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MÓDULO 1 - TRANSPORTE AÉREO E AEROPORTOS

Cláudio Jorge Pinto Alves

(versão: 12/06/2007)

1. INTRODUÇÃO

O Brasil, sexto agrupamento populacional no planeta, somando cerca de 170 milhões de


habitantes (169.590.693 pelo Censo IBGE-2000), espalhados irregularmente sobre 8.511.965
quilômetros quadrados, dotado de uma malha rodoviária mal conservada, com ferrovias escassas
e uma rede fluvial de baixa utilização, faz do transporte aéreo uma alternativa relevante de
deslocamento e, às vêzes, única de acesso a determinadas regiões.
Mas os mesmos problemas que inviabilizaram o desenvolvimento eficiente dos diversos meios de
transporte também atingem a modalidade aérea: a falta de recursos, de gerência e, algumas
vezes, de visão e de competência.
Nas tabelas a seguir podem ser extraídas algumas conclusões. Apesar de possuir o segundo
número de aeródromos públicos, comparando-se com os demais países, o Brasil apresenta índices
de performance como pax-km, ton-km, bem mais modestos. Seus principais aeroportos não
aparecem na lista dos "top-50". As companhias nacionais ficam constantemente ameaçadas por
uma conjuntura econômica desfavorável à aquisição dos seus equipamentos e pela situação sócio-
geográfica do País, distante dos principais eixos econômicos. Mas o transporte aéreo não é
apenas um negócio comercial, serve como apoio estratégico, político e social. E para o seu
desenvolvimento é necessária a evolução da infra-estrutura e dos seus auxílios para que a
prestação de serviços se efetue com eficiência, isto é, com rapidez, conforto e segurança.

Tabela 1 - Aeródromos pelo Mundo (1987 - ref.1)


País Públicos Privados Hel.Púb. Total

EUA 5.396 10.779 115 16.507

Brasil* 739 1.408 195 2.357

Canadá 512 576 9 1.175

México 479 1.121 107 1.708

Austrália 430 n.d. 6 436

TOTAL 13.817 21.343 716 36.198


*www.dac.gov.br (março,2005) informa 2.014 aeródromos sendo 715 públicos e 1299 privados

Tabela 2 - Principais Aeroportos do Mundo (2005 - ref.2)


Aeroporto Pax/2001 Pax/2005

Atlanta (ATL) 75,8* 85,9

Chicago (ORD) 67,4 76,5

Los Angeles (LAX) 61,6 61,5

Londres (LHR) 60,7 67,9


Tóquio (HAN) 58,7 63,3

Dallas (DFW) 55,1 59,0

Frankfurt (FRA) 48,6 52,2

Paris (CDG) 48,0 53,7

Amsterdam (AMS) 39,5 44,2

Las Vegas (LAV) 36,1 44,3

Guarulhos (GRU ) 14,1 15,8


*Movimento em milhões de passageiros/ano

Tabela 3 - Performance do Transporte Aéreo (2004 - ref.3)


País Carga Ton-km (*) Pax Pax-km

EUA 1 145 1 1.164

Alemanha 2 25 4 170

China 3 24 3 176

Japão 4 22 5 154

GB 5 22 2 183

França 6 17 6 124

Singapura 7 15 9 79

Coréia 8 14 12 66

Holanda 9 13 10 76

Austrália 10 11 7 95

Canadá 11 10 8 87

Rússia 12 7 14 62

Brasil 17 6 16 47
(*) ton-km e Pax-km em bilhões
Tabela 4 - Principais Companhias Aéreas (2002 - ref.4)
Companhia Aérea Pax.milhas* Companhia Aérea Tons.milhas**

United Airlines 126 Federal Express 7.837

American Airlines 116 Lufthansa 5.251

Delta Air Lines 107 United Parcel Services 4.339

Northwest Airlines 79 Cargolux 2.606

British Airways 73 Nippon Cargo 1.654

Continental 62 Polar 1.242

Lufthansa 58 Emery 1.048

Air France 57 Evergreen 792

Japan Airlines 55 Airborne Express 648

US Airways 46 AHK 623


* - bilhões e ** - milhões

Tabela 5 - Principais Aeroportos do Brasil em 2006 (www.infraero.gov.br - março 2007)


Aeroporto Pax (milhão) Aeroporto Anv (mil) Aeroporto Cargo (mil.ton)
1. Congonhas 18,4 1. Congonhas 230 1. Guarulhos 419
2. Guarulhos 15,8 2. Guarulhos 155 2. Campinas 179
3. Brasília 9,7 3. Brasília 126 3. Manaus 147
4. Rio de Janeiro 8,9 4. Rio de Janeiro 101 4. Rio 78
5. Salvador 5,4 5. Salvador 91 5. Recife 59
6. Recife 4,0 6. Marte 85 6. Salvador 44
7. Porto Alegre 3,8 7. Santos-Dumont 65 7. Brasília 43
8. Confins 3,7 8. Porto Alegre 59 8. Congonhas 39
9. Santos-Dumont 3,6 9. Recife 58 9. Fortaleza 36
10. Curitiba 3,5 10. Curitiba 57 10. P. Alegre 29
Pax = passageiros; Anv = aeronaves

2. PRINCIPAIS ORGANISMOS

Diferente da grande maioria dos países no mundo, no Brasil, o transporte aéreo é gerenciado
através do Ministério da Defesa (Comando da Aeronáutica) que tem como uma de suas finalidades
apoiar, controlar e desenvolver a aviação civil no Brasil. São diversos organismos que atuam no
setor:
• ANAC - Agência Nacional da Aviação Civil que substituiu o DAC (Departamento da
Aviação Civil).
• COMAR -- Comando Aéreo Regional. São sete: I - Belém, II - Recife, III - Rio de Janeiro, IV
- São Paulo, V - Porto Alegre, VI - Brasília e VII - Manaus.
• COMARA -- Comissão de Aeroportos da Região Amazônica com sede em Belém.
• DECEA -- Departamento de Controle do Espaço Aéreo que sucedeu a DEPV (Diretoria de
Eletrônica e Proteção ao Vôo), regionalmente representada pelos SRPVs, serviços
regionais. Em algumas localidades esse serviço é executado pela antiga TASA,
Telecomunicações Aeronáuticas S.A., hoje, incorporada pela INFRAERO.
• DIRENG -- Diretoria de Engenharia, regionalmente representada pelos SERENGs,
serviços regionais. O SCI, Serviço Contra Incêndios, também está atrelado a essa
diretoria.
Em consonância com essas organizações, a partir da década de setenta, a administração
aeroportuária foi atribuída à empresa de economia mista INFRAERO, Empresa Brasileira de Infra-
Estrutura Aeroportuária, ou a órgãos criados pelos Estados como o DAESP, Departamento
Aeroviário do Estado de São Paulo, e o DAB, Departamento de Aviação da Bahia.
No exterior, mas ditando normas e regulamentações as quais o Brasil se orienta tem-se as
seguintes associações:
• ICAO -- Organização da Aviação Civil Internacional, com sede em Montreal, congrega mais
de 150 países, aonde se discutem e fixam direitos e deveres de seus membros,
homogeneizando o transporte aéreo internacional.
• IATA -- Associação Internacional do Transporte Aéreo, congregando companhias aéreas
de quase todo o mundo, definem tarifas e condições de serviço para os transportadores.
• ACI -- Conselho Internacional dos Aeroportos, reúne as principais companhias
administradoras de aeroportos, a INFRAERO é a representante brasileira.
• FAA -- Administração Federal da Aviação, órgão regulamentador norte-americano cujos
padrões são reconhecidos internacionalmente.

3. HISTÓRICO

A evolução do transporte aéreo durante este século não pode ser confundida com uma simples
seqüência de eventos. Seu inter-relacionamento e a compreensão do seu desenvolvimento pode
elucidar dúvidas de hoje e evitar alguns problemas para o futuro. Eis uma versão da seqüência de
fatos (ref 7 e 8):
1890 -- Leopoldo da Silva tenta organizar uma empresa de transporte aéreo com balões no Brasil;
1905 -- Irmãos Wright , em Norfolk, realizam o primeiro vôo do mais pesado que o ar;
1906 -- Alberto Santos-Dumont com seu 14-Bis vence concurso na França, plaina e aterrissa com
seus próprios meios. Primeiro aeroplano;
1912 -- Início do transporte aéreo comercial, dirigíveis, organizado pelo Conde de Zeppelin, foram
19.100 passageiros até 1913. DELAG - primeira companhia aérea comercial;
1912 -- Tentativas de se estabelecer uma linha de balões para servir a Bacia Amazônica (Nelson
Guillobel);
1914 -- Início do transporte de passageiros nos EUA, através de hidroaviões num percurso de 30
km, S.Petersburg Tampa Airboat Line (operou durante 4 meses);
1918 -- Início do serviço aéreo regular: Nova Iorque-Washington (correio)
1919 -- Primeira linha regular de passageiros: Key West (Flórida) e Havana com hidroaviões
Liberty, 160 km cobertos em 90 minutos. Na Europa, a primeira ligação internacional regular:
Londres-Paris em bom tempo diariamente com 8 passageiros e 3 tripulantes. Fundada a IATA por
6 companhias em Haia. Dessas pioneiras, hoje, resta a KLM;
1920 -- Funda-se a Sociedade Colombo-Alemanha de Transporte Aéreo, a SCADTA, hoje Avianca,
uma das mais antigas empresas do setor ainda em operação. Na América do Sul, a primeira linha
regular, Bogotá-Barranquilla, na Colômbia;
1925 -- Contratada a Companhia Brasileira de Empreendimentos Aeronáuticos para exploração da
linha Recife-Jaguarão. A Compagnie Generale d'Entreprises Aeronautiques realiza vôos
comerciais Rio-Buenos Aires-Rio em 7 dias. Inicia-se a implantação da infra-estrutura aeronáutica
no Brasil pela Latécoere que, nove anos depois, foi incorporada à Air France;
1927 -- Fabricada pela Ford Motor Co. a primeira aeronave destinada ao uso comercial de
passageiros (trimotor Tin Goose). Fundada a VARIG. A Latécoere inicia a linha Toulouse-Buenos
Aires. Fundado o Sindicato Condor, depois Cruzeiro, que foi incorporada à VARIG;
1930 -- A Nyrba (depois incorporada a Pan Am) com os hidros Comodore, percorre Belém-Porto
Alegre pelo litoral em 4 dias. Cai a influência francesa com a disputa germano (Condor ) - norte-
americana (Pan Am) pela América do Sul;
1931 -- Primeiro vôo do CAM, depois CAN, ligando Rio-São Paulo. Criado o DAC - Decreto 19.920;
1934 -- Ligação Brasil - Europa com dirigíveis. Fundada a VASP: início da linha aérea Marte-Ponta
do Calabouço (Santos Dumont) com os Junkers de 17 lugares;
1936 -- Inaugurado o Aeroporto de Congonhas;
1939/1945 -- Prejuízos às companhias aéreas nacionais que utilizavam material alemão. Melhorias
nos aeródromos desde o Amapá até o Rio Grande pelos norte-americanos;
1941 -- Criação do Ministério da Aeronáutica;
1944 -- Criação da ICAO em Chicago;
1946 -- Fundação desordenada de dezenas de empresas aproveitando as sobras da guerra;
1952 -- Entrada comercial dos jatos na BOAC (Comet);
1955 -- Fundada a Sadia, hoje Transbrasil;
1956 -- Criação da COMARA (Comissão de Aeroportos da Região Amazônica). Maior número de
cidades servidas pelo transporte regular na história do Brasil: 346;
1958 -- FAA estabelece-se para regulamentação do espaço aéreo, certificação de pessoal e
equipamentos nos Estados Unidos;
1959 -- Caravelle da VARIG liga Buenos Aires a Nova Iorque (dezembro);
1960 -- Inicia-se com o B707 a ligação: Londres-Los Angeles. Introdução dos jatos no transporte
comercial traz problemas para os aeroportos, muitas cidades deixam de ser servidas.
Concomitantemente, governo incentivando a indústria automobilística e rasgando estradas pelo
Brasil;
1967 -- Criação da CCPAI para coordenação do projeto do aeroporto internacional principal do
País no Rio de Janeiro;
1970 -- Fundada a EMBRAER;
1972 -- Criada a INFRAERO para administrar aeroportos do Brasil;
1975 -- Criada a Aviação Regional. Inaugurado o Aeroporto Internacional de Manaus;
1977 -- Inaugurado o novo Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro;
1978 -- Instituída a CECIA, núcleo do IAC de hoje, para estudar os problemas de infra-estrutura
aeronáutica;
1979 -- Criadas comissões específicas para o planejamento e projeto de aeroportos, COPASP
(São Paulo) e COPAER (Belo Horizonte);
1981 -- Instituído grupo para desenvolvimento de equipamentos aeroportuários nacionalizáveis no
DEPED (Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento, órgão do Ministério da Aeronáutica);
1983 -- Criada comissão para coordenar pesquisas no setor, CCPIAR, na DIRENG. Inaugurado o
Aeroporto Internacional de Confins, Belo Horizonte;
1985 -- Inaugurado o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos;
1986 -- IV CONAC inicia a eliminação do regime de indexação e encerra a fixação de preços e
tarifas;
1989 -- Entrada da Transbrasil e da VASP no mercado internacional com ligações regulares;
1991 -- Falência da Pan American , um dos símbolos norte-americanos, início da "globalização"; V
CONAC promove a redução gradual da regulação sobre o transporte aéreo;
1995 – Inaugurado o terminal 2 do Aeroporto Internacional de Brasília (primeiro satélite). Aberto o
Aeroporto de Kansai em Osaka (primeiro "off-shore");
1996 – Inaugurado o novo terminal do Aeroporto Afonso Pena em Curitiba. Aeroporto de São José
dos Campos é incorporado à rede INFRAERO;
1998 – VARIG passa a integrar a Star Alliance;
1999 – Criado o Ministério da Defesa. Licitação para construção (e posterior
transferência/operação) pela iniciativa privada do TPS 3 do Aeroporto Internacional de São
Paulo/Guarulhos;
2001 - Entra em serviço a Gol, empresa aérea regular que atua como low-fare. Interrompido o
serviço da Transbrasil;
2001 - Atentado terrorista no WTC em Nova Iorque estanca crescimento do transporte aéreo;
2004 - Interrompido o serviço da VASP;
2005 - Criada a ANAC;
2006 – Grande crise da VARIG. Surge a nova VARIG. Maior acidente aéreo no Brasil gera crise do
Apagão Aéreo;
2007 – Nova VARIG sai da Star Alliance. Gol adquire a Nova VARIG.

A seguir, por curiosidade histórica, são mostrados os 6 eventos tidos como pioneiros, dentro dos
quesitos: regularidade (RE), aviação civil (AC), frequência diária (FD), passageiros (PA),
internacional (IN) e sustentado, com cobrança de tarifa (SU).

Tabela 6 - Eventos Pioneiros (ref.7)


Data Empresa Ligação RE AC FD PA IN SU

Jan.1914 SPTAL Tampa-S.Petersburgo X X X X

Mar.1918 AHMilLine Viena-Kiev X X X X

Mai.1918 US Post Washington-NY X X X X

Fev.1919 DLReederei Berlim-Weimar X X X X X

Mar.1919 Farman Paris-Bruxelas X X X X X

Ago.1919 AT&T Londres-Paris X X X X X X

4. REFLEXOS

Constata-se que o reflexo da evolução histórica sobre a infra-estrutura pode ser segmentada em,
pelo menos, 4 fases distintas.
FASE UM --- época do pioneirismo, da aventura, quando a novidade do vôo atraía
multidões. Balões e hidroaviões foram seus principais personagens. Os raides aéreos se
constituíam em coqueluche. Nessa fase, a INFÂNCIA, não haviam padrões aeroportuários a serem
utilizados, qualquer descampado ou área livre servia como alternativa para pouso.
FASE DOIS --- final da década de trinta, início da de quarenta, os avanços tecnológicos
decorrentes dos esforços de guerra fizeram as aeronaves voarem mais velozes e a requererem
cada vez mais infra-estrutura de terra. Nessa fase, a ADOLESCÊNCIA, os padrões aeroportuários
a serem seguidos variavam em alta velocidade, levando um projeto de aeroporto rapidamente à
obsolescência.
FASE TRÊS --- início da década de setenta, a crise do petróleo muda o panorama
industrial e tecnológico na busca de alternativas de energia. Nota-se uma inversão dos papéis, a
indústria aeronáutica preocupa-se em atender as restrições do mercado e o estágio de sua infra-
estrutura, visam-se aspectos de economia, segurança e de defesa do meio ambiente. Observa-se
nessa fase, a MATURIDADE, preocupações da indústria com os aviônicos, com os novos materiais
que se adequam a perfis aerodinâmicos mais eficazes e com os motores em termos de eficiência e
de poluição sonora. São modelos que se compatibilizam com os aeroportos implantados. Na
prática essa fase ainda permanece nos dias de hoje.
FASE QUATRO --- a da OPORTUNIDADE, afinal, os mercados dos países desenvolvidos
e a competitividade global voltam a exigir aeronaves com um desempenho mais arrojado.
Estudam-se equipamentos para vôos orbitais, fazendo ligações comoTóquio-Nova Iorque,
Londres-Sydney em menos de 3 horas. Porém, continua a imagem de se adequar uma nova
geração de aviões que possa ser operada nos grandes aeroportos já existentes. Hoje, somente no
Japão, ousa-se estudar a implantação de um espaçoporto, no caso para Tóquio. Os NLA ("New
Large Aircraft") associam indústrias de países diferentes com o objetivo de satisfazer a um
mercado já disponível. Mas, a maior movimentação se encontra no meio das companhias aéreas
diante de uma conjuntura cada vez mais liberalizada. Empresas se associam buscando mercados
e aumentos de produtividade. Grandes alianças estão sendo formadas. Os acontecimentos de 11
de setembro de 2001 causam grande impacto na aviação. Uma crise sem precedentes estanca
novos projetos. Megaempresas pedem concordata. Empresas "low-cost" passam a ganhar
mercados.

5. IMPLANTAÇÃO DE AEROPORTOS

Existiam épocas em que o aeroporto era traçado conforme as exigências que os aviões faziam.
Hoje, o vulto da obra e as restrições de áreas próximas aos centros geradores de demanda
transformaram o terminal aeroportuário num verdadeiro complexo dotado de vida própria e que
vem ditando, assessorado pelas limitações impostas pela comunidade (contra o ruído, por
exemplo), pela economia e pelos níveis de segurança junto às indústrias aeronáuticas, os padrões
a serem perseguidos pelos avanços da tecnologia.
Portanto, a definição não pode se prender a: "uma faixa de terra ou água destinada a operação de
pouso e decolagem de aeronaves e dotada de instalações para o processamento adequado de
passageiros e/ou cargas''. Suas fronteiras estão além, muito além dos limites físicos do terreno, o
que dificulta a gerência de todo o complexo aeroportuário.
Segundo a Portaria 1019/GM 5 de 27/08/80, os projetos de implantação de aeródromos precisam
ser aprovados pela DECEA e pela DIRENG. Sendo Público, torna-se necessária sua Homologação
pela ANAC. Sendo Privado, torna-se necessário seu Registro que é efetuado pelo COMAR. Para
que um aeródromo se transforme num aeroporto precisa dispor das instalações adequadas a
passageiros e cargas. O aeródromo também é denominado de campo de pouso. Segundo a IMA
58-10 de 16/07/1990 os aeródromos para serem construídos precisam ter autorização da ANAC.
O Brasil, segundo o site da ANAC, consultado em janeiro de 2006, tem 739 aeródromos públicos.
Em Minas Gerias se concentram 97, enquanto em Alagoas e Sergipe, apenas 3, cada. Na região
norte, o estado do Amazonas conta com 44, no nordeste, a Bahia tem 81, no sudeste, São Paulo
tem 86. Na região sul, o Rio Grande do Sul dispõe de 63 e no centro-oeste, o Mato Grosso
aparece com 42, esses são os estados brasileiros com maior número de aeródromos públicos.

6. CLASSIFICAÇÕES

Para o atendimento das mais diversas finalidades foram criadas várias classificações de
aeroportos e/ou pistas:

OPERACIONAL
Segundo o Anexo XIV da ICAO (5) temos:
A) Pista de Pouso por Instrumentos. Destinada a operação de aeronaves utilizando auxílios não
visuais e podendo ser:
A.1) Pista de Aproximação por Instrumentos — servida por um auxílio não visual e possuindo
pelo menos orientação direcional adequada a uma aproximação reta;
A.2) Pista de Aproximação de Precisão — CAT 1 — servida por auxílios de aproximação ILS
("Instrumental Landing System"- sistema de pouso por instrumentos) ou GCA ("Ground Control
Approach" - um radar mais utilizado pelos aeródromos militares), destinada a operações até uma
altura de decisão de 60 m (200 pés) e um RVR ("Runway Visual Range" - um alcance visual
horizontal) de até 800 m (2600 pés);
A.3) Pista de Aproximação de Precisão — CAT 2 — altura de decisão de 30 m (100 pés) e um
RVR de até 400 m (1300 pés);
A.4) Pista de Aproximação de Precisão — CAT 3 — não sendo aplicável altura de decisão e
. com auxílios visuais destinada a operar com RVR de até 200 m (700 pés) — { A }
. com auxílios visuais destinada a operar com RVR de até 50 m (150 pés) — { B }
. destinada a operar sem o auxílio visual, com radar — { C }
B) Pista para Pouso sem Instrumentos. Destinada a operação de aeronaves usando
procedimentos para aproximação visual.

FÍSICA
A partir de 1983, a classificação adotada pela ICAO em seu Anexo XIV ("Aerodromes") tem uma
composição alfanumérica com um código de referência do aeródromo, em que se baseia quase
todos os requisitos geométricos. Tal código depende do comprimento básico de pista da aeronave
de referência (código numérico) e da condição crítica entre envergadura dessa aeronave e a
distância entre as bordas mais externas dos pneus que compreendem o conjunto dos trens
principais de pouso, trata-se de uma distância pouco superior a bitola da aeronave (código
alfabético).
A aeronave de referência seria aquela para a qual está sendo planejado o uso da pista e que
requeira as maiores dimensões para sua operação regular. O comprimento básico requerido por
uma aeronave está registrado em manuais da aeronave como a distância mínima necessária para
operação numa pista sem declividade, sem efeito de ventos, sob as condições da Atmosfera
Padrão, isto é, 15 graus Celsius ao nível do mar.

Tabela 7 - Código de Referência do Aeródromo (ref. 5)


Número Código Comprimento (m) Letra Código Envergadura (m) Bitola (m)
1 até 799 A até 14,9 até 4,4
2 de 800 a 1199 B de 15,0 a 23,9 de 4,5 a 5,9
3 de 1200 a 1799 C de 24,0 a 35,9 de 6,0 a 8,9
4 1800 em diante D de 36,0 a 51,9 de 9,0 a 13,9
E de 52,0 a 64,9 de 9,0 a 13,9
F de 65,0 a 79,9 de 14,0 a 15,9

COMERCIAL
De interesse comercial, função da movimentação de passageiros ou cargas, variável anualmente,
atua como balizamento no estabelecimento de preços ou tarifas para espaços publicitários ou para
arrendamento de áreas comerciais.

IMA 58-10 (6)


As instruções para concessão e autorização de construção, homologação, registro, operação,
manutenção e exploração de aeródromos civis e aeroportos brasileiros de 16 Jul 90, baixadas pelo
DAC, apresenta uma classificação geral baseada em:
( A ) Tipo de uso: público ou privado
( B ) Código de referência
comprimento de pista (L) < 800m --- 1
1.200m < (L) maior ou igual a 800m --- 2
1.800m < (L) maior ou igual a 1.200m --- 3
(L) maior ou igual a 1.800m --- 4

largura de pista 18-23 ou 30m --- A ou B


23-30 ou 45m --- C
45m --- D ou E

( C ) Tipo de operação: Visual ou Instrumentos (precisão ou não precisão)


( D ) Interesse do Sistema de Aviação Civil :
Federal
Regional
Comunitário

Referências
( 1 ) ICAO - Bulletin. 1988.
( 2 ) http://www.aci.org.
( 3 ) ICAO - Journal. Vol 60, n.5, 2005.
( 4 ) Aviation Week & Space Technology - January, 2002.
( 5 ) ICAO - Aerodromes. Annex 14, November 1999.
( 6 ) DAC - Instruções para concessão e autorização de construção, homologação, registro,
operação, manutenção e exploração de aeródromos civis e aeroportos brasileiros. IMA 58-10, 16
Jul 90.
( 7 ) TANEJA, N.K. - Introduction to civil aviation. Lexington Books, 1987.
( 8 ) GAVIES, R.E.G. - A history of the world’s airlines. Oxford University Press, 1967.

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