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INTRODUÇÃO
São denominados direitos reais sobre coisa alheia porque seu objeto
não é a coisa própria, mas coisa da propriedade de outra pessoa.
Caracterizam-se pela oponibilidade erga omnes e pelo poder de sequela.
Através da possibilidade de desdobramento dos poderes que compõe a
propriedade é que teremos direito real na coisa alheia, sem que se afete a
titularidade.
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1- Da Superfície
1.2. CONCEITO
O direito de superfície é o direito real que o proprietário (concedente) de
um terreno concede a outrem (superficiário), permitindo-lhe que nele construa
ou mantenha construção, ou plante, ou mantenha plantação. O que se
assegura, em termos mais objetivos, é o direito de implantar em solo alheio.
1.3. SUJEITOS
O proprietário do terreno, que faz a concessão, é o concedente, ou seja,
aquele que permite a outra pessoa implantar construção ou plantação em
terreno de sua propriedade, mantendo-a pelo prazo e nas condições ajustadas.
A concessão se faz em favor do superficiário. Este é quem goza do
direito de implantar, pelo tempo que tiver sido ajustado, e na forma que as
partes houverem convencionado.
1.4. OBJETO
O objeto do direito de superfície é o direito de implantar construção ou
plantação em terreno alheio. O superficiário goza do direito de incorporar coisa
própria no terreno do concedente.
1.5. CONSTITUIÇÃO
O enunciado do art. 1.369 do Código Civil submete a constituição do
direito de superfície a escritura pública, que deve ser levada ao registro
imobiliário. Mantém-se o respeito à regra geral em matéria de constituição de
direitos reais, presente na disposição do art. 108 do diploma civil. Reza o
dispositivo do artigo citado que, não dispondo a lei em contrário, a escritura
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem a constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
A escritura pública, onde está a avença, trará as cláusulas que regem as
relações entre o concedente e o superficiário, e será levada ao registro
imobiliário, obtendo, assim, a necessária publicidade. Sem o registro, o que
temos é relação de caráter obrigacional, que não se pode opor a terceiros.
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No instrumento público teremos o prazo de duração do direito de
superfície, que é sempre por prazo determinado, e o objeto, ou seja, o direito
de implantar construção ou plantação. Deve vir de forma clara a construção,
com suas características e alcance, o que vale para a plantação. O direito de
plantar é que pode oferecer maiores dificuldades, pois é importante não haver
prejuízo para o terreno. Vale ressaltar que é possível que se resolva a
concessão ao superficiário se ele foge da destinação originária, avençada entre
as partes (art. 1.374 do CC).
No ato da constituição é indispensável que se estabeleça a respeito do
destino da construção, ou plantação. No silêncio prevalece a regra do art.
1.375 do Código Civil, segundo a qual, com a extinção da concessão, a
propriedade sobre construção e plantação passa ao dono do terreno, que
passa a ter propriedade plena. A regra é supletiva, e incide somente no silêncio
do contrato.
A concessão da superfície pode ser gratuita ou onerosa. As partes são
livres para convencionarem o que melhor lhes pareça. Se onerosa, nasce para
o concedente o direito de perceber o cânon, ou seja, o pagamento, que se faz
de uma só vez, ou parceladamente (art. 1.370).
A responsabilidade pelos encargos e tributos que incidem sobre o imóvel
é do superficiário (art. 1.371).
1.6. TRANSFERÊNCIA
O art. 1.372 do Código Civil admite a transferência da concessão a
terceiros, e, por morte, aos herdeiros dos superficiários.
No que se refere à transferência a terceiros, ela não depende de
autorização do proprietário. Nada, impede, contudo, que as partes avencem em
sentido contrário.
Com pertinência à sucessão hereditária do superficiário, nada impede
que seja avençado que a sua morte ponha fim à relação jurídica. Nessa
hipótese, nada impede que se ajuste indenização em favor dos herdeiros.
Estipula-se o direito de reversão a favor do concedente, mediante o pagamento
de indenização, ou mesmo sem ela.
No silêncio do contrato, incide a disposição do art. 1.372, que tem
caráter supletivo.
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A transferência não gera qualquer direito a pagamento em favor do
concedente. O parágrafo único do art. 1.372 não permite interpretação em
sentido contrário.
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nos limites da concessão, podendo, assim, manejar os interditos possessórios;
f) transferir o direito de superfície a terceiros, e deixá-lo para seus herdeiros,
em caso de morte; g) direito de preferência, em igualdade de condições,
ocorrendo a hipótese de alienação da propriedade; h) observar a destinação
que foi avençada para a incorporação da construção ou plantação; i) permitir
ao concedente o direito de fiscalização; j) extinta a concessão, restituir o imóvel
com as construções e plantações, independentemente de indenização, se esta
não houver sido estipulada; l) receber indenização pelas construções ou
plantações, se isso houver sido ajustado; m) sendo ele possuidor de boa-fé,
havendo indenização a ser paga pelo concedente por construções ou
plantações, ele goza do direito de retenção; n) ocorrendo desapropriação,
receber a indenização, no valor que corresponde ao seu direito real.
1.10. EXTINÇÃO
A extinção pode decorrer do termo final avençado pelas partes para o
exercício do direito de superfície. Assim, alcançado o prazo estipulado pelas
partes, o direito de superfície extingue-se, com os efeitos legais, ou seja, o
concedente volta a exercer a plena propriedade. Se houver direito de o
superficiário haver indenização pelas construções e plantações, com a extinção
ele pode exigir o pagamento, exercendo o direito de retenção.
A extinção pode advir, ainda, de desapropriação. Esta é modo de perda
da propriedade. Temos, ainda, antes do termo final, o que se dá sempre que o
superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que foi concedida.
2 – Servidões
2.1 CONCEITO
Segundo os civilistas, servidão é o encargo que suporta um prédio
denominado serviente, em benefício de outro prédio chamado dominante,
conferindo ao titular o uso e gozo do direito ou faculdade. Ou ainda, é direito
real de fruição e gozo da coisa alheia, limitado e imediato.
Sob aspecto formal, as servidões se originam de um ato de vontade
quase sempre, e só eventualmente vão se implantar na lei ou na decisão
judicial. Têm por objeto coisa imóvel corpórea, ou seja, prédios. Não há
servidão sobre direitos, ainda que reais.
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2.2 CLASSIFICAÇÕES
Quanto as suas classificações, dizem-se positivas (ou afirmativas) e
negativas, conforme consistam em um poder ou faculdade de que goza o
proprietário do prédio dominante ou numa abstenção por parte do dono do
prédio subordinado.
Contínua é a servidão que se exerce independentemente de uma ação
humana; descontínua é a que, existindo embora em caráter permanente, tem o
seu exercício condicionado ao ato do homem. Aparente é a servidão que se
manifesta por obras exteriores, e por isto mesmo visíveis e permanentes; não
aparente, aquela que se não materializa desta forma. Ambas estas
classificações podem combinar-se ou não.
2.3 CARACTERÍSTICAS
Qualquer quer seja o seu tipo, toda servidão é indivisível. A
indivisibilidade resulta, ainda, em que a servidão não se adquire nem se perde
por partes, independentemente da pluralidade dos sujeitos ativos ou passivos.
Costuma-se dizer que a servidão é perpétua. Contudo, Clóvis Beviláqua
e tantos mais, dizem que tem duração indefinida, querendo assim significar que
se constitui sempre por tempo indeterminado e nunca a prazo certo.
É inconcebível a transferência da servidão a outro prédio, o que se
exprime sustentando a sua inalienabilidade. Daí decorre, ainda, que o titular
desse direito não pode associar outra pessoa ao seu exercício ou sobre ele
constituir novo direito real. Mas, se é insuscetível de alienar-se, passando a
outra pessoa ou a outro prédio, transmite-se por sucessão mortis causa, ou
inter vivos, acompanhando o prédio nas suas mutações subjetivas, por uma ou
outra causa.
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não apenas a capacidade genérica para os atos da vida civil, porém a
específica para os atos de disposição do prédio serviente.
O ato constitutivo deve ser levado a registro. Sendo não aparente,
somente se adquire pelo registro do título, ou pela sua inscrição. Nesta
diversidade pronunciam-se os civilistas e tratadistas do Registro Público,
sustentando que a referência às servidões não aparentes na forma excludente
do dispositivo legal revogado tem apenas o sentido de acentuar que estas não
se adquirem por usucapião. Mas que, tanto à servidão não aparente quanto à
aparente, aplicam-se as regras comuns do Registro de Imóveis, uma vez que a
sua constituição é sempre uma alienação parcial do direito de propriedade.
Se a servidão é aparente, pode ser adquirida por usucapião, em
havendo posse contínua e incontestada, com justo título e boa-fé, após o
transcurso de 10 (dez) anos ou, se o possuidor não tiver título, após 20 (vinte)
anos. Evidenciada a posse da servidão e observados os trâmites processuais,
a sentença será inscrita no registro imobiliário.
A propósito de caber aquisição por usucapião no caso das servidões de
trânsito, cabe ressaltar que estas, por se limitarem ao direito de passar, seriam
não aparentes e, como tais suscetíveis de se constituírem tão-somente por
título inscrito. Mas, segundo evidenciou Mendes Pimentel, cabe aquisição por
usucapião se as servidões de trânsito se apresentarem ostensivas e
materializadas em obras externas, tais como pontes, viadutos, trechos
pavimentados e outros sinais visíveis.
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proprietário do prédio dominante se recusar a receber a propriedade do
serviente, ou parte dela, caber-lhe-á custear as obras.
Correlato ao direito de uso e gozo da servidão pelo dono do prédio
dominante, o do prédio serviente tem um dever negativo: nada fazer que o
embarace. Lícito lhe será, contudo, remover de um local para outro a servidão,
contanto que não diminua as vantagens do prédio favorecido, evidentemente, à
sua custa. Por outro lado, o dono do prédio dominante pode também remover a
servidão, se houver incremento da utilidade e não prejudicar o prédio serviente,
arcando, por evidente, com os ônus da remoção.
O exercício da servidão deve conter-se nos limites do que dispõe o título
constitutivo, sem qualquer ampliação ou modificação. Duas exceções se
abrem, todavia: a) a primeira, fundada na anuência do prejudicado, pois se
concorda por expresso com o aumento do gravame, terá de suportá-lo; b) a
segunda, o dono do prédio dominante poderá impor ao outro o seu
alargamento, mas com indenização do prejuízo.
Outorgado um direito sobre o prédio serviente, não comporta extensão
às coisas nele existentes, nem se admite que o dono do prédio serviente seja
obrigado às despesas de conservação das instalações.
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Quando cessa por confusão, o interesse do cancelamento reside em não
se restabelecer em caso de alienação. E, finalmente, cessando por prescrição
extintiva, cabe ao interessado fazer a prova judicial do não-uso, cancelando o
registro com a apresentação do ato liberatório.
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da coisa, destacada da nua propriedade atribuída a outra; c) por usucapião,
quando adquirido pelo decurso de lapso prescricional em favor de pessoa que
o tenha adquirido de quem não seja proprietário. Mas, no usufruto constituído
por efeito imediato da lei, não se pode visualizar o direito real de usufruto aqui
considerado, mas outras modalidades.
O ato de constituição está sujeito à inscrição no registro imobiliário,
como ônus real que é, e para efeitos publicitários.
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produtos, cuja propriedade adquire. Mas ao usufrutuário não é lícito alterar a
substância da coisa, nem lhe mudar o destino.
Quanto a posição jurídica do usufrutuário em razão da percepção dos
frutos, cabe assentar que, salvo restrição contida no título, ao usufrutuário
cabem os frutos naturais como civis. E acrescentar que a percepção dos frutos
naturais pressupõe a sua apreensão, atendendo a que são eles parte
integrante da coisa enquanto não separadas dela, e, como tais, pertencentes
ao proprietário. Vale dizer: usufrutuário tira da coisa toda espécie de proveito.
Quanto o exercício do direito, no sentido da percepção efetiva ou
material da utilização da coisa, diz-se que é lícito ceder o exercício do usufruto,
o que o Direito Romano já autorizava. Não pode, entretanto, ceder o direito de
usufruto, que é constituído em razão de sua pessoa. Diz-se, então, que o
usufruto é um direito personalíssimo ou inalienável, na acepção de que não
pode o usufrutuário investir outra pessoa na sua titularidade.
Admitida, assim, a cessão do exercício do usufruto e não a sua
transmissão, resulta que o terceiro favorecido não será titular de um direito real,
senão de mero direito pessoal ou de crédito. Sendo direito personalíssimo do
usufrutuário e extinguindo-se com a sua morte, não pode igualmente ser
penhorado e consequentemente é nula a sua arrematação em hasta pública.
Não impede, todavia, que o seu exercício, isto é, a percepção do rendimento
possa sê-lo.
Existe ainda o usufruto impróprio ou quase usufruto. Em verdade,
conclui-se que não se trata de usufruto, pois no usufruto regular ou próprio,
ocorre a utilização e fruição de coisa alheia, e no impróprio, o usufrutuário
adquire a sua propriedade, sem o que não poderia consumi-la ou aliená-la
devolvendo coisa da mesma espécie. Isto leva à sustentação de não ser
verdadeiro usufruto, senão aquisição da coisa, com o encargo de realizar a sua
restituição. Devido, entretanto, à proximidade de situação fática a analogia de
normação jurídica justifica haver o legislador incluído a sua disciplina na
dogmática do usufruto, que é então qualificado em doutrina como impróprio ou
quase usufruto. Esta classe não abrange as coisas simplesmente deterioráveis,
que são objeto do usufruto normal ou próprio, e a elas não se aplicam os
princípios relativos ao outro.
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3.3. DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
Não somente direitos, mas obrigações também tem o usufrutuário,
especialmente definidas em lei. A primeira diz respeito à determinação da coisa
usufruída, tendo especialmente em vista que ao usufrutuário incumbe exercer
sobre ela os seus direitos, para ao seu termo restituí-la na forma do que
prescrever o título. Em garantia da conservação e da entrega dará caução
fidejussória ou real, se o dono a exigir.
O usufrutuário é obrigado a conservar os bens à sua custa, mas não
responde pelas deteriorações resultantes do seu exercício regular, nem pelas
reparações extraordinárias ou que excederem o custo módico, as quais
incumbem ao proprietário. Pagar-lhe-á o proprietário o juro do capital
despendido com as despesas necessárias à conservação que realizar, ou
aumentarem o rendimento da coisa usufruída. Mas ao usufrutuário competem
as despesas de manutenção.
Compete ao usufrutuário defender a coisa usufruída, repelir as
usurpações e vias de fato de terceiros, impedir a constituição de situações
jurídicas, adversas ao nu proprietário, avisar o proprietário das pretensões de
terceiros, exercer o que seja mister para que não pereçam as servidões ativas,
obstar que se criem servidões passivas, abster-se de tudo que possa danificar
a coisa, diminuir-lhe o valor, ou restringir as faculdades residuais do
proprietário.
Ao usufrutuário cabe pagar os encargos que pesam sobre a coisa
usufruída, tais como impostos, taxas, foros, pensões, despesas de condomínio,
prêmios de seguro.
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indivisibilidade, ou expressamente estipula o direito de acrescer entre os
usufrutuários, subsiste íntegro a irredutível até que todos venham a falecer.
B) Pelo termo de sua duração.
C) Pelo implemento de condição resolutiva, que lhe seja adjecta.
D) Pela cessação do motivo. Quando o usufruto é constituído em razão de um
motivo determinado extingue-se uma vez se comprove a sua cessação.
E) Pela destruição da coisa, não sendo fungível.
F) Pela consolidação, quando, na mesma pessoa, se reúnem as condições de
usufrutuário e nu proprietário.
G) Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora ou deixa arruinar os
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou abuso de fruição,
com a percepção imoderada de frutos.
H) Pela renúncia. Trata-se de um direito patrimonial de ordem privada, e, como
tal, suscetível de renúncia. A renúncia pode ser gratuita e extinguir
simplesmente o usufruto; ou onerosa sob a forma de venda. Em qualquer caso
seus pressupostos essenciais são a capacidade do usufrutuário e a
disponibilidade do direito.
I) Pela resolução do domínio de quem o constituiu.
A idéia de sua extinção está ligada à questão da sucessividade do usufruto que
é proibida. Extinguindo-se o usufruto, cessam as prerrogativas da
administração; devolve-se ao nu proprietário o uso e fruição da coisa; restitui-
se-lhe a posse do bem frugífero com a consequente atribuição de frutos
pendentes; ao nu proprietário cabe ação reivindicatória da coisa.
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QUESTIONÁRIO
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outorgando-lhe a faculdade de obtê-la judicialmente se o dono do
outro prédio não anuir em constituí-la por título.
x) Quase Servidões: disciplina certas situações que estão a meio-
termo entre a servidão e as restrições ao direito de propriedade ,
como os casos dos serviços administrativos, serviços de utilidade
pública, implantação de oleoduto.
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externas, tais como pontes, viadutos, trechos pavimentados e outros sinais
visíveis,
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6 – O que distingue o uso do usufruto?
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CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA
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