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Biografia:
Andy Warhol foi um dos artistas mais ilustres do movimento Pop Art.
Este artista vivenciou uma infância bastante conturbada, foi diagnosticado com uma
doença que o impedia, muitas vezes, de frequentar a escola. Nessas situações, a mãe de
Warhol passava os dias a desenhar com ele e assim foi crescendo o “bichinho da arte”
que viria a ser um grande artista. Warhol foi, desde cedo, reconhecido pelos seus
desenhos com tinta borrada, utilizando um processo que desenvolveu na faculdade.Este
permite-lhe repetir uma imagem e criar diversas ilustrações usando o mesmo padrão
inicial, através dessa técnica de desenho,Warhol começou a ganhar interesse pela
produção em massa ficando reconhecida a sua prestigiosa frase: “Eu quero ser uma
máquina”.
Em 1960, Andy Warhol voltou a sua atenção para o movimento Pop Art. Warhol iniciou as
suas primeiras pinturas neste estilo de arte em 1961, criando uma obra que viria, mais
tarde, a ser reconhecida como sendo uma das principais da sua carreira: a Coca-Cola.
Em 1962, voltou-se para o que foi considerado o seu estilo mais notável - a serigrafia
fotográfica. Entre as primeiras serigrafias de Warhol estão as suas pinturas de Marilyn
Monroe. Também neste ano, lançou um projeto bastante emblemático e reconhecido
mundialmente: a série de latas de sopa Campbell, exibindo-as no mesmo ano, na sua
primeira exposição individual de Pop Art na Ferus Gallery em Los Angeles. Em 1974,
Warhol iniciou a sua maior obra em série, as Time Capsules. Este encheu, selou e
despachou 569 caixas de cartão de tamanho padrão,dentro destas, Warhol colocava
objetos dos seu dia-a-dia. No final da sua carreira, Warhol voltou ao abstracionismo.
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Este prestigiado artista focou todo o seu trabalho em apropriação de imagens já
existentes, na sua multiplicação ( apesar de às vezes haver alterações da cor e dos
suportes) e na sua equivalência, uma vez que tratava tudo da mesma maneira: sejam as
coisas mais banais do dia a dia sejam pessoas famosas.
“Se quiseres saber tudo sobre Andy Warhol, basta olhar para a superfície das minhas
pinturas e filmes e para mim, e lá estou eu. Não há nada por trás disso”- Andy
Warhol,1966.
Ready made é o nome que Duchamp utilizou para designar um tipo de objeto, por ele
inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em massa,
selecionados sem critérios estéticos e expostos como obras de arte em espaços
especializados. Andy Warhol recorreu ao ready-made quando levou as caixas de sabão
para a sua exposição.
POP ART:
A Pop Art é um movimento artístico que surgiu no Reino Unido e nos Estados Unidos em
meados do século XX. Este representou um desafio às artes apreciadas naquele tempo.
Este movimento artístico reunia e representava imagens da cultura popular, em que se
incluía a banda desenhada, a publicidade e outros aspetos como objetos mundanos.
Neste estilo de arte, o objeto em si já não era o mais valorizado, mas sim a sua imagem e
o que este representava e despertava naqueles que o apreciavam.
A Pop Art pode ser apreciada através de duas vertentes distintas: vertente estética que
pretende privilegiar referentes concretos característicos de uma vida urbana cotidiana
marcada pelo consumo de massas, a publicidade, o império das imagens e o culto do
look, procurando valorizar processos de produção real ou aparentemente mecânicos; e a
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vertente cultural que se baseia na visão daquilo que se julga ter sido a grande explosão
artística e social, característica da ascensão de uma cultura juvenil.
As caixas Brillo de Andy Warhol e, em geral, a Pop Art marcaram o fim do período
histórico da arte, tal como todos nós o conhecemos. Antigamente, as pessoas
deslocavam-se para um museu ver obras de arte, podiam gostar ou não das mesmas mas
nunca ninguém duvidava que se tratava de arte. Com as obras de Andy Warhol, este
fenómeno deixou de acontecer, o público deixou de assumir que as peças destes se
tratavam de arte, começando a interrogar-se: “Será que isto é arte?” .Com esta mudança
de mentalidade, terminou a época histórica da arte e iniciou-se um período pós-
histórico.Com as obras de Andy Warhol e principalmente com as Caixas Brillo, começou-
se a colocar a questão: “Uma coisa que é vista exatamente igual a uma coisa que não é
arte pode ser arte?" Pensava-se, como se pode distinguir o que é arte do que não o é,
quais são esses critérios? Colocada esta questão, começou-se a perceber que todos os
princípios que existiam, até essa altura, para distinguir a arte da “não arte” colapsaram,
uma vez que se começou a considerar como arte coisas que não o eram. A Pop art, onde
se inserem as peças de Warhol, são profundamente revolucionárias pois representaram
uma rutura no ponto de vista social e cultural até à altura instituído, ou seja,
representaram a queda das barreiras da arte entre a cultura dos mais privilegiados-
cultura de elite- e a de massas
As Caixas Brillo trouxeram, tal como tantos outras obras de Andy Warhol, para o mundo
artístico várias questões sobre os limites e as razões destes objetos serem, ou não,
considerados arte. Esta discussão pode ser perspectivada de diversas maneiras e de
acordo com múltiplas teorias. A teoria que melhor se adequa a este problema é a Teoria
Institucional da arte.
De acordo com a Teoria Institucional da arte, teoria não essencialista, as caixas Brillo são
consideradas arte uma vez que apresentam um tema, projetam uma atitude e ponto de
vista e apresentam um contexto histórico bem definido. Andy Warhol projetou na sua obra
um ato consciente, técnico e deliberado, o que apenas os grandes artistas conseguem
provocar.
Esta peça é considerada arte por ter sido aceite e
abraçada por aqueles que se encontram dentro deste mundo. Os artistas consideram que
a obra de Andy Warhol não é apenas uma caixa banal de supermercado. Estas
considerações não se baseiam apenas no seu processo de criação nem na sua diferença
estética, mas também no significado da obra e nos sentimentos que esta causa em quem
a observa. Apesar de transmitir a banalidade de caixas de detergente, teve um importante
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papel, uma vez que, desfigurou o antigo conceito de arte e impulsionou a pesquisa de
novos paradigmas para todos os que quisessem pensar a arte. Tanto as caixas Brillo
como outras obras do seu autor, como a própria Pop art, abriram portas a uma liberdade
de possibilidades de experiências o “comum” da vida.
Entrevistador: Andy Warhol tenta trazer um objeto da vida quotidiana, o que causa
o choque nas pessoas. Na tua visão, o que pode diferenciar estas peças das caixas
que se encontram em pleno supermercado? Porque é que estas caixas podem ser
consideradas arte mas as do dia-a-dia não?
Entrevistado:
As caixas têm a componente da repetição por serem várias caixas produzidas em massa
de um objeto quotidiano. Por trazer esta vertente do dia comum, refletem também a sua
perceção do consumismo e da sociedade de massas. Considero que a força desta peça
vem deste mesmo carácter quotidiano, que faz os espectadores questionar as razões
para as razões daqueles objetos naquele contexto que não é o seu “normal”.
Andy Warhol, na minha perspetiva, veio revolucionar o conceito da arte. Chegou-se à
conclusão de que o artista em si tem a capacidade de transformar as coisas. Por
exemplo, tu podes pegar nesta borracha e se eu criar, ou conceber, um conceito que
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torne esta borracha pertinente e a apresentar numa exposição, por esta estar exposta
num contexto artístico e por ter sido permitido ser exposto neste contexto pela instituição
artística, globalmente, esta borracha passou a ser considerada arte.
Referências Bibliográficas:
BROWN, Emily. Andy Warhol And His Artistic Influence. Culture trip, 2022. Disponível em:
https://theculturetrip.com/north-america/usa/new-york/new-york-city/articles/andy-warhol-
and-his-artistic-influence/ . Acesso em: 20 de abril de 2023.
GAMEIRO, Cristina, FERREIRA, Emília (2014). Arte Moderna e contemporânea: Pop Art.
Lisboa: A Bela e o Monstro Edições.
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MUSEU COLEÇÃO BERARDO. As escolhas dos críticos: Andy Warhol por Alexandre
Melo, 6 de fevereiro de 2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=ARaUFqKpI9g&t=302s . Acesso em: 6 de maio de 2023.