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2.1.

CONTEXTO POLÍTICO E ECONÔMICO

Em um estudo acerca de uma política é de suma importância o levantamento dos


motivos que levaram essa intervenção a surgir, além dos fatores que a fizeram ser
desenhada de determinada maneira, para isso, uma contextualização histórica é um
caminho aconselhável para que esse entendimento se torne possível, porque, através dela,
podem ser mapeados os atores e as circunstâncias que interferiram nas decisões da época.
No que se refere ao quadro político e econômico vigente no Brasil na época da
criação do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PASEP), pode-se afirmar que o período em questão representava o
auge do autoritarismo do governo militar instaurado em 1964 e também o auge de um
período de crescimento econômico iniciado em 1967 e que só iria terminar em 1973.
O Governo Médici (1969/ 1973), que ocorria no momento, era marcado por forte
busca ao crescimento econômico, por isso utilizava-se de instrumentos de política
econômica para legitimar a imagem e o discurso do governo. Ações características desse
período na economia estavam relacionadas com o fomento às exportações e o tratamento
gradualista de combate à inflação, além disso, o estado mostrava um comprometimento com
a construção de um país socialmente justo e integrado nacionalmente.
Deve-se lembrar, porém, que as motivações para o governo de Médici colocar em
pauta as questões mais sociais estão no governo anterior, o governo de Castelo Branco.
Esse governo foi marcado, inicialmente, por uma grande ortodoxia no tratamento da alta
inflação, o que gerou um agravamento da situação econômica na medida em que isso
contribuiu para uma aceleração no processo de centralização e queima do capital
excedente, além disso houve uma completa reformulação dos financiamentos público e
privado da economia, uma política de arrocho salarial, corte de gastos, aumento da carga
tributária, etc. Diante desse cenário a forte frente dos grandes empresários já se
manifestava contra os rumos da política econômica tomados por esse governo, o que fez
com que o general repensasse os rumos dessas ações para sua própria segurança política.
Foi assim que, através de Delfim Neto, foi realizada uma política econômica mais
heterodoxa e generosa nas áreas do gasto público, concessão de crédito e tributação, o que
trouxe novamente o apoio dos grandes empresários. Essa política, entretanto, não seria
capaz de agradar todas as frentes, vários empresários pequenos e médios ainda eram
prejudicados com restrição ao crédito, além disso, os segmentos militares defensores da
supremacia da pátria acreditavam que a política estava estrangulando a nação devido a
distribuição de renda desigual, o arrocho salarial, a dificuldade da entrada de novas
empresas no mercado, etc.
O fato maior é que, mesmo no período de transição entre o governo Castelo Branco
e o Governo Médici esse descontentamento permaneceu, motivado por novas tentativas
fracassadas do primeiro governo de combate à inflação e também por um sentimento de
não representatividade com o segundo governo, já presente no processo de escolha do
novo governante. Esses nacionalistas se preocupavam com a grande possibilidade de não
priorização de seus anseios relacionados ao desenvolvimento regional, criação de novas
empresas (mercado mais forte), distribuição de renda e benefícios para os trabalhadores,
dessa forma continuaram com uma pressão sobre o novo governo, o que motivou o novo
governante a repensar a priorização dessa pauta mais social e desenvolvimentista. Essa
entrada do assunto na pauta governamental foi a semente para a criação dos programas
aqui estudados.

2.2 CRIAÇÃO DO PIS E DO PASEP

O PIS foi instituído pela Lei Complementar número 7, de 7 de Setembro de 1970,


durante o regime militar, e, como já aponta o texto do instrumento, a motivação se deu de
forma a “promover a integração do empregado na vida e no desenvolvimento das empresas”
(BRASIL, 1970). Isso se daria através da formação de um estoque de patrimônio para os
trabalhadores através da cobrança dos empregadores, esses depósitos poderiam ser
sacados em alguns casos, como: ocasião de morte, casamento, aposentadoria e invalidez.
A cobrança era realizada das empresas comerciantes em uma alíquota sobre o
faturamento e das prestadoras de serviço mediante dedução do Imposto de Renda devido.
A alíquota inicialmente praticada era de 0,75% sobre o faturamento do sexto mês anterior.
Esse percentual sofreu mudanças ao longo do tempo até a edição da Medida Provisória
número 1212, de 28 de Novembro de 1995, quando a alíquota foi fixada em 0,65% sobre o
faturamento do mês anterior, devendo ser recolhido no prazo de dez dias após o mês
vencido.
O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) criado pela
Lei Complementar número 8, de 3 de Dezembro de 1970, possuía função semelhante ao
PIS, a diferença, nesse caso, é que a contribuição para a formação do estoque de
patrimônio, segundo seu dispositivo legal, deveria ser realizada, no Banco do Brasil,
diretamente pelas entidades governamentais relativas aos servidores nas seguintes
alíquotas:

“I - União:
1% (um por cento) das receitas correntes efetivamente arrecadadas,
deduzidas as transferências feitas a outras entidades da Administração
Pública, a partir de 1 de julho de 1971; 1,5% (um e meio por cento) em 1972
e 2% (dois por cento) no ano de 1973 e subseqüentes.

II - Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios:


a) 1% (um por cento) das receitas correntes próprias, deduzidas as
transferências feitas a outras entidades da Administração Pública, a partir
de 1 de julho de 1971; 1,5% (um e meio por cento) em 1972 e 2% (dois por
cento) no ano de 1973 e subseqüentes; e
b) 2% (dois por cento) das transferências recebidas do Governo da
União e dos Estados através do Fundo de Participações dos Estados,
Distrito Federal e Municípios, a partir de 1 de julho de
1971.” (BRASIL,1970)

Em 1º de julho de 1976, com a Lei Complementar nº 26, os fundos se uniram e


deram origem ao PIS-PASEP, entretanto, mesmo com a unificação, esses fundos continuam
apresentando patrimônio e agentes operacionais distintos (Caixa Econômica Federal e
Banco do Brasil, respectivamente). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) é responsável pela aplicação dos recursos do fundo.
O conselho diretor é determinado pelo decreto nº 4751, de junho de 2003. O
instrumento determina que a coordenação desse grupo é feita por representantes da
Secretaria do Tesouro Nacional, sendo ele formado por representantes do Ministério da
Fazenda, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Ministério do Trabalho e Emprego, da
Secretaria do Tesouro Nacional e por representantes dos participantes do PIS e do PASEP.

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