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Roberto Machado não foi apenas o “amigo brasileiro” de Foucault, porém um de seus mais

agudos intérpretes, além de responsável por sua recepção entre nós. Neste livro, através de uma
narrativa saborosa, Roberto conduz o leitor à atmosfera parisiense que rodeava Foucault, povoada
de cineastas, escritores, polêmicas e anedotas. Pelas lentes desse filósofo nascido no Recife e
radicado no Rio, apreendemos fragmentos da vida pública e privada de um dos mais importantes
pensadores do século XX. O que surge daí não é um monumento, mas uma aventura intelectual e
vital, graças à capacidade que Foucault possuía de se deslocar, se desprender de si, mudar,
surpreender. Impressões de Michel Foucault não é só o retrato de um pensador europeu através do
olhar de um admirador, interlocutor e amigo; é o testemunho vivo do encontro entre nossos trópicos
nem sempre tristes e a efervescência intelectual de uma geração radical de pensadores franceses que
marcou definitivamente nossa própria maneira de viver e de pensar. — Peter Pál Pelbart

Roberto Machado é pernambucano e professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências


Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por meio de seus livros, foi um dos principais
responsáveis pela recepção no Brasil de autores como Michel Foucault, Friedrich Nietzsche e Gilles
Deleuze. As informações são do Globo.
Foi aluno de Foucault e Deleuze em Paris, na década de 70, e admite que ambos foram
essenciais para definir sua postura intelectual e seu modo de lecionar. No entanto, antes mesmo de
sua passagem pela França, seus estudos já assumiam outros sentidos: “Minha formação acadêmica
inicial foi muito lacunar. Vivíamos o início dos anos 1960, quando o Brasil passava por um período
de grande ebulição, e minhas atividades políticas e educativas com estudantes e camponeses foram
muito mais importantes para minha formação do que a Universidade. Minhas leituras eram mais
motivadas pelos desafios que eu vivia do que propriamente por exigências curriculares.”
Assim, o autor admite que só foi imergir em filosofia em seu tempo na Europa,
primeiramente na Universidade de Louvain na Bélgica e, depois, nos cursos de Foucault e Deleuze,
na França. O interesse inicial de Roberto Machado se concentrava em Husserl e seus influenciados,
passando pela filosofia da ciência e, por fim, aterrizando na arqueologia de Foucault e nas visões
antirracionalistas de Deleuze.
Destes autores, Machado consegue classificá-los a partir de duas dimensões: “Primeiro,
como professores que não reproduziam os mecanismos de poder das instituições onde se
encontravam, fazendo com que nos sentíssemos seus aliados pela lucidez com que abordavam as
questões teóricas a que davam prioridade; segundo, pela maneira como seus pensamentos estavam
vinculados a lutas concretas que ultrapassavam os muros da universidade, não apenas pensando a
sociedade em que vivemos – sobretudo os mecanismos de controle –, mas tomando parte em
movimentos visando a transformá-la. Menos ou mais discretamente, eram dois grandes militantes
intelectuais.”
Roberto Machado tem como foco em suas leituras e aulas o pensamento global que um
conceito está inserido. Desta forma, entender como um pensamento é organizado, como funciona e
quais são seus pontos de novidade e singularidade sempre foi seu ímpeto.

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