Você está na página 1de 6

203

As "Faltas" que atrasam o crescimento do país e diminuem a


qualidade de vida dos brasileiros

Brasil, o país do carnaval, do futebol e também o país do futuro. O forte


crescimento econômico faz parecer que agora o "negócio vai", e que
definitivamente estamos no rumo certo para transformar o Brasil em país de
primeiro mundo - o sonho de todos os brasileiros. Mas a boa fase econômica não
pode "cegar" a nossa sociedade e precisamos cada vez mais, nos atentar ao que
está acontecendo e analisar com atenção como o Brasil está se desenvolvendo
neste novo cenário mundial. Precisamos olhar para debaixo do tapete e ver todo o
lixo que está escondido, seja por interesses políticos e/ou econômicos
momentâneos.

A nós brasileiros, interessa o desenvolvimento sustentável em longo prazo. De


nada adianta subir a montanha rapidamente, apenas para depois cair no abismo
econômico e social. Nós já vimos essa história antes(veja quadros abaixo). O
crescimento econômico não pode e nem deve "cegar" a maioria dos brasileiros
sobre a real situação do país.

O Brasil da década de 70:

Em todas as análises, os anos 70 são descritos como uma época de


crescimento econômico vertiginoso, rotulada de “década do Milagre
Brasileiro”. Para melhor ou pior, parecia que tudo no país alcançava
índices jamais vistos ou previstos. Nas cidades, o contingente populacional
explodia, e surgiam novos desafios, provocados pelas enormes
aglomerações. Havia também um boom na construção civil, fosse de
residências (num processo coordenado pelo BNH), fosse de grandes obras
que davam continuidade aos investimentos estatais em setores básicos
como, por exemplo, a energia e os transportes. A produção industrial se
ampliava a todo o vapor, e as exportações batiam recordes.
Fonte: Relatório do site BNDES

O Brasil da década de 80:

A interrupção na década de oitenta, de uma longa história de crescimento


que caracterizava o Brasil, é resultado de um amplo conjunto de causas
entre as quais, o peso insustentável da dívida externa, o imobilismo
gerado por uma excessiva proteção à indústria nacional, o fracasso dos
programas de estabilização no combate à inflação e o esgotamento de um
modelo de desenvolvimento, baseado fundamentalmente na intervenção
generalizada do Estado na economia, esgotamento esse assente na crise
do Estado brasileiro que diminuiu sensivelmente a sua capacidade de
investimento, retirando-lhe o grande papel de principal promotor do
desenvolvimento. No entanto, é no seu aspecto financeiro que a crise se
torna mais aguda, levando a economia a uma espiral inflacionária, que
provocou uma queda nos níveis de poupança do sector público, criando
um ambiente de incertezas que dificultou a retomada dos investimentos e
continua a provocar o alargamento dos desníveis sociais, com
consequências imprevisíveis no futuro.
Fonte: Relatorio "A Economia Brasileira na Década de 80: consequências
da crise da dívida externa, inflação e crise do Estado"
Os outros países em desenvolvimento, nossos concorrentes no cenário mundial,
estão investindo forte em educação e infraestrutura, e temo que não estamos
seguindo os mesmos passos de nossos "companheiros" emergentes. Se nada
mudar, no futuro poderemos apenas lamentar o nosso fracasso em não saber
aproveitar esta nova oportunidade, e olhar à distância, nossos companheiros
emergentes desfrutando dos resultados de décadas de investimentos pesados em
capital humano, tecnologia, ciência e infraestrurura.

As faltas que atrasam o crescimento e o desenvolvimento do Brasil:

> Falta Educação

Infelizmente, no quesito mais importante para se criar uma nação forte e


desenvolvida, o Brasil caminha a passos de tartaruga. Segundo especialistas, a ser
mantido o atual ritmo, o Brasil deverá atingir um nível educacional satisfatório em
cinquenta anos. Os mais otimistas, falam em duas décadas. Para erradicar o
analfabetismo, de acordo com estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), a previsão também é de vinte anos. Todos os especialistas são
unânimes: se quisermos caminhar em direção a uma educação pública de
qualidade, não poderemos seguir no ritmo atual. É preciso caminhar mais rápido.

O governo vem criando mecanismos para tentar medir a qualidade da educação no


Brasil, e os números não são nada bons:

O Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), criado pelo governo


federal para funcionar como um termômetro do ensino público do país,
divulgou em 07/2010 os resultados de sua edição 2009, revelando um
retrato preocupante do setor. Numa escala de 0 a 10, apenas 5,7% das
escolas conseguiram alcançar a nota 6. Nas séries iniciais do ensino
fundamental (do primeiro ao quinto ano), a média ficou em 4,6 pontos,
enquanto nas séries finais (do sexto ao nono), caiu para 4 pontos. No
ensino médio, o cenário mais alarmante: 3,6 pontos.

Outro dado preocupante são os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio


(Enem), que apontam a grande diferença de qualidade entre escolas públicas e
privadas. Entre as 1000 melhores escolas do país, 91% são particulares. Entre as
dez primeiras, apenas uma instituição pública. O dado espanta ainda mais quando
se constata que o ensino público no Brasil abarcaOutro dado preocupante são os
resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apontam para a grande
diferença de qualidade entre escolas púplicas e privadas. Entre as 1000 melhores
escolas do país, 91% são particulares. Entre as dez primeiras, apenas uma
instituição pública. O dado espanta ainda mais quando se constata que o ensino
público no Brasil atende a 86% dos estudantes.

Outro desafio da educação no Brasil é o alto índice de analfabetismo, que ainda


figura entre os mais elevados do mundo: 11% da população acima de 15 anos não
sabe ler e escrever adequadamente. O índice coloca o país em 9º lugar no ranking
de analfabetismo da América Latina, atrás, entre outros, de Suriname (10,4%),
Colômbia (7,2%), Chile (4,3%) e Argentina (2,8%). Não bastasse isso, cerca de
15% da população com idade entre 15 e 24 anos é considerada analfabeta
funcional - ou seja, são pessoas que frequentaram a escola, mas conseguem
apenas ler apenas textos curtos, como cartas, e lidar com números em operações
simples, como o manuseio de dinheiro.
Entidades internacionais também apontam para a péssima qualidade do ensino no
Brasil, como por exemplo o relatório da Unesco de 2010, mostrando que os índices
de repetência e abandono da escola no País são os mais elevados da América
Latina.

Para baixar o relatório completo da Unesco 2010 CLIQUE AQUI.

Com índices de repetência e abandono da escola entre os mais elevados


da América Latina, a educação no Brasil ainda corre para alcançar
patamares adequados para um País que demonstra tanto vigor em outras
áreas, como a economia. Segundo o Relatório de Monitoramento de
Educação para Todos de 2010, da Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a qualidade da educação no Brasil
é baixa, principalmente no ensino básico.

O relatório da Unesco aponta que, apesar da melhora apresentada entre


1999 e 2007, o índice de repetência no ensino fundamental brasileiro
(18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica expressivamente
acima da média mundial (2,9%). O alto índice de abandono nos primeiros
anos de educação também alimenta a fragilidade do sistema educacional
do Brasil. Cerca de 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no
primeiro ano no ensino básico. Neste quesito, o País só fica à frente da
Nicarágua (26,2%) na América Latina e, mais uma vez, bem acima da
média mundial (2,2%). Na avaliação da Unesco, o Brasil poderia se
encontrar em uma situação melhor se não fosse a baixa qualidade do seu
ensino. Das quatro metas quantificáveis usadas pela organização, o País
registra altos índices em três (atendimento universal, igualdade de
gênero e analfabetismo), mas um indicador muito baixo no porcentual de
crianças que ultrapassa o 5º ano. Problemas que a educação brasileira
ainda enfrenta, a estrutura física precária das escolas e o número baixo
de horas em sala de aula são apontados pelos técnicos da Unesco como
fatores determinantes para a avaliação da qualidade do ensino.

> Falta Infraestrutura

As empresas que fornecem transporte de cargas terrestres no Brasil também


sofrem com a falta de infraestrutura. Segundo dados oficiais, 65% do transporte de
cargas do Brasil é feito por rodovias e 30% dos veículos que transitam nas rodovias
brasileiras são caminhões. Para um país que utiliza pesadamente as estradas para
transportar grande parte de tudo o que é produzido, estas deveriam estar em
ótimas condições, bem sinalizadas e seguras, certo? Errado! Segundo dados do
Dnit, 87% das estradas brasileiras não têm qualquer tipo de pavimentação. É isso
mesmo que você leu, e para ficar mais claro vou repetir: 87% das estradas
brasileiras não têm qualquer tipo de pavimentação.

O Brasil também gasta mais do que deveria apenas na manutenção das estradas
pavimentadas. Segundo cálculo do Banco Mundial (Bird), o Brasil gasta anualmente
R$ 5 bilhões apenas para a manutenção das estradas.

Os buracos que vêm e vão, representam um grande peso para o bolso do


contribuinte. Segundo Cláudia Viegas, pesquisadora da LCA Consultores "esse
desperdício de dinheiro público se deve a erros na contratação de obras e a
critérios técnicos rígidos dos órgãos de fiscalização". Segundo ela, "baseados no
argumento de coibir desvios de recursos e presos a padrões genéricos, autoridades
aplicam a regra do menor preço sem considerar características regionais e
exigências técnicas da estrada. "A manutenção recorrente pode denunciar falha na
concepção do projeto ou falta de especificações em contratos que contemplem
variáveis como clima, tipo de solo e tráfego".

Segundo uma pesquisa realizada em 2010 pelo instituto Ilos, com cerca de 15 mil
profissionais de logística das maiores empresas do Brasil, revelou que 92% deles
apontaram a má conservação das estradas como o principal problema de
infraestrutura do país. A malha rodoviária insuficiente foi citada por 68% dos
entrevistados.

Como você pode ver, Os números não estão nada bons para as estradas brasileiras,
mas pelo menos em uma das estatísticas nós somos campeões mundiais: a de
roubo de cargas. Sim, infelizmente o Brasil sustenta o "troféu" de campeão mundial
em roubo de cargas. O estado com maior número de ocorrências é São Paulo,
seguido pelo Rio de Janeiro. Como consequência, os custos de transporte
aumentam absurdamente, encarecendo o produto final, que você e eu compramos.
Eis aí mais uma parte do famoso "Custo Brasil".

Ainda segundo o presidente da Associação Internacional de Transportes


Aéreos (Iata), Giovanni Bisignani:

"O Brasil, apesar de ser o país da América Latina que mais cresce, tem na
infraestrutura aeroportuária um "desastre crescente", com problemas como
atraso e cancelamento de voos, extravio de bagagens e prática de
overbooking, sem citar a saturação de terminais."

Saneamento Básico - A falta de saneamento básico, além de diminuir


drasticamente a qualidade de vida da população, também consome volumosos
recursos do dinheiro público. Segundo estudo da Coordenação de Pós graduação e
Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 68% das
internações nos hospitais públicos são decorrentes de doenças provocadas por água
contaminada.

O professor Paulo Canedo, coordenador do levantamento, informa que o


Ministério da Saúde gasta R$ 250 milhões por mês para atender a estes
casos. De acordo com ele, 40 milhões de brasileiros não têm acesso a água
tratada e somente 6 por cento do esgoto produzido é tratado. Estes
números, segundo Canedo, deixam o Brasil com um dos piores indicadores
da América Latina

Para o professor, investir em saneamento é economizar dinheiro público.


"Há uma afirmativa clássica de que cada dólar gasto em saneamento
provoca uma economia de U$ 4 a U$ 5 para os governos" e quando
aprofundamos o estudo confirmamos essa máxima , informa o
pesquisador. Paulo Canedo disse ainda que o setor de saneamento
brasileiro não necessita somente de investimento. "É preciso organizar e
modernizar o setor, além de estruturar um plano de revitalização das
empresas de saneamento", alerta. Para ele, não existe um planejamento
de longo prazo para o setor de saneamento. O professor estima que o País
teria de investir R$ 180 bilhões para poder melhorar a situação do
saneamento básico, garantindo para toda a população água, tratamento de
esgoto e coleta de lixo.

O instituto Trata Brasil realizou um importante estudo que avalia o esgotamento


sanitário inadequado e impactos na saúde da população. Os dados do estudo
apontam uma clara evidência entre a falta de saneamento básico e maior
degradação da saúde da população, principalmente nas crianças.
Para baixar o relatório completo com os dados do estudo CLIQUE AQUI.

> Falta Segurança

A falta de segurança é outro problema crônico no Brasil. Segundo reportagem do


jornal Folha de Rondônia, o Brasil registra por dia nada menos que 300
assassinatos. São 9 mil mortes violentas por mês; 108 mil ao ano. Num período de
12 meses, a violência nas cidades brasileiras mata o dobro do número de soldados
americanos mortos em 10 anos da Guerra do Vietnã. Em 7 anos de guerra no
Iraque, o número de civis mortos está entre 97 mil e pouco mais de 106 mil, de
acordo com a ONG Iraq Body Count. Em outras palavras, aqui no Brasil nós
também estamos em guerra, mas ninguém quer declarar abertamente este fato.

Novas técnicas são testadas e aplicadas pelos bandidos criativos do Brasil. Roubar
relojoarias em Shopping centers, explodir caixas eletrônicos e arrastões em
restaurantes são as "técnicas" que estão sendo testadas e aprimoradas no
momento e as estatísticas estão a favor dos criminosos.

No Brasil, apenas 10% dos crimes de homicídio são solucionados. Em alguns


estados, esse percentual é bem menor. No Rio, apenas 4,5% dos assassinatos são
esclarecidos e os autores, identificados. Os dados indicam que entre 60% e 70%
dos inquéritos policiais são arquivados por falta de provas. Já nos Estados Unidos e
no Reino Unido, a maioria dos crimes é desvendada, atingindo índice de 70% e
90% dos casos, respectivamente.

A violência não dá tréguas e ataca qualquer um, de qualquer classe social. Até o
nosso vice-presidente sofreu uma tentativa de assalto quando passava por São
Paulo (Veja reportagem completa no G1). Seus seguranças reagiram rapidamente e
botaram o bandido pra correr. Mas e você, se um dia for abordado por um
delinquente, seus seguranças estarão prontos para agir rapidamente? O quê? Você
não tem seguranças particulares? Como Assim?

> Falta Agilidade e Eficiência: A Burocracia

Quem administra uma empresa no Brasil sabe a dor de cabeça que é ter que lidar
com a terrível burocracia deste país. Toneladas de declarações, obrigações
acessórias, direitos trabalhistas, regulamentação diante dos órgãos municipais,
estaduais e federais, concessão de alvarás, dentre outras formalidades roubam
tempo, dinheiro e paciência das empresas brasileiras. Apenas para lidar com a
burocracia excessiva, as empresas precisam contratar mais funcionários,
encarecendo ainda mais as suas operações, e como bem sabemos, todos esses
custos são repassados aos produtos e serviços que, novamente, você e eu
consumimos.

De acordo com o estudo International Business Report (IBR) 2011 da Grant


Thornton, excessivas regulações e a burocracia são os principais fatores que deve
limitar a capacidade de crescer e expandir os negócios das empresas brasileiras em
2011 (50%). O resultado está bem acima da média global de 31%. De 39
economias participantes, o Brasil está atrás apenas da Grécia (57%) e Polônia
(52%).

Segundo Um estudo feito pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) em
2010, revelou-se que a elevada burocracia influencia negativamente as ações de
governo e a competitividade do país.
O estudo conclui:

"A necessidade de desburocratizar o Brasil é urgente. A burocracia


impõe elevados custos econômicos e sociais para o país, reduzindo a sua
competitividade, a possibilidade de oferecer melhores condições de bem
estar social à população e melhores condições de infraestrutura e um
ambiente de negócios mais estável às empresas. O esforço deve ocorrer
nas três esferas da administração pública e nos sistemas legislativos,
judiciários e tributários, a fim de aumentar a eficiência do setor público,
destravando o desenvolvimento econômico do país."

E agora, a principal falta:

> Falta Vergonha na Cara

Novos governos são eleitos, novas pessoas assumem os cargos, mas a corrupção e
a falta de vergonha na cara é a mesma. Partidos sedentos por cargos no governo,
trocam seus "ideais" por dinheiro. Todos querem fazer parte do governo, votando
com ele e apoiando os seus projetos, em troca de "cargos", ministérios, uma
estatal ou qualquer outro "favor" onde se possa desviar volumosos recursos do
suado dinheiro do povo brasileiro. Dinheiro esse que vai para partidos, empresas e
pessoas corruptas. Quando alguém é "pego com a boca na botija", apenas dizem:
"Isso é perseguição política!". É isso, todos os casos de corrupção no país se
resumem a "perseguição política". O Sr. Paulo Maluf nega até hoje que tenha
dinheiro no exterior; O Lula disse que não sabia do "mensalão" - e todos "fingem"
que acreditam.

Corruptos são pegos e depois de algum tempo voltam para cargos importantes
indicados pelos "amigos" do governo, e quando pior, são eleitos novamente para
cargos importantes pela população ignorante. Os números da corrupção aumentam
mais e mais e aos poucos vamos nos "acostumando" com eles. Antes eram dezenas
de milhares, depois passaram para milhões e agora estão em centenas de milhões
ou até já chegando nos bilhões. Diariamente vemos notícias de prefeitos sendo
presos, acusados de desvio de verbas, enquanto suas cidades "caem aos pedaços"
e a população sofre com a falta de tudo - e ninguém fica com o "rosto corado" por
isso.

> Conclusão

Ficar apenas sentado no banco da praça dando milho aos pombos não resolve o
problema das faltas no Brasil. Precisamos cobrar resultados de nossos governantes.
Precisamos esquecer essa conversa de "País do Futuro" e lutar para que o Brasil se
torne o Pais do Presente, pois o futuro, como você já sabe, nunca chega. Devemos
mais do que nunca, perguntar do fundo de nossos corações: Que país queremos
deixar para nossos filhos? O país das faltas, ou o país da abundância?

Você também pode gostar