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V CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA

V NATIONAL CONGRESS OF MECHANICAL ENGINEERING


25 a 28 de agosto de 2008 – Salvador – Bahia - Brasil
August 25 – 28, 2008 - Salvador – Bahia – Brazil

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COEFICIENTE DE PERFORMANCE DE


UM REFRIGERADOR DE PEQUENO PORTE OPERANDO COM
MISTURAS ZEOTRÓPICAS

Igor Marcel Gomes Almeida, igormarcel2002@yahoo.com.br1


Washington Batista de Lima, uoxito@hotmail.com1
Levi Barreto Barros, levibarreto@hotmail.com1
Cleiton Rubens Formiga Barbosa, cleiton@ufrnet.br1
Francisco de Assis Oliveira Fontes, franciscofontes@uol.com.br1
Felipe Bento de Albuquerque, felipebento20@yahoo.com.br1

1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, S/N, Lagoa Nova. Natal-RN, 59072-970

Resumo: O coeficiente de performance (COP) é um parâmetro fundamental na análise das instalações frigoríficas. O
COP do ciclo real, para as mesmas condições de operação, é sempre menor do que o do ciclo ideal. Para o ciclo
teórico, o COP é função somente das propriedades do fluido de trabalho (refrigerante). Para o ciclo real, entretanto, o
desempenho é fortemente dependente das propriedades na sucção do compressor e das características do compressor,
condensador, evaporador e do dispositivo de controle do fluxo de refrigerante (tubo capilar ou válvula de expansão).
Foi desenvolvida uma bancada experimental para análise de um refrigerador de pequeno porte, onde sensores de
temperatura e de pressão foram incorporados ao longo do circuito frigorífico com sistema de aquisição de dados
computadorizado, permitindo o mapeamento das propriedades termodinâmicas de interesse. Foram analisados os
parâmetros de performance do refrigerador com R401-a para diferentes condições de operação: convecção natural e
forçada do condensador e inserção de misturador para uniformização da temperatura na câmara fria.

Palavras-chave: coeficiente de performance, blends, mistura zeotrópica, refrigeração

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os setores de refrigeração e de ar condicionado entraram em uma discussão sobre os impactos
ocasionados sobre o meio ambiente, em especial à camada de ozônio, pelas substâncias utilizadas como os CFCs
(Clorofluorcarbonos). Neste sentido, de acordo com a resolução 267 de 14 de setembro de 2000, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente – CONAMA, ficou estabelecida a proibição, em todo território nacional, da utilização do CFC-11,
CFC-12, além de outras substâncias que agridem a camada de ozônio, em instalações de ar condicionado central,
instalações frigoríficas com compressores de potência unitária superior a 100 HP e em sistemas de ar condicionado
automotivo. Tornou-se proibida, a partir de primeiro de janeiro de 2001, a utilização dessas substâncias em
refrigeradores e congeladores domésticos, e em todos os demais equipamentos e sistemas de refrigeração. Assim, têm-
se recorrido a operações de retrofit de fluidos refrigerantes nestes equipamentos com idade de até 10 anos, não sendo
aconselhável esta operação em unidades mais antigas devido ao desgaste mecânico que os trocadores de calor destes
podem apresentar. De acordo com Gouvêa et al.(2004), o retrofit deve ser conduzido, naturalmente, por profissionais
capacitados, que levem em conta critérios para escolha do refrigerante alternativo, os quais incluem temperaturas de
evaporação e de descarga, tipo de compressor, consumo de energia, custo do sistema, compatibilidade com o filtro
secador e com o isolamento elétrico do motor, além da miscibilidade do óleo com o refrigerante alternativo. De acordo
com Havelský (2000), a decisão relativa à substituição de fluidos refrigerantes depende não só das possibilidades
técnicas existentes, mas também dos fatores relativos à eficiência econômica dos custos investidos na substituição do
CFC’s, economia de operação com o novo refrigerante, grau de risco no que diz respeito à condição técnica do
dispositivo, possibilidades de serviço, entre outras, sendo estas características mais relevantes para grandes processos de
atualização de equipamentos, ou seja, um grande número de máquinas. Assim, surgem recentemente os chamados
refrigerantes alternativos ou ecológicos e também as misturas, que são os blends, estas misturas combinam as
propriedades mais favoráveis de cada um dos seus constituintes, cobrindo a mais ampla faixa de temperaturas de
evaporação.
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1.1. Coeficiente de Performance (COP)

Um sistema de refrigeração pode ser analisado em termos de sua eficiência energética através do COP, uma
grandeza adimensional. O COP é comumente utilizado para se avaliar a relação entre a capacidade de refrigeração
obtida e o trabalho gasto para tanto, sendo definido como na Eq. (1) abaixo.


QE
COP = •
(1)
WC
• •
Onde Q E é a potência de refrigeração (kW) e W C é a potência de compressão (kW). As potências de compressão
e de refrigeração podem ser obtidas através de balanços de energia no compressor e no evaporador, respectivamente.
Desta forma, o coeficiente de performance pode ser representado na forma clássica, segundo a Eq. (2) abaixo.

(2)
(h − h4 )
COP = 1
(h2 − h1 )

Onde h corresponde à entalpia específica nos pontos correspondentes do ciclo de compressão (Ponto 1 – Saída do
evaporador/entrada do compressor; Ponto 2 – Saída do compressor/entrada do condensador; Ponto 3 – Saída do
condensador/entrada da válvula de expansão; Ponto 4 – Saída da válvula de expansão/entrada do evaporador). Quando
da utilização da Eq. (2) nos cálculos do COP os fluxos de massa serão cancelados. No procedimento experimental e nos
cálculos para obtenção do COP será feito o uso do software COOLPACK para obtenção dos diagramas P-h com a
representação do ciclo em questão para as várias condições de operação da unidade de refrigeração e obtenção das
características de operação. A propriedade termodinâmica de entalpia ao longo do circuito frigorífico foi obtida
mediante o conhecimento de duas outras propriedades fundamentais, a pressão e a temperatura.

1.2. Misturas Zeotrópicas

Como dito anteriormente, os blends surgiram da necessidade de substituição dos refrigerantes tradicionais por
outros que apresentassem pequeno ou nenhum potencial de depleção da camada de ozônio. Um grupo existente destes
refrigerantes são as misturas zeotrópicas onde diferentes composições de vapor e líquido estão em equilíbrio, que de
acordo com Rajapaksha (2007), tem como resultado direto a mudança de fase não-isotérmica durante a condensação e
evaporação, ou seja, a chamada temperatura glide, que para misturas com variação desta em torno de 5 o C ou mais,
oferecem um potencial teórico para aumentar a performance e eficiência energética de sistemas de compressão de
vapor, e indiretamente apresenta outras vantagens, como: o compressor trabalha à faixa de pressões relativamente
reduzidas, aumentando o COP; relativo à refrigerantes CFC, menor trabalho de compressão para se obter uma
capacidade de refrigeração semelhante. De acordo com Stoecker et al. (2002), a utilização destas misturas tende a
afastar o ciclo real em relação ao de Carnot devido a estas mudanças de fase não-isotérmicas, mas mesmo assim
consegue-se um aumento de performance teórica, devido principalmente a estes fluidos refrigerantes requererem uma
menor relação entre pressões de condensação e evaporação para praticamente um mesmo efeito frigorífico em relação
ao CFC-12, o que sempre é desejado do ponto de vista da eficiência energética já que desta forma consome-se menos
trabalho de compressão. Porém, estes apresentam inconvenientes quando do projeto dos trocadores de calor pelos
métodos tradicionais LMTD ou NTU, devido o processo de mudança de fase ser não-isotérmico e as variações do c P e
do coeficiente de transferência de calor do refrigerante serem relativamente mais elevados, devido aos efeitos da
composição da mistura. Desta forma, alterações na composição da mistura causam variações das temperaturas do
equipamento, COP e etc, em comparação com o projeto original do equipamento, destinado à utilização de CFC´s.
Neste trabalho, será utilizado o refrigerante R-401a (Suva MP-39) produzido pela DuPont e de seguinte composição:
R22 (53%), R152a (13%), R124 (34%) sendo as frações em massa e temperatura glide de 5,59o C ; para avaliação da
performance da unidade sob as variadas condições de operação, já que este blend é substituto ao R-12 e não é necessária
a adaptação de componentes do sistema a esse novo refrigerante.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.1. Aparato Experimental

A unidade de refrigeração utilizada consistia de um refrigerador doméstico de pequeno porte usado para
resfriamento de água potável com as seguintes características: evaporador inundado, condensador arrefecido à ar,
compressor para R-12, filtro secador e tubo capilar. Este equipamento foi instrumentado com dois manômetros
instalados diretamente na tubulação de baixa e alta pressão e com um controlador digital de temperatura (CDT), que foi
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instalado no reservatório de água de modo a se obter um set-point para desligamento do compressor à medida que a
temperatura desta atingisse determinado valor especificado no mostrador digital, nas figuras (1) e (2) pode-se observar
uma vista geral do equipamento, a unidade de refrigeração com o CDT, as tomadas de pressão dos dois manômetros e o
sistema de aquisição de dados.

Figura 1. Vista frontal da unidade.

Figura 2. Representação esquemática das tomadas de pressão e temperatura


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A unidade é de fabricação da Genarex e tem as seguintes características: modelo AMHB 220/60 R12, carga de
refrigerante de 65 gramas, teste de pressão de alta, 1,26 MPa e de baixa, 0,15 MPa. O compressor é de fabricação da
Embraco de especificação EM20BR com referência comercial de 1/12 HP, para aplicações de baixa, média e alta
pressão de retorno (L/M/HBP), eficiência isoentrópica de 0,85, faixa de temperatura de evaporação de − 35 o C até
+ 15 o C e temperatura ambiente máxima de 32 o C . Ao longo do ciclo de refrigeração foram instalados seis termopares
tipo K nos pontos estratégicos de um ciclo de refrigeração por compressão. A instalação destes termopares foi feita
mediante preparo da superfície das tubulações com limpeza e lixamento, seguida de solda com estanho para melhor
fixação deste sobre a superfície da tubulação, como o ambiente de ensaio era climatizado, isolaram-se ainda os
termopares para evitar entradas interferentes na medição. Estes termopares foram conectados a uma placa de aquisição
de dados ligada a um computador, sendo o mapeamento das temperaturas realizado mediante utilização do software
MEASUREMENT & AUTOMATION EXPLORER, com uma taxa de aquisição de um ponto de temperatura por
segundo durante o tempo de cada ensaio, sendo possível então obter-se gráficos de distribuição de temperaturas. As
variações das condições de operação do equipamento foram obtidas com a utilização de um agitador rotativo para
uniformização da temperatura na câmara fria e uso de um ventilador de fluxo axial para arrefecimento forçado do
condensador.

2.2. Avaliação Experimental

Os ensaios realizados visaram à determinação da performance do sistema mediante variação das condições
operacionais do equipamento, desta forma, foram feitos os seguintes ensaios: com agitador na câmara fria e sem
ventilador no condensador (ensaio 1), sem agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador na
velocidade de 1400 RPM (ensaio 2), com agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador na
velocidade de 1400 RPM (ensaio 3), sem agitador na câmara fria e sem ventilador no condensador (condição de
operação tradicional, ensaio 4), sem agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador com
velocidade de 1180 RPM (ensaio 5), com agitador na câmara fria e ventilador à 300 mm do condensador com
velocidade de 1180 RPM (ensaio 6). Para todas as condições de ensaio, o volume de água presente na câmara fria foi de
1,5 litros e o set-point ajustado para 6 o C , que é um valor convencional de temperatura para sensação térmica agradável.
Após o início do funcionamento da unidade, considerou-se um tempo de estabilização de funcionamento de 5 minutos
para cada ensaio, já que se trata de um sistema de pequeno porte. Após a estabilização, leram-se as pressões de alta e
baixa para posterior determinação do ciclo termodinâmico indicado em diagramas P-h. As figuras (3) à (8) mostram os
resultados obtidos com o mapeamento das temperaturas dos pontos estratégicos do ciclo ao longo do período de
resfriamento da água até 6 o C , e os diagramas P-h respectivos à cada condição de ensaio, traçados com a utilização do
software COOLPACK, sendo as características do ciclo obtidas mediante fornecimento de valores de pressão e
temperatura em diversos pontos ao longo do equipamento. Vale ainda ressaltar que as perdas de pressão no interior das
tubulações foram desprezadas, pois se trata de um sistema de pequeno porte e o comprimento equivalente da tubulação
não é significante para introdução de faixa de erros mensuráveis. Os gráficos de mapeamento de temperaturas abaixo
mostrados, apresentam somente uma representação das magnitudes de temperaturas ocorridas ao longo dos pontos de
medição, não sendo utilizados para determinação do coeficiente de performance e demais parâmetros, sendo isto
realizado mediante conhecimento apenas das pressões nestes pontos, que em seguida são introduzidos no software
utilizado, onde se obtêm a temperatura real do fluido sob determinada pressão.

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h

Gelagua com agitador


70
E . evaporador
65 S. condensador
60 E. condesador
55 S. evaporador
Ambiente
50 Água
Temperatura (°C)

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
0 200 400 600 800 1000 1200

Tempo (s)
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Figura 3. Ensaio 1 (com agitador na câmara fria e sem ventilador no condensador).

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h

Gelagua com convecção forçada no condensador


70
65 E.evaporador
S.condensador
60
E.condensador
55 S.evaporador
50 Ambiente
Água
Temperatura (°C)

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
0 1000 2000 3000 4000 5000
Tempo (s)

Figura 4. Ensaio 2 (sem agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador na velocidade
de 1400 RPM).

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h

Gelagua com convecção forçada no condensador e no evaporador


70
65 E.evaporador
S.condensador
60 E.condensador
55 S.evaporador
Ambiente
50
Água
45
temperatura (°C)

40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Tempo (s)

Figura 5. Ensaio 3 (com agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador na velocidade
de 1400 RPM).

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h


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Gelagua Simples
70
65
60
55 E.evaporador
50 S.condensador
E.condensador
Temperatura (°C)

45 S.evaporador
40 Ambiente
Água
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Tempo (s)

Figura 6. Ensaio 4 (sem agitador na câmara fria e sem ventilador no condensador).

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h

Gelagua com convecção forçada no condensador


70
E.evaporador
65
S.condensador
60 E.condensador
55 S.evaporador
Ambiente
50
Água
Temperatura (°C)

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (s)

Figura 7. Ensaio 5 (sem agitador na câmara fria e com ventilador à 300 mm do condensador com velocidade
de 1180 RPM).

Mapeamento de temperaturas Diagrama P-h

Gelagua com convecção forçada no condensador e no evaporador


70
E.evaporador
65
S.condensador
60 E.condensador
S.evaporador
55 Ambiente
50 Água
Temperatura (°C)

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5
-10
0 200 400 600 800 1000 1200
Tempo (s)
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Figura 8. Ensaio 6 (com agitador na câmara fria e ventilador à 300 mm do condensador com velocidade de
1180 RPM).

As demais características de operação da unidade sob as diversas condições de ensaio são mostradas na Tab. (1), onde
as pressões indicadas são as manométricas, para determinação dos parâmetros de eficiência do equipamento utilizaram-
se as pressões absolutas. Vale ressaltar que se considerou uma incerteza de ± 0,5 °C nas medições de temperatura
efetuadas sobre as tubulações do equipamento e a incerteza das medições de pressão estabelecida como ± 5 kPa, ou
seja, metade da divisão da escala do instrumento. A determinação da incerteza dos COP´s foi feita mediante utilização
da Lei de Gauss, conforme Link (1997) e está apresentada na Tab. (1) abaixo.

Tabela 1. Resultados operacionais obtidos mediante utilização do software COOLPACK

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 5 Ensaio 6


PA (kPa) 1100 ± 5 900 ± 5 900 ± 5 1100 ± 5 950 ± 5 900 ± 5

PB (kPa) 140 ± 5 120 ± 5 115 ± 5 120 ± 5 140 ± 5 115 ± 5

Q E (kJ/kg) 180,17 163,456 154,181 150,399 156,038 157,587

Q C (kJ/kg) 233,577 210,589 209,461 216,157 206,537 206,709


COP 3,37± 0,25 3,47± 0,25 2,79± 0,25 2,29± 0,25 3,09± 0,25 2,67± 0,25
W (kJ/kg) 53,407 47,133 55,280 65,758 50,499 59,122

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Analisando o gráfico de distribuição de temperaturas da água mostrado na Fig. (9), pode-se observar que para a
água atingir a temperatura de 6o C , ensaios 2 e 4 apresentaram maior duração, com 1 hora e 3 minutos e 1 hora e 8
minutos, respectivamente. A ocorrência disso se deve ao fato da não existência de convecção forçada no condensador e
no evaporador, o que levou à formação de camada de gelo ao longo do evaporador, introduzindo grande gradiente de
temperaturas ao longo da câmara fria, já que o sensor de temperatura estava localizado na região central do reservatório
cilíndrico de água, como pode ser observado na Fig. (10). Do ponto de vista das performances destes dois ensaios, o de
número 2 apresentou melhor coeficiente, de acordo com a tabela 1.

30 Ensaio 04
Ensaio 01
Ensaio 02
25 Ensaio 03
Ensaio 05
Temperatura (°C)

Ensaio 06
20

15

10

0 1000 2000 3000 4000 5000


Tempo (s)

Figura 9. Distribuição de temperaturas da água.

Os ensaios 1 e 3 apresentaram duração intermediária entre todos os ensaios, com tempos de 22 minutos e 23
minutos, respectivamente. Ambos apresentam convecção forçada no evaporador (agitador), o que traduz o perfil linear
de decaimento de temperatura da água. Esta diminuição no tempo de resfriamento da água se deveu ao fato da
existência de convecção forçada no evaporador, diminuindo radialmente o gradiente de temperaturas ao longo da
câmara fria. O ensaio 1 apresentou maior COP em relação ao de número 3. Os ensaios 5 e 6 tiveram as menores
durações, com os tempos de 18 minutos e 20 minutos, respectivamente. Com relação ao ensaio 6 especialmente, apesar
de não apresentar convecção forçada no evaporador, não se constatou formação de camada de gelo na câmara fria, o que
provavelmente influenciou no menor tempo de ensaio. O COP do ensaio 5 se apresentou maior que do ensaio 6. Vale
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ressaltar que se considerou uma incerteza de ± 0,5 °C nas medições de temperatura efetuadas sobre as tubulações do
equipamento.

De acordo com as observações experimentais pôde-se concluir que a existência de convecção forçada no
condensador provocou um acréscimo no valor do COP em relação aos ensaios com o equipamento original, isto é, com
condensador de convecção natural. O ensaio com ventilador à maior rotação apresentou melhor performance, isto se
deve à diminuição da pressão de alta, já que a redução da pressão de baixa é insignificante para as condições em estudo.
Vale ressaltar que os COP´s determinados não levaram em consideração a potência consumida pelo ventilador. Pode-se
concluir também que os ensaios só com convecção forçada no evaporador se apresentaram com melhor performance do
que a forma de operação tradicional destes equipamentos de refrigeração, além de proporcionar menores tempos de
resfriamento da água. Os ensaios com ventilador à máxima rotação apresentam maior troca de calor no condensador, o
que era de se esperar. Nos ensaios com condição de convecção forçada no evaporador também apresentaram maiores
trocas de calor, neste caso com a água. Desta maneira, analisando as condições acima e o tempo para se obter a
temperatura desejada da água, pode-se indicar a condição ótima de operação para os ensaios realizados com sendo a
referente ao ensaio 1, pois apresentou tempo muito pequeno de resfriamento com COP elevado. Do ponto de vista do
refrigerante utilizado, por se tratar de uma mistura zeotrópica, pode ter acarretado ineficiência dos trocadores de calor,
que segundo Rajapaksha (2007), erros de até 50% na estimativa da área de troca de calor podem ocorrer quando se
utilizam métodos tradicionais de dimensionamento de trocadores de calor, como o LMTD e o NTU com utilização de
fluidos de trabalho do tipo blend. Porém, o uso desses refrigerantes reduzem a faixa de pressões de operação do
compressor, aumentando o COP e ainda requerem menor trabalho de compressão quando comparados a refrigerantes do
tipo CFC.

4. CONCLUSÕES

Com base na experimentação, conclui-se que:

a) A convecção forçada do evaporador reduz em 67% o tempo de operação para se atingir o set-point, com
redução significativa do consumo de energia elétrica.
b) O efeito da convecção forçada no evaporador é mais significativo do que o obtido pela convecção forçada no
condensador.
c) O COP do refrigerador aumentou em 51% com a convecção forçada em relação ao COP do equipamento
original, projetado para operar com CFC´s.
d) Os ensaios com convecção forçada no condensador apresentaram redução no COP de aproximadamente 20%,
após indução de convecção forçada no evaporador.

5. AGRADECIMENTOS

Em especial ao Grupo de Estudos de Tribologia (GET) da UFRN, por disponibilizar o sistema de aquisição de
dados computadorizado.

6. REFERÊNCIAS

Gouvêa, P.E.M., Freitas, R., Souza, A.C.C., Silveira, J.L., 2004, “Estudo da substituição de fluidos refrigerantes em
sistema de refrigeração e ar condicionado por compressão de vapor”, Revista Ciências Exatas, UNITAU, Vol. 9/10,
Taubaté, Brazil, pp. 43-46.
Havelský, V., 2000, “Investigation of refrigerating system with R12 refrigerant replacements”, Applied Thermal
Engineering, Vol. 20, pp. 133-140.
Halimic, E., Ross, D., Agnew, B., Anderson, A., Potts, I., 2003, “A comparison of the operating performance of
alternative refrigerants”, Applied Thermal Engineering, Vol. 23,pp. 1441-1451.
Rajapaksha, L., 2007, “Influence of special attributes of zeotropic refrigerant mixtures on design and operation of
vapour compression refrigeration and heat pump systems”, Energy Conversion and Management, Vol. 48, pp. 539-
545.
Link, W. “ Metrologia Mecânica – Expressão da Incerteza de Medição”, 1ª.ed. São Paulo. V.01. 174 p. 1997.
Stoecker, W.F., Jabardo, J.M.S, “Refrigeração Industrial”, 2ª ed. Ed. Edgard Blucher. São Paulo. 384 p. 2002.

7. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído deste trabalho, está autorizada a
reprodução deste material para fins acadêmicos e científicos.
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EXPERIMENTAL ANALYSIS OF A PERFOMANCE COEFFICIENT FROM


A SMALL REFRIGERATOR WORKING WITH ZEOTROPIC MIXTURES

Igor Marcel Gomes Almeida, igormarcel2002@yahoo.com.br1


Washington Batista de Lima, uoxito@hotmail.com1
Levi Barreto Barros, levibarreto@hotmail.com1
Cleiton Rubens Formiga Barbosa, cleiton@ufrnet.br1
Francisco de Assis Oliveira Fontes, franciscofontes@uol.com.br1
Felipe Bento de Albuquerque, felipebento20@yahoo.com.br1

1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, S/N, Lagoa Nova. Natal-RN, 59072-970

Abstract: The coefficient of performance (COP) is a fundamental parameter to analyze the refrigerating plants. The
real cycle COP, for the same operational conditions, is always minor than the ideal cycle. For the theoretical cycle, the
COP is only function of the working fluid proprieties (coolant).For the real cycle, however, the performance is strongly
dependent of the compressor suction proprieties and the compressor, condenser and the coolant flow control device
(capillary tube or expansion valve). It was developed a test rig to analyze one small refrigerator, temperature and
pressure sensors were coupled to the refrigerating circuit with computerized data acquisition system, allowing the
mapping of the interest thermodynamic proprieties. The performance parameters were analyzed with the R401-a as
coolant in several operational conditions: Natural and forced convection and using a mixer to have a homogeneous
temperature in the cold chamber.

Key-words: coefficient of performance, blends, zeotropic mixture, refrigeration

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