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Artigo Pós Eng Seg Trab - Felipe-Gustavo - Rev01 PDF
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RESUMO
A segurança na execução de atividades em altura é de extrema importância para a vida do
trabalhador, visto que em caso de queda livre, os danos podem ser irreversíveis. Diante da
importância dos sistemas de proteção contra queda utilizados em obras e as exigências das normas,
o artigo a ser apresentado fará uma abordagem sobre o sistema de Linha de Vida Horizontal Flexível
(LVHF), onde se objetivou dimensionar o sistema de LVHF, e analisar a influencia da variação do
fator de queda e do tamanho do vão sobre os esforços e bitolas encontradas no calculo. No estudo
foram propostos 3 (três) modelos diferentes simulando a queda do trabalhador, sendo que para cada
modelo foi adotado um fator de queda, e também foi feita a variação no tamanho do vão com 3 (três)
medidas diferentes sendo elas 6,00, 12,00 e 18,00m. Como metodologia, para alcançar os objetivos,
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foram elaboradas planilhas de cálculo no Excel , tendo como base a formulação matemática e os
parâmetros apresentados na literatura e nas normas pertinentes. Após a geração dos resultados, que
foram apresentados através de tabelas, concluiu-se que para o talabarte fixado abaixo da cintura do
trabalhador, a força de impacto ultrapassou os 600 kgf limitados por norma. Além disso, concluiu-se
que independente do tamanho do vão, a força de tração, a bitola do cabo de aço e a bitola dos tubos
de sustentação da LVHF não se alteram, sendo alterada somente a flecha dinâmica, que impacta na
Zona Livre de Queda. Concluiu-se também que a bitola dos tubos de sustentação é inversamente
proporcional ao fator de queda, sendo que para o maior fator de queda, foi necessário um menor
diâmetro.
Palavras-chaves: Cabo de aço. Fator de queda. Força de impacto. Linha de vida. Vão.
INTRODUÇÃO
A área de engenharia de segurança do trabalho no País tem crescido cada vez mais com o
passar dos anos, sendo notória a evolução das indústrias no que diz respeito às adoções de
medidas de segurança e cumprimento de normas. Porém, ainda que as empresas, governo
e entidades envolvidas tenham mudado a postura em relação às condições de trabalho, se
comparado com os anos 60 a 90, o número de acidentes e irregularidades hoje ainda é
significativo, principalmente no que diz respeito a trabalho em altura. Segundo Filgueira et.
al (2015), no Brasil, no ano de 2013, cerca de 40% dos acidentes de trabalho na construção
civil foram ocasionados por queda de altura, seja por andaimes, telhados, plataformas ou
estruturas. Mediante essa situação, que apesar da existência das leis e normas voltadas
para o setor, é alarmante, torna-se imprescindível a divulgação e a cobrança dos sistemas
de proteção contra quedas de trabalhadores nas obras, além de projetos e
dimensionamentos realizados por profissionais habilitados que tenham o devido
conhecimento no assunto.
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Figura 1 - Exemplo de aplicação do sistema de LVHF (Fonte: Honeywell )
®
Figura 3 - Talabarte utilizado no dimensionamento (Fonte: Hércules )
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Tabela 1 - Dados adicionais do talabarte (Fonte: Hércules )
Figura 7 - Gráfico para determinação de (Fonte: Sulowski 1991, apud DEBARBA 2012)
Os valores obtidos através do gráfico acima, estão expressos na tabela 2 abaixo.
Tabela 2 - Valores utilizados no dimensionamento obtidos no gráfico acima (Fonte: Dados próprios)
Fator de queda ( ) Módulo de corda ( )
0,62 28.000 N
1,15 34.000 N
1,92 41.000 N
Segundo Seibel (2014), o fator de redução do trava quedas é expresso pela relação entre
a máxima força de impacto num sistema com trava quedas e a máxima força de impacto
num sistema sem trava quedas. Sulowski (1991, apud DEBARBA 2012), estabelece os
valores do coeficiente em função do tipo de trava quedas, conforme a figura 8 abaixo.
Figura 8 - Valores de em função do trava quedas (Fonte: Sulowski 1991, apud DEBARBA 2012)
No exemplo a ser dimensionado, não será feito o uso de trava quedas, estando o
mosquetão do talabarte fixado diretamente no cabo de aço, portanto o valor do coeficiente
de redução será igual a 1 (um).
Segundo Debarba (2012), o fator de redução depende do tipo de cinturão, podendo ser
abdominal ou paraquedista, embora os dois modelos contribuam para a absorção do
impacto no momento da queda devido à elasticidade do material utilizado em sua
confecção. A figura 9 abaixo estabelece os valores de em função do tipo de cinturão. No
dimensionamento em questão, foi optado por utilizar o tipo paraquedista, sendo o coeficiente
igual a 0,8.
Figura 9 - Valores de em função do trava quedas (Fonte: Sulowski 1991, apud DEBARBA 2012)
1.4.4 Fator de redução do absorvedor de energia
Figura 10 - Valores de em função do trava quedas (Fonte: Sulowski 1991, apud DEBARBA 2012)
Segundo Seibel (2014), o fator de conversão é obtido pela relação peso rígido/manequim
articulado, utilizados nos testes de queda. Trata-se de um fator de difícil obtenção, pois os
testes envolvendo humanos são de alto risco. Para a utilização de cinturão tipo
paraquedista, que é o caso do exemplo a ser dimensionado adota-se o valor de 1 (um).
Segundo a NBR 16325-1 (2014), a Zona Livre de Queda , significa a altura entre o
dispositivo de ancoragem e o chão, ou obstáculo em que o trabalhador possa colidir no
momento da queda. A figura 11 abaixo ilustra de forma esquemática as alturas envolvidas
na determinação da . Com relação à última distância, que é compreendida entre os pés
do trabalhador, e o piso ou outro obstáculo qualquer, recomenda-se que não seja inferior a 1
(um) metro.
Figura 11 - Alturas envolvidas na ZLQ (Fonte: Dados próprios)
Com relação ao coeficiente de segurança do cabo de aço, a NR 35 diz que estes devem ter
a carga de ruptura no mínimo 5 (cinco) vezes a carga máxima de trabalho na qual será
submetido. No que diz respeito ao dispositivo de ancoragem (estrutura de fixação), será
adotado o coeficiente de segurança recomendado pela NBR 16325-1 (2014), que é de 2
(dois) no mínimo.
1.8 FLECHA INICIAL DE MONTAGEM DO CABO DE AÇO
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Tabela 3 - Dados do cabo de aço utilizado no dimensionamento (Fonte: Cimaf )
Composição Alma Classe Fator ‘F’ E (kgf/mm²)
®
Figura 14 - Ilustração da seção tubular circular (Fonte: Vallourec )
2 METODOLOGIA
Para a elaboração do presente artigo foram feitas 3 (três) modelagens diferentes de trabalho
em altura com seus respectivos fatores de queda, onde para cada modelo foi feita a
variação no tamanho do vão da LVHF, adotando-se 3 (três) comprimentos diferentes para
cada fator de queda. Para a geração dos resultados foram criadas rotinas de cálculo no
software Excel®, do pacote Office® versão 2010, tendo como base as fórmulas matemáticas
apresentadas no item 2.1 abaixo. Com relação às figuras ilustrativas expostas ao longo do
trabalho, foi utilizado o software AutoCAD® versão 2010. Após a geração dos resultados e a
confecção das planilhas, foi feita a análise comparativa entre elas, para então concluir sobre
a influência do fator de queda e do tamanho do vão do dimensionamento da LVHF. Para
tornar a apresentação da formulação matemática mais didática e de fácil entendimento, a
figura 15 abaixo ilustra de forma esquemática as deformações e as forças envolvidas na
LVHF utilizadas no dimensionamento do sistema.
2 × × × ×
= × × !1 + #1 + % × 1
×
Sendo:
&: ( )* +, -ℎ )*, / 01,+12 1 )*+ )* 100 ;
5: 6 1-1, çã* ) , 9/) )1 9,81 / ² ;
: (ó)@-* )1 *,) /+1 1.4.1 ;
: +*, )1 A@1) /+1 1.3 ;
: +*, )1 ,1)@çã* )* +, 9 A@1) /+1 1.4.2 ;
: +*, )1 ,1)@çã* )* )/ 0* /+/9* )1 *,çã* *,0*, - /+1 1.4.3 ;
: +*, )1 ,1)@çã* )* *,91)*, )1 121, / /+1 1.4.4 ;
: +*, )1 *291, ã* 01 *,í /)*/ 21A@/ /+1 1.4.5 .
F = 0,02 × 2
Sendo:
G: H* 0,/ 12+* )* 9ã* 1 .
2.1.3 Comprimento do cabo parabólico (GE )
2 2 × L
= × 1+ I × J K M 3
F
F
3
L L
= #J K − J K 4
F
L
2 2
6Q = × ² 5
Sendo:
R: +*, )1 S@ +1 + 1- )* ,/ 2+1 ;
T: /â 1+,* )* * )1 ç* )*+ )* 1 .
X × F
∆ = 6
× 6Q
Sendo:
V: *,ç )1 +, çã* )* * )1 ç* *,ç A@ -A@1, /2/ / - 12+1 1 +/ ) ;
Z: (ó)@-* )1 1- +/ /) )1 )* * )1 ç* / ² .
Observação: A Força X deverá ser estimada para o inicio da rotina de cálculo, objetivando-
se no item 2.8 ser igualada a Força calculada XF .
+∆ L L
#
\ = J
F
K −J K 7
2 2
2.1.8 Força de tração no cabo (VE )
× F+∆
XF = 8
4 × \
Nesta etapa, é necessária muita atenção, pois conforme mencionado no item 2.6, é
almejado que a Força encontrada XF , se iguale a Força estimada X. Não havendo a
igualdade, reinicia-se a rotina de cálculo, até que os valores de XF e X sejam igualados.
Concluindo a igualdade, tem-se a tração no cabo de aço que será utilizada no
dimensionamento do sistema, lembrando que as alterações no valor de X, interferem
diretamente nos outros resultados que estão em função do mesmo, como a flecha \, por
exemplo, que é de fundamental importância na determinação da altura de instalação da
LVHF.
Após a análise mencionada no item 2.8 acima, é necessária a verificação do cabo de aço
adotado inicialmente, para ter a garantia de que o mesmo suportará a carga de trabalho em
que estará submetido. Conforme exposto anteriormente no item 1.7, o coeficiente de
segurança adotado para o cabo de aço será de 5 (cinco). A equação 9 abaixo mostra a
determinação do esforço solicitante máximo de cálculo atuante no cabo de aço.
X^_ = H` × X 9
Sendo:
Vab : *,ç )1 +, çã* *-/ /+ 2+1 )1 á- @-*;
da: H*1 / /12+1 )1 1 @, 2ç )*+ )* 5,0 ;
V: *,ç )1 +, çã* 12 *2+, ) 2* )/ 12 /*2 12+*.
Após a determinação da força de tração solicitante no cabo de aço, deve ser feita a
comparação com a carga de ruptura indicada pelo fabricante, não podendo a força de tração
solicitante ser superior à carga de ruptura tabelada.
= \ +++1+ℎ+) 10
Sendo:
g: H* 0,/ 12+* )* + - ,+1 130 ;
h: H* 0,/ 12+* )* *,91)*, )1 121, / 1i+12)/)* 110 ;
j: / +â2 / 12+,1 * 0é )* @ @á,/* +é * 0*2+* )1 /i çã* )* + - ,+1 150 ;
b: / +â2 / 12+,1 * 0é )* @ @á,/* +é * * +á @-* /i* í2/ * 100 .
m = tanqF J K 11
2 × \
Xl = X × sin m 12
( = Xl × - 13
Figura 17 - Determinação do momento fletor na peça (Fonte: Dados próprios)
H` × ( × v
tu_ = 14
w
Sendo:
da: H*1 / /12+1 )1 1 @, 2ç )*+ )* 2,0 ;
x: (* 12+* -1+*, ái/ * 2 01ç . ;
y: / +â2 / 12+,1 * 12+,ó/)1 ) 01ç 1 * 0*2+* / +, /*2 )*, 21 +1 * * , /* ;
z: (* 12+* )1 /2é, / ) 1çã* {
.
tu_ ≤ } 14
Sendo:
y : X12 ã* )1 1 * 12+* )* +@ * )1 ç* @+/-/~ )* 350 ( .
3 RESULTADOS OBTIDOS
Tabela 4 - Valores calculados em função do vão para fator de queda 0,62 (Fonte: Dados próprios)
6,00 3,31 12,00 600,64 13,86 1,84 27,29 18,28 5,17 13,0
12,00 3,31 24,00 1.201,28 27,72 3,67 54,58 18,28 5,45 13,0
18,00 3,31 36,00 1.801,92 41,58 5,51 81,87 18,28 5,72 13,0
Tabela 5 - Valores calculados em função do vão para fator de queda 1,15 (Fonte: Dados próprios)
6,00 4,70 12,00 600,64 13,86 2,02 28,29 25,04 5,18 14,5
12,00 4,70 24,00 1.201,28 27,72 4,05 56,59 25,04 5,46 14,5
18,00 4,70 36,00 1.801,92 41,58 6,07 84,88 25,04 5,75 14,5
Tabela 6 - Valores calculados em função do vão para fator de queda 1,92 (Fonte: Dados próprios)
6,00 6,46 12,00 600,64 13,86 2,21 29,26 33,25 5,19 16,0
12,00 6,46 24,00 1.201,28 27,72 4,41 58,51 33,25 5,49 16,0
18,00 6,46 36,00 1.801,92 41,58 6,62 87,77 33,25 5,78 16,0
Tabela 7 - Bitolas dos tubos em função dos fatores de queda (Fonte: Dados próprios)
No que diz respeito à variação do fator de queda para cada modelagem proposta, conclui-se
que para o talabarte fixado abaixo da cintura do trabalhador, a força de impacto sentida pelo
mesmo, ultrapassa 600 kgf, o que não é permitido por norma, confirmando assim o item
35.5.3.3 da NR 35, que estabelece a fixação do talabarte acima da cintura do trabalhador.
Com relação ao aumento no tamanho dos vãos, para um mesmo fator de queda, conclui-se
que a força de impacto, a tração e o bitola do cabo de aço não mudam. No entanto, apesar
de a força de impacto e a tração no cabo de aço se manterem as mesmas com o aumento
do vão, a flecha dinâmica sofre um aumento considerável, interferindo diretamente na Zona
Livre de Queda, podendo ser um fator determinante na instalação do sistema, caso “in loco”
não se tenha uma altura disponível suficiente.
No que tange ao dimensionamento dos tubos para sustentação da LVHF, conclui-se que a
componente da força de tração que gera o momento fletor na peça tubular, absorve cerca
de 99% da tração total no cabo de aço. Além disso, observou-se que independente do
aumento do vão, para o mesmo fator de queda, as bitolas dos tubos se mantiveram as
mesmas, estando suas dimensões em função da variação na altura de queda, assim como o
cabo de aço, e para finalizar, ainda sobre os tubos de sustentação, conclui-se que as bitolas
adotadas foram inversamente proporcionais ao fator de queda, pois para o menor fator de
queda, foram necessários tubos com 168,3mm de diâmetro, enquanto que para o maior
fator de queda, foram necessários tubos com 114,3mm de diâmetro, mostrando que apesar
da força de tração no cabo de aço aumentar com o aumento do fator de queda, a diminuição
na altura dos tubos de sustentação proporciona um menor braço de alavanca contribuindo
para a geração de um menor momento fletor, ocasionando menores esforços solicitantes
nas peças. A tabela 8 abaixo, mostra de forma resumida a influencia do fator de queda e do
tamanho do vão no dimensionamento dos parâmetros de cálculo da LVHF.
Tabela 8 - Influência do fator de queda e do tamanho do vão na LVHF (Fonte: Dados próprios)
Parâmetros Fator de queda ▲ Aumento do vão ▲
Força de impacto (P) ▲ ▬
Flecha dinâmica ( \ ) ▲ ▲
Tração no cabo de aço (T) ▲ ▬
Zona Livre de Queda (ZLQ) ▲ ▲
Diâmetro cabo de aço ▲ ▬
Diâmetro do tubo de sustentação ▼ ▬
Legenda: ▲ Aumenta / ▼ Diminui / ▬ Mantém
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HIBBELER, R., C. Resistência dos materiais. 7ª ed. São Paulo: Ed. Pearson, 2010. 637p.
HONEYWELL PRODUTOS DE SEGURANÇA. Sistemas de linha de vida. Disponível em:
<http://www.honeywellsafety.com/uploadedFiles/Sites/Regional/BR/Product_Catalog/Cat%C
3%A1logo_Linhas%20de%20vida%281%29.pdf> Acesso em: 16 abr. 2016.
WSH COUNSIL. Code of practice for working safely at wheights. Singapura, 72 p., r. 3,
2013. Disponível em:
<https://www.wshc.sg/files/wshc/upload/cms/file/2014/WSH%20Code%20of%20Practice%20
2013_ebook.pdf> Acesso em: 11 mar. 2016.