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CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

 referência legislativa:

CC, arts. 334 (conceito), 335 (causas), 337 (efeitos).

CPC, arts. 890 a 900

 Conceito:

CC, art. 334 “Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito

judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas

legais”

- É o depósito judicial feito em pagamento de uma dívida. Consiste em um

modo de liberar-se o devedor de sua obrigação, através do depósito judicial

da coisa devida.

- O pagamento em consignação consiste no depósito, judicial ou

extrajudicial, da quantia ou coisa devida, o qual, sendo aceito pelo

credor ou reconhecido como válido e suficiente pelo juiz extinguirá a

obrigação, liberando o devedor.

 Hipóteses de cabimento:

O Código Civil, em seu art. 335, prevê cinco hipóteses de pagamento por

consignação:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,

ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e

condição devidos; (dívida quérable/quesível)

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado


ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do

pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

- Os fatos que autorizam a consignação, previstos no artigo 335 do CC, tem

por fundamento: mora do devedor e circunstancias inerentes à pessoa do

credor que impede o devedor de satisfazer a sua intenção de exonerar-se da

obrigação.

• O próprio credor injustificadamente se recusa a receber o pagamento

(mora accipiendi); ou

• O devedor ficou impossibilitado, por motivos alheios à sua vontade, de

realizar o pagamento (ex: credor desconhecido)

 Legitimidade ativa:

Devedor e terceiro interessado. CC, art. 305.

 Legitimidade passiva:

Credores conhecidos ou possíveis de serem determinados.

 Competência:

- foro: lugar do pagamento (domicílio do devedor? CC, art. 327).

- mais de um credor: qualquer deles

- dívidas sobre imóvel: foro da localização (ratione loci)

 Depósito bancário - Consignação extrajudicial:


- alteração de 1994. Art. 890, §§ 1. a 4.

- conta especial. Banco oficial. Simplificação. Levantamento da quantia pelo

credor implica em aceitação.

- credor pode: aceitar - ficar inerte - recusar.

 Prestações periódicas:

- “obrigações de trato sucessivo”. CPC, arts. 892 e 290.

- “Na hipótese de alguma prestação não ser depositada no prazo, ocorrendo,

assim preclusão, a ação sofre, por isso, alteração. A sente~ça abrangerá

todas as prestações depositadas, e aquelas não depositadas podem ser

objeto de consignatória autônoma.” (Wambier)

 Procedimento:

- petição inicial: arts. 282 e pedido de depósito

- resposta do réu/credor. Art. 896:

1. Não houve recusa/mora

2. Recusa justa

3. Local/prazo

4. Depósito não é integral

- Julgamento antecipado da lide:

1. Ausência de contestação e revelia:

2. Aceitação pelo credor

- Dúvida a quem pagar:

1. Ninguém comparece: depósito de bens de ausente

2. Apenas um comparece: sentença determina quem de fato deve receber

3. Mais de um credor comparece: devedor é desobrigado e discussão continua

entre os credores.
- Insuficiência:

A sentença não apenas julgará improcedente a consignação, mas, sempre que

possível, determinará qual o montante devido, que valerá como título

executivo, estando o réu autorizado, no mesmo processo, a executar a

parcela não levantada, e reconhecida devida na sentença. (Wambier)

 Doutrina:

- A consignação é instituto pertinente tanto ao direito material quanto ao

direito processual. Trata-se do depósito judicial em regra de uma coisa. A

Decisão judicial é que vai dizer se o pagamento feito desse modo em juízo

terá o condão de extinguir a obrigação. O objeto da consignação é um

pagamento, mas, com freqüência, tais processos inserem questões

prejudiciais mais profundas: quando alguém quer consignar um aluguel e o réu

recusar-se a receber, por negar a relação locatícia, embora a finalidade da

ação seja a extinção de uma dívida, na procedência estar-se-á reconhecendo

a existência de uma locação.

- A consignação em pagamento tem a ver com a imputação de mora ao credor.

No entanto, não é obrigatório ao devedor recorrer à ação de consignação

para conseguir esse efeito. A mora do credor pode ser reconhecida na ação

que este move contra o devedor. (Venosa, Sílvio de Salvo Direito civil: teoria

geral das obrigações e teoria geral dos contratos / Sílvio de Salvo

Venosa. – 3. ed. – São Paulo : Atlas, 2003)

- Pagamento por consignação, segundo o autor Carlos Roberto Gonçalves,

consiste no depósito, pelo devedor, da coisa devida, com objetivo de liberar-

se da obrigação. É um meio indireto de pagamento, ou pagamento especial e o

modo de fazê-lo é previsto no diploma processual. Em sendo assim, se o


credor, sem justa causa, recusar-se a receber o pagamento em dinheiro,

poderá o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da

ação de consignação em pagamento.

- Embora a lei assegure ao devedor o direito de consignar a coisa devida, tal

fato só pode ocorrer na forma e nos casos legais. Se não houver recusa do

credor em receber, ou outra causa legal, não pode o devedor, sem motivo

justificável, efetuar o depósito de prestação em vez de pagar diretamente

ao credor.

 Doutrina:

1) EMENTA: "ESTANDO COMPORVADO QUE O VALOR CONSIGNADO EM

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO E PAGAMENTO ESTA CORRETO, DEVE SER

DADO COMO QUITAÇÃO O DÉBÍTO".

(TJRO, Ap.cív.: 00120050043438, Rel.Des. Juiz Léo Antônio Fachin, j. em

05/07/2206)

2) EMENTA: AÇÃO CONSIGNATÓRIA. OFERTA INSUFICIENTE.

CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. DESPESAS REFERENTES

AO REGISTRO DE HIPOTECA. PREVISÃO CONTRATUAL.

O pagamento por consignação é uma forma indireta de extinção da obrigação.

Para que a consignação tenha força de pagamento é necessário que

concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os

requisitos sem os quais não é válido o pagamento. Se a oferta do consignante

não é suficiente, não tem força de pagamento, devendo ser julgado

improcedente o pedido. Desprovimento do recurso.

(TJRJ - ap. cív. n° 2006.001.20782, 8ª C.Cível, Rel. Des. Letícia Sardas, j. em


31.10.06)

Comentário: O apelante alega que está extinguindo sua obrigação através do

instituto da consignação em pagamento, referentes ao contrato de compra e

venda em que ele é parte. Porém, os depósitos que tem feito são

insuficientes, não obtendo forças os pagamentos, observados os requisitos

para impetrar a consignação, motivo pelo qual é bastante justo que o douto

julgador negue provimento ao recurso.

3)EMENTA: " A AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO É MEIO PARA

EXIMIR-SE DE OBRIGAÇÃO CONTRATUAL, EM ESPECÍFICAS

HIPÓTESES QUE A LEI PREVÊ. QUANDO A MATÉRIA VERSAR SOBRE

CIRCUNSTÂNCIA NÃO ELENCADA NO ART. 335 DO CC, IMPÕE A

EXTINÇÃO DO FEITO, ANTE A AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTO DE

CONSTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO

PROCESSO.

(TJRO, Apelação cível: 01020050013955, Rel.Des. Moreira Chagas, em

06/06/2006)

obs.: O apelante Antônio Custódio Matias Pinto sentindo-se lesado com a

decisão do a-quo, que extinguia o processo baseado no artigo 267 inciso VI

“quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade

jurídica, a legitimidade das partes e a interesse processual”, da ação de

consignação em pagamento, alegando o magistrado que inexiste os requisitos

objetivos e subjetivos da ação de consignação em pagamento, entre o autor e

a Brasil Telecom. O apelante se insurge da decisão alegando que os requisitos

do exercício do direito de ação estão presentes, não existindo razão para a

extinção do feito. A turma manteve a decisão da sentença de primeiro grau,


alegando a inexistência dos pressupostos do artigo 335 conforme o Código

Civil: A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento,

ou dar quitação na devida forma;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Saliente-se que o litígio a justificar a ação consignatória deve ser entendido

como aquele que se verifica entre o credor e terceiro, que lhe disputa a

qualidade ou o direito, não entre devedor e credor. Assim, pode-se concluir

que as previsões aplicáveis ao presente caso insertas do dispositivo acima não

foram implementadas de maneira que se pudesse acatar a possibilidade da

consignatória. Ante o exposto, foi negado provimento ao apelo.

4) EMENTA: PROCESSUAL CIVIL - CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO -

JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO

CONFIGURADO - CÁLCULOS UNILATERAIS - DEPÓSITO NÃO

INTEGRAL - INTIMAÇÃO PARA COMPLEMENTAÇÃO - PROVIDÊNCIA

NÃO ATENDIDA - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO."

(TJSC - proc. nº1999.014317-1 - Rel. Des. Luiz Cezar Medeiros -

30/08/2005)

Fonte: www.tj.sc.gov.br

obs.: O caso em epigrafe pode o juiz exercer juízo crítico e aceitar como

suficientes as provas documentais apresentadas, dispensando as orais,

quando a tendência é que a lide seja julgada antecipadamente, conforme

artigo 330, I do CPC “ O juiz conhecerá diretamente do pedido, preferindo

sentença: I – quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou,

sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em


audiência;”. O exame do caso concreto é que fornecerá ao juiz, nos termos do

artigo 131 do CPC “ O juiz apreciará livremente a prova, atendendo ao fatos

e circunstâncias constantes dos atos, ainda que não alegados pelas partes;

mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o

convencimento”.

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