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INSTITUTO DE FORMAÇÃO TRANSPESSOAL HUMANITATIS

FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA TRANSPESSOAL APLICADA

AMANDA CID PEREZ SÉRVULO DA CUNHA

MARINA CALDAS DE VILHENA MORAES FEDEL

MÁRCIA REGINA DA SILVA ANDRADE

THAÍS JESUS DOS SANTOS

A LUA FEMININA: OS QUATRO RITOS DE PASSAGEM DA MULHER

SÃO PAULO

2016
AMANDA CID PEREZ SÉRVULO DA CUNHA

MARINA CALDAS DE VILHENA MORAES FEDEL

MÁRCIA REGINA DA SILVA ANDRADE

THAÍS JESUS DOS SANTOS

A LUA FEMININA: OS QUATRO RITOS DE PASSAGEM DA MULHER

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Instituto de Formação
Transpessoal Humanitatis, como parte das
exigências do Programa do Curso de
Formação em Psicologia Transpessoal
Aplicada.

SÃO PAULO

2016
O Mandamento da Deusa

Eu, que sou a beleza do verde sobre a


Terra, da Lua branca entre as estrelas, do
mistério das águas e do desejo no coração
dos homens, falo à tua alma: desperta e vem
a mim, pois, sou Eu a alma da própria
natureza, que dá a vida ao Universo.
De mim nasceram todas as coisas e a
mim, tudo retorna.
Ante meu rosto, venerado pelos deuses
e pelos homens, deixa tua essência se fundir
em êxtase ao infinito.
Para me servires, abre teu coração à
alegria, pois vê: todo ato de amor e prazer é
um ritual para mim.
Cultiva em tua alma a beleza e a força,
o poder e a compreensão, a honra e a
humildade, a alegria e o respeito.
E a ti, que buscas me conhecer, eu
digo: tua busca e teu anseio de nada te
servirão sem o conhecimento do mistério de
que, se aquilo o que procuras tu não
encontrares dentro de ti mesmo, jamais o
encontrarás fora de ti. Pois, vê, sempre
estive comigo – desde o começo – e sou
aquilo o que se alcança além do desejo
(Compilado por Doreen Valiente).
RESUMO

A LUA FEMININA: OS QUATRO RITOS DE PASSAGEM DA MULHER tem por


escopo impulsionar o resgate histórico e vivencial do potencial feminino, em busca
dos registros ancestrais que as mulheres carregam de sua conexão com os ciclos
lunares, recuperando seus adormecidos e latentes vínculos com o arquétipo da
Deusa, em seus múltiplos aspectos, faces e atributos, por meio da celebração dos
ritos de passagem que marcam a sua infância, adolescência, maturidade e velhice.
Os ritos de passagem favorecem a percepção da sincronicidade do Ser com o
transcendente e com os arquétipos universais, permitindo-lhe descobrir as faces do
Deus e da Deusa em seu interior. A retomada do Sagrado, portanto, por meio da
ritualização de cada fase de iniciação, integração e transformação da mulher, bem
como da valorização do antigo poder do Divino Feminino em sua memória e
consciência, levá-la-á ao restabelecimento do ponto de equilíbrio entre suas
polaridades feminina e masculina, afastando-a da competitividade e separatividade
criada, alimentada e difundida pelo patriarcado, e possibilitando a criação de uma
verdadeira unidade e conciliação das diferenças para o ressurgimento da tão
sonhada sociedade de parceria. Intenciona-se levar a leitora deste estudo ao
reconhecimento e aproveitamento de seu ciclo menstrual, da menarca à
menopausa, como uma abençoada pausa para a interiorização, meditação,
descoberta e direcionamento das energias criativas, curativas, nutridoras e
fortalecedoras da sua essência feminina, conferindo-lhe maior harmonia e plenitude
em sua vida, nos níveis físico, emocional e mental, bem como aumento de sua
autoestima e do reconhecimento de seu valor ancestral, inato e sagrado.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

2 CONTEXTO HISTÓRIO-SOCIAL: A MULHER E O FEMININO ............................ 7

3 QUATRO, O NÚMERO DO FEMININO SAGRADO .............................................14

3.1 Os quatro elementos da natureza ...................................................................15

4 A INFLUÊNCIA DA LUA NA VIDA DA MULHER ...................................................18

4.1 O ciclo lunar cósmico e o ciclo lunar pessoal .................................................21

4.2 Lua cósmica ....................................................................................................22

4.3. Lua pessoal ....................................................................................................23

4.4. A sacralidade da maturidade feminina ...........................................................24

4.4.1 Climatério e menopausa na atualidade .....................................................24

4.4.2 A importância da celebração do último sangue .........................................26

5 ARQUÉTIPOS FEMININOS ...................................................................................28

5.1 A lenda das Treze Matriarcas .........................................................................30

5.2 Mandala das treze lunações ...........................................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................37

APÊNDICE A – TEXTOS COMPLEMENTARES......................................................40


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1 INTRODUÇÃO

Estamos passando por transformações intensas e rápidas, diariamente


modificações importantes ocorrem nos mais diversos setores e percebemos o
quanto as pessoas estão sendo tragadas por estas mudanças e se distanciando do
seu sagrado feminino ou masculino.
Crise é uma palavra repetida e sentida em todos os meios. Relações sem
verdades, vive-se na atualidade os efeitos devastadores de um modo de vida que se
mostra não natural, não ecológico e não evolutivo. Recursos internos e externos
sendo destruídos, o bem-estar das próximas gerações ignorado e pessoas vivendo
sem propósitos. Necessitamos estar plenos em nós mesmos para lidar com esses
desafios e ainda realizarmos algo na busca de um equilíbrio maior.
É necessário recuperar nossa totalidade se desejarmos de fato auxiliar
nessa guerra entre as forças da consciência e da inconsciência que é travada
instante a instante. A crise que o mundo atravessa tem uma de suas causas na
negação do feminino nas mulheres e nos homens. Portanto, a volta do aspecto
feminino do ser não deve ser encarada como um fenômeno passageiro, uma
excentricidade ou um movimento inovador, descontextualizado, mas sim, antes de
qualquer coisa, como o equilíbrio se restabelecendo.
Quando a Deusa foi oculta e seu arquétipo deturpado pelo clero machista e
patriarcal, não apenas a mulher deixou de ter acesso ao seu imenso potencial, como
os homens também perderam uma parte profunda de seu feminino e desde então
seguem desanimados por terem sido subtraídos de aspectos da ânima. Um mundo
de um exacerbado yang se instalou, de guerras e destruição da natureza.
O renascer do feminino, em busca da cura dos registros que as mulheres
carregam, através das ferramentas que a Psicologia Transpessoal oferece para o
autoconhecimento, torna-as mais conscientes de suas potencialidades e de nossa
conexão com sua Alma.
Após tanto tempo dominados por uma cultura patriarcal, que nega os valores
femininos e leva a uma abordagem linear e fragmentada da realidade, estamos
vivendo novamente o renascer do feminino em nossa cultura. E sendo o feminino a
contraparte natural do masculino e - mais ainda - a força predominante da natureza,
é sua volta que marca um passo real na busca desse equilíbrio perdido.
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Uma coisa que perdemos em nossa cultura ocidental, dominante e que hoje
nos escraviza com seus (pré)conceitos, são os ritos de passagem. Deixamos de
marcar, comemorar e ritualizar os momentos de passagem de um estado para outro.
Assim o menino e a menina não mais percebem quando deixam esse estado e se
tornam jovens, e o adulto não mais tem sua entrada nessa fase marcada por ritos
que re-atualizam suas lembranças de estar numa nova fase de sua vida, tão pouco a
idade da sabedoria é marcada por algum sinal, e se é, o é de uma maneira apenas
biológica-hormonal, na maioria das vezes vivenciada de uma maneira negativa.
Com esta ausência dos ritos de passagem, perdemo-nos enquanto
indivíduos e, com isso, perde a sociedade como um todo por deixar de ter pessoas
realmente integradas em seu seio. Essa perda dos ritos de passagem, os quais
ainda existem nas culturas chamadas primitivas, priva-nos de perceber nossa
sincronicidade com o transcendente e com os arquétipos universais e nos impede de
mergulhar em nós mesmos e descobrirmos as faces do Deus e da Deusa em nosso
interior.
Neste trabalho propõe-se, portanto, a retomada do Sagrado, no sentido de
voltar a ritualizar a exemplo de nossas ancestrais, de louvar nossa biografia e nossa
história, ritualizando a cada momento de transformação na vida do ser “mulher”, o
qual dividimos em quatro marcos, assim como a Lua, que tem suas quatro fases, e
os quatro elementos que nos regem:
1) DONZELA: nascimento, infância – vim ao mundo mulher!
2) MÃE: menstruação – agora sou fértil, posso gerar uma vida!
3) AMANTE: primeiro sexo - contato com o masculino!
4) ANCIÃ: menopausa – louvo a anciã/avó que habita em mim!
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2 CONTEXTO HISTÓRIO-SOCIAL: A MULHER E O FEMININO

No período matrifocal, no tempo em que se cultuava a Deusa Mãe/Mãe


Terra, a vida dos seres humanos estava sob a sua regência, ou seja, viviam em
contato direto com a natureza e havia uma dependência direta desta. A água e os
alimentos era ela quem proporcionava, além do aprendizado que ela passava de
fertilidade, nutrição, transformação, entre outros. Os seres humanos, portanto,
reconheciam nela uma divindade e ritualizavam acerca dos acontecimentos naturais,
como a chuva, o sol, os astros e tudo que a terra proporcionava. A mulher era
responsável pelos mistérios tanto da vida humana quanto dos alimentos, havendo,
assim, um fortalecimento da sua identidade feminina por estar a serviço da Mãe
Terra. Em relação ao papel da mulher nessa sociedade, Mircea Eliade – historiador
das religiões - cita que o fenômeno social e cultural conhecido como matriarcado
está ligado à descoberta da agricultura pela mulher. Em seus estudos, Neumann
conclui que no estágio mais remoto da vida humana, a função principal das
mulheres consistia na colheita de plantas, raízes e tubérculos, na mesma proporção
em que a caça pertencia aos homens, e que a mulher antigamente, por sua
intimidade com o reino vegetal, dispunha de um vasto conhecimento desse reino, e
que ela passava, então, a assumir um papel de significado essencial no âmbito dos
mistérios do mundo.
Jung descreve: “O conceito da Grande Mãe provém da História das
Religiões e abrange as mais variadas manifestações do tipo de uma Deusa Mãe”.
São encontradas desde as mais remotas culturas registros sobre a Deusa Mãe,
com diferentes nomes e arquétipos, mas sempre como geradora de vida e
provedora. Poucos foram os registros deixados por esses povos antigos que
sobreviveram aos eventos e ciclos da natureza. Os fatos que atualmente no âmbito
histórico são considerados arquivos sobre este período são inúmeras estatuetas
femininas encontradas em diversas partes do mundo. Essas estatuetas ficaram
conhecidas como as “Vênus Esteatopígicas”, ou simplesmente, “As Vênus”, que são
figuras femininas, em geral com as partes íntimas exageradamente grandes.
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Figura 1 - Vênus de Willendorf

Fonte: Google Imagens.

Outros indícios é a cultura tribal ou oriental que persistem e demonstram a


existência de Deusas e outra maneira de simbolizar o feminino, como no Hinduísmo
e suas diversas Deusas; e as tradicionais tribos africanas e indígenas em que as
mulheres são respeitadas como seres sábios, reconhecidas por sua natural
capacidade de gerar vida. São povos que compreendem a mulher como um ser
divino, pois fazem automaticamente a analogia com a “mulher ser humano e a “mãe
terra”.
No livro “O Espírito da Intimidade – Ensinamentos ancestrais africanos
sobre maneiras de se relacionar”, Sobontu, uma mulher da tribo Dagara, da África
do Oeste, narra os conhecimentos de sua tribo. Em cada história fica claro o quanto
o papel e a imagem da mulher na tribo é diferente das que lidamos atualmente no
contexto urbano ocidental, e quanto o resgate de nossos ancestrais e rituais são
essenciais no decorrer de nossas vidas, para nos conectarmos com nossa essência
e vivermos plenos. Rituais fazem parte da rotina deste povo, é onde se conversa e
se acerta qualquer conflito. Um conflito de um casal não é apenas deles, é da
comunidade, e isso se resolve em comunidade, ritualizando e chamando o espírito
da intimidade, que deve ser cultuado e mantido vivo para um relacionamento
perdurar. A poligamia é permitida na tribo e é a mulher que decide se está na hora
de incluir uma energia feminina – mais alegre - na casa, propondo ao marido uma
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segunda mulher no casamento; é a mulher quem decide e isso não é visto como
uma traição, mas sim, como um trabalho de harmonizar a energia da casa e da
família. Meninas, ao menstruar, são iniciadas em rituais em comunhão com a lua e
passam a participar de círculos de mulheres para conversarem sobre seu ciclo,
dúvidas, conflitos e sexualidade. Dagara cita “Na iniciação, estudamos a conexão
das mulheres com seus ciclos e com a Lua. Muitos dos países civilizados do mundo,
inclusive alguns africanos, olham pra menstruação com certo desconforto. Não
compreendem o quão valioso é para uma mulher ter seu ciclo. O fluxo do sangue
carrega poder. É uma época poderosa para a mulher, pois carrega a energia
curadora e tem uma tremenda habilidade de curar e ver coisas. Na minha aldeia, as
pessoas procuram a ajuda das mulheres nessa época e a tratam com grande
respeito”. Em nossa sociedade atual este período do ciclo da mulher é considerado
um problema, ganhando até o nome de TPM – tensão pré menstrual e chegando a
impactar a entrada da mulher no mercado de trabalho, em que a esta é considerada
emocionalmente frágil por conta de seu ciclo, ou desconsiderada por poder
engravidar, ou seja, uma total inversão de valores.

Figura 2

Fonte: Google Imagens.


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Com o patriarcado instituído o culto da Deusa Mãe/Mãe Terra é substituído


por um Deus criador que é de gênero masculino, e o ocidente fica estritamente
ligado aos conceitos e dogmas da Igreja Católica. O culto à natureza passa a ser
considerado paganismo, ou até bruxaria. Na Idade Média, cultos à natureza voltaram
a ganhar força e conhecimentos ligados à relação homem-natureza, como a
Astrologia, estavam voltando e sendo resignificados e estudados por grupos. Este
período atualmente pode ser chamado como “encantado”, a partir da visão do
sociólogo Max Weber, que cunhou a expressão "desencantamento do mundo" para
designar a especificidade do racionalismo moderno frente ao "pensamento mágico"
medieval. Neste período a hegemonia da Igreja Católica era um fato, e foi o período
conhecido como Inquisição / caça as bruxas, que tinha o intuito de acabar com este
movimento contrário da Igreja, de volta à um mundo mais ritualístico, onde as
mulheres tinham o papel de serem anfitriãs dos rituais, serem consideradas sábias e
mulheres medicinas - ou feiticeiras e bruxas, segundo a oposição (Igreja). Neste
momento histórico muitas mulheres foram mortas e um possível movimento do
Sagrado Feminino e do poder das mulheres abafado.
O retorno de uma posição social importante da mulher foi encabeçado
pelo Movimento Feminista, atuando numa frente política. O feminismo de “primeira
onda” se desenvolveu no final do século XIX e era centrado na reivindicação dos
direitos políticos – como o de votar e ser eleita e nos direitos sociais e econômicos –
como o de trabalho remunerado, estudo, propriedade, herança. O feminismo
chamado de “segunda onda” surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, e deu
prioridade às lutas pelo direito ao corpo, ao prazer, e contra o patriarcado –
entendido como o poder dos homens na subordinação das mulheres. Naquele
momento, uma das palavras de ordem era: “o privado é político”.
Entretanto, neste início do movimento feminista de “segunda onda”, a
palavra gênero não estava presente. A categoria usada na época era “Mulher”. Esta,
pensada em contraposição à palavra “Homem”, considerada universal, ou seja,
quando se queria dizer que as pessoas são curiosas, por exemplo, dizia-se de forma
genérica “o homem é curioso”. Aqui, a palavra homem pretendia incluir todos os
seres humanos. Até hoje, é muito comum na nossa fala ou na escrita, quando nos
referimos a um grupo de pessoas, mesmo sendo em sua grande maioria mulheres,
mas tendo apenas um homem presente, usamos o termo plural no masculino.
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O que as pessoas dos movimentos feministas estavam questionando era


justamente que o universal, em nossa sociedade, é masculino, e que elas não se
sentiam incluídas quando eram nomeadas pelo masculino. Assim, o que o
movimento reivindicava o fazia em nome da “Mulher”, e não do “Homem”, mostrando
que o “homem universal” não incluía as questões que eram específicas da “mulher”.
Como exemplos pode-se citar: o direito de “ter filhos quando quiser, se quiser”; a luta
contra a violência doméstica; a reivindicação de que as tarefas do lar deveriam ser
divididas; enfim, era em nome da “diferença”, em relação ao “homem” – aqui
pensado como ser universal, masculino, que a categoria “Mulher”, era reivindicada.
Assim, era como “Mulher” que elas reafirmavam uma identidade, separada
da de “Homem”. E era em nome desta identidade que nesta “Segunda Onda”
constituiu-se a prática de realizar grupos de reflexão compostos somente por
mulheres. O argumento para que estes grupos fossem assim, exclusivamente
formados por elas, foi muito bem explicado por Françoise Colin: ela dizia que a
presença dos homens nas reuniões freava as palavras e as iniciativas das mulheres;
por isso, era para escapar a estes freios que os movimentos feministas não
aceitavam reuniões mistas. E o que se fazia nestas reuniões nas quais só
participavam mulheres? Cada uma narrava a maneira como tinha sido criada –
diferente dos meninos, de como em cada etapa da vida – infância, adolescência,
maturidade – tinha vivido seu corpo de forma diferente e sofrido os preconceitos, as
violências, enfim, os impedimentos de se desenvolver plenamente. Nestas reuniões,
as mulheres percebiam que o que tinha acontecido com elas, individualmente, era
comum a todas as demais e concluíam que – como tinha dito Simone de Beauvoir –
era a cultura, dominada pelos homens, que as tinha tornado submissas e com tão
baixa auto-estima. A grande questão que todas queriam responder, e que buscavam
nas várias ciências, era o porquê de as mulheres, em diferentes sociedades, serem
submetidas à autoridade masculina, nas mais diversas formas e nos mais diferentes
graus. Assim, constatavam, não importava o que a cultura definia como sendo
atividade de mulheres: esta atividade era sempre desqualificada em relação àquilo
que os homens, desta mesma cultura, faziam.
Veja só aqui o quanto o movimento feminista neste período em que as
mulheres se uniam para conversar apenas entre elas, assemelhou-se com um
Circulo de Mulheres, em que nossas ancestrais ou tribos atuais realizam.
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Figura 3 Figura 4

Fonte: Google Imagens.


Fonte: Google Imagens.

Atualmente vivemos um marco do Retorno do Feminino, em que todas as


forças estão surgindo: o Movimento Feminista lutando e reivindicando por direitos
políticos e de expressão, Círculos de Mulheres propondo o retorno de encontros e
rituais, discussões sobre gênero, a área acadêmica está se reestruturando e se
especializando em temas femininos, como por exemplo a “História das Mulheres” na
Faculdade de História, já que pouco se fala de mulheres ao estudarmos a História.
Considera-se que o feminismo teve 3 marcos históricos: o direito ao voto, o
lançamento do anticoncepcional, a discussão de gênero, e nós defendemos após
nossos estudos para este trabalho que estamos vivendo o quarto marco: o espiritual,
o retorno do Sagrado Feminino. Mais uma vez, lidando com o número quatro, que
durante todo o trabalho nos indicou que algo de sagrado havia nele. Sobontu, da
tribo Dagara, cita em seu livro “durante nossa iniciação (das mulheres), observamos
a recorrência do número quatro, em diferentes situações. Tendo perguntado a razão
disso aos anciãos, eles disseram que o quatro era o símbolo da mulher. Um ancião
deu uma explicação complicada, depois acrescentou que as mulheres têm quatro
lábios. Senti como se alguém tivesse acabado de me acordar. Compreendi porque,
no dia da minha primeira menstruação, recebi um banquinho de quatro pernas. Na
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época alguém me explicou o sentido daquele presente, e que nenhum homem


poderia sentar-se nele sem a minha permissão”.
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3 QUATRO, O NÚMERO DO FEMININO SAGRADO

Figura 5

Fonte: Google Imagens.

Quando escolhemos esse tema e começamos a estudar a respeito,


estávamos buscando entender exatamente o significado do feminino sagrado,
queríamos descobrir nossa essência feminina, estudar exatamente o que significa
esse sagrado e quais são os fundamentos para tal.
Já sabíamos da ligação feminina com a Natureza por nossos ciclos
menstruais estarem ligados às fases da lua e claro, pelo fato da mulher poder gerar
uma nova vida dentro dela, isso por si só já é divino.
Mas quando começamos nossos estudos sobre o Feminino Sagrado
começamos a notar a reincidência do número quatro nos ciclos da Natureza e
“coincidentemente” nos ciclos da mulher também.
 Estações do ano: Primavera, Verão, Outono Inverno.
 Os quatro elementos fundamentais: Terra, Fogo, Água e Ar.
 As quatro qualidades essenciais: Seco, Úmido, Frio e Quente.
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 Os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste


 As quatro fases da lua: Lua Nova, Crescente, Cheia e Minguante.
 Os quatro momentos do dia: Manhã, Tarde, Noite e Madrugada.
 O ciclo “físico”, de todos os meses das mulheres tem 4 fases: pré-
ovulatória, ovulatória, pré-menstrual e menstrual.
Assim encontramos as 4 faces dos Deuses e das Deusas:
 O menino, o amante, o pai e o ancião.
 A menina, a amante, a mãe e a anciã.
Podemos chamá-los: infância, juventude, maturidade e velhice.
Foram nesses 4 ciclos que aprofundamos nossos estudos do feminino
sagrado e procuramos resgatar o significado dessas fases e sua importância para o
autoconhecimento feminino e assim resgatar o conhecimento sobre o Sagrado
Feminino.

3.1 Os quatro elementos da natureza

Figura 6

Fonte: Google Imagens.


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A mulher está intimamente ligada a Natureza e é muito influenciada por ela,


por isso escolhemos os quatro elementos da Natureza: Água, Ar, Terra e Fogo para
simbolizar os quatro arquétipos da mulher.
Esses elementos são essenciais para que possa existir vida e a mesma se
desenvolva. Muitas culturas em todo o mundo incluem os quatro elementos nas suas
tradições filosóficas, religiosas ou mitológicas. Em todas elas, as características
essenciais desta energia têm sido idênticas, muito embora os nomes dados para a
força primária e para o próprio elemento tenham variado.
A observação da Natureza sempre foi primordial para o Homem desde
tempos ancestrais e traz um vasto e infinito campo de aprendizados e que tem
funcionado como ferramenta de novos conhecimentos e têm contribuído para a
nossa evolução. A filosofia, mitologia, astrologia e os mais diversos tipos de
ciências, desde as suas origens, tiveram sempre em conta os elementos como
princípio base da sua estrutura.
Distintas culturas e tradições integram uma concepção semelhante dos
elementos. Podemos encontra-los, por exemplo, nas escrituras sagradas da Índia,
na raiz filosófica da medicina Ayurveda e também na filosofia chinesa.
A filosofia chinesa e a acupuntura estão baseadas no conceito dos
elementos. Eles falam de cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal e água, que
segundo eles incluem todos os elementos da natureza. A tradição ocidental
geralmente não menciona o quinto elemento, o éter, uma vez que ele é realmente
distinto dos outros e é a fonte dos outros quatro. Eles entendiam a vida através da
complementaridade das energias Yin e Yang, ou seja, feminino – passivo – receptivo
e masculino – ativo – penetrante respetivamente, dividindo os elementos nesses
dois grupos: o fogo e o ar são considerados ativos, estão relacionados com a
energia Yang; enquanto água e terra passivos, relacionados com a energia Yin.
Em nossa vivência relacionamos os elementos com cada fase da mulher:
Donzela - água / Mãe - Terra / Amante - Fogo / Anciã - Ar:

• Água - Donzela - a fase do nascimento e infância. A água está


relacionado com a bioquímica, as emoções e os sentimentos, compõe 70% de toda
a nossa massa, além de ser representada por nosso sangue e outros fluídos. A água
traz a sensibilidade, a emotividade e a empatia.
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• Terra - Mãe - a fase da chegada da menstruação, quando a mulher


torna-se fértil e pode conceber a vida. A terra está presente em nossos ossos e
carne, representa a estrutura do corpo físico e respectivas sensações. Esse
elemento traz a estabilidade, a praticidade e o contato com a realidade.

• Fogo - Amante - é quando a mulher tem a primeira relação sexual, uma


das experiências mais transformadoras para mulher. Esse elemento está presente
nos impulsos elétricos de nosso cérebro e em nossa temperatura, dirige-se à
energia e intuição, ao plano espiritual. Traz a iniciativa, o entusiasmo e a
expressividade. Ao simbolizar a vertente espiritual do ser humano, o fogo
transformador e transmutador representa que somos os únicos seres que alcançam
a consciência do seu processo de envelhecimento e, posteriormente, a experiência
da morte.

• Ar - Anciã - quando a mulher já está madura, sábia. O ar está presente


em nossa respiração, reporta-se à mente: pensamentos, entendimento e
conhecimento. Traz o pensamento racional, a intelectualidade e a sociabilidade.
Eleva o ser humano além do mineral e do vegetal, recordando-nos que a terra é tão
mais fértil, quanto mais arejada pelos ventos que nela circulam. O ar é o elo de
ligação entre os mundos visível e invisível. Implementa o movimento de renovação:
o processo de respiração que transporta o oxigénio, essencial à sobrevivência e
reprodução das células. Quanto mais renovado, mais capacidade funcional tem o
plano mental (ideias, criatividade, imaginação). Na realidade só podemos criar,
quando nos libertamos do velho e já estabelecido, para aceitar as novas formas de
pensar, ser e estar.
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4 A INFLUÊNCIA DA LUA NA VIDA DA MULHER

Nós mulheres, andamos distraídas!


Andamos esquecidas dos ciclos que regem o fluxo natural da vida.
Esquecemo-nos de olhar para o céu, de conectar com nossa Avó Lua
e reconhecer, que como as marés, somos regidas por sua grandiosa
influência.
A Lua influência os ciclos de plantações e de colheitas, as águas dos
rios e oceanos, o que este astro de nosso planeta não faria em nosso corpo
que é formado de mais de 90% de água?
Sendo assim, a mulher é regida por um micro ciclo lunar pessoal.
Se olharmos com atenção esse Ciclo Lunar Pessoal se parece muito
com o ciclo Lunar Cósmico, que possui quatro etapas: Lua Nova,
Crescente, Cheia e Minguante. Em nosso corpo, esse ciclo se manifesta na
maturação do óvulo e pela ação hormonal de nossas glândulas endócrinas
O Ciclo Lunar Pessoal reproduz o que ocorre no macro cosmo
externo, assim como a lua cósmica, tem em média 28 dias, isso não é uma
coincidência, é uma alinhamento natural, onde o micro cósmico de nosso
corpo, se ajusta ao macro cosmo lunar. Cada fase do ciclo dura em média 7
dias, como as fases lunares, portanto alinhar o ciclo pessoal com o ciclo
cósmico, não deveria parecer algo raro, ou estranho ao nosso corpo.

Desde a antiguidade a Lua tem sido venerada como a personificação do


princípio divino feminino. Os cultos da Grande Mãe originaram-se na Era de Câncer
(8.600 AC) e no decorrer dos milênios várias culturas e civilizações veneraram
Deusas Lunares conhecidas sob diversos nomes e representações, de acordo com
o país de origem. Os estudos das antigas tradições e mitologias revelam que a
interpretação da Grande Mãe como uma Deusa Tríplice (Donzela, Mãe, Anciã) foi
baseada no ciclo das fases da Lua (crescente, cheia, minguante). Desde a antiga
Babilônia três era um número sagrado simbolizando início, meio, fim/, nascimento
crescimento, morte/, infância, idade adulta, velhice/, corpo, mente, espírito/, pai,
mãe, filho.
Como símbolo do princípio feminino a Lua representa os estados da alma,
os valores do inconsciente, as emoções e o psiquismo, a receptividade,
sensitividade, fertilidade, inspiração e intuição. As fases lunares caracterizam
aspectos psicológicos e estágios de transformação que acompanham a trajetória
mensal e anual da vida da mulher.
A Lua influencia o desenvolvimento e o crescimento das plantas, o
movimento das marés e dos fluidos corporais, o ciclo menstrual, a concepção,
geração e nascimento do todos os seres vivos.
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Figura 7

Fonte: Google Imagens

Ao longo da história a Lua e as suas faces mutáveis têm sido o foco central
de cultos e rituais, fonte de inspiração para poetas e trovadores, origem primordial
dos calendários (baseados nos ciclos menstruais da mulher), marcador do tempo
certo para atividades agrícolas, considerada um dos luminares da astrologia
(juntamente com o Sol) e assunto de inúmeras pesquisas e explorações científicas e
tecnológicas atuais.
À medida que as culturas antigas matrifocais centradas na Deusa e dos
valores por ela representados foram desaparecendo sendo substituídas por
hierarquias e estruturas patriarcais, o princípio lunar feminino foi sendo sobrepujado
pelo princípio solar masculino.
A Lua passou a ter conotações sombrias, ligadas aos aspectos instintivos,
inconscientes e ocultos do ser humano, um sinônimo de inconstância e instabilidade
emocional femininas e das práticas mágicas e atividades ocultas.
No entanto, as últimas décadas do século XX têm trazido uma mudança
cada vez mais acentuada nos conceitos e nas escalas de valores da humanidade.
Aumentou a busca para o conhecimento e transformação interior, para a integração
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com a natureza e os seus elementos e seres, para a expansão da consciência e a


realização espiritual. Ressurgiram as antigas tradições, práticas e conhecimentos
esotéricos e a dimensão mágica e oculta da deusa Lua está sendo reativada no
mundo inteiro pelos movimentos esotéricos, ocultistas, feministas e ecológicos. A
Deusa está se tornando cada vez mais presente no nosso mundo e a conexão com
os atributos e significados lunares contribuem para criar um canal de recepção e
difusão da Sua energia inspiradora, criadora e transformadora.
As exigências impostas pelo mundo solar masculino obrigaram as mulheres
a ignorar e se distanciar do seu lado lunar. Em uma sociedade que venera o
pensamento científico, a razão e a ação, a intuição passou a ser ignorada, a
emotividade reprimida e a sensibilidade - quando aumentada durante o ciclo
menstrual – é considerada uma síndrome doentia e abafada com remédios.
Ignorando a intuição, trocando a contemplação pela ação, negligenciando o Eu
interior, escondendo as emoções, desistindo da criatividade em favor da
produtividade, abriram-se as portas para o desequilíbrio emocional e mental, os
erros de avaliação, as armadilhas afetivas, o afloramento do material psíquico
desordenado e o distanciamento dos valores e práticas espirituais. Apesar de todos
os avanços científicos e tecnológicos, não se pode impunemente banir de nossa
existência centrada em parâmetros materiais, os sutis aspectos e influências
lunares. Os valores solares prevaleceram na nossa sociedade, mas o lado lunar e as
necessidades a ele relacionadas não pode ser apagado ou anulado. Por isso é
benéfico e importante encontrar soluções práticas para contrabalançar de forma
consciente as polaridades lunares e solares da nossa natureza.
Conhecer as características do seu signo lunar facilita compreender a
estrutura emocional, reconhecer as motivações subconscientes e evitar as respostas
instintivas ou racionais com a ajuda da intuição. A Lua rege a intuição, a memória, a
relação com a mãe, os comportamentos familiares, os hábitos - tanto bons quanto
maus - a expressão da feminilidade e o padrão emocional.
Observar as fases lunares e suas influências sobre seu comportamento,
saúde, humor, sensibilidade, sexualidade, apetite ou compulsões pode tornar-se um
auxiliar precioso para detectar - e evitar - atitudes instintivas, reações exageradas ou
hábitos perniciosos. A Lua exerce sobre a mulher uma influência determinante na
sua constituição física e emocional, nos seus ciclos biológicos e hormonais, no seu
equilíbrio psíquico e mental. Dezenas de estudos médicos e de estatísticas policiais
21

comprovam o aumento do estresse emocional durante a Lua cheia e nova, levando


ao aumento de internações psiquiátricas, violências, acidentes, crimes e suicídios.
As meditações em grupo, na Lua nova e principalmente na cheia, são
recursos simples e práticos para equilibrar e reintegrar os hemisférios e equilibrar a
polaridade soli-lunar. Por todo o mundo centenas de grupos espiritualistas, escolas
ocultistas, organizações eco-feministas recomendam e realizam meditações lunares.
Durante a Lua cheia a nossa psique se abre mais facilmente para as energias
cósmicas e espirituais, amplificadas pelo magnetismo lunar. Ao se reunirem durante
a Lua cheia as mulheres, além de se harmonizarem, criam um cálice luminoso que
pode irradiar energias positivas para toda a humanidade e para o próprio planeta.
Nos rituais de plenilúnio invoca-se a Deusa no seu aspecto de Mãe,
atraem-se as suas bênçãos por meio de invocações, gestos, cânticos e danças,
direcionando depois o poder mágico assim criado para benefícios pessoais,
coletivos ou globais. A energia da Lua cheia é perfeita para manifestar idéias,
concretizar objetivos, expandir intenções e contatar a Deusa interior, reafirmando
assim a ligação ancestral e espiritual com a Lua, eterna governanta do corpo
feminino e reflexo prateado do brilho da Mãe Divina.

4.1 O ciclo lunar cósmico e o ciclo lunar pessoal

Em épocas remotas, os ciclos menstruais das mulheres eram perfeitamente


alinhados com os da Lua. A mulher ovulava na Lua Cheia e menstruava na Lua
Escura. A Lua Cheia era o ápice do ciclo da criação, era quando o óvulo era
liberado. Nos 14 dias que antecedem esta liberação, as energias de criação reúnem
tudo que é necessário para constituir o óvulo.
Quando passava a Lua cheia e o óvulo não era fertilizado, tornava-se
maduro demais e se decompunha, derramando-se no fluxo natural de sangue na
Lua escura. Quando a mulher vive em perfeita harmonia com a Terra, ela só sangra
os três dias da Lua Escura. Quando a Lua Nova emerge, seu fluxo naturalmente
deve cessar e o ciclo da criação é reiniciado dentro dela.
Em nossa sociedade atual, o uso de pílula anticoncepcionais fez com que a
mulher deixasse de incorporar e compreender este ciclo de criação e destruição
dentro de si.
22

Alguns índios norte-americanos consideravam a Lua uma mulher, a primeira


mulher e, no seu quarto minguante ela ficava “doente”, palavra que definiam
menstruação.
Camponeses europeus acreditavam que a Lua menstruava e que estava
“adoentada” no período minguante, sendo que a chuva vermelha que o folclore
afirma cair do céu era o “sangue da Lua”.
Em várias línguas as palavras menstruação e Lua são as mesmas ou estão
associadas. A palavra menstruação significa “mudança da Lua” e “mens” é Lua.
Alguns camponeses alemães chamam o período menstrual de “a lua”. Na França é
chamado de “le moment de l aluna”.

Figura 8

Fonte: Google Imagens.

4.2 Lua cósmica

A escuridão das noites de Lua Nova te convida a renovar! Momento de


limpeza, onde o velho deve sair dando espaço ao novo. Momento de abertura para
um novo Ciclo.
23

A Lua Crescente representa uma fase de intenso cuidado, para que esses
novos projetos de vida cresçam e se desenvolvam, momento de cuidar os brotos
que saem da terra em busca de luz e ar, alimentar os sonhos e protegê-los para que
se desenvolvam com todo seu potencial.
A Lua Cheia é o momento de celebração, onde as flores e frutos estão em
seu apogeu. Momento criativo onde o máximo da cor e da beleza se manifesta. É
uma festa, a Lua chega ao seu brilho máximo inspirando os poetas e nossa vida! A
Lua minguante é tempo de cuidar o que já esta morrendo. Período delicado, porque
faz parte da natureza dos ciclos, a morte e o renascimento. Essa lua antecede o
momento de morte simbólica, o que representa maior sensibilidade e uma certa
melancolia. Bom momento de refletir com maturidade sobre nossos projetos de vida,
pois é com a experiência dessa lua que podemos sentir o que vale a pena seguir e o
que deve ser transformado pela lua nova que se aproxima.

4.3 Lua pessoal

Os primeiros 7 dias, que correspondem ao sangramento menstrual,


representa nossa Lua Nova Pessoal. Representa uma renovação de nosso ciclo, o
óvulo inicia seu processo de crescimento, e os hormônios ficam em suas doses mais
baixas de todo o ciclo.
A Lua Crescente Pessoal , inicia nos próximos 7 dias, há crescimento das
taxas de estrógeno e um aumento mais considerável do óvulo.
A Lua Cheia Pessoal chega com a maturação do óvulo, a ovulação, onde
ele é liberado do ovário e desce para as trompas até chegar ao útero. É o conhecido
período fértil, onde é possível ocorrer uma gravidez. Nesse período, temos um
aumento considerável de hormônios circulantes, como o pico de liberação de
estrógeno, é dos hormônios folículo estimulante e luteinizante, que são responsáveis
pela liberação do óvulo. Observando nosso corpo, podemos perceber que esses
hormônios podem fazer muito mais do que isso, afetam a temperatura corporal que
sobe em torno de 1ºC, nosso estado de ânimo, humor, nossa pele, e especialmente
nossa libido. São dias de uma profunda revolução e ebulição.
A Lua Minguante Pessoal, período de grande transformação dos padrões
hormonais, hoje em dia caracteriza pela síndrome pré menstrual ou TPM. Os
24

sintomas físicos são visíveis, afetando várias partes de nosso corpo e nossas
emoções.
Reconectar com a consciência de nossa Lua Pessoal, trabalhando aspectos
físicos, emocionais, psíquico e espiritual em harmonia com nosso ciclo, pode ajudar
a mulher a superar problemas em sua saúde de forma completa.
Estamos desconectadas do mundo natural, esquecemos de contemplar a
beleza prateada desta antiga mestra do céu. Precisamos reaprender a olhar
“dentro” nossa Lua Pessoal, e olhar fora, a Lua Cósmica.
E quando a mulher não vivencia mais seu ciclo lunar pessoal? Então, chega
o momento da sacralidade da maturidade feminina, conhecida como menopausa.

4.4 A sacralidade da maturidade feminina

Ao chegar à menopausa, a mulher sente-se marginalizada, desprezada,


excluída, envelhecida, sem receber o apoio ou o ensinamento de como
atravessar e aproveitar essa nova fase, plena de possibilidades de
transformação, expansão e sabedoria (Mirella Faur).

4.4.1 Climatério e menopausa na atualidade

Até a década de noventa, o climatério feminino, que marca o final da fase de


fertilidade biológica com o término das menstruações, foi tema raramente discutido,
tanto na literatura científica quanto na leiga. Quando as pesquisas na área
começaram a proliferar, trataram-se, principalmente, de pesquisas médicas voltadas
à avaliação da eficácia da terapia hormonal (Souza, 2005).
Embora o climatério se caracterize por uma ampla gama de eventos
orgânicos e emocionais e a menopausa se refira a apenas um deles, qual seja, a
última menstruação, o termo menopausa tem sido empregado como indicativo de
todo o período climatérico. De fato, usualmente as mulheres sabem o que significa
menopausa, mas não o que significa climatério.
No artigo “Transição da menopausa: a crise da meia-idade feminina e seus
desafios físicos e emocionais”, Souza (2005) investiga a expectativa das mulheres
pela invisibilidade da menopausa, com base em pesquisa realizada por renomada
indústria farmacêutica sobre o tema. Em seu estudo, a autora menciona que a maior
parte das mulheres da pesquisa afirmou que a menopausa devia ser vivida de forma
25

discreta e silenciosa e que o ideal seria passar por ela “como se nada estivesse
acontecendo”, o que demonstra que os sentimentos das mulheres entrevistadas com
relação à menopausa foram, em grande parte, negativos, em virtude, principalmente,
das alterações corporais que costumam ser características dessa fase.
O médico passou a ser, então, o profissional preferencialmente procurado
pelas mulheres quando os desconfortos da menopausa se fazem sentir, acreditando
que a menopausa é um evento puramente biológico e, portanto, restrito à alçada
médica, e por conta dessa “medicalização” da menopausa esta passou a ser vista
como mais uma doença de carência hormonal a ser tratada, que deveria ser
superada com a reposição dos hormônios que estivessem em baixa. Além disso, a
ênfase no aspecto orgânico da menopausa levou a mulher a negligenciar as
turbulências psicológicas que também podem caracterizar esse período.
À medida que as pesquisas médicas prosseguiram, a concepção da
menopausa como doença foi sendo gradualmente substituída pela sua aceitação
como uma etapa natural da vida da mulher, porém tal transição carrega o estigma de
ser marcador de envelhecimento, e envelhecer implica enfrentar uma série de
perdas reais (como a capacidade reprodutiva) e simbólicas.
Muitos sintomas presentes nesta etapa da vida feminina são
equivocadamente atribuídos à menopausa, porém somente os fisiológicos como as
irregularidades menstruais, redução da fertilidade, ondas de calor, alterações do
sono e do humor, aumento da gordura abdominal e secura vaginal, por exemplo,
podem ser, de fato, associados ao fenômeno.
Carvalho e Coelho (2006) consideram que a mulher, a família e a própria
sociedade conferem os mais diversos significados ao término da capacidade
reprodutiva feminina. Todos os papéis culturalmente atribuídos à mulher passam a
ser questionados com a chegada da menopausa, e não somente a maternidade,
portanto, à redução hormonal somam-se mudanças psicossociais peculiares à
maturidade e, com elas, uma série de implicações para a autoimagem da mulher
que envelhece.
A menopausa, como crise, é temporária, mas pode ser situacionalmente
incapacitante, pois durante a transição climatérica a mulher pode se sentir fragilizada
para lidar com todas as mudanças desencadeadas nesse período, e isso em função
do desconhecimento que a grande maioria alega em relação ao que esperar.
26

4.4.2 A importância da celebração do último sangue

Conhecida como ”A Grande Mudança”, a menopausa constitui dramática


mudança na expressão física e na percepção mental e emocional da feminilidade,
com o potencial de se tornar uma fase positiva de crescimento espiritual e
enriquecimento interior, de forma a compensar os problemas físicos e os conflitos
emocionais dela decorrentes (FAUR, 2015).
Por guardar seu sangue e não mais vertê-lo, a mulher deixa de se sujeitar às
alterações hormonais e influências ambientais, podendo permanecer - de forma
equilibrada – entre o rico potencial de seu mundo interior e a capacidade de
manifestá-lo criativamente, se assim o quiser. Com tal vantagem, a mulher pós-
menopausa torna-se sábia, curadora, sacerdotisa, xamã e profetisa em potencial, já
que detém um contínuo acesso para a dimensão oculta do mundo, acessível para a
mulher que menstrua somente nos dias de seu ciclo menstrual.
Nas antigas culturas, onde as anciãs eram respeitadas como guardiãs das
tradições, conselheiras, curandeiras, guias e intermediárias entre a comunidade e o
mundo dos ancestrais, essa agudeza de percepção e o potencial de cura,
premonição e sabedoria das mulheres mais idosas eram amplamente reconhecidos
e reverenciados.
A celebração da menopausa, portanto, reconhece a transição entre a antiga
percepção cíclica - típica da mulher fértil - e o permanente intercâmbio com o mundo
interior. O ritual, por mais simples que seja, auxilia no início desta nova vida, fazendo
a mulher reconhecer o seu poder e a sua conexão com a “Anciã”, permitindo-lhe
combater os estereótipos socioculturais negativos, bem como remover os efeitos da
supremacia patriarcal e da solidão afetiva.
Somos mulheres, talvez uma palavra que possa nos descrever seja mudança.
Aceitar que estamos em constante mudança, que nossos hormônios afetam nossa
vida, que somos cíclicas, lunares, representa um resgate de conhecimentos antigos,
saberes que datam desde o início da civilização humana, a partir de sua auto-
observação.
Nos tempos de hoje, estamos resgatando essas antigas tradições, sabedorias
esquecidas pelos tempos que ganham força no momento em que nos damos conta
de que estamos perdendo um conhecimento importante para nossa saúde integral.
27

Conscientizando essa energia, podemos recuperar nosso poder do Sagrado


Feminino.
28

5 ARQUÉTIPOS FEMININOS

A Deusa é uma força imanente e permanente em tudo, onipresente e


abrangente do Todo; diferente da figura celeste e longínqua de Deus, Ela
impregna cada ato de criação e nutrição com Sua essência, por ser o Seu
corpo a própria Terra (Mirella Faur).

Faur (2015) em “Círculos Sagrados para Mulheres Contemporâneas”, aduz


que o inconsciente coletivo é um substrato mais profundo da psique humana, de
natureza transpessoal, inato e presente em cada ser, tratando-se de reservatório
psíquico e cultural formado por arquétipos, que nada mais são do que padrões
internos inatos com efeitos poderosos e dominantes, que representam
possibilidades latentes ao alcance de todos os seres humanos.
Como padrões internos individuais representados por deusas e heroínas,
cujas poderosas e inatas energias exercem amplas e profundas influências sobre
nossos processos psicológicos, os arquétipos femininos determinam as principais
diferenças entre as mulheres, modificando-se em função de situações externas ou
processos internos.
Bolen (1990) considera as deusas como representações daquilo com que as
mulheres se assemelham, sendo padrões inerentes ou arquétipos que podem
modelar o curso da vida da mulher. Woolger e Woolger (2007) se referem à deusa
como a [...] descrição psicológica de um tipo complexo de personalidade feminina
que reconhecemos intuitivamente em nós, nas mulheres à nossa volta, e também
nas imagens e ícones que estão em toda parte em nossa cultura [...] ou, ainda, [...] a
forma que um arquétipo feminino pode assumir no contexto de uma narrativa ou
epopeia mitológica.
Conhecer os mitos e arquétipos das Deusas proporciona às mulheres um
meio eficaz de se conhecerem melhor, compreendendo seus relacionamentos com
homens e mulheres, abrindo portas para a exploração de seu mundo interior e
fornecendo importantes informações sobre seus conflitos reprimidos ou suas
dificuldades psicológicas e comportamentais. A descoberta de um padrão mítico
pessoal aprofunda o autoconhecimento e a compreensão da própria história,
indicando caminhos para o crescimento e a realização material, emocional, mental e
espiritual.
Mas, afinal, há somente uma única Deusa?
29

Fontes históricas indicam que nunca houve uma religião monoteísta da


Deusa; ao contrário, em todos os lugares onde era cultuada, os cultos eram
politeístas, uma vez que veneravam os vários aspectos de uma única Fonte
Criadora e Ceifadora, imanente e transcendente, chamada Grande Mãe, que regia
sobre a vida, a morte e o renascimento, com sua multiplicidade de atributos, formas,
imagens, nomes e aspectos.
Para facilitar o caminho de volta à Deusa, é necessário à mulher
contemporânea sentir ou escolher o “chamado” de um arquétipo regente ou que
corresponda aos seus propósitos e necessidades, dentre o caleidoscópio de mitos,
descrições, imagens, formas e nomes de Deusas disponíveis na atualidade,
tornando-se necessário, portanto, adotar um critério de escolha dentre as inúmeras
possibilidades existentes.
Vários são os modelos e critérios utilizados na abordagem dos arquétipos,
de diferentes origens e características para representar as múltiplas faces da Deusa,
com o objetivo de se identificar qual predomina e estabelecer o equilíbrio perfeito
entre as demais, consideradas como aspectos enfraquecidos, ausentes,
problemáticos ou “sombras”.
Em seus estudos, Faur (2015) referencia como modelos muito utilizados a
antiga triplicidade da Deusa - como Donzela, Mãe e Anciã, e a representação
quádrupla moderna como Amazona, Amante, Rainha (Mãe) e Sábia (ou Maga).
Interessa-nos, contudo, neste estudo, as quatro faces ou aspectos da Deusa
relacionados aos ritos de passagem que marcam as seguintes fases da vida da
mulher: infância, menstruação, primeira relação sexual, e maturidade.

Fonte: Google Imagens.


30

5.1 A lenda das Treze Matriarcas

Figura dentre as lendas e histórias que compõem o cabedal de tradições


herdadas pelas anciãs das tribos nativas norte-americanas, a lenda das “Treze Mães
das Tribos Originais”, que representam os princípios da energia feminina
manifestados nos aspectos da Mãe Terra e da Vovó Lua.
Neste momento de profundas transformações humanas e planetárias, Faur
(2015) considera imprescindível que todas as mulheres conheçam este antigo
legado para que possam curar as feridas da alma feminina, eliminando atitudes
hostis, separatistas, manipuladoras ou competitivas, antes de tentarem curar e nutrir
os outros. Somente curando a si mesmas é que poderão curar os outros, educar
melhor as futuras gerações e corrigir os padrões familiares corrompidos.
Quando alcançarem o equilíbrio de suas forças, as mulheres poderão
expressar as verdades milenares que representam e se empenharem na construção
de uma futura sociedade de parceria, distante dos modelos masculinos de
competição, conquista ou domínio. Agindo com amor e difundindo suas verdades, as
mulheres contemporâneas contribuirão para recriar a paz e o respeito entre todos os
seres, restabelecendo a harmonia e igualdade original, bem como o equilíbrio na
Terra.
As Treze Matriarcas regem as treze lunações, protegendo a Mãe Terra e
todos os seres vivos; seus atributos individuais são as dádivas trazidas por elas à
Terra. O símbolo da Mãe Terra é a Tartaruga, e seu casco, formado por treze
segmentos, simboliza o calendário lunar.
Segundo a lenda:

No início da vida no nosso Planeta, havia abundância de alimentos e


igualdade entre os sexos e as raças. Mas, aos poucos, a ganância pelo
ouro levou à competição e à agressão; a violência resultante desviou a
Terra de sua órbita, levando-a aos cataclismos e mudanças climáticas. Em
consequência, para que houvesse a purificação necessária do Planeta,
esse primeiro mundo foi destruído pelo fogo.
Assim, com o intuito de ajudar em um novo início e para restabelecer
o equilíbrio perdido, a Mãe Cósmica, manifestada na Mãe Terra e na Vovó
Lua, deu à humanidade um legado de amor, perdão e compaixão,
resguardado no coração das mulheres. Para isso, treze partes do Todo
foram manifestadas no mundo material como as Treze Matriarcas,
31

representando as treze lunações de um ciclo solar com atributos de força,


beleza, poder e mistério do Sagrado Feminino. Cada uma por si só e todas
em conjunto, começaram a agir para devolver às mulheres a força do amor
e o bálsamo do perdão e da compaixão que iriam redimir a humanidade.
Essa promessa de perfeição e ascensão iria se manifestar em um novo
mundo de paz e iluminação, quando os filhos da Terra teriam aprendido
todas as lições e alcançado a sabedoria.
Cada Matriarca detinha no seu coração o conhecimento e a visão, e
no seu ventre a capacidade de gerar os sonhos. Na Terra, elas formaram
um conselho chamado “A Casa da Tartaruga” e, quando voltaram para o
interior da Terra, deixaram em seu lugar treze crânios de cristal, contendo
toda a sabedoria por elas alcançada.
Por meio dos laços de sangue dos ciclos lunares, as Matriarcas
criaram uma Irmandade que une todas as mulheres e visa a cura da Terra,
começando com a cura das pessoas. Cada uma das Matriarcas detém uma
parte da verdade representada, simbolicamente, em cada uma das treze
lunações. Conhecendo essas verdades milenares e a sabedoria das
ancestrais, as mulheres atuais podem recuperar sua força interior,
desenvolver seus dons, realizar seus sonhos, compartilhar sua sabedoria e
trabalhar em conjunto para curar e beneficiar a humanidade e a Mãe Terra.

5.2 Mandala das treze lunações

Figura 10

Fonte: Google Imagens.


32

Relacionada com as treze lunações, a mandala - fundamentada nos


Mistérios Femininos, nas fases da vida, na cruz das quatro direções e no ciclo das
estações - constitui uma interessante divisão dos arquétipos referenciada por Faur
(2015), que expressa o aprendizado e crescimento feminino, embasado em sua
própria natureza, dos ciclos, fases e padrões: de crescimento, expansão, declínio e
transmutação.
Reunindo arquétipos e mitos femininos de várias culturas, a mandala coloca-
os em um contexto contemporâneo, cujo padrão circular reforça o simbolismo do
eterno ciclo da vida, morte e renascimento e a sequência das etapas, sem que os
arquétipos sejam vividos literalmente, mas de maneira metafórica.

Figura 11

Fonte: Google Imagens.

Cada fase da vida da mulher engloba três estágios - iniciação, integração e


transformação – que, mesmo que se sucedam em um fluxo coerente, podem
retornar à vida de algumas mulheres, num processo amparado e orientado pela
energia transformadora existente no centro do círculo de doze divisões.
Cada estágio da mandala tem atributos, características, aprendizados e
possibilidades diferenciadas, que podem ser associadas a rituais, vivências e
33

práticas específicas. Imaginando-a como um círculo dividido em quatro quadrantes,


cada setor tem uma palavra-chave e três subdivisões, seguindo o sentido horário e a
marcha do Sol:

1. Inocência (Leste): estágios da Filha, Donzela, Irmã;


2. Nutrição (Sul): estágios da Amante, Mãe, Mestra;
3. Poder (Oeste): estágios da Amazona, Matriarca, Sacerdotisa;
4. Sabedoria (Norte): estágios da Maga, Mulher Sábia (Anciã), Deusa
Escura;
5. Centro: A Transformadora.

A seguir, os tópicos essenciais relacionados a cada estágio, seguindo a


ordem cronológica:

Lua emergente: início da vida, infância, pureza, busca da individualização,


Filha
começo da primavera, novos projetos.
Quarto crescente: adolescente, rito de passagem da menarca, desejo de
LESTE

aventuras e novas experiências, despertar da sexualidade, época de conflitos


Donzela
(entre a ânsia pela independência/afirmação e as responsabilidades
decorrentes).
Lua crescente: primavera, extroversão, socialização, amizades com moças
Irmã
da mesma idade ou com propósitos comuns.
Lua convexa: a busca do parceiro, o amor para uma pessoa ou objetivo, a
entrega, o fascínio da união, promessa de realização e felicidade, gravidez
Amante
ou criação de um projeto. Arquétipo que menos depende da idade, pode ser
vivido em qualquer época.
Lua cheia: verão, o rito de passagem da maternidade, o conflito entre
SUL

Mãe entrega, apego e controle, nutrição, manifestação do amor materno,


amadurecimento, preocupações familiares, culminação de planos e plantios.
Lua disseminadora: capacidade de confiar na intuição, suspender
pensamentos racionais e lineares, interesse nas artes curativas ou no mundo
Mestra
dos negócios, expansão dos dons de nutrição e cuidados maternos além do
núcleo familiar, direcionamento do poder pessoal.
Necessita cuidar de si, buscar novas formas de expressão e realização,
OESTE

fortalecimento interior, confiança nas escolhas e propósitos, retorno à


Amazona
independência e liberdade dos estágios anteriores, explorar novos horizontes
e relacionamentos. Esse arquétipo também independe da idade.
34

Outono: assumir a liderança pela maturidade, poder, autonomia, autoridade,


enfrentar novos conflitos e dificuldades. É um tempo para colher o que antes
Matriarca foi plantado, corrigir erros, fazer descobertas interiores, buscar novos
projetos, participar em grupos de mulheres, celebrar rituais, realizar serviços
comunitários. Não depende da idade.
Quarto minguante, outono: pré-menopausa (climatério), abrir mais espaço
para a vida interior, buscar apoio de outras mulheres, cuidar da família,
Sacerdotisa
interesses ocultos e cerimoniais, estudos místicos, dedicar-se ao serviço
espiritual.
Lua balsâmica: transição da menopausa, assumir seu poder mágico e
espiritual, habilidade de transmutar, renovar e integrar, amor transpessoal e
Maga incondicional, contato com as ancestrais, lidar de forma sábia com as
vicissitudes da vida. Esse arquétipo pode ser ativado por uma crise
existencial, acidente ou doença.
Lua negra: inverno, rito de passagem da Mulher Sábia, compartilhar a
sabedoria das experiências próprias, uso de discernimento para abordar
Anciã
problemas, aconselhar pelo seu exemplo. Podemos agir atraindo a sabedoria
NORTE

da Anciã em qualquer idade, para a tessitura da nossa existência.


A Mãe Negra (Lua Nova): auge do inverno e da escuridão, a Rainha das
Sombras que existe além dos desejos, no final da vida. Ao passar da anciã
para a Mãe Negra encontramos a “Ceifadora Implacável”, que guarda o
portal entre a vida e a morte, finalizando tudo o que já foi vivido e cujo
Deusa Escura símbolo é a foice. Precisamos iniciar nossa preparação e transição para o
desconhecido, o desapego, a libertação e a transformação. Sua energia é
vivenciada quando damos um salto no escuro, assumimos riscos, perdemos
o controle ou temos que enfrentar perdas, medos, finalizações, acidentes,
doenças, enfim, o desconhecido.
Apesar de se localizar no centro da mandala, interage e flui entre todos os
estágios. Representa a Fonte, o vazio, o ventre cósmico, o refúgio, o silêncio
e a cura após a transposição do portal da morte, à espera do renascimento
CENTRO

Transformadora para uma nova existência. Sua energia se manifesta em cada transição de
nossa vida, independentemente da idade, e nos guia para a troca de pele e
libertação do passado. Imagens associadas: ovo, borboleta, serpente, fênix,
caldeirão.
Fonte: Faur (2015).

Não somente os ciclos biológicos da mulher, mas também sua mente,


emoções e psique sofrem as influências das fases e marés lunares, que
representam marcos em sua existência, devendo, portanto, ser conhecidas,
respeitadas e celebradas pelas mulheres conscientes, contribuindo assim para o
35

resgate do poder sagrado feminino e a conexão com os aspectos e arquétipos


lunares. Observando e celebrando a trajetória lunar com meditações, práticas ou
rituais, as mulheres descobrem uma nova força que lhes conferem maior harmonia e
plenitude em suas vidas nos níveis físico, emocional e mental, bem como aumento
de sua autoestima e no reconhecimento de seu valor ancestral, inato e sagrado.
36

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caminho para o fortalecimento da mulher, tornando-a mais confiante e


segura de sua essência feminina, passa pelo resgate das imagens, lendas e mitos
das deusas e nossas ancestrais, e a descoberta de seus rituais, de modo a valorizar
o antigo poder e valor do Divino Feminino em nossa memória e consciência.
Restabelecendo o ponto de equilíbrio entre as polaridades feminina e
masculina, poderemos celebrar o retorno da Grande Mãe como a complementação
perfeita do Deus Pai, unindo os opostos, criando a unidade e conciliando as
diferenças para a criação de um mundo de paz, amor e harmonia para um novo ser
humano.
As mulheres do planeta desempenham na atualidade um papel fundamental
na promoção da tão sonhada sociedade de parceria. A natureza feminina da mulher
é uma extensão da Mãe Terra e seu corpo reflete sua receptividade, força e
fertilidade. Reconhecer e aproveitar seu ciclo menstrual como uma abençoada
pausa para a interiorização, meditação, descoberta e direcionamento das energias
criativas, curativas, nutridoras e fortalecedoras da sua essência feminina levarão a
mulher a melhorar e curar sua vida.
A investigação do feminino está cada vez mais presente na vida das
mulheres, que celebram seus múltiplos aspectos com rituais, cantos danças e
encontros. Relembrando e celebrando a Grande Mãe, que nos estende sua mão de
luz e nos aponta novas possibilidades e caminhos para realizarmos nossos sonhos e
visões, as mulheres celebram a si mesmas e descortinam sua verdadeira beleza,
força e sacralidade.
Meditar, orar ou criar um ritual para honrar a Deusa que habita em nós é
trazê-la para a nossa vida, tornando-a mais tangível e imantando suas qualidades e
possibilidades em nossa essência e existência.
Conhecer e vivenciar seu legado mítico, suas lendas e tradições, reforça os
laços que nos une; unindo nossas mentes e corações por meio de suas celebrações,
criaremos um grande círculo de luz vibrante do amor que transcende, conectado
com o amor maior com nossa Mãe.
37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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homem.blogspot.com.br/>. Acesso em: 15 fev. 2016.

BOLEN, Jean Shinoda. As deusas e a mulher. São Paulo, Edições Paulinas, 1990.

CARUNCHIO, Bia F. O sagrado, a menstruação e formas de pensar o feminino.


Disponível em: <http://oficinadasbruxas.com/o-sagrado-a-menstruacao-e-o-
feminino/>. Acesso em: 16 fev.2016.

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Disponível em: <https://omundodegaya.wordpress.com/tag/sagrado-feminino/>.
Acesso em: 10 fev.2015.

CARVALHO, Isalena Santos; COELHO, Vera Lúcia Decnop. Mulheres na


maturidade e queixa depressiva: compartilhando histórias, revendo desafios. Psico-
USF, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 113-122, jan./jun. 2006. Disponível em:<
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CAVALCANTE, Elisabeth. Os quatro elementos e a psicologia do ser humano,


Disponível em: <http://horoscopovirtual.uol.com.br/artigos/os-quatro-elementos-e-a-
psicologia-do-ser-humano-parte-1>. Acesso em: 01 mar.2016.

GRAY, Miranda. Descubra as deusas dentro de você. Êxito Editorial, 2014.

ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro,
Rocco, 2014.

FAUR, Mirella. Círculos sagrados para mulheres contemporâneas. São Paulo,


Pensamento, 2011.

_____. O anuário da grande mãe: guia prático de rituais para celebrar a deusa. São
Paulo, Alfabeto, 2015.
38

GOMES, Márcia Kennusar. Os quatro elementos. Disponível em:


<http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=30839>. Acesso em: 02
mar.2016.

LEANDRO, Rafael. Os 4 elementos:a união entre a natureza e a humanidade.


Disponível em: <http://www.revistaprogredir.com/blog-artigos-revista-progredir/os-4-
elementos-a-unio-entre-a-natureza-e-a-humanidade>. Acesso em 28 fev.2016.

NUMEROLOGIA: o significado de cada número essencial. Disponível em:


<http://bemzen.uol.com.br/noticias/ver/2013/07/11/131-numerologia>. Acesso em: 29
fev.2016.

OS QUATRO elementos. Disponível em:


<http://egbeobinrinijagun.blogspot.com.br/p/os-quatro-elementos.html>. Acesso em:
07 mar.2016.

SIMBOLOGIA sagrada. Disponível em:


<http://www.numerologo.com.br/simbologia.htm>. Acesso em: 3 mar.2016.

SOMÉ, Sobonfu. O espírito da intimidade: ensinamentos ancestrais africanos sobre


relacionamentos. São Paulo, Odysseus Editora, 2007.

SOUZA, Carmen Lúcia. Transição da menopausa: a crise da meia-idade feminina e


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Janeiro, v.1 n.2, dez. 2005. Disponível em: <
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
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TULESKI, Vanessa. Os quatro elementos. Disponível em:


<http://vanessatuleski.com.br/v2/aprenda-sobre-astrologia/os-quatro-elementos/>.
Acesso em: 05 mar.2016.
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VEIGA, Márcia Regina Medeiros. O corpo feminino na maturidade: gênero,


sexualidade e envelhecimento. XI Congresso Luso Afro Brasileiro de Ciências
Sociais. Bahia, 2011. Disponível em: <
http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307542142_ARQUIVO
_TrabalhoCompletoCONLAB.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2016.

WOOLGER, Jennifer & Roger. A Deusa Interior. São Paulo, Cultrix, 2007.
40

APÊNDICE A - TEXTOS COMPLEMENTARES

As influências das fases da Lua em sua Gravidez

Apesar do avanço da medicina e das várias formas de se conseguir


engravidar, mesmo em condições complicadas, ainda há muitas mulheres que
recorrem a crenças e simpatias para chegar à gravidez.
Dentre esses rituais, várias culturas relaciona com a Lua para conseguir
engravidar.
Acreditando no poder da Lua e conseguindo resultados positivos quando o
assunto for gravidez. Confira algumas dicas e crenças relacionadas à fase da Lua:
Lunacepção (uso da fase da Lua para concepção)
Essa crença tem como teoria o alinhamento do ciclo menstrual ao ciclo
lunar. Para aumentar as chances de engravidar, a mulher deve estar menstruada
durante a Lua Nova e ovular durante a Lua Cheia. A ideia é que, na Lua Nova, os
novos projetos estão em alta, por isso a gravidez pode chegar mais rápido. Mas
como a menstruação não pode ser controlada por nós, o que você pode fazer é
torcer para ovular no dia certo.

Melhor momento para engravidar


O mito mais antigo relacionado às fases da Lua é que na Lua Cheia é mais
fácil engravidar. Nessa teoria, não é necessário igualar seu ciclo menstrual ao ciclo
41

da Lua. Como a Lua muda de fase a cada 7 dias, basta tentar a gravidez a cada Lua
Cheia que ocorre durante todo o ano.

Sexo do bebê
As crenças na Lua indicam que você pode escolher o sexo do seu filho de
acordo com a fase do corpo celeste. Para conseguir uma menina, as chances são
maiores se a gravidez acontecer na Lua Crescente, já para engravidar de um
menino, tente na Lua Minguante.

E depois da gravidez?
A Lua também influencia durante toda a gestação e no momento do parto,
entenda como:
A Lua Cheia está associada à hipertensão e ao líquido amniótico. Nesse
período deve-se evitar estresse para que não haja complicações no parto.
Já na Lua Nova há a crença do aumento de uma força para o centro da
terra, o que pode aumentar a pressão pélvica e as contrações.

Fases da Lua e arquétipos segundo Miranda Gray


42

Miranda Gray, terapeuta, artista e autora, reúne informações associando


cada fases da Lua a uma arquétipo: Donzela, Mãe, Feiticeira e Anciã.
A lua crescente representa a fase que vai desde o fim do fluxo menstrual até
o começo da ovulação (fase pré-ovulatória). As energias dessa fase são dinâmicas,
inspiradoras, de iniciativa, e se assemelham a uma jovem Donzela. Uma fase que
nos pede ações independentes e a realização de tarefas.
Na nossa fase Donzela podemos:
 Ter mais energia física;
 Querer fazer mais coisas;
 Pensar melhor e nos sentir entusiasmada para aprender coisas novas
e fazer mais atividades;
 Sentir maior felicidade com o nosso corpo;
 Sentir mais confiança a respeito do que podemos fazer e de quem
somos;
 Fazer as coisas acontecerem através de planejamento e ação.

Na lua cheia se relaciona com a Mãe e representa o período da ovulação


(fase ovulatória), as energias aqui se assemelham a da maternidade, contam com a
energia de criar, sustentar e fortalecer. A criatividade interna da mãe surge para criar
uma nova vida. Esta fase nos pede para ser amorosas, aproximar-nos das pessoas
e expressar-lhes nossa gratidão.
Como na Lua Cheia, nós irradiamos nossas energias para o mundo e
acolhemos todos com a nossa doce luz.
Na nossa fase da Mãe podemos:
 Ter capacidade maior de aceitar as coisas como são;
 Comunicar nossos sentimentos de uma forma positiva;
 Sentir mais disposição de tocar o outro e de criar relações;
 Sentir maior motivação para ajudar os outros;
 Ter mais cuidado com nós mesmas;
 Ser compreensiva em relação aos sentimentos e necessidades dos
outros;
 Permitir que as coisas aconteçam no seu próprio passo sem as
forçarmos;
 Sentir felicidade e satisfação com quem nós somos
43

 Sentir confiança emocional.

A diminuição da luz durante a fase minguante reflete a diminuição da


energia física da ovulação à menstruação (fase pré-menstrual começamos a nos
recolher do mundo exterior e voltar as nossas atenções para dentro, na direção da
mágica escuridão e da espiritualidade e a palavra escolhida para este aspecto é a
da Feiticeira, a qual tem o poder tanto para criar como para destruir.
Na fase Feiticeira podemos:
 Ficar casa mais facilmente e precisar dormir mais para nos sentir bem;
 Ficar impaciente por sentir mais cansada;
 Sentir altos e baixos emocionais;
 Experimenta muitos julgamentos e pensamentos críticos sobre nós
mesmas e os outros, sobre nossa vida e o nosso passado;
 Sentir frustação por não conseguir fazer coisas e descansar;
 Sentir urgência para resolver problemas e organizar bagunças;
 Sentir inspirações e ter várias ideias criativas.

A lua nova e a Anciã representam a fase da menstruação, onde a mulher


retira as energias físicas do mundo terrenal levando sua consciência ao mundo
espiritual. Essa etapa nos pede para descansar, rezar, meditar e reflexionar. É uma
fase de morte-renascimento onde as energias criativas que se gestam na mente
podem gerar tanto uma nova vida como filhas-idéias, já que é nesse período onde
começa um novo ciclo.
Na lua nova, nossas energias são retiradas do mundo e nós descansamos,
restaurando nossas energias e nos conectando à unidade do universo.
Na fase anciã podemos:
 sentir isolamento e fragilidade;
 estar felizes por sentar e não pensar em nada;
 querer fazer pouco;
 sentir felicidade em deixar irem embora coisas que nos incomodaram
na fase anterior;
 ser mais capazes de perdoar e esquecer;
 estar menos motivadas à ação e a conseguir coisas;
44

 ser mais capazes de compreender o que queremos o que queremos na


vida e nos comprometer com isso;
 conhecer nosso verdadeiro eu por trás de todos os julgamentos e
expectativas.

Se compararmos o ciclo lunar com o feminino, as fases crescente e


minguante são momentos de mudança e equivalem as etapas da Donzela e da
Feiticeira. Já a lua cheia e a lua nova são períodos de equilíbrio, assim como as
fases da Mãe e da Anciã.
Quando reconhecemos e aceitamos nossa ciclicidade e aprendemos a
utilizar os recursos pessoais que estão disponíveis diariamente, expressamos mais e
mais o nosso Ser no mundo, nos sentimos em conexão com nós mesmas e com as
pessoas em nosso redor.

“ o poder de se sentir feliz a qualquer momento”

Faça mais coisas que te fazem sentir bem em cada fase!


Seu ciclo menstrual é um maravilhoso ciclo de experiências prazerosas e
entusiasmantes. Divirta-se com ele!

Meditações diárias para cada fase:

Donzela – ascenda uma vela branca a cada manhã para começar a meditação.
Dia 7 do ciclo: assim como a lua crescente emerge da escuridão, eu saio da
escuridão na direção da luz.
Dia 8 do ciclo: Eu abraço com felicidade as brilhantes energias de ação,
pensamento e sucesso da minha donzela.
Dia 9 do ciclo: a paixão de criar meus sonhos.
Dia 10 do ciclo: as energias sexuais da minha donzela. Sou linda, sensual e
brincalhona!
Dia 11 do ciclo: Eu abraço meu empoderamento – isso me ajuda a amar.
Dia 12 do ciclo: eu tenho poder de fazer as coisas acontecerem.
Dia 13 do ciclo: Eu sinto prazer em fluir com as energias.
45

Mãe – ascenda uma vela rosa cada manhã para começar a meditação.
Dia 14 do ciclo: assim como lua crescente, eu me transformo radiantes energias da
mãe.
Dia 15 do ciclo: eu abraço com felicidade as energias do amor, empatia, nutrição e
cuidado da minha mãe.
Dia 16 do ciclo: eu dou as boas vindas à minha abundância e a compartilho com
todos
Dia 17 do ciclo: as energias sexuais da minha mãe são radiantes, cuidadosas e
amorosas.
Dia 19 do ciclo: eu crio o mundo ao meu redor com amor e alegria.
Dia 20 do ciclo: eu nutro minhas relações com amor para ajuda-las. Hoje eu direi
`Eu amo você`
Dia 21 do ciclo: Assim como a lua cheia começa a escurecer, eu deixo a luz ir
embora e me preparo para a mudança.
Feiticeira- Ascenda uma vela roxa cada anoitecer para começar a meditação.
Dia 22 do ciclo: Eu adentro com entusiasmo na escuridão da lua minguante e deixo
crescer meu lado selvagem.
Dia 23 do ciclo: eu abraço as energias de imaginação, inspiração, intuição e magia
selvagem da minha feiticeira.
Dia 24 do ciclo: as energias sexuais da minha feiticeira. Eu aceito e amo todas
energias da minha feiticeira.
Dia 25 do ciclo: Eu sustento a paixão selvagem e a inspiração criativa da feiticeira.
Amanha eu criarei.
Dia 26 do ciclo: Eu sinto as necessidades da feiticeira. Eu as encontrarei na minha
visa amanhã
Dia 27 do ciclo: Eu desacelero e escuto a feiticeira, dizendo para me amar mais.
Dia 28 do ciclo: a lua se retira do céu, eu paro e descanso na escuridão.

Anciã – ascenda uma vela negra ou vermelha a cada anoitecer para começar sua
meditação:
Dia 1 do ciclo: na escuridão da lua nova, eu paro. Desapego do que não necessito
e aceito o amor da anciã.
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Dia 2 do ciclo: eu abraço os presentes as sabedoria, conhecimento interior, paz e


calma.
Dia 3 do ciclo: eu me relaxo nos braços da anciã, e sei que tudo está bem e que
tudo é possível.
Dia 4 do ciclo: as energias sexuais de minha anciã são lentas e sensuais, lindas e
espirituais.
Dia 5 do ciclo: eu visualizo os desejos de meu coração e sinto o proposito de minha
alma.
Dia 6 do ciclo: eu renascerei da minha anciã para a luz e para energia. Eu dou a ela
meu amor e minha gratidão por este dom de paz e renovação.
(meditação extraída do livro: descubra as deusas dentro de você –Miranda Gray,
algumas frases adaptei para ficar na mesma linguagem do trabalho).

O sagrado jardim do ventre


(Larissa Lamas, Moon Mother, tradutora e cordenadora da Benção do útero no
Brasil)

Útero Sagrado, fonte de meu poder


Útero Sagrado, infinito amor
Útero Sagrado, espelho da lua
Útero Sagrado, casa da criação

Ah mulher de luz, ah mulher de paz!


Desperta que aqui já chegou seu poder
Ah mulher de luz, ah mulher de paz!
Recorda que a lua muda com você ...

Sou cheia, quando inteira eu puder brilhar


Minguante, para minhas águas poder acalmar
Sou nova, se me retiro só em oração
Crescendo, vou abrindo meu coração

Ah, mulher sagrada, Ao cosmos teu amor nos conduz


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Recorda, teu ventre é o universo


Pulsando para dar a Luz

*Útero Sagrado: Canto recebido em Março de 2013 na Montanha de Canoas,


Jalisco, México, durante processo de Busca de visão, um mês depois da iniciação
na Benção do útero com Miranda Gray e dois meses antes de ver seu útero
florescer.

“Cada mulher que desperta, desperta todos ao redor.”

Contos

1 - Conto: La Tienda Roja

Nossas ancestrais viviam em total conexão entre si e com a Mãe Terra,


sincronizavam naturalmente seus ciclos de fertilidade e todas se resguardavam
juntas para devolver o sangue à terra. Essas mulheres se retiravam para a Tienda
Roja, onde permaneciam de cócoras ou sentadas diretamente na terra, depositando
seu sangue enquanto confiavam umas nas outras e trocavam conhecimentos e
experiências.
Durante esse período de recolhimento, a conexão com a natureza era tão
intensa, que ia além da terra, alcançando o céu. As mulheres recebiam intuições
com as instruções para o período seguinte. Ao saírem da tenda eram recebidas
pelos homens com festas, pois estavam esclarecidas com as visões que tiveram
durante o período de conexão com a Deusa e compartilhariam toda a sabedoria que
tinham alcançado no tempo de reclusão. Havia um grande respeito de toda a
sociedade por esse período de interiorização e descanso, assim como a celebração
pelo fruto dessa conexão.
Com o passar do tempo, após inúmeros ciclos de conexão com a natureza,
a mulher permanecia conectada por mais tempo, mesmo durante o restante do ciclo,
até tornava-se uma sábia. Neste ponto, deixava de sangrar, pois já não precisaria
mais participar da tenda para receber as intuições e poder direcionar a sociedade.
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As anciãs possuíam grande conexão e entendimento, compreendendo os ciclos da


vida e de além da vida. Com isso, podiam perceber que seu próprio corpo mudava,
tornando-se mais arredondado, como se ela própria se transformasse na Mãe Terra.

2 - Conto: Dos paninhos ao sangue de guerra

As mulheres que nos antecederam, em um passado próximo, recolhiam o que


chamavam de “regra” em seus paninhos. Quando os paninhos estavam
encharcados de sangue, eram lavados e a água utilizada era derramada na terra. A
água, cheia de sabedoria e regida pela Lua, percorria a terra levando os nutrientes
que se originaram no sagrado feminino. O resultado era a fertilização da terra, que
se tornava mais nutritiva e produtiva, fechando um ciclo: a mulher nutria a terra e a
terra gerava os frutos que iriam nutrir a mulher.
Quando o paninho perdeu seu espaço para o absorvente descartável, a
mulher rompeu com sua parte no ciclo, pois não devolvia à terra os nutrientes tão
necessários. Conforme a Profecia das Índias Lakotas: Quando as mulheres
deixaram de devolver seu sangue à terra, começou a matança de animais e as
guerras, para que o derramamento de sangue suprisse a necessidade de nutrientes.
Quando todas as mulheres voltarem a devolver o seu sangue, vai acabar a
necessidade de sangue derramado pela violência.
Quando as mulheres tão “modernas” dizem que usar absorvente de pano é
retroceder, digo que muitas vezes é necessário dar um passo atrás para enxergar
melhor o que está à frente. Um pequeno gesto pode transformar um paradigma atual
tão arraigado em uma reflexão profunda sobre o próprio ser humano.
3 - Conto: Plantar a Lua
O termo menstruação tem origem na palavra mês, conceito errado quando
nos referimos ao nosso sangramento que ocorre em ciclos de 28 dias, assim como o
ciclo lunar. Poderíamos dizer então que as mulheres não menstruam, mas lunam!
Plantar a lua nada mais é do que devolver à terra o sangue de que ela
necessita para manter-se fértil. Para o sagrado feminino plantar a lua é uma
oportunidade de reconexão com a mãe Gaia. Quando o feminino reencontra essa
conexão com a natureza, funde-se com ela e recebe toda sua sabedoria eterna.
Por mais que nossas ancestrais se recolhessem em tendas para lunar, não é
o único caminho de se reconectar. O sangue pode ser recolhido através de coletores
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menstruais ou absorventes de pano, misturado em água e derramado sobre a terra


de um jardim ou até mesmo de um vaso. O importante é devolver à terra os
nutrientes que não serão utilizados na geração de uma nova vida no ventre feminino.
Diz-se que na terra há de forma latente toda a composição da grande Mãe
natureza, inclusive todas as sementes que existem; e que plantando a lua em um
vaso sem nenhuma planta, a natureza irá filtrar as necessidades daquela mulher e
presenteá-la com um vegetal complementar, correspondente às suas necessidades.

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