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SEMINÁRIO TEOLÓGICO RUSSELL SHEDD

CURSO DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA

DAVYSON GUSTAVO DE MOURA SILVA

O PENTECOSTALISMO CHEGA NO BRASIL, MAS NÃO NASCEU AQUI.

João Pessoa
2018
DAVYSON GUSTAVO DE MOURA SILVA

O PENTECOSTALISMO CHEGA NO BRASIL, MAS NÃO NASCEU AQUI.

Trabalho sobre o Movimento Pentecostal para


compor nota na cadeira de História da Igreja
Moderna e Contemporânea no curso de Formação
Teológica no Seminário Teológico Russel Shedd.

João Pessoa
2018
“E todos foram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem.”
Atos dos Apóstolos 2.4
Sumário

O pentecostalismo chega no Brasil, mas não nasceu aqui................................... 4

Expressões pentecostais pela história ................................................................... 4

Charles Fox Parham sistematiza a doutrina do Batismo no Espírito ................... 6

Da rua Azuza para o mundo ..................................................................................... 8

O pentecostalismo no Brasil. ................................................................................... 9

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 12
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O PENTECOSTALISMO CHEGA NO BRASIL, MAS NÃO NASCEU AQUI.

EXPRESSÕES PENTECOSTAIS PELA HISTÓRIA

O movimento Pentecostal, digamos, moderno surge em meados de 1900 na


cidade de Topeka, no estado do Kansas, mas há um histórico muito mais abrangente que vem
se revelando em toda a história desde o original evento conhecido como Pentecostes, visto no
livro de Atos dos Apóstolos no capítulo 2.
Segundo informações no prefácio do livro O Testemunho dos Séculos, do
jornalista Emilio Conde, falecido em 1971, o missionário Samuel Nyström diz que há um
motivo de que haja poucos registros na história conhecida da Igreja. Segundo Conde, isso se
deve ao fato do posicionamento dos historiadores serem, em sua totalidade, cessacionistas.
Estes historiadores encaravam manifestações como profecias e línguas estranhas com
“excentricidades passageiras, coisas inconvenientes até para serem descritas”.
Um dos registros que há com relação a citações de expressões que se
aproximam do que hoje entendemos como grupos pentecostais, é um fato registrado pelo
reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury
que fala sobre a visita de um príncipe britânico da Corte Romana a uma reunião cristã onde
ele transcreve que em dado momento da reunião: “línguas estranhas foram ouvidas. As
palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não
falavam a sua própria língua, mas parecia que falavam toda qualidade de idiomas, embora não
se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o
impulso poderoso que operava na ocasião”, em seguida declara: “O príncipe os ouvira falar
em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenômeno pentecostal que o paganismo não
conhecia”. Segundo o artigo “Histórico do movimento pentecostal”, este fato é pontuado no
livro citado acima, O Testemunho dos Séculos.
Outro registro, ainda do segundo século, é o Montanismo. Este movimento
surge na Frigia após 155. Este movimento surge pelo fato de que a Igreja estava se
institucionalizando e deixando a dependência unicamente do Espírito Santo. Montano, líder
fundador do movimento, juntamente com outras três mulheres ricas, Priscila, Quintila e
Maximila, percorriam cidades com sinais de línguas estranhas, interpretação de línguas,
revelação e profecias. O propósito inicial do movimento era combater o esfriamento espiritual
da igreja e o formalismo da liderança chegando a incomodar duramente os líderes da Igreja
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institucionalizada. O movimento caiu em descrédito, pois, segundo Cairns em O Cristianismo


Através dos Séculos, “Montano concebeu-a” (sua doutrina) “como imediata e contínua e se
colocou a si mesmo como paracleto ou advogado através de quem o Espírito Santo falava à
Igreja, do mesmo modo que falara através de Paulo e dos outros apóstolos.” (Cairns, 2008)
Este seria um dos motivos da doutrina de Montano ter sido renegada e a história sobre o
pentecostalismo perder mais uma argumentação oficial livre do estigma de movimento
herético, mas, mesmo com toda a controvérsia, ainda recebeu apoio de Tertuliano que aderiu
ao movimento.
Há alguns outros registros sobre manifestações que poderíamos ligar a
manifestações de possíveis movimentos pentecostais como um citado por Orígenes em suas
obras Contra Heresias e Comentário de João (254 d.C.) onde ele cita “um filósofo pagão que
odiava cristãos,” e “menciona em um de seus discursos do segundo século (176 d.C) que os
seguidores de Cristo falavam em línguas estranhas”. Ou mesmo Agostinho, bispo de Hipona,
escreve no mesmo período: “Faremos o que os apóstolos fizeram quando impuseram as mãos
sobre os samaritanos, pedindo que o Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os
convertidos falem novas línguas” 1.
As manifestações que temos conhecimento entre os séculos 12 ao 19 passam
por alguns já conhecidos movimentos como o iniciado por Pedro Valdo que ficou conhecido
como Os Valdenses. Segundo registros históricos os Valdenses falavam línguas estranhas,
registro este feio pelo jornalista norte-americano John Sherrill e publicado sob o título They
Speak in Other Tangues. No século 15 há Girolamo Savonarola que era usado em profecias e
visões. Não havia línguas estranhas, mas os dons espirituais se manifestavam ali em um
ambiente que era necessário resgatar a doutrina mais básica que era a da Salvação em Cristo
Jesus unicamente. Ainda temos registro como de um jornalista alemão que diz que “Dr.
Martin Lutero profetizava, evangelizava, falava em línguas e interpretava revestido de todos
os dons do Espírito Santo”.
No século 17 temos os Quacres, onde W. C. Braithwait registra, “Esperando no
Senhor, recebemos com frequência o derramamento do Espírito sobre nós e falamos em novas
línguas”. O historiador Edmundo Hamer Broadbent (1861 – 1945) cita que havia
manifestações de línguas estranhas em cultos pietistas nos séculos 17 e 18: “Um estranho
êxtase espiritual vinha sobre alguns ou sobre todos, e começavam a falar em línguas. De

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1
Citação do artigo História do Movimento Pentecostal no endereço que está na bibliografia.
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quando em quando essas manifestações se repetiam. A muitos deles, estas coisas pareciam
mostrar que, agora, eram um só coração e uma só alma no Senhor”.
Pulando para o século 19, há também mais alguns registros mais um que se
destaca é o caso do reverendo Edward Irving (1792-1834), pastor presbiteriano que recebeu o
batismo no Espírito Santo sendo ele e sua congregação excluídos da denominação. Em 1822,
com 30 anos, Irving é convidado a pastorear uma pequena congregação da Igreja da Escócia
em Londres que cresce muito e já no inicio do ano seguinte é preciso um novo templo.
Pregava com autoridade e denunciando os pecados da sociedade, independente de posições
sociais. Em 1831 começaram a surgir línguas e profecias nos cultos na igreja que pastoreava e
ele não as proibiu e o resultado foi o seu posterior afastamento levando cerca de 600 membros
que o seguiram, fundando a Igreja Apostólica de Londres, mas que se diluiu após sua morte
por tuberculose aos 42 anos.
Em 1873, o jornalista Robert Boyd escreve que no decorrer de uma campanha
do famoso evangelista Dwight Lyman Moody, jovens da Associação Cristã de Moços
falavam em línguas e profetizavam após Moody ter pregado para eles. Não há registros se o
evangelista chegara a falar em línguas estranhas, mas é fato que ele cria numa segunda
bênção, mas não pregava que falar em línguas era uma evidência externa do batismo no
Espírito.
Em 1880 ainda, mais alguns casos são registrados sobre glossolalia (como é
conhecido o falar em línguas estranhas), curas milagrosas e também profecias. Mary Gerber,
uma crente suíça, declara que em momentos de êxtase espiritual ela entoava cânticos
espirituais em um idioma que ela não conhecia. Em outro caso, na Igreja Presbiteriana em
Kara Kala, na armênia, os membros vivenciaram um avivamento que incluiu línguas
estranhas e profecias e onde foi profetizado um grande mover de Deus para o final do século e
que atingiria todo o mundo. Acredita-se que esta profecia se encontra cumprida no inicio do
Movimento Pentecostal que se daria na Rua Azuza, em Chicago nos Estados Unidos da
América no ano de 1907.

CHARLES FOX PARHAM SISTEMATIZA A DOUTRINA DO BATISMO NO


ESPÍRITO

Charles Fox Parham foi o responsável por sistematizar a doutrina do batismo


do Espírito Santo. Tudo começa quando ele decide abrir um seminário em Topeka, no estado
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do Kansas na parte central dos Estados Unidos. A proposta de Parham era possibilitar estudos
no tocante de “como descobrir o poder que capacitará a Igreja a enfrentar o desafio do novo
século”. Com 40 estudantes, onde alguns já tinham estudado em outros institutos bíblicos,
Parham inicia o desafio.
A estrutura do curso para esta proposta era regada de muita oração, Palavra e
evangelismo. Cada estudante tinha um período de 3 horas por dia para dedicar-se
exclusivamente à oração. Parham dedicara-se neste novo trabalho e empenhava esforços para
que esta “escola de fé” funcionasse em todos os sentidos e por isso nenhuma taxa de moradia
ou alimentação era cobrada dos alunos.
Em 25 de dezembro de 1900, Parham precisa viajar, mas deixa uma tarefa para
seus alunos. Eles precisavam entender no livro de Atos dos Apóstolos qual a evidência
incontestável na Bíblia do batismo no Espírito. Ao voltar, três dias depois, os alunos lhe
apresentam o resultado de seus estudos: O falar em línguas era comum a todos os eventos do
revestimento do Espírito e quando não claramente, o estavam implicitamente. Após isto
Parham passa a sistematizar esta nova doutrina biblicamente.
A primeira aluna a ser batizada na Escola Bíblica Betel foi Agnes Ozman, de
18 anos, que pediu para que Parham e os alunos impusessem as mãos sobre ela e orassem
pedindo o batismo no Espírito e assim ela recebe este revestimento o que a deixa três dias sem
nem conseguir voltar a falar em inglês. Após isto, todos os alunos vão recebendo o batismo
inclusive o próprio Parham que foi um dos últimos. De início eles imaginavam que as línguas
tinham um propósito missionário visto que Ozman falara em Boêmio, mas depois eles
percebem que não necessariamente as línguas se tratavam de algum idioma conhecido.
Um dos alunos do seminário era William J. Seymour, um pastor negro e cego
de um olho. Ele percebeu logo que esta experiência de línguas tinha um significado especial e
começou a viajar pelo país ensinando a descoberta que fizeram na Escola Bíblica Betel.
Nestas viagens, Seymour é convidado para pregar em Los Angeles em uma das igrejas do
Movimento da Santidade, surgido ainda no tempo de Moody. Seymour chegou a Los Angeles
em 22 de fevereiro de 1906 e em dois dias já estava pregando na Igreja da Santidade. Ele
enfatizava pregações sobre regeneração, santificação, cura divina e o batismo no Espírito
Santo com a evidência do falar em outras línguas. A pastora Julia Hutchins, rejeita o ensino
de Seymour e este tem as portas fechadas, mas alguns irmãos que acreditaram na pregação
começam a se reunir com Seymour.
As reuniões progrediram e, em abril de 1906, Edward Lee foi batizado no
Espírito Santo e começou a falar em línguas, após uma oração de Seymour. Eles foram até a
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casa dos Asbery e após uma pregação em Atos 2.4, Lee começa a falar em línguas novamente
e depois mais seis pessoas começaram também naquela mesma noite. Jennie Moore foi uma
dessas seis pessoas que inclusive começou não apenas a falar em línguas, mas também a tocar
piano sob o poder de Deus, sem nunca ter aprendido este instrumento.
O crescimento desta comunidade começou a não caber mais na casa, nem no
quintal e foi necessário adquirir um lugar para as reuniões. Havia um galpão na Rua Azuza,
312, que havia sido construído para a Igreja Metodista Africana, mas estava abandonado e
servia de estábulo para animais. Após alugar, limpar e preparar para os cultos estava aberto a
congregação que inicialmente chamado de Azuza Street Mission, mas depois ficou mais
conhecido como Missão da Fé Apostólica.

DA RUA AZUZA PARA O MUNDO

Vimos que desde muito próximo ao evento bíblico conhecido como


pentecostes, muitos foram os eventos que expressavam ação do Espírito Santo no meio do
povo de Deus que se comprometia em oração, mas que em alguns casos se perdia em
exageros como o caso de Montano. A Rua Azuza agora é o palco para o início do que
chamamos de Movimento Pentecostal como conhecemos.
Já naquele tempo, mesmo sendo novidade vemos uma forte resistência quanto
a este movimento que não só era motivo para cultos semanais. Aconteciam cultos diários e
três vezes ao dia sempre com o templo cheio. Os cultos não mais eram sectários e homes,
mulheres, crianças, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, ricos, pobres, analfabetos,
graduados, todos cultuavam ao Senhor juntos preservando as doutrinas mais básicas dos
apóstolos em comunhão em todos os sentidos.
A euforia era percebida por todos e um repórter de um jornal local chegou a
desaprovar os cultos pois ele achava vergonhoso a mistura de raças e os gritos de pessoas que
pareciam enfeitiçadas. Dizia eles eram liderados por um pastor caolho que passava mais
tempo de joelhos entre engradados de madeira e que, mesmo falando pouco, por vezes o
ouviam gritando: “Arrependei-vos”. Já o historiados Frank Bartleman escreveu: “A ‘linha da
cor’ foi removida pelo sangue de Jesus”. Nesta comunidade até as mulheres recebiam
posições de liderança na Missão.
Este movimento foi desdobrado para a Europa através de Thomas Barratt,
pastor norueguês metodista que teve contato com a Rua Azuza e se dedicou ao florescimento
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de igrejas pentecostais na Noruega, Suécia e Inglaterra. Na Itália teve os imigrantes que


também tiveram contato direto com o Avivamento da Rua Azuza e que retornaram à sua terra
para pregar a mensagem pentecostal aos seus parentes. Na Holanda a esposa do pastor G. R.
Polman recebeu o batismo no Espírito após um grupo de cristãos holandeses se dedicarem à
oração buscando a mesma bênção relatada no jornal Apostolic Faith, literatura produzida
pelos irmãos da Rua Azuza.
Na Ásia, chega à China, em 1907 o Movimento Pentecostal com os irmãos A.
G. Garr que vinham acesos pelo fogo de Azuza, e também com Nettie Noorman, já
missionária na China que, após ir até Los Angeles certifica-se do Movimento da Rua Azuza e
também receber o batismo no Espírito Santo, volta e sinais os seguem como curas divinas,
milagres, e batismos no Espírito. Na Índia chega a crença de que o que Deus começara em
Los Angeles se desdobraria por toda a Terra

O PENTECOSTALISMO NO BRASIL.

Em 1910, chega ao Brasil Louis Francesco, um italiano que havia vivenciado


uma experiência que se intitulava como “Batismo no Espírito Santo”. Esta experiência
ocorrera ainda na cidade de Los Angeles, em um armazém alugado pelo William J. Seymour,
situado na Rua Azuza. Este foi o local que ficou conhecido por ser onde se iniciou o
avivamento pentecostal. Era o ano de 1906, apenas seis anos depois de quando o William
Seymour havia sido recebido o chamado Batismo do Espírito Santo em Topeka, no estado de
Kansas também nos Estados Unidos da América.
Louis Francesco havia recebido o batismo no Espírito Santo um mês após sua
esposa, Rosina Balzano, no ano de 1907 o que mudou em muitos aspectos sua vida. Em 1909,
Francesco abandona o seu emprego por ordem do Senhor e embarca para a Argentina e chega
ao Brasil logo depois, em 1910. Aqui ele congrega na Igreja Presbiteriana do Braz, em São
Paulo, mas, devido às suas convicções acerca da sua experiência vivida, causa um cisma
naquela comunidade e juntamente com outros irmãos dissidentes presbiterianos e, também,
alguns batistas, metodistas e até católicos, formara a Congregação Cristã no Brasil, hoje
conhecida por “Igreja do Véu”, comunidade extremamente sectária e que se autodenomina
como a igreja certa.
Menos de um ano depois, se iniciaria a primeira Assembléia de Deus no Brasil.
Esta denominação surge com a vinda de dois suecos, Gunnar Vingren e Daniel Berg. Gunnar
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recebera o batismo do Espírito Santo em Chicago, Estados Unidos, este conhece Daniel Berg
que também fora batizado.
Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro
de 1910, prontos para pregar o Evangelho da Salvação em Cristo Jesus e também com o firme
propósito de difundir a doutrina do Batismo no Espírito Santo como uma bênção subseqüente
e da contemporaneidade dos dons espirituais.
Como em todas as vezes que esta doutrina foi defendida, os dois foram de
início bem aceito, mas logo tiveram portas fechadas o que não impediu o crescimento de fiéis
junto com eles e da difusão desta doutrina. Em seis meses, no dia 18 de junho de 1911, estaria
sendo fundada a Missão da Fé Apostólica, mesmo nome dado por Seymour à sua congregação
na Rua Azuza, em Chicago e que após seis anos e meio mudaria o nome para Assembléia de
Deus. Elben César nos traz a informação que em apenas 3 anos, de 1911 a 1914, houveram
384 batismos “nas águas”. Em 10 anos a nova denominação já contava com sedes em sete
estados das regiões norte (Pará e Amazonas) e Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco e Alagoas).
O crescimento continua até hoje estimando-se uma população evangélica no
Brasil de cerca de 20% da população brasileira, praticamente a metade deles seriam de
assembleianos.
Algumas ondas podem ser identificadas no Movimento Pentecostal no Brasil
até hoje.
Temos a primeira onda que é compreendida de 1910 a 1950, quando apenas
havia no Brasil a Assembléia de Deus e a Congregação Cristã do Brasil como igrejas
pentecostais. A última, em alguns anos depois de sua fundação, começou a assumir algumas
doutrinas que hoje, no meio evangélico, são categorizados mais como uma seita do que como
uma igreja evangélica.
A segunda onda vai de 1950 a 1975 e vem marcada pelas Cruzadas de
evangelismo e de curas. Temos a projeção de algumas figuras nestas cruzadas mas que
também alguns irmãos acabaram caindo em heresias. Um caso de alguém que começou bem
foi o William Branham que iniciou seu ministério em 1946 mas depois se perdeu em heresias
pelos anos 50, depois faleceu em 1965. O Tabernáculo da Fé é uma seita que nasceu em torno
dos seus ensinamentos. Também há a projeção de alguns pastores assembleianos e de Billy
Graham, pastor batista que, em suas cruzadas, não enfatizava as orações por curas milagrosas.
Neste período há movimentos evangelísticos itinerantes que se tornaram igreja, como é o caso
da Cruzada Nacional de Evangelização (1950) que depois se tornou a Igreja do Evangelho
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Quadrangular, denominação oriunda dos Estados Unidos da América. Também tem o caso de
O Brasil para Cristo (1955), a Igreja Nova Vida nascida do Rio de Janeiro e fundada por um
descendente de pioneiros da Rua Azuza, A Igreja Deus é Amor do ex-assembleiano Davi
Miranda e A Casa da Bênção (1964) e Sinais e Prodígios (1970). Estas igrejas surgem das
cruzadas que se enfatizavam as curas e exorcismos2.
A Terceira Onda é o que a história inclui o aparecimento do
neopentecostalismo que começa no final dos anos 70 e vem até hoje e influencia várias
denominações. Os nomes de igrejas que melhor representam este movimento e a Igreja
Universal do Reino de Deus (1977), saída da Igreja Nova Vida. Igreja Internacional da Graça
(1980, saída da Universal; Igreja Renascer em Cristo (1986). Há ainda várias outras que
nascem nos anos 90 por diferenças e brigas internas desde os anos 90 até os dias de hoje e que
representam este movimento neopentecostal que perde o compromisso com a Palavra de Deus
e enfatizam muito mais a prosperidade do que a Salvação em Cristo Jesus.

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Do artigo História do Movimento Pentecostal no endereço que está na bibliografia
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REFERÊNCIAS

BÍBLIA Sagrada. Edição Revista e Corrigida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004.

_______, História do movimento pentecostal, 2018. Disponível em:


http://www.cacp.org.br/historia-do-movimento-pentecostal/. Acesso em: 07/10/2018

CAIRNS, Earle Edwin. O Cristianismo Através dos Séculos: uma história da igreja
cristã; tradução Israel Belo de Azevedo, Valdemar Kroker. 3ª edição, São Paulo: Vida nova,
2008.

CÉSAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil: dos Jesuítas aos


Neopentecostais. Viçosa: Ultimato, 2000.

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