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SÃO PAULO
2016
AMANDA CID PEREZ SÉRVULO DA CUNHA
SÃO PAULO
2016
O Mandamento da Deusa
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
1 INTRODUÇÃO
Uma coisa que perdemos em nossa cultura ocidental, dominante e que hoje
nos escraviza com seus (pré)conceitos, são os ritos de passagem. Deixamos de
marcar, comemorar e ritualizar os momentos de passagem de um estado para outro.
Assim o menino e a menina não mais percebem quando deixam esse estado e se
tornam jovens, e o adulto não mais tem sua entrada nessa fase marcada por ritos
que re-atualizam suas lembranças de estar numa nova fase de sua vida, tão pouco a
idade da sabedoria é marcada por algum sinal, e se é, o é de uma maneira apenas
biológica-hormonal, na maioria das vezes vivenciada de uma maneira negativa.
Com esta ausência dos ritos de passagem, perdemo-nos enquanto
indivíduos e, com isso, perde a sociedade como um todo por deixar de ter pessoas
realmente integradas em seu seio. Essa perda dos ritos de passagem, os quais
ainda existem nas culturas chamadas primitivas, priva-nos de perceber nossa
sincronicidade com o transcendente e com os arquétipos universais e nos impede de
mergulhar em nós mesmos e descobrirmos as faces do Deus e da Deusa em nosso
interior.
Neste trabalho propõe-se, portanto, a retomada do Sagrado, no sentido de
voltar a ritualizar a exemplo de nossas ancestrais, de louvar nossa biografia e nossa
história, ritualizando a cada momento de transformação na vida do ser “mulher”, o
qual dividimos em quatro marcos, assim como a Lua, que tem suas quatro fases, e
os quatro elementos que nos regem:
1) DONZELA: nascimento, infância – vim ao mundo mulher!
2) MÃE: menstruação – agora sou fértil, posso gerar uma vida!
3) AMANTE: primeiro sexo - contato com o masculino!
4) ANCIÃ: menopausa – louvo a anciã/avó que habita em mim!
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segunda mulher no casamento; é a mulher quem decide e isso não é visto como
uma traição, mas sim, como um trabalho de harmonizar a energia da casa e da
família. Meninas, ao menstruar, são iniciadas em rituais em comunhão com a lua e
passam a participar de círculos de mulheres para conversarem sobre seu ciclo,
dúvidas, conflitos e sexualidade. Dagara cita “Na iniciação, estudamos a conexão
das mulheres com seus ciclos e com a Lua. Muitos dos países civilizados do mundo,
inclusive alguns africanos, olham pra menstruação com certo desconforto. Não
compreendem o quão valioso é para uma mulher ter seu ciclo. O fluxo do sangue
carrega poder. É uma época poderosa para a mulher, pois carrega a energia
curadora e tem uma tremenda habilidade de curar e ver coisas. Na minha aldeia, as
pessoas procuram a ajuda das mulheres nessa época e a tratam com grande
respeito”. Em nossa sociedade atual este período do ciclo da mulher é considerado
um problema, ganhando até o nome de TPM – tensão pré menstrual e chegando a
impactar a entrada da mulher no mercado de trabalho, em que a esta é considerada
emocionalmente frágil por conta de seu ciclo, ou desconsiderada por poder
engravidar, ou seja, uma total inversão de valores.
Figura 2
Figura 3 Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Ao longo da história a Lua e as suas faces mutáveis têm sido o foco central
de cultos e rituais, fonte de inspiração para poetas e trovadores, origem primordial
dos calendários (baseados nos ciclos menstruais da mulher), marcador do tempo
certo para atividades agrícolas, considerada um dos luminares da astrologia
(juntamente com o Sol) e assunto de inúmeras pesquisas e explorações científicas e
tecnológicas atuais.
À medida que as culturas antigas matrifocais centradas na Deusa e dos
valores por ela representados foram desaparecendo sendo substituídas por
hierarquias e estruturas patriarcais, o princípio lunar feminino foi sendo sobrepujado
pelo princípio solar masculino.
A Lua passou a ter conotações sombrias, ligadas aos aspectos instintivos,
inconscientes e ocultos do ser humano, um sinônimo de inconstância e instabilidade
emocional femininas e das práticas mágicas e atividades ocultas.
No entanto, as últimas décadas do século XX têm trazido uma mudança
cada vez mais acentuada nos conceitos e nas escalas de valores da humanidade.
Aumentou a busca para o conhecimento e transformação interior, para a integração
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Figura 8
A Lua Crescente representa uma fase de intenso cuidado, para que esses
novos projetos de vida cresçam e se desenvolvam, momento de cuidar os brotos
que saem da terra em busca de luz e ar, alimentar os sonhos e protegê-los para que
se desenvolvam com todo seu potencial.
A Lua Cheia é o momento de celebração, onde as flores e frutos estão em
seu apogeu. Momento criativo onde o máximo da cor e da beleza se manifesta. É
uma festa, a Lua chega ao seu brilho máximo inspirando os poetas e nossa vida! A
Lua minguante é tempo de cuidar o que já esta morrendo. Período delicado, porque
faz parte da natureza dos ciclos, a morte e o renascimento. Essa lua antecede o
momento de morte simbólica, o que representa maior sensibilidade e uma certa
melancolia. Bom momento de refletir com maturidade sobre nossos projetos de vida,
pois é com a experiência dessa lua que podemos sentir o que vale a pena seguir e o
que deve ser transformado pela lua nova que se aproxima.
sintomas físicos são visíveis, afetando várias partes de nosso corpo e nossas
emoções.
Reconectar com a consciência de nossa Lua Pessoal, trabalhando aspectos
físicos, emocionais, psíquico e espiritual em harmonia com nosso ciclo, pode ajudar
a mulher a superar problemas em sua saúde de forma completa.
Estamos desconectadas do mundo natural, esquecemos de contemplar a
beleza prateada desta antiga mestra do céu. Precisamos reaprender a olhar
“dentro” nossa Lua Pessoal, e olhar fora, a Lua Cósmica.
E quando a mulher não vivencia mais seu ciclo lunar pessoal? Então, chega
o momento da sacralidade da maturidade feminina, conhecida como menopausa.
discreta e silenciosa e que o ideal seria passar por ela “como se nada estivesse
acontecendo”, o que demonstra que os sentimentos das mulheres entrevistadas com
relação à menopausa foram, em grande parte, negativos, em virtude, principalmente,
das alterações corporais que costumam ser características dessa fase.
O médico passou a ser, então, o profissional preferencialmente procurado
pelas mulheres quando os desconfortos da menopausa se fazem sentir, acreditando
que a menopausa é um evento puramente biológico e, portanto, restrito à alçada
médica, e por conta dessa “medicalização” da menopausa esta passou a ser vista
como mais uma doença de carência hormonal a ser tratada, que deveria ser
superada com a reposição dos hormônios que estivessem em baixa. Além disso, a
ênfase no aspecto orgânico da menopausa levou a mulher a negligenciar as
turbulências psicológicas que também podem caracterizar esse período.
À medida que as pesquisas médicas prosseguiram, a concepção da
menopausa como doença foi sendo gradualmente substituída pela sua aceitação
como uma etapa natural da vida da mulher, porém tal transição carrega o estigma de
ser marcador de envelhecimento, e envelhecer implica enfrentar uma série de
perdas reais (como a capacidade reprodutiva) e simbólicas.
Muitos sintomas presentes nesta etapa da vida feminina são
equivocadamente atribuídos à menopausa, porém somente os fisiológicos como as
irregularidades menstruais, redução da fertilidade, ondas de calor, alterações do
sono e do humor, aumento da gordura abdominal e secura vaginal, por exemplo,
podem ser, de fato, associados ao fenômeno.
Carvalho e Coelho (2006) consideram que a mulher, a família e a própria
sociedade conferem os mais diversos significados ao término da capacidade
reprodutiva feminina. Todos os papéis culturalmente atribuídos à mulher passam a
ser questionados com a chegada da menopausa, e não somente a maternidade,
portanto, à redução hormonal somam-se mudanças psicossociais peculiares à
maturidade e, com elas, uma série de implicações para a autoimagem da mulher
que envelhece.
A menopausa, como crise, é temporária, mas pode ser situacionalmente
incapacitante, pois durante a transição climatérica a mulher pode se sentir fragilizada
para lidar com todas as mudanças desencadeadas nesse período, e isso em função
do desconhecimento que a grande maioria alega em relação ao que esperar.
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5 ARQUÉTIPOS FEMININOS
Figura 10
Figura 11
Transformadora para uma nova existência. Sua energia se manifesta em cada transição de
nossa vida, independentemente da idade, e nos guia para a troca de pele e
libertação do passado. Imagens associadas: ovo, borboleta, serpente, fênix,
caldeirão.
Fonte: Faur (2015).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLEN, Jean Shinoda. As deusas e a mulher. São Paulo, Edições Paulinas, 1990.
ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro,
Rocco, 2014.
_____. O anuário da grande mãe: guia prático de rituais para celebrar a deusa. São
Paulo, Alfabeto, 2015.
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WOOLGER, Jennifer & Roger. A Deusa Interior. São Paulo, Cultrix, 2007.
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da Lua. Como a Lua muda de fase a cada 7 dias, basta tentar a gravidez a cada Lua
Cheia que ocorre durante todo o ano.
Sexo do bebê
As crenças na Lua indicam que você pode escolher o sexo do seu filho de
acordo com a fase do corpo celeste. Para conseguir uma menina, as chances são
maiores se a gravidez acontecer na Lua Crescente, já para engravidar de um
menino, tente na Lua Minguante.
E depois da gravidez?
A Lua também influencia durante toda a gestação e no momento do parto,
entenda como:
A Lua Cheia está associada à hipertensão e ao líquido amniótico. Nesse
período deve-se evitar estresse para que não haja complicações no parto.
Já na Lua Nova há a crença do aumento de uma força para o centro da
terra, o que pode aumentar a pressão pélvica e as contrações.
Donzela – ascenda uma vela branca a cada manhã para começar a meditação.
Dia 7 do ciclo: assim como a lua crescente emerge da escuridão, eu saio da
escuridão na direção da luz.
Dia 8 do ciclo: Eu abraço com felicidade as brilhantes energias de ação,
pensamento e sucesso da minha donzela.
Dia 9 do ciclo: a paixão de criar meus sonhos.
Dia 10 do ciclo: as energias sexuais da minha donzela. Sou linda, sensual e
brincalhona!
Dia 11 do ciclo: Eu abraço meu empoderamento – isso me ajuda a amar.
Dia 12 do ciclo: eu tenho poder de fazer as coisas acontecerem.
Dia 13 do ciclo: Eu sinto prazer em fluir com as energias.
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Mãe – ascenda uma vela rosa cada manhã para começar a meditação.
Dia 14 do ciclo: assim como lua crescente, eu me transformo radiantes energias da
mãe.
Dia 15 do ciclo: eu abraço com felicidade as energias do amor, empatia, nutrição e
cuidado da minha mãe.
Dia 16 do ciclo: eu dou as boas vindas à minha abundância e a compartilho com
todos
Dia 17 do ciclo: as energias sexuais da minha mãe são radiantes, cuidadosas e
amorosas.
Dia 19 do ciclo: eu crio o mundo ao meu redor com amor e alegria.
Dia 20 do ciclo: eu nutro minhas relações com amor para ajuda-las. Hoje eu direi
`Eu amo você`
Dia 21 do ciclo: Assim como a lua cheia começa a escurecer, eu deixo a luz ir
embora e me preparo para a mudança.
Feiticeira- Ascenda uma vela roxa cada anoitecer para começar a meditação.
Dia 22 do ciclo: Eu adentro com entusiasmo na escuridão da lua minguante e deixo
crescer meu lado selvagem.
Dia 23 do ciclo: eu abraço as energias de imaginação, inspiração, intuição e magia
selvagem da minha feiticeira.
Dia 24 do ciclo: as energias sexuais da minha feiticeira. Eu aceito e amo todas
energias da minha feiticeira.
Dia 25 do ciclo: Eu sustento a paixão selvagem e a inspiração criativa da feiticeira.
Amanha eu criarei.
Dia 26 do ciclo: Eu sinto as necessidades da feiticeira. Eu as encontrarei na minha
visa amanhã
Dia 27 do ciclo: Eu desacelero e escuto a feiticeira, dizendo para me amar mais.
Dia 28 do ciclo: a lua se retira do céu, eu paro e descanso na escuridão.
Anciã – ascenda uma vela negra ou vermelha a cada anoitecer para começar sua
meditação:
Dia 1 do ciclo: na escuridão da lua nova, eu paro. Desapego do que não necessito
e aceito o amor da anciã.
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