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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIENCIAS EXATAS E TÉCNOLOGIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

ENERGIA NUCLEAR

Ecologia e Controle da Poluição

Professora:
Denise Santos Ruzene

Alunos:

Francielly Soares De Sá

João Víctor Maia Leite Garrido

Larissa Lins Andrade

Lucas Cardoso De Oliveira

Luísa Andrade Candia Araújo

São Cristóvão
18 de setembro de 2017
RESUMO

A energia nuclear é aquela liberada através de dois processos: decaimento radioativo e


fissão do núcleo. Nas usinas nucleares a energia é produzida pela fissão de átomos de
urânio 235, que irão aquecer a água que passará através do reator. A história da energia
nuclear começa com sua utilização como arma, na forma de bomba atômica, passando
pela construção da primeira usina nuclear na Inglaterra em 1956, até a expansão de
programas nucleares em todo o planeta ao longo dos anos 60 e 70. A energia nuclear
apresenta diversas vantagens quando comparada com outras fontes: emite muito menos
CO2 para a atmosfera, possui custos de operação muito menores e produz uma quantidade
de energia muito maior para a mesma massa. A única questão que pesa contra o uso da
energia nuclear são os riscos envolvidos com o manuseio desse tipo de energia.
Entretanto, as medidas de segurança tomadas nas plantas atuais após acidentes como o de
Fukushima tornam quase nulos os riscos de acidentes graves.

1. REVISÃO DA LITERATURA

A energia nuclear é a energia liberada quando ocorre uma reação nuclear devido
ao decaimento de isótopos, que são elementos com mesmo número de prótons e diferentes
números de nêutrons podendo ser estáveis - quando não sofrem decaimento - ou
radioativos, neste caso eles emitirão energia na forma de ondas eletromagnéticas até se
tornarem-se estáveis. As principais formas de radiação são:

i) Emissão de nêutrons: conhecida como a única radiação capaz de fazer uma


substância se tornar radioativa. A emissão de nêutrons ocorre através da
quebra de um núcleo atômico de forma natural ou induzida. Embora
apresentem carga neutra, os neutros são capazes de provocar ionização de
outros átomos sendo absorvidos por núcleos atômicos que ficarão instáveis
podendo emitir um radiação ionizante (alfa, beta ou gama);

ii) Radiações gama (radiação eletromagnética): O decaimento gama ocorre pela


emissão de radiações eletromagnéticas de comprimento de onda menor que
0,01 angstroms, onde o núcleo é levado a um estado intermediário e atinge o
estado fundamental após outra transmutação. Por ser destituída de massa, é o
tipo mais penetrante de radiação, sendo normalmente necessária a blindagem
de chumbo para conter seus efeitos (Geraldes, 2010);

iii) Radiação alfa: Esse tipo de decaimento é possível para núcleos a partir de Z =
58 (cério), com exceção do He, Li e Be e alguns outros núcleos mais baixos.
A emissão de uma partícula alfa reduz o número atômico e o número de
nêutrons em duas unidades resultando em um isótopo de um elemento
diferente do original (Geraldes, 2010);
iv) Radiação beta (elétrons ou suas antipartículas, os pósitrons): Esta radiação se
da através da transformação de um próton em um nêutron, seguida pela
emissão de um pósitron e um neutrinoculminando na formação de em isóbaro
(nuclídeo com mesmo número de massa, porém com número de prótons
diferentes) com um próton a menos que o elemento original;

A liberação de energia ocorre através de dois processos principais: decaimento


radioativo e fissão. Através do decaimento o núcleo transforma-se em outro elemento
devido á alteração em sua carga elétrica que muda devido à emissão de radiação. Este
decaimento pode ocorrer sucessivamente até resultar num elemento estável, sendo
comum a emissão de partículas gama. Por sua vez, na fissão nuclear a energia é liberada
pela divisão do núcleo frequentemente em duas partes. Este processo raramente ocorre de
forma espontânea, porém pode ser induzido através do bombardeamento de nêutrons que
tornam o núcleo instável ao serem absorvidos.
Nas usinas nucleares a energia é produzida pela fissão de átomos de 235U que irão
aquecer a água que passará através do reator com uma temperatura de 320 graus Celsius,
a água fica sob uma pressão cerca de 157 vezes maior que a atmosférica para evitar que
esta evapore. Então, o gerador promove uma troca de calor entre as águas deste circuito
e de um circuito secundário, esta última se transformando então em vapor que aciona o
gerador elétrico. Após mover a turbina esse vapor passa por um condensador onde será
refrigerado pela água do mar por um terceiro circuito.

Figura 1 – Processo de geração de energia em usinas nucleares. Retirada de Gonçalves e Almeida, 2005.

O processo de obtenção de minérios radioativos para fins energéticos consiste na


extração do minério, beneficiamento onde o urânio será separado dos outros minérios,
conversão em gás no chamado yellowcake, enriquecimento do gás (normalmente 3,5%),
reconversão do gás de urânio enriquecido até para o estado de pó, fabricação de pastilhas
a partir da compactação do pó e por fim a montagem dos elementos combustíveis quando
se colocam ás pastilhas em cilindros metálicos que irão formar os elementos combustíveis
do núcleo reator.

2. BREVE HISTORICO DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO


Para uma melhor visualização da história da energia nuclear podemos definir três
grandes fases, desde a sua descoberta até seu uso civil, são elas:

 Estudos científicos físicos e químicos dos elementos;

 O desenvolvimento da bomba nuclear durante a Segunda Guerra Mundial;

 Utilização da energia nuclear no domínio civil.

Os estudos científicos ocorrem desde os primeiros filósofos gregos que


começaram a definir átomos até os dias atuais. Durante a Segunda Guerra Mundial EUA,
devido às descobertas de Albert Einstein tem-se o uso da primeira bomba nuclear. Esta
foi a primeira vez que a tecnologia nuclear será usada fora do contexto da pesquisa.
Subsequentemente ao seu uso na segunda guerra mundial e vendo o perigo de
armas nucleares os governos começaram a estabelecer tratados para regular seu uso e
promover o uso da energia nuclear no campo civil. É neste momento que as primeiras
usinas nucleares para a geração de eletricidade começam a aparecer.

2.1. Primeiros avanços científicos

O filósofo grego Demócrito de Abdera foi o primeiro na história a dar uma


definição de átomo. Em 1803, o químico britânico John Dalton declarou em seu livro
“New System of Chemical Philosophy” que todos os átomos do ferro ou do urânio são
idênticos. A partir dessa época o trabalho dos cientistas se concentrou em identificar e
classificar todos os elementos até obter a configuração da Tabela Periódica atual.
Em 1897, JJ Thompson anunciou a descoberta do elétron e em seguida Rutherford
descobriu a forma do átomo, semelhante ao sistema solar, núcleo de montagem
e elétrons a sua volta.
Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel descobriu que certas
substâncias, como sais de urânio, produzem radiação penetrante de uma fonte
desconhecida. Esse fenômeno era conhecido como radioatividade. Graças à sua
descoberta Becquerel tornou-se o "pai da energia nuclear".
Ao mesmo tempo o casal francês, Pierre e Marie Curie, descobriram dois
elementos de maior radioatividade que o Urânio, que chamariam de polônio e rádio.
Atualmente, todas as usinas nucleares usam urânio como combustível nuclear. Além
disso, Rutherford e Soddy descobrem que o urânio e outros elementos pesados emitem
três tipos de radiação: alfa, beta e gama.
A descoberta da natureza da radiação permitiu que Rutherford estudasse a
estrutura da matéria. Em seus experimentos, ele promove uma teoria, O modelo atômico
de Rutherford, que conclui que o átomo não era sólido, como eles acreditavam.
Em 1900, o físico alemão Max Planck afirmou que a energia é emitida em
pequenas unidades individuais chamadas quantum, implantando assim, a teoria quântica
de Planck. A sua descoberta representou o nascimento de um novo campo para a física,
conhecido como mecânica quântica que forneceu base para pesquisas em campos como
a energia nuclear.
Albert Einstein é o cientista mais importante do século XX. Einstein propôs a
famosa equação E = mc² da teoria da relatividade, revolucionaria para os estudos da física
nuclear.
Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr desenvolveu uma hipótese segundo a
qual os elétrons foram distribuídos em camadas distintas (ou níveis quânticos) a alguma
distância do núcleo, chamada de Modelo atômico de Bohr.
A descoberta do nêutron foi feita por James Chadwick em 1932, observado que
o núcleo atômico consistia de nêutrons e prótons. Chadwick conseguiu um "projétil" com
características ideais para causar reações nucleares.
O casal Frederic Joliot e Irene Curie foi o responsável pela descoberta
da radioatividade artificial.
Em 1938, na véspera da Segunda Guerra Mundial, uma equipe de pesquisadores
alemães no Instituto Kaiser Wilhelm em Berlim, com Otto Hahn, Fritz Strassmann, Lisa
Meitner e Otto Frisch, interpretou o fenômeno da fissão nuclear, identificando o elemento
de bário como Resultado do núcleo dividido de urânio.

2.2. A bomba atômica

A maioria das grandes invenções da história tem origem Militar. O caso da energia
nuclear não é uma exceção. Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, Albert
Einstein recomenda ao Presidente dos Estados Unidos, FD Roosevelt, que desenvolva
a bomba atômica. Einstein explicou que através da pesquisa conduzida por Enrico Fermi
e Leo Szilard, nos Estados Unidos, e Frédéric Joliot e sua esposa Irene Joliot-Curie na
França, logo seria possível criar uma reação que liberaria uma grande quantidade de
energia. Este procedimento também permitiria a construção de um novo tipo de bombas
A construção da bomba atômica foi confiada ao exército, num projeto de guerra
que custaria cerca de 2.500 milhões de dólares. O programa incluiu duas alternativas: a
separação do urânio-235 do urânio-238 e a produção de plutônio-239.
Em dois de dezembro de 1942 um grupo de físicos nucleares europeus, que
emigraram para os Estados Unidos apresentou a primeira reação em cadeia nuclear
produzida pelo homem com a intenção de aplicar pela primeira vez a energia nuclear, foi
utilizado como combustível a energia do urânio.
Em de julho de 1945 foi realizado o primeiro teste de bomba atômica de plutônio
no deserto de Alamogordo (Novo México), com um sucesso total. Nesta mesma época a
bomba de urânio e plutônio também estava pronta.
A primeira bomba atômica, chamada Little Boy, consistia em duas massas de
urânio-235 que eram projetadas uma sobre a outra com explosivos convencionais. A
segunda, chamado Fat Man, consistia em uma esfera oca de plutônio que estava
desmoronando ao redor de seu centro pela ação de explosivos convencionais.
Em seis de agosto de 1945, as duas bombas atômicas que alterariam o curso da
história foram lançadas. Little Boy foi lançada em Hiroshima pelo Gay Enola, e em nove
de agosto Fat Man foi jogada em Nagasaki.
No final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos mantiveram a guerra
pela supremacia devido ao seu considerável potencial nuclear. A complexidade existente
em torno das questões militares e civis da energia nuclear exigiam o estabelecimento de
uma lei conjunta para as aplicações civis no país e a regulação internacional em todos os
níveis.
Em 1946, o plano americano foi apresentado nas Nações Unidas, consistindo
numa libertação gradual de segredos, fábricas e bombas atômicas em troca de controle e
inspeção internacionais. No fim, o primeiro plano de não proliferação nuclear se tornou
um fracasso.
Em junho de 1947, o Plano Marshall nasceu como uma iniciativa de apoio
financeiro dentro da política dos Estados Unidos de contenção do controle soviético. Este
plano foi o responsável pelo fim da Guerra Fria.

2.3. Utilizações da energia nuclear no domínio civil

Para facilitar esta situação, foram organizadas diferentes conferências técnicas


internacionais sobre os usos pacíficos da energia nuclear. Desta vez, as negociações entre
países desenvolvidos com potencial nuclear significativo foram um sucesso total.
O discurso promovido durante a guerra fria em dezembro de 1953, propôs um
acordo entre as principais potências para deter e reverter a fabricação de armas nucleares
e comunicar toda a humanidade o conhecimento e os recursos materiais, para fins
pacíficos.
Em 1956, os britânicos abriram a primeira estação de energia nuclear na história
em Calder Hall, dando origem a uma série de reatores conhecidos como grafite-gás.
O desenvolvimento da energia nuclear foi promovido em todos os momentos pelo
interesse despertado sobre a produção de eletricidade usando esta fonte de energia. Ao
longo dos anos 60 e 70, vários programas nucleares foram iniciados em diferentes países.

E, para finalizar, alguns eventos importantes no uso da energia nuclear:

1896 - Descoberta a radioatividade;


1898 - Isolados o polônio e o rádio. Descoberta a radiação gama;
1920 - Radioativos na medicina e indústria;
1926 - Uso de radiação para o tratamento de câncer;
1939 - Carta de Einstein sobre a possibilidade de os alemães construírem a bomba
atômica;
1945 - Lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki;
1949 - União Soviética explode sua primeira bomba nuclear;
1951 - Criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), motivada pela era nuclear;
1955 - Início do abastecimento urbano de energia elétrica de origem nuclear;
1956 - Instalado o primeiro reator de pesquisa do hemisfério Sul, no Instituto de Energia
Atômica (SP). Criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
1963 - Início da produção rotineira de radioisótopos e radiofármacos no Brasil;
1967 - Brasil assina Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e
Caribe;
1972 - Assinado com os Estados Unidos acordo para a construção de Angra 1;
1981 - Autorizado funcionamento provisório de Angra1;
1984 - Angra 1 entra em operação comercial;
1987 - Brasil inicia produção de urânio enriquecido. Acidente em Goiânia com césio-137;
1994 - Entra em vigor o Tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina
e Caribe;
1995 - Brasil passa a produzir o radiofármaco tálio-201;
2000 - Início de operação de Angra 2;
2004 - Entra em operação a usina de enriquecimento nuclear em Resende (RJ);
2.4. O desastre de Chernobyl

Conhecido como o maior desastre com energia nuclear da história, o acidente na


usina de Chernobyl é utilizado como contraponto para o uso desta forma de produção de
energia, entretanto é preciso ressaltar que esse acidente se deu devido á desconsideração
de regras básicas de segurança em usinas nucleares. Os operadores da usina realizaram
um experimento com um reator com o intuito de analisar o comportamento deste quando
utilizado a baixas taxas de energia, quebrando diversas regras de segurança neste
processo, como a interrupção da circulação do sistema hidráulico que controlava as
temperaturas do reator gerando um processo de superaquecimento ocasionando na
explosão do mesmo. Outro fator que contribuiu para o acidente foi ás hastes de controle.
Hastes de controle tem a função de diminuir a reação durante a fissão, ás hastes de
Chernobyl foram fabricadas com material inadequado além de ocas e cheias de água nos
extensores, ao invés de controlarem o processo de fissão contribuiu para o aumento da
potência do reator.
Com isso podemos ver que o que ocorreu em Chernobyl se deve principalmente a
quebra de regimentos básicos de segurança, o que é muito diferente do que acontece nas
usinas nucleares atualmente, que apresentam procedimentos rígidos de segurança que
vêm se tornando cada vez mais eficientes com os avanços tecnológicos.

3. VANTAGENS DO USO DA ENERGIA NUCLEAR COMO FONTE DE


ENERGIA ELÉTRICA

3.1.Vantagem ambiental

Segundo a World Nuclear Association (WNA), a eletricidade gerada por usinas


nucleares produz uma quantidade significativamente menor de CO2 , um dos principais
responsáveis pelo efeito estufa, quando comparadas com usinas movidas a combustíveis
fósseis.
Um estudo realizado pela International Atomic Energy Agency (IAEA)
colocou a emissão de gases estufa por usinas nucleares entre 9 e 21 toneladas de CO2 por
GWh de eletricidade produzida. Ao comparar-se esse número com a faixa de 385 a 1343
toneladas geradas por combustíveis fósseis e com a faixa de 9 a 279 toneladas geradas
por energias renováveis, percebe-se claramente que a energia nuclear é mais
ambientalmente sustentável que as outras duas formas de energia citadas. Assim, pode-
se dizer que, pela quantidade de energia nuclear produzida em todo o mundo atualmente,
deixa-se de gerar cerca de 2,1 bilhão de toneladas de CO2 todos os anos. A Figura 2 mostra
um gráfico desenvolvido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, da sigla em inglês) que demonstra que a energia nuclear emite menos dióxido de
carbono, em gramas por kWh de energia gerada, do que plantas energéticas movidas a
carvão, óleo, gás e até mesmo do que usinas de energia solar, reiterando a alta
sustentabilidade alcançada ao utilizar-se usinas nucleares como fonte energética.
Figura 2 – Emissões de carbono por fonte de energia. Fonte: IPCC.

A International Energy Agency (IEA) prevê que a demanda global por


eletricidade irá aumentar entre 80% e 130% até 2050. Segundo o IPCC, 80% da
eletricidade do mundo deve ser oriunda de fontes com baixa emissão de carbono até 2050
para o mundo manter o aquecimento global em aproximadamente 2°C. Dessa maneira,
segundo a WNA, estudos vêm demonstrando que a tarefa de suprir essa demanda e
reduzir as emissões de carbono ao mesmo tempo não conseguirá ser cumprida sem utilizar
a energia nuclear como o maior fornecedor de energia com baixas emissões de carbono.

3.2.Vantagens econômicas

Os custos operacionais de uma planta energética incluem o custo de seu


combustível, sua operação e sua manutenção. O urânio é a matéria-prima utilizada nas
usinas nucleares e segundo o WNA, mesmo com seus custos de processamento e
enriquecimento, os custos com combustível de uma planta de energia nuclear é
tipicamente de um terço a metade dos custos para uma usina a carvão e entre um quarto
e um quinto dos custos para uma usina a gás. O US Nuclear Energy Institute afirma que
os custos do combustível para correspondem a 78% o custo total para usinas a carvão,
87% para usinas a gás e 34% (considerando custos de gestão de resíduos) para usinas
nucleares.
A contribuição do combustível utilizado no custo total da eletricidade gerada é
relativamente pequena, portanto um grande aumento no preço do combustível terá um
efeito pequeno na produção de energia nuclear. Um estudo finlandês realizado em 2000
simulou a sensibilidade dos custos da eletricidade gerada por diferentes fontes de energia
com relação ao preço de seus combustíveis: dobrando o preço do combustível, obtém-se
um aumento de 9% para energia nuclear, 31% para o carvão e 66% para o gás. A Figura
3 mostra graficamente essa influência.
Figura 3 - Impacto dos custos dos combustíveis nos custos da geração de eletricidade, Finlândia
2000.

Quando o capital investido na construção de uma planta energética nuclear está


efetivamente pago, a unidade opera em custos muito baixos. Sua operação, manutenção
e custos com combustíveis estão na parte de baixo do espectro, tornando a energia nuclear
bastante adequada para figurar na base do fornecimento de energia mundial. A Figura 4
mostra um gráfico que relaciona os custos da produção energética por diversas fontes ao
longo de anos, considerando apenas custos de operação, manutenção e com combustíveis.
É possível notar que a os custos de produção da energia nuclear mantiveram-se
praticamente constantes ao longo dos anos analisados e são, atualmente, os mais baratos,
superando até mesmo a produção de energia por carvão.

Figura 4 - Custos da produção elétrica nos EUA, 1995-2012.


3.3.Vantagens energéticas

Outra vantagem é a quantidade de combustível requerida para colocar a planta em


operação: um quilograma de urânio libera cerca de 20.000 vezes mais energia do que a
mesma quantidade de carvão. Isso a torna uma fonte muito concentrada de energia, cujo
transporte é fácil e barato. Isso acaba refletindo em menores custos e menos rejeitos
gerados.
A produção de eletricidade é contínua: as usinas nucleares fornecem energia cerca
de 90% das horas do ano, favorecendo o planejamento da distribuição elétrica. Como a
energia nuclear não depende de aspectos naturais, ela não apresenta as mesmas
desvantagens de fontes como a eólica, solar ou hidrelétrica, estando muito menos sujeita
a flutuações na sua produção.

4. SEGURANÇA NO USO DA ENERGIA NUCLEAR

De acordo com a IAEA o uso da energia nuclear é uma das áreas que mais deve
se preocupar com segurança, em virtude dos riscos envolvidos com o manuseio desse tipo
de energia. Dentre os principais desafios da segurança destacam-se: envelhecimento das
usinas nucleares, cuidados com as mudanças climáticas e monitoramento do núcleo dos
reatores.

4.1. Envelhecimento da usina nuclear

Várias questões surgem quanto ao prolongamento da vida das usinas nucleares


que foram inicialmente projetadas para operar por cerca de trinta ou quarenta anos.
Sistemas, estruturas e componentes cujas propriedades mudam gradativamente com o
tempo são projetados com o auxílio de conhecimentos técnicos e científicos para
suportarem tais efeitos. Outro ponto crítico é a obsolescência, já que reatores mais antigos
possuem instrumentos analógicos, e uma decisão deve ser tomada quanto a manutenção
ou não deles.
O desempenho dos equipamentos é monitorado constantemente para identificar
falhas. A coleta de dados de confiabilidade e desempenho é de extrema importância, além
de analisá-los para rastrear indicadores que possam ser sinais de envelhecimento ou
indicativos de problemas potenciais que foram subestimados ou de novos problemas.

4.2. Mudanças climáticas

As plantas nucleares geralmente são construídas perto de corpos d’água, por conta
do resfriamento. A escolha da área de implantação da usina leva em consideração os
cenários de inundações do pior caso, bem como outros possíveis desastres naturais e as
mudanças climáticas. Todos os edifícios com equipamentos relacionados à segurança se
encontram em plataformas suficientemente altas para que estejam acima das áreas
submersas em caso de inundações.

4.3. Monitoramento do núcleo dos reatores

A principal preocupação da segurança sempre com foi a possibilidade de liberação


descontrolada de material radioativo, levando à contaminação e exposição devido a
radiação para fora da usina. Isso ficou ainda mais evidente depois do acidente de
Fukushima, uma vez que houve lançamentos significativos de radiação. A aprovação de
licenciamento para novas usinas requer um monitoramento mais elaborado de todos os
reatores, e que os efeitos de qualquer acidente de núcleo fundido (caso ocorra) devem ser
confinados à própria planta, sem a necessidade de evacuar residentes próximos.

5. GESTÃO DE RESÍDUOS RADIOATIVOS

Segundo a Eletronuclear, ramo da Eletrobras que cuida da energia nuclear no


Brasil, “a indústria nuclear é uma das poucas atividades com interferência humana que
tem capacidade para controlar totalmente os rejeitos que produz”.
De acordo com a empresa, os rejeitos são classificados pelo teor de radioatividade.
Os resíduos classificados como de baixa radioatividade são luvas, sapatilhas e roupas
especiais usadas na operação das usinas. Depois de coletados, os materiais sofrem um
processo de descontaminação para reduzir a radioatividade. Os materiais são triturados,
prensados e armazenados em recipientes para a contenção de material radioativo.
Já resíduos de média radioatividade são filtros, efluentes líquidos solidificados e
resinas. Estes são armazenados em uma matriz sólida de cimento, mantidos em
recipientes de aço e monitorados até perderem a radioatividade.
Os rejeitos de alta radioatividade são elementos combustíveis. Como podem ser
reaproveitados, não são descartados. Enquanto não são reutilizados, são armazenados em
piscinas especiais, dentro dos prédios de segurança das usinas.
Além de todo o cuidado na manipulação e armazenamento desses resíduos, é
realizado o monitoramento permanente dos níveis de radiação do ar, da terra e da água
em torno da planta.

6. REFERÊNCIAS

1. Geraldes, M. C. Introdução a Geocronologia. 9ed. São Paulo (SP): Sociedade


Brasileira de Geologia; 2010.
2. Gonçalves, O.D; Almeida, I.P.S; A Energia Nuclear e seus usos na Sociedade.
Ciência Hoje 2005; 37: 36-44.
3. QUIPROCURA. Tipos de radiação e seus usos. Disponível em:
<http://quiprocura.net/w/2015/08/17/tipos-de-radiacao/#inline_content> Acesso
em: 15 de setembro de 2017
4. ELEROBRAS – ELETRONUCLEAR. Energia nuclear. Disponível em:
<http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/EspaçodoConhecimento/Pesquisaes
colar/EnergiaNuclear.aspx> Acesso em: 15 de setembro de 2017
5. BRASIL ESCOLA. Acidente de Chernobyl. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historia/chernobyl-acidente-nuclear.htm> Acesso
em: 15 de setembro de 2017.
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<https://pt.energia-nuclear.net/que-e-a-energia-nuclear/historia> Acesso em: 16
de setembro de 2017.
7. WHAT OS NUCLEAR?. History of nuclear energy. Disponível em:
<https://whatisnuclear.com/articles/nuclear_history.html> Acesso em: 16 de
setembro de 2017.
8. WORLD NUCLEAR ASSOCIATION. Nuclear Power, Energy and the
Environment. Disponível em: < http://www.world-
nuclear.org/getmedia/68227dc6-7997-4887-930a-02139166dee4/Pocket-Guide-
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9. WORLD NUCLEAR ASSOCIATION. Nuclear Power, Energy and the
Environment. Disponível em: < http://www.world-
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10. WORLD NUCLEAR ASSOCIATION. The Economics of Nuclear Power.
Disponível em: < http://www.world-nuclear.org/information-library/economic-
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11. ENERGIA NUCLEAR. Vantagens e desvantagens da energia nuclear.
Disponível em: < https://pt.energia-nuclear.net/vantagens-desvantagens-energia-
nuclear.html> Acesso em: 16 de setembro de 2017.
12. WORLD NUCLEAR ASSOCIATION. Safety of Nuclear Power Reactors.
Disponível em: < http://www.world-nuclear.org/information-library/safety-and-
security/safety-of-plants/safety-of-nuclear-power-reactors.aspx> Acesso em: 16
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13. ELEROBRAS – ELETRONUCLEAR. Resíduos radioativos. Disponível em:
<http://www.eletronuclear.gov.br/Saibamais/EspaçodoConhecimento/Pesquisaes
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