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Questão n. 1: e os direitos coletivos que estão na CF, art. 5º? Eles não são cláusulas
pétreas como, por exemplo, a liberdade de associação ou de reunião? Ambas são
liberdades individuais, mas só podem ser realizadas por mais de uma pessoa. Portanto,
são direitos individuais de expressão coletiva. Assim, os direitos que a Constituição
denomina de “coletivos” também devem ser considerados cláusulas pétreas.
Observações:
Existem na doutrina alguns autores - como Ingo Sarlet - que sustentam que todos
os direitos fundamentais seriam cláusulas pétreas expressas (e não implícitas). Segundo
os autores: a) o legislador constituinte apenas não foi rigoroso ao utilizar a nomenclatura
“individuais” (CF, art. 60, § 4º, IV); b) não existe na Constituição qualquer diferença de
regime ou de tratamento entre os direitos individuais e as demais espécies de direitos
fundamentais, pois todos eles são tratados da mesma forma pela Constituição (CF, art. 5º,
§§ 1º e 2º). Efetivamente, como se vê, de acordo com o § 1º do art. 5º, “as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais (não apenas dos individuais) têm
aplicação imediata”; e ainda, “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Ainda,
Bonavides e Rodrigo Brandão (da UERJ), defendem que os direitos sociais também estão
abarcados pelo conceito de cláusulas pétreas.
1ª - Limitações (CF, art. 60): as limitações são impostas ao Poder Constituinte Derivado e
este não poderia afastá-las, pois foram determinadas por um poder superior (Poder
Constituinte Originário).
Exemplo: a pena de morte é vedada pela CF, art. 5º, XLVII, “a”. Caso o constituinte
derivado desejasse consagrar a pena de morte para crimes hediondos, ele não pode
elaborar uma emenda, pois ela seria incompatível com a cláusula pétrea. Questiona-se:
o constituinte poderia revogar o art. 60, § 4º, IV? Caso positivo, os direitos e garantais
individuais deixariam de serem cláusulas pétreas e, por conseguinte, a pena de morte
também deixaria de sê-la e poder-se-ia consagrar a pena de morte para crimes
hediondos.
Exemplo: Lula queria reforma política, a qual entendeu ser de difícil aprovação. Por isso
propôs uma tal de “mini reforma”, na qual se tentava veicular uma dupla revisão; haveria
a redução do quorum de 2/3 por maioria absoluta. Posteriormente, ocorreria a votação
da reforma política.
A Constituição
1. Fundamento da constituição (concepções)
1.1. Sociológica (Ferdinand Lassalle)
Ferdinand Lassalle fazia uma distinção entre dois tipos de Constituição: Constituição
escrita (jurídica) e Constituição real (efetiva). A primeira é o documento que conhecido
por todos; a segunda são os fatores reais de poder que regem uma determinada nação,
ou seja, o conjunto de forças atuantes na conservação das instituições políticas.
III - De acordo com o autor, embora às vezes a Constituição escrita sucumba à realidade,
como afirma Lassalle, outras a Constituição tem uma força normativa capaz de conformar
a realidade. A partir dessa ideia, Hesse diz que há um condicionamento recíproco entre a
realidade e a Constituição.
Para que ocorra o condicionamento da realidade pela Constituição é necessário que haja
uma “vontade de constituição”: aqueles que estão no poder devem não apenas ter uma
vontade poder, mas também uma vontade de constituição. Quando há a vontade de
constituição a Constituição é capaz de impor tarefas, transformando-se em uma força
ativa suficiente para modificar a realidade existente.
Espécies:
Espécies:
I – Histórica: formada lentamente por meio da gradativa incorporação dos usos, dos
costumes, dos precedentes e até de alguns documentos escritos à vida estatal. Exemplo:
Constituição inglesa – as Constituições consuetudinárias ou costumeiras são históricas
quanto ao modo de elaboração.
Espécies:
Estrutura do Estado.
Questões (gerais):
Espécies:
I – Imutáveis: são leis fundamentais antigas criadas com a pretensão de eternidade. Elas
não poderiam ser modificadas, sob pena de maldição dos Deuses. Exemplos: Código de
Hamurabi e Lei das Doze Tábuas.
Atualmente, não existem mais Constituições imutáveis. Elas possuem apenas valor
histórico, assim como as Constituições fixas.
II – Fixas: são as Constituições alteráveis apenas pelo mesmo Poder Constituinte que as
elaborou quando convocado para isso. Exemplo: Constituições da época de Napoleão I
(França).
III – Rígidas: são aquelas modificáveis apenas mediante procedimentos mais solenes e
complexos que o processo legislativo ordinário - não são as cláusulas pétreas que
caracterizam a rigidez constitucional. Exemplo: Constituição brasileira de 1988.
V – Semirrígida: são aquelas que têm uma parte rígida e outra parte flexível:
determinadas normas exigem um processo mais rígido para a sua alteração (ou não
podem ser alteradas por serem cláusulas pétreas) e outra parte exige o mesmo processo
previsto para o procedimento de elaboração das leis ordinárias. Exemplo: Constituição
brasileira de 1824 (art. 178).
Art. 178. E' só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos
Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é
Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas
ordinarias.
Espécies:
Espécies:
Espécies:
I – Normativa: é aquela que possui normas capazes de efetivamente dominar o processo
político.
II – Nominal: apesar de ser válida do ponto de vista jurídico, a Constituição nominal não
consegue conformar o processo político às suas normas, sobretudo nos aspectos
econômicos e sociais, embora ela tenha a pretensão de normatividade.
III – Semântica: é uma Constituição utilizada pelos dominadores de fato visando apenas
a sua perpetuação no poder. Ela não tem por finalidade limitar o poder político como as
Constituições autênticas. É constituição somente no nome, pois não tem a finalidade de
limitar o poder e garantir direitos, o que é incumbência de uma verdadeira constituição.
Essa visão tem como pressuposto a Constituição como fundamento não só das atividades
relacionadas ao Estado, mas também de toda a vida social.
2.3. Constituição-moldura
A partir desse pressuposto, Gustavo Zagrebelsky defende que a Constituição não deve
estabelecer tudo, mas apenas fornecer a base necessária para que o ordenamento
jurídico seja construído. O autor compara o Direito Constitucional aos materiais de uma
construção. A constituição seria somente o alicerce onde seria realizada a construção
com todo o ordenamento jurídico.
O papel da Constituição dentro desta visão seria assegurar as condições possíveis para a
vida comum em sociedade.
III – Constituições:
1824.
1891.
1934.
1937.
1946.
1967/1969.
1988.
É a Constituição mais duradoura da história do Brasil (67 anos) e possuiu uma única
emenda.
CPIB/1824, art. 178: “É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições
respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos cidadãos
[matérias constitucionais]. Tudo, o que não é Constitucional, pode ser alterado sem as
formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias”.
CPIB/1824, art. 174: “Se passados quatro anos, depois de jurada a Constituição do
Brasil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a proposição por
escrito, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada pela terça parte
deles”.
VII – Poder: a Constituição de 1824 não adotou a tripartição de Poderes proposta por
Montesquieu, mas uma divisão quadripartite do Poder (Benjamin Constant): CPIB/1824,
art. 10: “Os Poderes Politicos reconhecidos pela Constituição do Imperio do Brazil são
quatro: o Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial”.
IX – Controle de constitucionalidade: não era exercido pelo Poder Judiciário – não havia
controle jurisdicional de constitucionalidade. O guardião da Constituição era o
Parlamento: CPIB/1824, art. 15: É da atribuição da Assembléia Geral: (…) IX. Velar na
guarda da Constituição, e promover o bem geral da Nação”.
1
CPIB/1824, art. 6º. “São Cidadãos Brazileiros:
(...)
2
CPIB/1824, art. 45: “Para ser Senador requer-se: IV. Que tenha de rendimento
annual por bens, industria, commercio, ou Empregos, a somma de oitocentos mil réis.
CREUB/1891, art. 1º: “A Nação brasileira adota como forma de Governo, sob o regime
representativo, a República Federativa, proclamada a 15 de novembro de 1889, e
constitui-se, por união perpétua e indissolúvel das suas antigas Províncias, em Estados
Unidos do Brasil”.
CREUB/1891, art. 72: “(...). 3º Todos os indivíduos e confissões religiosas podem exercer
publica e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens,
observadas as disposições do direito commum.
§ 4º A Republica só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita.
(...)”.
CREUB/1881, art. 15: “São órgãos da soberania nacional o Poder Legislativo, o Executivo e
o Judiciário, harmônicos e independentes entre si”.
Princípio da igualdade:
CREUB/1891, art. 72, § 2º: “Todos são iguaes perante a lei. A Republica não admitte
privilegios de nascimento, desconhece fóros de nobreza, e extingue as ordens
honoríficas existentes e todas as suas prerogativas e regalias, bem como os titulos
nobiliarchicos e de conselho”.
CREUB/1891, art. 72, § 22: “ § 22. Dar-se-ha o habeas-corpus sempre que o individuo
soffrer ou se achar em imminente perigo de sofrer violencia, ou coacção, por illegalidade,
ou abuso de poder.”.
(...)
(...)”.