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Saída para Internet com Rota Estática e IGP

em Roteadores e Switches L3 Cisco


Você sabe como configurar de forma rápida e eficaz a saída para
Internet utilizando rota estática em Roteadores e Switches L3 Cisco?

Essa configuração pode ser realizada algumas maneiras diferentes,


porém vou manter aqui o foco no pessoal nível CCENT, ICND-2 e
CCNA R&S colocando uma “pimentinha”…

Nesse artigo você vai aprender os seguintes tópicos:

• Saída para a Internet


• Saída para Internet via Rota Estática
• Anunciando Saída para Internet no RIP e OSPF
• Anunciando Saída para Internet via Redistribuição no EIGRP
• Dicas e Conclusão

Vou focar em uma rede com uma saída única para a Internet através
de rota estática, posteriormente vou publicar outro artigo com uma
opção prática e rápida para redes com múltiplos links de Internet.

Na realidade se você já tem uma rede com mais de uma saída de


Internet no mesmo roteador você pode ver como fazer uma opção
de configuração através de rota estática flutuante clicando aqui.

Mas chega de blábláblá e vamos começar… Pegue seu bloco de notas


e mãos a obra!

Saída para a Internet


A saída para a Internet em roteadores e switches L3 (layer 3 ou camada
3) Cisco utiliza o mesmo conceito que quaisquer outros fabricantes
utilizam, sendo realizada normalmente via uma rota estática padrão.

Essa rota estática padrão é também chamada de rota estática padrão,


gateway padrão ou default gateway.
O gateway padrão nada mais é que um roteador ou switch L3
posicionado na borda da rede corporativa fazendo a interconexão entre
a Intranet (sua rede corporativa) com a Internet.

Como estamos focando em redes corporativas e não de provedores de


Serviço (ISPs – Internet Service Providers) a topologia mais utilizada é
ter um protocolo de roteamento interno (IGP – Interior Gateway
Protocol) rodando dentro da Intranet e a conexão com a Internet
feita via rota estática padrão.

Portanto, nos roteadores internos teremos nas tabelas de roteamento


as redes privadas RFC 1918 utilizadas na rede mais uma rota estática
padrão (marcada com um asterisco) indicando a saída para a Internet
ou para redes que esses roteadores não conheçam.

Se você não utilizar um protocolo de roteamento dinâmico IGP como


RIPv2, OSPF ou EIGRP será necessário criar a rota estática padrão
em cada um dos roteadores da rede interna.

Com os protocolos de roteamento dinâmico essa tarefa é mais simples,


pois você pode utilizar os recursos desses protocolos e através do
gateway anunciar automaticamente essa rota estática para a Internet
sem precisar fazer nada nos demais roteadores da Intranet.
O maior cuidado ao criar uma rota estática padrão é de não causar
loops de roteamento (loops de camada-3), tenha muito cuidado com
isso.

A seguir você vai aprender a criar a rota estática padrão sem criar um
loop de roteamento…

Saída para Internet Via Rota Estática


De uma forma resumida podemos dizer que a rota estática padrão ou
Gateway of last resort nos roteadores tem a função de ser o
destino para qual o roteador ou switch L3 enviará pacotes quando não
houver uma entrada na tabela de roteamento para aquela rede de
destino.

Quando um roteador recebe um pacote para encaminhar ele analisa a


rede de destino e busca em sua tabela de roteamento uma rota
correspondente.

Sem uma rota estática padrão o roteador irá buscar a rota explícita
(específica) para determinado endereço em sua tabela de roteamento
e caso não seja encontrada, o pacote será descartado.

Por esse motivo a rota estática padrão é intitulada muitas vezes como
a “saída para internet” ou saída padrão, pois quando não há rota
específica para a rede de destino o pacote é encaminhado para ela.

Nos roteadores e switches L3 ela deve ser configurada com uma rota
estática para a rede 0.0.0.0 com máscara 0.0.0.0, ou seja, todos os
endereços IP’s menos os que ele conhece na tabela de roteamento.

Para a configuração de um gateway default você pode utilizar o


comando: “ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 interface/gateway”.

A seguir vamos estudar um exemplo prático onde o gateway default é


o endereço IP 192.168.1.1.
RA#conf t
Enter configuration commands, one per line. End with CNTL/Z.
RA(config)#ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 192.168.1.1
RA(config)#end
RA#show ip route
Codes: L - local, C - connected, S - static, R - RIP, M - mobile, B - BGP
D - EIGRP, EX - EIGRP external, O - OSPF, IA - OSPF inter area
N1 - OSPF NSSA external type 1, N2 - OSPF NSSA external type 2
E1 - OSPF external type 1, E2 - OSPF external type 2
i - IS-IS, su - IS-IS summary, L1 - IS-IS level-1, L2 - IS-IS level-2
ia - IS-IS inter area, * - candidate default, U - per-user static route
o - ODR, P - periodic downloaded static route, H - NHRP, l - LISP
a - application route
+ - replicated route, % - next hop override
Gateway of last resort is 192.168.1.1 to network 0.0.0.0
S* 0.0.0.0/0 [1/0] via 192.168.1.1
192.168.1.0/24 is variably subnetted, 2 subnets, 2 masks
C 192.168.1.0/24 is directly connected, GigabitEthernet0/0
L 192.168.1.225/32 is directly connected, GigabitEthernet0/0
RA#

Note que na tabela de roteamento você reconhecerá a rota estática


padrão com um asterisco (*) ao lado do “S” que indica que ela é uma
rota estática, além de aparecer o endereço IP no campo “Gateway of
last resort is…”.

O endereço IP que você deve utilizar nesse comando é sempre de um


vizinho diretamente conectado ao seu roteador, ou seja, o endereço da
interface do ISP que seu gateway está conectado.

Se você for utilizar a interface como opção aí insira a interface local do


seu gateway que está conectada ao roteador do ISP.

Para os roteadores internos você deve apontar a saída para Internet


na direção do gateway e é aí que vem o risco de loops de camada 3.

Se você configurar uma rota estática de um roteador apontando para o


vizinho e esse vizinho apontar para seu roteador é quando criamos o
loop de roteamento, pois quando um não conhecer uma rede de
destino vai enviar para o outro até o TTL chegar a zero.

Veja a figura abaixo para entender o loop de roteamento.


Utilizando a figura acima, suponha que sua Internet está conectada a
R1 e todos os links tem a mesma velocidade, portanto você deveria
criar rota de R3 apontando para R1, de R4 também apontando para R1
e de R2 indo para R3 ou para R4 e aí saindo para R1, uma vez que R2
não tem link direto para R1.

A seguir vamos estudar como fazer a divulgação dessa rota estática


padrão através dos protocolos de roteamento dinâmico RIP, OSPF e
EIGRP.

Com um protocolo dinâmico fica bem mais simples a configuração, pois


é só fazer tudo em um roteador só que os outros receberão a rota
estática padrão via anúncio, tudo isso sem necessidade de teclar um
único comando nos demais roteadores internos.

Anunciando a Saída para Internet no RIP e OSPF


Para facilitar a divulgação da rota padrão os protocolos RIP e OSPF
possuem um comando em modo de configuração de roteador que
deve ser inserido no roteador que possui o link de saída para Internet.

Dessa forma a saída padrão é anunciada automaticamente para todos


os demais roteadores.
O comando é o “default-information originate” que deve ser aplicado
dentro do modo de configuração do RIP ou OSPF.

Resumindo, no roteador com a saída para Internet basta configurar


uma rota estática padrão e digitar o comando “default-information
originate” dentro da configuração do RIP ou OSPF que o próprio
protocolo de roteamento dinâmico fará o anúncio dessa rede para os
demais routers, veja um exemplo abaixo.
hostname Router-A
!
ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 200.200.200.2
!
router ospf 1
log-adjacency-changes
network 10.0.4.0 0.0.0.255 area 0
network 192.168.1.8 0.0.0.3 area 0
network 192.168.1.4 0.0.0.3 area 0
default-information originate

No roteador vizinho a rota padrão distribuída pelo comando “default-


information originate” é marcada como uma rota externa do tipo 2 pelo
OSPF (O*E2 0.0.0.0/0) e com um asterisco indicando que a rota é
candidata a default, veja na saída do comando abaixo.
RouterB#show ip route
Codes: C - connected, S - static, I - IGRP, R - RIP, M - mobile, B - BGP
D - EIGRP, EX - EIGRP external, O - OSPF, IA - OSPF inter area
N1 - OSPF NSSA external type 1, N2 - OSPF NSSA external type 2
E1 - OSPF external type 1, E2 - OSPF external type 2, E - EGP
i - IS-IS, L1 - IS-IS level-1, L2 - IS-IS level-2, ia - IS-IS inter area
* - candidate default, U - per-user static route, o - ODR
P - periodic downloaded static route
Gateway of last resort is 192.168.1.9 to network 0.0.0.0
10.0.0.0/24 is subnetted, 5 subnets
O 10.0.0.0 [110/101] via 192.168.1.6, 00:05:41, Serial0/0/0
O 10.0.1.0 [110/101] via 192.168.1.6, 00:05:41, Serial0/0/0
C 10.0.2.0 is directly connected, FastEthernet0/0
C 10.0.3.0 is directly connected, FastEthernet0/1
O 10.0.4.0 [110/101] via 192.168.1.9, 00:05:41, Serial0/0/1
192.168.0.0/32 is subnetted, 1 subnets
C 192.168.0.2 is directly connected, Loopback0
192.168.1.0/30 is subnetted, 3 subnets
O 192.168.1.0 [110/1662] via 192.168.1.6, 00:05:41, Serial0/0/0
C 192.168.1.4 is directly connected, Serial0/0/0
C 192.168.1.8 is directly connected, Serial0/0/1
O*E2 0.0.0.0/0 [110/1] via 192.168.1.9, 00:05:41, Serial0/0/1
RouterB#

O RIP não marca a rota como externa, apenas insere o asterisco


indicando que a rota é uma candidata a default.

A seguir vamos ver como anunciar automaticamente a rota padrão


através de redistribuição.

Anunciando a Saída para Internet via Redistribuição no


EIGRP
Em redes que rodam o protocolo EIGRP podemos criar uma rota
estática padrão e redistribuí-la dentro do processo de roteamento do
EIGRP com o comando “redistribute static”.

Veja exemplo abaixo.


ip route 0.0.0.0 0.0.0.0 200.200.200.2
!
router eigrp 100
redistribute static
passive-interface FastEthernet0/0
passive-interface FastEthernet0/1
network 10.0.0.0
network 192.168.1.0
no auto-summary

Nos vizinhos que recebem essa rota nos anúncios do EIGRP a rota é
marcada como externa e recebe uma métrica igual a 170 (D*EX
0.0.0.0/0 [170/3097600]) e com um asterisco indicando que ela é
candidata a default, veja um exemplo do comando abaixo.
RouterB#show ip route
Codes: C - connected, S - static, I - IGRP, R - RIP, M - mobile, B - BGP
D - EIGRP, EX - EIGRP external, O - OSPF, IA - OSPF inter area
N1 - OSPF NSSA external type 1, N2 - OSPF NSSA external type 2
E1 - OSPF external type 1, E2 - OSPF external type 2, E - EGP
i - IS-IS, L1 - IS-IS level-1, L2 - IS-IS level-2, ia - IS-IS inter area
* - candidate default, U - per-user static route, o - ODR
P - periodic downloaded static route
Gateway of last resort is 192.168.1.9 to network 0.0.0.0
10.0.0.0/24 is subnetted, 5 subnets
D 10.0.0.0 [90/3074560] via 192.168.1.6, 00:13:55, Serial0/0/0
D 10.0.1.0 [90/3074560] via 192.168.1.6, 00:13:55, Serial0/0/0
C 10.0.2.0 is directly connected, FastEthernet0/0
C 10.0.3.0 is directly connected, FastEthernet0/1
D 10.0.4.0 [90/3074560] via 192.168.1.9, 00:13:55, Serial0/0/1
192.168.0.0/32 is subnetted, 1 subnets
C 192.168.0.2 is directly connected, Loopback0
192.168.1.0/30 is subnetted, 3 subnets
D 192.168.1.0 [90/41024000] via 192.168.1.9, 00:13:55, Serial0/0/1
[90/41024000] via 192.168.1.6, 00:13:55, Serial0/0/0
C 192.168.1.4 is directly connected, Serial0/0/0
C 192.168.1.8 is directly connected, Serial0/0/1
D*EX 0.0.0.0/0 [170/3097600] via 192.168.1.9, 00:13:55, Serial0/0/1
RouterB#

O interessante é que essa opção de configuração de rota e


redistribuição pode ser utilizada também no RIP e OSPF, porém como
eles já tem um comando específico para esse fim a redistribuição
acaba não sendo muito utilizada para anunciar rotas padrões para
esses dois protocolos.

Dicas e Conclusão
Agora você pode montar uma topologia utilizando o GNS3 ou Packet
Tracer e aplicar os conhecimentos que aprendeu nesse artigo.

É muito importante a implementação, pois lendo o artigo pode parecer


fácil, mas é só no campo de batalha que vamos realmente desenvolver
nossas habilidades e fixar os conhecimentos! Por isso pratique muito!

Apesar de não ter citado antes, saiba que as mesmas configurações


estudadas para roteadores podem ser utilizadas em switches L3 que
suportam roteamento IP.

Uma dica, antes de configurar a parte de roteamento ative essa função


com o comando “ip routing” em modo de configuração global no seu
switch L3.

No Packet Tracer tem uma opção de switch 3650 Multilayer que você
pode utilizar nos testes.
No GNS3 para testar switching é aconselhável utilizar o IOU (Cisco IOS
on UNIX).

Se você não tem muita intimidade com o Packet Tracer ou GNS3


ensinamos tudo isso e como utilizá-los no curso de Simuladores de
Redes.

Se você gostou do assunto e está procurando desenvolver suas


habilidades em roteamento vou indicar alguns outros artigos do nosso
blog que escrevi a um tempo atrás e poderão te ajudar, veja a lista
abaixo:

1. Balanceamento de carga em protocolos de roteamento


2. Configurando o balanceamento de carga no RIP, OSPF e EIGRP

Espero que o artigo sobre rota estática para a Internet tenha sido
realmente de grande valia para você e aguardo seus comentários,
dúvidas e sugestões no final dessa página na área de comentários!

É só descer um pouco que você encontra a área de comentários está


lá embaixo…

Claro que você também pode usar os botões de compartilhamento se


achar que o artigo vai ser útil para seus amigos.

Que a força esteja com você e até uma próxima!

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