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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL CIVEL DA ____ª.

REGIÃO

NOME, (nacionalidade), (estado civil), (profissão),


residente e domiciliada nesta cidade, (endereço), CEP (-) , (e-mail) portador da carteira de
identidade expedida pelo (-) sob o nº (-), CPF nº. (-) , vem à Presença de Vossa Excelência,
om fulcro no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, artigo 39, incisos V e X do CDC
e demais dispositivos aplicáveis ao caso, propor a presente:

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C PEDIDO DE TUTELA INIBITÓRIA

Em face da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS, empresa pública


federal, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n° 34.028.316/0007-07,
sediada no Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco A, Brasília/DF, CEP: 70.040-976,
endereço eletrônico: presidencia@correios.com, pelas razões de fato e de direito adiante:

DOS FATOS
Em 29 de julho de 2014, a Autora adquiriu via “internet” (comércio eletrônico) no site
www.aliexpress.com, mercadoria com valor de R$210,18 (duzentos e dez reais e dezoito
centavos), que recebeu o n° da encomenda (copiar código de rastreamento). O pagamento
foi efetuado via cartão de credito Master Card/Paypal, conforme cópia da tela da compra e
cópia da fatura do cartão de crédito, ambos em anexo.
Com a chegada da mercadoria ao nosso país, foram realizadas as solenidades para o
desembaraço aduaneiro, e não ocorreu tributação.

Todavia, surpreendeu-se a Autora pela existência de um valor, correspondente a R$15,00


(quinze reais), cobrados pela Ré a título de “despacho postal”. A autora, no ato da aquisição
da mercadoria, juntamente com o valor do bem em si, realizou o pagamento para que fosse
o mesmo enviado ao Brasil, pela via postal.

Mesmo assim, realizou o pagamento para que o bem lhe chegasse em suas mãos. Tentou,
após este ocorrido, a devolução direta com a ré, via seu serviço de atendimento, sem
sucesso.

Sentindo em seu âmago que uma ilegalidade foi cometida, e com o fim de recuperar o valor
pago indevidamente, vem à presença de Vossa Excelência buscar auxílio e o faz com toda
razão. Vejamos.

DIREITO
O Código de Defesa do Consumidor assegura a proteção dos direitos básicos do
consumidor, entre eles, a proteção contra quaisquer práticas comerciais abusivas. Nos
artigos 39 e 84 do CDC estão previstas as práticas abusivas e, no segundo citado, as
tutelas:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas:
(...)
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
(...)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

O chamado “despacho postal”, primeiramente com a nomenclatura de “taxa postal de


desembaraço aduaneiro” e posteriormente chamado apenas de “despacho postal”, instituído
na 18ª. Reunião Ordinária de 2014 da ECT, ocorrida em 12 de maio daquele ano (cópia em
anexo – item 1.3.2), é considerado abusivo na medida em que elevou sem justa causa o
preço do serviço sem qualquer contraprestação ao consumidor.
A custódia das encomendas até a sua entrega final é um serviço já pago pelo
destinatário na oportunidade da compra internacional, e o recolhimento do imposto de
importação e o seu repasse à União é um serviço que a ECT presta à Receita Federal.
Além disso, como é sabido, demora meses para os destinatários receberem suas remessas.

Não bastasse esta cobrança ilegal ter sido anteriormente realizada apenas nas encomendas
tributadas, agora a ECT pretende cobrar o valor do “despacho postal” em TODAS as
encomendas, independentemente de serem tributadas ou não, como pode ser visto no
próprio site da empresa:

Brasília, 20/12/2017 - Os Correios concluíram este mês a implantação total do novo


Modelo de Importação, criado em parceria com a Receita Federal. Agora, os três
centros internacionais da empresa, no Paraná, Rio de Janeiro e em São Paulo,
utilizam a nova plataforma eletrônica de desembaraço aduaneiro. Com isso, os
órgãos de controle realizam as fiscalizações de forma automática e o consumidor
pode interagir eletronicamente durante todo o trâmite, enviando documentos
complementares, solicitando revisão de tributos e realizando o pagamento dos
impostos pela internet, de forma simplificada.
(...)
Com o novo modelo implantado, todas as encomendas internacionais estão
sujeitas à cobrança do serviço. Na plataforma antiga, em que o destinatário
precisava se deslocar até uma agência para retirar a encomenda, o despacho
era devido para os objetos tributados. A partir de 20 de janeiro de 2018, o valor
será cobrado de todas as encomendas que tiverem declaração eletrônica no
ambiente Minhas Importações1.

Resta cristalino o descabimento da cobrança do “despacho postal” feita pela ECT e, na


hipótese do “despacho postal” ter amparo e ser legitimo, no futuro a ré poderá
perfeitamente cobrar outras taxas da mesma “natureza”, tais como "Taxa para ir buscar o
pacote no armazém", "Taxa para transportar o pacote do armazém ao balcão de
entrega", "Taxa para preenchimento dos formulários para a entrega da mercadoria no
balcão de entrega", exemplos que servem para mostrar o verdadeiro ABSURDO
representado por essa indevida cobrança.

Apenas como exercício de argumentação e para que não se perca o foco e “como” e “para
que” a ECT foi criada, temos o Decreto Federal n° 8016/2013

Art. 4º - A ECT tem por objeto social, nos termos da lei:


(...)
§ 3º - A ECT, no exercício de sua função social, é obrigada a assegurar a
continuidade dos serviços postais e telegráficos, observados os índices de

1
Disponível em: <https://www.correios.com.br/noticias/correios-implanta-novo-modelo-de-importacao-em-
todos-os-centros-internacionais-com-novas-regras-para-o-despacho-postal>
confiabilidade, qualidade, eficiência e outros requisitos fixados pelo Ministério das
Comunicações.
(...)
Art. 6º O capital social da ECT é de R$ 2.070.231.254,11 (dois bilhões, setenta
milhões, duzentos e trinta e um mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e onze
centavos), constituído integralmente pela União.

Continuando, uma das obrigações Ré é a guarda de todas as encomendas e a


comunicação das exigências fiscais é serviço prestado a Receita Federal e não ao
contribuinte do imposto de importação e pseudo-devedor do despacho postal. Vejamos o
que determina o Decreto Federal n° 1789/1996:

Art 23. Serão estabelecidos em norma conjunta das autoridades postal e


aduaneira regionais:
I - as cautelas que assegurem o pagamento de tributos ou o cumprimento, pelos
destinatários, de outras exigências fiscais que condicionem a entrega das remessas
e sua saída do correio permutante;
IV - o local destinado à conferência aduaneira, as condições de recebimento ou
expedição de remessas expressas, seu depósito e guarda, bem como as cautelas
que impeçam a utilização fraudulenta deste serviço;
Art 24. As unidades postais devem ser dotadas de instalações adequadas à natureza
e volume dos serviços, de modo a garantir sua perfeita execução pelos funcionários
postais e aduaneiros, bem como a necessária segurança para as remessas.
Art 25. À Administração Postal compete:
IV - a guarda e o manuseio das remessas;
V - a expedição de avisos postais aos destinatários, aos remetentes ou aos
correios de origem, em decorrência de suas atividades ou de decisão da Alfândega;
VIII - a entrega das remessas liberadas pela Alfândega;
IX - a comprovação, perante a Alfândega, de que às remessas sujeitas ao
pagamento de tributo ou a outra exigência fiscal foi dada a destinação para a qual
tenham sido liberadas;
X - a comprovação, perante a Alfândega, do pagamento do imposto incidente sobre
remessas não sujeitas ao regime de importação comum;
XIV - as demais atividades necessárias ao cumprimento de suas obrigações.”
(grifos nossos)

Ora, é obrigação do Correio desempenhar as atividades para o qual foi criado e seus
deveres especificados em lei e, em contrapartida, ser remunerado por este serviço prestado
com o valor que cobra do frete.

O despacho postal, como já dito, é uma segunda cobrança para um mesmo serviço, qual
seja, serviço de transporte e entrega de encomendas, neste caso internacionais. Este
serviço tem custos, é verdade, mas é uma das atividades para o qual o correio foi criado e
que já é pago pelo destinatário na oportunidade da compra e do pagamento da mercadoria
internacional.
A ECT não informa qual o serviço que efetivamente presta ao destinatário que justifique a
cobrança do despacho postal e seu pagamento por quem já pagou o frete quando efetuou a
compra no site internacional.

E dizer que cobra porque está previsto em acordos internacionais é argumento chulo, visto
que nenhum acordo internacional pode contrariar a legislação brasileira, neste caso o
Código de Defesa do Consumidor.

Não existe serviço prestado que justifique tal cobrança, afinal, para saber se vai incidir
imposto de importação em alguma encomenda internacional, todas precisam passar pelo
recinto alfandegário. Pior ainda é especificar serviços prestados a Receita Federal e não ao
destinatário da encomenda e achar que o destinatário é quem deve arcar com esses custos.

É uma cobrança abusiva que, por óbvio, deve ser afastada.

E, para demonstrar razão nos alegados, algumas jurisprudências sobre o tema:

STF - DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO – MATÉRIA FÁTICA –


INTERPRETAÇÃO DE NORMAS LEGAIS – FALTA DE PREQUESTIONAMENTO –
INVIABILIDADE – AGRAVO DESPROVIDO. 1. Colegiado de origem confirmou o
entendimento do Juízo quanto à procedência do pedido de reconhecimento da
ilegalidade da cobrança da tarifa de despacho postal. No extraordinário cujo
processamento busca alcançar, a recorrente aponta a violação os artigos 5º, 21,
inciso X, e 22, inciso V, da Constituição Federal. Discorre a natureza do serviço
postal, afirmando que, ante a relevância, somente pode ser exercido pela União, com
outorga à ECT, o que justifica a cobrança da taxa postal. Diz incabível a imunidade
concedida. 2. A recorribilidade extraordinária é distinta daquela revelada por simples
revisão do que decidido, na maioria das vezes procedida mediante o recurso por
excelência – a apelação. Atua-se em sede excepcional à luz da moldura fática
delineada soberanamente pelo Tribunal de origem, considerando-se as premissas
constantes do acórdão impugnado. A jurisprudência sedimentada é pacífica a
respeito, devendo-se ter presente o Verbete nº 279 da Súmula do Supremo: Para
simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. Colho da decisão
recorrida o seguinte trecho: A pretensão recursal da ECT não merece acolhida. É que
no julgamento do Recurso Cível nº 5009085-19.2014.404.7102, a Turma reconheceu
que o valor pago a título de despacho postal, seja porque a despesa já foi antecipada
pelo remetente do serviço postal, seja diante da abusividade da cobrança, deve ser
restituído à parte. Transcrevo trecho do voto proferido no referido julgado: “Da Taxa
para Despacho Postal cobrada pelo Correios […] De início, anoto que a taxa de
Despacho Postal, exigida a partir do mês de junho de 2014, não se caracteriza como
tributo (o que, se fosse o caso, de pronto afastaria a competência da ect para sua
instituição). Trata-se de verdadeira contraprestação por dado serviço, de sorte que a
análise deve ser feita não sob o prisma tributarista, mas sim à luz do direito
consumerista. Portanto, afastada a natureza tributária da referida 'taxa', analiso a
contraprestação com base no Código de Defesa do Consumidor. Nesse ponto,
registro que o Código de Defesa do Consumidor estabelece que consumidor é toda
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final (art. 2º, caput) e que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços (art. 3º, caput), esclarecendo que serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista (art. 3º, § 2º). A ect é uma empresa pública federal prestadora de serviço,
enquadrando-se no conceito de fornecedor (art. 3º) para fins de aplicação do CDC.
Assim, à luz do Código de Defesa do Consumidor, tenho que a taxa é claramente
abusiva, haja vista que o remetente já pagou pelo serviço postal por meio de selos ou
carimbos específicos, colados ou apostos na origem, quando da remessa da
mercadoria por meio dos Correios. Destarte, ao cobrar a referida taxa, sem que haja
alguma causa para tanto, incorre na vedação prevista no art. 39 do CDC: Art. 39. É
vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (...) V
- exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; (...) X - elevar sem justa
causa o preço de produtos ou serviços Em outras palavras, a custódia das
encomendas até a sua entrega final é um serviço já pago pelo remetente, e o
recolhimento do imposto de importação e o seu repasse à União é prestado à Receita
Federal, não havendo razão para a cobrança da referida taxa. Feitas tais
considerações, tenho que a Taxa para Despacho Postal é abusiva. Deve-se ressaltar
que a “taxa” de Despacho Postal, por representar verdadeira contraprestação por
serviço específico, não constitui hipótese tributária. E ainda que se tratasse de taxa
de serviço, não seria da ECT a competência para a instituição, na forma dos arts. 145
a 149 da CF; arts. 77 a 80 do CTN e art. 2º do Decreto-Lei nº 509/69. As razões do
extraordinário partem de pressupostos fáticos estranhos ao acórdão atacado,
buscando-se, em síntese, o reexame dos elementos probatórios para, com
fundamento em quadro diverso, assentar-se a viabilidade do recurso. A par desse
aspecto, o acórdão impugnado revela interpretação de normas estritamente legais,
não ensejando campo ao acesso ao Supremo. À mercê de articulação sobre a
violência à Carta da República, pretende-se submeter a análise matéria que não se
enquadra no inciso III do artigo 102 da Constituição Federal. Acresce que, no caso, o
que sustentado nas razões do extraordinário não foi enfrentado pelo Órgão julgador.
Assim, padece o recurso da ausência de prequestionamento, esbarrando nos
Verbetes nº 282 e 356 da Súmula do Supremo. Este agravo somente serve à
sobrecarga da máquina judiciária, ocupando espaço que deveria ser utilizado na
apreciação de outro processo. No mais, observem o momento da interposição, para
fins de incidência da norma processual. A publicação da decisão mediante a qual
inadmitido o recurso é posterior a 18 de março de 2016, data de início da eficácia do
Código de Processo Civil, sendo a protocolação do agravo regida por esse diploma
legal. 3. Conheço do agravo e o desprovejo. Fixo os honorários recursais no patamar
de 5 % do valor da causa, nos termos do artigo 85, § 11, do citado diploma legal. 4.
Publiquem. Brasília, 6 de outubro de 2016. Ministro MARCO AURÉLIO Relator (ARE
999006, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 06/10/2016, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-219 DIVULG 13/10/2016 PUBLIC 14/10/2016).

SANTA CATARINA - RECURSO CÍVEL Nº 5019312-50.2014.404.7205/SC -


RELATOR : Juiz Federal ADAMASTOR NICOLAU TURNES. Data do Julgamento:
21/05/2015. “ADMINISTRATIVO. CONSUMIDOR. TAXA DE NACIONALIZAÇÃO DE
DESPACHO POSTAL. CONVENÇÃO POSTAL INTERNACIONAL. CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. ILEGALIDADE. 1. A cobrança da Taxa de
Nacionalização de Despacho Postal mostra-se abusiva porque representa uma
segunda cobrança pela prestação do mesmo serviço, uma vez que a custódia
das encomendas até sua entrega final é um serviço já pago pelo remetente no
ato da compra. Por mais que haja previsão para cobrança em na Convenção Postal
Internacional, deve-se prestigiar a interpretação de acordo com as normas do
Código de Defesa do Consumidor, em especial considerando-se a ilegalidade da
tributação.” (grifos nossos)

SANTA CATARINA - RECURSO CÍVEL Nº 5025597 74.2014.404.7200/SC


RELATOR: ADAMASTOR NICOLAU TURNES. Data do Julgamento: 22/04/2015.
“TAXA DE NACIONALIZAÇÃO DE DESPACHO POSTAL. CONVENÇÃO POSTAL
INTERNACIONAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ILEGALIDADE. 1. A
cobrança da Taxa de Nacionalização de Despacho Postal mostra-se abusiva porque
representa uma segunda cobrança pela prestação do mesmo serviço, uma vez que a
custódia das encomendas até sua entrega final é um serviço já pago pelo remetente
no ato da compra. Por mais que haja previsão para cobrança em na Convenção
Postal Internacional, deve-se prestigiar a interpretação de acordo com as normas do
Código de Defesa do Consumidor, em especial considerando-se a ilegalidade da
tributação.” (grifos nossos).

SANTA CATARINA - RECURSO CÍVEL Nº 502547209.2014.404.7200 - RELATOR :


ZENILDO BODNAR. Data do Julgamento: 18/03/2015: REMESSA POSTAL. TAXA
DE NACIONALIZAÇÃO DE DESPACHO POSTAL. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. ILEGALIDADE. “1. A cobrança da Taxa de Nacionalização de
Despacho Postal mostrasse abusiva porque representa uma segunda cobrança
pela prestação do mesmo serviço, uma vez que a custódia das encomendas até
sua entrega final é um serviço já pago pelo remetente no ato da compra. Por
mais que haja previsão para cobrança em na Convenção Postal Internacional, deve-
se prestigiar a interpretação de acordo com as normas do Código de Defesa do
Consumidor.” (grifos nossos)

RIO DE JANEIRO - 7ª TURMA RECURSAL - RECURSO CÍVEL Nº 0014910-


19.2014.4.02.5151/01- RELATOR: Juiz Federal Carlos Alexandre Benjamin. Data do
Julgamento: 10/07/2015. EMENTA-VOTO: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE
IMPORTAÇÃO. ISENÇÃO TRIBUTÁRIA. COMPRA DE MERCADORIA PELA
INTERNET. DECRETO-LEI 1.804/1980 (ART. 2º, II). PORTARIA 156/1999 DO
MINISTÉRIO DA FAZENDA. ILEGALIDADE DE TAL PORTARIA. CARÊNCIA DE
AÇÃO ARGUIDA PELA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS.
INOCORRÊNCIA. TAXA DE DESPACHO POSTAL INDEVIDA. RECURSOS DA
UNIÃO FEDERAL E DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS
CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.

RIO GRANDE DO SUL – 5ª. Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do RS
- RECURSO CÍVEL Nº 5005421-46.2015.404.7101/RS – Relador: Exmo. Sr.Dr. Juiz
Federal Joane Unfer Calderaro – Data do Julgamento 10/03/2016: “Em relação à
Taxa de Nacionalização de Despacho Postal, no julgamento do Recurso Cível nº
5009085-19.2014.404.7102, esta Turma Recursal reconheceu que o valor pago a
título de despacho postal, seja porque a despesa já foi antecipada pelo
remetente do serviço postal, seja diante da abusividade da cobrança, deve ser
restituído à parte. Transcrevo trecho do voto proferido no referido julgado:

'(...) A ECT é uma empresa pública federal prestadora de serviço, enquadrando-se no


conceito de fornecedor (art. 3º) para fins de aplicação do CDC.
Assim, à luz do Código de Defesa do Consumidor, tenho que a taxa é claramente
abusiva, haja vista que o remetente já pagou pelo serviço postal por meio de
selos ou carimbos específicos, colados ou apostos na origem, quando da
remessa da mercadoria por meio dos Correios. Destarte, ao cobrar a referida taxa,
sem que haja alguma causa para tanto, incorre na vedação prevista no art. 39
do CDC:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas:
(...)
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
(...)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços
Em outras palavras, a custódia das encomendas até a sua entrega final é um
serviço já pago pelo remetente, e o recolhimento do imposto de importação e o seu
repasse à União é prestado à Receita Federal, não havendo razão para a cobrança
da referida taxa.
Feitas tais considerações, tenho que a taxa para despacho Postal é abusiva.
(...)
Consequentemente, não merece provimento o recurso da ECT.” (grifos nossos).

PERNAMBUCO - 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de


Pernambuco – Recurso Inominado nº 0503044-96.2014.4.05.8311T - Relator: JUÍZA
FEDERAL RELATORA KYLCE ANNE PEREIRA COLLIER DE MENDONÇA:
Da mesma forma não se pode aceitar a sua cobrança a título de tarifa (preço
público). Ora, é sabido que nas compras internacionais pela internet o consumidor,
ao adquirir o produto, já paga o valor do frete. A Receita Federal, ao entender que o
produto deva ser tributado, encaminha-o aos Correios, que não procede a sua
entrega em domicílio, apenas avisa ao destinatário da chegada da encomenda.
Não há, portanto, serviço prestado pelos Correios a fundamentar tal cobrança.
Por outro lado, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor define como
prática abusiva a elevação de preços sem justa causa, vedando-a. Vejamos:
“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: [...] X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; [...]”
Considerando que o autor já pagou o frete quando da aquisição do produto, que a
custódia das encomendas até a sua entrega final ao destinatário é um serviço já
pago pelo remetente, e que a ECT não faz qualquer entrega no domicílio do
consumidor de encomendas tributadas, ressai que a cobrança de tarifa postal sem
qualquer contrapartida para o consumidor é abusiva, elevando sem justa causa o
preço do serviço, indo de encontro às possibilidades de instituição de cobrança.
Indevida, pois, a sua cobrança. (grifos nossos)

SERGIPE – Recurso Inominado nº 0508186-96.2014.4.05.8500S - Turma Recursal


dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de Sergipe – Juiz Relator:
Exmo. Sr. Dr. Fernando Escrivani Stefaniu – Data do Julgamento: 12/09/2016 –
manteve sentença de 1º Grau que assim decidiu: “Em relação ao pagamento da taxa
postal, atualmente chamada de despacho postal, somente é exigível quando a
mercadoria sofre a incidência de imposto de importação, ou seja, é verba
acessória, nos termos da legislação civil. Com espeque em tais fundamentos,
inexistindo a cobrança do imposto de importação, não deve subsistir a
cobrança da "taxa postal".” (grifos nossos);

RIO DE JANEIRO – 7ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção


Judiciária do Estado do Rio de Janeiro - Recurso Inominado nº 0014910-
19.2014.4.02.5151 – Relator: Exmo. Sr. Dr. CARLOS ALEXANDRE BENJAMIN –
Data do Julgamento 10/06/2015: “14. O recurso interposto pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos também não pode ser provido. De plano,
rejeita-se a arguição de carência de ação, pois o juízo recorrido condenou a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos a liberar a mercadoria importada pelo autor, sem o
pagamento de imposto de importação e do despacho postal. No mérito, embora a
cobrança de taxa de despacho postal, no valor de R$ 12,00, tenha previsão em
norma internacional da União Postal Universal, agência especializada da
Organização das Nações Unidas responsável por coordenar as atividades postais no
mundo (http://www.correios.com.br/para-voce/noticias/esclarecimento-cobranca-de-
despacho-postal-1), as remessas postais internacionais isentas de pagamento de
imposto de importação continuam liberadas do pagamento da taxa de despacho
postal. De fato, segundo informação extraída do site dos Correios, apenas nas
encomendas acompanhadas de Nota de Tributação Simplificada haverá a
cobrança do despacho postal, no valor de R$ 12,00: Informamos que para as
encomendas acompanhadas da Nota de Tributação Simplificada – NTS haverá a
cobrança do Despacho Postal. A cobrança terá o valor de R$ 12,00 (doze reais) por
objeto e ocorrerá no momento do recolhimento dos tributos (Imposto de Importação e
ICMS) nas Agências de Correios. (http://correios.com.br/para-
voce/avisos/copy_of_chamamento-publico-ceser-ndeg-001-2014). 15. Infere-se,
assim, que, nas encomendas internacionais Isentas de tributação, como ora
reconhecido, não haverá a cobrança do despacho postal”.

SOBRE A TUTELA INIBITORIA


A tutela inibitória tem como fito a prevenção da prática da continuação ou da repetição
do ilícito, não tendo para tanto caráter punitivo e sim preventivo. Assim, caberá o uso
da inibitória em face de alguém que mesmo que sem culpa estiver na iminência de praticar
um ilícito. (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória Individual e Coletiva. 4ª ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 36).

Imperiosa é a observação feita pela doutrina que a melhor definição legislativa da inibitória é
aquela que admite a tutela na forma pura (antes que se tenha ocorrido o ilícito) e não
apenas para impedir a continuação ou repetição do ilícito. (MARINONI, Luiz Guilherme.
Tutela Inibitória Individual e Coletiva. 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 31).

Essa definição legislativa é encontrada no ordenamento jurídico pátrio através do interdito


proibitório e do mandado de segurança preventivo e principalmente pelo art. 5.º, XXXV da
CF. (MARINONI, Luiz Guilherme. Ob. cit., p. 56) sendo o fundamento maior da tutela
inibitória, ou seja, a base de uma tutela preventiva geral:

Art. 5º(...)
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.

Quanto a lei processual civil e defesa do consumidor, que atingem esta ação, a tutela
inibitória tem fundamento no que reza o caput dos artigos art. 497 do CPC e art. 84 do CDC:

Art. 497 do CPC: Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer,
o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a
prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é
irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou
dolo.

Art. 84 do CDC: Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

Buscando atender seu objetivo e vislumbrando sua aplicação de forma efetiva, é


imprescindível a possibilidade do uso da multa, como meio de coerção capaz de convencer
os réus a fazer ou não fazer, conforme se tema a sua ação ou omissão. A respeito, as
jurisprudências apresentadas demonstram o quão as ações da Ré vem paulatinamente
sendo consideradas ilegais.

DOS PEDIDOS
Ante o exaustivamente aqui exposto, requer se digne V. Exa. JULGAR PROCEDENTE A
TOTALIDADE OS PEDIDOS determinando:
1º) a citação da Ré para, querendo, contestarem este pedido, no prazo legal, aplicando-se,
no que couber, o art. 307 do CPC.

2º) a devolução do valor que a Autor pagou a Ré, de R$15,00 (quinze reais) EM
DOBRO, ou seja, R$30,00 (trinta reais), a ser atualizado monetariamente desde a data do
efetivo recolhimento, qual seja, (colocar a data que você pagou), até a data de sua efetiva
restituição, valor este cobrado a título de “despacho postal”, tudo de acordo com o art. 42,
parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor.

3)º seja concedida a Tutela Inibitória contida no artigo 497 do CPC c/c art. 84 do CDC,
por decisão judicial, para que a segunda Ré, ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE
CORREIOS E TELEGRAFOS, fique IMPEDIDA de cobrar do Autor, (colocar seu nome e
CPF) o “despacho postal”, que hoje compreende o valor de R$15,00 (quinze reais), para
cada encomenda internacional, evitando-se demandas judiciais futuras, sob pena de
multa correspondente a 01 (um) salário mínimo mensal por cada remessa indevidamente
cobrada.

4º) O protesto pela posterior juntada de todas as provas admitidas em direito que se fizerem
necessárias no decorrer do feito.

5º) Atendendo ao disposto no inciso VII do art. 319 do novo CPC, informa a V. Exa. que não
se faz necessário a realização de audiências, visto que a presente ação só comporta a
produção de prova documental.

Dá-se a causa o valor de R$30,00 (trinta reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento

(sua cidade), _____ de ______ de 2018.


DOCUMENTOS EM ANEXO:
- Carteira de identidade com CPF do Autor;
- Comprovante de residência;
- Fatura do cartão de credito do Autor c/a compra; Paypal boleto
- Tela da compra; ou e-mail da compra
- Recibo de pagamento do despacho postal fornecido pela ECT.
ATENÇÃO

*Tudo que está em vermelho você vai preencher com seus dados e passar para cor preta,
confira tudo com calma pois não pode haver erros!
*Preste atenção na relação acima, veja se você vai juntar a fatura do cartão, Paypal ou
boleto, aí deleta as outras alternativas, faça o mesmo com a tela da compra ou e-mail. É
importante não deletar essa relação de documentos acima, para ficar especificado quais
documentos foram juntados.
*Esta petição e todos os documentos precisam estar em arquivo .PDF bem legíveis e na
posição correta, não pode estar de cabeça para baixo, torto, de lado.
*Se houver processo digital na sua cidade/estado, leve tudo em um pen drive, sem não tiver
processo eletrônico você terá que imprimir.
*Esta petição é para uma única encomenda, não faça processo com duas ou mais
encomendas por que tem maiores chances de não obter sucesso.
*Por último apague esses avisos da petição, deixe apenas a lista de documentos em anexo,
boa sorte!

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