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A Violência Interpessoal Urbana No Cenário Brasileiro e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático
A Violência Interpessoal Urbana No Cenário Brasileiro e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático
LORENA
2018
AIRES DUARTE – BIANCA BUENO – FLÁVIA CIPOLLI – JOSÉ CARLOS
Área de concentração:
Transtornos de Ansiedade.
LORENA
2018
1. INTRODUÇÃO
1
Material extraído do website <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253>.
Acesso em 27 de março de 2018.
2
Material extraído do website < http://www.ssp.sp.gov.br/Estatistica/Mapas.aspx>. Acesso em 27 de março de 2018.
alterações no cérebro, no sistema hormonal e no metabolismo. Sem tratamento, pode até causar
degeneração cerebral. Alguns tipos de violência, como o abuso sexual, são suficientes para
gerar um quadro desses. (informação online).3
É importante destacar que além das práticas delitivas supracitadas há, dentre os crimes
contra o patrimônio, a extorsão mediante sequestro (sequestro clássico); a extorsão mediante
momentânea privação de liberdade (sequestro relâmpago); a prática do cárcere privado; a
violência doméstica (aquela que prejudica o bem-estar físico e/ou psicológico de um membro
da família); o constrangimento mediante emprego de violência física ou verbal (tortura); os
crimes discriminatórios contra gênero (violência contra a mulher), orientação sexual
(homofobia), segregação étnica (racismo) e procedência regional (xenofobia).
Ainda de acordo com a entrevista de Feijó, 86% das pessoas maiores de 18 anos que
residem nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro eventualmente vivenciarão uma situação
de violência urbana, seja ela de forma direta (60%) ou de forma indireta (40%) ao presenciar a
violência ou ser próximo de uma vítima de violência.
Em Filgueira e Mendlowicz (2003), é apontoado que o Brasil encontra-se em terceiro
lugar no ranking mundial de mortes por armas de fogo entre jovens de 15 a 24 anos,
superando estatísticas de países em zona de guerra como a Palestina, por exemplo. Esta alta
prevalência de eventos traumáticos aponta para a crescente necessidade de medidas de
contenção da violência urbana. Igualmente importante como a promoção de políticas públicas
para a prevenção e combate desta (e de outras) violências, são as medidas adotadas para o
cuidado dedicado às pessoas vitimadas. Novamente, segundo Feijó:
Até 30 dias após o episódio, não damos diagnóstico de quadro pós-traumático. Passados os
primeiros 30 dias, se esse quadro permanecer, pode ser diagnosticado o transtorno. Apenas em
casos em que já há um quadro psiquiátrico, usamos alguma medicação. O tempo de tratamento
varia muito, mas dura em torno de um ano.
O presente trabalho de revisão tem por objetivo abordar os principais aspectos do
chamado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), um transtorno de ansiedade,
decorrente da exposição do indivíduo às experiências associadas à violência interpessoal no
contexto urbano e não-carcerário, seja ele alvo direto ou indireto da mesma.
3
Material extraído do website <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2017/05/28/interna_
vidaurbana ,706065/feridos-na-alma-pela-violencia.shtml>. Acesso em 28 de março de 2018.
2. DESENVOLVIMENTO
Segundo Coelho et al. (2010) dentre muitos conceitos possíveis – não excludentes
porém nem sempre congruentes – pode-se definir violência interpessoal (ou seja, exclui-se a
auto infligida) como (i) qualquer ato de força contra a vontade e a liberdade de alguém; (ii)
uma violação da natureza de alguém; e (iii) uma transgressão contra aquilo que o indivíduo
entende por justo e de direito dentro de seu contexto social. O discurso acerca da violência
cotidiana vem se ampliando em diversos setores da sociedade, assim como a compreensão das
diferentes facetas do fenômeno em si. Sá apud Coelho et al. (2010) aponta que a magnitude
das consequências da violência resultam em uma insegurança generalizada que, em suas
palavras, pode ser caracterizado como:
(...) um estado psíquico passageiro ligado a um risco, ou como um medo difuso, que
permanece para lá dos acontecimentos que o provocaram. É, com este segundo medo, que se
associa uma sensação de angústia, ou de ansiedade sem objeto, que se vai construindo o
sentimento de insegurança.
É afirmado em Sacramento e Rezende (2006) que, historicamente, a violência é um
fenômeno complexo e multidimensional: trata-se, essencialmente, de uma questão social, não
sendo objeto de estudo exclusiva de nenhuma área do saber e estando ela ligada à saúde e
qualidade de vida do indivíduo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) saúde seria
“...o completo bem-estar físico, mental, social e espiritual dos indivíduos”.
(a) Revivência do trauma: pode ocorrer por meio de pesadelos, pensamentos fora de
controle e/ou flashbacks. Esses pensamentos são dolorosos pro paciente e tentam
de forma constante se tornarem conscientes a ponto de serem os protagonistas da
atenção do indivíduo traumatizado;
(b) Esquiva ou entorpecimento emocional: é comum os pacientes desenvolverem
estratégias cognitivas, emocionais e/ou comportamentais para mitigarem o
desalento, sofrimento e medo causados pela reexperimentação das memórias
traumáticas – a este processo de “anestesia emocional” dá-se o nome de numbling.
O paciente evita falar ou retornar aos lugares associados ao trauma podendo, em
alguns casos, ocorrer episódios de amnésia psicogênica; e
(c) Hiperestimulação autonômica: o paciente vivência um estado de hiper-reatividade
psicofisiológica de tal forma que alguns estímulos mínimos podem ocasionar
mudanças fisiológicas intensas nos batimentos cardíacos, respiração, transpiração
ou alteração nas funções motoras. Imerso em um estado constante de alerta, o
indivíduo apresenta comprometimento na sua capacidade de concentração,
podendo também manifestar irritabilidade e agressividade exacerbadas – algumas
pessoas podem se tornar irreconhecíveis.
4
Um Esquema Cognitivo consiste em uma estrutura da psique humana a qual é atribuído o processamento de informações
que reconhecem estímulos e produzem as percepções de um indivíduo, tomando por base suas experiências de vida até
aquele momento. Um esquema mostra-se fundamental na interpretação e administração da informação recebida daqueles ao
redor e do mundo em si, assim como sobre a própria auto percepção. Os esquemas são responsáveis por significar as
experiências vividas (sejam estes esquemas funcionais ou não) no decorrer da vida de uma pessoa.
2.5 Tratamento do TEPT
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
CASTILLO, A.R.G.L. et al. Transtornos de ansiedade. Porto Alegre, RS. Revista Brasileira
de Psiquiatria, v22 (Supl II): 20-3, 2000. 4 p.
COELHO, B.I. et al. Violência urbana: avaliação de vítimas e pessoas que tiveram acesso à
informação. Vitória, ES. Universidade Federal do Espírito Santo, ES, 2010.