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Renato Brasileiro
Juizados Especiais Criminais I
Aula 01
ROTEIRO DE AULA
1. Previsão Constitucional.
Constituição Federal
- Os Juizados Especiais Criminais foram criados pela Constituição Federal com os seguintes objetivos:
a) acelerar a prestação jurisdicional em relação às infrações de menor potencial ofensivo, evitando-se, assim, a
prescrição;
b) revitalizar a figura da vítima;
c) estimular a solução consensual dos conflitos;
- A jurisdição de conflito, caracterizada pelo embate entre acusação e defesa, com o objetivo precípuo de
imposição de uma pena privativa de liberdade, é substituída por uma jurisdição consensual, buscando-se um
acordo entre o autor do fato delituoso e o titular da ação penal para fins de aplicação de penas não privativas de
liberdade.
- Quando a Lei n. 9.099/95 entrou em vigor, parte da doutrina sustentou sua inconstitucionalidade, por permitir
a transação envolvendo bem de natureza indisponível, qual seja, a liberdade de locomoção;
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Segundo, porque tal transação envolve apenas a aplicação de penas restritivas de direitos e de multa, jamais
privativas de liberdade. Nesse sentido:
Lei n. 9.099/95
a. Princípio da oralidade: deve se dar preferência à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída;
Lei n. 9.099/95
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
a.1. Princípio da concentração: consiste na tentativa de redução do procedimento a uma única audiência,
objetivando encurtar o lapso temporal entre a data do fato e a do julgamento;
a.2. Princípio do imediatismo: deve o juiz proceder diretamente à colheita de todas as provas, em contato
imediato com as partes;
a.3. Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: pelo menos em regra, as decisões
interlocutórias não são recorríveis. Isso, todavia, não impede o questionamento dessas interlocutórias, quer por
meio de preliminar de futura e eventual apelação, quer por meio dos remédios heroicos do habeas corpus e da
revisão criminal; MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
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a.4. Princípio da identidade física do juiz: o juiz que presidir a instrução deverá, pelo menos em regra,
proferir sentença. Esse princípio também está previsto no art. 399, §2º, do CPP;
b. Princípio da simplicidade: procura-se diminuir o quanto possível a massa dos materiais que são juntados
aos autos do processo sem que se prejudique o resultado final da prestação jurisdicional;
Lei n. 9.099/95
Lei n. 9.099/95
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram
realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
§2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de
comunicação.
§3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em
audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.
d. Princípio da economia processual: entre duas alternativas igualmente válidas, deve se optar pela menos
onerosa às partes e ao próprio Estado;
e. Princípio da celeridade processual: guarda relação com a necessidade de rapidez e agilidade do processo,
objetivando-se atingir a prestação jurisdicional no menor tempo possível;
Lei 9.099/95
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência
para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo,
respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri,
decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação
penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, de 2006)
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do Júri, sem prejuízo da aplicação dos institutos despenalizadores em relação à infração de menor potencial
ofensivo, in casu, o desacato;
Lei 9.099/95
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Lei 9.099/95
Art. 77 (...)
§2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do
art. 66 desta Lei.
- Parte da doutrina sustenta que a competência dos Juizados seria absoluta. Primeiro, porque estaria prevista na
Constituição Federal. Segundo, porque se trata de competência em razão da matéria. Logo, eventual
inobservância dessa competência dará ensejo a uma nulidade absoluta, que pode ser arguida a qualquer
momento e cujo prejuízo é presumido;
- Outra parte da doutrina, todavia, sustenta que a competência dos Juizados é relativa. Na verdade, o que
realmente importa não é o órgão jurisdicional, mas sim a aplicação (ou não) dos institutos despenalizadores. Por
mais que a Constituição Federal faça referência à competência dos Juizados para o julgamento de infrações de
menor potencial ofensivo, fato é que tal definição – de infrações de menor potencial ofensivo – é de atribuição
do legislador ordinário. Daí por que não se pode falar em competência absoluta. Se se trata de espécie de
competência relativa, sua inobservância pode dar ensejo, no máximo, a uma nulidade relativa, que deve ser
arguida oportunamente, sob pena de preclusão, e cujo reconhecimento demanda a comprovação de prejuízo;
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados os
casos em que a lei preveja procedimento especial.
Lei 10.259/01
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da
Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
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- Quando a Lei n. 10.259/01 entrou em vigor, surgiram dois sistemas acerca do conceito de infração de menor
potencial ofensivo:
a) Sistema bipartido: ter-se-ia um conceito de infração de menor potencial ofensivo no âmbito da Justiça
Estadual – pena máxima não superior a 1 ano – e outro conceito no âmbito da Justiça Federal – pena máxima
não superior a 2 anos;
b) Sistema unitário (posição majoritária): em virtude do princípio da isonomia, não se pode admitir a
existência de conceitos diversos de infração de menor potencial ofensivo. Por isso, prevaleceu o entendimento
no sentido de que o art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 10.259/01 teria revogado tacitamente o art. 61 da Lei n.
9.099/95, em sua redação originária.
Lei n. 9.099/95
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
- Infração de menor potencial ofensivo: contravenções e crimes com pena máxima não superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial, ressalvadas as hipóteses praticadas
no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher;
4.1. Infração de ofensividade insignificante, infração de médio potencial ofensivo e infração de máximo
potencial ofensivo.
- Infração de médio potencial ofensivo: são aquelas que admitem a suspensão condicional do processo (Lei n.
9.099/95, art. 89), é dizer, aquelas que têm pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano;
- Infração de máximo potencial ofensivo: são aquelas que não admitem a suspensão condicional do processo,
ou seja, são aquelas que têm pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano;
Lei n. 10.741/03
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4
(quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide
ADI 3.096-5 - STF).
- Quando o Estatuto do Idoso entrou em vigor, houve quem dissesse que teria sido criado um novo conceito de
infração de menor potencial ofensivo, qual seja, crimes com pena máxima não superior a 4 anos;
- Tal entendimento acabou não prosperando, principalmente com a decisão proferida pelo STF no julgamento
da ADI 3.096, que concluiu que o art. 94 não criou um novo conceito de infração de menor potencial ofensivo.
Determinou, tão somente, a aplicação do procedimento comum sumaríssimo aos crimes previstos no Estatuto
do Idoso cuja pena máxima nãoMARCIO
ultrapasse LIMA
os 4 anos;
DA CUNHA - 05308192790
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- Enfim, podemos trabalhar com as seguintes conclusões:
a) crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima não superior a 2 anos: é tratado como infração de
menor potencial ofensivo. Logo, será julgado pelos Juizados, e terá direito aos institutos despenalizadores;
b) crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 2 anos e que não ultrapasse os 4 anos:
nesse caso, aplica-se o art. 94. Logo, o delito será da competência do Juízo Comum, aplicando-se o
procedimento comum sumaríssimo;
c) crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 4 anos: é da competência do Juízo Comum,
aplicando-se o procedimento comum ordinário;
- Serão julgados pelo respectivo Tribunal (v.g., Deputado Federal, pelo Supremo Tribunal Federal), sem
prejuízo da aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099/95;
- são julgados pela Justiça Eleitoral. Pelo menos em regra, os institutos despenalizadores previstos na Lei n.
9.099/95 podem ser aplicados pela Justiça Eleitoral, salvo se o crime contemplar um sistema punitivo especial
(v.g., art. 334 do CE);
Código Eleitoral
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para
propaganda ou aliciamento de eleitores:
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.
Lei n. 13.060/14
Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos instrumentos de menor
potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos
policiais, e deverão obedecer aos seguintes princípios:
I - legalidade;
II - necessidade;
III - razoabilidade e proporcionalidade.
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo:
I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou de
lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente risco
de morte ou lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros.
(...)
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor potencial ofensivo aqueles
projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes,
conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas.
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Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
- na visão do STF, aos crimes e às contravenções penais praticadas no contexto da Lei Maria da Penha não é
aplicável a Lei n. 9.099/95;
- violência doméstica e familiar contra a mulher: é o resultado da conjugação dos arts. 5º e 7º da Lei Maria da
Penha;
- na visão do STF, a restrição à aplicação da Lei n. 9.099/95 constante do art. 41 da Lei Maria da Penha é
plenamente constitucional;
Lei 11.340/06
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a
participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante
coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais
e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria
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mulher e a cultura brasileira. COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06
– JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33
da Lei nº 11.340/06, no que revela a conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e
familiar contra a mulher, não implica usurpação da competência normativa dos estados quanto à
própria organização judiciária. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06,
a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em
consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta da República, a prever a
obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no âmbito das relações
familiares”. (STF, Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012).
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Terceira Seção, aprovada em
10/6/2015, DJe 15/6/2015.
- como a suspensão condicional do processo e a transação penal estão previstas na Lei n. 9.099/95,
respectivamente nos arts. 89 e 76, não são aplicáveis aos delitos praticados no contexto da Lei Maria da Penha,
haja vista a vedação constante do art. 41 da Lei n. 11.30/06;
Súmula n. 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada”;
- a ação penal relativa aos crimes de lesão corporal leve, grave e gravíssima praticados no contexto da violência
doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada;
- a ação penal relativa ao crime de lesão corporal culposa é pública condicionada à representação, porquanto os
crimes culposos não estão submetidos à Lei Maria da Penha;
- nem todo crime praticado no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher é de ação penal
pública incondicionada. Crimes como, por exemplo, o estupro e a ameaça dependem de representação, ainda
que praticados no contexto da Lei Maria da Penha, já que não há nenhum dispositivo legal constante da Lei n.
11.340/06 dispondo que todos os crimes são de ação penal pública incondicionada;
- a Lei n. 11.340/06 teve a preocupação em criar juízos especializados para o julgamento das causas decorrentes
da violência doméstica e familiar contra a mulher. Apesar de o legislador ter utilizado a terminologia
“Juizados”, cuida-se, na verdade, de verdadeira vara especializada, até mesmo porque não se admite a aplicação
da Lei dos Juizados a tais delitos (art. 41 da Lei Maria da Penha);
- na visão do STF, os arts 14 e 33 da Lei Maria da Penha são plenamente constitucionais, é dizer, não violam o
poder de auto-organização do Judiciário Estadual, porquanto tão somente sugerem a criação desses juízos
especializados;
- em alguns Estados da Federação (v.g., DF), a competência cumulativa para processar e julgar as causas
decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher foi outorgada aos próprios Juizados. Nesse caso,
o juiz competente há de ficar atento ao processo em questão: a) se se tratar de infração de menor potencial
ofensivo, serão cabíveis os institutos despenalizadores, e o juízo ad quem será a turma recursal; b) noutro giro,
se se tratar de causa decorrente da violência doméstica e familiar contra a mulher, não serão cabíveis os
institutos despenalizadores, e o juízo ad quem será o Tribunal de Justiça, e não a Turma Recursal;
Lei 11.340/06
MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
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Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme
dispuserem as normas de organização judiciária.
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as
causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as
previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o
julgamento das causas referidas no caput.
Lei 9.099/95
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. (Artigo
incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)
- Quando a Lei n. 9.099/95 entrou em vigor, não havia nenhuma restrição à aplicação de seus dizeres no âmbito
da Justiça Militar;
- Posteriormente, entrou em vigor a Lei n. 9.839/99, vedando a aplicação da Lei n. 9.099/95 no âmbito da
Justiça Militar. Trata-se de evidente exemplo de novatio legis in pejus. Logo, se o crime militar foi praticado
antes da vigência da referida Lei, continua sendo aplicável a Lei dos Juizados;
- Alguns Ministros do Supremo entendem que o art. 90-A seria inconstitucional em relação aos crimes militares
cometidos por civis;
6. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
- diversamente do CPP, que fixa a competência territorial com base no local da consumação do delito, a lei dos
Juizados fixa tal competência com base no local em que a conduta foi praticada;
- para alguns, a expressão local em que a conduta foi praticada denota a adoção da teoria da atividade; para
outros, a teoria do resultado; para outros, a teoria mista;
CPP
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
Lei 9.099/95
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
7. Termo circunstanciado
Lei 9.099/95
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Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Conceito: trata-se de um relatório sumário da infração de menor potencial ofensivo, contendo a identificação
das partes envolvidas, a menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que
possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, visando à formação da opinio delicti
pelo titular da ação penal.
- Parte da doutrina sustenta que o TC também pode ser lavrado pela Polícia Militar. É a posição do prof. Renato
Brasileiro de Lima;
- Por ocasião do julgamento da ADI 3.614, concluiu a Suprema Corte que a lavratura de termos
circunstanciados pela Polícia Militar caracteriza hipótese de usurpação de atribuições exclusivas da Polícia
Judiciária, seja ela a Polícia Civil, seja ela a Polícia Federal. (STF, Pleno, ADI 3.614/PR, Rel. Min. Cármen
Lúcia, j. 20/09/2007, DJe 147 22/11/2007). Com entendimento semelhante: STF, 1ª Turma, RE 702.617
AgR/AM, Rel. Min. Luiz Fux, j. 26/02/2013, DJe 54 20/03/2013.
- quando o parágrafo único do art. 69 dispõe que não se imporá prisão em flagrante, deve se entender que não
se lavrará auto de prisão em flagrante, o que, no entanto, não significa dizer que o indivíduo não possa ser
capturado, nem tampouco conduzido coercitivamente. Todavia, se assumir o compromisso de comparecer aos
Juizados ou a ele comparecer de imediato, a lavratura do APF será substituída pela lavratura de um termo
circunstanciado. Na eventualidade de o indivíduo se recusar a assumir o compromisso de comparecer aos
Juizados, o auto de prisão em flagrante deve ser lavrado, sem prejuízo, todavia, do arbitramento de fiança pelo
próprio Delegado de Polícia;
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Art. 69 (...)
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455,
de 13.5.2002)
- a Lei n. 9.099/95 possui duas fases bem distintas: a) uma primeira fase, denominada de preliminar, tem o
objetivo precípuo de buscar a composição dos danos civis e a transação penal; b) uma segunda fase terá início
com o oferecimento da peça acusatória.
Lei 9.099/95
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a
vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
privativa de liberdade.
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