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º 92
DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 160,00
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policial ou que sejam réus em acção penal ou processo admi- b) Coercivo, quando não é efectuado no prazo estabe-
nistrativo pela prática de crimes que tenham relação com os lecido na alínea anterior e incide, exclusivamente,
recursos ilicitamente detidos ou expatriados para o estran- sobre recursos financeiros provenientes de operações
geiro, designadamente: comprovadamente ilícitas, aplicando-se nesse caso o
a) Terrorismo, inclusive o seu financiamento; regime estabelecido no Capítulo III, da presente Lei.
b) Organização terrorista;
c) Tráfico de pessoas e tráfico sexual de pessoas e de CAPÍTULO II
menores; Repatriamento Voluntário
d) Tráfico de órgãos; ARTIGO 5.º
e) Escravidão e servidão; (Entidade competente)
f) Tráfico ilícito de estupefacientes, substâncias psi- O procedimento para o repatriamento dos recursos finan-
cotrópicas e precursores, puníveis com pena de ceiros corre os seus trâmites junto das instituições financeiras
prisão superior a 8 anos; bancárias domiciliadas no território nacional, sob supervisão
g) Contrabando ou tráfico de armas, munições ou do Banco Nacional de Angola.
material destinado à sua produção; ARTIGO 6.º
h) Pornografia infantil, inclusive via internet; (Procedimento para os recursos repatriados voluntariamente)
i) Contra a segurança do Estado; 1. As pessoas singulares residentes nacionais e as pessoas
j) Extorsão mediante sequestro; colectivas com sede em Angola que pretendem repatriarem os
k) Peculato; seus recursos financeiros ao abrigo da alínea a) do artigo 4.º
l) Crimes relacionados com a subtracção de recursos e, consequentemente, beneficiar dos efeitos previstos no
financeiros do erário público. artigo 8.º, da presente Lei, devem fazê-lo transferindo os
ARTIGO 3.º referidos recursos para conta aberta em instituição financeira
(Definições) bancária domiciliada em território angolano.
Para efeitos do disposto na presente Lei, entende-se por: 2. Para efeitos do disposto no número anterior a institui-
a) «Recursos financeiros», os depósitos bancários, à ção financeira bancária interveniente, deve dar cumprimento,
ordem, a prazo ou na forma de certificados de com as necessárias adaptações, ao disposto no Capítulo II da
depósito ou de aforro, em contas domiciliadas em Lei n.º 34/11, de 12 de Dezembro — Lei Sobre o Combate ao
instituições financeiras bancárias no Estrangeiro; Branqueamento de Capitais e Financiamento do Terrorismo.
b) «Conta de depósito bancário», qualquer conta ban- ARTIGO 7.º
cária aberta para constituição de uma das modali- (Dever de sigilo)
dades de depósito previstas no Aviso n.º 10/2016, 1. É assegurado às pessoas que repatriam os seus recursos
de 5 de Setembro, sobre abertura, movimentação financeiros ao abrigo da alínea a) do artigo 4.º o sigilo bancário
e encerramento de contas de depósito bancário; e fiscal sobre as informações prestadas e os valores repatria-
c) «Beneficiário efectivo», as pessoas singulares pro- dos, nos termos previstos na Lei de Bases das Instituições
prietárias últimas ou detentoras do controlo final Financeiras bancárias e normas ou regulamentos comple-
de um cliente ou as pessoas no interesse das quais mentares aplicáveis, bem como no Código Geral Tributário
é efectuada uma operação, conforme dispõe alínea b) e legislação fiscal complementar.
do artigo 2.º da Lei n.º 34/11, de 12 de Dezem- 2. Sem prejuízo do disposto na Lei n.º 34/11, de 12 de
bro, Lei Sobre o Combate ao Branqueamento de Dezembro — Lei Sobre o Combate ao Branqueamento de
Capitais e Financiamento do Terrorismo; Capitais e Financiamento do Terrorismo, é vedada a divulgação
d) «Referências a titulares de recursos financeiros», ou utilização indevida das informações relativas a qualquer
incluem os seus beneficiários efectivos, quando repatriação de recursos financeiros efectuada nos termos do
aplicável; Capítulo II da presente Lei, em qualquer formato ou para
e) «Recursos financeiros ilícitos», são os recursos obti- qualquer finalidade.
dos em violação à legislação nacional ao tempo 3. Sem prejuízo de outras sanções aplicáveis, a violação
da prática do facto. do dever de sigilo previsto no número anterior do presente
ARTIGO 4.º artigo é punível nos termos do Código Penal.
(Modalidades de repatriamento)
ARTIGO 8.º
Para efeitos do disposto na presente Lei o repatriamento (Efeitos de natureza fiscal, cambial e criminal)
de recursos financeiros é considerado: 1. O repatriamento voluntário dos recursos, efectuados
a) Voluntário, quando é efectuado durante o período de nos termos previstos no presente Capítulo, produz os seguin-
180 dias a contar da data de entrada em vigor da tes efeitos:
presente Lei, aplicando-se, nesse caso, o regime a) Extinção de quaisquer obrigações fiscais e cambiais
estabelecido no seu Capítulo II; exigíveis em relação àqueles recursos financeiros;
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b) Exclusão de toda e qualquer responsabilidade por 3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, compete
eventuais infracções fiscais, cambiais e criminais ao Banco Nacional de Angola estabelecer as instruções jul-
desde que conexas com os referidos recursos. gadas necessárias, tendo em vista o referido repatriamento.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, a extinção ARTIGO 11.º
dos respectivos procedimentos ou processos, fica dependente (Incentivos do regime do repatriamento voluntário)
da transferência efectiva dos recursos financeiros para conta Para efeitos de aplicação do regime de repatriamento
de depósito bancário junto de uma instituição financeira ban- voluntário a que se refere o n.º 1 do artigo 4.°, o Estado pode
cária domiciliada no território nacional.
conceder os seguintes incentivos, de acordo com a legisla-
3. Estão igualmente abrangidas pelos efeitos previstos no
ção em vigor:
presente artigo, as pessoas singulares e colectivas que à data
a) A aplicação em um organismo de investimento
da publicação da presente Lei, já tenham repatriado os seus
recursos financeiros para uma conta de depósitos bancários colectivo fechado, tendo como participantes o
mantida junto de instituição financeira bancária domiciliada Estado e os titulares dos recursos financeiros
no território nacional. repatriados, com capital garantido e capitalização
4. Sem prejuízo do disposto na Lei n.º 34/11, de 12 de ou remuneração mínima garantida sob gestão de
Dezembro — Lei Sobre o Combate ao Branqueamento de entidade gestora de organismos de investimento
Capitais e Financiamento do Terrorismo, as informações e colectivo autorizada;
documentos relativos à operação de transferência dos recur- b) O investimento em títulos em moeda estrangeira,
sos financeiros efectuada nos termos deste Capítulo, não ao portador e livremente transaccionáveis, com
podem ser utilizados como indício ou elemento para efeitos
a maturidade nunca inferior a 5 anos.
de qualquer procedimento fiscal, cambial, penal, civil, disci-
plinar ou contravencional. CAPÍTULO III
5. As operações resultantes do repatriamento voluntário e Repatriamento Coercivo e seus Efeitos
as transacções de aplicação ou reinvestimento desses recursos
ARTIGO 12.º
financeiros ficam isentos do imposto de selo. (Repatriamento coercivo dos recursos financeiros ilícitos
6. Os efeitos previstos no n.º 1 do presente artigo, não se veri- e seus efeitos)
ficam sempre que as pessoas referidas no n.º 1 do artigo 2.º da O regime do repatriamento coercivo previsto no presente
presente Lei, apresentarem declarações ou documentos falsos Capítulo aplica-se exclusivamente, a recursos financeiros
relativos à titularidade e à condição jurídica dos recursos finan-
de origem ilícita, após o termo do período para o repatria-
ceiros declarados.
mento voluntário, estabelecido na alínea a) do artigo 4.º da
ARTIGO 9.º
(Utilização dos recursos repatriados voluntariamente) presente Lei.
ARTIGO 13.°
Os recursos financeiros repatriados voluntariamente, são
(Procedimentos de repatriamento coercivo)
aplicados em programas de desenvolvimento económico e
social, direccionados pelo Estado, em condições a definir 1. Findo o prazo previsto na alínea a) do artigo 4.° da
pelo Titular do Poder Executivo. presente Lei, os recursos financeiros obtidos de forma ilícita
ARTIGO 10.° e mantidos no exterior do País, são objecto de repatriamento
(Impossibilidade de cumprimento do repatriamento) coercivo pelo Estado.
1. Considera-se cumprido o requisito de repatriamento 2. Para efeitos do número anterior os órgãos competentes
previsto na alínea a) do artigo 4.º da presente Lei, quando: do Estado devem instruir os respectivos processos, com vista
a) Não seja possível por razões de ordem legal ou admi-
à aplicação das sanções legalmente previstas e a apreensão
nistrativa, o repatriamento dos recursos financeiros;
b) O titular dos recursos financeiros entrega ao Banco dos recursos em causa.
Nacional de Angola, no prazo de repatriamento ARTIGO 14.º
voluntário, uma declaração emitida pela instituição (Destino dos recursos repatriados coercivamente)
de domiciliação dos referidos recursos ou outra Os recursos financeiros repatriados coercivamente rever-
entidade legal com competência para tal, conforme tem, na totalidade, a favor do Estado e destinam-se a financiar
o caso, a confirmar e justificar a impossibilidade
projectos sociais.
legal ou administrativa de repatriamento do refe-
rido valor total ou parcial, e o prazo previsto de ARTIGO 15.º
duração do impedimento. (Recuperação de recursos financeiros)
2. O repatriamento deve ser efectuado logo que se veri- 1. Compete ao Titular do Poder Executivo criar ou atribuir
fique a cessação do facto impeditivo, altura a partir da qual a órgão específico a missão de identificação e recuperação de
se produzem os efeitos do repatriamento previsto no artigo 8.º recursos financeiros remetidos ou mantidos no exterior da
da presente Lei. República de Angola, em violação da legislação aplicável.
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cípios regulamentares e os procedimentos necessários à boa A presente Lei estabelece os princípios e as bases gerais do
execução da presente Lei. investimento privado na República de Angola, fixa os bene-
ARTIGO 19.º fícios e as facilidades que o Estado Angolano concede aos
(Arquivo) investidores privados e os critérios de acesso aos mesmos,
As pessoas singulares residentes nacionais e as pessoas bem como estabelece os direitos, os deveres e as garantias
colectivas que repatriarem os seus fundos ao abrigo do dos investidores privados.
Capítulo II da presente Lei devem manter em arquivo, por ARTIGO 2.º
(Âmbito)
um período de 10 anos, cópias dos documentos comprovati-
vos dos referidos repatriamentos. 1. A presente Lei aplica-se a investimentos privados de
ARTIGO 20.º qualquer valor, sejam eles realizados por investidores inter-
(Dúvidas e omissões) nos ou por investidores externos.
As dúvidas e as omissões resultantes da interpretação e 2. A presente Lei não é aplicável aos investimentos rea-
da aplicação da presente Lei são resolvidas pela Assembleia lizados por sociedades de domínio público em que o Estado
Nacional. detém a totalidade ou a maioria do capital.
ARTIGO 21.º 3. A presente Lei não se aplica, ainda, àqueles sectores
(Entrada em vigor) de actividade cujo regime de investimento é regulado por
A presente Lei entra em vigor à data da sua publicação. lei especial.
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, ARTIGO 3.º
(Definições)
aos 17 de Maio de 2018.
O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Para efeitos da presente Lei, considera-se:
a) «Aumento do Investimento», operação de aporte de
Dias dos Santos.
recursos adicionais em relação ao investimento
Promulgada, aos 13 de Junho de 2018.
inicialmente declarado, registado e realizado, com
Publique-se. vista a aumentar a sua escala;
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves b) «Benefícios», benefícios fiscais e aduaneiros que
Lourenço. implicam uma redução ou isenção da taxa do tributo;
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c) «Investimento Privado», utilização de recursos por j) «Investidor Externo», qualquer pessoa, singular ou
empresas de direito privado, nacionais ou estran- colectiva, não residente cambial que realize inves-
geiras, mediante alocação de capital tecnologia timento nos termos da alínea e) do presente artigo;
e conhecimento, bens de equipamentos e outros, k)«Reinvestimento», aplicação em território nacio-
destinadas à manutenção ou ao aumento do stock nal da totalidade ou de parte dos lucros gerados
de capital; pelo investimento interno ou externo devendo o
d) «Investimento Interno», realização de projecto de mesmo obedecer às regras a que está sujeito o
investimento por via da utilização de capitais titu- investimento inicial;
lados por residentes cambiais, podendo estes, para l) «Sociedade-Veículo», sociedade por via da qual é
além de meios monetários, adoptar, igualmente, a implementado o Projecto de Investimento Privado.
forma de tecnologia e conhecimento ou bens de CAPÍTULO II
equipamentos e outros, através de financiamentos, Princípios do Investimento Privado
ainda que contratados no exterior;
ARTIGO 4.º
e) «Investimento Externo», realização de projectos (Princípios gerais)
de investimento por via de utilização de capitais A política de investimento privado e de atribuição de bene-
titulados por não residentes cambiais, podendo fícios e facilidades obedece aos seguintes princípios gerais:
estes, para além de meios monetários, adoptar, a) Respeito pelos princípios e objectivos da política
igualmente, a forma de tecnologia e conhecimento económica nacional;
ou de bens de equipamentos e outros; b) Respeito pela propriedade privada e demais direi-
f) «Investimento Directo», todo o investimento privado, tos reais;
interno ou externo, que consista na utilização c) Respeito pelas regras da economia de mercado, na
no território nacional de capital, tecnologia e base dos valores e princípios da sã concorrência, da
conhecimento, bens de equipamento e outros em moralidade e da ética entre os agentes económicos;
projectos económicos ou na utilização de fundos d) Respeito pela livre iniciativa económica e empresa-
destinados à criação de novas empresas, agrupa- rial, excepto para as áreas definidas como sendo
mentos de empresas, nacionais ou estrangeiras, de reserva do Estado pela Constituição e pela lei;
bem como à aquisição total ou parcial de empre- e) Garantias de segurança e protecção do investimento;
sas de direito angolano já existentes, com vista à f) Garantia da livre circulação de bens e de capitais,
criação ou continuação de determinada actividade nos termos e limites legais;
económica e participação directa na sua gestão, de g) Respeito pelos acordos e tratados bilaterais e multi-
acordo com o respectivo objecto social; laterais sobre a matéria de que o Estado seja parte.
g) «Investimento Indirecto», todo o investimento, ARTIGO 5.º
interno ou externo, realizado por empresas de (Princípio da conformação política e legal)
direito privado que, não constituindo investimento A realização do investimento privado de acordo com o pre-
directo, compreenda, isolada ou cumulativamente, visto na presente Lei, independentemente da forma de que se
movimentação de capital e outros instrumentos revista, deve contribuir para o crescimento e desenvolvimento
financeiros, tais como aquisição de acções, títu- económico e social, e conformar-se com as disposições da pre-
los de dívida pública, empréstimos, suprimentos, sente Lei, sua regulamentação e demais legislação aplicável.
prestações suplementar de capital, tecnologia CAPÍTULO III
patenteada, processos técnicos, segredos e modelos Modalidades e Operações de Investimento
industriais, franquias, marcas registadas e outras ARTIGO 6.º
formas de acesso à sua utilização em regime, seja (Modalidades do investimento privado)
de exclusividade, seja de licenciamento restrito O investimento privado pode ser interno, externo ou misto.
por zonas geográficas ou domínios da actividade ARTIGO 7.º
industrial e ou comercial, dentre outros; (Operações de investimento interno)
h) «Investimento Misto», todo o investimento que integra 1. Nos termos e para efeitos da presente Lei consideram-se
operações de investimento interno e operações de operações de investimento interno, entre outras as seguintes:
investimento externo; a) Utilização de meios de pagamento disponíveis em
i) «Investidor Interno», qualquer pessoa, singular ou território nacional;
colectiva, residente cambial, que realize investi- b) Aquisição de tecnologia e conhecimento;
mento, nos termos da alínea d) do presente artigo; c) Aquisição de máquinas e equipamentos;
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despesas de constituição, instalação e despesas correntes. 1. É garantido o direito de propriedade intelectual, nos
ARTIGO 11.º termos da lei.
(Suprimentos para operações de investimento externo) 2. O Estado respeita e protege os direitos de posse, uso e
Os suprimentos dos accionistas ou sócios realizados para fruição da terra, bem como sobre outros recursos dominiais,
fins de investimento externo, não podem ser de valor superior nos termos da legislação em vigor.
a 30% do valor do investimento realizado pela sociedade cons- 3. É proibida a interferência pública na gestão das empre-
tituída, sendo apenas reembolsáveis passados 3 (três) anos a sas privadas, excepto nos casos previstos na lei.
contar da data de registo nas contas da sociedade. 4. É proibido o cancelamento de licenças ou autorizações
ARTIGO 12.º
sem o competente processo administrativo ou judicial.
(Limite do investimento indirecto) 5. Os investidores privados têm o direito de importar bens
Sempre que o investidor interno ou externo pretender rea- do exterior, para execução dos seus projectos, e de exportar
lizar operações qualificadas como investimento indirecto, nos bens, por si produzidos ou não, sem prejuízo das regras de
termos da presente Lei, estas não devem exceder o valor cor- protecção do mercado interno, estabelecidas por lei.
respondente a 50% do valor total do investimento. 6. O exercício da actividade de importação e exportação,
referido no número anterior, requer a obtenção das devidas
CAPÍTULO IV licenças, junto das autoridades angolanas competentes.
Direitos, Deveres e Garantias do Investidor Privado
ARTIGO 17.º
ARTIGO 13.º (Deveres gerais)
(Estatuto das sociedades) Os investidores privados devem respeitar a Constituição,
As sociedades constituídas de acordo com a lei angolana, a presente Lei e demais legislação aplicável na República de
ainda que com capitais provenientes do exterior são, para todos Angola, e em especial abster-se de directa ou indirectamente,
os efeitos legais, sociedades de direito angolano, sendo-lhes por si ou através de terceiros, praticar actos que se traduzem
aplicável a legislação angolana vigente. em ingerência nos assuntos internos do Estado Angolano.
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2. A assistência regular para o acompanhamento da imple- para as quais foram declaradas no acto do registo do inves-
mentação de Projectos de Investimento, bem como para apoiar timento, nem desviar-se do objecto que tiver sido registado.
na resolução de problemas que possam surgir com as auto- 4. As transmissões em mercados regulamentados não care-
ridades públicas, na fase de implementação dos projectos de cem de qualquer formalidade adicional, a não ser as previstas
investimento, relacionados com aspectos operacionais como no Código de Valores Mobiliários.
a obtenção de licenças de construção, obtenção do forneci- ARTIGO 45.º
mento de energia e água, obtenção de vistos, obtenção de (Alterações societárias)
licenças ambientais e outras necessidades operacionais da 1. As alterações societárias que implicam o aumento de
concretização dos investimentos privados, é disponibilizada capital social, o alargamento do objecto social, a cessão de
pela Administração Pública, por meio de serviços concentra- quotas ou transmissão de acções, estão dispensadas de autori-
dos no mesmo espaço, físico e/ou virtual, com procedimentos zação prévia do órgão competente da Administração Pública
expeditos e simplificados, nos termos a regulamentar. que procede ao registo dos investimentos e à atribuição dos
CAPÍTULO VII benefícios previstos na presente Lei, sem prejuízo da sua
Regime Cambial e Implementação dos Projectos comunicação em termos a regulamentar.
de Investimento 2. No caso em que as alterações previstas no n.º 1 do
presente artigo implicarem a importação de capitais, as
SECÇÃO I
Regime Cambial mesmas ficam sujeitas a registo no órgão competente.
3. A alteração ou alargamento do objecto do Projecto fica
ARTIGO 41.º
(Operações cambiais) sujeita a registo no órgão competente.
1. Às operações cambiais em que se traduzem os actos ARTIGO 46.º
(Força de trabalho)
referidos nos artigos 7.º, 9.º, 10.º e 19.º da presente Lei são
aplicadas as normas estabelecidas em legislação que regule 1. O investidor privado é obrigado a empregar trabalha-
matérias de natureza cambial. dores angolanos, proporcionando-lhes a necessária formação
2. A realização das operações de importação de capitais profissional e prestando-lhes condições salariais e sociais
obedece às regras definidas em regulamentação específica da compatíveis com a sua qualificação, sendo proibido qualquer
autoridade monetária e cambial. tipo de discriminação.
2. O investidor privado pode, nos termos da legislação
ARTIGO 42.º
(Valor de registo do equipamento) em vigor, admitir trabalhadores estrangeiros qualificados,
O registo do investimento privado sob a forma de impor- devendo, contudo, cumprir um rigoroso plano de formação
tação de máquinas, equipamentos e seus componentes, novos ou capacitação de técnicos nacionais, visando o preenchi-
ou usados, faz-se pelo seu valor FOB em moeda estrangeira mento progressivo desses lugares por trabalhadores angolanos.
e o seu contravalor em moeda nacional, à taxa de câmbio de 3. O plano de formação e de substituição gradual da força
referência do Banco Nacional de Angola correspondente ao de trabalho estrangeira pela nacional deve fazer parte da docu-
dia da apresentação da declaração aduaneira. mentação do Projecto de Investimento, no momento do registo.
ARTIGO 43.º CAPÍTULO VIII
(Valor das máquinas e equipamentos)
Transgressões e Penalidades
O valor das máquinas e equipamentos está sujeito a com-
ARTIGO 47.º
provação através de documento idóneo passado na origem por (Tipos de transgressões)
uma entidade de avaliação de activos, devidamente certificada.
Constituem transgressões para efeitos da presente Lei:
SECCÃO II
Implementação do Projecto de Investimento a) O uso de recursos provenientes do exterior para
finalidades diferentes daquelas para as quais foram
ARTIGO 44.º
(Execução dos projectos)
declarados e registados;
b) A prática de facturação que permita a saída ilícita de
1. A execução do Projecto de Investimento deve ter início
capitais ou falseie as obrigações a que a sociedade
dentro do prazo fixado no Certificado de Registo de Investimento
Privado. ou associação esteja sujeita, designadamente as
2. Em casos devidamente fundamentados e mediante pedido de carácter fiscal;
do investidor privado, pode o prazo referido no número ante- c) A falta de execução das acções de formação ou a
rior ser prorrogado. não substituição de trabalhadores estrangeiros
3. A execução e a gestão do Projecto de Investimento Privado por nacionais nas condições e prazos previstos
devem ser efectuadas em estrita conformidade com a legisla- no Projecto de Investimento;
ção aplicável, não podendo as contribuições provenientes do d) A falta de execução injustificada do investimento
exterior serem aplicadas para finalidades diversas daquelas nos prazos registados;
3486 DIÁRIO DA REPÚBLICA