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A I N D Ú S T R I A C U LT U R A L E A P O P A R T !

Paulo Silva Cardoso!


Comunicação Social!
Escola Superior de Educação de Viseu!
!
Resumo!

Este artigo científico, de base investigativa, foi realizado no âmbito da unidade


curricular de Recuperação e Avaliação de Informação, pertencente ao plano curricular
do 2º semestre do 1º ano da licenciatura em Comunicação Social, lecionada na Escola
Superior de Educação de Viseu, instituição de ensino superior integrante do Instituto
Politécnico de Viseu.
A intenção da concretização deste artigo centraliza-se na consolidação de
conhecimentos na área de pesquisa em bases de dados, tal como a investigação de
uma temática relacionada com a comunicação social. Assim, o assunto abordado neste
artigo, foca-se numa análise conceptual e prática da indústria cultural e sua relação
íntima com a pop art. Para tal surge necessária também uma enunciação medianamente
aprofundada sobre a pop culture, a publicidade e a arte.
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Palavras-Chave: indústria cultural, pop art, pop culture, arte, história das artes, mass
media, cultura de massas, sociedade de massas, publicidade, Andy Warhol.!

Abstract!

This scientific article, in a model of an investigation, was conducted within the


course of recovery and evaluation of information belonging to the curriculum of the 2nd
semester of the 1st year degree in Social Communication, taught in the School of
Education of Viseu, School upper member of the Polytechnic Institute of Viseu.
The intent of the implementation of this article focuses on the consolidation of
knowledge in the area of research databases, such as the investigation of a topic related
to media. Thus, the subject matter discussed in this article focuses on a conceptual
analysis and practice of cultural industry and his intimate relationship with pop art.
Appears necessary for such an utterance also fairly thorough about pop culture,
advertising and art.

1
Keywords: cultural industry, pop art, pop culture, art, art history, mass media, mass
culture, mass society, advertising, Andy Warhol.!

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Introdução!
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Os avanços tecnológicos ao nível da comunicação têm marcado fortemente o
século XXI e com eles várias consequências advêm e tantas outras implicações para a
vida em sociedade e para o quotidiano diário.
Tal como refere Zuin (2001), o desenvolvimento dos meios de comunicação de
massa aumentou ainda a concretização de que já não existem obstáculos que possam
impedir a troca de produções e valores culturais de qualquer parte do globo. Os
humanos são diariamente coagidos a exercerem atividades visadas pela indústria
cultural, supostamente livres, mas que retiram toda a liberdade e características
distintivas de personalidade do ser humano.
Atendendo a estes factos, é emergente uma análise dos efeitos da indústria cultural
atualmente, visto que o maior e mais enfatizado estudo, de Adorno e Horkheimer, foi
ultrapassado por mais de meio século de evolução tecnológica.
Relacionando a temática da indústria cultural com a sua contextualização histórica,
é clara a sua proximidade, tanto em termos temporais como de conteúdo, com o
movimento artístico Pop Art, nos anos 60. A sociedade de consumo inerente ao
movimento artístico é um dos pontos de paralelismo com a indústria cultural, tal como o
campo da propaganda e da publicidade.
O ciberespaço e todas as ferramentas que este implicam, em tudo coagem com a
indústria cultural e com a lei de domínio do mercado: os sujeitos ativos e influenciados
pela cibercultura, perdem o seu gosto pessoal e inclinam-se para o que o mercado lhes
dispõe mais facilmente, através de difusão de informação por parte dos mass media.
Surge assim a questão: com tanta facilidade de acesso a informação, por que razão o
ser humano não explora conteúdos ao invés de simplesmente se sujeitar a ser passivo
neste ato comunicacional?
Para uma pesquisa acentuada neste campo das comunicações de massa, surge a
necessidade de recorrer a bibliografia específica, em formato analógico ou suportada

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por bases de dados online, tal como é necessário recorrer às grandes teorias de Adorno
e Horkheimer, para fundamentar a criação de termos na área.
Surge assim a possibilidade de, no âmbito desta unidade curricular, aprofundar a
problemática do enquadramento do termo indústria cultural na atualidade, tal como a
sua relação íntima para com a Pop Art e a cultura de massas, fundamentando todo o
artigo em referências bibliográficas de excelência, tanto recentes como de estudos com
alguns anos de existência.
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1. A Indústria Cultural!
! 1.1. Definição!
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Tal como referiu Adorno (1969), era necessário passarem trinta anos para que a
teoria crítica da indústria cultural se afirmasse realmente. Se Adorno voltasse a analisar a
temática e a reformular a teoria, não iria ficar aterrado com a realidade atual? O conceito
de indústria cultural era relevante e bastante apropriada àquela época vivida. No
entanto, no século XXI é possível observar uma evolução do termo e uma extensão dos
conteúdos para o consumo das massas, em várias vertentes dos media.

“Adorno e Horkheimer raciocinaram como se a indústria cultural de massa instalasse


para todo o sempre uma coletividade monopolítica, destituída de raciocínio crítico e
uniformizada pelos mesmo gostos. Parecia que haviam chegado ao fim de todas as
transformações sociais. Não levaram em consideração o constante dever das
diferenciações internas da sociedade, em relação às quais o progresso tecnológico age
também como um fator de variações.” (Puterman, 1994, p. 21-22)
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Este termo exige a enunciação de outros termos, como a cultura ou a sociedade de
massas, centrando-se todo o assunto nos mass media e toda a sua influência na
sociedade mundial.
Definindo sucintamente a indústria cultural, esta assume-se como o resultado da
progressiva industrialização aliada à evolução da comunicação de massas. O
surgimento dos mass media deu-se com uma evolução dos meios de comunicação: era
emergente a difusão de informações a nível mundial, surgindo assim após o surgimento
da imprensa.

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Primeiramente, o surgimento de órgãos de comunicação de massas assumiu-se
como uma necessidade para a difusão de informação, no entanto, atendendo às
necessidades do mercado e ao capitalismo, transformaram-se numa indústria de
produção de conteúdos, em massa, que tendem a agradar a qualquer indivíduo,
independentemente das suas características distintivas de personalidade. Assim, é
possível afirmar que as notícias começaram por ser moldadas para se tornaram
rentáveis economicamente: este foi o primeiro passo para a indústria cultural.
Com o avançar do século XX, outras formas de difusão de informação,
caracterizadas como arte, surgiram também em função da indústria cultural. São de
enunciar, a título de exemplo, o cinema ou a música, tal como a literatura, por vezes.
A indústria cultural foca assim o seu objetivo no consumo massivo de conteúdos
pela massa populacional, criando qualquer conteúdo para que se transforme numa
necessidade de consumo e trazendo rendimento para todos os intervenientes nos
processos criativos.
O termo foi usado pela primeira vez por Adorno e Horkheimer (1947), com a
publicação de “Dialética do Esclarecimento” e pretendia designar o contexto artístico na
sociedade capitalista e industrializada, associada à difusão de informação pelos mass
media. A existência desta indústria destrói a possibilidade de uma criação artística real e
sem induções ou controlos: o artista, seja de que tipo for, não tem liberdade de criação
das suas obras culturais, devido a encontrar-se controlado pelas necessidades do
mercado.
Os conteúdos produzidos encontram-se como uma alienação ao espaço real no
indivíduo, afastando-o da sua realidade e criando pseudonecessidades e falsos heróis
no seu consciente e inconsciente. Para Silva (2002), este modo de produzir arte
descaracterizou a própria arte, arrancando-lhe a sua verdadeira essência, devido a uma
filosofia capitalista que necessita de lucro, que até a cultura transformou num
instrumento de consumo capitalista.
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! 1.2. Caracterização!
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Aquando de uma caracterização da indústria cultural é indiscutível que a sua maior
característica se afirma como sendo o controlo que tem nas massas e a capacidade de
estabelecer tendências de gostos para a sociedade de informação.
Segundo Herpin (2004), a sociedade atual vive num capitalismo avançado, onde os
produtos são completamente estruturados para o consumo do proletariado. Estes
produtos/conteúdos são de baixa qualidade, pouco diversificados, imperfeitos e com
demasiados defeitos para poderem ser considerados como arte. Surge assim o conceito
de pseudo-arte: arte que foge da essência de criação artística e é apenas focada na
comercialização e obtenção de lucro.
Agregado à indústria cultural, Herpin (2004) refere também que surge o conceito de
sociedade industrial: uma sociedade onde ninguém foge à uniformização de valores e
práticas, tal como normas sociais transmitidas pela cultura de massas. A indústria
cultural é assim caracterizada em três aspetos (Herpin, 2004):
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- tem poder graças à cultura de massas, difundindo-as ao grande público, em que
a autonomia e a criatividade não fogem ao controlo da indústria;
- a indústria cultural atua junto aos produtores de conteúdos culturais;
- é mobilizada pela publicidade, que controla a ligação entre as características
simbólicas e as necessidades dos consumidores.
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A indústria cultural constitui assim, atualmente, um sector em progressão. Os
consumidores são forçados a coagir após recepcionarem comunicações persuasivas e
manipuladoras, tal como conteúdos com aspetos que os forçam a viciar-se no próprio
conteúdo.
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! 1.3. A Teoria Crítica!
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Pautada pela linha de pensamento da Escola de Frankfurt, a teoria crítica
enquadra-se no grupo de teorias pessimistas quanto à situação dos mass media na
sociedade e refere o conceito de indústria cultural: uma indústria de sistema
multiestratificado, com mensagens implícitas, impondo estereótipos de baixa qualidade
na massa populacional, através da manipulação do público. É defendido a hipótese da

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indústria cultural destruir características pessoais do indivíduo: destrói a imaginação e
espontaneidade; deixando o indivíduo de ser capaz de agir autonomamente.
Segundo Wolf (1999), esta teoria transforma-se numa crítica à sociedade, não só
dos pertencentes aos grandes órgãos de mass media, tal como a massa populacional
com baixa escolaridade e sem capacidade de distinguir os conteúdos de verdadeira
cultura dos conteúdos puramente indiciados à popularidade e rendimento económico.
Esta indústria cultural, associada fortemente à cultura de massas, constituindo uma
parte dela, impõe estandardização e organização, passando as necessidades do
público para segundo plano e sendo substituídas por pseudonecessidades impostas
pelos mass media.
Segundo Coelho (1980), a teoria crítica identificava implicitamente os efeitos da
indústria cultural: a cultura de massa associada à indústria aliena o indivíduo, forçando-o
a perder características distintivas, forçando-o ao divertimento dos seus produtos. A
indústria cultural procura desvanecer as imagens de realidades intoleráveis, fornecendo
hipóteses de fuga à realidade. Os produtos culturais reforçam as normas sociais e por
consequência encontram outra função: promover o continuidade do produto artístico. No
entanto, os conteúdos da indústria cultural são produtos cuja finalidade é de rendimento,
promovendo a deturpação e degradação do gosto popular ao simplificar ao máximo os
seus produtos, de modo a obter uma atitude sempre passiva do consumidor; dirige o
consumidor para o que deve consumir.
É inerente a formação de outra ideia sobre a indústria cultural: a informação
transforma-se em formação, unificando não só nacionalidades mas também classes
sociais. Assim, o termo cultura de massa equipara-se a indústria cultural, devido à
cultura dada às massas ser uma cultura industrializada, puramente fabricada para o
rendimento económico.
Wolf (1999) afirma ainda que nesta era da indústria cultural, o indivíduo deixa de
decidir autonomamente; a individualidade é substituída por uma pseudoindividualidade,
pensando ser um indivíduo de carácter original mas formando-se como um ser-cópia,
vítima da organização e estereotipação dos conteúdos culturais de massa.
A teoria crítica surge, assim, como uma crítica à sociedade que se deixa ser
manipulada pelos mass media, modificando o conceito de cultura de massa para a
cultura que os mass media implementam na menta humana, devido à sua passividade e
falta de capacidade crítica.

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! 1.4. A Teoria Culturológica!
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! Enquanto a teoria crítica foi construindo variações e novos estudos na área, a sua
sucessão mais enfatizada, afirmou-se como a teoria culturológica, que revisitava o
conceito de cultura de massa, na identificação de uma nova forma de cultura
contemporânea.
Segundo Wolf (1999), a teoria culturológica não pretendia avaliar os mass media,
mas sim a cultura de massas intrínseca aos mesmos, ou seja, a nova forma de cultura da
sociedade contemporânea. Segundo esta teoria, a cultura de massas constitui-se como
um conjunto de símbolos, valores, mitos e imagens que pertencem ao subconsciente do
indivíduo e que se funde com os outros tipos de cultura, para se diluir no quotidiano do
ser social.
A teoria afirma, assim, que os mass media fabricam a cultura, dando à massa
populacional o que ela deseja: as informações e a arte tornam-se objetos de compra,
tornam-se aspetos meramente industriais e reproduzidos em série, para a integração
social do Homem.
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! 1.5. Mass Media, Arte e Cultura de Massas!
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! Notoriamente, para o culto cidadão da sociedade da informação, a arte está
completamente associada às grandes organizações de comunicação social e tendem a
homogeneizar os indivíduos, na sua massa populacional, sem controlo.
Sendo que a cultura de massas é afirmada como a cultura que os mass media
implantam no indivíduo geral e indiferenciado, esta cultura está associada à arte
contemporânea, tal como a todos os seus esquemas de produção e reconhecimento.
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“Quando a indústria cultural privilegia um produto pseudo-artístico padronizado,
calculado tecnicamente para surtir efeitos determinados de modo a serem por todos
desejados e repetidos, na forma e na medida adequados a garantir o poder e o lucro do
sistema dominante, gera uma necessidade compulsiva generalizada que afasta o “não-
idêntico” como exótico, indesejado, incómodo ou doente. Tal repetição vem camuflada
com outros produtos que, não obstante a variação aparente, repetem os mesmos
modelos, esquemas ou características impostas, tendendo a manter o público sob

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controle, cada vez mais massificado, inconsciente e compulsivamente preso à corrente
de produção. “ (Reis, 1996, p. 44-45)

Surge a arte padronizada, em que o entretenimento preenche os vácuos criados


pelas lacunas que a vida na sociedade atual cria. Todas as produções artísticas são
controladas de forma a agradarem a maioria dos indivíduos, criando integração da arte
no quotidiano humano e levando à comercialização da arte e ao seu rendimento
extremo.
A arte perde a sua essência criativa: o artista é manipulado para o rendimento e
não para a expressão artística, reduzindo a qualidade do seu trabalho e criando uma
nova marca, com os seus produtos comercializados. Seguidamente, o seu trabalho é
divulgado pelos mass media para a massa populacional, que a integra na sua cultura
atual, integrando assim a arte atual na cultura de massas estereotipada.
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2. Pop Art!
! 2.1. O movimento artístico e sua história!
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! Localizando-se temporalmente no espaço cronológico dos anos 50 e 60, este
movimento artístico marcou-se como uma representação criativa da arte popular
(popular art), reagindo ao movimento do expressionismo abstrato das décadas de 1940
e 50, principalmente em Inglaterra e nos Estados Unidos da América.
Este movimento artístico e cultural define-se como produções jucosas em duas
vertentes: a crítica à cultura de massas e a sua própria adoração. Apesar da maioria dos
criadores de produções deste género criticarem o ridículo da cultura de massas, é geral
que todos os autores eram fãs da capacidade de manipulação, por parte dos mass
media, para com o público. Desta forma, a inspiração para as composições gráficas e
artísticas, que se enquadram neste movimento, surge da crítica ao quotidiano
materialista e consumista, tanto em produtos consumíveis como em ícones pessoais,
transformando o objeto de arte, em algo banal e massificado, diretamente virado para a
publicidade.
Na época, os artistas promoveram o seu trabalho, ao mesmo tempo que
publicitavam marcas, com a introdução de logótipos e até mesmo dos produtos e suas
embalagens (como por exemplo: as latas de sopa Campbell’s e as garrafas de
refrigerante Coca-Cola, de Andy Warhol).

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Este tipo de arte surge, então, utilizando novos meios de produção gráfica que
atingissem grandes massas, deslumbrando o público com a chamada american pop
culture e recorrendo a cores vivas e apelativas de modo a cativar a atenção do
espetador, de uma forma estética aproximada do kitsch1. Na época, o sonho americano
era o padrão de vida ocidental.
Como refere Sá & Socorro (2010), as obras de arte deste movimento artístico,
surgem como meros produtos, opondo-se ao conceito de objeto de contemplação, a
normal normativa de arte, num movimento que pretendia ser popular, transitório,
consumível mas de baixo custo e produzido em massa, de forma apelativa e jovem.
Continuando a referir os mesmos autores, estes produtos surgiram com o boom do
mundo consumista, acabando por promover os artistas que os criavam tal como as
marcas e celebridades que muitas vezes reproduziam.
Quanto às técnicas usadas pelos artistas, estas centravam-se em cores vivas, em
dinâmica de grandes contrastes, assumindo várias vertentes consoante o artista. Alguns
dos aspetos mais marcantes são: a estética de comics2, utilização de contornos fortes
em tons escuros, tal como pontilhados. Dá-se ainda o recurso a figuras expressivas e
experimentais, conjugadas com cores vibrantes; consagram-se em valores icónicos da
sociedade como resultado do estilo de vida da época, na vertente publicitária. Surge
uma das maiores expressões de fotomontagem e colagem em arte, adaptando-se a uma
vivência mais urbana da sociedade, ao mesmo que tempo que também se integra
contextos próprios de Hollywood e do glamour contemporâneo.
Tentava-se então insurgir no espetador, ao mesmo tempo que se publicitava os
produtos e pessoas retratadas nas obras, a ideia de que esses símbolos e ídolos eram
imagens despersonalizadas e sem consistência, através de técnicas de reprodução que
simulavam um trabalho mecanizado. É plausível afirmar, então, que estes objetos
artísticos não derivavam da verdadeira essência de arte e expressão, mas bifurcavam-se
em dois pontos de motivação: a crítica e a publicidade.
Como alguns dos artistas mais relevantes quanto a esta temática, inserem-se
nomes como Andy Warhol, provavelmente o maior expoente da Pop Art e seu
impulsionador principal; seguindo-se Roy Lichtenstein com os seus trabalhos com

1O kitsch surge como a designação da cultura e da arte meramente produzida em massa, com características repetitivas,
de fácil compreensão, com baixos padrões estéticos. Considerada como a arte comercial, reles e sem elegância estética.
2 O comic define-se como a banda desenha americana, com ligeiras diferenças da europeia.

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comics, criticando a cultura de massas. Podem ser nomeados outros artistas,
reconhecidos por poucas peças artísticas, como Peter Blake, com trabalhos como a
capa do álbum St. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, da banda The Beatles. Também
Jasper Johns é reconhecido pela sua obra, de 1954, de nome Flag.
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! 2.2. Andy Warhol!
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! Andrew Warhola, nascido a 6 de agosto de 1928, em Pittsburgh, tornou-se a maior
figura do movimento Pop Art, adotando o nome de Andy Warhol. Sendo pintor e cineasta,
teve formação de nível superior em Design, na atual Universidade Carnegie Mellon, na
sua cidade natal.
Tendo escolhido a cidade de Nova Iorque como seu lugar de fixação, iniciou a sua
carreira como ilustrador de revistas, como Vogue, Harper’s Bazaar e The New Yorker, tal
como designer publicitário. Arrecadou assim alguns prémios como artista gráfico.
Nos anos 60, revolucionou a sua própria carreira de artista plástico, começando a
integrar características publicitárias nas suas peças, contrastando cores e recorrendo à
reprodução mecânica e às suas temáticas quotidianas, tal como aos artigos de
consumismo da época.
Tendo escrito também algumas obras tanto autobiográficas como na área das
artes, foi publicado um dos seus diários gráficos após a sua morte; criou a revista
Interview.
Quanto ao seu legado artístico, deixou algumas marcas com a reprodução das
garrafas do refrigerante Coca-Cola ou das latas de sopa Campbell’s, tal como as
modificações que executou em retratos de Marilyn Monroe, Elvis Presley e Liz Taylor.
O seu maior trabalho no ponto de vista analítico, surge como a sua versão da obra
de Leonardo Da Vinci, La Gioconda3, destruindo o ideal de arte na pintura. Na sua
versão, é eminente a crítica a todo o processo criativo, ridicularizando o aclamado pintor
Leonardo Da Vinci e tentando atingir assim a cultura europeia, que tanto enfatiza o artista
italiano. A escolha desta obra, centra-se na iconização de uma figura que, apesar de não
adorada por toda a massa, é reconhecida pela maioria do público que a constitui,
formando assim uma obra que alcançou outros tipos de público e apelou-os para o novo
movimento estético que Andy Warhol tentava estabelecer.

3 Obra conhecida em português como Mona Lisa.

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Para o pintor e cineasta, todos merecem os seus quinze minutos de fama
(expressão introduzida por Andy Warhol): esta afirmação mostra a sua necessidade de
se afirmar numa sociedade americana que estava a distanciar-se cada vez mais da
verdadeira arte e aproximando-se dos conteúdos que a indústria cultural lhes incutia.
Pode assim afirmar-se que, possivelmente apesar de todo o carácter e essência do
movimento Pop Art, para Andy Warhol, esta não passou de uma forma de se tornar
célebre, excluindo assim toda a essência possível de ser considerada de artística, nas
suas obras.
É plausível ainda de afirmar que a publicidade apropriou-se do conceito de
Warhol: os mass media conseguiram banalizar o trabalho do autor de modo que ainda
hoje o seu trabalho é reconhecido e adaptado em imensos spots publicitários e
publicações. !
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! 2.3. A publicidade e a pop art!
!
! Geralmente, aquando de uma análise desta temática, associa-se
automaticamente o movimento artístico ao universo da publicidade e do consumo
extremo, devido a todos os seus elementos já anteriormente caracterizados.
Como pontos a acrescentar, é importante salientar que as obras desta época se
enquadravam ao mesmo tempo que como uma promoção de produtos, ou seja, uma
propaganda/publicidade, como uma crítica à própria cultura de adoração americana
pela mesma. Nos anos 50 e 60, a cultura americana baseava-se na adoração e fascínio
pela novidade que os novos moldes de comunicação permitiram para a propaganda,
criando pseudonecessidades nos indivíduos de adquirir produtos e imagens de marca.
Assim, ao mesmo tempo que os artistas se promoviam a si próprios com um
género de arte tão apelativo para a época, obtinham rendimento ao publicitar as marcas
reproduzidas nas suas obras, também.
Atualmente, o uso de cores fortes e a ideia de retro4, ainda que rejuvenescido
pelas novas ferramentas na área das artes, ainda é fonte para muitos spots publicitários
e garante um alto nível de sucesso nas vendas. Por outra perspetiva, o recurso ao Pop

4 Estilo cultural ou moda do passado pós-moderno global.


5 Termo geralmente usado para definir algo familiar à massa.

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Art, é visto como mainstream5, por grande parte da população que não pretende
integrar-se na massa populacional.
Concluindo, é relevante afirmar que este movimento é importantíssimo no contexto
artístico e histórico, ao ter refletido concretamente a época em que se integrou, tal como
soube expressar o seu conteúdo de forma atraente e perceptível, recorrendo muitas
vezes à ironia e fazendo críticas ao mesmo tempo que enaltecia o consumismo. O Pop
Art surge, portanto, como uma das épocas artísticas mais inteligentemente formuladas.
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3. Pop Culture!
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! Tal como refere Coelho (1980), a pop culture é o resultado da adaptação do
Homem aos avanços dos mass media. Sucintamente, a cultura popular surge das
tradições e costumes que se propagam para as gerações vindouras, mas é criada pela
indústria cultural. Ou seja, é a cultura introduzida como permanente substituindo a
cultura de gerações, pela cultura de massas.
A pop culture substitui assim as características distintivas de cada grupo,
atribuindo a mesma cultura de esterótipos para todos os indivíduos integrantes da
massa: perde-se o sentido de cultural grupal, para uma pseudocultura global.
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4.A indústria cultural e sua relação com a pop art!
! 4.1. A pop art enquanto publicidade e na atualidade!
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Sendo que os conteúdos culturais atuais não eram difundidos sem o recurso à
publicidade e divulgação dos mass media, a pop art associa-se deste modo à
comunicação de massas.
Marcado como um movimento artístico, numa análise profunda pode ser
enunciado como meramente mainstream6 e puramente consumista. Este movimento cria
no espectador a curiosidade sobre os elementos figurativos que o compõem,
impregnando a ideia consumista cinematográfica e musical de caráter quase perfeito,
fornecendo ao indivíduo um bem estar psicológico. (Sá & Socorro, 2010).

6 Termo inglês para definir algo banal dentro do que é difundido pela cultura de massas.

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Assim, para os artistas componentes do movimento, era de todo o agrado o uso
de figuras icónicas: através de figuras já adoradas pela massa, conseguiam apelar ao
psicológico do indivíduo para que estes dessem atenção às suas obras.
Atualmente, a pop art é ainda usada em muitas peças e, principalmente, em
campanhas publicitárias, devido a incorporar técnicas de fácil adoração, recorrendo a
um misto de cores fortes que se torne obrigatoriamente apelativo pelo seu choque visual.
Provavelmente, ou quase indubitavelmente, o maior vestígio deste movimento,
mostra-se atualmente como a tendência de moda color blocking. Esta tendência,
adotada em maior escala nos Estados Unidos da América e no Reino Unido (os países
onde o movimento pop art teve mais ênfase), caracteriza-se pelo uso de peças de roupa
de cores vivas, em sobreposição com outras peças de outras cores, criando um outfit7
de cores completamente opostas e vivas.
!
Reflexões conclusivas!
!
! É necessário clarificar a posição de arte na atualidade: será a arte ainda encarada
como a conceção original de algo logicamente expressivo, mas num carácter de
apreciação e não de comercialização? Infelizmente, a resposta encontra-se clara: o
mundo atual é demasiado capitalista para permitir que a arte seja meramente apreciada.
Surge uma realidade inerente à sociedade atual, em que todos os aspetos
afirmados como cultura e arte são apenas conteúdos construídos com fenómenos de
estereotipação, constituindo mais um artigo de comércio, sem qualquer valor artístico ou
crítico. São conteúdos de baixa qualidade, para prender o indivíduo à sociedade e
permitir a integração social individual, mas que destroem, massivamente, as verdadeiras
manifestações de arte atualmente.
Os verdadeiros artistas são neste momento desvalorizados e são considerados
como célebres pela sua arte, os profissionais que adaptam os seus conteúdos artísticos
ao que a sociedade de consumo necessita para o seu fenómeno de ócio e evasão.
É emergente uma atitude de reflexão e sentido crítico no ser humano, para que
este consiga distinguir o que é dirigido para que este consuma e seja controlado pela
media.!
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7 Termo inglês para definir “conjunto de roupa”.

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Referências bibliográficas!
!
- Adorno, T. (1976). Scritti sociologici. Turim: Einaudi.
- Adorno, T. & Horkheimer, M. (1947) Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos.
- Barbosa, E. R. (2010). Andy Warhol: um ícone do século XX. Ciência e Cultura. vol.62,
n.2, pp. 38-44.
- Coelho, T. (1980). O que é a Indústria Cultural. (Vol. 8, 1ª ed.) (Coleção Primeiros
Passos). Brasil: Brasiliense
- Herpin N. (2004). Sociologie de la Consommation. Paris : La Découverture.
- Puterman, P. (1994). Indústria Cultural: agonia de um conceito. São Paulo: Perspetiva.
- Reis, S. (1996) Elementos de uma filosofia da educação musical em Theodor W.
Adorno. Belo Horizonte: Mãos Unidas.
- Sá, J. R. C. & Socorro, J. M. R. (2010) Arte Pop, Indústria cultural e publicidade: um
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- Silva, D. (2002, Maio). Adorno e a Indústria Cultural. Urutagua, 1(4)
- Wolf, M. (1999). Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença.
- Zuin, A. (2001, Agosto). Sobre a atualidade do conceito de indústria cultural. Cadernos
Cedes (54)
!
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