Você está na página 1de 140

O Projeto Piloto de Implantação do

Canto Coral nas Escolas Públicas


Estaduais de São Paulo (2007) e o
Projeto Fase II (2008)
FDE/SEE-SP/ UNESCO
“Coral Escola da Família”
Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro
Universidade de São Paulo
“Metodologia de Ensino”
Coordenação Profª Drª Silvia Berg
Ribeirão Preto, II sem. de 2008
O professor fala sobre Platão para
estudantes que desconhecem os
fundamentos da Grécia antiga.
Em aulas sobre a I Guerra, quase ninguém
sabe onde fica a Europa. Não tem como
dar certo. Se os alunos ignoram o básico,
vamos lhes dar primeiro isso.
(Eric Nadelstern, Revista Veja, 21/11/07)
O PROJETO PILOTO
• Como Professor do Coral Amador ASDEC/FDE, entre 2004 e 2007,
fui também solicitado a realizar, pela proximidade, diversos
trabalhos na área musical, entre eles coordenar, de setembro a
dezembro de 2007, o Projeto Piloto de Implantação do Canto Coral
nas Escolas Públicas Estaduais de São Paulo, inserido no bem-
sucedido* Programa Escola da Família da SEE-SP.

• A Fase II do Projeto ficou a cargo da Professora Ms. Zoica Andrade


Caldeira (UNESP), no primeiro semestre de 2008. Escolas com
IDH’s* mais baixos foram as escolhidas como beneficiárias do
projeto que envolveu a convocação de 22 professores para criar
grupos corais nos fins-de-semana em escolas públicas da periferia
da capital.
SELEÇÃO
• Entre 57 candidatos, foram selecionados 25 Professores
de Canto Coral e 6 suplentes que foram convocados
para uma primeira reunião de trabalho no dia 21 de
setembro de 2007 no auditório da FDE (Fundação para
o Desenvolvimento da Educação).
• A seleção teve os seguintes critérios, por ordem de
importância: disposição para trabalhar com Escolas
Públicas em regiões menos favorecidas; envolvimento
em projetos sociais, públicos, ONG's etc; experiência
pedagógica em Escolas Públicas; formação em direção
coral; experiência de 5 anos na área (tempo e função);
atividade atual; entrevista, durante a reunião do dia 21
de setembro/2007, na FDE.
Professores e coordenador
Reuniões de professores
Cartazes nas escolas
Fotos das escolas, dos alunos e
professores: Prof. Aldimílson Jr
Escola do Prof. Alessandro Ribeiro
Profª Ana Carolina
Profª Ana Raquel Alonso
Prof. Carlos Cerqueira
Prof. Celso Delneri
Profª Crys Depret
Crys e Prof. Leonardo Andrade
Prof. Demerval Keller
Profª Ester Freire
Profª Gilvane Monteiro
Profª Karla Velani
Prof. Leandro Teixeira
Leonardo
Prof. Max Leon
Prof. Roberto Ondei
Crys e Leonardo
Profª Lília Valente
Prof. Marcos Lucatelli
Prof. Zoica Andrade
Profª Silvia Hokama
Profª Silmara Fernandes
Prof. Roberto Ondei
Prof. Renato Almeida
Prof. Diogo Rodrigues
Aldi, Max, Ana, Renato, Marcos e
Zoica (da esq p/ dir)
• Dos 31 convocados, 22 professores assumiram 50 escolas e
receberam um Cancioneiro Coral com 33 obras corais divididas em
cânones (1º produto), corais a três vozes (2º produto) e a 4 vozes
(produto final), dirigidas a público infanto-juvenil ou adulto,
digitalizadas e escolhidas por mim, através de critérios técnicos,
pedagógicos e sócio-culturais.

• As escolas com bom nível de freqüência organizaram-se para


apresentações em suas regiões. No decorrer das reuniões
semanais de consultoria, foi combinado um repertório comum como
solução para as escolas com participação insuficiente de alunos,
visando apresentações conjuntas em locais pré-determinados pelos
ATP’s (Agentes Técnicos Pedagógicos).
• Para agilizar o trabalho das aulas, foram
gravadas em arquivos digitais todas as
melodias separadas das vozes (naipes)
de todas as músicas do Cancioneiro
Coral.
• Foram feitas cópias em Cd's de áudio ou
de MP3 para uso dos alunos no auxílio da
memorização.
REUNIÕES DE CONSULTORIA
• Nas reuniões semanais, professores dirigiram
peças do repertório comum com o grupo,
mostrando sua técnica de trabalho, trocando
experiências.
• Houve também contribuição dos professores
com o acréscimo de obras novas para constar
do Cancioneiro Coral.
• Discussões e relatos sobre o andamento dos
trabalhos e busca de soluções para os
problemas encontrados também foram temas
das reuniões de consultoria.
• Tanto em formatos gerais como em sub-grupos, as
Reuniões de Consultoria serviram para fortalecer o
Projeto Piloto e compartilhar um repertório comum, além
de prepará-lo para ser reproduzido nas escolas, com
propriedade e conhecimento de causa.
• Foi elaborado um questionário (ver abaixo) para
aprimoramento do Projeto para ser enviado ao
coordenador.
• Os professores que não responderam ao referido
questionário e que porventura discordaram da
importância dessas reuniões ou que não tiveram uma
freqüência aceitável não foram recomendados a
continuar no Projeto.
GRUPO DE DISCUSSÃO:
• Foi criado o grupo
http://br.groups.yahoo.com/group/coralescoladafamilia
onde foram carregados arquivos sonoros,
partituras, fotos, vídeos, mensagens e
textos referentes ao andamento dos
trabalhos.
ESTABELECIMENTO DOS
GRUPOS NAS ESCOLAS
• Diferentemente do que se previu, a demora na
formação dos grupos dificultou conquanto não
impediu o cumprimento dos produtos — sistema
através do qual trabalha a UNESCO.
• Por sugestão dos professores, seria necessário
reservar um mês para a constituição do grupo
coral na escola, antes de estabelecer metas
musicais a serem alcançadas.
• Os motivos dessa demora vão desde falta de
água na escola – seja por problemas da rede ou
de caixa d'água – até falta de comunicação
entre diretores, educadores, ATP's e
Professores de Canto Coral.
• A participação nos grupos formados nas escolas
variaram numericamente entre 1 a 36 alunos.
• Os professores foram aconselhados a
desenvolver o mesmo tipo de repertório
indiferentemente da quantidade de alunos,
visando apresentações conjuntas entre escolas
de regiões próximas.
• Com um total de cerca de 516 participantes, foi
praticado o repertório comum (Cancioneiro
Coral) e obras sugeridas pelos professores ou
pelas comunidades locais – como previsto no
Projeto Piloto – que foram incorporadas ao
Cancioneiro Coral FDE-UNESCO/2008.
• Além de vozes, o repertório foi enriquecido com
instrumentos musicais específicos de cada
professor do projeto: violão, teclado, trompete,
flauta entre outros.
DESEMPENHO DOS
PROFESSORES
• Dos 22 professores que assumiram as 50 escolas da
Grande São Paulo, houve apenas uma desistência.
• Todos os outros demonstraram extrema dedicação ao
trabalho, seja com um ou 30 alunos em classe;
superando barreiras externas e a rotatividade dos
participantes.
• Os professores foram orientados a não se intimidar com
eventuais condições adversas pois a formação de um
grupo coral se dá a médio/longo prazo e o objetivo maior
de implantar-se o Canto Coral nas escolas públicas era
suficientemente encorajador.
• Conflitos de interesses entre o Projeto Piloto e as
escolas envolvidas foram contornados da melhor forma
possível, inclusive com uma reunião entre o
Coordenador e os ATP's.
• As apresentações finais (3º produto) foram agendadas
mediante negociações que envolveram as atividades já
planejadas das escolas e o consenso na escolha da
melhor data para a apresentação final, a princípio
marcada para o dia 16 de dezembro, que pôde ser
alterada sem prejuízo para o resultado final, sendo as
horas compensadas com ensaios-gerais.
• O período de implantação serviu para que os
Professores de Canto Coral tomassem ciência de que
os ATP's, os Educadores – Profissional e Universitário –
e os Voluntários são atores importantes para o
cumprimento dos objetivos estabelecidos no Edital,
malgrado suas desconfianças iniciais.
• Pelo material enviado a este coordenador, constatou-se
uma efetiva participação das escolas em função das
apresentações finais e muitos dos receios manifestados
pelos professores em reuniões certamente foram
dirimidos.
• Os professores que não enviaram gravações
e/ou vídeos de suas apresentações finais não
foram recomendados a permanecer na
continuidade do projeto.
• Por ocasião do evento "Corais de Natal",
promovido pelo Coral da SEE, na escadaria da
Caetano de Campos, um Coral dos Professores
do Projeto apresentou-se no dia 14 de
dezembro, ao meio-dia, divulgando a iniciativa e
apresentando o repertório comum das escolas
envolvidas, com a direção alternada de todos os
professores presentes.
O PRODUTO FINAL
• Não obstante a Proposta Inicial tenha
estabelecido produtos determinados para os
três meses de implantação, a atividade prática
dos Professores de Canto Coral e as Reuniões
de Consultoria, no período, mostraram que
havia outros parâmetros envolvidos, tais como:
• formação do grupo,
• afinação do uníssono [embora a afinação do
uníssono possa ocorrer ao longo da experiência
polifônica],
• rudimentos de técnica vocal, antes do repertório
propriamente dito.
• Posto isso, a execução de repertório a 4 vozes – apesar
de ter sido possível a cappella em algumas escolas –
precisou do auxílio de instrumentos musicais em
algumas outras, o que não descaracteriza o produto
nem diminui a importância das metas estabelecidas nem
a competência dos profissionais envolvidos.

• Segundo um dos professores contratados: “(...) muitas


vezes a aprendizagem com base harmônica é mais fácil
do que o uníssono. Por isso, creio que, se se aproveita
repertório acessível a mais de uma voz, pode ser que
fique mais fácil para o cantor leigo e iniciante aprender”.
• Foi também observado por um outro
professor que, às vezes, uma peça a duas
vozes pode ser mais fácil do que a
realização de um cânone com o mesmo
número de entradas.
• No I semestre de 2008 (Zoica) os
produtos foram os mesmos porém
flexíveis às realidades locais e cumpridos
conforme as qualidades e limitações de
cada grupo específico.
A IMPORTÂNCIA DO CANCIONEIRO
CORAL E DO REPERTÓRIO COMUM
• Para a unidade de procedimentos, o repertório comum é
a ferramenta mais importante.
• Todavia não se trata de um cancioneiro fechado, mas
em constante atualização.
• Pode-se pensar num "Cancioneiro Coral da Escola da
Família" (CCEF) por ano — em versões online e em
papel —, com adição e subtração de peças que
funcionam ou não, segundo as discussões em Reunião
de Consultoria, durante o Projeto.
• Vários Professores trouxeram propostas de repertório
que foram incorporadas ao CCEF/2008.
Alguns comentários sobre o CCEF feitos pelos
professores participantes do Projeto:

• O cancioneiro supriu de maneira geral as


necessidades de implantação de repertório para
todos as idades.
• Admirável iniciativa de montar um repertório
como apoio aos Professores do Projeto, tanto
como uniformização das Técnicas praticadas
entre os grupos, quanto como "Metodologia"
sugerida. Tenho sim algumas idéias, por ter
bastante contato com grupos desta
característica e as colocarei no grupo em breve
como opção e/ou sugestão para utilização do
grupo.
• O Cancioneiro é uma idéia ótima, e deve ser enriquecido
pelas experiências de cada profissional com sua vida
musical dentro e fora do Projeto.
• O repertório foi um ótimo material de apoio, por ter
bastantes músicas conhecidas pela comunidade e ao
mesmo tempo, mostrando a beleza do canto coral, a
partir de um vocabulário que a comunidade já conhece.
"Como uma música pode ser transformada dentro de
um arranjo" — ouvi esta frase em uma das escolas por
um dos alunos.
• O cancioneiro foi uma "mão-na-roda" e o fato de estar
em PDF também ajudou bastante, acho que poderíamos
carregar no grupo o material que funciona bem.
• Acredito que o cancioneiro pode ser mais próximo da
realidade encontrada nas escolas, com músicas mais
acessíveis. Penso que seria interessante tentarmos
partir da sonoridade que eles conhecem, e que não é a
sonoridade de um coral. Isso não nos impede de
levarmos a eles peças eruditas desde as antigas até as
contemporâneas. É de suma importância levarmos à
periferia o que chamamos “música de qualidade”, para
aumentar o conhecimento daquelas pessoas e o
desenvolvimento musical das crianças, mas nunca
impor nosso gosto, nosso desejo pela afinação do
uníssono ou nossa vontade de fazer música a 8 vozes
em detrimento da cultura deles, da cultura da periferia.
Trabalho difícil, hein?
• Considero-o um bom ponto de partida,
acrescentaria canções infantis com duas vozes,
sendo a segunda uma linha independente.

• O repertório escolhido foi muito interessante,


abrangendo vários estilos e manifestações
musicais.
• Um problema que enfrentei em relação ao repertorio, foi
o fato de os grupos terem pessoas de várias idades,
com interesses bem diversos (crianças, adolescentes,
adultos, idosos). Para criar o “gosto por cantar” em
Jovens e adolescentes, pode ser interessante incluir
canções mais atuais, que fazem parte do universo deles.

• Conheci, através do cancioneiro, muitas peças


interessantes que pretendo acrescentar ao meu
repertório de regente coral; mesmo assim, tenho
algumas sugestões que enviarei.
FORMAÇÃO DO CORAL
ESCOLA DA FAMÍLIA
• No ensejo dos "Corais de Natal“
(escadaria da Caetano de Campos), foi
criado o Coral Escola da Família que,
entre outros objetivos, teria a função de:
• divulgar o projeto nas escolas públicas
com apresentações do grupo de
professores,
• treinar o repertório comum a ser ensinado.
“– Você é favor da formação do Coral dos Professores do
Projeto Piloto com o nome 'Coral Escola da Família?
Porque?“

• Sim. Será mais um fruto do projeto. Porém


é importante pensar sobre os ensaios:
creio que para formar esse coral o dia de
ensaio deve estar preferivelmente
desvinculado das Reuniões de
Consultoria.
• Completamente a favor. Pode se tornar
um instrumento decisivo de divulgação e
de implantação de novas parcerias.
• Sim, sou a favor. Acredito que o coral com
os professores pode enriquecer o trabalho
nas escolas, integrar os professores e
favorecer a unidade do projeto, sob o
aspecto musical. O nome "Coral Escola da
Família" reforça na divulgação do projeto.
• Acho importante para a divulgação do projeto tanto nas
escolas (embora não conseguíssemos cantar em todas!)
mas também para chamar a atenção das secretarias,
governos e tudo mais. Mas é importante que seja um
coro bom! E não apenas um coro que lê o repertório
para cantar na escola no dia seguinte. Temos a
obrigação de cantar e cantar bem! Além do repertório
desenvolvido nas escolas, poderíamos escolher
algumas – sim, algumas poucas peças além desse
repertório, que exijam mais vocalmente, que sejam mais
desenvolvidas, afinal... o regente tem que cantar além
do repertório que desenvolve em seus corais. Ele tem
que ser melhor.
• Concordo com o coral dos professores, desde que não
atrapalhe as reuniões, tão importantes para o
desenvolvimento do projeto, e desde que haja a
participação e empenho de todos (...). É muito
importante usarmos esse coro para divulgarmos o
projeto.
• Sim, sou. Como regente, sinto falta de cantar em um
grupo interessante. Que faça trabalhos interessantes.
• Fiquei encantado com a sonoridade natural do grupo. O
resultado artístico deveria estar a serviço do projeto,
com suas conquistas e dificuldades.
• Com certeza!!! Através deste grupo podemos divulgar
nosso trabalho e também trocar informações; assim
sendo todos crescermos.
• Sim, para servir tanto como instrumento de
divulgaçãodo projeto (transmitindo a qualidade e
seriedade dos profissionais), como para que nós
da equipe de Professores nos conheçamos
como músicos e troquemos experiências na
prática.
• Com certeza. É um meio de divulgar o projeto e
também um meio de incentivo aos alunos e a
comunidade.
• Sim. Pois seria um grupo de qualidade e que
poderíamos ver os arranjos que soam melhor e
gravarmos para auxiliar no projeto.
• Sou totalmente a favor. Além de ser uma oportunidade
de os regentes colocarem em prática o canto coral (o
que nem sempre é possível), é uma forma de testar a
dificuldade das músicas escolhidas para o projeto.
Embora os regentes tenham uma formação musical
sólida, deu para perceber nas reuniões, quando
cantávamos as músicas da apostila, que tivemos mais
dificuldades em algumas músicas do que em outras, o
que deve se repetir quando ensinarmos nas escolas.
• Acho a idéia interessante, um
oportunidade única!
• Sim. Pois é uma oportunidade de
cantarmos, de realizarmos aprendizado
com outros regentes, de experimentarmos
canções que vão ser utilizadas no projeto
e de divulgar o próprio Projeto através da
qualidade de seus Regentes, não só como
regentes, mas como cantores
• É uma oportunidade de praticarmos o canto
coral, talvez com um repertório diferenciado do
que iremos aplicar nas escolas e nos
apresentarmos com freqüência nas escolas
onde o projeto está implantado.
• Eu sou a favor da formação deste coral porque
ele poderia ser um ótimo meio de divulgação do
projeto nas escolas, estimulando mais pessoas
a participarem.
PROPOSTA DE CONTINUIDADE:
IL FAUT FAIRE AVEC! [Fapesp?]
• Fala-se muito na volta do ensino musical nas
escolas públicas.
• No meio musical é o assunto predileto dos
fowards pela internet e das discussões entre
músicos de diferentes formações.
• No início de 1995, o ex-Ministro da Cultura
Gilberto Gil já exigia na "Expo-Music" a volta do
ensino musical nas escolas, sem deixar de
conclamar a iniciativa privada a também
responsabilizar-se por isso.
• Claro que a parceria com a empresa privada é
fundamental para que profissionais de alto nível
possam ser contratados para levar sua
experiência e interagir com as escolas públicas
e as culturas locais.
• Não se fala aqui em "levar sabedoria", mas de
interação e adaptação de uma prática milenar
às regiões onde são formados crianças,
adolescentes jovens e também adultos – sejam
como pais de alunos, funcionários, professores
ou familiares e amigos.
• Alguém, por exemplo, já imaginou uma
"Orquestra da Casa do Boi de Araçatuba"? No
entanto conta Raynor (1986, pp.: 363-364) que,
em 1743, um grupo de 16 homens de negócio
da cidade de Leipzig, Alemanha, formaram o
"Grande Concerto", que resultou numa
orquestra que dava recitais semanais.
• Entre idas e vindas, em 1781, o prefeito fez com
que o 1º pavimento não utilizado da Sala dos
Comerciantes de Tecidos (Gewandhaus) fosse
convertida em sala de música.
• Daí para frente, a história da Orquestra da Gewandhaus
de Leipzig já é bem conhecida, tendo sido regida por
Mendelssohn, Brahms, Schumann e mais recentemente
por Kurt Masur – diretor de orquestra casado com uma
brasileira e que é convidado freqüentemente para reger
no país.
• Foi uma época em que surgiram várias sociedades de
concertos, com forte participação das autoridades
públicas e da iniciativa privada. "O prazer que a música
proporcionava aos ouvintes fazia-os sentir responsáveis
e até com certas obrigações para com os músicos".
• O que temos assistido no Brasil é a iniciativa privada
patrocinar a vinda do showbis internacional da música
clássica — pelo qual se pagam cachês milionários — e
um investimento bem menor quando se trata da
educação pública.
• A parceria com a Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) possibilitou a
contratação de profissionais de melhor nível que
realizaram o produto final, vencendo adversidades de
naturezas várias e lutando contra a ausência de uma
cultura coral nos locais para onde foram enviados.
• Certamente com a continuidade, os grupos já estarão
formados ou num estágio mais avançado de construção;
os Professores de Canto Coral já com uma bagagem
adquirida e os coordenadores com seus conceitos
enriquecidos e atualizados.
• Talvez a famigerada volta do ensino musical nas escolas
públicas tenha começado exatamente aqui, na família
da escola pública, aos finais de semana, com
profissionais competentes que receberam um
pagamento de hora/aula melhor do que os praticados no
ensino público. Só assim é possível contar com bons
profissionais.
Não adianta querer inventar a roda:
a base do ensino musical é o canto coral.
• Seja com instrumentos ou a cappella (que é
mais saudável porque tira um certo cacoete
broadway tão comum nos corais amadores, em
que o individualismo se sobrepõe ao conjunto).
• Educação musical através do Canto Coral
precisa de uma sala arejada, iluminada e com
boa acústica.
• Não é uma educação para formar artistas, mas
cidadãos que se expressem pela música, com
seu principal instrumento, a voz.
• Passada a fase do delírio reivindicativo,
como estão nossas escolas públicas?
• Todas com certeza têm uma sala de aula
para se fazer música.
• Umas mais bem cuidadas do que outras,
dependendo quase invariavelmente do
perfil de seu (sua) diretor(a).
• A Lei orgânica do Canto Orfeônico, disponível no
endereço:
http://www.soleis.adv.br/cantoorfeonicoleiorganica.htm
(acesso em agosto de 2008)
• (vítima de tantas criticas e preconceitos) foi uma
iniciativa concreta de unificar a educação musical
brasileira.
• O termo "orfeão" vem de l'Orpheon, implantado na
França no século XIX. O nome é Canto Coral Amador e
já é uma prática mais que difundida.
• A capacitação de professores pode-se dar no âmbito da
extensão universitária em parcerias com as SEE's e
SME's, a FDE, UNESCO, Agências de Fomento (Capes,
CNPq, Fapesp etc) e iniciativa privada.
• Resta saber se o músico, que sonhou em cantar
no La Scala de Milão ou tocar na Filarmônica de
Berlim, vai querer ensinar cânones para a
criançada.
• Certamente conheci gente maravilhosa no
projeto: professores de canto coral que
souberam “tirar-leite-de-pedra” e apresentar
belos e instrutivos resultados — o que encarna
a expressão francesa faire avec: “fazer com”.
• Coloquei no Youtube uma amostra do trabalho
no endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=pPRkdkNiISo.
• Uma matéria recente no Uol
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/07/
25/ult105u6743.jhtm (acesso em agosto
de 2008) estampou a manchete: “Falta de
professores para ensino de música coloca
em xeque viabilidade da disciplina”.
• Dizendo que só depende de um sinal positivo do
Presidente da República para que a música volte a ser
obrigatória nas escolas brasileiras, a articulista faz um
levantamento com base em estatísticas da CAPES e
sugere que não haveria professores em número
suficiente para atender à demanda daí decorrente.

• Não foi o que o Projeto FDE/UNESCO comprovou.


Muito pelo contrário, o país tem gente capacitada em
número suficiente para atender à demanda da
obrigatoriedade do ensino de música nas escolas.
• Basta não querer inventar a roda e utilizar o canto coral
como base da educação musical, como sempre foi ao
longo de pelo menos dois mil anos de história ocidental.
• E, acima de tudo, aproveitando o que já existe (faire
avec), ao invés de inventar projetos a cada nova gestão
administrativa.
• O Programa Escola da Família, que já tem história e
pressupõe a ativa participação da comunidade na vida
escolar, pode centralizar um projeto nacional que
mobilize as universidades públicas e, porque não,
privadas, na capacitação de professores onde for
necessário.
• As licitações e leilões para compras de
instrumentos, tais como bandas, cordas
etc, esbarram na corrupção e no desvio
de verbas.
• O canto coral — por depender apenas de
material humano — é imune inclusive aos
maus hábitos.
• A compra de instrumentos deveria surgir
como conseqüência da prática coral.
FASE II
I sem/2008
(Prof. Ms. Zoica Andrade)
“Questões Norteadoras”
• Documento técnico
• __ / __ / __
• Introdução
• Explique, em poucas palavras, quais são os
objetivos do projeto Canto Coral em Escolas
Públicas e como você procurará atuar dentro
deles.
• O desenvolvimento do projeto na escola
• Dia e horário das aulas:
• Tempo de preparação de aula:
• Primeiro final de semana na escola:
– Como e por quem você foi recebido? Faça comentários sobre como
você apresentou o projeto e descreva como foi sua primeira conversa
com o responsável pelo Programa Escola da Família no local.
– Quais os meios de divulgação das aulas foram empregados para a
formação da turma?
• Aulas ministradas:
– Qual o perfil de seus alunos?
– Quais músicas você conseguiu trabalhar com eles? Por que você
escolheu essas músicas?
– Quais músicas você pretende trabalhar com eles nas próximas aulas?
Justifique sua resposta, apresentando, resumidamente, sua proposta
pedagógica para este grupo.
• Assinatura: _________________________
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
• “Canto Coral Amador e Cidadania”. CÂMARA DE
CASTRO, Marcos. In Correio Popular, Campinas, 8 de
dezembro de 2007, seção Opinião
• “Ensinar a competir”. Entrevista com Eric
NADELSTERN. In Revista Veja, Edição 2035, 21 de
novembro de 2007, por Monica WEINBERG — páginas
amarelas
• CORRÊA, Paula da Cunha. Harmonia – mito e música
na Grécia antiga. São Paulo, Humanitas/FFLCH/USP,
2003
• FLORENCE, Flavio. Regente. In Revista Concerto,
“Semibreves”, Ano XIII, nº 142, agosto de 2008
• Lei Orgânica do Canto Orfeônico:
http://www.soleis.adv.br/cantoorfeonicoleiorganica.htm
(acesso em agosto de 2008)
• RAYNOR, Henry. História Social da
Música. Rio de Janeiro, Zahar, 1986.
• TRAMONTINA, Mariana. “Falta de professores
para ensino de música coloca em xeque
viabilidade da disciplina”. Disponível em
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/07/25/ult105u6743.jhtm
(acesso em agosto de 2008)
• TRIGO, Luciano. "É de fama e dinheiro que se
trata a arte?". Folha de São Paulo, 19 de
novembro de 2007 — Ilustrada
• VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As idéias estéticas
de Marx. Rio de Janeiro, Paz e Terra Ltda, 1968.
Tradução de Carlos Nelson Coutinho
...não acredito que se deva destruir o
capitalismo.
Gostaria que ele fosse abandonado
espontaneamente.
(Paul Singer)

Você também pode gostar