Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3
Aula 1: Direito do Trabalho ................................................................................................... 5
Introdução ............................................................................................................................. 5
Conteúdo................................................................................................................................ 6
Fundamentos do Direito do Trabalho ........................................................................... 6
Fundamentos do Direito do Trabalho ........................................................................... 6
O nascimento do Direito de Trabalho ........................................................................... 7
As mudanças na relação Estado X cidadão .................................................................. 7
O esquema teórico do Liberalismo e as primeiras normas trabalhistas ................. 8
Direito do Trabalho: Conceito ...................................................................................... 11
Fontes do Direito do Trabalho ...................................................................................... 11
Os tipos de fontes formais ............................................................................................. 12
Análise das fontes do Direito do Trabalho.................................................................. 13
Princípios do Direito do Trabalho................................................................................. 16
Atividade proposta .......................................................................................................... 22
Referências........................................................................................................................... 24
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 25
Nota ............................................................................................................................................ 29
Chaves de resposta ................................................................................................................. 30
Aula 2: Aplicação da Lei Trabalhista................................................................................. 35
Introdução ........................................................................................................................... 35
Conteúdo.............................................................................................................................. 36
Campo de aplicação territorial da norma trabalhista ............................................... 36
Aplicação da norma trabalhista no tempo ................................................................. 37
O princípio da irretroatividade X o princípio do efeito imediato ........................... 38
O aviso-prévio proporcional e as normas trabalhistas de vigência temporária . 41
Aplicação da norma trabalhista no espaço ................................................................ 43
Relação de trabalho X relação de emprego ............................................................... 46
Atividade proposta .......................................................................................................... 49
Referências........................................................................................................................... 52
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 53
Nota ............................................................................................................................................ 56
Chaves de resposta ................................................................................................................. 57
Objetivo:
O autor esclarece, ainda, que leis sobre o trabalho humano sempre existiram,
desde a antiguidade, mas eram leis de servidão, leis do trabalhador reduzido ao
estado de coisa, que, em muito, se diferenciam desse direito tutelar de
formação recente, originado no século XIX e objeto de nosso estudo.
As relações de trabalho, nesse contexto, vão ser disciplinadas pelo Código Civil,
com a otimista filosofia revolucionária de que a liberdade e a igualdade de
tratamento dariam a todos as mesmas chances de progressão social.
Subjetivistas:
Têm como vértice as pessoas a quem se aplica o Direito do Trabalho e que
figuram nas respectivas relações jurídicas.
Objetivistas:
Consideram o objeto, a matéria disciplinada pelo Direito do Trabalho.
Mistas:
Abrangem as pessoas e o objeto do Direito do Trabalho numa unidade
considerada necessária para melhor explicar o conteúdo desse ramo do direito.
Fontes Materiais
Fontes Formais
Correspondem aos meios através dos quais este Direito se manifesta em uma
dada sociedade, vale dizer, aquilo que se inscreve no Direito Positivo.
Ou ainda, seguindo a classificação de Délio Maranhão, as fontes formais são as
regras gerais, abstratas, impessoais – escritas ou não – que se impõem
coercitivamente aos agentes sociais.
Fontes autônomas
Acordo coletivo
Convenção coletiva
Costume
Fontes heterônimas
Constituição Federal
Lei
Regulamento
Entretanto, se por expressa previsão legal um desses atos for expedido com a
finalidade de regulamentar uma determinada lei, este possuirá,
necessariamente, conteúdo abstrato e caráter genérico, dirigindo-se,
indistintamente, a todos que estejam enquadrados na hipótese regulamentada.
Nessa hipótese, da qual citamos como exemplo a delimitação dos graus de
insalubridade via normas regulamentares do Ministério do Trabalho, o ato,
embora não revestido da forma de decreto, será fonte de Direito do Trabalho.
Princípio da proteção
Por fim, cabe examinar a matéria nos casos em que a condição benéfica é
decorrente de previsão em instrumento normativo.
Por força da Resolução 185/2012, o TST mudou a redação da Súmula 277, que
passou a ter o seguinte teor:
Atividade proposta
Agora, você fará uma atividade relacionada ao tema visto nesta aula!
Os gestores de uma empresa, cliente de seu escritório, o consultaram acerca da
existência de direitos trabalhistas distintos, fixados em acordo coletivo e
sentença normativa, ambos aplicáveis simultaneamente e no mesmo prazo de
vigência aos seus empregados. Indaga-se: quais regras deverão prevalecer?
Seria o caso de aplicar o princípio da norma mais favorável?
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13ª ed.
rev. São Paulo: Malheiros Editores, 1997, p. 111.
Questão 1
A origem histórica do Direito do Trabalho está vinculada ao fenômeno
conhecido sob a designação de “Revolução Industrial”. O desenvolvimento
técnico das máquinas acarretou mudanças no setor produtivo e deu origem à
classe operária, transformando as relações sociais. Assim, o Direito do Trabalho
surge no século XIX, na Europa, em um mundo marcado pela desigualdade
econômica e social. Podem-se afirmar como principais causas de sua gênese no
cenário da época:
Questão 3
A competência normativa da Justiça do Trabalho, consubstanciada no chamado
poder normativo, tem previsão constitucional e significa:
a) Da razoabilidade.
b) Da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas.
c) Da primazia da realidade.
d) Da prevalência do legislado sobre o negociado.
e) Da condição mais benéfica.
Questão 5
O Direito do Trabalho tem seus próprios princípios, sem o que não seria
possível atribuir-lhe autonomia científica. Com base no conceituado jurista
uruguaio Américo Plá Rodriguez, reconhecido como autoridade no tema, em
razão da relevância do estudo que publicou sobre a matéria, é correto afirmar
que:
Questão 2 - D
Justificativa: A afirmativa I é falsa, pois ambas são fontes autônomas.
Segundo Délio Maranhão, a convenção coletiva é um instrumento de produção
das normas jurídicas pelos próprios interessados, enquanto que o costume é
produzido pelo próprio núcleo social. A afirmativa II também é falsa, pois
esse é o conceito de fonte material. Já a afirmativa III é verdadeira, pois,
como explica Délio Maranhão, as fontes materiais são os fatores sociais que,
em certo momento da história, fornecem o substrato de determinada norma ou
conjunto de normas, ao passo que as fontes formais são o meio pelo qual se dá
à regra jurídica o caráter de Direito Positivo.
Questão 3 - C
Justificativa: Artigo 114, § 2º, CRFB/88. Como explica José Afonso da Silva, a
harmonia entre os poderes (artigo 2º, CRFB/88) pressupõe que a divisão de
funções entre os órgãos do poder e a independência dos mesmos não são
absolutas, havendo interferências cujo objetivo é estabelecer um sistema de
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 13ª ed.
rev. São Paulo: Malheiros Editores, 1997, p. 111.
Questão 4 - A
Justificativa: O enunciado é autoexplicativo e traz como consequências, dentre
outras: (a) a caracterização da relação de emprego pelo tipo de trabalho que o
empregado exerce na prática, pouco importando o disfarce que o empregador
lhe confira; (b) a verificação da função exercida pelo empregado na prática,
mesmo que conste outra em sua carteira de trabalho; (c) a qualificação, como
salário para todos os efeitos legais, de parcelas pagas fora do principal ou com
rubricas que tenderiam a lhe tirar tal caráter, constem ou não no recibo de
pagamento de salário; (d) a ideia de grupo econômico para responsabilização
trabalhista, seja por cooperação ou por subordinação, como percepção de que
Questão 5 - C
Justificativa: Afirmativas I e II verdadeiras: Segundo Plá Rodriguez, o
princípio da proteção evidencia a preocupação do Direito do Trabalho com o
empregado, quebrantando-se a igualdade civilística, porque a mesma, por ser
apenas jurídico-formal, não evita (antes agrava) a desigualdade sócio-
econômica entre empregador e empregado, cabendo ao Direito do Trabalho,
destarte, ser a contradesigualdade jurídico-formal a compensar tal
desigualdade. Tal princípio, ainda segundo o mesmo autor, se triparte nas
regras (ou melhor, nos subprincípios densificadores e concretizadores) citadas
na afirmativa I: o primeiro deles tem como objetivo permitir ao juiz e ao
intérprete escolher, entre vários sentidos possíveis de uma norma jurídica,
aquele que seja mais favorável ao trabalhador; o segundo deles almeja que,
havendo mais de uma norma jurídica aplicável, deva ser escolhida a que
favoreça em maior intensidade o empregado, ainda que não seja a mais alta do
ponto de vista hierárquico; e o terceiro deles objetiva que a aplicação de nova
norma trabalhista nunca deve ensejar a revogação das condições mais
favoráveis em que um empregado se encontrava, sendo justamente por isso
que somente as novas cláusulas mais favoráveis se aderirão ao contrato de
trabalho do empregado. Afirmativa III verdadeira: no contrato de trabalho
não existe uma vontade livre do empregado que lhe possibilite renunciar a seus
direitos, em razão da situação de dependência em que se encontra em face de
seu empregador. Afirmativa IV verdadeira: se o contrato de trabalho pode
Objetivo:
Apresentar e explicar as regras de Aplicação do Direito do Trabalho no âmbito
de sua aplicação temporal, territorial e espacial, para, a seguir, estudar a
relação de trabalho, em sentido amplo e estrito, diferenciando-a e abordando
os requisitos específicos para a caracterização do vínculo empregatício.
O princípio da irretroatividade
Princípio da Irretroatividade
De acordo com o artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988, “a lei
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Isto
implica que, caso a lei nova não se aplicar aos contratos já terminados, sendo o
contrato de trabalho uma relação jurídica continuativa, os atos já consumados ao
tempo da lei vigente não são mais atingidos pela lei nova.
1
MARANHÃO, Délio et al. Instituições de Direito do Trabalho. 16. ed. São Paulo: Ltr, 1996. v. 1, p. 172.
Essa regra era correspondente ao princípio da lex loci executionis (lei do local
da execução) o qual, na verdade, a despeito do cancelamento Súmula, ainda
encontra hipóteses de aplicação, como será demonstrado.
E você saberia responder por qual motivo a Súmula 207 do TST foi cancelada?
A Súmula 207 foi cancelada por força da modificação do art. 1º. da Lei
7064/82, determinada pela Lei 11.962/2009, que ampliou o âmbito de aplicação
da primeira, conforme se extrai de sua previsão expressa, senão vejamos:
Ocorre que a Lei 7064/82, em lugar de aplicar o princípio da lex loci executionis,
aplica a regra da norma favorável, acrescida de direitos previstos na legislação
brasileira, conforme previsto em seu artigo 3º., vejamos:
Por fim, pode ocorrer que o trabalho, por sua natureza, deva ser exercido em
diferentes países, sem um local principal de prestação dos serviços, hipótese na
qual será aplicável a lei do país ao qual se reporta o funcionário3. Nesse
caso, distinta da transferência para determinado local no exterior, a hipótese é
de efetiva ausência de base fixa para a prestação dos serviços.
Relação de trabalho
É uma expressão genérica, abarcando as relações de emprego e diversas
relações de trabalho em sentido amplo, tais como a relação de empreitada, a
relação de trabalho autônomo, entre outras.
Relação de emprego
A relação jurídica estudada e regulada pelo Direito do Trabalho, marcada pela
pessoalidade do empregado, pela habitualidade ou não eventualidade, pela
subordinação jurídica e pela onerosidade.
2
Para aprofundamento do tema, leia-se: CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo:
Método, 2013. p. 134-152.
3
Vide CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. Ob Cit. p. 135.
Pessoalidade
O contrato de trabalho é intuito personae com relação ao trabalhador, ou
seja, contratado o empregado “A”, é a este que cabe a prestação laboral, como
consequência da confiança nele depositada pelo empregador. Do lado do
empregador não existe essa característica.
O artigo 3º da CLT conceitua a figura do empregado: “Considera-se empregado
toda pessoa física…”. Assim, não pode haver contrato de emprego quando
figura como contratado uma pessoa jurídica.
Atenção
Ressalva-se, aqui, a prática adotada por algumas empresas
que determinam ao empregado que o mesmo constitua uma
“empresa” para a prestação dos serviços, quando na
verdade, é o trabalhador, pessoalmente, que está sendo
contratado.
Subordinação jurídica
A subordinação é, em alguns casos, o requisito mais subjetivo da relação de
emprego. É a relação pela qual o empregado acata ordens e determinações do
empregador. Isso não se confunde com subordinação econômica (já que
existem pessoas que trabalham sem esse aspecto de dependência), nem
subordinação técnica (nesta, muitas vezes o empregado é bem mais qualificado
para a realização das tarefas, como no caso de serviços profissionais de
médicos, auditores, contadores, advogados, como acima mencionado).
Onerosidade
Caracterizada a partir da existência de uma contraprestação para o serviço
prestado.
Alteridade
Destacamos, por fim, a alteridade que, na verdade, não é propriamente um
requisito do vínculo mas um princípio que determina que os riscos da atividade
do empregador correm por sua conta, não sendo o empregado responsável por
eventual sucesso ou insucesso do empreendimento.
Assim, independente de o empregador ter grande lucro ao final do mês ou um
prejuízo, o salário do empregado será sempre devido. Nesse sentido, vide
artigo 2º. da CLT.
Atividade proposta
Agora, você irá fazer uma atividade relacionada ao tema visto nesta aula.
E, mais adiante:
______. Instituições de direito do trabalho. 19. ed. São Paulo: LTr Editora,
2000. v. 1, p. 236.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 176-179.
Questão 2
Leia atentamente as afirmativas abaixo:
Responda:
Questão 3
Um pianista trabalhou ininterruptamente, num restaurante, recebendo a
retribuição ajustada e sem se fazer substituir, durante 10 anos, executando
músicas, apenas nos sábados e domingos, das 20 horas de um dia, ainda a 5
horas do dia seguinte. Neste caso:
Questão 4
Amarildo, policial militar, trabalhava para a empresa Boliche e Cia. como agente
de segurança, nos horários em que não estava a serviço da corporação militar.
Na referida empresa, Amarildo cumpria expressamente as ordens emanadas da
direção, recebia um salário mensal, e trabalhava de forma contínua e
ininterrupta, todas as vezes que não estava escalado na corporação.
Considerando a situação apresentada, assinale a opção correta:
Questão 5
Genésio, empregado da empresa XXX, recebe de seu empregador a
determinação de assinar contrato social de uma cooperativa na qualidade de
cooperativado. A partir de então, embora Genésio permanecesse realizando as
mesmas funções e recebendo salário, a empresa não mais efetuou o
pagamento das férias, 13º salário e adicional de horas extras. Sobre a hipótese,
pode-se afirmar como VERDADEIRO:
Questão 2 - A
Justificativa: Afirmativa I falsa. Esclarecem Orlando Gomes e Élson
Gottschalk que há quatro critérios consagrados de distinção entre o contrato de
Délio Maranhão ainda lembra que a empreitada pode ser realizada tanto por
pessoa física quanto por pessoa jurídica, ao passo que o contrato de trabalho
necessita de um trabalhador pessoa física. Além disso, ao falar que, quando o
empreiteiro só fornece a mão de obra, a empreitada muito se assemelha ao
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 29. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 176-179.
Questão 3 - D
Justificativa: Conforme analisado no tópico que tratou da relação de emprego,
para que o vínculo se caracterize, é necessário que estejam presentes os
requisitos apontados no artigo 3º. da CLT. No caso apresentado, não há
dúvidas acerca dos requisitos da pessoalidade (o trabalho era prestado pelo
próprio, sem substituição), da onerosidade (existência de contraprestação) e da
subordinação, relativa ao estado de sujeição jurídica decorrente do contrato
(observe-se, como indícios, a existência de dias e horários pré-fixados pelo
contratante).
Questão 4 - D
Justificativa: Questão pacificada no TST pela Súmula nº 386 e art. 3º da CLT.
Súmula nº 386 do TST
POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM
EMPRESA PRIVADA (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 167 da SBDI-
1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de
relação de emprego entre policial militar e empresa privada,
independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista
no Estatuto do Policial Militar. (ex-OJ nº 167 da SBDI-1 - inserida em
26.03.1999).
Questão 5 - C
Justificativa: A questão aborda hipótese de fraude trabalhista comentada no
item II da aula. O que se observa é que o ingresso na cooperativa foi utilizado
como mero artifício para afastar a aplicação das regras trabalhistas, cabendo a
declaração de nulidade do contrato com base no artigo 9º. da CLT. Somado a
isso, com base no princípio da Primazia da Realidade, observa-se a
permanência dos requisitos da relação de emprego, devendo a realidade fática
prevalecer quando conflitar com registros documentais que estejam viciados.
Objetivo:
Conhecer quem é considerado como empregador nas relações de emprego e as
regras a ele aplicáveis, destacando a caracterização do grupo econômico para
fins trabalhistas e a responsabilização solidária daí decorrente, a sucessão de
titulares da empresa e seus efeitos e, por fim, os poderes patronais oriundos do
artigo 2º da CLT e do contrato de trabalho.
§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer
outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,
solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
A despersonificação do Empregador
O empregador, como um dos sujeitos que integram a relação de emprego,
encontra-se no polo oposto ao do empregado.
A despersonificação do Empregador
Pode-se observar que o caput do artigo em referência prevê que o empregador
é a empresa, o que gera críticas por parte da doutrina tradicional porque, se
estamos falando dos polos de uma relação jurídica, estes deverão ser sujeitos
de direito, sendo a empresa não como sujeito, e sim objeto de direito. Essa
Atenção
Na verdade, a escolha dessa qualificação pelo legislador se
deve à proposta de proteger o empregado. Uma pessoa
jurídica pode se desconstituir e nascer outra, mas o
empregador é a empresa, a unidade econômica, a
movimentação de bens e serviços. Não importa, portanto,
para o Direito do Trabalho, a roupagem de que se reveste a
empresa. O empregador pode e deve se apresentar com uma
roupagem, que é sua personalidade jurídica, mas o
empregador será a empresa, a atividade, conjugada com
o know-how, a movimentação de bens e serviços.
Empresa
Empresa é a atividade organizada para a produção de bens e serviços para o
mercado, com finalidade econômica.
Estabelecimento
Entende-se por estabelecimento ou fundo de comércio (azienda) o lugar em
que o empresário exerce suas atividades. É o conjunto de bens operados pelo
comerciante, sendo uma universalidade de fato, ou seja, objeto e não sujeito
de direitos. Compreende as coisas corpóreas existentes em determinado lugar
da empresa, como instalações, máquinas, equipamentos, utensílios etc., e as
incorpóreas, como a marca, as patentes, os sinais etc.
Resumindo, temos:
Empresa
É a própria atividade econômica produtiva, é o empreendimento, é a
movimentação dos bens e serviços essenciais. É a unidade econômica.
Estabelecimento
É o conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos pelos quais a empresa se
instrumentaliza. É a forma corpórea pela qual o empreendimento se exprime.
Unidade técnica de produção.
Como vimos:
Art. 2º , § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos
exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as
instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como
empregados.
Destaca-se, por fim, que, dada a interligação de que se revestem, o TST admite
que um mesmo funcionário possa prestar serviços a mais de uma empresa
integrante do grupo, sem caracterizar um segundo contrato de trabalho, salvo
disposição em contrário, conforme se extrai da Súmula 129, vejamos:
Ainda sobre o conceito de sucessão procuremos nos ater a alguns aspectos que
contribuem para tal definição:
Poderes do empregador
De acordo com o artigo 2º da CLT, o empregador assume o risco da
atividade empresarial. Para tanto, ele será detentor do poder de direção,
como veremos adiante, desde que o exerça dentro dos limites da legalidade e
do respeito aos direitos fundamentais do trabalhador.
Dispensa por justa causa: Penalidade disciplinar máxima, que poderá ser
aplicada desde que a conduta praticada pelo empregado tenha expressa
previsão legal e o empregador observe os pressupostos para a sua aplicação
válida.
Não existe previsão legal que obrigue o empregador a observar gradações nas
punições. É comum as pessoas mencionarem que, para demissão por justa
causa ser válida, é necessária a prévia aplicação de três advertências e uma
suspensão. Isso não existe na lei! Quem detém o poder disciplinar é o
empregador e tudo irá variar de acordo com a gravidade da conduta do
empregado.
Atividade proposta
Examine o seguinte caso concreto:
Aprenda Mais
Material complementar
Questão 2
Limpa Mais, uma empresa prestadora de serviços de limpeza, tem seu contrato
com o Banco Moeda encerrado pelo tomador, demitindo todos os seus
empregados, sem pagar quaisquer parcelas resilitórias. No dia seguinte, o
banco contrata uma nova empresa, de nome Maior Limpeza, que opta por
contratar os ex-empregados da empresa Limpa Mais, mantendo os mesmos
salários e funções. Cinco meses depois, nova demissão dos funcionários ocorre,
também com inadimplência das verbas trabalhistas. Nesse caso, pode-se
concluir que:
Questão 3
Quanto à figura do empregador e o contrato de trabalho, assinale a opção
CORRETA:
Questão 5
Assinale a opção correta.
Na legislação trabalhista brasileira:
Questão 2 - A
Justificativa: Na lição de Délio Maranhão, dois são os requisitos essenciais para
haver a sucessão de empregadores: (a) que se passe uma unidade econômico-
jurídica de um para outro titular; e (b) que não haja solução de continuidade
na prestação dos serviços.
O enunciado da questão não faz referência à fraude. Assim, não tendo havido
fraude, o primeiro empregador não repassou a unidade econômico-jurídica para
o segundo, pois o fim do seu contrato com o banco ocorreu à sua revelia, e não
pela sua vontade, o que o aludido repasse demandaria. Logo, alternativa A é
verdadeira e alternativa C é falsa. O banco responde de forma subsidiária,
pois a terceirização foi lícita, com fundamento na Súmula 331, III e IV do TST.
Não terceirizou a atividade-fim, portanto falsas as alternativas B e D.
Questão 3 - C
Justificativa: Opção I incorreta. Maranhão entende que as duas expressões
(empresa e empregador) não são sinônimas, enquadrando-se nos autores que
criticam a nomenclatura adota pelo Artigo 2º da CLT e enfatizando que
somente a pessoa física ou jurídica pode contratar. Para maiores
esclarecimentos consultar:
Questão 4 - C
Justificativa: Conforme estudado, podemos conceituar a sucessão como a
mudança na titularidade da empresa, não importando se os contratos de
trabalho estão em curso ou extintos, já que o sucessor se sub-roga em todo o
ativo e o passivo do sucedido, desde que seja mantida a atividade e exista
transferência de know-how (ou seja, desde que a atividade seja transferida em
funcionamento).
Portanto, não é exigida relação entre o antigo e o novo titular (letra A falsa);
a cláusula mencionada na questão b não produz efeitos na esfera trabalhista
(alternativa b falsa) e a sucessão não gera extinção contratual (letra D
falsa).
Questão 5 - C
Justificativa: Previsão literal do art. 2º, parágrafo segundo da CLT.
Objetivo:
Estudar a figura jurídica do empregado, seu conceito e caracteres, o
diferenciando das demais espécies de trabalhador, abordando, ainda, os tipos
especiais de empregado que vêm sendo objeto de debate, a exemplo do
empregado doméstico.
Destaca-se que esses preceitos não devem ser interpretados no sentido de que
as profissões não possam ter regulamentação própria, mas curva-se diante da
lei maior buscando um tratamento isonômico entre os trabalhadores.
4
DE MASI, Doménico. O ócio criativo: entrevista a Maria Serena Palieiri. Tradução de Léa Manzi. Rio de
Janeiro: Sextante, 2000. p. 204-205.
Empregado doméstico
O empregado doméstico é, expressamente, excluído da aplicação da CLT de
acordo com o seu Artigo 7º, alínea a. Portanto, o empregado doméstico tem
lei própria que o regulamenta, a saber a Lei Complementar 105/2015 que
revogou a Lei 5859/72.
Como exposto, o empregado doméstico tem lei própria, a saber, a Lei 5859/72.
Somado a isso, o legislador constituinte tratou da categoria dos domésticos no
ATENÇÃO: A lei 5859/72 teve a sua redação alterada pela Lei 11.324 de
19/07/06, passando o empregado doméstico ter direito a férias de 30 dias,
garantia provisória de emprego em decorrência de gestação, nos moldes do art.
10, II, b, do ADCT., vedação expressa ao desconto salarial decorrente do
fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia etc, além da
inclusão do empregado doméstico, de forma facultativa, no regime do FGTS e
Seguro-Desemprego.
O empregado rural
O empregado rural também é excluído da CLT por previsão expressa do Artigo
7º, sendo disciplinado pela Lei 5889/73. A CRFB, no Art. 7º, equiparou o
trabalhador rural ao urbano ao definir que “são direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social”, não havendo distinção entre tais categorias quanto aos
direitos fixados constitucionalmente.
Corrente 1
A primeira corrente, a qual nos filiamos, é defendida por Vólia Bomfim Cassar,
que defende o enquadramento a partir da atividade do empregador. Destaca a
autora os elementos conceituais da Lei 5.889/73, que no seu Artigo 2º prevê:
“Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio
rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a
dependência deste e mediante salário.”
CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. p.
389-397.
Corrente 2
O aprendiz
Quem é?
É o empregado maior de 14 e menor de 24 anos, que recebe ensinamentos
metódicos de uma profissão (Artigo 428 § 1º e 3º, 403 da CLT). O texto
consolidado é aplicável aos seus contratos.
O Artigo 428 da CLT apresenta o conceito de aprendizagem, que é um
contrato especial, visto que há combinações do ensinamento com a prestação
de serviço, que deve ser escrito e por prazo determinado.
Adota o conceito em sentido amplo, já a Lei 9349/96 que trata das Diretrizes
e Bases da Educação (Art. 40) cita que as diretrizes educacionais envolvem
aprendizagem no ambiente de trabalho. A aprendizagem pode ser industrial,
comercial ou rural.
Empregado de confiança
Dentro de uma empresa existe a chamada hierarquia funcional, que nada
mais é do que o escalonamento entre os seus empregados nas várias e
determinadas funções existentes. Alguns empregados são titulares da
denominação de empregados de confiança.
Atividade proposta
Examine o seguinte caso concreto:
Marilene Olímpio foi contratada para cuidar de Pedro Aguiar Filho, em sua
residência, quando este se recuperava de um acidente automobilístico, já que é
enfermeira formada. Prestou serviços durante dois anos ininterruptos, sem
nunca ter recebido férias, trezenos, FGTS, horas extras, parcelas da rescisão e
seguro-desemprego. Em virtude disto, ajuizou reclamação trabalhista em face
do réu, requerendo vínculo de emprego e condenação nas verbas acima.
Ademais, ainda que fosse empregada, seria doméstica. Em virtude disto, não
teria direito a FGTS e seguro-desemprego, por serem facultativos. Por fim,
quanto às horas extras, afirma que a dispensa ocorreu em janeiro de 2013, não
sendo aplicável a nova redação do artigo 7º, parágrafo único, da CF/88. A
instrução processual confirma a atuação como enfermeira, de forma contínua,
junto ao reclamado, tendo a dispensa efetivamente ocorrido em janeiro de
2013. Decida a respeito do enquadramento legal da autora como empregada e
quais os direitos de sua categoria que podem ser deferidos.
Material complementar
Para saber mais sobre Empregado, leia os capítulos 10, 11 e 12 do livro “Direito do
Trabalho”, de Vólia Bonfim Cassar, Editora Método.
Questão 2
Nos termos da legislação que regula a atividade do trabalhador doméstico,
marque a resposta INCORRETA:
a) Neste caso, nenhuma das empregadas são domésticas, mas ambas terão
direito a estabilidade provisória decorrente da gestação.
b) Ambas são empregadas domésticas e terão direito à estabilidade provisória
decorrente da gestação.
c) Somente Helena é empregada doméstica, mas ambas terão direito a
estabilidade provisória decorrente da gestação.
d) Ambas são empregadas domésticas, mas não terão direito a estabilidade
provisória decorrente da gestação.
Questão 4
Os altos empregados são assim entendidos como aqueles que, dentro do
universo interno empresarial de hierarquia e distribuição de poderes, acabam
por concentrar prerrogativas de direção e gestão próprias do empregador.
Trata-se de ocupantes de cargos de chefia, direção ou demais funções de
gestão, que se caracterizam pela elevada fidúcia do empregador e recebem
tratamento legislativo diferenciado, posto que, não raras vezes, a sua atuação
confunde-se com a do próprio titular do empreendimento. São eles:
Questão 5
Relativamente ao trabalho rural, leia as sentenças abaixo e assinale a
proposição INCORRETA:
a) Sentença I.
b) Sentença II.
c) Sentença III.
d) Sentença IV.
e) Sentença V.
Questão 2 - B
Justificativa: (a) Correta - É considerado trabalhador doméstico aquele que
presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
família, no âmbito residencial destas, conforme estabelecido pela Lei nº 5.859,
de 1972. São exemplos de ocupações dos empregados domésticos, entre
outros: mordomo, motorista, governanta, babá, jardineiro, copeira, arrumador,
cuidador de idoso e cuidador em saúde.
(b) Incorreta - É considerado trabalhador urbano, pois inserido na
movimentação de bens e serviços, leia-se “atividade econômica”. O empregador
aufere lucro com a atividade profissional do trabalhador.
(c) Correta - É considerado trabalhador doméstico aquele que presta serviços
de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, para
âmbito residencial destas, conforme interpretação do artigo 3º, Lei nº 5.859, de
1972.
Questão 3 - C
Justificativa: (c) Correta - Somente Helena é empregada doméstica, mas ambas
terão direito a estabilidade, pois é considerado trabalhador doméstico aquele
que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa
ou à família, no âmbito residencial destas, conforme estabelecido no Artigo 3º,
Lei nº 5.859, de 1972. A atividade do pensionato envolve a movimentação de
bens e serviços, ao passo que a república, não, enquadrando-se no grupo de
pessoas que se reúne de forma espontânea e habita o mesmo local, sem
finalidade lucrativa. A empregada enquadrada como doméstica, urbana ou
rural, tem direito a estabilidade provisória, desde da confirmação da gravidez
até 5 meses após o parto (Art. 4º - A - da Lei 5859/72, com alterações da Lei
11.324/2006. No mesmo sentido, CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho.
8. ed. São Paulo: Método, 2013. p. 348.
Questão 4 - A
Justificativa: (a) Correta - Aplica-se aos empregados com poderes de gestão
dentro da hierarquia organizacional da empresa, com atribuições diferenciadas
e com subordinados sob o seu comando. Seu poder de mando é passível,
inclusive, de causar graves prejuízos à organização empresarial, uma vez que
atua como o próprio empregador, tendo em vista que o cargo requer um grau
de fidúcia especial.
(b) Incorreta - O Artigo 222 da CLT está revogado.
(c) Incorreta - Não se verifica na hipótese poder de gestão com atribuições
especiais e, tampouco, o recebimento de gratificação de função superior não
inferior a 40% do salário.
(d) Incorreta - Não se verifica na hipótese poder de gestão com atribuições
especiais e, tampouco, o recebimento de gratificação de função superior não
inferior a 40% do salário.