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ESCOLA SECUNDÁRIA COM 2º E 3º CICLOS ANSELMO DE ANDRADE

Curso de Educação e Formação de Adultos (ensino básico) – Turma 2B 3A

Área: Linguagem e Comunicação - Português

A Leitura – Contos

Abril 2009

Leia, atentamente, o texto que se segue:

A Princesa Carlota

Havia um rei que era solteiro, e os conselheiros insistiam com ele, que se
casasse, para deixar sucessores ao trono. O rei era amigo de caçar e, sempre,
que saía passava defronte de uma cabana, onde morava um velho pastor e a sua
formosa filha, chamada Carlota. Um dia, o rei disse à menina:
5 - Os meus vassalos querem que eu case, e tu és a única mulher de quem
gosto. Queres casar comigo?
- Isso não pode ser, senhor; porque sou, apenas, uma pobre pastora.
- Não faz mal, caso contigo na mesma; mas com uma condição, de nunca
me contrariares nos meus desejos, por menos razoáveis que sejam.
10 - Certo, Majestade!
Realizou-se o casamento. O rei mandou para a cabana do pobre velho
fatos de rainha, que ela vestiu, largando os seus trapinhos.
Então, disse-lhe o velho pai:
- Guarda esses trapinhos para quando te sejam precisos.
15 A filha guardou os trapos numa caixa, que deixou em poder do pai e partiu
para o palácio.
Ao fim de nove meses deu à luz uma menina, tão formosa como sua mãe.
Passados três dias entrou o rei no quarto da esposa e disse-lhe:
- Trago-te uma triste notícia: os meus vassalos querem que eu mande
20 matar a nossa filha, porque não se conformam ser um dia governados pela filha
de uma pastora.
- Vossa Majestade manda e cumpre-me obedecer. - respondeu a rainha,
quase a saltarem-lhe as lágrimas dos olhos.
O rei recebeu a menina e entregou-a a um conselheiro. Tempos depois
25 teve a rainha um filho, que o rei mandou igualmente matar sob o mesmo pretexto.
Alguns anos depois entrou o rei muito apoquentado no quarto da esposa e
disse-lhe:
- Vou dar-te uma notícia, de todas a mais triste, os meus vassalos estão in-
dignados comigo; não querem que estejas em lugar de rainha, e dizem-me que te
30 expulse do palácio. Por isso, querida Carlota, prepara-te, que tens de voltar para a
cabana de teu pai.
- Não se apoquente, Real Senhor, estou pronta a obedecer; parto já.
- Tens que despir os fatos de rainha.
- É o que vou fazer.
35 E a rainha despiu todo o fato ficando em camisa.
- Não dispo a camisa, porque encobre o ventre onde estiveram guardados
os nossos filhos.
O rei nada disse.
Estava o velho pastor à porta da sua choça, quando viu aproximar-se a filha.
40 Recolheu-se logo para dentro, tirou da caixa os antigos trapinhos e levou-os à
filha para que os vestisse. Ela vestiu-os sem proferir um queixume. Continuou na
antiga vida de pastora. Para ela a sua vida de rainha fora apenas um sonho; lem-
brava-se muito dos seus filhos e para estes eram todas as suas saudades. Passa-
dos anos voltou o rei a casa de Carlota, e disse-lhe que os vassalos instavam com
45 ele, que casasse e por isso tinha resolvido casar com uma formosa princesa de
quinze anos.
- Efectivamente, respondeu a pastora, um rei bom como Vossa Majestade
merece ter uma descendência que lhe perpetue o nome.
- Venho pedir-te o favor de voltares ao palácio para dirigires as criadas de
50 cozinha. Bem sabes que a princesa há-de ser acompanhada por fidalgos e vem,
igualmente , com seu irmão mais novo. Quero, portanto, servi-los com mesa farta.
- Estou pronta, logo que Vossa Majestade ordenar.
- Chegam amanhã.Deves ir hoje para o palácio.
Carlota foi, vestindo um pobre vestido de chita com que costumava ir à
55 igreja. No dia seguinte, chegou a noiva e o irmão, com outros fidalgos, e houve à
sua chegada grandes festejos. Carlota estava na cozinha e aí a foi o rei encontrar.
- Não vens ver a minha noiva?
- Estou esperando quem me substitua aqui, enquanto vou e volto.
Chegou, Entomb, uma cozinheira, e Carlota foi cumprimentar a noiva.
60 - É muito linda! - disse Carlota, beijando a mão da noiva: Deus conserve
muitos anos a sua preciosa saúde. É digna do rei que vai receber por seu marido.
A menina ficou estupefacta. Então o rei ajoelhou-se em frente de Carlota, e
disse:
- Olha que são os nossos filhos. Quis experimentar o teu coração: és uma
pastora que vale mil rainhas.
Houve então mil abraços e beijos de parte a parte. O rei mandara os filhos
para casa de uma tia, que os educava como príncipes, que eram, em vez de os
mandar matar, como tinha afirmado à rainha e à corte.

BRAGA, Teófilo. Contos tradicionais do povo português.,Lisboa: Publicações Dom Quixote,


1988.vol. I, pp. 246-8.. (adaptado)

A – Volte a ler o texto e sublinhe as palavras difíceis.


B – Ditado.
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C - Faça o reconto oral do conto.
D – Interpretação e compreensão do texto.

1. Dá um sinónimo para cada uma das palavras que se seguem:

a. “contrariares” (linha 9) ________________________


b. “formosa” (linha 17) ________________________
c. “pretexto” (linha 24) ________________________
d. “vassalos” (linha 41) ________________________

2. Qual o titulo do texto e de que obra foi retirado?


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3. Identifica as personagens principais.
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4. Localiza a acção no espaço. Justifica com uma expressão do texto.
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5. Os conselheiros queriam que o rei casasse. Quem é que ele escolheu? Porquê?
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6. O rei mandou matar os filhos. Que destino reservou para Carlota?
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7. No final o que descobriu Carlota?
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8. Escreva quatro palavras da família de porta.
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9. Retire do texto:

quatro nomes femininos________________________________________________________


quatro nomes masculinos ______________________________________________________
quatro adjectivos _____________________________________________________________

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