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[ESTÚDIO] 

PEDRO​:​ N
​ o dia 25 de julho, o Facebook derrubou 196 páginas e 87 contas 
responsáveis por fake news. 
DANIEL: ​E no último debate eleitoral, cerca de 10% dos tuítes foram feitos por robôs. 
PEDRO (CARA DE PENSATIVO): ​Mas como é que robôs e fake news podem 
influenciar no resultado das eleições? 
DANIEL:​ Aliás, será que eles podem? 
PEDRO: ​É isso que a gente vai responder nessa edição do Eleishow! 
DANIEL​: Ótimo gancho! 
 
[VINHETA] 
(...) 
 
[ESTÚDIO] 
DANIEL: ​Primeiro, é importante dizer que, quando a gente fala de robôs, não é sobre 
o R2D2 ou o T-1000. 
PEDRO​: Nem do Ultron. 
DANIEL: ​(ameaça falar) 
PEDRO​: Nem do Bumblebee, do Transformers. 
DANIEL: ​Os robôs aos quais nos referimos são programas de inteligência artificial 
conhecidos como ‘bots’.  
PEDRO: ​Quando você entra em um site de compras, por exemplo, e surge uma 
mensagem perguntando “posso ajudar?”, em geral é um bot. 
DANIEL:​ E esses bots também estão nas redes sociais, podendo ser programados 
para tuitar como o Exterminador do Futuro ou publicar comentários sobre política. 
PEDRO:​ Já as fake news são aquelas notícias do tipo “Pablo Vittar vai estampar a 
nota de 50 reais”, que você costuma receber do seu tipo no whatsapp. 
DANIEL: ​Mas que também podem tratar de coisas mais perigosas, como a série de 
notícias falsas divulgadas a respeito da vereadora Marielle Franco, que foi 
assassinada em março deste ano. Uma dessas notícias, inclusive, chegou a ser 
compartilhada nas redes sociais por uma desembargadora do Tribunal de Justiça 
do Rio de Janeiro. Por conta das declarações ela foi alvo de uma investigação 
promovida pelo Conselho Nacional de Justiça. 
PEDRO​: Mas será que as fake ‘news’ e os robôs podem, de fato, mudar o resultado 
de uma eleição? 
 
[NARRAÇÃO EM OFF - IMAGENS COBRINDO] 
 
DANIEL (OFF): ​Um bom exemplo é a interferência russa na Eleição de 2016, nos 
Estados Unidos, vencida pelo republicano Donald Trump. As agências de inteligência 
americanas, como o FBI, a CIA e a NSA, admitem que o governo russo ordenou uma 
campanha de cyber-ataques para desestabilizar o processo eleitoral e denegrir a 
imagem da candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. 
PEDRO (OFF): ​Esses ataques envolveriam o vazamento de e-mails secretos, assim 
como a divulgação de fake news e a utilização de bots. 
DANIEL (OFF)​: O twitter, inclusive, chegou a banir 50.000 contas associadas à 
Rússia que tinham como objetivo postar, por meio de robôs, notícias sobre as 
eleições. 
PEDRO (OFF)​: E, no Brasil, isso também vem acontecendo, mas, até onde sabemos, 
sem interferência russa. E a nossa Justiça já tem investigado o caso. Em junho, o 
Tribunal Superior Eleitoral determinou que o Facebook retirasse do ar uma série de 
fake news que associavam a candidata Marina Silva à escândalos de corrupção. 
 
[ENTREVISTA - GRILLO] 
 
DANIEL (OFF)​: Para explicar melhor como as fake news e robôs vem sendo 
utilizados com fins políticos no país, chamamos para conversar o Marco Grillo, que 
noticiou, no fim de julho, o banimento de 196 páginas e 87 contas feito pelo 
Facebook. 
 
GRILLO​: (…) 
 
[NARRAÇÃO EM OFF] 
 
PEDRO:​ Esse tipo de ação é conhecida por estudiosos como ‘astroturfing’. 
Basicamente, o termo se refere à prática de mascarar os patrocinadores de uma 
mensagem ou organização, seja ela política, publicitária ou religiosa, com o intuito 
de fazer parecer que ela seja apoiada por membros de movimentos populares 
espontâneos da sociedade. 
DANIEL: ​Isso tem a capacidade de gerar uma espécie de unanimidade de 
mentirinha, à medida em que infla determinados posicionamentos e ideias sem que 
eles tenham uma base consensual verdadeira. 
PEDRO:​ Você não precisa exatamente de bots e fake news para fazer isso, mas 
digamos que eles ajudam bastante. E isso acontece, em parte, por conta dos 
algoritimos utilizados pelas empresas de mídia. 
DANIEL: ​Resumindo, um algoritmo é basicamente uma fórmula, uma série de 
passos que são seguidos pelos computadores para resolver um problema. 
PEDRO: ​Ou seja, é ele que permite que você encontre os resultados de sua busca no 
Google ou que o Twitter decida o que são Trendings Topics ou não. Não à toa, as 
empresas de tecnologia escondem seus algoritmos à sete chaves, pois eles são 
parte do segredo do funcionamento de seus produtos. 
 
[ESTÚDIO] 
DANIEL: ​É sabido que os algoritimos do Facebook, por exemplo, são o que 
determinam o alcance de uma publicação. E ele não interpreta as interações de uma 
postagem para fazer esse cálculo. 
PEDRO: ​Em outras palavras, ele só se interessa na quantidade de curtidas, 
comentários e compartilhamentos para decidir se algo está bombando ou não. E 
muitas organizações políticas aproveitam essa brecha, gerando conteúdo polêmico 
ou usando bots e perfis falsos para impulsionar suas publicações.  
DANIEL:​ Que essa estratégia foi usada nas eleições americanas e vem sendo feita 
no Brasil, é um fato. 
PEDRO: ​Mas se elas têm a real capacidade de mudar o resultado das eleições… 
Ainda não dá para saber. 
 
[NARRAÇÃO EM OFF - IMAGENS COBRINDO] 
 
DANIEL (OFF): ​A gente entrevistou o Marcelo Alves, pesquisador da UFF na área de 
Comunicação Política e Eleições, e ele explicou que as fake news e os bots podem 
surtir efeito direto, mas em uma parcela ainda muito pequena da população. 
MARCELO ALVES (OFF): ​(áudios 1 e 2, em que ela fala que não há nexo causal e as 
pesquisas são inconclusivas) 
PEDRO (OFF): ​Um estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra, mostra que, 
aproximadamente, 1 a cada 4 americanos foram expostos a fake news durante a 
eleição de 2016. 
DANIEL (OFF)​: Mas, dessas notícias falsas, 6 em 10 foram consumidas pelos 10% 
da população mais conservadora do país. 
MARCELO (OFF): ​“Os estudos mostram que quem é atingido por fake news é um 
grupo muito pequeno, e não a população em geral” 
 
[ESTÚDIO] 
 
PEDRO: ​O fato é que não dá para afirmar que o uso de robôs e a disseminação de 
fake news pode ter, de fato, um papel decisivo nas eleições desse ano. Mas isso 
passa longe de dizer que essas práticas são inofensivas. 
DANIEL​: E uma das consequências mais graves é artificializar o debate, criar 
cortinas de fumaça que não ecoam a opinião pública, de fato. 
PEDRO​: E, levando em conta que os grupos que caem em fake news e são 
influenciados por bots são os de ideologia mais extrema, isso pode, em última 
instância, polarizar ainda mais o debate público.  
DANIEL​: O que nunca é bom em um contexto eleitoral. 
 
[NARRAÇÃO EM OFF - GRÁFICO] 
 
DANIEL​: Um levantamento recente feito pela FGV aponta que a maior incidência de 
bots no twitter ocorre justamente nos dois polos políticos da disputa.  
 
[ENTREVISTA - MARCELO] 
 
MARCELO: ​(Sobre a expectativa das eleições) 
 
[ESTÚDIO] 
 
DESPEDIDA (DANIEL E PEDRO): (​ ...) 
 

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