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SUBCULTURA, CONTRACULTURA OU AMBOS?????????????????????????????????????

Eu pensei inicialmente que os negros militantes seriam uma subcultura, por que os significados
que eles querem ligar ao turbante é diferente do que se dá a ele quando virou moda e todo
mundo tá usando pq viu na Vogue. Porém, os negros sabem qual significado que todos os
outros dão, mas querem que eles pensem de modo diferente, ou seja, eles são um movimento
de contracultura. Os negros entendem que o turbante é visto como de macumba, de negro
(pejorativamente), exótico; o que eles (os negros do movimento da negritude) buscam é
mudar isso. Mas isso não quer dizer que eles formem uma subcultura.... ainda estou pensando,
mas vejamos bem.... há negros do movimento da negritude que usam turbante e afirmam que
é ligado a religião, afirmação religiosa e tal; outros não são de religiões afro-brasileiras, como
Gioconda, ela não está afirmando religião e sim a cultura africana, raízes, etc. São significados
diferentes dados por eles. Por outro lado, uma pessoa de religião afro-brasileira pode ligar o
turbante apenas ao culto aos orixás e não à negritude. Ou seja, não há uma homogeneidade
que gere um pensamento negro único, igual, compartilhado por todos... não há um subcultura.
Existe um movimento que defende as questões da religião pq ela está relacionada a uma
identidade negra. Pq no fim das contas, deseja-se valorizar e afirmar a negritude, o negro,
numa forma de resistência ao racismo, que é justamente baseada na quebra com a cultura
hegemônica. Ou seja, esses significados não são unificados nem entre eles, mas são pensandos
de modo que subvertam os significados construídos num ponto de vista eurocêntrico e racista.
É um desejo de subversão, de contracultura e não a composição de uma subcultura ou de uma
cultura totalmente diferente da Ocidental. Eles sabem os significados pq fazem parte da
cultura ocidental e racista, mas pensam sobre si mesmo e desejam mudar, fazendo atos que
pareçam ou prometam ir de encontro aos significados dados pelo racismo. Porém, eles não
formam uma subcultura. Não existe uma subcultura negra... existe uma identidade cultura
negra que se manifesta por meio de diferentes materialidades, onde a religião, o corpo, a
música fazem parte... elas podem ser vistas de forma racista, do ponto de vista do movimento
ou de qualquer outro ponto de vista. Não existe significado certo ou errado, e não tem uma
homogeneidade entre todos os negros.

Por outro lado, as pessoas do movimento poderiam ser uma subcultura. Eles tão dentro de
uma cultura eurocêntrica, racista, ocidental, e tal e tal... tanto que conseguem entender os
significados disfóricos que são dados a tudo que carrega negritude. Mas, mesmo dentro disso,
eles são outros significados as coisas.... significados eufóricos, o bonito, a coroa, o poder, etc.
Eles compartilham os valores de afirmação e euforização que definem essas atitudes deles
contra a cultura hegemônica racista e eurocêntrica. E para ser um movimento de
contracultura, vc precisa de uma cultura que seja diferente.... como vai opor se vc é
completamente igual. Vc está dentro dessa cultura e quer mudar por meio de outros
significados que são compartilhados entre os indivíduos do movimento. E se eu estou os
estudando como um grupo de pessoas que tem uma cultura, então seria um subcultura... eles
possuem uma cultura dentro de uma cultura maior. Tanto que as escolhas deles do que é pra
afirmar e euforizar parte daquilo que outrora foi racializado como de negro, inferiorizado e
passado por uma tentativa de aniquilação.
Quando eu olho e vejo alguém de turbante eu não penso: é do candomblé... é africana... eu
penso que essa pessoa afirma e valoriza a negritude. É o que tenho apreendido durante a
netnografia... a religião, a africanidade etc são meio usados para afirmar isso... pq isso se
relaciona a negritude. Mas há pessoas que usam e são cristãs, como católicas e testemunhas
de jeová, há pessoas que deixam o cabelo afro crescer, mas são ateias, e acima de tudo são
brasileiras. Eu reconheço uma diferença neles, mas é muito ligada ao desejo de subversão e
não q todos são realmente do candomblé, africanos ou de descendência direta e pura, gostam
de samba e tal... complicated.

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