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ROTEIRO DE AULA 03- FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

PROFESSORA: PASTORA LEAL


DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II

3. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS:


3.1. Definição:
Manifestação de vontade: contrato como ato bilateral somente se aperfeiçoa pela manifestação concordante
da vontade dos contratantes. Princípio do consensualismo.
- Segundo Ruggiero: “Consenso é o encontro de duas declarações de vontade, que, partindo de dois sujeitos
diversos, se dirigem a um fim comum, fundindo-se”
Nasce o contrato quando as vontades, manifestadas de forma livre, se justaponham ou coincidam.

3.1.1. Tipos de manifestação de vontade: Expresso e tácito (art. 104, III, 107)
Tácito: manifesta uma série de práticas que significam que houve consenso.

3.1.2. O silêncio como manifestação de vontade: circunstanciado ou qualificado, não é qualquer silêncio (arts.
111 e 539). Nem sempre vale o “quem cala consente”.

3.2. FASES:
+ Negociações preliminares / período de puntuação / gestação do contrato / tratativas iniciais
1ª) PROPOSTA, POLICITAÇÃO ou OFERTA – emanada do proponente ou policitante – ponto inicial
2ª) ACEITAÇÃO ou OBLAÇÃO– emanada do OBLATO – ponto final
São declarações volitivas idôneas a formar o contrato

3.2.1. A PROPOSTA ou OFERTA ou POLICITAÇÃO compreende a fase inicial do contrato e ocorre quando
uma das partes, chamada PROPONENTE ou POLICITANTE, solicita a declaração de vontade da outra parte.
- Segundo Orlando Gomes: “oferta é a firme declaração receptícia de vontade dirigida à pessoa com a qual
pretende alguém celebrar contrato, ou ao público”
– oferecer o serviço ou apresentar o bem
- MHD: Vontade definitiva de contratar nas bases oferecidas.
Art. 427 CC – perdas e danos em caso de inadimplemento

# Tipos de Oferta:
a) Quanto ao destinatário:
- à pessoa
- ao público (ex. Internet – ad incertam personam)- art. 429, caput

b) Quanto ao modo (Art. 428)


- entre presentes (direta, on line ou por telefone) – Presença jurídica e não física, pela Teoria de Gabba, que
desconsidera o espaço físico para considerar presença.
SEM PRAZO: exige resposta imediata (inciso I) - regra
COM PRAZO: decurso do prazo
- entre ausentes (epistolar, por telegrama, por fax, por correio eletrônico) – impossível resposta imediata
SEM PRAZO: tempo suficiente, segundo critério de razoabilidade dos usos e costumes (inciso II)
COM PRAZO: decurso do prazo (inciso III)

# Requisitos da oferta:
a) Objetivo: (art. 429) a proposta deve conter os elementos essenciais do contrato
A COISA (objeto lícito, possível e determinado ou determinável) e o PREÇO (art. 487)
Vedação legal: contratos sobre herança de pessoa viva (art. 426) – pacta corvina, salvo o art. 2018 CC, 544.

b) Sujetivo: direito de escolha do destinatário / liberdade de contratar do proponente


Exceções:
- Art. 39 da Lei 8.078/90 – vedada recusa em atender demanda
- pacto de preferência: (art. 513 a 518 CC) – locação predial (art. 27 da Lei n.º 8245/91)

OBS.: Deve haver a materialidade da oferta: o ofertante deverá mencionar preço, quantidade, qualidade,
tempo de entrega, forma de pagamento, etc. Deve conter todos os elementos, restando à outra parte somente
aceitar ou não.
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PROFESSORA: PASTORA LEAL
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II

# Obrigatoriedade da oferta: questão de ética e segurança; estabilidade das relações sociais (art. 427 e 428)
A oferta obriga o proponente, mas ele pode se desobrigar em alguns casos.
COM PRAZO: (III e IV) é possível revogar a proposta, desde que a retratação chegue em tempo oportuno.
SEM PRAZO: (I e II)
II – tempo suficiente, de acordo com critério de razoabilidade dos usos e costumes

POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO DA OFERTA: quando houver a ressalva de que ela pode ser revogada;
quando a revogação for realizada pela mesma via da oferta (carta, anúncio, telefone, Internet, etc.) – Art. 429,
p. único.

Art. 430. Proposta entre ausentes, com ou sem prazo. O sistema brasileiro adota a Teoria da Expedição: a
partir do momento em que a proposta foi expedida, ela obriga, mas se a resposta chegar tarde, ocorre uma
exceção.

# Efeitos da oferta:
- Princípio da obrigatoriedade da proposta – art. 427
- Exceção ao princípio da obrigatoriedade da proposta – Art. 427, 2ª parte e 428, I a IV)
Retratação no prazo / revogação; se não há resposta / desde que esteja esta faculdade reservada

3.2.2. A ACEITAÇÃO é a aquiescência à proposta recebida feita pelo OBLATO. Na aceitação há adesão
integral à PROPOSTA. Antes da aceitação inexiste contrato, porque ainda não se consumou o requisito do
consenso.
“Intenção definitiva do destinatário da oferta de concluir o contrato, nas condições previstas pelo ofertante:
a aceitação deve ser idêntica à oferta” (Luiz Loureiro)

“A aceitação vem a ser a manifestação da vontade, expressa ou tácita, da parte de um destinatário de uma
proposta, feita dentro do prazo, aderindo a esta e todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente
concluído, (...)” – Serpa Lopes
# Requisitos da aceitação: prazo e adesão integral á proposta
Exceção: Art. 431 – invertem-se as posições: vira nova proposta

# Tipos de Aceitação:
- Expressa – oral, escrita, gestual
- Tácita ou presumida: o silêncio pode caracterizar a aceitação. Art. 432

Art. 433 CC – guarda simetria com o art. 428, IV – o aceitante também pode se arrepender
Art. 434 – entre ausentes

# Teorias sobre a aceitação entre ausentes / Momento da aceitação:


- Teoria da Cognição ou da informação: exige para a validade da aceitação e, consequentemente para a
celebração do contrato, o conhecimento pelo proponente da aceitação. Inconvenientes: como saber? Ou má-fé
do proponente.
- Teoria da Declaração ou Agnição: basta a declaração do aceitante, o ato do oblato de declarar que aceita.
Momento/ subteorias:
- da Declaração propriamente dita – complicado provar (ex. quando ele escreve a carta)
- da Expedição (art. 434) – Brasil, regra geral – quando o aceitante externa seu consentimento.
- da Recepção – o contrato se efetiva quando a resposta favorável chegar ao poder do ofertante, mesmo que
ele p. ex., não leia a correspondência. Exceção à teoria da expedição: incisos II (as partes adotam a subteoria
da recepção) e III do artigo 434.

# Condições da eficácia da aceitação:


- tempestividade
- fidelidade à proposta (consenso): correspondente aos elementos essenciais da oferta – adesão integral
Exceção: nova proposta (art. 431 CC)
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- Destinatário designado, salvo quando for oferta ao público

3.2.3. Lugar da formação do contrato:


Art. 435 – entre presentes. Lugar em que a proposta é conhecida / expedida
Art. 9º, § 2º da LICC: lugar do domicílio do proponente. Regra válida para o contrato comum, até em
contratos internacionais. Para o contrato eletrônico, o lugar será de acordo com o site do provedor, o que não é
pacífico.

 CONCLUSÃO DO CONTRATO:
Motivo: fusão de duas vontades.A vontade manifestada vincula as partes

 INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS:


FINALIDADE: Fixar o conteúdo da declaração de vontade

TEORIAS / FACETAS:
A) SUBJETIVA: examinar a intenção comum das partes contratantes; visa a investigação da vontade real das
partes.
B) OBJETIVA: visa analisar o contrato e suas cláusulas; busca esclarecer o sentido dado às declarações que
integram o negócio jurídico.

ALGUMAS REGRAS DE INTERPRETAÇÃO: (elenco exemplificativo)


- A INTENÇÃO DAS PARTES PREFERE A LITERALIDADE – não se atém ao exame gramatical e
linguístico – ART. 112
As cláusulas não devem ser analisadas isoladamente, mas como parte de um todo.
- DE ACORDO COM USOS E COSTUMES LOCAIS, BEM COMO A BOA-FÉ (art. 113)
- OS CONTRATOS BENÉFICOS: INTERPRETAÇÃO RESTRITA (art. 114)
- A FIANÇA dá-se por escrito e não admite interpretação extensiva; o fiador só responde pelo que estiver
expresso no instrumento da fiança, e se houver dúvida, será solucionada a favor dele.
- NOS CONTRATOS DE ADESÃO, com cláusulas ambíguas e/ou contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao aderente (art. 423)
- Art. 47 da Lei n.º 8078/90 – As cláusulas contratuais serão interpretadas da maneira mais favorável ao
consumidor.
- In dubio pro debitore
- Nos contratos gratuitos, a interpretação deve proceder-se no sentido de fazê-lo menos pesado possível para o
devedor, e, nos onerosos, no de alcançar um equilibro equitativo entre os interesses das partes.

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