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16/10/2018 Finnian de Clonard – Wikipédia, a enciclopédia livre

Finnian de Clonard
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Finnian  de  Clonard  foi  um  dos  primeiros  monges  irlandeses,
fundador  e  primeiro  abade  da  Abadia  de  Clonard,  possivelmente São Finnian de Clonard
bispo  da  mesma  diocese,  e  mestre  dos  Doze  Apóstolos  da  Irlanda.
Ao  lado  de  Santo  Enda  de  Aran,  é  considerado  um  dos  pais  do
monasticismo na Irlanda.

Finnian  nasceu  em  uma  família  nobre  de  Leinster, sendo batizado


por  Santo  Abão  de  Magheranoidhe.  Desde  cedo  foi  posto  sob  a
tutoria de São Fortchern, bispo de Trim, que o instruiu até os trinta
anos  de  idade,  quando  o  jovem  asceta  rumou  para  a  Europa
continental e então Gales, onde foi instruído por São Davi de Gales
em  Llancarfan.  Após  este  longo  período  de  aprendizado,  retornou
para a Irlanda, pregando em Wexford, Wicklow e Kildare, onde teve
contato  com  Santa  Brígida,  antes  de  finalmente  se  estabelecer  em
Clonard.

Iniciou  em  Clonard  uma  vida  ascética  e  solitária,  até  que  em  520
Vitral de São Finnian sendo guiado por um anjo
fundou  oficialmente  sua  abadia  e  escola,  atraindo  milhares  de a Clonard.
discípulos  de  todas  as  classes  e  procedências,  sendo  reconhecido
Mestre dos Santos da Irlanda de Seu
por sua rigidez e seus dons pedagógicos. Educou no monasticismo e Tempo, Bispo e Confessor[1][2]
enviou  diversos  de  seus  pupilos  a  terras  distantes  como Nascimento século V em Leinster
missionários,  dentre  os  quais  os  chamados  Doze  Apóstolos  da
Morte 12 de dezembro de
Irlanda.  Faleceu  provavelmente  em  12  de  dezembro  de  563,  pela 563[nota 1] em Ross
peste, e suas relíquias foram preservadas em sua própria abadia, até Findchuill, Leinster
serem destruídas no século IX. Veneração Igreja Católica Romana
por Igreja Ortodoxa
Finnian  de  Clonard  é  considerado  santo  tanto  pela  Igreja Católica Principal Abadia de Clonard
quanto  pela  Igreja  Ortodoxa,  sendo  comemorado  no  dia  12  de templo (destruída)
dezembro.  Pelos  frutos  de  seus  ensinos,  é  alcunhado  "Mestre  dos Festa 12 de dezembro
Santos da Irlanda de Seu Tempo". Também é chamado em seu ofício litúrgica
litúrgico  de  "Bispo  e  Confessor",  mas  a  maioria  das  fontes  o  lista Padroeiro Meath
como mero abade e presbítero.  Portal dos Santos

Índice
Nome
Biografia
Abadia de Clonard
Morte
Veneração
Ver também
Notas
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Referências
Bibliografia
Ligações externas

Nome
O nome próprio Finnian (em irlandês antigo: Fionnán) é um diminutivo do adjetivo finn (em irlandês antigo: fionn),
que por sua vez significa "branco" ou "de cabelo claro". [3][4] Santo Adomnano utiliza os nomes irlandeses Findbarr e
Finnio (um apelido comum correspondente seu nome) para denotar Finnian, assim como o latino Vinniavus. [5]  Em
outras  fontes,  Finnian  de  Clonard  também  é  frequentemente  chamado  Finian, [6][7][8]  assim  como,  menos
frequentemente, Fionán, [9] Fionnán, [7] Findian, [10] Finbar, [11] e Finnén[12] em irlandês e inglês, e, em fontes latinas,
Vennianus[7][13] e Vinniaus. [14]

Biografia
Finnian nasceu em uma família nobre de Leinster,  supostamente  em  algum  lugar  próximo  da  atual  cidade  de  New
Ross, [15] ou talvez em Myshall. [16] Segundo o Livro de Leinster, seu pai seria Findlog, parte dos Clanna  Rudraige  e
portanto descendente de Conall Cernach. Segundo o Livro Pintado, contudo, seria filho de Finntan, descendente de
Celtchar, genealogia aceita pelo Martirológio de Donegal, do século XVII, que ainda o assinala como descendente de
Milésio  da  Espanha. [10][12]  Ainda  segundo  o  Livro  de  Leinster,  foi  irmão  de  Rignach,  por  sua  vez  mãe  de  outros
monásticos, como My­Colmóc de Clonard, Garbán de Cell Garbáin e Finntan de Fochaillech. [17]

Foi batizado por Santo Abão de Magheranoidhe e, ainda em sua juventude, posto sob a tutoria de São Fortchern, bispo
de Trim, sendo instruído no saltério, hinos e ofícios litúrgicos. [11][18][19] Sua vita, do século X, relata que nasceu e foi
instruído  em  Idrone,  no  Condado  de  Carlow,  onde,  ainda  sob  Fortchern,  fundou  seus  primeiros  mosteiros,  em
Drumphea,  Rossacurra  e  Kilmadrush. [20]  Ainda  segundo  sua  vita,  após  atingir  os  trinta  anos  de  idade,  Finnian
rumou para Tours,  onde  ficou  na  austera  Abadia de Marmoutier,  sendo  instruído  na  vida  ascética,  antes  de,  pelas
recomendações do próprio São Fortchern, rumar para Gales. [7][21][22] Seu ofício litúrgico ainda cita uma peregrinação
a  Roma  antes  de  ir  para  Gales,  mas  sua  vita,  em  contraste,  cita  a  peregrinação  para  Roma  como  um  sonho  não
realizado. [23][19]

De volta à Grã­Bretanha, estabeleceu­se no Mosteiro de São Cadoc o Sábio, em Llancarfan, onde ficou sob a autoridade
de São Davi de Gales, tendo contato com diversos outros religiosos de grande notoriedade da época, como os Santos
Cadoc e Gildas. [7][20] Passou por um longo período de aprendizado na região, registrado pelo Código de Salamanca
como  de  trinta  anos  (ainda  que  a  historiadora  Elizabeth  Hickey  ressalve  que  parece  um  tempo  exagerado  pela
prolificidade  do  santo  após  retornar  de  Gales), [16][24]  no  qual  foi  um  prolífico  copista  e  ergueu  três  igrejas, [11][18]
tornando­se fluente na língua britônica e sendo estabelecido como um negociador com invasores saxões. [19] Após este
estendido hiato fora de sua terra local, Finnian retornou à Irlanda, onde pregou de cidade em cidade, sendo recebido
com  honrarias  em  Wexford  por  Muiredach,  príncipe  de  Leinster,  cujo  pai  permitiu  a  Finnian  que  construísse  uma
igreja onde quisesse, escolhendo este, pois, Achad Aball, hoje Aghowle, vilarejo no Condado de Wicklow. [21][25] Logo
em  seguida,  contudo,  deixou  Aghowle  para  fundar  uma  igreja  em  Dunmanogue,  no  Condado  de  Kildare,  e  uma
comunidade monástica em Skellig Michael, que parece ter existido até o século XIII. [9][21]

Após este novo período de jornadas, o asceta foi para o Mosteiro de Kildare, em que Santa Brígida da Irlanda ainda era
abadessa,  e  lá  permaneceu  por  alguns  anos,  até  que,  segundo  os  relatos  tradicionais  guiado  por  um  anjo,  deixou
Kildare e finalmente rumou para Clonard, recebendo antes de sua viagem um anel de ouro de Brígida, que mais tarde
vendeu  para  comprar  a  liberdade  de  um  escravo. [21][25]  Primeiramente,  construiu  com  suas  próprias  mãos  uma
pequena igreja e uma cela de argila e vime perto do Rio Boyne,  onde  praticou  a  ascese,  dormindo  todos  os  dias  no

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chão,  até  que  no  ano  de  520  fundou  oficialmente  sua  abadia e escola. [21][22]  Acredita­se  que  neste  ano  foi  também
consagrado  Bispo  de  Clonard,  o  que  é  citado  em  seu  ofício  litúrgico,  mas  os  Anais  dos  Quatro  Mestres  e  diversos
martirológios irlandeses listam­no como mero abade e presbítero. [2][18][25][26]

Abadia de Clonard
São  Finnian,  enquanto  primeiro  abade  de  Clonard,  organizou  a  vida
monástica  no  local  tomando  como  modelo  as  práticas  galesas,  incluindo
estudo compulsório das Sagradas Escrituras  e  dos  Pais  da  Igreja. [22]  Seu
modelo  profundamente  ascético  e  intolerante  à  autoindulgência,  voltado
ao  trabalho  comunitário,  assim  como  seus  dons  pedagógicos  e
conhecimento  das  Escrituras,  foram  percebidos  por  toda  a  Irlanda,
atraindo toda sorte de estudiosos, leigos e clérigos. O próprio abade vivia
de  forma  extremamente  austera,  dormindo  sobre  pedras,  vestindo  um
cíngulo  de  aço  que  feria  sua  carne  constantemente  e  alimentando­se
basicamente  de  pão  e  ervas,  permitindo­se  cerveja  e  soro  de  leite  em
ocasiões  festivas. [21][25][27]  O  Penitenciário  de  Finnian  prescreve
penitências  visando  corrigir  tendências  pecaminosas  em  paralelo  ao
cultivo da virtude contrária. O documento mostra extenso conhecimento, e
adota o ensino de São João Cassiano (por sua vez adotado de Evágrio do
Ponto)  da  vitória  sobre  as  oito  paixões  malignas:  gula,  fornicação,
ganância, melancolia, ira, acídia, orgulho e vanglória. [28]
Vitral de São Finnian de Clonard
A  abadia  teve  um  grande  número  de  alunos,  estimados  em  três  mil  no abençoando os Doze Apóstolos da
Irlanda.
ofício  de  laudes  de  São  Finnian,  muitos  dos  quais  foram  enviados  como
missionários para terras distantes, os mais destacados destes adquirindo
posteriormente posições eclesiásticas prestigiosas e especial veneração após suas mortes, recebendo a alcunha de Doze
Apóstolos  da  Irlanda. [13][25][21][22][29]  Os  pupilos  de  Finnian  que  fundaram  outros  mosteiros  são  frequentemente
descritos  como  carregando  livros,  sugerindo  o  estabelecimento  precoce  de  uma  tradição  copista  em  sua
comunidade. [30] Por seu prolífico trabalho na educação de monges, Finnian é considerado, ao lado de Santo Enda de
Aran, um dos pais do monasticismo na Irlanda. [1][31]

O  asceta,  contudo,  não  permitia  que  seus  trabalhos  interferissem  em  seus  deveres  com  os  necessitados,
constantemente  cuidando  dos  doentes.  Santo  Adomnano  conta  que  em  certa  ocasião  um  bardo  chamado  Germano
teria apresentado a Finnian um poema elevando suas virtudes, pedindo em troca apenas a fertilidade de suas terras,
esta sendo miraculosamente concedida através da enunciação do mesmo poema sobre as águas com as quais irrigasse
suas plantações. [25][32] Pode­se estabelecer um paralelo entre este relato e aquele de São Beda na História Eclesiástica
do Povo Inglês,  de  que  manuscritos  irlandeses  seriam  imersos  em  água  subsequentemente  utilizada  como  antídoto
contra cobras na Grã­Bretanha. [25][33]

Outra narrativa tradicional descreve como três irmãos saqueavam constantemente as igrejas de Connacht,  até  que,


chegando a Clothar, buscaram matar o airchinneach[nota 2] local, seu avô, que, mesmo suspeitando das más intenções
de seus netos, deu­lhes abrigo. O mais velho dos irmãos, Lochan, teria sonhado com o Paraíso e o Inferno na mesma
noite, acordando com remorso e alertando a seus outros irmãos, que juntos teriam consultado seu avô para descobrir
como conseguir perdão por seus atos, ao que foram aconselhados a submeterem­se à autoridade espiritual de Finnian
em Clonard. Ao chegarem, os locais teriam fugido, enquanto o próprio Finnian os receberia bondosamente, alertando
aos  locais  que  respeitassem  os  penitentes.  Após,  teriam  rumado  de  igreja  a  igreja,  consertando  todas  que  haviam
danificado, a última delas sendo a Igreja de São Coman mac Faelchon em Kinvara, no atual Condado de Galway, onde
teriam sido aconselhados a construir uma canoa e partir em viagem ao Oceano Atlântico. [35]

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Morte
Ao  fim  de  sua  vida,  Finnian  foi  contagiado  com  a  peste,  e  retirou­se  de  Clonard  para  evitar  a  infecção  de  terceiros,
estabelecendo­se em Ross Findchuill, onde passava os dias cantando o Salmo 131,  tendo  como  um  de  seus  últimos
atos a recepção do viático  através  de  seu  discípulo,  São  Columba de Iona,  após  o  qual  morreu,  sendo  enterrado  na
Abadia  de  Clonard. [21]  Sua  vita  do  século  X  atribui  uma  idade  de  140  anos  ao  santo  no  momento  de  sua  morte,
enquanto sua biógrafa moderna Elizabeth Hickey estima algo entre os 60 e 65. [36] O Livro de Leinster, por sua vez,
atribui  uma  idade  de  180  anos,  ao  que  o  celtólogo  Whitley  Stokes  comenta  que  a  extrema  longevidade  é  um  tema
comum  na  hagiografia  celta,  comparando­o  à  de  heróis  pagãos  como  Estarcatero,  por  vezes  sendo  atribuível  à
confusão entre santos homônimos. [37]

A  data  tradicional  de  sua  morte  é  12  de  dezembro,  mas  há  controvérsia  entre  as  fontes  tradicionais  quanto  ao  ano,
variando entre 548 (registrada pelos Anais dos Quatro Mestres), 552 (data adotada por James Ussher) e 563. Segundo
os historiadores do século XVIII James MacGeoghegan e James Ware, a data tardia de 563 é mais provável, visto que
teria aplicado uma penitência a Columba de Iona pela participação deste na Batalha de Cúil Dreimne, que os Anais de
Ulster registram ter ocorrido em 561. [11][18]

Veneração
As relíquias de Finnian foram mantidas na abadia que presidiu em vida até
o  fim  do  século  VIII,  quando  foram  destruídas  por  viquingues  que
pilharam  o  mosteiro. [38][39]  Em  1206,  a  sede  da  Diocese  de  Meath  foi
movida  de  Clonard  para  Trim,  finalmente  eclipsando  o  antigo  centro
religioso. [16]  Sua  festa  litúrgica  se  estabeleceu  em  12  de  dezembro,  data
tradicional  de  sua  morte,  atestada  em  fontes  irlandesas  como  o
Martirológio  de  Donegal,  que  o  compara  a  São  Paulo  de  Tarso  em  sua
missão,  e,  ainda  entre  os  martirológios,  pela  primeira  vez  em  um
manuscrito  espanhol  do  século  IX. [12][26][38]  São  Finnian  é  padroeiro  de
Meath e sua diocese. [7][26] Outras datas, como 11 de fevereiro, 3 de janeiro
e 26 de março, também são mencionadas para sua comemoração em fontes
eclesiásticas. [40]

Há um ofício litúrgico no rito romano dedicado a São Finnian, cuja versão
hoje  conhecida  foi  publicada  por  John  Colgan  em  seu  Acta  Sanctorum
Hiberniae,  de  1645,  contudo  não  indicado  para  ser  celebrado  no
tradicional  dia  12  de  dezembro,  mas  sim  em  23  de  fevereiro.  Os  textos
comparam­no  a  Zebedeu  enquanto  motivador  de  multidões  de  homens Estátua de São Finnian, em Clonard

seguindo a Cristo, reafirmam suas origens nobres e citam um milagre em
sua concepção, no qual fogo milagroso teria se mostrado, o que seu pai teria interpretado como um presságio para a
vida missionária de seu futuro filho. [13]

Finnian  de  Clonard  também  foi  glorificado  pela  Igreja  Ortodoxa,  figurando  no  calendário  da  Igreja  Ortodoxa
Russa[26][41] e em sinaxários gregos. [8]

Ver também
Doze Apóstolos da Irlanda
Enda de Aran
12 de dezembro na Igreja Ortodoxa

Notas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Finnian_de_Clonard 4/6
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1. Data tradicional mais provável (vide seção Morte).
2. O airchinneach (em inglês: erenagh) era o administrador hereditário de terras eclesiais.[34]

Referências
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