trânsito em julgado, prêmios proporcionais, envolvimento do Ministério Público e
da Magistratura, transformação do instituto da delação em espécie de acordo criminal
(plea bargaining) etc.
O ideal seria um melhor aparelhamento e reforço na inteligência do Estado, de modo a ser suficiente
para concluir as investigações sem auxílio das premiações oferecidas pela delação.
CONCLUSÃO
Na ementa da Lei nº 12.683/2012, consta que seu objeto é o de alterar a Lei nº 9.613/1998 visando a
eficiência na persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro.
Contudo, a amplitude dada ao art. 1º, que antes limitava a aplicação da lei a alguns crimes
taxativamente especificados, poderá causar grande alvoroço no meio processual penal, haja vista que qualquer
crime que envolva a destinação dos valores dele provenientes poderá passar pelo crivo de avaliação de
enquadramento, ou não, no crime de lavagem de dinheiro.
A própria exposição de motivos da redação original da lei 9.613/98 explica a taxatividade do art. 1º,
expondo que a opção por um rol de crimes antecedentes tinha por fim evitar situações curiosas como a do “autor
do furto de pequeno valor estaria realizando um dos tipos previstos no projeto se ocultasse o valor ou o
convertesse em outro bem, como a compra de um relógio, por exemplo”[13].
Ainda, discutiu-se aqui os meandros da delação premiada e os novos prêmios e mudanças trazidas
pela nova lei. Embora aumente as possibilidades de prêmios, amplia o poder de análise do juiz, o que, segundo a
doutrina, tem causado desconforto jurídico ao sistema processual penal – afronta ao princípio da inércia da
jurisdição, e ao próprio sistema acusatório.
Deste modo, percebe-se que muitas foram as mudanças trazidas pela nova lei, mas seguramente
algumas dessas mudanças carecem (ou irão se ressentir) de aplicabilidade prática, o que tende a gerar
insegurança jurídica. O fato é que, para se tentar buscar a mensagem do legislador, o ordenamento jurídico mais
uma vez terá que lançar mão da melhor hermenêutica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Revista dos Tribunais, 1977.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 16ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011.
DELMANTO, Celso et al. Código Penal Comentado. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2010.
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2008.
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1977.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 9ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5ª ed., São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2010
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. 10ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal. 2ª ed., Curitiba: ICPC; Lumen Juris, 2007.
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 1991.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal brasileiro. 7ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007.
[1] DE CARLI, Carla Veríssimo. Lavagem de Dinheiro – Ideologia da Criminalização e Análise do Discurso.
Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. 269 p.
[3] FERREIRA, A. B. H. Aurélio século XXI: o dicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. rev. e ampl. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 1128p.
[4] FONSECA, Adriano Almeida. O princípio da presunção de inocência e sua repercussão infraconstitucional.
Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 36, 1 nov.1999 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/162>. Acesso
em: 26 out. 2012.
[5] BOTTINI, Pierpaollo. Nova lei da lavagem de dinheiro divide juristas e delegados. Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,nova-lei-da-lavagem-de-dinheiro-divide-juristas-e-
delegados-,898486,0.htm> Acesso em 15 out. 2012.
[6] Idem 5.
[7] RIBEIRO, Marcos Leôncio Sousa. Nova lei da lavagem de dinheiro divide juristas e delegados.
Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,nova-lei-da-lavagem-de-dinheiro-divide-juristas-e-
delegados-,898486,0.htm> Acesso em 15 out. 2012
[8] LEITE, Maurício Silva. Nova lei da lavagem de dinheiro divide juristas e delegados. Disponível em
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,nova-lei-da-lavagem-de-dinheiro-divide-juristas-e-
delegados-,898486,0.htm> Acesso em 15 out. 2012
[9] GOMES, Luiz Flávio. Lavagem de dinheiro sujo e delação premiada. Jus Navigandi, Teresina, ano 17, n.
3305, 19 jul.2012 . Disponível em: . Acesso em: 30 out. 2012.
[10] NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 9ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
[11] BRUNO, Aníbal. Direito Penal. 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003.
[12] Idem 09
Conforme a NBR 6023:2000 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto cientifico publicado em periódico eletrônico deve ser citado
da seguinte forma: GOULART, Henrique Gouveia de Melo. A nova lei de lavagem de dinheiro e suas implicações práticas. Conteudo Juridico, Brasilia-
DF: 01 dez. 2012. Disponivel em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.40911&seo=1>. Acesso em: 21 nov. 2017.
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