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Matemática - Concurso PM-SE PDF
Matemática - Concurso PM-SE PDF
2ª Edição
Florianópolis, 2010
Governo Federal
Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Educação: Fernando Haddad
Secretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo Bielschowky
Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa
Comissão Editorial
Antônio Carlos Gardel Leitão
Albertina Zatelli
Elisa Zunko Toma
Igor Mozolevski
Luiz Augusto Saeger
Roberto Corrêa da Silva
Ruy Coimbra Charão
Laboratório de Novas Tecnologias - LANTEC/CED
Coordenação Pedagógica
Coordenação Geral: Andrea Lapa, Roseli Zen Cerny
Núcleo de Formação: Nilza Godoy Gomes
Núcleo de Pesquisa e Avaliação: Cláudia Regina Flores
Ficha Catalográfica
P654g Pinho, José Luiz Rosas
Geometria I / José Luiz Rosas Pinho, Eliezer Batista, Neri Terezi-
nha Both Carvalho – 2. ed. – Florianópolis : EAD/UFSC/CED/CFM,
2010.
330 p.
ISBN 978-85-99379-69-1
3 Triângulos ............................................................................. 77
3.1 Construções com Régua e Compasso ...................................... 79
3.2 Triângulos e seus Elementos .................................................... 81
3.3 A Soma dos Ângulos de um Triângulo e
suas Conseqüências ................................................................... 85
3.4 Congruência de Triângulos ...................................................... 89
3.4.1 Definição de Congruência de Triângulos ....................... 89
3.4.2 Casos de Congruência para Triângulos Quaisquer ...... 90
3.4.3 Casos de Congruência de Triângulos Retângulos ........ 93
3.5 Conseqüências dos Casos de
Congruência de Triângulos .................................................... 100
3.5.1 O Triângulo Isósceles e os Ângulos da Base ................ 100
3.5.2 Dois Lugares Geométricos: Bissetriz e Mediatriz ....... 104
3.5.3 Segmento Unindo os Pontos Médios
de Dois Lados de um Triângulo .....................................111
3.5.4 Linhas Notáveis e Pontos Notáveis
de um Triângulo ...............................................................114
3.5.5 Relação Entre lados e Ângulos Opostos
de um Triângulo .............................................................. 120
3.5.6 A Desigualdade Triangular ............................................ 121
3.5.7 Posições Relativas de Retas e
Circunferências – Tangentes .......................................... 126
3.5.8 Ângulos na Circunferência .............................................140
3.6 Conclusão .................................................................................. 158
É muito bom estar com você nesse momento em que busca o co-
nhecimento científico. Com muita dedicação e persistência você
terá sucesso.
Esta disciplina possui uma carga horária de 100 horas, das quais
20 horas serão destinadas à prática de ensino. Isso não significa,
entretanto, que você vai dispender apenas desse tanto de horas
para cursá-la. Como você já sabe, em um curso na modalidade
presencial, a carga horária de uma disciplina corresponde às ho-
ras de aula em classe, isto é, aos momentos em que o conteúdo é
apresentado. Na modalidade de ensino à distância, esse primeiro
encontro com o conteúdo se concretiza durante a primeira leitu-
ra que você fará. Não será um professor a lhe contar o conteúdo,
você o conhecerá por meio da leitura individual. Depois deste
primeiro encontro,você provavelmente necessitará de pratica-
mente o dobro de horas de estudo individual e em grupo para
se sentir seguro quanto à aprendizagem do conteúdo. Mas dirá:
“- O mérito é meu, eu aprendi”. Portanto, reserve 200 horas para
se dedicar a esta disciplina.
Introdução
Desenvolvimento do conteúdo
Introdução
O presente livro trata dos conteúdos relativos à disciplina Geo-
metria I, da primeira fase do curso de Licenciatura em Matemá-
tica, modalidade à distância, da Universidade Federal de Santa
Catarina. Antes de tudo, devemos ressaltar a importância da geo-
metria dentro da matemática como um todo. Embora presentes
nos livros didáticos, os conteúdos de geometria sempre são dei-
xados para as últimas semanas de aula, quando o professor não
tem mais tempo de abordá-la com profundidade. A geometria
fica reduzida, então, a algumas fórmulas para se calcular áreas e
volumes. Dentre nossos objetivos, pretendemos que o estudo da
geometria seja resgatado e valorizado no Ensino Básico.
Capítulo 1
Fundamentos da Geometria
Embora não seja nada óbvio, admitimos que uma linha é consti-
tuída de pontos. Pode, à primeira vista, parecer estranho que uma
quantidade, mesmo que infinita, de objetos sem dimensões consi-
ga formar um objeto unidimensional. Uma conceituação precisa
dessas idéias somente foi possível no final do século XIX com a
construção rigorosa do conjunto dos números reais. Dentro do
conjunto de todas as linhas, existem aquelas que denominamos
21
linhas retas. Segundo Euclides, “Uma reta é uma linha cujos pon-
tos estão distribuídos de maneira uniforme sobre si”. Esta defini-
ção não pode nos dizer precisamente o que é uma reta, mas certa-
mente pode nos dizer o que não é uma reta, conforme ilustramos
na figura 1.2 a seguir.
Um postulado é uma Postulado 1 (Euclides). É possível traçar uma reta entre quais-
afirmação que é utilizada
quer dois pontos.
em uma teoria como
ponto de partida, não,
necessitando, portanto, Os postulados de Euclides foram formulados com o intuito de
de demonstração para
estabelecer sua validade.
fundamentar as construções geométricas tornando-as indepen-
dentes das limitações dos instrumentos de desenho. Podemos
ainda formular o mesmo postulado de uma maneira mais sinté-
tica, sem a linguagem devida a construções geométricas, da se-
guinte maneira:
A palavra “axioma” possui Axioma 1.1 (Postulado 1, segunda versão). Dois pontos quais-
o mesmo significado que quer determinam uma única reta.
a palavra “postulado”.
Em nosso contexto,
reservaremos o termo Esta será a formulação que iremos utilizar no decorrer de nossa
“postulado” apenas para discussão. Você deve notar que a preocupação com a unicidade
nos referirmos aos cinco
postulados de Euclides. não estava presente na formulação de Euclides, pois esta era con-
siderada “visualmente óbvia”.
A B
Sobre as várias
caracterizações de na reta. Esta propriedade de separação está relacionada com o
dimensão, o leitor poderá fato de a reta ser um objeto unidimensional. Também podemos
consultar o artigo “Por
dizer que um ponto qualquer de uma reta divide esta em duas
que o espaço tem três
dimensões”, de Elon semi-retas opostas.
Lages Lima em: LimA, E.
L. Matemática e Ensino,
Rio de Janeiro: SBm.
Definição
1.2. Dados dois pontos A e B sobre uma reta, a semi-re-
(Coleção do professor de ta AB é o subconjunto de pontosformado pelo segmento AB e por
matemática). todos os pontos C sobre a reta AB tais que B esteja entre A e C .
A B
Figura 1.4 - Semi-reta AB .
Definição 1.3.
Exercícios Propostos
1) Elabore uma formulação sobre o que é um ponto, uma reta
e um plano que possa ser utilizado em um contexto de sala
de aula no ensino fundamental.
Observe que ao longo de Definição 1.4. Dado um segmento qualquer , o seu compri-
todo o texto denotaremos
o segmento, isto é, o objeto
mento, denotado por AB , é um número (real) positivo, satisfazen-
geométrico, com uma do às seguintes condições:
barra sobre os pontos de
extremidade, enquanto 1) AB = BA
o seu comprimento será
denotado sem a barra sobre 2) Se B está situado entre os pontos A e C, então AC = AB + BC .
os pontos extremos.
3) Existe um segmento u cujo comprimento é igual a 1.
Este ponto de intersecção Demonstração: Tome o segmento AC , que sabemos que existe
não está garantido por pelo Axioma 1.1, pois os pontos A e C determinam uma única
nenhum dos axiomas
anteriores e mesmo Euclides reta. Considere agora as circunferências de centro A e raio AC e a
não se preocupou em circunferência de centro C e raio CA cuja existência está garan-
justificar a sua existência,
tida pelo Axioma 1.3, e seja O o ponto de cruzamento das duas
pois era, de certa forma,
visualmente óbvia. Somente circunferências, conforme indicado na figura 1.8 abaixo.
no final do século XiX foi
possível dar uma justificação
matemática para a O
existência deste ponto,
baseada na completude dos
números reais.
C A
D
B
d
O
e c
C A
D
E
L B
K
Figura 1.9 - Determinação do ponto E ∈ CD tal que CE ≡ AB .
Afirmamos que o ponto E ∈ CD é tal que CE ≡ AB . De fato, te-
mos que OK =OA + AK =OA + AB, (1.1). Por outro lado, temos
que OK = OL = OC + CL = OA + CL . (1.2)
Uma vez amparados por este resultado, podemos fundamentar Uma bijeção ou uma
o processo de medição, pois sempre poderemos copiar o seg- correspondência biunívoca
entre dois conjuntos é
mento padrão de comprimento unitário sobre qualquer semi-reta uma aplicação que a cada
que contenha um segmento cujo comprimento desejamos medir. elemento do primeiro
associamos um único
Também vamos admitir que dada qualquer semi-reta e qualquer
elemento do segundo
número real positivo dado, existe sobre esta semi-reta um seg- e, reciprocamente, cada
mento cujo comprimento é exatamente este número real positivo. elemento do segundo
conjunto está associado a
Isto estabelece uma bijeção entre qualquer semi-reta e o conjun- somente um elemento do
to dos números reais positivos, conforme a formulação abaixo. primeiro.
31
A A1 A2 A(n-1) B
n .u
A B
C D
Tome sobre uma semi-reta KO um segmento KL cujo comprimento
AB
seja igual a , assim, temos que AB = m.KL , o que significa que o
m
segmento KL mede o segmento AB . Resta-nos mostrar que o seg-
mento KL mede o segmento CD , mas como n. AB = m.CD , temos
que m.CD = n. AB = n.m.KL, (1.5), o que implica que CD = n.KL ,
significando que segmento KL mede o segmento CD .
AB m
(3) ⇒ (1): Se tivermos que = , então, multiplicando-se esta
CD n
igualdade por n.CD , que é não nulo, pois n ≠ 0 devido ao fato que
m
∈ Q e CD ≠ 0 , pois estamos supondo os pontos C e D como
n
AB m
distintos, teremos n ⋅ CD ⋅ =⋅
n CD ⋅ ⇒ n ⋅ AB = m ⋅ CD. (1.7)
CD n
Assim, temos a equivalência entre as três afirmações.
■
AB AB m
=
AB = = ∈ Q. (1.8)
u 1 n
Finalmente, precisamos entender como se efetua a medida de
isto será visto com mais
detalhes na seção 1.3. segmentos que não sejam comensuráveis com o segmento uni-
tário, ou seja, cujo comprimento seja um número irracional. Este
processo de medida não pode ser efetuado em uma quantidade
finita de passos. Somente podemos obter valores aproximados
Em referência ao
matemático grego
deste comprimento, com precisões tão boas quanto forem neces-
Arquimedes de sárias. Para obtermos estas precisões, vamos assumir que nossa
Siracusa, que viveu geometria tenha a propriedade Arquimediana, isto é que satisfa-
aproximadamente entre
os anos 287aC e 212aC. ça a uma das duas condições equivalentes do teorema abaixo.
isto mais uma vez está garantido pelo nosso Axioma 1.4. Utilizando
como hipótese o item (1), existe um número inteiro positivo n
1 AB 1
tal que AK > , assim sendo, temos que AK = > . (1.9).
n CD n
multiplicando ambos os membros da desigualdade (1.9) por n.CD,
teremos que n. AB > CD .
Exercícios Propostos
1) Verifique que é impossível que um segmento tenha dois va-
lores de comprimento distintos e que dois segmentos não
congruentes tenham o mesmo comprimento.
A A1 B
A A2 A1 B AA2=A1B
A A2 A1
A A3 A2 A1 AA3=A2 A1
A A3 A2
An
A2
A(n-1)
A1
A3
A B
A B
A1
A2
A(n-1)
a
X Y
l −a
l − ( XX 1 + X 1 X 2 + + X n −1Y ) < , (1.15)
2
e assim possamos construir uma nova poligonal fazendo com
que a diferença entre o comprimento da curva e da nova poligo-
nal seja menor que a metade da diferença entre o comprimento da
curva e a poligonal original. Procedendo desta maneira repetidas
vezes, criamos uma seqüência de poligonais para as quais é pos-
sível utilizar o princípio da exaustão.
l
X1 X(n-1)
a
X Y
Antes desta definição mais recente, o metro era definido como • decâmetro (1 dam = 10 m);
1650763,73 comprimentos de onda da faixa laranja-avermelhada • hectômetro (1 hm = 102 m);
• quilômetro (1 km = 103 m).
do espectro do Kriptônio-86. Os múltiplos mais utilizados do me-
tro são o decâmetro, 1 dam = 10 m; o hectômetro, 1 hm = 102 m e Sub-unidades:
o quilômetro, 1 km = 103 m, enquanto as suas sub-unidades são o • decímetro (1 dm = 10–1 m);
decímetro, 1 dm = 10 –1 m; o centímetro, 1 cm = 10 –2 m e o milíme- • centímetro (1 cm = 10–2 m);
tro, 1 mm = 10 –3 m. • milímetro (1 mm = 10–3 m).
Exercícios Propostos
1) Mostre que a média e extrema razão é hereditária. Para isto
tome C ∈ AB , que divide este segmento em média e extre-
ma razão e tome D ∈ AC , tal que AD ≡ CB . Basta mostrar
AC AD
que = . Lembre-se que AC 2 = AB.CB .
AD DC
2) Calcule a medida dos segmentos que dividem o segmento
unitário u em média e extrema razão.
A A3 A2 A1 B
Figura 1.20
Resumo
Neste capítulo, você apreendeu que:
Bibliografia Comentada
Apresentamos a seguir algumas referências que poderão apro-
fundar os temas abordados neste capítulo, bem como oferecer
uma relação mais ampla de exercícios em diversos níveis de difi-
culdade.
Capítulo 2
Ângulos e Medida de Ângulos
ponto de OA , distinto de O e de A , e se D é um ponto de OB
distinto de O e de B, então ∠COD (ou ∠DOC ) é o mesmo que
∠AOB , ou seja, as duas notações representam o mesmo ângulo.
O C A
Algumas vezes, ainda, poderá ser usada uma única letra (em ge-
ral letras gregas: , , etc) para indicar tanto um ângulo em uma
figura como sua medida:
C
B
O
D
A
O
A
interior de
O
A
Exercícios Resolvidos
1) Quantos ângulos são determinados por três retas concor-
rentes duas a duas?
Resolução:
r
C
s
P
A B t
denota o número de
Três retas concorrentes duas a duas determinam pontos.
subconjuntos de
p elementos formados
Em cada ponto temos quatro ângulos. São, portanto, 12 ângulos
a partir de n elementos.
no total.
Exercícios Propostos
1) Quantos ângulos ficam determinados por quatro retas con-
correntes duas a duas? Generalize para n retas concorrentes
duas a duas.
B B C B
C
O C O O
A A A
C O A
C O A
Observações:
s
B
O A r
Esse postulado nos diz que um ângulo reto não é apenas con-
gruente a um suplemento seu mas também a qualquer outro ân-
gulo do plano que possui um suplemento congruente a ele.
C B
O
D A
F E
A O'
C O
D
Figura 2.17 - Se ∠AOB ≡ ∠DO′E então ∠BOC ≡ ∠EO′F .
■
63
B
C
O A
D
+ BOC
AOB = 180º e AOB
+ AOD
= 180º . Logo BOC
= AOD
.
Os sistemas de escrita
numérica mais antigos
que se conhecem são Figura 2.19 - Quatro ângulos retos em torno de um ponto.
os dos egípcios e dos
babilônios, que datam
aproximadamente De um modo geral, diremos que dois ângulos são suplementares
do ano 3500 a.C.. Os
se sua soma for igual a 180°.
babilônios usavam um
sistema posicional que,
em algumas inscrições, Observação: O grau é decorrente do sistema sexagesimal (base
mostram que eles usavam
não somente um sistema
60), que foi utilizado pelos babilônios. Note que 360 é múltiplo de
decimal, mas também 60. A própria subdivisão (não decimal) do grau utilizada até hoje
um sistema sexagesimal 1
(isto é, base 60). Os é proveniente deste sistema: o minuto é igual a do grau, e o
números de 1 a 59 eram 60
1
representados novamente segundo é igual a do minuto.
por agrupamento simples e 60
a partir dali, se escreviam
“grupos de cunhas”, com
A milha marítima (aproximadamente 1852 m) é definida como
base 60. Por exemplo:
sendo o comprimento de um arco sobre a linha do Equador cuja
diferença de longitude é igual a um minuto. Até hoje, as veloci-
2(60) + 3 = 123
Fonte: <www.matematica.br/
dades dos navios são dadas na unidade “nó”, que corresponde a
historia/babilonia.html>. uma milha (marítima) por hora.
64
1
1) o grado, que corresponde a da medida do ângulo reto.
100
Essa unidade é pouco utilizada (parece que não foi de gran-
de agrado...).
Exercícios Resolvidos
= COD
1) Na figura abaixo, AOB = 90º . Mostrar que
= BOD
AOC .
B D
A
O
= COD
Figura 2.20 - Se AOB = BOD
= 90 então AOC .
Exercícios Propostos
1) Prove a seguinte generalização do exercício resolvido 1 desta
seção: se dois ângulos têm a mesma origem e os seus lados
são respectivamente perpendiculares, então eles são con-
gruentes ou são suplementares (Sugestão – considere dois
casos: um em que os dois lados de um dos ângulos estão no
mesmo semi-plano em relação a qualquer um dos lados do
outro ângulo; o outro caso é aquele em que os dois lados de
um mesmo ângulo estão em semi-planos distintos em rela-
ção a qualquer um dos lados do outro ângulo).
Definição
2.11. A bissetriz de um ângulo ∠AOB é a semi-reta
= BOC
OC , com C no interior de ∠AOB , tal que AOC .
66
C
O
= BOC
Figura 2.21 - OC é bissetriz de ∠AOB se AOC .
A B
M
r
A
r
A
E Exercícios Resolvidos
B 1) Provar que as bissetrizes de um ângulo e de seu suple-
mento formam um ângulo reto.
D
∠
Resolução: Sejam e ∠BOC adjacentes suplemen-
AOB
C O A tares, e sejam OD e OE as bissetrizes de ∠AOB e ∠BOC
respectivamente.
Figura 2.25
- OD é bissetriz de
∠AOB e OE é bissetriz de ∠BOC . Então: AOB + BOC = BOD
= 180 , AOD = AOB e
2
68
= BOC .
= COE
BOE
2
= BOD
Mas DOE = AOB + BOC = 180º = 90º . Portanto
+ BOE
2 2 2
∠DOE é reto.
C B
Q O P
D A
Sejam OP e OQ respectivamente as bissetrizes de
∠AOB e de ∠COD . Então, como AOB = COD
, temos
POB = AOB + BOC
+ BOQ + COD = BOC
+ AOB
= 180º .
2 2
Segue-se que ∠POB e ∠BOQ são adjacentes e suplementares
e,
portanto, um é suplemento do outro, ou seja, OP e OQ são semi-
retas opostas e pertencem à mesma reta.
Exercícios Propostos
1) Qual o ângulo formado pelas bissetrizes de dois ângulos
adjacentes complementares? Explique.
t
C B
P
A
r
s
Q F
D
E
Figura 2.27 - ∠APQ e ∠DQP são alternos internos
r P
A
M
s Q
+ FQP
Figura 2.28 – APQ < 180º : r e s se cruzam em M.
r
α
β s
Não vamos provar agora estas equivalências, mas cabem aqui al-
gumas observações. A existência de uma paralela a uma reta por
um ponto fora dela é um resultado que pode ser demonstrado a
partir de outros axiomas anteriores (a geometria elítica, onde não
Veja no final deste capítulo
há paralelas, não é consistente com aqueles axiomas). A geome-
a bibliografia comentada 3
(Greenberg) para saber mais tria hiperbólica, onde por cada ponto fora de uma reta passa mais
sobre este tema. de uma paralela, é consistente com aqueles axiomas.
Teorema 2.2. Duas retas são paralelas se, e somente se, qualquer
transversal que as intercepte produzir ângulos alternos internos
congruentes.
72
β
α s
α
β
Exercícios Resolvidos
1) Provar o axioma das paralelas (Playfair) a partir do postula-
do 5 de Euclides.
73
P s
δ
β
γ
α r
t
u
P s
ε
γ
α r
Resolução:
Sejam ∠AOB ∠CO ′D dois ângulos
e quaisquer tais
que OA é paralelo a O C e OB é paralelo a O ′D . Então dois ca-
′
sos podem ocorrer (veja as figuras):
N
P
O A M
D
O' C
Figura 2.33 - ∠AOB e ∠CO ′D são congruentes
B
N
P
O A M
D
C O' C'
Na figura 33, o lado O ′D de ∠CO ′D intercepta o lado OA em P,
= CO
e M PN = AOB
′D (correspondentes). Mas M PN (corres-
pondentes). Logo CO ′D = AOB
.
75
Exercícios Propostos
1) Prove o teorema das duas paralelas interceptadas por uma
transversal a partir do Postulado 5 de Euclides.
Resumo
Neste capítulo conceituamos ângulo e chegamos à medida de ân-
gulo através de um ângulo natural padrão que é o ângulo reto. Dis-
cutimos também os postulados 4 e 5 de Euclides e estabelecemos
alguns resultados fundamentais sobre paralelismo. Devido ao seu
caráter mais conceitual, poucos exercícios foram aqui resolvidos ou
propostos. Nos próximos capítulos veremos diversas conseqüências
deste capítulo.
Bibliografia Comentada
1) HEATH, T. L. Euclid’s elements. New York: Dover, 1956.
É a tradução, em inglês, do mais famoso livro de matemática, um dos mais
editados no mundo. O “Elementos” é composto de treze livros que tratam
de diversas áreas da matemática, desde a geometria até a álgebra. Todos
os fundamentos da geometria euclidiana estão aí colocados, com diversos
resultados demonstrados.
Uma pergunta natural que surge é: o que pode e o que não pode
ser construído com régua e compasso? Os gregos não conse-
guiram resolver vários problemas, três dos quais ficaram bem
conhecidos:1) a “duplicação de um cubo”; 2) a “trissecção de um Duplicação de um cubo:
ângulo”; e 3) a “quadratura do círculo”. A pergunta acima pôde construir um cubo de
volume igual ao dobro do
ser respondida no século XIX de modo genial com uma teoria da volume de um cubo dado.
álgebra chamada Teoria de Galois e ficou provado que aqueles
três problemas não têm solução. Métodos aproximados foram de- Trissecção de um ângulo:
dividir um ângulo
senvolvidos antes disso. Arquimedes, um gênio da resolução de qualquer em três ângulos
problemas práticos, resolveu alguns destes problemas. Deve-se congruentes.
notar que as “ciências naturais” se desenvolveram pelo método
Quadratura do círculo:
empírico: observar (através de uma experiência), refletir (elabo- construir um quadrado de
rar uma teoria ou modelo) e experimentar (testar o modelo). Tal área igual à área de um
círculo dado.
método tem suas imprecisões, mas toda a ciência atual (e suas
conseqüências tecnológicas) está baseada nisso.
A B
Uma outra notação bastante comum para os lados (ou suas medi-
das – aqui ambos se confundem) é usar letras minúsculas iguais
ao ângulo oposto. Por exemplo, denotaremos por a o lado BC (ou
sua medida), oposto ao ângulo ∠A .
Denota-se usualmente o perímetro por 2p. Por que 2p? Porque en-
tão p representa a metade do perímetro, o semiperímetro, e este
valor aparece em muitas expressões de cálculos de segmentos es-
peciais e áreas de triângulos. Assim, se ∆ABC é um triângulo,
teremos:
2 p = AB + BC + CA = c + a + b
Observações:
C C
A B A B A B
C C C
A B A B A B
Exercício Proposto
Seja P um ponto interior de um triângulo. Quantos lados do tri-
ângulo podem cruzar uma semi-reta com origem P? (Considere
dois casos: a semi-reta passando ou não por um vértice). Seja ago-
ra P um ponto exterior ao triângulo. Quantos lados podem cruzar
uma semi-reta com origem P? (Considere quatro casos: uma se-
mi-reta contendo um lado do triângulo, uma semi-reta passando
por somente um vértice, uma semi-reta passando por dois lados
mas não por qualquer vértice, e uma semi-reta que não contém
pontos dos triângulos).
85
P C Q
r
A B
= B
Figura 3.4 - PCA = ABC
AC e QCB
= ACB
Mas ACQ + QCB
. Daí, temos:
+ ACB
PCA + QCB 180º ou B
=, + ABC
AC + ACB =180º
■
86
A B
= B
Figura 3.5 - PCB
AC + ABC
β
γ s
α P
r
Exercícios Resolvidos
1) Mostre que a soma dos ângulos externos de um triângulo é
igual a 360º.
C
γ
β
A
α B
Então: + β= C
A + α= B + γ= 180º .
Q P
A B
> ACB
Figura 3.9 - APB
Resolução: A semi-reta BP cruza o lado AC em um ponto Q.
O ângulo ∠APB é externo em relação ao ângulo interno ∠APQ
do triângulo ∆APQ . Então APB = AQP
+ P
AQ > AQP . O ângulo
∠AQP é externo em relação ao ângulo interno ∠BQC do tri-
ângulo ∆BQC . Então AQP = QCB + QBC
> QCB
. Temos então:
> AQP
APB > QCB
=.
ACB
89
Exercícios Propostos
1) Quais são os ângulos internos de um triângulo, sabendo-
se que dois deles são congruentes e o terceiro tem medida
igual ao dobro da medida de qualquer um dos outros dois?
B
D
A E
Figura 3.10 - ∆ABC ≡ ∆DEF
A↔ D
B↔E
C↔F
Se
A= D, B
= E
e C
=F , e se AB = DE , BC = EF e AC = DF ,
então ∆ABC ≡ ∆DEF (e reciprocamente).
Observações:
F
C
A B D
E
Figura 3.11 - AB = DE , , AC
A=D = DF ⇒ ∆ABC ≡ ∆DEF
C'
A B
C
F
G
E
A
B D
Figura 3.13 - Demonstração do caso ALA
P Q
A B
A B D E
C F
A B D E
C F
A B D E
C F
A B D E
v) Caso Cateto-Hipotenusa
C F
A B D E
Exercícios Resolvidos
1) Provar que, por um ponto P fora de uma reta r, passa uma
reta perpendicular à reta r.
95
P Q s
M N r
= QM
Como r é paralela a s temos que M QP N , e como MQ é
hipotenusa comum a ambos os triângulos segue-se, do critério hi-
potenusa-ângulo agudo, que ∆MQP ≡ ∆QMN . Logo, PM = QN .
96
D C
A M B
A = DM
Figura 3.22 - MD = MC , AM = BM e CM B
Resolução: CM A = CM D + DMA e DM B = CM
D + CMB .
Segue-se que DM A = CM B . Como MD = MC e AM = BM
temos, pelo 1º caso de congruência (LAL), que ∆DMA ≡ ∆CMB .
Segue-se AD = BC (AD é lado oposto a ∠DMA e BC é lado
oposto a ∠CMB ).
Exercícios Propostos
1) Justifique os casos de congruência hipotenusa-ângulo agu-
do e cateto-cateto para triângulos retângulos.
A B D
A B
s t
Figura 3.25 - s ⊥ r e t s
B
N
Q
O P A O' M C
P s
β
α r
t
r
A Q
Seja PB o outro lado do ângulo transportado. Então PB é para-
lela à reta r.
Justificativa:
B
N
P
O
A
M
Figura 3.29 - ON = OM e PN = PM
Problema Proposto
Encontrar com régua e compasso um ponto em um dos lados de
um ângulo ∠AOB cuja distância ao outro lado é um valor dado.
Exercícios Resolvidos
1) Provar o 3º caso de congruência para triângulos quaisquer
(caso LLL).
B
A
D
E
ra o segmento CG . Temos três casos: CG intercepta a reta AB
em um ponto entre A e B; CG intercepta a reta AB em A (ou
em B), e CG intercepta AB em um ponto que não pertence ao
segmento AB . Suponha o primeiro caso (os outros dois ficam para
os exercícios):
= ACG
ACB + BCG
= AGC
+ BGC
= AGB
.
=
Assim temos AC AG =
, ACB
AGB= e BC BG e, pelo 1º caso
de congruência, ∆ABG ≡ ∆ABC . Segue-se, por transitividade,
que ∆ABC ≡ ∆DEF .
Resolução:
C
A M B
Figura 3.31 - AC = BC e AM = BM
P Q
A B C
Exercícios Propostos
1) Demonstre o caso hipotenusa-cateto de congruência de tri-
ângulos retângulos.
C F
A G B D E
E
C
A B D
= C BD
Figura 3.34 - BCE
N
B
P
O
M
A
Figura 3.35 - OP é bissetriz de ∠AOB ⇔ PM = PN
P
O
A
Figura 3.36 - OP bissetriz de ∠AOB ; a reta OP é o lugar
geométrico
dos pontos equidistantes das retas OA e OB
A M B
O
B
Exercícios Resolvidos
1) Traçar com régua e compasso a mediatriz de um segmento.
A B
Figura 3.39 - PQ é mediatriz de AB
108
C s
A B
r
Resolução:
Sejam P e Q respectivamente pontos sobre os
lados
OA e OB do ângulo ∠AOB tais que as distâncias de P a OB e
109
de Q a OA sejam iguais a k (veja problema de construção geomé-
trica proposto na seção 3.4).
Sejam M e
Nos pés
das perpendiculares por P e Q respectivamente
aos lados OB e OA . Então, ∆PMQ ≡ ∆QNP , pois PM = QN = k
e PQ é hipotenusa comum (critério hipotenusa-cateto). Segue-se
que OPQ = OQP .
Seja
agora PC paralela ao lado OB . Então, a distância de PC a
OB é constante e igual a PM = k (veja exercício resolvido 2, da
seção 3.4.3). Além disso, QPC = OQP = OPQ . Então, PQ é bis-
setriz de ∠OPC .
Q B
F
M
C
N
G E
P
A
A B
Exercícios Propostos
1) Qual é o lugar geométrico dos pontos eqüidistantes de duas
retas paralelas?
C r
N D
M
A B
AB
Figura 3.43 - MN AB e MN =
2
112
= BND
Então ∆MNC ≡ ∆DNB , pois CN = BN , C NM (opostos
= DBN
pelo vértice) e M CN (alternos internos) (caso ALA). Se-
gue-se que BD = CM = AM , DN = MN e BDN = CM N .
Mas M + ACB
AC + M BC = = M CA
180º e, como ACB + M CB
,
+ 2 M CB
temos 2 M CA = 180º , ou ACB
= M CA
+ M CB
= 90º .
A M B
= 90°
Figura 3.45 - CM = AM = BM implica em C
■
Exercício Resolvido
Construir com régua e compasso um triângulo retângulo, sendo
dados a hipotenusa e um ângulo agudo.
Exercício Proposto
Construir com régua e compasso um triângulo retângulo, sendo
dados a hipotenusa e um cateto.
C C C
A H B A M B A D B
N C
M
B
A
N M
J
P Q
A B
Exercícios Resolvidos
1) Provar que, em um triângulo isósceles, a altura, a mediana
e a bissetriz relativas à base coincidem. Neste caso, estas ce-
vianas estão contidas na mediatriz da base do triângulo.
P Q
A M B
= BCM
Figura 3.50 - AM = BM e ACM implica em ∆ABC isósceles
E
F P
N
A D M B
Exercícios Propostos
1) Construa com régua e compasso um triângulo, sendo dados
os comprimentos de suas três medianas.
A B
<
Figura 3.52 - AC < BC implica em B A
<
Suponha agora que, no ∆ABC , B A . Vamos provar que AC < BC .
Há três possibilidades: AC = BC , AC > BC e AC < BC . Se
121
A B D
i) AC < AB + BC ,
ii) AB < AC + BC e
iii) BC < AB + AC .
D
A B
B'
Figura 3.54 - AB ′ < AB
Seja CD , com D sobre AB , a bissetriz do ângulo ∠BCB ′ . En-
tão ∆CDB ≡ ∆CDB ′ , pois BC = B ′C , BCD = B ′CD
e CD é
comum (caso LAL). Logo, DB ′ = DB . Agora, no ∆ADB ′ , temos
AB ′ < AD + DB ′ = AD + DB = AB (pela desigualdade triangular).
Exercícios Resolvidos
1) Um Problema de Minimização: O Problema de Heron –
Dados dois pontos A e B, em um mesmo lado de uma reta
r, achar o ponto P de r tal que AP + BP seja mínima (entre
todas as possíveis somas com P variando em r).
124
B
A
r
M P Q N
A'
P C r
M
A B
Resolução:
C
D
P
A B
Exercícios Propostos
1) Prove o problema “dual” do exercício 2 resolvido acima:
dentre todos os triângulos com um lado dado e com o pe-
126
B
M
P
A
O
Figura 3.58 - OA = OB = R
B
A
P
P r
A
P
B
O
Q
B
O
Figura 3.62 - PA = PB
R1 R2
O1 O2
R1 R2
O1 P O2
O1 O2
M
P
P
O1 O2 O1 O2
Q
Q
P
O1 O2
O2
O1
O1≡ O2
Exercícios Resolvidos
1) Sejam duas circunferências tangentes (exteriores ou interio-
res) em um ponto P. Provar que, se Q é um ponto qualquer
da reta tangente às circunferências em P, então os segmen-
tos de reta tangentes às duas circunferências têm o mesmo
comprimento.
B
P
O1 O2
Figura 3.69 - QA = QP = QB
Resolução:
P
A
M Q
O N
Figura 3.70 - PA + AB + PB =⋅
2 PM =⋅
2 PN
2 p = PA + AB + PB = PA + AQ + BQ + PB = PA + MA + NB + PB =
2 p = PA + AB + PB = PA + AQ + BQ + PB = PA + MA + NB + PB = 2 ⋅ PM = 2 ⋅ PN
O A
5) Dadas duas circunferências tal que uma delas não seja inte-
rior à outra, traçar com régua e compasso uma reta tangente
a elas de modo que ambas pertençam ao mesmo semiplano
determinado por esta tangente.
M
N
P t
O1 O2
Figura 3.73 - O1 P = R1 − R2
O
P
O'
r
M
Figura 3.74 - O′M e ON são paralelas
M O
B t
P
Figura 3.75 - OB = OA = OP e OM é mediatriz de AB
O1
M
N O2
P
Q
O3
Figura 3.76 - NP = O2Q implica em MO3 mediatriz de NO2
Exercícios Propostos
1) Seja ∆ABC um triângulo retângulo com A = 90º . Sejam
a+b+c
BC = a , AC = b , AB = c e p = (o semi-perímetro
2
do ∆ABC ). Prove que o raio r da circunferência inscrita nes-
se triângulo é dado por r = p − a .
C B
O
A
C
O arco de medida 180°, correspondente ao “ângulo” raso, é
uma semicircunferência. O segundo tipo de ângulo na cir-
Figura 3.78 -
ABC = 240° cunferência mais importante é definido a seguir.
142
A B
Sejam PA e PB os lados de um ângulo inscrito. Dizemos aqui
também que o ângulo ∠APB subentende, delimita ou define o
arco
AB que está em seu interior.
A
B
D
Figura 3.81 - Caso (ii)
Então APB = APD + BPD = AD e
. Mas, por (i), APD
2
BD AD BD AB
BPD = . Então APB = + = (a soma de medidas
2 2 2 2
de arcos decorre imediatamente da soma das medidas dos ângulos
centrais correspondentes).
A O
B D
Figura 3.82 - Caso (iii)
arco
está todo contido em um dos semiplanos definidos pela reta
AB . O que o teorema 3.10 nos diz é que qualquer ponto deste
arco é vértice de um ângulo inscrito na circunferência cujos lados
AB
passam por A e por B, com medida (como foi convencionado,
2
supomos AB o arco menor). Na figura abaixo representamos este
AB
arco onde = α.
2
α
α
A B
AB
Figura 3.83 - a = < 90°
2
AB 180º
No caso da semicircunferência teremos =
α = = 90º , um
2 2
resultado que já havíamos obtido na seção 3.5.3 como conseqüên-
cia do teorema 3.5.
A O B
Observe que, no caso dos vértices sobre o arco maior, AB < 180º ,
AB
e daí teremos =
α < 90º . Portanto, pontos sobre arcos maiores
2
formam com as extremidades do arco ângulos agudos (Confira
novamente a figura 3.83).
145
ACB 360º −
AB
AB
=
APB = = 180º − = 180º −α .
2 2 2
A B
P
ACB
Figura 3.85=
- APB 180° − a
2
M C
D
α N
α
A B
. A análise do problema é:
Resolução: Seja a = C
A H B
P B
O
A
ˆ
Figura 3.91 - PA = POA = POM
ˆ = APB
ˆ
2 2
149
Como OP é perpendicular a PB (pois PB é tangente à circunfe-
rência) e como PA é perpendicular a OM ( ∆OPA é isósceles e
OM é altura da base), segue-se que os ângulos ∠POM e ∠APB
são congruentes (exercício resolvido 3, da seção 2.7). Note que
os dois ângulos na figura são agudos e, portanto, não podem ser
suplementares.
Assim: APBˆ = POMˆ = PA
2
■
A M B
α
r
Justificativa: Pela construção, BP é tangente à circunferência e,
portanto, ∠ABP é um ângulo de segmento com ABP = AB . Mas
2
AB
ABP = α . Logo α = e o arco no semiplano oposto ao lado BP
2
150
P P P
A B
B
A B
A
O O O
C
D
D
B
A
P
O
C
A P
α
C
B
−
CD AB
Figura 3.95 - a =
2
= AB
Seja a a medida desse ângulo. Na figura vê-se que ACB
2
CD
( ∠ACB é inscrito) e C BD = ( ∠CBD é inscrito). Mas
2
∠CBD é externo ao ângulo ∠CBP no triângulo ∆CBP . Logo
= C PB
C BD + PCB = α + ACB . Segue-se que:
CD
AB −
CD AB
= α+ ou α =
2 2 2
Os outros casos deixamos como exercício. Note que no vértice do
ângulo ex-inscrito interno temos dois pares de ângulos opostos
pelo vértice.
■
152
Exercícios Resolvidos
1) Seja uma circunferência de centro O. Mostre que duas cor-
das AB e CD nesta circunferência são congruentes se, e so-
mente se, os ângulos centrais ∠AOB e ∠COD forem con-
gruentes.
O
D
=COD
Figura 3.96 - AB =CD ⇔ AOB
A B
α
2
O ≡C D'
α
α C' 2
α
A B
A γ
β
α δ
P r
C G
H
I
A B
F
ˆ= IG
Figura 3.101 - IFG = CBH ˆ= IH
ˆ= CAG = IFH
ˆ
2 2
= IG = I BG
Portanto I FG .
2
Da mesma forma, os pontos A, F, I e H estão em uma mesma
circunferência, cujo centro é ponto médio do segmento IA . Os
ângulos ∠IFH e ∠IAH são inscritos na mesma circunferência e
delimitam o mesmo arco . Segue-se que I FH = IH = I
AH .
2
Por outro lado, os triângulos retângulos ∆CBH e ∆CAG têm um
ângulo agudo comum ∠C . Segue-se que H BC = G AC , que é o
mesmo que dizer que IBˆ G = IAH . Dos parágrafos acima concluí-
ˆ
mos que IFˆG = IFˆH .
Exercícios Propostos
1) Sejam r e s duas retas secantes que interceptam uma circun-
ferência nos pontos A, B e P, Q respectivamente. Prove que
r e s são paralelas se, e somente se, os arcos (ou
AP e BQ
AQ e BP ) tiverem a mesma medida. Prove que, neste caso,
∆APB ≡ ∆BQA .
B
C
A
D O
3.6 Conclusão
Como foi dito no início, neste capítulo apresentamos uma gran-
de quantidade de resultados, permitindo-nos ampliar o nosso
conhecimento sobre triângulos, suas propriedades e diversas
conseqüências (algumas ainda por vir nos próximos capítulos),
propiciando ainda resolver diversos problemas de construções
geométricas com régua e compasso. O coração do capítulo é o
estudo da congruência de triângulos. No entanto, os resultados
apresentados são, em sua maioria, de ordem qualitativa, não per-
mitindo praticamente calcular nenhuma medida (como se pôde
ver nos exercícios). Por exemplo, não sabemos ainda calcular o
comprimento de nenhum segmento no triângulo eqüilátero (ape-
159
Exercícios Propostos
I) Exercícios Gerais
1) Provar que, se um triângulo tiver duas alturas congruentes,
então ele é isósceles. Provar que, se um triângulo tiver duas
medianas congruentes, então ele é isósceles.
B
P
N
O M A
N
A
terra S
firme
17) São dadas duas retas paralelas e um ponto entre elas. Tra-
çar uma circunferência tangente às duas retas, passando
pelo ponto.
18) São dados dois pontos A e B e uma reta r tais que AB é pa-
ralelo a r. Traçar uma circunferência tangente a r, passando
por A e B.
Resumo
Estudamos congruência de triângulos e todos os resultados sobre
triângulos daí decorrentes, passando pelo estudo de tangência e
de ângulos na circunferência. Abordamos também, pela primeira
vez, problemas de construção geométrica com régua e compasso.
Tais problemas estão espalhados ao longo de todo capítulo como
aplicação do desenvolvimento do conteúdo. Iniciamos o capítulo
com uma breve introdução a essas construções.
165
Bibliografia comentada
1) DOLCE, O.; POMPEO, J. N. Fundamentos de matemática ele-
mentar. 7. ed. São Paulo: Atual, 1997. v. 9.
É um livro básico e simples, contendo muitos resultados e exercícios.
Capítulo 4
Polígonos
A3 A3
A1 A1
A4
A5
A1 A1
A5 A2
A4
A2
A4
A3
A3
Figura 4.2 - Exemplos de polígonos
A3 A1 A2
A3
A2
A2 A3 A5
A1 A4 A1
A5
A4
A4
Observações:
origem neste ponto, que não passe por nenhum dos vértices inter-
ceptar a poligonal um número ímpar de vezes; um ponto é exte-
rior se, e somente se, qualquer semi-reta, com origem neste ponto,
que não passe por nenhum dos vértices interceptar a poligonal
um número par de vezes (que pode ser zero).
A3
A4 P
A2
A1
A5
A6
Q
A4
A3
P' P
A2 A5
A4 P
Q' A3
Q Q
A5 A2
A1
A1
A3
A4 A4
A5
A3
A2
A1
A1
A2
(como se prova isto?). Isto quer dizer que um polígono não con-
vexo possui (pelo menos) um ângulo interno com medida maior
do que 180°.
A8
A7
A3
A4
A6
A5
A9
A2
A1
A3 A7
A4 A4
A8
A2 A9 A5 A3
A6
A5
A1 A1 A2
Figura 4.8 - Diagonais de um polígono: (A) convexo; (B) não convexo (algumas)
An A2
A(n-1) A3
A(n-2) A4
n (n − 3) .
2
Observe que n (n − 3) é um número par para todo n inteiro (se n
for ímpar então n − 3 é par) e, portanto, a expressão acima nos dá
um número inteiro. O número de diagonais ultrapassa o número
de lados do polígono a partir de n = 6 (exercício 2 proposto nesta
n2
seção) e nunca ultrapassa .
2
O número de diagonais de um polígono não nos diz muito so-
bre sua estrutura. Muito mais importante e interessante é ob-
servar que, em um polígono convexo de n lados, ao se traçar
as n − 3 diagonais partindo de um de seus vértices, dividimos
o polígono em n − 2 triângulos (veja a figura 4.9 novamente):
∆A1 A3 A2 , ∆A1 A4 A3 , , ∆A1 An An −1 . A soma dos ângulos desses triân-
gulos nos dá a soma dos ângulos internos do polígono, ou seja:
180º (n − 2 ) .
178
180º (n − 2 )
.
n
Isto é interessante porque nos permite constatar analiticamen-
Linus Carl Pauling (1901
te que o ângulo interno de um polígono eqüiângulo é maior ou – 1994), foi a segunda
igual a 60° e menor do que 180°. Mais interessante ainda, o valor personalidade a ter
do ângulo interno de um polígono regular nos mostra quais são, conquistado dois prêmios
Nobel. Ganhou o prêmio de
dentre este polígonos, aqueles que podem ser “colados” em torno Química em 1954, “por sua
de um ponto ocupando inteiramente uma região do plano (veja pesquisa sobre a natureza
da ligação química e sua
exercício resolvido abaixo).
aplicação à elucidação da
estrutura das substâncias
Observação: O cálculo do ângulo interno de um polígono regular complexas”. O outro foi o
da Paz em 1962, por tentar
de 6 lados nos dá um valor de 120° (verifique). Experimentos mos- proibir o uso de armas
traram que a molécula do benzeno (C6H6) é plana no sentido que nucleares. Quando ganhou
os átomos de carbono (seus centros) são coplanares. Tais átomos o prêmio de Química, era
pesquisador no Instituto de
apresentam um ângulo de 120° entre si, o que confirma a teoria Tecnologia da Califórnia,
dos orbitais hibridizados para o átomo de carbono em moléculas em Pasadena. Propôs o
Diagrama de Pauling, sobre
de substâncias orgânicas (no caso o benzeno, na hibridização sp2,
as subcamadas de elétrons
formando uma estrutura hexagonal regular) de Linus Pauling. no átomo.
Fonte: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Um último comentário sobre polígonos em geral: alguns polígo-
nos são inscritíveis, ou seja, podem ser inscritos em uma circun-
ferência (e isto significa que todos os seus vértices estão na mes-
ma circunferência), e outros são circunscritíveis, ou seja, podem
ser circunscritos a uma mesma circunferência (e isto significa que
todos os seus lados são tangentes à mesma circunferência).
Exercícios Resolvidos
1) (Soma dos ângulos externos de um polígono): Um ângu-
lo externo de um polígono no vértice Ak é o ângulo obti-
do pelo prolongamento do lado Ak −1 Ak com o lado Ak Ak +1
do polígono. Mais exatamente,
é o ângulo cujos lados são
Ak Ak +1 e a semi-reta oposta a Ak Ak −1 . Isto ocorre tanto no
caso de polígonos convexos como de não convexos. A figura
abaixo mostra ângulos externos nas duas situações:
A4
A2
A5
β
A3
α
A6 A1
180 (n − 2)
k⋅ = 360 , para k inteiro.
n
Mas isto será verdade se, e somente se,
k ⋅180 (n − 2) =360n , ou k (n − 2) = 2n ,
2n
ou k = .
n−2
Observe que, por tentativas, k é inteiro para n = 3(k = 6) e para O símbolo ⇔ significa “se,
n = 4 (k = 4) . Para n = 5 não teremos k inteiro. Para n = 6 tere- e somente se”, e indica um
caminho de “duas vias”, ou
mos k = 3 . Observe agora que k decresce quando n cresce, pois: seja, é correto “voltar” nas
implicações).
2 (n + 1) 2n
< ⇔ 2 (n + 1) (n − 2) < 2n (n − 1) ⇔
(n + 1) − 2 n − 2
+ 1) 2n
< ⇔ 2 (n + 1)(n − 2 ) < 2n (n − 1) ⇔ n 2 − n − 2 < n 2 − n ⇔ −2 < 0
)− 2 n − 2
Assim, partindo da desigualdade (verdadeira) −2 < 0 , podemos
obter a desigualdade inicial. Por outro lado, k > 2 , pois:
2n
> 2 ⇔ 2n > 2n − 2 ⇔ 0 > −2
n−2
P P
P
Exercícios Propostos
180º (n − 2)
1) Prove que 60º ≤ < 180º , onde n é o número de la-
n
dos de um polígono.
4.3 Quadriláteros
Estudaremos nesta seção os quadriláteros (os polígonos de qua-
tro lados) e, em especial os quadriláteros convexos. Dentre estes,
alguns apresentam propriedades especiais e os chamaremos de
quadriláteros especiais.
Demonstração:
C
D
A
B
BCD
Então
A= = BAD.
eC
2 2
+ BAD
BCD 360º
Logo,
A+C
= = = 180º.
2 2
+ D
Analogamente, prova-se que B = 180º .
C P
D
A
B
=
A+ P 180º .
P
BCD , ou C
>P
.
P C
D
Q N
A
M
B
Figura 4.14 – ABCD está circunscrito à circunferência.
Vamos provar agora que se a soma das medidas dos lados opostos
de um quadrilátero são iguais, então ele é circunscritível. Supo-
nha que ABCD seja um quadrilátero tal que AB + CD = BC + AD .
Vamos provar que ele é circunscritível. Uma “candidata” para cir-
cunferência inscrita é a circunferência tangente aos três lados AB ,
AD e BC do quadrilátero. O centro desta circunferência é o pon-
to de intersecção das bissetrizes dos ângulos ∠A e ∠B (por que
elas se cruzam?). Vamos provar que o quarto lado, CD , também
é tangente àquela circunferência. Suponha, por absurdo, que isto
não ocorra. Então CD é exterior à circunferência, ou CD cruza a
circunferência em dois pontos.
Suponha que
CD não intercepte a circunferência. Seja então E um
ponto de AD tal que CE seja tangente à circunferência no ponto
P. Note que E está entre A e D e, portanto, AE + ED = AD .
185
C
D
E P
Q N
A
M B
BC + AE + ED = AB + CE + ED , ou:
BC + AD = AB + CE + ED > AB + CD
D C
A B
D C
A B
D C
A B
Então B e ABP
AP = DCP = C DP
(alternos internos) e, como
AB = CD , temos ∆ABP ≡ ∆CDP . Segue-se que AP = CP e
BP = DP . Pelo teorema 4.4 o quadrilátero ABCD é um parale-
logramo.
D C
A B
Figura 4.19 - AB // CD e BC = AD
■
P D
C
A B
A B ■
Figura 4.21 - AB = BC = CD = DA
Então o losango herda todas as propriedades de um paralelogra-
implica em AB //CD e BC //AD
mo: diagonais cruzando-se ao meio, ângulos opostos congruen-
tes. Mas os losangos possuem outra característica que os difere de
um paralelogramo qualquer.
A B
Figura 4.22 - AC ⊥ BD
= C PD
Então ∆BPC ≡ ∆DPC (caso LLL). Segue-se que C PB e
como C PB + C PD
= 180º , temos C PB
= C PD
= 90º e as diago-
nais são perpendiculares.
D C
A B
Figura 4.23 - AC = BC
D C
A B
D C D C D C
A B A B A B
D C
A N M B
Exercícios Resolvidos
1) Provar que a base média de um trapézio é paralela às bases
e tem medida igual à semi-soma das medidas dessas bases.
D C
M N
P
A B
Seja P o ponto de intersecção das retas AB e DN (figura).
Então, como NCD = N BP (alternos internos), CN = BN e
= BNP
C ND (opostos pelo vértice), temos que ∆CND ≡ ∆BNP
(caso ALA). Segue-se que BP = CD . Por outro lado, como M e N
são respectivamente os pontos médios dos lados AD e PD do
triângulo ∆APD , temos que MN é paralelo a AP (e, portanto, a
AP AB + BP AB + CD
= =
AB ) e MN = .
2 2 2
D Q C
A B
M P N
Figura 4.28 - AD ≥ DM e BC ≥ CN
196
D C
D'
A
B'
B
C
P
D
N
Q
A M B
AC
Então, no triângulo ∆ACD temos que QP // AC e QP = ,e
2
AC
no triângulo ∆ABC temos MN // AC e MN = (teorema 3.5
2
198
Exercícios Propostos
1) Prove que um paralelogramo é inscritível se, e somente se,
ele for retângulo.
Exercícios Propostos
I) Exercícios Gerais
1) Prove que todo polígono regular é inscritível.
C
D
A B
Resumo
Neste capítulo definimos polígono, polígono convexo e polígono
regular. Em seguida, passamos a estudar os quadriláteros e as ca-
racterísticas que eles devem apresentar para que sejam inscritíveis
ou circunscritíveis. Finalmente, estudamos os quadriláteros espe-
ciais. Vimos que todo losango e todo retângulo são um paralelo-
gramo e que o quadrado está na intersecção daquelas duas classes
de quadriláteros. Vimos também que todas as propriedades dos
quadriláteros especiais foram deduzidas a partir da congruência
de triângulos. Pode-se perguntar, então, qual a importância de se
considerar tais quadriláteros? Vimos que a circunferência, intro-
duzida axiomaticamente por Euclides (Postulado III) teve, e terá,
um papel importante no estudo de ângulos e na construção de
figuras. Os quadriláteros especiais, em particular o quadrado, te-
rão um papel fundamental no estudo de áreas de figuras planas.
Neste estudo, o caminho percorrido será o inverso do que esco-
lhemos para apresentar aqueles quadriláteros: da área do quadra-
do, passaremos à área do retângulo, daí para o paralelogramo,
deste para o triângulo e, finalmente, para o trapézio.
Bibliografia Comentada
1) LIMA, E. L. Matemática e ensino. Rio de Janeiro: SBM, 2001.
(Coleção do Professor de Matemática).
Um excelente livro com discussões sobre diversos temas do Ensino
Fundamental e Médio.
Capítulo 5
Áreas de Figuras Planas
Relativo a ou próprio da
pintura. Pitoresco: que
diverte; recreativo.
Fonte: Dicionário Houaiss.
Portanto, quando nos Figura 5.1 - Um exemplo de curva plana aberta (a), e de uma curva plana fechada (b)
referimos à noção pictórica
em geometria, será
referente à noção induzida Para obtermos algo mais que uma simples idéia pictórica, a noção
pela apreciação visual das de continuidade é um conceito elaborado em matemática, com o
figuras geométricas e não
através de uma definição qual você terá contato em disciplinas posteriores deste curso. Por
matemática formal. hora, bastam-nos duas características intuitivas das aplicações
206
contínuas: (1) Uma aplicação contínua associa pontos próximos A noção de continuidade
a pontos próximos. (2) Uma aplicação contínua não admite rup- é um conceito elaborado
em matemática, com o
turas, cortes ou colagens, isto é, se considerarmos os conjuntos qual você terá contato
como feitos de borracha, uma aplicação contínua somente admiti- em disciplinas posteriores
deste curso. Por hora,
ria que se esticasse ou encolhesse, sem no entanto cortar ou colar,
bastam-nos duas
podemos considerar as seguintes definições formais: características intuitivas
das aplicações contínuas:
(1) Uma aplicação contínua
Definição 5.1. Uma curva plana é fechada quando ela for a ima- associa pontos próximos a
gem de uma aplicação contínua de uma circunferência no plano. pontos próximos. (2) Uma
aplicação contínua não
admite rupturas, cortes
Definição 5.2. Uma curva plana é aberta quando ela for a imagem ou colagens, isto é, se
de uma aplicação contínua de um intervalo, de uma semi-reta ou considerarmos os conjuntos
de uma reta no plano. No caso de um intervalo, as imagens das como feitos de borracha,
uma aplicação contínua
extremidades devem ser distintas. somente admitiria que se
esticasse ou encolhesse,
sem no entanto cortar
Dito de outra maneira e, apelando para a sua intuição geomé- ou colar partes antes
trica, podemos dizer que toda curva fechada pode ser traçada a desgrudadas.
partir de uma circunferência, considerando-a feita de “elástico”
ou “barbante”, sem “arrebentar” ou “emendar”. Da mesma forma,
uma curva aberta pode ser pensada como produzida a partir de
um intervalo, de uma semi-reta, ou de uma reta, de uma maneira
contínua, sem cortes ou emendas. Dentre todas as curvas planas
fechadas, vamo-nos ocupar com as curvas simples.
Definição 5.3. Uma curva simples é uma curva que não possui
auto-intersecções.
Figura 5.2 - Um exemplo de curva simples (a) e de uma curva não simples (b)
207
O nome do teorema é Um resultado profundo sobre curvas fechadas e simples, cuja de-
devido ao matemático monstração está muito além do escopo deste livro é o teorema
francês Camile Jordan,
pois foi ele quem deu da curva de Jordan. Basicamente, esse teorema estabelece o fato,
a primeira “prova” do razoavelmente intuitivo, que uma curva fechada e simples divide
resultado, isso em 1877.
o plano em duas regiões disjuntas, a de dentro e a de fora.
interior exterior
Figura 5.3 - Região interior e região exterior a uma curva plana fechada e simples
Definição 5.4. Seja uma região plana Σ , delimitada por uma cur-
va fechada simples γ . A área de Σ é um número real positivo,
denotado por A(Σ) , satisfazendo as seguintes condições:
2) Se duas regiões, Σ1 e Σ 2 são tais que sua intersecção não Um ponto P ∈ Σ é dito ser
interior a Σ se existir um
contém pontos interiores, ou seja, se intersectam no máximo número real positivo r , tal
pela sua fronteira, então A(Σ1 ∪ Σ 2 ) = A(Σ1 ) + A(Σ 2 ) . Isto é, a que o círculo de centro P
e raio r esteja inteiramente
área é uma grandeza aditiva.
contido na região Σ .
3) Um quadrado de lado igual a 1 possui área igual a 1.
Exercício Resolvido
Mostre que se uma região Ω está contida propriamente dentro de Um conjunto A está
contido propriamente
uma região Σ , então A(Ω) ≤ A(Σ) . E mostre que se o complemen-
dentro de um conjunto B
tar de Ω em Σ tiver pontos interiores, então A(Ω) < A(Σ) . se A ⊆ B e A ≠ B .
Uma conseqüência da aditividade da área que também será am- Qualidade, atributo,
característica de aditivo.
plamente utilizada, inclusive por razões práticas, é a decomposi-
Fonte Dicionário Houaiss.
ção. Basicamente, a idéia é: para calcularmos a área de uma re-
gião cujo formato é complexo, basta subdividirmos a região em Quando nos referirmos
à aditividade da área,
regiões menores cujo formato nos permite calcular facilmente sua estaremos nos referindo
área, por fim somamos as áreas de todas as sub-regiões e obtemos à propriedade (2) da
a área total da figura em questão. definição 5.4.
1 m2
S = m ⋅ A = m ⋅ 2 = 2 = a2 .
2 2
(5.3)
n n
Para o caso em que o número a é um número irracional, pro- Esta será uma prova por re-
dução ao absurdo. Freqüen-
varemos que qualquer número b < a 2 corresponde à área de um
temente utilizaremos esse
quadrado menor que a do quadrado de lado a , e qualquer número argumento: Para provarmos
b > a 2 corresponde à área de um quadrado maior que a do qua- que duas grandezas são
iguais, basta provar que
drado de lado a . qualquer uma delas não
pode ser menor que a outra.
Primeiramente, é fácil verificar que qualquer quadrado de lado ra-
cional r < a está inteiramente contido em um quadrado de lado
211
s
r a
D C
A X Y B
a b
(a + b) 2 = a 2 + b 2 + 2. A(a, b) . (5.4)
(a + b) 2 = a 2 + b 2 + 2.a.b . (5.5)
A(a, b) = a.b .
■
213
H A B
D C K
H A B E F
D C K I G
HB ⋅ BK= ( HA + AB ) ⋅ h= ( HA + b) ⋅ h ,
A( HBKD)= ( EF + b) ⋅ h= EF ⋅ h + b ⋅ h= A( ABCD) + EF ⋅ h
A H B
D C
A H B
Exercício Resolvido
Mostre que a área de um trapézio é dada pelo produto da média
aritmética de suas bases pela sua altura.
A B
D C
Figura 5.15 - Área do trapézio ABCD
Exercícios Propostos
1) Mostre que a área de um losango pode ser obtida como a
metade do produto dos comprimentos de suas diagonais (é
importante relembrar os resultados principais a respeito de
losangos no capítulo sobre polígonos).
Arquimedes (287 a.C. - Novamente, o princípio de exaustão é o suporte teórico que nos
212 a.C.), matemático e
assegura que a área da região será dada ao tomarmos um polígo-
inventor grego foi um
dos mais importantes no inscrito ou circunscrito com uma infinidade de lados, sendo
matemático da Antigüidade. todos eles de comprimento infinitesimal. Utilizando esse tipo de
Criou um método para
calcular o número (razão
procedimento, Arquimedes, em torno do ano 250 a.C., estimou
entre o perímetro de uma a área de um círculo de raio 1 (que sabemos ter o valor igual a
circunferência e o seu π =3.14159265... ) usando dois polígonos de 96 lados, um inscrito
diâmetro). Acreditava que
nada do que existe é tão 10 10
e o outro circunscrito, obtendo o valor 3 < π < 3 .
grande que não possa 71 70
ser medido. Aperfeiçoou
o sistema grego de
numeração, criando uma Arquimedes publicou esses resultados na célebre obra “The me-
notação cômoda para os asurement of a circle”, a tradução para a língua inglesa adotada é
números muito grandes,
a de Sir Thomas Heath, publicada no volume 10 dos Great Books
semelhante ao atual sistema
exponencial. da Enciclopaedia Britannica. No curso de geometria 2, serão feitos
Fonte: Wikipedia, a todos os detalhes dessa construção, bem como será mostrado que
enciclopédia livre.
o processo de duplicar o número de lados de um polígono regu-
lar inscrito ou circunscrito produz uma seqüência que satisfaz as
hipóteses do princípio de exaustão. O mesmo Arquimedes calcu-
lou a área de uma figura plana limitada por um arco de parábola
e por um segmento de reta, unindo dois de seus pontos através
de triângulos justapostos em seu interior . Arquimedes publicou
esses resultados na obra “Quadrature of the Parábola”. Aqui tam-
bém citamos a tradução de Sir Thomas Heath no volume 10 dos
Great Books da Enciclopaedia Britannica.
Arquimedes - Pintura de
Domenico Fetti (1620),
Museu Alte Meister em
Exercícios Propostos
Dresden (Alemanha).
1) Tome duas triangulações distintas no mesmo polígono e ar-
gumente por que a área do polígono calculada a partir des-
sas duas triangulações tem que resultar no mesmo valor.
3) Estime, aproximadamente, tanto por falta como por excesso A existência e unicidade
desse número são
a área de uma figura delimitada por uma curva plana fecha-
garantidas pelo princípio
da e simples. dos intervalos encaixantes
que diz: Se uma seqüência
4) Mostre que o princípio de exaustão pode também ser uti- de intervalos fechados reais
lizado trabalhando-se simultaneamente com os polígonos I n = [an , bn ] , com n ∈ N é
tal que I n +1 ⊆ I n para todo
inscritos e circunscritos. A grandeza em questão é a dife- n e a diferença bn − an
rença entre a área do polígono circunscrito e a do polígono tende a zero a medida que
n aumenta, então existe
inscrito. A área da região é o número que está em todos os
um único número real a
intervalos delimitados inferiormente pela área de um po- pertencente a todos esses
lígono inscrito e superiormente pela área de um polígono intervalos simultaneamente.
circunscrito.
Exercícios Resolvidos
1) Seja ∆ABC um triângulo equilátero e P um ponto arbitrá-
rio em seu interior. Mostre que a soma das distâncias de P
aos três lados do triângulo, independe da escolha do ponto
P e esta soma é igual à altura do triângulo equilátero. A
M
K
P
C B
L
AB AB ⋅ h
A(∆ABC ) = ⋅ ( PK + PL + PM ) = (5.14)
2 2
AK BL CM
⋅ ⋅ =
1. (5.15)
KB LC MA
K
P
C
L B
AK A1 A1 + A5 + A6 A5 + A6
= = = , (5.16)
KB A2 A2 + A3 + A4 A3 + A4
onde a primeira e a segunda igualdades vêm do fato que estamos
comparando triângulos com bases, respectivamente, iguais a AK
e KB , e de mesma altura. Você é convidado a verificar a última
igualdade, que é apenas uma propriedade elementar das propor-
ções (ver o exercício proposto (3) desta seção). De igual modo,
temos as igualdades:
BL A3 A3 + A1 + A2 A1 + A2
= = = , (5.17)
LC A4 A4 + A5 + A6 A5 + A6
CM A5 A5 + A3 + A4 A3 + A4
= = = . (5.18)
MA A6 A6 + A1 + A2 A1 + A2
Utilizando simultaneamente as igualdades (5.16), (5.17) e (5.18),
podemos concluir que:
AK BL CM A5 + A6 A1 + A2 A3 + A4
⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = 1. (5.19)
KB LC MA A3 + A4 A5 + A6 A1 + A2
225
AK BL CM
⋅ ⋅ =
1.
KB LC MA
Exercícios Propostos
1) Mostre que o teorema de Viviani é válido mesmo quando o
ponto P está sobre um dos lados ou for um dos vértices do
Um apótema de um triângulo equilátero.
polígono regular é o
segmento perpendicular a 2) Elabore uma generalização do resultado do teorema de Vi-
um dos lados do polígono viani para o caso de um ponto no interior de um polígono
com uma extremidade no regular qualquer (nesse caso, você terá que considerar as
centro da circunferência
inscrita (ou circunscrita) e a distâncias do ponto às retas que contêm os lados, e terá que
outra extremidade no lado relacionar com a medida do apótema do polígono).
do polígono.
p r p+r p−r
3) Mostre que se x = = , então x = = .
q s q+s q−s
4) Mostre a recíproca do teorema de Ceva: Se em um triân-
gulo qualquer ∆ABC toma-se sobre os lados AB , BC e CA,
respectivamente, os pontos K , L e M de tal forma que
AK BL CM
⋅ ⋅ =1,, então os segmentos AL , BM e CK se
KB LC MA
cruzam exatamente no mesmo ponto (suponha que AL não
cruze BM e CK no ponto de cruzamento deles. Seja AL´ um
outro segmento que passe por este ponto de cruzamento de
BM e CK , com L´∈ BC . Mostre que forçosamente L´= L ).
A=
( BCHK ) A( ABDE ) + A(CAFG ) . (5.20)
F
D
A
C P B
H Q K
F
D
A
C P B
H Q K
E
Considere agora o triângulo ∆CHA , conforme ilustrado na
figura 5.24. F
D
Temos que CA ≡ CG , pois se tratam de dois lados de A
um quadrado, com a mesma justificativa, concluímos
G
que CH ≡ CB . Temos ainda a congruência de ângulos
∠ACH ≡ ∠GCB , pois ambos são a soma de um ângulo C P B
reto (de um quadrado) com o ângulo ∠ACB do triângulo
∆ABC . Portanto, pelo caso LAL de congruência de triângu-
los, temos que ∆CBG ≡ ∆CHA . Como figuras congruentes
possuem a mesma área, podemos concluir, também, que
H Q K
esses triângulos possuem a mesma área.
Finalmente, considere o triângulo ∆CHQ , conforme ilus- Figura 5.24 - Segundo passo na
demonstração do teorema
trado na figura 5.25. A área dete triângulo é igual à área
do triângulo ∆CHA , pois ambos possuem a mesma base, E
o segmento CH, e a
mesma altura, a distância entre as
retas paralelas CH e AQ . Também é fácil ver que a área F
D
do triângulo ∆CHQ é igual à metade da área do retângulo A
CHQP . G
Temos, finalmente, que:
C P B
A(CAFG ) = 2 ⋅ A( ∆CFG ) = 2 ⋅ A(∆CBG ) = 2 ⋅ A(∆CHA) = 2 ⋅ A(∆CHQ ) = A(CHQP).
( BC ) 2 = ( AB) 2 + ( AC ) 2 (5.23)
A
Considere agora o segmento AD ⊥ AC tal que AD ≡ AB , con-
forme ilustrado na figura 5.26.
C Pelo teorema 5.8 aplicado ao triângulo ∆ADC temos que a área
do quadrado sobre o lado DC é igual à soma das áreas dos qua-
B drados sobre os lados AD e AC . Temos, portanto, a relação al-
gébrica:
Figura 5.26 - Recíproca do
teorema de Pitágoras
( DC ) 2 = ( AD) 2 + ( AC ) 2 = ( AB ) 2 + ( AC ) 2 = ( BC ) 2 (5.24)
Exercícios Resolvidos
1) Seja um triângulo retângulo ∆ABC com o ângulo reto no
vértice A e seja AK a altura relativa à hipotenusa BC . Mos-
tre que ( AK ) 2 = BK ⋅ CK .
C B
K
( BC ) 2 = ( AC ) 2 + ( AB) 2 , (5.25)
( AC ) 2 = ( KC ) 2 + ( KA) 2 , (5.26)
=
( BC ) 2 ( KC ) 2 + ( KB) 2 + 2 ⋅ ( KA) 2 . (5.28)
( BC )=
2
( KB + KC )=
2
( KC ) 2 + ( KB) 2 + 2 ⋅ ( KB) ⋅ ( KC ) . (5.29)
( AK ) 2 = BK ⋅ CK .
233
Q
P
A
O
Q
P
r
B
O
A
Figura 5.29 - Caso 1 da potência de ponto, quando a secante passa pelo centro
234
( PQ) 2 = ( PB ) 2 + 2 ⋅ ( PB ) ⋅ r= PB ⋅ ( PB + 2 ⋅ r )=
Q
P
B
K
A
O
(OB)=
2
r=
2
( KB) 2 + (OK ) 2 . (5.35)
( PQ) 2 +=
r 2 ( PB ) 2 + 2 ⋅ PB ⋅ KB + ( KB ) 2 + (OK ) 2 . (5.36)
( PQ) 2 = ( PB ) 2 + 2 ⋅ PB ⋅ KB= PB ⋅ ( PB + 2 ⋅ KB )=
PB ⋅ ( PB + AB ) =PB ⋅ PA . (5.37)
Exercícios Propostos
1) Baseado no resultado do exercício resolvido (3) da seção 5.5,
elabore uma construção com régua e compasso para encon-
trar a raiz quadrada de um número positivo.
236
Problemas
1) Calcular a área de um hexágono regular inscrito em uma
circunferência de raio r . Calcule também a área de um he-
xágono regular circunscrito à mesma circunferência.
E F
A
D G
Figura 5.33 - Figura para o problema (6)
A
P
D
B Q C
a b
c a
b
c
c
c
a b
b a
Figura 5.35 - Figura para o problema (8).
238
Resumo
Neste capítulo você aprendeu que:
Bibliografia comentada
1) LIMA, E. L. Matemática e Ensino. Rio de Janeiro: SBM, 2001.
(Coleção do Professor de Matemática).
Sobre o tema de áreas, o mestre Elon escreve um artigo nesse livro
intitulado “Polígonos Eqüidecomponíveis”. No artigo o autor discute
uma caracterização do conceito de área em termos da decomposição das
figuras elementares. Basicamente, demonstra-se o teorema de Bolyai-
Gerwien que afirma que dois polígonos possuem a mesma área se, e
somente se, puderem ser decompostos no mesmo conjunto de polígonos
elementares.
Capítulo 6
Transformações Geométricas
Introdução
A reforma de ensino de 1998, via os Parâmetros Curriculares Na-
cionais (PCN), considera importantes o estudo das isometrias e
da homotetia como ferramentas para o entendimento das confi-
gurações e sugere que isso seja feito no Ensino Fundamental.
• Nível 3 – Como uma ferramenta funcional para colocar in- Invariantes: propriedades de
uma figura.
variantes em evidência.
Atividades
Retirada do livro Terracher-
Math; Editora Hachete Reconhecer que transformação atua sobre a figura. Ou seja, de-
Éducation; 1994. terminar:
F4
F1
F
F3
F2
Figura 6.1
246
Figura 6.2
M'
M
Figura 6.4
Vejamos o procedimento:
Construamos A′ = S d ( A) , B′ = S d ( B) e C ′ = S d (C ) .
d
Esta transformação é dita
simetria axial. As figuras
são simétricas em relação a
um eixo. Outras vezes é dita C
simetria ortogonal o que se B
justifica, pois para determi-
nar a imagem construímos
uma reta ortogonal ao
eixo. Também é chamada
de reflexão devido ao fato
de que a imagem é uma
reflexão da figura dada em
A
relação ao eixo.
Figura 6.5 - situação inicial
B'
d
C'
A'
C
B
Exercício Proposto
1) Traçar a imagem de uma reta, de um segmento e de um cír-
culo por simetria axial em relação à reta d.
Com apoio do Cabri Geométrico, determine em cada caso: Acesse nosso ambiente
virtual para realizar o
a) A imagem da reta r por simetria axial, anote sua imagem download deste programa.
por r ′ e compare com o resultado dado nas seguintes fi-
guras:
r'
r'
d
P
r
r
Figura 6.7
Figura 6.8
iii) r e d perpendiculares:
r' r
Figura 6.9
A'
(C' )
B'
d d
B (C)
A
Exercício Resolvido
1) Seja d uma reta, A e B dois pontos não situados sobre d e tais
que as retas ( AB) e d, não são paralelas. Sejam A′ e B′ os
pontos tais que d seja a mediatriz
dos segmentos AA′ e BB′ .
Demonstre que as retas AB e A′B′ se interceptam sobre d.
A
B
I
B'
d
A'
Figura 6.12
252
Observação: para demonstrar que duas retas AB e A′B′ não pa-
ralelas se cortam sobre uma reta d, é suficiente demonstrar que
elas se correspondem por uma reflexão de eixo d (pela proprie-
dade 1).
d' d'
r' r
r'
d
β α
r
O
d
(C)
d
Figura 6.16
d'
(C' )
A d
(C) O'
O
B
Figura 6.17
d'
O d A O d
T' T'
Exercício Resolvido
2) Sejam (C) e (C ′) dois círculos de centros respectivos O e O′
e de raios de mesma medida. Sejam A e B os pontos de inter-
255
d'
(C) (C' )
A
O O' d
B
Resolução:
r d'
(C) (C’)
A P'
P r'
O O' d
M B
Figura 6.21
A Simetria Central é
6.3 Simetria Central também chamada simetria
de centro O.
Figura 6.22
Notação: M ′ = SO ( M ) ; ou M
SO
→M′
257
Exercício Resolvido
Construir a imagem do polígono ABCDE por simetria de centro O.
D B
A'
E'
E O
A
B' D'
C'
Figura 6.23
Exercício Proposto
Seja ABCD um paralelogramo de centro O e r uma reta que passa
por A. Denotamos por So uma simetria central de centro O.
a) Determinar So ( A) ; So ( B) , So (C ) e So ( D) .
6.4 Translação
Para estudar a translação precisamos ter a noção de vetor, conhe-
cer a relação de Charles e a regra do paralelogramo. Vamos apre-
sentar aqui esses conceitos:
258
Notações:
• Representação gráfica:
B
A
Figura 6.24
• Quando
o vetor está definido por dois pontos, é denotado
por: AB .
Note que, no vetor AB , A é o ponto de partida, de início do
vetor, e B é o ponto de chegada.
A
Figura 6.25 - AC = AB + BC
259
B C
A
E F
Figura 6.26 - AB + EF = AB + BC = AC
B
D
A
C
Figura 6.27
Seja u um vetor dado.
u
Figura 6.28
Definição 6.5. Pela translação de vetor u associamos a cada pon-
to P do plano um ponto P′ , tal que PP′ = | u | .
P'
P
Figura 6.29
260
Notação: Exemplo: seja u um vetor, AB um segmento, conforme
a figura seguinte:
A B
Figura 6.30
A' B'
A B
Figura 6.31
Em geral, anota-se tu a translação de vetor u , e escrevemos
P′ = tu ( P) ou, ainda, P → P′ , e lemos “translação de vetor u ”.
Quando
o vetor u está determinado por dois pontos, por exem-
plo, AB , a translação
é denotada por t( A, B ) ou por t AB , e lemos
translação de vetor AB .
Por exemplo:
N N'
M M'
A B
P P'
Figura 6.32
261
A A'
N N'
M M'
Figura 6. 33
Exercício Resolvido
Para construir a imagem Construir a imagem de uma circunferência usando a translação
de uma circunferência
basta construir a imagem de vetor u .
do centro do círculo desta
circunferência e de um
Resolução: Tracemos uma reta A paralela ao vetor u passando
ponto da circunferência.
por P . Abrir o compasso de tamanho | u | , centrar em P e traçar
uma circunferência C ′′ . Marcar P′ = C ′′ ∩ s . Analogamente cons-
truir a imagem do ponto O , centro de (C ) .
P'
(C')
P
O'
(C)
O
Figura 6.34
262
Exercícios Propostos
1) Traçar um triângulo ∆ ABC, isósceles em A, depois construir
os pontos
e E, imagens dos pontos A e B pela translação
D
de vetor CB .
Para mostrar, construa
Mostrar que os triângulos ∆ ABD e ∆ BDE são isósceles. primeiro o triângulo
∆ABC, as imagens, e
analise a figura.
2) Sobre a figura a seguir, o quadrilátero ABCD é um parale-
logramo. O ponto C é o ponto médio dos segmentos AF e
BE :
A D
B C E
F
Figura 6.35 Dizer a natureza dos
quadriláteros é dizer o
tipo de quadrilátero. Por
Qual é a natureza dos quadriláteros ADEC e DEFC? Justificar. exemplo, paralelogramo,
retângulo etc.
6.5 Rotação
Seja O um ponto fixo. A imagem de um ponto P, distinto de O
pela rotação de centro O e de ângulo a no sentido anti-horário, é
′ = a . Se P = O , sua
o ponto P′ , tal que OP′ = OP e o ângulo POP
imagem é ele próprio.
O P'
α
P
Figura 6.36
Notação: Ro , a ( P) = P′ .
263
Exemplo:
Vejamos:
A' M'
O
Figura 6.37
′ = 30° e
• O ponto M tem por imagem o ponto M ′ ; M OM
OM = OM ′ .
′ = 30° e
• O ponto A tem por imagem o ponto A′ ; AOA
AO = OA′ .
b) Seja a = 50º
A'
A
O
Figura 6.38
Figura 6.39
Exercícios Resolvidos
1) Construir a imagem de um paralelogramo ABCD usando a
rotação de centro O e de ângulo a = 120º .
A B
B'
C'
D
C
O 120°
A' D'
Quando na rotação
Figura 6.40
o sentido não está
explicitado, por
convenção, usa-se
2) Seja ∆ ABC um triângulo retângulo isósceles em A. M é o
o sentido anti-horário.
ponto médio do segmento BC . Seja r uma rotação de um
quarto de volta de centro M e no sentido anti-horário. Isto A
é, r é uma rotação de centro M e de ângulo 90° no sentido
anti-horário.
B M C
Figura 6.41
265
Comentário:
Resolução:
• Imagem de C
AM =
BC = 90° e
. Portanto, AM = MC . Assim, temos AMC
2
MC = MA .
• Imagem de A
(Como exercício, redija esta demonstração como foi feito para de-
terminar a imagem de C).
C P B
B'
P'
M
Q C'
M'
A Q'
A'
Figura 6.42
A
P
Q C
C'
P' M
A'
Q' M'
B'
B
45°
Figura 6.43
Exemplos:
u d'
s'
s
O
d
Figura 6.45
Figura 6.44
Exercícios Resolvidos d
N M
B H C
Figura 6.47
Resolução:
Resolução: A B
a) Desenhamos a figura, conforme acima.
Figura 6.48
b) A rotação de centro O que transforma A em B, transforma
D em E. Então ela transforma o segmento AD no segmen-
to BE . Sabemos que a rotação conserva as distâncias.
Logo, AD = BE .
Exercícios Propostos
1) Construir uma imagem por transformação
2) Para cada uma das figuras seguintes e, para cada caso, pe-
de-se:
i) f ( A) = D e f ( B) = C ;
ii) f ( A) = C e f ( B) = D .
ii) f ( A) = C e f ( B) = A ;
iii) f ( A) = C e f (C ) = B .
i) f ( A) = B e f ( D) = C (duas soluções);
ii) f(A)=C e f ( B) = D .
iii) f ( A) = B , f (C ) = D e f ( B) = C .
272
Figuras Transformações
Paralelogramo
D C
O • simetria de centro O
• translação de vetores AB e BC
A B
Figura 6.49
Triângulo isósceles
B d C
Figura 6.50
273
Figuras Transformações
C
d
• simetria axial de eixo d
• rotação de um quarto de volta de centro A
A B
Figura 6.51
Triângulo eqüilátero
d'
Figura 6.52
Quadrado
d
r
D C
Figura 6.53
Como usá-las?
Exercício Resolvido
Seja um terreno em forma de um polígono que representamos
por ABCDE. Nas extremidades, ou seja, nos vértices A, C e D, fo-
ram plantadas palmeiras. Nos vértices B e E foram plantadas bu-
ganvílias. Sabendo que ∆ ABC e ∆ ADE formam dois triângulos
equiláteros, qual é a menor distância entre uma palmeira e uma
buganvília: BD ou CE?
C D
Figura 6.54
Resolução:
AB ≡ AC , DA ≡ AE ⇒ BD ≡ CE
Exercícios Propostos
1) Dada uma circunferência (C) de
centro
O e um ponto A
exterior a (C), construa as retas AM e AM ′ , tangentes
a
(C) no ponto M. O que você pode dizer da reta AO na con-
figuração obtida?
Como conseqüência, o que você pode
afirmar de AO em relação à corda MM ′ e à reta AO em
relação ao ângulo M AM ′ formado pelas tangentes?
Duas retas r e s são ditas 2) Seja d o eixo de simetria de duas retas transversais r e s (se-
retas secantes quando r e cantes). Seja M um ponto situado sobre o eixo de simetria
s têm um e somente um
e P e Q pontos de r e s tais que MR e MQ são respectiva-
ponto de intersecção.
mente perpendiculares sobre r e s. O que você pode afirmar
sobre MP e MQ ? O que você pode afirmar de uma circun-
ferência de centro M e raio P?
3) Triângulo isósceles
Sobre uma folha de papel não quadriculado:
x y
70° 70°
B C
d
Figura 6.55
4) Losango
Eixos de simetria do losango
• do ponto I?
277
d1
F
d
Figura 6.56
6) Retângulo, quadrado
Eixos de simetria de um retângulo
7) Propriedades de um retângulo
• GH = FE ;
• EG = FH ;
• FG = EH .
c) Trace as retas EG e FH .
• O que observou?
• O
que representa o ponto comum I dos segmentos EG
e FH ? Tente justificar.
F
t
→ F1
f
→ F2
Isto é, ( f t )( F ) = F2 .
Por exemplo: Seja t uma translação de vetor u e f uma simetria
axial de eixo d:
A''
C''
F2
C C' B''
B B'
F F1
A A'
Figura 6.57
t ( F ) = F1 e t ( F1 ) = F2
Ou seja, f (t ( F )) = f ( F1 ) = F2 .
Complete esta
tabela
Exercício Resolvido
1) Traçar um triângulo ∆ ABC retângulo em A. Construir sua
imagem por uma simetria
axial de eixo AB , seguido da si-
metria axial de eixo AC .
C '' Resolução:
B''
F2 • F1 é imagem de F, por simetria axial de eixo AB :
S d ( F ) = F1
F1 A = A ''
• F2 é imagem de F1 por simetria axial de eixo AC
F Poderia passar diretamente da figura F para a F2 por uma
B C simetria de centro em A, pois S A ( B) = B′′ , S A (C ) = C ′′ e
S A ( A) = A .
Figura 6.60
Exercícios Propostos
1) Faça o mesmo que foi proposto no exercício resolvido acima.
s
Figura 6.61
6.9 Homotetia
Neste tópico vamos estudar:
Antes de começar a estudar
• como uma homotetia age sobre as configurações usuais (re- relembre as configurações
de Tales, as retas e pontos
tas, segmentos, círculos e triângulos etc); particulares do triângulo.
Atividade
Pegue um papel quadriculado e trace uma figura qualquer, um
paralelogramo, por exemplo. Escolha uma escala maior que 1 e
trace um outro paralelogramo aumentado segundo a escala esco-
lhida. Depois escolha uma escala entre 0 e 1, por exemplo, 1 2 , e
construa um paralelogramo segundo essa nova escala.
A'
A
A''
C''
C
C'
Figura 6. 62
Vamos representar o valor da escala por k. Se quisermos aumentar Note, esta escala é a
razão de aumento ou de
a figura, escolhemos um numero real k cujo módulo é maior que 1. diminuição da figura.
283
a) k=2 A'
O
Figura 6.63
b) k = 0,5 A
A'
O
Figura 6.64
1 1
• em b) homotetia de razão : OA′ = OA .
2 2
O
Figura 6.65
A A' A
O
O
(aumento)
A'
Figura 6.66 Figura 6.67
(redução)
ON ′ − OM ′ = k (ON − OM ) ,
M
M
M'
N
N' O
N
N'
O k = −0,75
Figura 6.69
M'
Figura 6.70
286
Exemplos:
a) Quando três pontos são alinhados suas imagens também
são colineares.
C'
O B B'
A
A'
Figura 6.72
287
A'
B' 58,2°
B 58,2°
O C'
C
Figura 6.73
A A'
O
C
C'
B
B'
Figura 6.74
d'
d A'
A
O
Figura 6.75
288
r r'
P' s'
P
O
s
Figura 6.76
Exercício Resolvido
Seja h a homotetia de centro O que transforma A em A′ como
mostra a figura. Sendo dado um círculo (C), uma reta s e um pon-
to B, conforme figura 6.77. Construir as imagens por h: do ponto
B, do círculo (C) e da reta s.
(C )
A'
A
O
B
Figura 6.77
289
Resolução:
Nós
sabemos como construir a imagem de um ponto fora da reta
AO .
Como B está sobre a reta AO , consideremos um ponto auxiliar
M e sua imagem
M ′ . Depois
podemos construir a imagem de B,
traçando MB e a paralela a MB passando por M ′ .
M'
A'
A
O
B' B
Figura 6.78
s'
M'
A A'
O
Figura 6.79
M'
M P'
(C)
P
A A'
O
Figura 6.80
Exercícios Propostos
1) Construir a imagem do círculo (C) e do ponto B, segundo a
homotetia dada na figura abaixo:
(C)
B A
O
A'
Figura 6.81
2) Seja ABCD
um trapézio, como mostra a figura. Mostrar que Se tiver dúvida na resolução
a reta OO ' passa por I, ponto médio de AB e por J, ponto deste exercício, discuta no
fórum.
médio de CD .
291
A B
O'
D C
Figura 6.82
(C)
M
M’
A
Figura 6.83
Resumo
Neste capítulo estudamos as transformações geométricas isome-
trias (simetria ortogonal, simetria central, translação e rotação) e
a homotetia. Vimos as definições, a construção das imagens por
cada uma das transformações e estudamos suas principais pro-
priedades. Os exemplos resolvidos ilustram o uso destas transfor-
mações para resolver problemas de geometria.
Bibliografia comentada
1) WAGNER, E.; CARNEIRO, J. P. Q. Construções geométri-
cas. 4. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2000.
Este livro na unidade 5 faz uma abordagem interessante das transfor-
mações geométricas: simetrias, translações, rotações e homotetias. Você
encontrará problemas interessantes se quiser conhecer um pouco mais
sobre o tema.
Referências
1) ANTIBI, A.; BARRA, R. Nouveau transmath. Nathan: 1997.
Capítulo 7
Semelhanças
Uma primeira propriedade importante de semelhança entre figu- Figura 7.1 - Um par de
ras é o fato de que a semelhança é uma relação de equivalência figuras semelhantes
297
Y1Y2 = r ⋅ X 1 X 2 ,, (7.1)
ou seja,
1
X1X 2 = ⋅ Y1Y2 . (7.2)
r
Portanto, F ′ F .
X ′Y ′ + Y ′Z ′ = r ( XY + YZ ) = rXZ = X ′Z ′ . (7.3)
Corolário.
3) Duas retas são sempre semelhantes (de fato, podem ser con-
gruentes).
x'
x
y'
y z'
z
Demonstração:
F
x
F
X
Z Y
Exercício Resolvido
Mostre que duas poligonais semelhantes possuem o mesmo nú-
mero de vértices e de arestas.
Exercícios Propostos
1) Mostre que o fator de escala na composição de duas seme-
lhanças é igual ao produto dos fatores de escala de cada
304
1) (O) = O .
Exercício Resolvido
1) Mostre que uma homotetia de centro O e razão r é uma
correspondência 1 a 1 entre os pontos do plano (ou do es-
paço).
Um feixe de retas paralelas O grande resultado, no entanto, refere-se à relação existente entre
é um conjunto de retas
paralelas no plano. paralelismo e homotetia. Desse teorema resultarão todas as con-
Consideraremos para efeitos seqüências relativas à semelhança de triângulos e à proporciona-
do Teorema de Thales lidade entre segmentos definidos por feixes de retas paralelas,
apenas feixes com, no
mínimo, 3 retas paralelas. resultados estes conhecidos como Teorema de Tales.
X ′Y ′ = OY ′ − OX ′ = r ⋅ OY − r ⋅ OX = r ⋅ (OY − OX ) = r ⋅ XY . (7.4)
X ′Y ′ = OY ′ + OX ′ = r ⋅ OY + r ⋅ OX = r ⋅ (OY + OX ) = r ⋅ XY . (7.5)
O
Agora considere o caso em que X , Y não são colineares com O .
Vamos aqui fazer o caso r > 1 . Você está convidado a refazer os
passos da demonstração para o caso r < 1 . A figura 7.7, abaixo,
Y
nos mostra os pontos X , Y e suas respectivas imagens X ′, Y ′ .
X Vamos mostrar que X ′Y ′// XY .
Y'
A(∆OX ´Y ) OX ´
= = r, (7.6)
A(∆OXY ) OX
e, de igual modo,
A(∆OXY ′) OY ′
= =r. (7.7)
A(∆OXY ) OY
A partir das expressões (7.6) e (7.7), podemos concluir que
A(∆OX ′Y ) =
A(∆OXY ′) =
r ⋅ A(∆OXY ) . (7.8)
+ A(∆OXY )] , (7.13)
ou ainda,
+ A(∆OXY )] . (7.14)
Exercício Resolvido
2) Mostre que dois círculos ou duas circunferências são sem-
pre semelhantes, sendo a razão de semelhança igual à razão
entre os respectivos raios.
Exercícios Propostos
1) Mostre que uma homotetia de razão 1 é simplesmente a
transformação identidade.
310
AB BC CA
= = = r.
A′B′ B′C ′ C ′A′
A'
B B'
C C'
B'
C'
B
AC ′′
tal que = r . Pelo teorema 7.5, a reta B′C ′′ é paralela à reta
AC
BC ,
mas
também temos B′C ′// BC . Como ambas as paralelas à
reta BC passam pelo ponto B , podemos concluir que coincidem,
assim C ′′ = C ′ por construção. Como a homotetia de centro A é
uma semelhança com razão r , temos que
AB′ AC ′ B′C ′
= = = r. (7.15)
AB AC BC
AB′ AC ′
Teorema 7.8. Se B′ ∈ AB e C ′ ∈ AC são tais que = =r,
AB AC
então B′C ′ // BC .
Demonstração:
AB BC CA
= = = r (7.16)
A′B′ B′C ′ C ′A′
Então, sobre o lado AB do triângulo ∆ABC , determine um ponto
B′′ tal que AB′′ ≡ A′B′ . E sobre o lado AC , um ponto C ′′ tal que
AC ′′ ≡ A′C ′ . Então, temos a proporção:
AB AC
= =r. (7.17)
AB′′ AC ′′
Pelo teorema 7.8, podemos concluir que B′′C ′′// BC , e pelo teore-
ma 7.7, temos que ∆ABC ∆AB′′C ′′ .
BC
Por outro lado, como = r , temos que B′C ′ ≡ B′′C ′′ ,
B′′C ′′
logo, pelo caso (LLL) de congruência de triângulos, temos que
∆AB′′C ′′ ≡ ∆A′B′C ′ , que é um tipo particular de semelhan-
ça. Portanto, pela transitividade da semelhança, temos que
∆ABC ∆A′B′C ′ .
A
A'
B''
C '' B'
B
C'
C
Figura 7.10 - Os pontos B′′ e C ′′ são tais que AB′′ ≡ A′B′ e ∠AB′′C ′′ ≡ ∠A′B′C ′ .
α A A' A A' A A’
β B B' B = B' B B’
γ C C' C C' C C’
A A'
B X B'
C C'
BC AC − AB AC AC ′ AC ′ − AX XC ′
= = −=
1 −=
1 = . (7.19)
AB AB AB AX AX AX
Da mesma forma, temos
A′C ′ AC ′
= , (7.18b)
B′C ′ XC ′
o que implica em
AB AX A′B′
= = . (7.21)
BC XC ′ B′C ′
AB A′B
= . (7.22)
CB C ′B
Exercício Resolvido
Seja o segmento BC e os segmentos paralelos AB // CD , conforme
indicado na figura 7.13, abaixo. Considere os pontos M = AC ∩ BD
e N ∈ BC de forma que o segmento MN seja paralelo aos seg-
mentos AB e CD . Mostre que
1 1 1
+ =
AB CD MN
D
A
M
B N C
MN NC
= , (7.23)
AB BC
MN NB
= . (7.24)
DC CB
Adicionando-se as expressões (7.23) e (7.24), temos
MN MN NC + NB BC
+ = = =1, (7.25)
AB CD BC BC
o que nos leva a concluir que
1 1 1
+ = . (7.26)
AB CD MN
Exercícios propostos
1) Faça os detalhes da demonstração do item (3), caso (LAL) de
semelhança, do teorema 7.9.
■
319
Exercício resolvido
Lunas de Hipócrates: Na figura 7.14, abaixo, o triângulo ∆ABC
é retângulo com o ângulo reto no vértice A , os arcos AB , AC e
BC são semicircunferências cujos diâmetros são os respectivos
lados do triângulo. Mostre que a soma das áreas das regiões 1
e 5 é igual à área do triângulo ∆ABC , denotado na figura como
região 3 .
321
A 5
1 4
2
3
C B
Figura 7.14 - Lunas de Hipócrates
Exercícios Propostos
1) Mostre que uma figura semelhante a um paralelogramo é
um paralelogramo.
AB BE
= . (7.32)
AC CD
D
AE = B
AE + E
AC = C
AD + E
AC = C
AB .
AB ⋅ CD + AD ⋅ CB = AC ⋅ BE + AC ⋅ DE = AC ⋅ (BE + DE ) = AC ⋅ BD
= AC ⋅ ( BE + DE ) = AC ⋅ BD . (7.34)
AB ⋅ OD BC ⋅ OE AC ⋅ OF AB + BC + AC
A(∆ABC ) = + + = OD ⋅
2 2 2 2
AB ⋅ OD BC ⋅ OE AC ⋅ OF AB + BC + AC
A(∆ABC ) = + + =OD ⋅ = OD ⋅ p. (7.35)
2 2 2 2
324
E
F O
A D B
E
F O
G A B
K D
O =
AH + OBH 180° (7.37)
+ AH
AOB B = 180º (7.38)
=
180 ° O
AH + OBH
=
1
= ⋅ (B ) + 90° + ABH
AC + ABC =
2
1 ) + 90° + ABH
=
= ⋅ (180° − ACB
2
ACB
= 180° −
+ ABH (7.41)
2
Da expressão acima, concluímos que ABH = ACB = OCF . Do
2
caso (AA) de semelhança de triângulos, podemos concluir que
∆OCF ~ ∆HBA , assim
AB AH AH
= = . (7.42)
FC FO OD
O caso (AA) de semelhança de triângulos também nos garante que
∆AHK ~ ∆DOK (ver o exercício proposto (1) no final desta se-
ção). Assim, temos
AH AK
= . (7.43)
DO DK
Temos, das expressões (7.42) e (7.43), a seguinte igualdade:
AB AB AH AK
= = = , (7.44),
AG FC DO DK
o que nos conduz à expressão
BG AB + AG AB AK AK + DK AD
= = +=
1 +=
1 = . (7.45)
AG AG AG DK DK DK
326
BG ⋅ DK = AD ⋅ AG. (7.46)
(OD) 2 = KD ⋅ DB . (7.47)
( A(∆ABC )) 2 = ( BG ) 2 ⋅ (OD ) 2 = BG ⋅ BG ⋅ KD ⋅ DB =
A(∆ABC ) 2 = p ⋅ ( p − a ) ⋅ ( p − b) ⋅ ( p − c) (7.49)
que equivale a
A(∆ABC ) = p ⋅ ( p − a ) ⋅ ( p − b) ⋅ ( p − c ) . (7.50)
Exercícios propostos
1) Mostre que, de fato, ∆AHK ~ ∆DOK na demonstração da
fórmula de Heron.
Problemas
1) Uma figura convexa é uma figura F com a propriedade que
o segmento unindo quaisquer dois pontos A, B ∈ F está in-
teiramente contido em F . Mostre que se : F → F ′ é uma
semelhança, então F ′ também é uma figura convexa.
AB
2) No triângulo ∆ABC da figura abaixo, temos que AK = ,
3
BC CA
BL = e CM = , calcule a relação entre a área do tri-
3 3
ângulo ∆PQR e a área do triângulo ∆ABC .
K
P
M R
Q
C L B
A B
M
P
D N C
P
M
D N C
M
N
B C S
Resumo
Neste capítulo, você aprendeu que:
10) Se, por outro lado, tivermos um segmento entre dois dos
lados de um triângulo tal que o triângulo maior seja seme-
lhante ao menor, então esse segmento é paralelo ao terceiro
lado do triângulo dado.
Bibliografia comentada
1) LIMA, E. L. Medida e forma em geometria. Rio de Janeiro:
SBM, 1991. (Coleção do Professor de Matemática)
O capítulo de semelhanças e áreas desse livro é referência básica para o
assunto e leitura obrigatória para todos que querem se aprofundar no
tema. Nesse capítulo, o mestre Elon discute também a relação entre a
área do círculo e o comprimento da circunferência.